Você está na página 1de 38

Diocese de

PROJETO
Almenara
MINAS GERAIS

FORMATIVO
SEMINÁRIO
SÃO JOÃO BATISTA

Diocese de
Almenara
MINAS GERAIS
Projeto
Formativo
SEMINÁRIO
SÃO JOÃO BATISTA

DIOCESE DE
ALMENARA - MG
Índice
4 1. Apresentação: A natureza e missão do sacerdócio ministerial

8 2. Introdução
8 2.1. Objetivo Geral
8 2.2. Objetivos Específicos

9 3. Histórico Pastoral da Diocese de Almenara e suas urgências

11 4. Seminário Diocesano São João Batista


11 4.1. Definição
11 4.2. Histórico

13 5. Pastoral Vocacional
13 5.1. Definição
14 5.2. Objetivos específicos

14 6. Etapas da Formação e suas dimensões


14 6.1. Definição
15 6.2. Dimensão Humana
15 6.3. Dimensão Espiritual
15 6.4. Dimensão Intelectual
15 6.5. Dimensão Pastoral-Missionária

16 7. Etapa do Propedêutico
16 7.1. Definição
16 7.2. Dimensão Humana
17 7.3. Dimensão Espiritual
17 7.4. Dimensão Intelectual
17 7.5. Dimensão Pastoral-missionária

18 8. Etapa do Discipulado (Filosofia)


18 8.1. Definição
18 8.2. Dimensão Humana
19 8.3. Dimensão Espiritual
19 8.4. Dimensão Intelectual
20 8.5. Dimensão Pastoral-missionária
21 8.6. Itinerários

21 9. Etapa da Configuração (Teologia)


21 9.1. Definição
22 9.2. Dimensão Humana
22 9.3. Dimensão Espiritual
23 9.4. Dimensão Intelectual
24 9.5. Dimensão Pastoral-missionária
25 9.6. Itinerários

26 10. Atividades (meios) do Seminário Maior


(discipulado e configuração)
26 10.1. Convivência
26 10.2. Encontro com o Bispo e membros da equipe de formação
26 10.3. Encontro com as famílias
27 10.4. Atividade física
27 10.5. Eventos
27 10.6. Trabalho doméstico
27 10.7. COMISE
27 10.8. Missão do Seminário
28 10.9. Férias
28 10.10. Estágio pastoral
28 10.11. Celebrações litúrgicas
28 10.12, Retiro Espiritual e momento formativo
29 10.13, Direção espiritual
29 10.14, Atendimento psicológico

29 11. Síntese Vocacional (Diaconato)


29 11.1. Definição
30 11.2. Objetivo geral
30 11.3. Objetivos específicos

31 12. Formação Permanente


31 12.1. Definição
31 12.2. Objetivo Geral
31 12.3. Objetivos específicos

33 13. Critérios e normas para a admissão, a demissão e o


abandono do Seminário, conforme a Ratio Fundamentalis
33 13.1. A saúde física
34 13.2. A saúde psíquica
34 13.3. A demissão
34 13.4. Os seminaristas provenientes de outros seminários ou institutos de formação

35 14. Considerações finais

36 15. Referência Bibliográfica


1. Apresentação:
A natureza e missão do
sacerdócio ministerial
“Pedro, tu me amas mais do que estes?
Apascenta meus cordeiros” (Cf. Jo 21,15)

“O presbítero, antes de tudo pessoa humana, pelo batismo, filho


de Deus, é chamado a viver em santidade, no amor incondicional a Jesus
Cristo. A pergunta direta e, ao mesmo tempo, carinhosa de Nosso Senhor
a seu discípulo indica que amar a Ele é condição primeira para ser pastor
de seu rebanho, a começar por Pedro. Por isso, como pastores, amem o
Cristo e o povo que lhes foi confiado, e vocês nos darão profunda alegria
por aquilo que são e significam em nossas Igrejas Particulares” (CNBB/
DOC. 75 – 2004).
Ao discorrer da natureza e missão do sacerdócio ministerial, é
necessário que, antes de mais nada, falar de relação, de experiência, de
encontro com a Pessoa de Jesus Cristo. O evangelista João oferece uma
grande inspiração vocacional, marcada pela busca, pela descoberta, pela
experiência que ilustra bem a verdadeira natureza sacerdotal: “No dia
seguinte, João se achava de novo no mesmo lugar com dois dos seus discí-
pulos. Fixando o olhar em Jesus que caminhava, ele disse: ‘Eis o cordeiro
de Deus’. Os dois discípulos escutaram esta palavra e seguiram Jesus. Então
Jesus se voltou e vendo que eles tinham posto a seguí-lo, disse-lhes: ‘Que
procurais?’. Eles responderam: ‘Rabi – que significa Mestre –, onde moras?.
Ele lhes disse: ‘Vinde e vereis’. Eles foram, viram e permaneceram junto
dele... (Cf. Jo1,35-39).”
Nesse pequeno trecho do Evangelho de João, tem um “movi-
mento” que aponta para um forte desejo de conhecer Jesus por parte
desses dois discípulos; indica primeiramente, a fé, o querer, movi-
mento esse presente nas entre linhas do texto; depois a mediação que
proporciona o encontro dos dois com Jesus, simbolizando, assim, os

4
agentes de formação, tudo aquilo que vai “alavancando” a vocação, o
discipulado. Nota-se ainda os três verbos que indicam essa busca, esse
desejo por conhecer Jesus para melhor servi-Lo: FORAM, VIRAM
e PERMANECERAM, ou seja, o sacerdócio ministerial se renova
dia-a-dia numa constante formação permanente, na busca constante
pela pessoa de Jesus Cristo, deixando-se “moldar” por Ele, compro-
meter-se com Ele, ser seu amigo íntimo, “estar com Ele”: “Conviver
com Jesus, ser seu amigo, estar unido a Ele, esta é a identidade primeira
do presbítero. Depois vem a missão, mesmo porque ‘Sem mim, nada
podeis fazer’(Jo15,5); “estar com”, o “conviver”, é recíproco: os discí-
pulos estarão com Jesus e Jesus com eles. A união com Jesus é o núcleo da
identidade presbiteral” (Cf. Cipollini Pedro, 2014, p.26, apud D.Apda,
ANO, n.191). Essa busca se dá no silêncio da oração fecunda, na ado-
ração, na leitura orante de sua Palavra, na celebração eucarística bem
celebrada, tal como define o Documento Conciliar Presbyterorum
Ordinis, que afirma que o presbítero é homem da oração, da adoração,
da pregação da Palavra e do sacrifício eucarístico. É justamente aí que
se dá o encontro, a descoberta sempre nova da Pessoa de Jesus Cristo
e consequentemente, descobri-Lo em cada irmão e irmã: “Renovai em
vós o dom recebido” (Cf. 2Tm 1,6).
A partir dessa experiência, dessa descoberta de coração para coração,
nasce uma profunda alegria na vida do sacerdote, alegria essa que é fruto
dessa presença amorosa do Senhor que dá um sentido todo especial em
sua vida e o remete com muita força, ânimo e unção, para a missão: “Eu
vos disse isso, para que minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja
completa” (Jo 15,11). O sacerdote, como evoca a etimologia do termo:
sacer (do latim: sagrado; e de dhos-ts, do indoeuropeu: aquele que faz),
é, portanto, alguém que tem a consciência clara que é um “escolhido
de Deus”, consagrado para o serviço Dele. Karl Rahner, um dos gran-
des teólogos do Concílio, escreveu: “Tu nos chamastes, chamaste-nos
pelos lábios da tua Igreja e pela voz do coração e não pelo que já somos
ou viremos a ser, porquanto chamas os sem nome, por teu chamado
fazendo deles o que desejas” (Rahner, 37). Se é Deus quem chama, Ele
capacitará, dia-a-dia os seus chamados, como fez com inúmeros profetas
que, diante dos desafios da missão, muitos apresentaram justificativas,
“desculpas” para não assumir a tal missão, mas Deus nunca as aceitou:
“Não tenhas medo”, “Eu estou contigo”, “Sou eu que falarei”, “Porei em vós

5
o meu espírito”. São expressões de confiança, de ânimo da parte de Deus
para encorajar os seus escolhidos. Precisa-se aprender com o Apóstolo
Paulo a depositar em Deus toda confiança no exercício do Ministério
Sacerdotal: “tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4,13). Cristo
alcançou Paulo no caminho de Damasco, agora é Paulo que corre para
alcançar Cristo, se comparando a um verdadeiro e disciplinado “atleta”
(1Cor 9,24).
Quando se fala em “natureza” do sacerdócio, não se pode perder
de vista uma forte dimensão subjacente a essa natureza que é a dimensão
“vitimária” do sacerdócio. Um venerando Bispo fazia essa constatação:
“Dizem os seminaristas: ‘estou estudando para ser sacerdote’. Com que
frequência diz um seminarista, ou mesmo pensa: ‘estou estudando para ser
um sacerdote-vítima” (do livro: O sacerdote não se pertence, p. 47). Ser
“vítima”, oferecer-se juntamente com o Cordeiro Imolado no altar da
eucaristia, como hóstia viva, constitui a verdadeira natureza do sacerdócio,
sem a qual, as demais dimensões ficam comprometidas: O Senhor Jesus
Cristo não quer mais o sangue dos touros ou dos bodes, mas aqueles
que “tenham crucificado a natureza, com todas as suas paixões, todos
os seus impulsos” (Gl 5,24). São João Paulo II, citando o que o Concí-
lio sublinhou, afirma: “O dom espiritual que os presbíteros receberam na
ordenação não os prepara para uma missão limitada e restrita, mas, pelo
contrário, para uma imensa e universal missão de salvação até aos últimos
confins da terra, dado que todo e qualquer ministério sacerdotal participa
da mesma amplitude universal da missão confiada por Cristo aos Apósto-
los” (Cf. S. João Paulo II, 2001, n.05). É por isso que, no dizer de Santo
Agostinho, “o sacerdócio é difícil, sacrificado e perigoso” (Cf. Ep. 21,1; Pl
33,88). “É mais fácil ser sacerdote num sacrifício onde Jesus é a vítima,
do que ser a vítima num sacrifício onde Jesus é o sacerdote”, dizia um
sábio Bispo italiano, ou seja, é fácil estar atrás de um altar celebrando
a eucaristia, ofertando a grande Vítima que é Jesus do que fazer–se de
vítima no “altar” da missão, do tempo dedicado à pastoral, enfrentando
tempos difíceis e, diante de tantas propostas e produtos sedutores que
o mundo moderno oferece, escolher a melhor parte, o essencial que é
Jesus Cristo. São João Paulo II dizia que “há uma fisionomia essencial
do sacerdote que não muda: o padre de amanhã, não menos que o de hoje,
deverá assemelhar-se a Cristo (JOÃO PAULO II. Pastore Davo Vobis –
nº 5, 1992)” .

6
Que a tão Boa e Querida Mãe, Maria Santíssima, interceda pelos
sacerdotes, seminaristas e pelos jovens da Diocese de Almenara que
pensam na vida sacerdotal, ela que correspondeu, mais do que qualquer
pessoa, ao apelo vocacional de Deus, fazendo-se de serva e discípula da
Palavra que a fecundou na carne e no coração, gerando, assim, o Eterno e
único Sacerdote. A exemplo dela todos são chamados a esta atitude dócil
ao Espírito Santo para que sua “sombra” paire sobre os presbíteros para
gerar realidades novas na vida de Igreja.

“Maria,
Mãe de Jesus Cristo e Mãe dos sacerdotes recebei este preito que
nós Vos tributamos para celebrar a vossa maternidade e contem-
plar junto de Vós o Sacerdócio do vosso Filho e dos vossos filhos,
ó Santa Mãe de Deus.
Mãe de Cristo, ao Messias Sacerdote destes o corpo de carne
para a unção do Espírito Santo a salvação dos pobres e contritos
de coração, guardai no vosso Coração e na Igreja os sacerdotes, ó
Mãe do Salvador.
Mãe da fé, acompanhastes ao templo o Filho do Homem, cumpri-
mento das promessas feitas aos nossos Pais, entregai ao Pai para
Sua glória os sacerdotes do Filho Vosso, ó Arca da Aliança.
Mãe da Igreja, entre os discípulos no Cenáculo, suplicastes o Espí-
rito para o Povo novo e os seus Pastores, alcançai para a ordem dos
presbíteros a plenitude dos dons, ó Rainha dos Apóstolos.
Mãe de Jesus Cristo, estivestes com Ele nos inícios da Sua vida e
da Sua missão, Mestre O procurastes entre a multidão, assististe-
-Lo levantado da terra, consumado para o sacrifício único eterno,
e tivestes perto João, Vosso filho, acolhei desde o princípio os
chamados, protegei o seu crescimento, acompanhai na vida e no
ministério os Vossos filhos, ó Mãe dos sacerdotes. Amen! (Or. De
São João Paulo II)”.

Dom José Carlos Brandão Cabral


Bispo Diocesano

7
2. Introdução
À luz da Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis, de 2016, e
das Diretrizes para a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil (Doc -
110), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), de 2019,
o Seminário São João Batista da Diocese de Almenara, por meio de sua
equipe de formadores, composta pelo bispo diocesano Dom José Carlos
Brandão Cabral; Pe. Aleandro Santos Vieira – reitor do Seminário Maior;
Pe. Rafael de Oliveira Pereira – reitor do Propedêutico; Pe. Alexandre
Pereira Gomes – promotor vocacional; Pe. Cláudio Eduardo Cordeiro –
Coordenador Diocesano de Pastoral e Vigário Geral e Pe. João Amaral
Rocha – Paróquia Nossa Senhora do Desterro (Jordânia – MG), acolhe a
desafiante missão de elaborar esse Projeto Formativo que deverá ajudar
na formação dos futuros presbíteros num caminho pedagógico e integral
com a realidade pastoral/missionária da Diocese, evitando improvisos
que possam comprometer o processo formativo dos mesmos.
O Projeto Formativo (educativo) ajuda os seminaristas a reconduzir
a Cristo todos os aspectos da sua personalidade, de modo a torná-los,
conscientemente, livres para Deus e para os outros. De fato, é somente em
Cristo crucificado e ressuscitado que este percurso de integração ganha
sentido e atinge o seu cumprimento; n’Ele se recapitulam todas as coisas
(Ef 1,10), a fim de que “Deus seja tudo em todos.” (1Cor 15,28) – (Ratio
Fundamentalis n. 29, 2016, p.14)

2.1. Objetivo Geral


Favorecer o discernimento vocacional daqueles que se sentem
chamados ao Ministério Presbiteral Diocesano e prover os meios para
sua formação integral como discípulos-missionários, segundo a imagem
de Jesus Cristo mestre, pastor e sacerdote, capacitando-os para assumir
sua responsabilidade na evangelização, tendo claro a realidade pastoral/
social da Diocese de Almenara e a consciência do perfil de padres que a
Diocese deseja ter.

2.2. Objetivos Específicos


Projeto formativo é uma bússola para o itinerário da formação: O
jovem que está nesse processo, deve:

8
a) Buscar a docilidade do Espírito Santo, ler a sua vida e a sua história à
luz da fé e precisa cada vez mais abrir-se ao crescimento;
b) Estimular maior comunhão e unidade com a Igreja. Em tempos de
desafios, construir um caminho cada vez mais envolvente.
c) Propiciar maior integração das dimensões formativas (Humana, Es-
piritual, Intelectual, Pastoral-Missionária).
d) Estimular maior gradualidade no processo formativo. Quem é o padre
a partir da nova Ratio Fundamentalis? O padre a partir da nova Ratio
é aquele que se encanta com Jesus (Etapa do Propedêutico), que se
torna discípulo de Cristo (Etapa do Discipulado), que busca configu-
rar-se a Cristo (Etapa da Configuração) e que busca ser testemunha do
Cristo Bom Pastor (Estágio Pastoral - Permanente). É esse o itinerário,
o caminho para o Presbítero à luz da nova Ratio.
e) Promover maior integração da formação inicial com a formação
permanente. O Seminário não dá todas as respostas, por isso, é
importante a formação permanente. Isto é, permanente porque
não finaliza no seminário, nem muito menos na conclusão do curso
acadêmico.

3. Histórico Pastoral
da Diocese de Almenara
e suas urgências
A Diocese de Almenara foi criada no ano de 1981, desmembrada
das dioceses de Araçuaí e de Teófilo Otoni. A caminhada pastoral que
predominou nesta diocese possui fortes influências da vizinha Araçuaí
principalmente pelo fato de que a maior parte do seu território pertencia,
antes, a ela. Os primeiros padres diocesanos foram formados naquela
diocese.
Uma característica geográfica que, de certa forma, influenciou no
perfil pastoral foi o fato de estar limitados, ao norte, pela Arquidiocese
de Vitória da Conquista-BA, e, a leste, pelas Dioceses de Eunápolis-BA

9
e de Teixeira de Freitas-BA. A influência da cultura baiana é perceptível
na religiosidade popular.
Devido ao fato de estar localizados na região do Baixo Jequitinho-
nha, na dimensão social destaca as características: de região empobrecida,
a concentração de renda nas mãos de poucos, o latifúndio e o descaso
político. Estas características influenciaram também na religiosidade
popular. É uma Igreja que historicamente assumiu a opção preferencial
pelos pobres como fundamento pastoral.
Além disso, é uma diocese predominantemente rural. As paró-
quias são redes de comunidades eclesiais missionárias formadas em
sua maioria na área rural, de um povo simples, mas muito acolhedor,
sedento do Evangelho e com uma grande disposição em caminhar
como Igreja viva.
Sob o aspecto da evangelização, a presença de congregações
e ordens religiosas, tanto masculinas quanto femininas exerceram
bastante influência no processo de formação da identidade católica
desta região.
Tem ainda grande influência de missionários estrangeiros que dei-
xaram um pouco de seu jeito de ser Igreja. Pode destacar, nesse aspecto, a
presença da Ordem dos Frades Menores (Franciscanos), que por mais de
100 anos de missão na cidade de Jequitinhonha contribuíram em muito
nessa dimensão. Ressalta aqui a presença de frades holandeses. Outros
grupos de missionários também presente nestas terras foram: dos padres
da Sociedade Fidei Donum (da Itália) e a Congregação do Verbo Divino,
com muitos padres poloneses, indonésios e filipinos.
Todas essas características sociais, econômicas, políticas e culturais
foram determinantes para a formação da consciência e identidade pasto-
ral. É impensável ser Igreja aqui sem levar em conta toda essa realidade.
A Diocese de Almenara é essencialmente missionária, profética, com-
prometida com as angústias e as esperanças do povo, testemunhando o
Reino de Deus rumo à plenitude.

Pe. Cláudio Eduardo Cordeiro


Coordenador Diocesano de Pastoral

10
4. Seminário Diocesano
São João Batista
4.1. Definição
Primeiramente, faz-se necessário esclarecer sobre o que é
seminário, sua identidade e missão da casa de formação.
O Seminário é uma COMUNIDADE educativa a caminho. O
tempo da formação inicial é um espaço privilegiado para a formação de
presbíteros missionários. Segundo o (Doc. 110, CNBB, 2018, n. 41, p.
33), o seminário é o coração da diocese que anseia formar:
» Presbítero – homem experimentado na vida;
» Pastor – segue o exemplo de Jesus, o Bom Pastor;
» Profeta – anuncia e testemunha a Palavra de Deus;
» Servo – é constituído para servir e não ser servido;
» Missionário – ser uma missão e não ter uma missão;
» Padre – dom da paternidade espiritual;
» Sacerdote – dom sagrado de Deus para o seu povo;
» Esposo – chamado a reviver o amor de Cristo esposo, em sua relação
com a Igreja esposa;
» Perito em humanidade – homem de relações dentro e fora da Igreja;
» Homem da proximidade – estar junto tanto de Deus como dos dramas
da humanidade;
» Homem da misericórdia – cuidado especial em relação aos pobres e
marginalizados;
» Homem de oração – íntimo das coisas divinas, místico e mistagogo;
» Homem de sacrifício – consumir-se em generosidade e sacrifício pelo
povo de Deus;
» Irmão universal – chamado a construir relações com irmãos separados,
fieis de outras religiões e com as pessoas de boa vontade.

4.2. Histórico
Quando a Diocese de Almenara foi criada ficou com apenas três padres
diocesanos, Monsenhor Antônio Soares, Monsenhor Lydio de Miranda
Murta e Pe Valdir Brito Alves. Monsenhor Soares, de idade avançada, já

11
estava aposentado. Por muitos anos ele atuou em Almenara e nas quase
paróquias de Bandeira, Mata Verde e Divisópolis. Monsenhor Lydio, assim
que a Diocese foi criada, mudou-se para Belo Horizonte para ocupar um
cargo na Secretaria Estadual de Educação e se firmou na Arquidiocese
de Belo Horizonte. Pe Valdir, ordenado em 1980 pelo Papa João Paulo II
quando veio pela primeira vez ao Brasil, assumiu a recém-criada Paróquia
São Pedro Apóstolo, tendo Mata Verde como comunidade e ainda dava
assistência em Jordânia e Bandeira. É claro que se contava com a presença
significativa de religiosos e religiosas atuando em outras paróquias.
Padre Valdir foi o responsável pela animação vocacional no início
da Diocese. Havia uma equipe de religiosas para a promoção vocacio-
nal mista. Em 1983 foi o Ano Vocacional no Brasil com o tema: “Vem e
segue-me”. A oração vocacional que já ficou tradicional, é rezada ainda
hoje. Nessa ocasião, houve uma grande movimentação na Diocese. Havia
encontros com grande número de jovens para o despertar vocacional.
Outro acontecimento marcante foi o festival de música vocacional em que
fez nascer muitas canções religiosas. Ficou marcante a canção “Vocação”,
composição de Pe Valdir e Ir Fidália, das Irmãs Franciscanas Penitentes
Recolentinas. Muitos jovens eram acompanhados por Pe Valdir, alguns
chegando a morar na casa paroquial de São Pedro Apóstolo, inclusive
Padre João Amaral é fruto dessa campanha vocacional.
A partir de 1987, ingressaram no seminário São José, da Diocese
de Araçuaí. Dom Enzo o idealizador de um Curso de Ensino Médio
e Filosofia, sendo ele mesmo o principal professor de Filosofia. Nesse
período, muitos jovens da Diocese de Almenara passaram pelo processo
formativo, vindo a desistir por outras opções de vida.
Deu-se início o processo de formação em Diamantina em 1993. Os
padres que chegaram a ordenar, que participaram da formação em Dia-
mantina: Pe. João Amaral, Pe Newton, Pe Nery, Pe Gilmar e Pe Aleandro. A
partir de 2006, inicia-se a formação propriamente assumida pela Diocese de
Almenara com uma casa de formação e a designação de um presbítero para
acompanhar os seminaristas na formação presbiteral em Belo Horizonte.
Padre Newton foi o primeiro reitor. A princípio em uma casa cedida pela
Congregação dos Missionários Sagrado Coração, até a compra com a ajuda
dos Irmãos da Congregação de Nossa Senhora de Lourdes e de um casal
de empresários, da atual casa no Bairro Camargos. Os estudos de filosofia
e teologia eram no ISTA, Instituto Santo Tomás de Aquino. Com o passar

12
do tempo, Dom Hugo firmou uma parceria com a Arquidiocese de Belo
Horizonte, que concedeu bolsa integral aos estudantes, motivo pelo qual
os seminaristas foram transferidos para a Puc Minas.
Embora os estudos acadêmicos e da formação pastoral seja em
Belo Horizonte, os seminaristas são orientados a manter os olhos fixos
em Jesus Cristo e o “olhar do coração” voltado para o povo na Diocese,
que deposita muita esperança e reza pela perseverança dos futuros pres-
bíteros da Diocese.
A Diocese de Almenara propõe como objetivo formar presbíteros
como verdadeiros pastores, constantes no seguimento a Jesus Cristo, a
serviço do povo de Deus e em sintonia com a proposta de evangelização
da Diocese. Uma formação em que o formando seja protagonista do seu
processo, se dispondo a uma avaliação constante de sua caminhada, ilu-
minados e questionados constantemente pela Palavra de Deus para uma
resposta consciente ao chamado, tendo como princípios fundamentais a
liberdade, a confiança e a responsabilidade.
Portanto, a Diocese de Almenara na formação dos futuros presbí-
teros, procura incentivar os seminaristas para que estejam em sintonia
com Cristo a partir do olhar atento ao chão da realidade da Diocese,
comprometendo-se com as lutas e os desafios vividos pelo povo nas
comunidades.
Pe João Amaral Rocha

5. Pastoral Vocacional
5.1. Definição
“A vocação sacerdotal é um dom de Deus, que constitui certamente
um grande bem para aquele que é o seu primeiro destinatário. Mas é tam-
bém um dom para a Igreja inteira, um bem para a sua vida e missão. A
Igreja, portanto, é chamada a proteger este dom, a estimá-lo e amá-lo: ela
é responsável pelo nascimento e pela maturação das vocações sacerdotais
(Pastores Dabo Vobis, n.41, 1992, p.16)”. Visando a tal preciosa missão,
a pastoral vocacional, alma de toda a evangelização e de toda a pastoral

13
da Igreja, surge como um serviço que deve favorecer o encontro com o
Senhor daqueles que ouvem Seu chamado e vão até Ele (cf. Mc 3, 13).

5.2. Objetivos específicos


É importante levar em consideração que o despertar vocacional co-
meça a partir da realidade, meio em que jovem esteja inserido, na família,
na comunidade, nas celebrações eucarísticas, encontros de jovens, grupos
de oração (reflexão), crisma e outros. Por isso, é necessário levar em conta:
a) Ajudar o jovem a ter a capacidade de se relacionar de forma madura
com outras pessoas;
b) Promover encontros vocacionais específicos;
c) Fazer acompanhamento constante após o encontro vocacional;
d) Envolver a família e a comunidade de origem nesse processo;
e) Trabalhar o sentido do ser padre diocesano, suas virtudes e desafios
na realidade da diocese.
f) Ter confiança e abertura à vontade divina.

6. Etapas da Formação
e suas dimensões
6.1. Definição
As características do processo formativo são: A formação para
o discipulado de Jesus; formação que é configuração a Cristo Cabeça,
Pastor e Servo; formação que acolhe a pessoa em sua complexidade;
formação que se traduz em programa de vida e acompanhamento. Suas
linhas pedagógicas-mistagógicas são: Integralidade – responsabilidade –
comunhão – atualização – acompanhamento.
Seus dispositivos pedagógicos devem ser: a Casa de Formação – o
Cotidiano da Formação – a Presença dos Formadores, despertando a
consciência da diocesaneidade no processo formativo.
O Período primeiro do discernimento é a Pastoral Vocacional que
deve ter um plano de acompanhamento ao jovem antes do ingresso no

14
Propedêutico. Depois vem as etapas da formação inicial que são: Pro-
pedêutico; Discipulado; Configuração; Síntese Vocacional; Permanente
(Estágio Pastoral) e suas dimensões (Humana, Espiritual, Intelectual,
Pastoral-Missionária).

6.2. Dimensão Humana


É a “base necessária e dinâmica” de toda a vida sacerdotal. Com-
preende-se o físico/saúde – psicológico – alimentação – equilíbrio – sexua-
lidade integrada. As relações com pessoas diversas, crianças, adolescentes,
jovens, adultos, idosos, homens e mulheres, isto é, conhecimento da
própria história e aceitação de si mesmo.

6.3. Dimensão Espiritual


Contribui para o caracterizar a qualidade do ministério sacerdotal.
Encontrar com Cristo e configurar-se com Ele para descobrir a própria
identidade vocacional; seguir a Cristo pelo caminho do Evangelho; e
permanecer em Cristo mediante a Oração, a Palavra, os Sacramentos e
os irmãos.

6.4. Dimensão Intelectual


Oferece instrumentos necessários e racionais para compreender os
valores próprios do que é ser pastor. Destina-se a levar os seminaristas a
atingirem uma sólida competência no âmbito filosófico e teológico, mas
também uma preparação cultural de caráter geral, realidade, pensamento
crítico, discurso vital sobre a fé.

6.5. Dimensão Pastoral-Missionária


Habilita a um serviço eclesial responsável e profícuo. Uma vez que
a finalidade da formação presbiteral é preparar os seminaristas para serem
Pastores, à imagem de Cristo. Então, a formação deve permear por um
espírito pastoral que os torne capazes de ter aquela mesma compaixão,
generosidade, amor por todos, especialmente pelos mais pobres, a pronta
solicitude pela causa do Reino. Devem aprender a se colocar como guia
de um grupo, como homens de comunhão, através da escuta, do atento
discernimento, valorizando os diversos trabalhos ministeriais como co-
laboração dos leigos.

15
7. Etapa do Propedêutico
7.1. Definição
Essa primeira etapa, Propedêutico, que também deve ser caracte-
rizada como etapa da complementação e aprofundamento do processo
da Iniciação à Vida Cristã e preparação de caráter introdutório com vistas
à sucessiva formação presbiteral ou, ao invés, da decisão de trilhar outro
caminho de vida (Doc. 110, CNBB, 2018, n. 125, p.73). Essa etapa não
pode ser inferior a um ano e nem superior a dois anos (Ratio Fundamen-
talis, L’osservatore Romano, n. 59, 2016, p. 29).
Seus principais objetivos são: Conhecer bem a realidade da Diocese,
o perfil e as demandas pastorais; criar uma boa base para a vida espiritual,
favorecendo um maior conhecimento de si para o crescimento pessoal.
Para esse amadurecimento da vida espiritual é necessário levar o jovem
à oração através da vida sacramental, da liturgia das horas, da familia-
ridade com a Palavra de Deus, do silêncio, do estudo do Catecismo da
Igreja Católica. É um tempo propício para o discernimento vocacional
e vivência comunitária.

7.2. Dimensão Humana


» Objetivo geral: Descobrir as características da própria personalidade
e os principais aspectos (virtudes e defeitos) a trabalhar.
» Objetivos específicos:
Estimular:
a) Vivência comunitária entre os colegas;
b) Relação de amizade e respeito com os formadores;
c) Proporcionar um relacionamento fraterno, solidário e saudável com
as pessoas, homens, mulheres, crianças, adolescentes, jovens e idosos
com o espírito da humildade e do serviço;
d) Procure os formadores estarem atentos a qualquer tipo de comporta-
mento inadequado do jovem, como algum tipo de transtorno (psico-
-afetivo, bipolaridade, agressividade, etc.) Buscar ajuda psicológica,
sempre que possível e necessário. Não é aconselhável que o jovem
passe para a etapa seguinte (etapa do discipulado) com questões sérias
a serem resolvidas.

16
7.3. Dimensão Espiritual
» Objetivo geral: Deter-se diante do mistério de Cristo e da Igreja e da
possível opção pela vocação sacerdotal.
» Objetivos específicos:
a) Despertar os jovens para o gosto da Oração da Liturgia das Horas,
Adoração ao Santíssimo Sacramento e a Eucaristia diária.
b) Valorização das orações de devoções populares: Ofício Divino das
Comunidades, reza do terço, e outros.
c) Ter com meta retiro espiritual anual.

7.4. Dimensão Intelectual


» Objetivo geral: Consolidar, com o auxílio do estudo, a formação
humana e cristã. Suprir as deficiências da formação prévia.
» Objetivos específicos:
Ter como meta nessa etapa, o acolhimento do jovem após a conclusão do
Ensino Médio ou na fase final do curso, terceiro ano do Ensino Médio.
Deve-se proporcionar ao propedêuta:
a) Complementação da formação intelectual (humanística e científica)
do Ensino Médio, introdução à Filosofia, leituras (literatura, espiri-
tualidade, artigos, etc.).
b) Estudo do Catecismo da Igreja Católica, documentos atuais da Igreja
e outros.

7.5. Dimensão Pastoral-missionária


» Objetivo geral: Iniciar o formando em sua formação pastoral, so-
bretudo pela partilha de experiências e pelo melhor conhecimento da
realidade.
» Objetivos específicos:
a) É importante fazer memória das Santas Missões Populares ocorrido
na Diocese, grande marco nos anos de 2005 a 2010, para despertar nos
jovens o ardor missionário.
b) Despertar o espírito da humildade e do serviço, inserindo os jovens
na vida, na dor e com experiências em situações-limite em que vive o
povo, visita às comunidades, hospital, presídio, asilos, etc.
c) Inseri-los nas pastorais e movimentos como participantes e não como
líderes.

17
8. Etapa do Discipulado
(Filosofia)
8.1. Definição
O discípulo é aquele que é chamado pelo Senhor a ficar com Ele (Cf
Mc 3,14), segui-lo e tornar-se missionário do Evangelho. Ele aprende a
entrar cotidianamente no Reino de Deus, vivendo uma relação profunda
com Jesus. O estar com Cristo torna-se um caminho pedagógico-espiri-
tual, que transforma a existência e permite tornar-se testemunha do Seu
amor no mundo (Ratio Fundamentalis, L’osservatore Romano, 2016,
n. 61, p. 30). Essa etapa se caracteriza por seu caminho de formação
que empenha e compromete não só a pessoa do seminarista, mas toda
a comunidade em que ele tem participação na vida comum (Doc. 110,
CNBB, 2018, n. 145, p. 81).

8.2. Dimensão Humana


» Objetivo geral: Aprofundar a própria personalidade. Afrontar con-
flitos e potencializar qualidades. Chegar a ser um jovem seguro de si
e livre para optar.
» Objetivos específicos:
a) Fazer no primeiro ano acompanhamento psicológico (psicoterapia),
com o profissional indicado pela casa, uma vez por semana;
b) Desenvolver:
- Abertura para as convivências comunitária e evitar o isolamento,
sobretudo nos momentos de atividades comunitárias (orações, re-
feições, recreios, etc);
c) Estimular:
- a temperança, especialmente, no cuidado da alimentação e da própria
saúde em geral: Atividades físicas (caminhada);
- Disponibilidade para os trabalhos manuais: limpeza dos quartos,
banheiros, casa, jardim, horta, etc;
d) Trabalhar em equipe sabendo dar e receber ajuda;

18
8.3. Dimensão Espiritual
» Objetivo geral: Conhecer os objetivos da vida espiritual e começar a
empregar os meios oferecidos pela casa de formação.
» Objetivos específicos:
a) Motivar o seminarista a estar mais perto do Mestre, para que possa
ouvi-lo, aprender e criar verdadeiros laços de amor e de amizade com
Ele. Assim sendo, é essencial ao seminarista cultivar esses laços de
amor com Deus, os quais se darão por meio de sua vida espiritual;
b) Despertar a consciência de que o caminho da formação espiritual
ocorre pelas etapas de iniciação, de amadurecimento, de aperfeiçoa-
mento e de aprofundamento. Assim, espera-se que o seminarista do
Discipulado, uma vez iniciado no caminho espiritual, próprio da vida
de seminarista no Propedêutico, conclua o seu processo de iniciação,
por meio da dinâmica própria do Seminário Maior e busque, por
diversos meios, amadurecer a sua relação com Deus;

8.4. Dimensão Intelectual


» Objetivo geral: Adquirir conhecimento e interpretação mais pro-
fundos da pessoa, de sua liberdade e de suas relações com o mundo
e com Deus.
» Objetivos específicos:
a) Conscientizar o seminarista que o período do discipulado, será iniciado
nos estudos filosóficos e nele se aprofundará durante os três anos de
sua duração regular. A devida iniciação e o devido aprofundamento
lhe permitirão criar uma consciência mais reflexiva, e a compreender
melhor a profundidade do mundo, do ser humano e de Deus, tornan-
do-os verdadeiros mestres de vida, da verdade e do amor;
b) Tendo em vista que os estudos filosóficos visam ensinar e aprender a
pensar. Eles não devem ser dispensados aos candidatos que já tenham
concluído cursos superiores (Doc. 110, CNBB, n. 255, p. 138);
c) Esteja, o formador, atento ao desenvolvimento acadêmico dos semi-
naristas, particularmente dos que estão no primeiro ano, já que muitos
trazem consigo experiências acadêmicas deficientes e são inseridos em
uma dinâmica na qual não estão ainda acostumados;
d) É exigido, a cada final de semestre, pelo formador, o boletim de notas
para a avaliação da vida acadêmica do seminarista;

19
e) Fazer acompanhamento individual com diálogo aberto e sincero para
acolher as dificuldades do seminarista e procurar ajudá-lo a sanar tal
dificuldade;
f) Procurem, os seminaristas, assumir com total responsabilidade suas
obrigações acadêmicas dentro e fora da faculdade, respeitando e va-
lorizando a pessoa do professor.

8.5. Dimensão Pastoral-missionária


» Objetivo geral: Aprender a assumir o apostolado com generosidade.
Ser sensível ante as necessidades humanas e atuar em meio a elas.
» Objetivos específicos:
a) Acolher o dom da vocação vinda do Senhor, discerne o chamado à luz
do Espírito Santo e forma discípulos-missionários, a fim de enviá-los
à urgente e inadiável missão de evangelizar. “A missão não é uma di-
mensão entre outras, mas eixo ou paradigma que deve marcar todas as
atividades das Igrejas Particulares” (Doc. 110, CNBB, n. 227, p. 121);
b) É importante que ao longo do processo formativo próprio do Discipu-
lado, os seminaristas devem se preparar, por meio de uma formação
que integre tanto aspectos teóricos quanto aspectos vivenciais dessa
dimensão, para que se tornem capazes de “ter aquela mesma compai-
xão, generosidade, amor por todos, especialmente pelos mais pobres,
e pronta solicitude por causa do Reino, que caracterizam o ministério
público do Filho de Deus, e que se podem resumir na caridade pasto-
ral” (Ratio Fundamentalis, L’osservatore Romano, n. 119, 2016, p. 54);
c) É de fundamental importância que o seminarista seja inserido em
uma dinâmica pastoral por meio de algumas atividades específicas e
constantes, será exigido dele um contato mais próximo com aqueles
que mais necessitam de assistência, e isso ocorrerá, por meio das
pastorais, designadas pela equipe de formação ou paróquia a qual for
designado, como catequese, grupos de jovens, coroinhas, pastorais/
movimentos sociais, etc.;
d) Conscientizar o seminarista, por meio da pastoral, que ele deve apren-
der a ser de fato um missionário que ama o povo do jeito que ele é, vê
as realidades em que ele vive, escuta com maior profundidade suas
aflições e alegrias, sente suas dores e esperanças, estuda e analisa as
várias realidades e as traz para a oração pessoal e comunitária, partilha

20
a sua vida estando sempre disponível para servir onde seja necessário,
também na missão ad gentes (Doc.110, CNBB, n. 232, p. 124);
e) Despertar no seminarista o gosto pelo COMISE, Conselho Missio-
nário dos seminaristas;

8.6. Itinerários
a) Primeiro ano, atitude de “permanecer atento”;
b) Segundo ano, atitude de “livrar-se de”;
c) Terceiro ano, atitude de “livrar-se para tomar decisão”.

9. Etapa da Configuração
(Teologia)
9.1. Definição
A vida de um presbítero é toda ela uma formação contínua desde
o momento da sua chamada: a formação do discípulo de Jesus, dócil à
ação do Espírito Santo para o serviço à Igreja. A pedagogia da formação
inicial, desde os primeiros anos do Seminário, visa, antes de tudo, fazer
o candidato inserir-se na sequela Christi (seguindo a Cristo); ao final desta
etapa, dita do discipulado, a formação se concentra sobre o configurar
do seminarista a Cristo, Pastor e Servo.
Esta configuração exige um mergulho profundo na contemplação
da Pessoa de Jesus Cristo, Filho predileto do Pai, enviado como Pastor do
Povo de Deus. Tal configuração torna a relação com Cristo mais íntima
e pessoal, e, ao mesmo tempo, favorece o conhecimento e a assunção da
identidade sacerdotal. A etapa dos estudos teológicos, ou da configura-
ção, é orientada de modo particular, para a formação espiritual própria
do presbítero, em que a configuração progressiva a Cristo torna-se uma
experiência que suscita na vida do discípulo os próprios sentimentos e
comportamentos do Filho de Deus (Ratio Fundamentalis, L’osservatore
Romano, 2016, n.68/69, p. 32/33).
Nessa etapa é importante rever algumas atitudes: no primeiro ano:
“Virtudes teologais”, pode ser admitido às ordens sacras; segundo ano:

21
“Conselhos evangélicos”, pode ser instituído ao ministério de Leitor;
terceiro ano: “Caridade pastoral e prioridades presbiterais”, pode ser
instituído ao ministério de Acólito; quarto ano: “Atitudes presbiterais”.

9.2. Dimensão Humana


» Objetivo geral: Possuir liberdade e maturidade suficientes para se
dedicar com empenho e produtividade à formação teológica e prática
e para servir aos irmãos e irmãs em uma missão concreta.
» Objetivos específicos:
a) Definir-se como cristão adulto, purificando-se nas motivações e trans-
formando a própria conduta com vista a uma progressiva configuração
a Cristo;
b) Aceitar e valorizar os vários carismas dentro da comunidade presbite-
ral, contribuindo para o fortalecimento do apelo permanente à missão e
à comunhão na Igreja particular e na vivência da complementariedade
e não da competitividade;
c) Capacidade de exercer a liderança das equipes constitutivas do Semi-
nário, sem que isso signifique o uso de autoritarismo, mas permitindo
que os demais membros da equipe possam também desenvolver uma
participação ativa para o bom funcionamento das atividades.
d) Relacionar-se com as pessoas, tendo presente que a manifestação do
amor para cada uma expressa o amor oblativo de Jesus;
e) Cultivar o espírito da humildade para com os colegas, solidariedade e
compaixão, exercendo o dom da gratuidade e o espírito de iniciativa;
f) Valorizar o trabalho de outros e saber integrar-se neles;
g) Escutar atenta e obedientemente os formadores e o bispo;
h) Abrir-se ao acolhimento e à partilha com diversas realidades, tais como
as famílias, as pessoas consagradas, os jovens, os idosos, os estudantes
e os mais pobres.

9.3. Dimensão Espiritual


» Objetivo geral: Aplicar os meios espirituais na configuração de uma
espiritualidade própria e bem definida, desde a sua personalidade e
da função própria da vida presbiteral.
» Objetivos específicos:
a) O seminarista tem como referencial de formação uma espiritualidade
trinitária, cristocêntrica e eclesial. É trinitária, uma vez que, por meio

22
do ministério ordenado, é enviado pelo Pai, configurado ao Filho e
atua pela força do Espírito Santo. É cristocêntrica, porque vive mais
intimamente o mistério pascal de Cristo, assumindo a Cruz, na doação
total de si por amor a Cristo e a sua Igreja. É eclesial, por se tornar
responsável por reunir todo o povo de Deus, Corpo de Cristo, na
função de presidência ministerial. O ministério é um serviço eclesial;
b) Deve-se cultivar:
- uma espiritualidade encarnada percebendo qual Deus está rezan-
do, sem deixar de considerar a sua história de vida, social, cultural,
psicológica, familiar, etc, acolhendo com espontaneidade e amor as
orações da Igreja: Liturgia das Horas, Eucaristia diária, Adoração ao
Santíssimo Sacramento, devoção autêntica à Virgem Maria e a São
José, Ofício Divino das Comunidades, e outras;
- disponibilidades para os exercícios espirituais anual e mensais;
- a vivência do amor fraterno entre os irmãos do seminário, aos pres-
bíteros, ao bispo diocesano e ao povo de Deus;
- a fidelidade à direção espiritual;

9.4. Dimensão Intelectual


» Objetivo geral: Alimentar e desenvolver a fé em uma visão sintética
e unitária.
» Objetivos específicos:
a) Deve estar claro, para o seminarista desta etapa, que ele já assume,
diante do povo de Deus, uma voz de liderança. Por isso, deve redobrar
a sua sensibilidade de liderança, de modo a avaliar e mensurar o que
fala e o que ensina, impulsionado pela virtude da prudência. Princi-
palmente, deve ter a devida reverência e espírito de comunhão, com a
sensibilidade do pastoreio do Bispo, no que se refere a ensinar. Deve,
ainda, evitar exposições desnecessárias nas redes sociais, bem como
falas reducionistas e absolutas, que excluem mais do que incluem
aqueles que vivem à margem da fé e da doutrina;
b) Favorecer, através da formação intelectual, a capacidade do semina-
rista dialogar consigo mesmo, de maneira a avaliar se seus próprios
valores, critérios e práticas estão de acordo com a verdade que se crê
e que se entende. Deve-se ter em conta que o que se aprende não é
um conjunto de ideias, sistemas racionais ou realidades transitórias,
mas sim que os inseridos no Mistério mesmo de Deus, por meio das

23
verdades teológicas. Nesse sentido, é fundamental que a experiência,
vivida na sala de aula, seja transportada para a vida espiritual, de modo
a se tornar matéria de oração;
c) Devem estar explícitos nos ensinos acadêmicos teológicos a sua
finalidade: o serviço ao povo de Deus. Logo, os ensinos teológicos,
correspondentes à etapa da Configuração, devem estar em harmonia
com os ensinamentos da Tradição da Igreja e do Magistério vivo,
especialmente do Concílio Vaticano II. Ele deve dialogar com as
correntes filosóficas de toda a história da filosofia, sobretudo com
as mais incidentes na cultura contemporânea, a fim de realizar sua
hermenêutica e atualização do mesmo “Jesus Cristo, ontem, hoje e
sempre”. Por isso, o seminarista desta etapa deve estar atento, além
dos estudos de Teologia, aos temas recorrentes na sociedade, na
política, nos meios culturais, no cotidiano das pessoas com quem
convive, de modo a ser capaz de expressar os critérios de Cristo e
dialogar com o mundo;
d) Estar atento, a pessoa do formador como educador solícito, à assidui-
dade e à aplicação dos formandos. Mantenha contato frequente com
a direção e os professores do IFTDJ – PUC minas no qual os semi-
naristas estudam. Torne possível, segundo adequados procedimentos
pedagógicos, o acompanhamento personalizado dos seminaristas,
acolhendo por meio do diálogo, as suas dificuldades e demandas
acadêmicas, para que haja progressiva maturidade intelectual (Doc.
110, CNBB, n. 284, p. 148);

9.5. Dimensão Pastoral-missionária


» Objetivo geral: Exercitar-se no apostolado, para uma visão mais
ampla do ministério presbiteral. Oferecer o testemunho de sua vida
entre as pastorais.
» Objetivos específicos:
a) É relevante a sintonia dessa dimensão pastoral-missionária com as
demais dimensões formativas. Portanto, essa dimensão se constitui
como um princípio unificador de todo o Projeto Pedagógico Formativo.
Pode-se compreender, de forma equivocada, o ambiente proposto
pelo Seminário como limitado. No entanto, a compreensão de missão
possui seu sentido espiritual supracitado, e sua aplicação prática, no
mais próximo de si mesmo. É no dia a dia do seminário, que se vive a

24
dimensão pastoral-missionária proposta pelo projeto formativo, uma
vez que se espera do seminarista uma coerência entre sua vivência no
cotidiano do Seminário e nos espaços de atuação pastoral (paróquias
e grupos pastorais);
b) Trabalhar o papel dos seminaristas nessa dimensão:
- acolher o espírito missionário e tomar consciência da prioridade
da evangelização que precisa cuidar dos não batizados e também
dos batizados que somente participam ocasionalmente da vida da
comunidade (Doc.110, CNBB, n.232, p. 125);
- Vivenciar a comunhão com a vida do povo, com as comunidades
de fé, com agentes de pastoral, consagrados (as) e com o presbitério
(Doc.110, CNBB, n.232, p.125);
- Ter a consciência de que ele não é um mini-padre, mas um irmão
de caminhada com o povo a serviço do povo nos trabalhos mais
simples possíveis. Ele deve ter a capacidade de elaborar projetos
pastorais juntamente com a comunidade ou grupo pastoral no qual
está colaborando;
- Abertura para o diálogo com várias expressões religiosas, católicas e
não católicas, ter amadurecimento das responsabilidades de pastor e
ser fermento de transformação da sociedade pelo testemunho e ação
solidária, na promoção da justiça, da fraternidade e da paz;
- Ter espírito de liderança nas ações pastorais e missionárias do semi-
nário como: missões e outras atividades organizadas pelo seminário;
- Viver uma pastoral positiva é um dos critérios para avançar no pro-
cesso formativo, como o diaconato, por exemplo;

9.6. Itinerários
a) Primeiro ano: Virtudes Teologais;
b) Segundo ano: Conselhos Evangélicos;
c) Terceiro ano: Caridade Pastoral e prioridades presbiterais;
d) Quarto ano: Atitudes presbiterais;
e) Admissão às ordens sacras: metade do segundo ano;
f) Ministério de Leitor: final do segundo ano;
g) Ministério de Acólito: final do terceiro ano.

25
10. Atividades (meios)
do Seminário Maior
(discipulado e configuração)
Algumas atividades que são de suma importância para que haja
uma convivência harmônica e responsável na casa de formação, princi-
palmente por parte dos formandos.

10.1. Convivência
Esporadicamente, a comunidade se reúna, se possível, com o seu
formador, para participar de uma atividade lúdica ou cultural (como
assistir a um filme, jogar ou passear – momentos recreativos), não só
para a interação da mesma, como também para a sua formação cultural,
que pode ser enriquecida pelo debate, muitas vezes, suscitado por essas
interações.

10.2. Encontro com o Bispo e membros da equipe de


formação
É importante que haja, na medida do possível, disponibilidade do
bispo e dos membros da equipe de formação para visitas mensais ao semi-
nário com o objetivo de favorecer a diocesaneidade entre os seminaristas.

10.3. Encontro com as famílias


Importante que haja uma vez por ano, especialmente no dia das
mães ou dos pais, um encontro com as famílias dos seminaristas, a fim
de estreitar os laços entre elas e oferecer a oportunidade de participarem
da vida do Seminário contribuindo para a formação dos filhos. Devido
à distância geográfica, que esse encontro aconteça durante um final de
semana, onde haverá momentos de oração, confraternização e lazer. Em-
bora esse encontro deva acontecer de forma programada, não impede que
as famílias possam visitar o seminário em outras ocasiões que acharem
oportunas, inclusive essas visitas são fundamentais.

26
10.4. Atividade física
Ao menos duas vezes por semana, os seminaristas devem fazer
uma atividade física (caminhada ou outra), de acordo o horário da casa.
Além dos benefícios físicos imediatos, a atividade física propõe ainda o
cuidado com o corpo, ferramenta fundamental para o futuro ministério,
autoconhecimento e convivência comunitária.

10.5. Eventos
O nosso Seminário se dispõe de uma casa ampla e bem localizada,
por isso, é importante aproveitá-la no sentido de abri-la para momentos
de interação com outras casas de formação (dioceses/congregações),
confraternizações, jogos, etc. E com as comunidades onde os seminaristas
fazem pastoral, Missas/confraternizações para iniciar e/ou finalizar os
semestres.

10.6. Trabalho doméstico


Num espírito de humildade e cooperação, é dever dos seminaristas
cuidar do ambiente em que vive, isto é, da casa como um todo: quartos,
banheiros, capela, biblioteca, sala de jogos, varanda, garagem, jardim e
horta. Ajudar na cozinha, principalmente no café da manhã e no jantar.

10.7. COMISE
Conselho Missionário de Seminaristas. Seu objetivo é a formação
e animação missionárias no interior do Seminário. Todos os seminaristas
devem fazer parte.

10.8. Missão do Seminário


Uma vez ao ano, o COMISE prepara uma missão popular dentro
dos limites da Diocese, para todos os seminaristas, incluindo os do Pro-
pedêutico, a fim de trabalhar esse aspecto da formação, de maneira mais
intensa, e proporcionar, desde já, um contato imediato com o povo. A
proposta dessa missão é que seja logo no término do ano letivo, meados
de dezembro. Essa missão deverá ser realizada num tempo de dez dias
e que não seja restrita apenas aos seminaristas da Diocese, mas aberta à
participação de outras casas de formação, congregações religiosas (mas-
culinas e femininas) e leigos que desejam participar.

27
10.9. Férias
Nas férias do meio do ano junho/julho os seminaristas passarão
uma semana nas paróquias, conforme a disponibilidade e abertura dos
padres. Este tempo é oportuno para que os seminaristas tenham uma
maior convivência com o pároco e o povo. Cada padre pode se oferecer
para acolher um de nossos seminaristas, ou o Seminário indicará qual
paróquia o seminarista ficará, com a permissão do pároco, é claro.

10.10. Estágio pastoral


A pastoral é feita aos finais de semana, aos sábados pela manhã,
exceto no segundo sábado que é reservado (parte da manhã) para mo-
mento de espiritualidade na casa, até aos domingos às 21:00. É importante
ressaltar que a pastoral não é um momento de descanso ou de lazer, mas
de estágio pastoral onde o seminarista deverá respeitar as orientações e
propostas do padre na paróquia onde fará o seu estágio.

10.11. Celebrações litúrgicas


Além das orações diárias e semanais: Missas, Liturgia das Horas,
Adoração ao Santíssimo Sacramento, etc. Também deve ser valorizada a
dinâmica espiritual de cada tempo litúrgico e os meses temáticos: Quares-
ma (C.F), Páscoa e Advento. Maio (mês mariano) reza do terço; Junho,
mês do padroeiro do seminário São João Batista (novena); Agosto (mês
das vocações) oração vocacional rezada todos os dias do mês; Setembro
(mês da Bíblia) fazer o estudo da Bíblia de acordo o livro proposto, uma
vez por semana; Outubro (mês das missões) rezar a oração missionária
em todas as missas e o ODC (Ofício divino das comunidades) uma vez
por semana.

10.12, Retiro Espiritual e momento formativo


Uma vez por ano haverá um retiro espiritual com toda a casa, de
preferência que seja no início do ano ou no período do carnaval antes da
quaresma. Não havendo possibilidade nesse período que seja escolhida
uma data oportuna.
Uma vez por mês, no segundo sábado na parte da manhã, momento
de espiritualidade com toda a casa. Esse tempo proposto seja para manhã
de espiritualidade, seja para momento formativo.

28
10.13, Direção espiritual
O Seminário dispõe de um Diretor Espiritual que acompanha o
grupo periodicamente, mas o seminarista além do Diretor da casa, pode
também ter o seu próprio Diretor Espiritual, desde que tenha o conhe-
cimento e o aval do reitor.

10.14, Atendimento psicológico


O primeiro ano da etapa do Discipulado é acompanhado por um
psicólogo uma vez por semana. O seminarista vai até o consultório do
profissional que é indicado pelo seminário, no nosso caso, o Ir. Heládio
da Congregação dos Irmãos de Nossa Senhora de Lourdes. Havendo
necessidade de continuação do acompanhamento, será avaliado pelo
profissional juntamente com o seminarista e o reitor.

11. Síntese Vocacional


(Diaconato)
11.1. Definição
Esta etapa é também chamada de etapa pastoral, corresponde ao
período que medeia entre a estadia no seminário e a sucessiva ordena-
ção presbiteral, passando obviamente pela concessão do diaconato. São
duas as finalidades desta etapa: por um lado, trata-se da inserção na vida
pastoral, com uma gradual assunção de responsabilidades, em espírito
de serviço; por outro, de um esforço no sentido de uma adequada pre-
paração, recebendo um específico acompanhamento com vista ao pres-
biterado. Nesta etapa o candidato é convidado a declarar de modo livre,
consciente e definitivo a própria vontade de ser presbítero, uma vez que
tenha recebido a ordenação diaconal (Ratio Fundamentalis, L’osservatore
Romano, n. 74, 2016, p. 35).

29
11.2. Objetivo geral
Segundo o (Doc. 110, CNBB, n. 297/297, p. 156) o grande objetivo
desse ano “é oferecer ao futuro presbítero uma oportunidade para a sín-
tese vocacional-pessoal e um espaço de preparação prática e sistemática
no campo da ação evangelizadora e missionária, como expressão de
autêntica caridade pastoral” (Doc. 110, CNBB, n. 297, p. 156). “A Etapa
Pastoral está orientada para a inserção na vida pastoral e a preparação
mais intensa às ordens sacras, em vista da configuração prática a Jesus
Cristo. Requer um acompanhamento atento, planejado e personalizado”
(Doc. 110, CNBB, n. 299, p. 157).

11.3. Objetivos específicos


De acordo com o (Doc.110, CNBB, n. 299, p. 157) Ano Pastoral
tem alguns objetivos:
a) Preparar-se, de modo particular, espiritualmente, para a sagrada
Ordenação.
b) Inserir-se na vida pastoral e litúrgica da comunidade, com uma gradual
assunção de responsabilidades, em espírito de serviço;
c) Preparar-se mais intensamente para a missão de pastor do Povo de
Deus, por meio de um específico acompanhamento.
d) Conhecer a si mesmo, no ser e viver de pastor e no exercício do pas-
toreio e da missão, inseridos na condição ordinária da vida de um
presbítero discípulo-missionário (oração, celibato, obediência, estilo
modesto de vida), aprofundando o seu discernimento vocacional.
e) Preparar-se para assumir responsabilidades de animação, coordena-
ção, construção da comunidade, enquanto animador de comunhão
e missão.
f) Lançar-se em experiências que transponham os limites de uma pasto-
ral, preponderantemente dedicada à demanda religiosa dos católicos
ativos na vida eclesial, exercitando-se para ir ao encontro daqueles,
muito mais numerosos, que estão distantes.
g) Iniciar-se no exercício da aprendizagem junto ao povo pobre, pela
observação atenta de sua vida de sacrifícios, de santidade e de fideli-
dade, na defesa da vida.
h) Assumir, de maneira prática, a espiritualidade própria do presbítero
diocesano, ao redor da prática da caridade pastoral.

30
i) Viver o sentido comunitário da vida e o exercício do ministério, in-
corporando-se, de um modo dinâmico e progressivo, à fraternidade
presbiteral, na realidade específica e imediata de uma Igreja concreta.
j) Realizar uma síntese vital, em chave pastoral, de todo o processo
formativo, na condição de ser humano e homem de fé.
k) Exercitar, de forma mais operativa, sua capacidade de viver o ministério
presbiteral, dado que, atualmente, o período de maturação psicológica
e afetiva tende a prolongar-se.

12. Formação Permanente


12.1. Definição
Tendo em vista que o chamado ao discipulado não se limita com
a ordenação presbiteral, uma vez que “a alma e forma da formação do
sacerdote é a caridade pastoral”, ela destina-se a assegurar a fidelidade ao
ministério sacerdotal num caminho de contínua conversão. Continuação
no processo de construção da identidade presbiteral. Um dos âmbitos da
formação permanente é a fraternidade presbiteral (Ratio Fundamentalis,
L’osservatore Romano, n. 80, p.36).

12.2. Objetivo Geral


“A formação permanente representa uma necessidade imprescin-
dível na vida e no exercício do ministério de cada presbítero. Ela é uma
exigência que nasce e se desenvolve a partir da recepção do sacramento
da Ordem, com o qual o presbítero é não só ‘consagrado’ pelo Pai, e ‘en-
viado’ pelo Filho, como também é ‘animado’ pelo Espírito Santo. Portanto
ela é destinada a assimilar progressivamente e em termos cada vez mais
amplos e profundos toda a vida e ação do presbítero, na fidelidade ao
dom recebido”. (Doc. 110, CNBB, 2018, n. 355, p. 180)

12.3. Objetivos específicos


a) De acordo as orientações básicas e gerais para a formação permanente
do (Doc. 110, CNBB, 2018, n. 369, p. 184), se faz necessário que:

31
b) O sujeito da formação permanente seja o próprio presbítero; nada
poderá substituir seu empenho;
c) O método fundamental é a reflexão sobre o exercício do ministério, a
partir das experiências cotidianas da vida, à luz da Palavra de Deus, em
busca do seguimento de Jesus Cristo, por meio da constante conversão,
no aprofundamento do discipulado, no revigoramento da missão, na
prática da comunhão e na amizade presbiteral;
d) A participação ativa na vida do presbitério por intermédio das reuniões,
encontros fraternos ou festivos, celebrações, exercícios espirituais,
encontros de oração em comum, estudo e reflexão é ambiente privi-
legiado de formação permanente. Instrumentos eficazes de formação
e exercício comunitário do ministério são também as associações e
fraternidades presbiterais;
e) O ambiente pastoral no qual no qual o presbítero é chamado a ser
discípulo-missionário-servidor, especialmente a vida das comunidades
eclesiais, é lugar privilegiado da formação permanente;
f) A diocese deve oferecer a todos os presbíteros estímulos e oportuni-
dades de atualização, períodos sabáticos, sob diversas formas, tendo
em conta necessidades e possibilidades. Para isso, com a cooperação
dos organismos da CNBB;
g) Seja estimulada, motivada e promovida a prática da direção espiritual
e do acompanhamento espiritual entre os sacerdotes, pois tais práti-
cas espirituais reforçam a aliança de vida entre os sacerdotes de um
mesmo presbitério e representam uma grande riqueza em favor da
perseverança ministerial dos presbíteros;
h) Sejam motivadas e implantadas iniciativas que favoreçam a frater-
nidade entre os presbíteros e o zelo amoroso pelo cuidado com os
irmãos de presbitério, especialmente por iniciativas pastorais conjuntas
entre as comunidades paroquiais próximas, tornando a fraternidade
e comunhão para com todo o Povo de Deus;
i) Seja apoiada a recuperação de presbíteros que apresentam “compor-
tamentos que requeiram acompanhamento especial”.
j) Valorização da pastoral presbiteral. A pastoral presbiteral, entendida
como ação planejada da Igreja, incentivada pela CNBB e motivada
pelos Encontros Nacionais de Presbíteros (ENPs), é o cuidadoso
acompanhamento pessoal e comunitário, integral e orgânico da Igreja
Particular aos seus presbíteros, devendo neles estimular a alegria de

32
serem discípulos missionários de Jesus Cristo, servidores do povo,
segundo o exemplo do Bom Pastor (Doc. 110, CNBB, 2018, n. 373,
p. 186 ).

13. Critérios e normas para


a admissão, a demissão e
o abandono do Seminário,
conforme a Ratio Fundamentalis
“A Igreja tem o direito de verificar, também com o recurso à ciên-
cia médica e psicológica, idoneidade dos futuros presbíteros”. O Bispo
é responsável pela admissão ao seminário; com a ajuda da comunidade
dos formadores, avaliará nos candidatos as qualidades humanas e morais,
espirituais e intelectuais, a saúde física e psíquica e a reta intenção (Ratio
Fundamentalis, L’ossevartore Romano, 2016, n.189, p.79).
Uma vez aprovado a admissão do candidato ao Seminário Maior,
o Reitor fará uma visita aos familiares do candidato para um primeiro
encontro fraterno e para dar as devidas orientações sobre o processo
formativo. Será exigida do candidato, uma carta de apresentação, onde o
mesmo explicitará o seu desejo de ingressar no Seminário de forma livre
e espontânea e com a aprovação da família.

13.1. A saúde física


No momento da entrada no Seminário, o seminarista deve gozar de
uma condição de saúde compatível com o futuro exercício do ministério,
segundo as adequadas normas emitidas pelas Conferências Episcopais
a serem inseridas nas Ratios nacionais. Em particular, deverá apresentar
os resultados dos exames médicos gerais, como garantia duma “sadia
e robusta constituição”, e também eventuais documentos referentes à
prévias doenças, cirurgias ou específicas terapias. O conteúdo de tal
documentação reserva-se apenas ao conhecimento do Bispo e do Reitor
(Ratio Fundamentalis, L’ossevartore Romano, 2016, n. 190, p.80).

33
13.2. A saúde psíquica
Será, por norma, de evitar a admissão no Seminário de quantos so-
fram e qualquer patologia, manifesta ou latente (esquizofrenia, paranoia,
distúrbio bipolar, parafilias, etc.), que seja capaz de minar a discrição
do juízo da pessoa e, por consequência, a sua capacidade de assumir os
compromissos e empenhos da vocação e do ministério (Ratio Funda-
mentalis, L’ossevartore Romano, 2016, n.191, p.81).

13.3. A demissão
Em qualquer momento do percurso da formação de um semi-
narista, se a comunidade formativa concluir ser necessário demiti-lo,
uma vez consultado o Bispo, tal ato deve, em geral, ser feito mediante
documento escrito a ser oportunamente conservado, contendo uma ex-
posição prudente, mesmo que sumária, mas suficientemente indicativa
das circunstâncias que lhe hajam servido de motivo, a título de síntese do
discernimento realizado (Ratio Fundamentalis, L’ossevartore Romano,
2016, n.197, p.83)

13.4. Os seminaristas provenientes de outros seminários ou


institutos de formação
Em geral, será necessário que, depois de uma demissão ou aban-
dono quem pede para ser admitido num outro Seminário ou casa de
formação, apresente o pedido por escrito ao Bispo, expondo o próprio
percurso pessoal e as motivações que, precedentemente, levaram à
demissão ou ao abandono de um anterior instituto de formação. De
acordo com as disposições da Conferência Episcopal, o Reitor do Se-
minário ao qual a pessoa deseja ser admitida, não pode eximir-se de
obter a documentação, inclusive aquela de caráter psicológico, relativa
ao tempo por ela passado junto de outro instituto de formação; em
geral trata-se de situações muito delicadas, que exige dos formadores
um discernimento atento suplementar e a máxima prudência, antes de
proceder a um eventual acolhimento (Ratio Fundamentalis, L’ossevar-
tore Romano, 2016, n.198, p. 83).
Na Diocese de Almenara, uma vez o candidato sendo provado pela
equipe de formação e o Conselho Presbiteral, juntamente com o Bispo,
fará uma experiência de um a dois anos na Diocese, nas paróquias e

34
no propedêutico, com o intuito de uma adaptação à realidade, antes de
ingressar no Seminário Maior.

14. Considerações finais


Senhor Jesus Cristo, que dissestes “a messe é grande,
mas os operários são poucos”, nós vos pedimos: enviai muitas
e santas vocações para o serviço missionário do povo santo de
Deus. Ao ver a multidão cansada e abatida, como ovelha sem
pastor, vos compadecestes dela (Mt 9,36). Vinde em auxílio da
vossa Igreja! Ela precisa de presbíteros santos que, na carida-
de pastoral, alimentem o vosso povo com o Pão da Palavra e
da Eucaristia. Que vosso Espírito Santo faça com que nossos
presbíteros e seminaristas sejam mansos e humildes de coração,
simples nas atitudes, fortes na unidade, firmes na fé, repletos de
esperança e solícitos na caridade. Que a Virgem Maria, Senhora
Aparecida, vossa mãe amorosa e bondosa, se una a esta nossa
prece pela perseverança e pela santidade de nossos presbíteros e
seminaristas, a fim de que façam sempre a vossa misericordiosa
vontade. Amém! (Doc. 110, CNBB, 2018, n.395, p.194)

Esse é o desejo da Diocese de Almenara, Seminário São João Ba-


tista, estar em comunhão com a Igreja de Jesus Cristo, na formação dos
seus futuros presbíteros, para a construção de um Reino de justiça, de
paz e de amor. Que a exemplo da espiritualidade do Santo Cura D’Ars,
São João Maria Vianey e da Virgem Maria, Mãe Santíssima, o Senhor
Jesus conceda a cada sacerdote e seminarista da Diocese de Almenara a
abertura para acolher e viver com amor a sua vocação.

35
15. Referência
Bibliográfica
CIPOLLINI, Pedro. Permanecei no meu amor. EDIÇÃO. EDITO-
RA: cidade da editora, ANO, p.26. In:D.Apda. Título da obra. Edição.
Cidade da editora: Editora, ANO. p. 191.
Documento Conciliar Presbyterorum Ordinis, Concílio Vaticano II:
Paulus, 1962 - 1965.
CNBB. Carta aos presbíteros - Documento 75. 1ª Edição, Paulus, 2004, p.75.
CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Diretrizes para
a formação dos presbíteros da Igreja no Brasil - Documento – 110. 1ª
Edição. Aparecida - SP: CNBB, 2019.
Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis. Cidade do Vaticano: L’Os-
servatore Romano, 2016. 92 páginas.
JOÃO PAULO II. Pastore Davo Vobis – Exortação Apostólica, Pós-
-Sinodal, Roma, 1992.
RAHNER, Karl. Novo Sacerdócio. EDIÇÃO. Cidade da editora: EDI-
TORA, ANO, p. 37).
Bíblia de Jerusalém, Paulus, 2002, São Paulo - SP.

36
Diocese de

PROJETO
Almenara
MINAS GERAIS

FORMATIVO
SEMINÁRIO
SÃO JOÃO BATISTA

Diocese de
Almenara
MINAS GERAIS

Você também pode gostar