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explicações

de utilização

A nossa apostila é marcada pelos dias em que


estaremos fazendo aquele tema. Tenha atenção
para não acumular e, assim, não perder a força da
experiência de cada dia. A sua disciplina é muito
importante!

Escolha um local apropriado e recolhido para


que você faça o seu momento de oração;

Tenha com você a sua Cruz de mão. Monte o seu


local de oração e utilize vela benta, água benta e
outros sacramentais que desejar. Os sacramen-
tais, utilizados com fé, são grandes e poderosas
armas espirituais.
1º DIA
O sentido da Quarta-feira
de cinzas e da Quaresma

Vitorioso e Vitoriosa, sejam muito bem-vindos à Qua-


resma 2024, um tempo de graça, um tempo de bên-
ção e tempo da salvação. Nosso Pai está com muita
saudade de nós. Ele sente falta de Seus filhos ama-
dos, assim como todo pai e toda mãe anseiam pela
volta dos filhos que estavam distantes. Ouçamos o
convite que o próprio Deus nos faz, através do profe-
ta Joel: “Voltai para mim com todo o vosso coração”
(Joel 2, 12).

A volta é uma ocasião de alegria, de júbilo e de festa.


Mas o profeta acrescenta que devemos voltar a Deus
com jejuns, lágrimas e gemidos. Por quê? Ora, porque
estamos distantes dEle pelo nosso pecado, pela mal-
dade que cometemos, pelo nosso mundo de erros e
de iniquidades. Praticamos o mal, cometemos tantas
injustiças, ofendemos a Ele e aos irmãos e irmãs que
nos rodeiam. Nossa volta é o abandono sincero e pe-
nitente do desamor ao nosso Pai Celeste, fonte de
todo amor e bondade. É a reconciliação para a qual
somos chamados, a fim de reatar o pacto de amor
e fidelidade com Aquele que nos fez por amor, e de
quem nos afastamos pela ímpia desobediência. “Ele
é benigno e compassivo. É paciente e cheio de mise-
ricórdia. É generoso no perdão e na bondade, apesar
de nossa indignidade”, diz o profeta. Com certeza se-
remos bem recebidos, com aquele abraço amoroso e
paterno, como nos anunciou Seu próprio Filho Jesus,
na monumental parábola do Pai Misericordioso e do
Filho Pródigo de Lucas 15. Nosso jejum, nossas lágri-
mas e gemidos são aquela dor, aquele arrependimen-
to e a humildade do filho que voltou e, como esse
filho, vamos ao Pai com o coração totalmente des-
pojado das glórias e conquistas deste mundo. Com
a cabeça inclinada, diremos a Ele que não somos dig-
nos de sermos Seus filhos e merecemos realmente a
condição de empregados.

(Texto retirado e adpatado do site https://www.vaticannews.va/


pt/igreja/news/2018-02/quarta-feira-de-cinzas-reflexao.html )

Tirando suas dúvidas...


1) O que é a Quarta-feira de Cinzas?
A Quarta-feira de Cinzas foi instituída há muito tem-
po na Igreja como o dia em que marca o início da Qua-
resma, tempo de penitência e de oração mais inten-
sa. Para os antigos judeus, sentar-se sobre as cinzas já
significava arrependimento dos pecados e volta para
Deus. As cinzas bentas colocadas sobre a nossa cabe-
ça nos fazem lembrar de que vamos morrer, de que
somos pó e ao pó da terra voltaremos (cf. Gn 3, 19),
para que nosso corpo seja refeito por Deus de manei-
ra gloriosa e, assim, não mais perecer. A intenção des-
te sacramental é de nos levar a um profundo exame
de consciência, ao arrependimento dos pecados e à
abertura do nosso interior a um tempo de conversão
e transformação.

2) O que é a Quaresma e qual a sua importância?

A Quaresma é um tempo litúrgico especial, no qual


a Igreja se prepara para celebrar o mistério mais im-
portante da fé cristã: o mistério pascal. Inicia-se na
Quarta-feira de Cinzas e finaliza no Domingo de
Ramos. Porém, inicia a semana mais importante
do ano: a semana Santa. Por isso, nos indica a
continuação de nossas penitências até o Sábado
Santo após a missa da Vigília pascal, onde cantamos
o aleluia!

O nome deste tempo litúrgico indica a sua duração:


quarenta dias, que faz referência aos quarenta dias
que Jesus passou no deserto antes de iniciar a Sua
missão pública (cf. Mt 4,1-11).

A Quaresma é marcada pelo convite ao arrependi-


mento e conversão. É com esta intenção que, na
inauguração do tempo quaresmal, durante o rito da
imposição das cinzas, é proferida a fórmula: “Conver-
tei-vos e crede no Evangelho!”.
3) O que é a penitência?

A Quaresma é um tempo propício para fazermos pe-


nitência. Certamente, o sentido da penitência não é
para nos punir física ou espiritualmente! A mortifica-
ção não é um fim, mas sim um meio de se chegar à
santidade.

A penitência é definida pelo Catecismo como uma re-


orientação radical da vida por inteiro, um regresso,
uma conversão a Deus de todo o coração, que com-
porta uma ruptura com o pecado, uma aversão ao
mal, com repugnância pelas más ações cometidas e
que implica, simultaneamente, o desejo e o propósi-
to de mudar de vida, com a esperança da misericór-
dia divina e a confiança na ajuda da sua graça (cf. CIC
1431).

4) Como fazer penitência?


Assim como Jesus jejuou e orou quarenta dias no
deserto para poder vencer, humanamente, as tenta-
ções do inimigo, nós também precisamos disso. De
modo especial, a Igreja recomenda o jejum, a esmola
e a oração como “remédios contra o pecado” e para
fortalecer o nosso espírito no combate espiritual. Je-
sus nos alertou: “Se não fizerdes penitência, todos
perecereis” (Lc 13,3).

O primeiro remédio contra os nossos males deve ser


a oração. Sem a oração perseverante, não temos for-
ça para vencer o pecado, pois Jesus disse: “Sem Mim
nada podeis fazer” (Jo 15,5). Santo Afonso de Ligó-
rio, doutor da Igreja, dizia: “Quem reza se salva, quem
não reza se condena”. Sem a oração, a meditação da
Palavra de Deus e a vida sacramental (confissão e Eu-
caristia), não vencemos o pecado.

5) Qual a penitência e mortificação eu preciso


fazer?

Aquela que me ajuda a vencer os meus pecados!

Se eu sou soberbo, então, minha penitência deve ser


o exercício de humildade. Fugir do orgulho, da vaida-
de, do desejo de aparecer, de me exibir, de procurar
aplausos, de querer fazer valer a minha vontade, de
querer falar em primeiro lugar; deixar de ser arrogan-
te, prepotente, auto suficiente e dado à presunção.
Devo cultivar o silêncio, a obediência e o último lugar.

Se o meu pecado é o apego aos bens materiais e ao


dinheiro, então, eu preciso exercitar, e muito, a boa
esmola e o desprendimento do mundo. São Pedro diz
que “a caridade encobre uma multidão de pecados”
(1 Pe 4,8). “Tenhamos caridade e humildade e faça-
mos esmolas, já que essas lavam as almas das nódoas
dos pecados”, dizia São Francisco.

Se o meu mal é a luxúria e a impureza, então, vou exer-


citar a castidade: nos olhos, nos ouvidos, nas leituras,
nos pensamentos, nos atos; vou fugir de tudo que
possa excitar-me. Jesus mandou vigiar e orar, porque
o espírito é forte, mas a carne é fraca. Se sou irado e
raivoso, vou exercitar a mansidão; não vou dizer pala-
vras pesadas ou ofensivas aos outros; serei tolerante
com quem erra e terei complacência com quem me
ofende. Há muitas formas de penitência e cada um
deve se exercitar naquela que mais precisa…

6) Como fazer o jejum e a abstinência?


Jejuar significa abster-se de algo. O jejum e a abs-
tinência são práticas muito comuns no período da
Quaresma. A Igreja recomenda que os fiéis as façam
especialmente durante este tempo litúrgico, mas
também no decorrer do ano.

De acordo com o Código de Direito Canônico – livro


das leis que orienta a Igreja Católica – o jejum é a “for-
ma de penitência que consiste na privação de alimen-
tos”. Para tal prática, a orientação tradicional é que
se faça apenas uma refeição completa durante o dia
e, caso haja necessidade, pode-se tomar duas outras
pequenas refeições, que não sejam iguais em quan-
tidade à habitual. Pelas orientações da Igreja, estão
obrigados ao jejum os que tiverem completado 18
anos até os 59 completos. Os outros podem fazer,
mas sem obrigação. Grávidas e doentes estão dispen-
sados do jejum, bem como aqueles que desenvolvem
árduo trabalho braçal ou intelectual no dia do jejum.

Sobre a abstinência, o Direito Canônico diz que “con-


siste na escolha de uma alimentação simples e pobre”.
Segundo o documento, a tradição da Igreja indica a
abstenção de carne, pelo menos nas sextas-feiras da
Quaresma. “Mas poderá ser substituída pela privação
de outros alimentos e bebidas, sobretudo os mais re-
quintados e dispendiosos [caros] ou da especial pre-
ferência de cada um”, orienta o documento. A obriga-
ção da abstinência começa aos 14 anos e se prolonga
por toda a vida. Grávidas que necessitem de maior
nutrição e doentes que, por conselho médico, preci-
sam comer carne, estão dispensados da abstinência,
bem como os pobres que recebem carne por esmola.

7) Qual a diferença entre penitência


e abstinência?

Nenhuma! A abstinência é uma forma de penitência.


Ou seja: jejum + abstinência = penitência.

Portanto,

Escolha qual será a sua abstinência;


Faremos jejum e abstinência de carne na Quarta-
-feira de Cinzas e na sexta-feira Santa e todas as
sextas feiras da quaresma; Mas esteja livre caso
deseje fazer abstinência de carne em outros
dias.
Todas as sextas-feiras da Quaresma, além da
abstinência de carne, fazemos um jejum (cada
um deve escolher o jejum mais adequado à sua
realidade - Jejum da Igreja, líquido ou pão e água,
conforme direcionamentos da Igreja - No canal do
Youtube da Comunidade com o título: “Orientações
práticas sobre Jejum”).
ESCREVA:
1. Qual é o seu objetivo para esta Quaresma? Aonde
você quer chegar?

2.Você está disposto(a) e desejoso(a)?

3.Qual será a sua abstinência?

ORAÇÃO:
Faça uma oração abrindo o teu coração e en-
tregando ao Espírito Santo a tua vivência desta
Quaresma, para que seja de profunda purifica-
ção, conversão e muita transformação em sua
vida.
Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.
Não perca! Rezar a Live à noite é um aprofunda-
mento, o Senhor dará continuidade conosco. Se
abra a essa experiência quaresmal. Fique firme
em seus propósitos! É um tempo forte de ora-
ção e de vitória.

No nosso Canal do Youtube (www.youtube.


com/comaguaviva) ou Facebook (/comaguavi-
va) ou ainda pelo Instagram @raquelaguaviva.
2º DIA
Desejamos iniciar esta apostila de Quaresma com pe-
quenos trechos da Extraordinária Exortação Apostó-
lica Pós-sinodal - RECONCILIATIO ET PAENITENTIA -
de Sua santidade JOÃO PAULO II, escrita em 1984 e
tão atual para a Igreja ainda hoje.

Uma parábola da
reconciliação
5. Ao iniciar esta Exortação Apostólica, vem-me à
mente aquela página extraordinária de São Lucas,
que já procurei ilustrar num Documento precedente.
Refiro-me à parábola do filho pródigo.

Do irmão que se tinha perdido...

«Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao


Pai: “Pai, dá-me a parte da herança que me compete”,
conta Jesus ao apresentar as dramáticas vicissitudes
daquele jovem: a aventurosa partida da casa paterna,
a dissipação de todos os seus bens numa vida dissolu-
ta e vazia, os dias tenebrosos da distância e da fome
e, pior ainda, da dignidade perdida, da humilhação e
da vergonha; e, por fim, a nostalgia da própria casa,
a coragem de regressar e o acolhimento do pai. Este,
certamente, não tinha esquecido o filho; ao contrá-
rio, conservara intactos o afeto e a estima para com
ele. E assim, esperava-o sempre; e agora abraça-o,
enquanto inicia a grande festa do regresso «daquele
que estava morto e voltou à vida, se tinha perdido e
foi encontrado».

O homem, — cada um dos homens — é este filho


pródigo: fascinado pela tentação de se separar do Pai
para viver de modo independente a própria existên-
cia; caído na tentação; desiludido do nada que, como
miragem, o tinha deslumbrado; sozinho, desonrado
e explorado no momento em que tenta construir um
mundo só para si; atormentado, mesmo no mais pro-
fundo da própria miséria, pelo desejo de voltar à co-
munhão com o Pai. Como o pai da parábola, Deus fica
à espreita do regresso do filho, abraça-o à sua chega-
da e põe a mesa para o banquete do novo encontro,
com que se festeja a reconciliação.

O que nesta parábola sobressai mais é o acolhimento


festivo e amoroso do pai ao filho que regressa: ima-
gem da misericórdia de Deus sempre pronto a perdo-
ar. Assentemos desde já nisto: a reconciliação é prin-
cipalmente um dom do Pai Celeste.

…ao irmão que ficara em casa

6. Mas a parábola faz entrar em cena também o irmão


mais velho, que recusa ocupar o seu lugar no banque-
te. Censura o irmão mais novo os seus extravios e ao
pai o acolhimento que lhe dispensou, enquanto a ele,
morigerado (irrepreensível) e trabalhador, fiel ao pai
e à casa, nunca foi permitido — diz ele — fazer uma
festa com os amigos. Sinal de que não compreende a
bondade do pai. Enquanto este irmão, demasiado se-
guro de si mesmo e dos próprios méritos, ciumento
e desdenhoso, cheio de azedume e de raiva, não se
converteu e se reconciliou com o pai e com o irmão, o
banquete ainda não era, no sentido pleno, a festa do
encontro e do convívio recuperado.

O homem — cada um dos homens — é também este


irmão mais velho. O egoísmo torna-o ciumento, en-
durece-lhe o coração, cega-o e leva-o a fechar-se aos
outros e a Deus. A benignidade e a misericórdia do pai
irritam-no e incomodam-no; a felicidade do irmão re-
encontrado tem um sabor amargo para ele. Também
sob este aspecto ele precisa de se converter para se
reconciliar.

A parábola do filho pródigo é, antes de mais nada, a


história inefável do grande amor de um Pai — Deus
— que oferece ao filho, que a Ele retorna, o dom da
reconciliação plena. E ao evocar, na figura do irmão
mais velho, o egoísmo que divide os irmãos entre si,
ela torna-se também a história da família humana:
mostra a nossa situação e indica o caminho a percor-
rer. O filho pródigo, com a sua ânsia de conversão,
de regresso aos braços do pai e de perdão, repre-
senta aqueles que pressentem no fundo da própria
consciência a nostalgia de uma reconciliação a todos
os níveis e sem reserva, e têm a intuição, com ínti-
ma certeza, de que ela só será possível, se derivar de
uma primeira e fundamental reconciliação: aquela re-
conciliação que leva o homem da distância à amiza-
de filial com Deus, do qual reconhece a misericórdia
infinita. Lida, porém, na perspectiva do outro filho,
a parábola retrata a situação da família humana divi-
dida pelos egoísmos, põe em evidência a dificuldade
em secundar o desejo e a nostalgia de uma só família
reconciliada e unida; e, por conseguinte, apela para
a necessidade de uma profunda transformação dos
corações, pela redescoberta da misericórdia do Pai
e pela vitória sobre a incompreensão e a hostilidade
entre irmãos.

À luz desta inesgotável parábola da misericórdia que


apaga o pecado, a Igreja, acolhendo o apelo que nela
está contido, compreende a sua missão de empenhar-
-se, seguindo as pegadas do Senhor, pela conversão
dos corações e pela reconciliação dos homens com
Deus e entre si, duas realidades que estão intima-
mente conexas.

PERGUNTAS:
O Papa João Paulo II afirma no texto do Docu-
mento citado acima:
“O homem, — cada um dos homens — é este
filho pródigo.”

“O homem — cada um dos homens — é tam-


bém este irmão mais velho.”
1) Avalie e escreva: Quando, ou em que situações da
sua vida, você se identifica como filho pródigo?

2) Quando, ou em que situações da sua vida, você se


identifica como o irmão mais velho?

Apresente ao Senhor tudo o que você foi identifi-


cando e peça a graça sobre tudo aquilo que necessi-
ta de uma mudança na sua vida. Faça a experiência
do abraço do Pai que te acolhe, que te perdoa, que
te purifica e te transforma.
SUGESTÃO DE MÚSICA: “Abraço de Pai” - Walmir
Alencar
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3º DIA
O AMOR MAIOR DO QUE O PECADO
(ENCÍCLICA - RECONCILIATIO ET PAENITENTIA)

O DRAMA DO HOMEM
13. Como escreve o Apóstolo São João «se dissermos
que não temos pecado, enganamo-nos a nós próprios
e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nos-
sos pecados, Ele que é fiel e justo, perdoar-nos-á os
pecados». Estas palavras inspiradas, escritas nos al-
vores da Igreja, introduzem melhor do que qualquer
outra expressão humana a reflexão sobre o pecado,
que está intimamente relacionada com o discurso so-
bre a reconciliação. Elas apreendem o problema do
pecado no seu horizonte antropológico, enquanto
parte integrante da verdade acerca do homem, mas
inserem-no imediatamente no horizonte divino, no
qual o pecado é confrontado com a verdade do amor
de Deus, justo, generoso e fiel, que se manifesta so-
bretudo pelo perdão e pela redenção. Por isso, o pró-
prio São João escreve pouco depois que «se (o nosso
coração) de alguma coisa nos acusa, Deus é maior do
que o nosso coração».

Reconhecer o próprio pecado, ou melhor — indo


mais ao fundo na consideração da própria personali-
dade — reconhecer-se pecador, capaz de pecar e de
ser induzido ao pecado, é o princípio indispensável
do retorno a Deus. É a experiência exemplar de Davi,
que depois de «ter feito o mal aos olhos do Senhor»,
repreendido pelo profeta Natan, exclama: «Reconhe-
ço a minha culpa, o meu pecado está sempre diante
de mim. Pequei contra Vós, só contra Vós; pratiquei
aquilo que é mau aos vossos olhos». De resto, Jesus
põe na boca e no coração do filho pródigo aquelas
palavras significativas: «Pai, pequei contra o Céu e
contra ti».

Na realidade, reconciliar-se com Deus supõe e inclui


o apartar-se com lucidez e determinação do pecado,
no qual se caiu. Supõe e inclui, portanto, o fazer peni-
tência no sentido mais pleno do termo: arrepender-
-se, manifestar o arrependimento, assumir a atitude
concreta do arrependido, que é a de quem se coloca
no caminho do regresso ao Pai. Isto é uma lei geral,
que cada um deve seguir na situação particular em
que se encontra. A exposição sobre o pecado e a con-
versão, de facto, não pode ser desenvolvida somente
em termos abstratos.

Na condição concreta do homem pecador, em que


não pode haver conversão sem reconhecimento do
próprio pecado, o ministério de reconciliação da Igre-
ja intervém, em qualquer hipótese, com uma finali-
dade claramente penitencial, isto é, para levar o ho-
mem ao «conhecimento de si», segundo a expressão
de Santa Catarina de Sena, ao desapego do mal, ao
restabelecimento da amizade com Deus, à reordena-
ção interior e à nova conversão eclesial. Acrescente-
-se que, para além do âmbito da Igreja e dos fiéis, a
mensagem e o ministério da penitência são dirigidos
a todos os homens, uma vez que todos têm necessi-
dade de conversão e de reconciliação.

Para exercitar adequadamente tal ministério peniten-


cial, será também necessário avaliar, com os «olhos
iluminados» pela fé, as consequências do pecado, que
são motivo de divisão e de ruptura, não só no inte-
rior de cada homem, mas também nos vários círculos
em que ele vive: familiar, ambiencial, profissional e
social, como tantas vezes se pode verificar pela expe-
riência, em confirmação da página bíblica referente
à cidade de Babel e à sua torre. Tendo a intenção de
construir aquilo que devia ser, a um tempo, símbolo
e foco de unidade, aqueles homens encontraram-se
mais dispersos do que antes, confundidos na lingua-
gem, divididos entre si e incapazes de consenso e de
convergência.

Porque falhou o ambicioso projeto? Porque «se afa-


digaram em vão os construtores»? Porque os homens
tinham colocado como sinal e garantia da desejada
unidade unicamente uma obra das suas mãos, esque-
cidos da ação do Senhor. Calcularam apenas com a
dimensão horizontal do trabalho e da vida social, des-
curando a dimensão vertical, pela qual se teriam en-
contrado radicados em Deus, seu Criador e Senhor,
e voltados na direção dele como fim último do seu
caminho.
Ora, pode dizer-se que o drama do homem de hoje,
como o do homem de todos os tempos, consiste pre-
cisamente no seu caráter babélico.

PERGUNTAS:
Analise seu coração: qual é o tamanho da força
que há dentro de você?
Existe dentro de você a força do amor, que é muito
maior do que a força do pecado. Hoje, clame ao Es-
pírito Santo que venha inflamar seu coração. Tenha
coragem para entrar em seu interior, encontrar os
pecados que te deformam, arrancá-los e voltar para
o Pai que te espera com saudade.

SUGESTÃO DE MÚSICA: “Fogo abrasador” - Comu-


nidade Shalom
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4º DIA
PERDA DO SENTIDO DO PECADO
(ENCÍCLICA - RECONCILIATIO ET PAENITENTIA)

18. A consciência cristã adquiriu, no decurso das ge-


rações, uma fina sensibilidade e uma perspicaz per-
cepção dos fermentos de morte que estão contidos
no pecado. É a isto que se costuma chamar o sentido
do pecado.

Este sentido tem a sua raiz na consciência moral do


homem e é como que o seu termômetro. Anda liga-
do ao sentido de Deus, uma vez que deriva da cons-
ciência da relação que o homem tem com o mesmo
Deus, como seu Criador, Senhor e Pai. E assim como
não se pode apagar completamente o sentido de
Deus nem extinguir a consciência, também não se
dissipa nunca inteiramente o sentido do pecado.

Entretanto, não raro no decurso da história, por perí-


odos mais ou menos longos e sob o influxo de múlti-
plos fatores, acontece ficar gravemente obscurecida
a consciência moral em muitos homens.

“Temos nós uma idéia justa da consciência?” - per-


guntava eu há dois anos num colóquio com os fiéis
- «Não vive o homem contemporâneo sob a ameaça
de um eclipse da consciência, de uma deformação
da consciência e de um entorpecimento ou de uma
“anestesia” das consciências?».

Demasiados sinais indicam que no nosso tempo exis-


te tal eclipse, tanto mais inquietante quanto esta
consciência, definida pelo Concílio como «o núcleo
mais secreto e o sacrário do homem», anda «estrei-
tamente ligada à liberdade do homem (...). Por isso,
a consciência, com relevância principal, está na base
da dignidade interior do homem e ao mesmo tem-
po, da sua relação com Deus». É inevitável, portanto,
que nesta situação fique atordoado, cedo também o
sentido do pecado, o qual está intimamente ligado à
consciência moral, à procura da verdade e à vontade
de fazer um uso responsável da liberdade. Conjunta-
mente com a consciência, fica também obscurecido o
sentido de Deus, e então, perdido este decisivo ponto
de referência interior, desaparece o sentido do peca-
do. Foi este o motivo por que o meu Predecessor Pio
XII, com palavras que se tornaram quase proverbiais,
pôde declarar um dia que «o pecado do século é a
perda do sentido do pecado».

Por quê este fenômeno no nosso tempo? A cultura


contemporânea, o secularismo, mas sobretudo a per-
da do sentido do pecado é uma forma ou um fruto
da negação de Deus: não só da negação ateísta, mas
também da negação secularista.
Se o pecado é a interrupção da relação
filial com Deus para levar a própria exis-
tência fora da obediência a ele devida
então pecar não é só negar Deus; pecar
é também viver como se ele não existisse,
bani-lo do próprio cotidiano.

Um modelo de sociedade mutilado ou desequilibra-


do num ou noutro sentido, como é frequentemente
veiculado pelos meios de comunicação, favorece bas-
tante a progressiva perda do sentido do pecado. Em
tal situação, o ofuscamento ou a debilitação do sen-
tido do pecado resulta: seja da recusa de qualquer
referência ao transcendente, em nome da aspiração
à autonomia pessoal; seja da sujeição a modelos éti-
cos impostos pelo consenso e costume generalizado,
mesmo quando são condenados pela consciência in-
dividual; seja das dramáticas condições sócio-econó-
micas, que oprimem grande parte da humanidade,
causando a tendência para se verem erros e culpas
apenas no âmbito do social; seja, por fim e sobretu-
do, do obscurecimento da ideia da paternidade de
Deus e do seu domínio sobre a vida do homem.

Restabelecer o justo sentido do pecado é a primeira


forma de combater a grave crise espiritual que im-
pende sobre o homem do nosso tempo. Mas o senti-
do do pecado só se restabelecerá com uma chamada
a atenção clara para os inderrogáveis princípios de
razão e de fé, que a doutrina moral da Igreja sempre
sustentou.
É lícito esperar que, sobretudo no mundo cristão
eclesial, reaflore um salutar sentido do pecado. A isso
levarão uma boa catequese, iluminada pela teologia
bíblica da Aliança, a escuta atenta e o acolhimento
confiante do Magistério da Igreja, que não cessa de
proporcionar luz às consciências, e uma prática cada
vez mais cuidada do Sacramento da Penitência.

ORAÇÃO:
Vitorioso(a), este texto de São João Paulo II ilumi-
na a nossa consciência para percebermos em que
contexto estamos inseridos e a extrema atenção ao
nosso caminho de santidade. Enfrentamos um tem-
po onde se nega Deus e onde nada mais é pecado.
Muitos de nós podemos já ter percebido isso, porém
não sabia identificar. O Papa escreveu esta encíclica
em 1984 e vê como ela é atual e ainda mais laten-
te nos dias de hoje. Por isso, quando entramos de
coração em uma Quaresma, precisamos fazer um
esforço grandioso, pois a frieza e os pensamentos
de “nem é tanto assim” são grandes diante de nos-
sos pecados. Cada dia compreendo mais e mais: é o
Sangue de Jesus que nos traz a luz da consciên-
cia, que nos traz o desejo ardente de nos arre-
pendermos de tudo o que nos distancia e, assim,
voltarmos para o Pai. O Sangue de Jesus nos pu-
rifica dos nossos pecados.
Hoje, clame muito ao Sangue de Cristo para purifi-
car a sua consciência, enxergar os teus pecados e dei-
xar crescer em você um coração arrependido. Reze
com o Salmo 50 (51).
A encíclica na íntegra:
https://w w w.vatican.va/content/john-paul-
-ii/pt/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_
exh_02121984_reconciliatio-et-paenitentia.html

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5º DIA
RECAPITULANDO

Hoje é domingo, dia reservado para que você possa


PARAR e REVER algum conteúdo da nossa apostila
que perceba que precisa rezar mais, ler novamente e
aprofundar seu estudo.
Cada dia precisa ser vivido com muito zelo e amor,
pois o Senhor está fazendo em nós uma cirurgia es-
piritual. É um trabalho delicado e forte! Por isso, não
deixe de rezar nenhum dia e contemple esta obra das
mãos de Deus e dos Anjos em você.

DEUS TE ABENÇOE!
6º DIA
PECADO VENIAL

Para nos ajudar neste caminho de consciência do pe-


cado, vamos falar sobre o pecado venial.

O pecado venial tem sua origem etimológica da pala-


vra em latim Venialis, que significa “apto a ser perdo-
ado por uma falha não grave” de Venia, graça, favor.

O Catecismo da Igreja Católica nos ajuda:

Art. 1862 Comete-se um pecado venial quando, em


matéria leve, não se observa a medida prescrita pela
lei moral ou quando, em matéria grave, se desobede-
ce à lei moral, mas sem pleno conhecimento ou sem
total consentimento.

Art. 1871. O pecado é «uma palavra, um ato ou um


desejo contrário à lei eterna» (110). É uma ofensa a
Deus. Levanta-se contra Deus por uma desobediên-
cia contrária à obediência de Cristo.

Art. 1875. O pecado venial constitui uma desordem


moral, reparável pela caridade que deixa subsistir em
nós

Art. 1876. A repetição dos pecados, mesmo veniais,


gera os vícios, entre os quais se distinguem os peca-
dos capitais.

Para clarear um pouco mais:

Matéria grave: Quando ferimos os 10 mandamen-


tos;

Matéria leve: Podemos entender pela lei moral.

Lei Moral: Art. 1950. A lei moral é obra da Sabedoria


divina. Podemos defini-la, em sentido bíblico, como
uma instrução paterna, uma pedagogia de Deus. Ela
prescreve ao homem os caminhos, as regras de pro-
cedimento que o levam à bem-aventurança prometi-
da e lhe proíbe os caminhos do mal, que desviam de
Deus e do seu amor. E, ao mesmo tempo, firme nos
seus preceitos e amável nas suas promessas..

Art. 1951 «Entre todos os seres animados, o homem


é o único que pode gloriar-se de ter recebido de Deus
uma lei: animal dotado de razão, capaz de compreen-
der e de discernir, ele regulará o seu procedimento
dispondo da sua liberdade e da sua razão, na submis-
são Àquele que tudo lhe submeteu» (2).

Deus nos prescreve, ou seja, estabelece aquilo que


nos conduz à felicidade e aquilo que não nos conduz
à felicidade. Existe um caminho e existem regras:
este caminho está estabelecido em nosso dia a dia. É
necessária uma observação e escuta atenta da nossa
consciência, que sempre nos acusa ao que é certo e
ao que é errado.

A lei é uma instrução para seu bem em vista do seu


fim; é uma regra de comportamento que regula nos-
sa conduta dispondo de liberdade e de razão, na sub-
missão àquele que tudo lhe confiou. Por sermos ho-
mens e mulheres dotados de liberdade e razão, como
vimos no artigo 1951 citado acima, temos o dever de
exercê-las. Qual é esta liberdade? A liberdade de es-
colher, ou não, esse caminho prescrito pelo pai. Por
exemplo: O pai diz ao filho que está na hora dele ir
tomar banho. O filho pode ou não fazer o que o pai
está mandando. Neste caso, o fato de o filho não
obedecer ao pai, não confere pecado mortal, ele não
está ferindo o pai, não está ofendendo, porém está
indo na direção contrário ao pai entende que é o ca-
minho mais curto para chegar à felicidade, porque o
ele está atento a cada detalhe que vai fazer o filho
chegar na sua plena realização. Tomar banho naque-
le exato momento seria um caminho de abandono na
providência e na confiança de que o pai está olhando
para os detalhes da vida dele e que ele é incapaz de
perceber. Cabe ao filho obedecer àquele comando
ou não.

A lei moral é um aspecto muito importante para en-


tendermos sobre o pecado venial. Por isso, prossiga-
mos neste raciocínio.
Divisão da lei moral:

Lei natural Art. 1954. O homem participa na sabedo-


ria e na bondade do Criador, que lhe confere o domí-
nio dos seus atos e a capacidade de se governar em
ordem à verdade e ao bem. A lei natural exprime o
sentido moral original que permite ao homem discer-
nir, pela razão, o bem e o mal, a verdade e a mentira:

«A lei natural [...] está escrita e gravada na alma de


todos e de cada um dos homens, porque não é se-
não a razão humana ordenando fazer o bem e proi-
bindo pecar... Mas este ditame da razão humana não
poderia ter força de lei, se não fosse a voz e a intér-
prete de uma razão superior, à qual o nosso espírito
e a nossa liberdade devem estar sujeitos»

A razão nos ínsita o que é certo e o que é errado,


vem conosco de maneira inata, contudo ela pode se
enfraquecer, na medida que eu abafo a sua voz, quan-
do eu não dou atenção dia após dia, também pode
ser chamado de consciência. Quanto mais essa voz
é deixada de lado por mim, mais eu não tenho consci-
ência dos meus pecados veniais, e vou tendo dificul-
dades de me confessar.

Lei antiga Art. 1962 A Lei antiga é o primeiro está-


dio da lei revelada. As suas prescrições morais estão
compendiadas nos Dez Mandamentos. Os preceitos
do Decálogo assentam nos alicerces da vocação do
homem, feito à imagem de Deus: proíbem o que é
contrário ao amor de Deus e do próximo e prescre-
vem o que lhe é essencial. O Decálogo é uma luz ofe-
recida à consciência de todo o homem, para lhe ma-
nifestar o apelo e os caminhos de Deus e o proteger
contra o mal:

Deus «escreveu nas tábuas da Lei o que os homens


não fiam nos seus corações» (11)

Ou seja, é a ordem que está externa a mim, (dife-


rente da lei natural que está interno em mim), para
prescrever aquilo que é bom, não é bom, é lícito e
não é lícito. Ele pode ser dita, subentendido pela per-
cepção.

Lei nova Art. 1965. A Lei nova ou Lei evangélica é a


perfeição, na terra, da Lei divina, natural e revelada.
É obra de Cristo e tem a sua expressão, de modo par-
ticular, no sermão da montanha. É também obra do
Espírito Santo e, por Ele, torna-se a lei interior da cari-
dade: «Estabelecerei com a casa de Israel uma aliança
nova [...] Hei-de imprimir as minhas leis no seu espíri-
to e gravá-las-ei no seu coração. Eu serei o seu Deus e
eles serão o meu povo» (Heb 8, 8-10) (19).

Art. 1966. A Lei nova é a graça do Espírito Santo,


dada aos fiéis pela fé em Cristo. Opera pela carida-
de e serve-se do sermão do Senhor para nos ensinar
o que se deve fazer, e dos sacramentos para nos
comunicar a graça de o fazer:
Aquele que quiser meditar com piedade e perspicá-
cia o sermão que nosso Senhor pronunciou na mon-
tanha, tal como o lemos no Evangelho de São Mateus,
nele encontrará, sem dúvida alguma, a carta perfeita
da vida cristã [...]. Esse sermão encerra todos os pre-
ceitos próprios para guiar a vida cristã» (20).

Ou seja, é a graça do Espírito Santo em nós, é o Es-


pírito que clama em nós pela santidade, pelas coisas
do céu, que nos chama a nos redimir e a voltar para a
casa do Pai todas as vezes que pecamos.

PERGUNTAS:
1) À luz do Catecismo, escreva com suas palavras o
que você compreendeu sobre o pecado venial?

2) O que é a lei moral?


3) Qual é a divisão da lei moral? Escreva brevemen-
te sobre o modo como ela pode te ajudar na sua
vivência de radicalidade evangélica.

Nesta hora, clame a luz do Espírito que venha sobre


você, abrindo teus olhos para enxergar os pecados
veniais que ainda te amarram. Peça a graça de um co-
ração contrito e arrependido, disposto a tomar novas
atitudes de santidade.

Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.


Não perca! Rezar a Live à noite é um aprofunda-
mento, o Senhor dará continuidade conosco. Se
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7º DIA
CONSEQUÊNCIAS DO PECADO VENIAL
PE. REGINALD GARRIGOU-LAGRANGE

Para compreender mais plenamente a seriedade


do pecado venial, especialmente se for deliberado,
devemos considerar suas consequências, isto é, ver
todo o mal que ele produz em nossas almas no tem-
po presente e o que ele prepara para o futuro, suas
consequências aqui embaixo e depois da morte.

No presente, no momento exato em que é cometi-


do, o pecado venial priva a alma de uma graça pre-
ciosa. Naquele instante, uma graça nos foi oferecida
para progredirmos na perfeição, para sermos carido-
sos, fervorosos e diligentes. Se tivéssemos corres-
pondido, nosso mérito teria aumentado e, por toda
a eternidade, poderíamos contemplar Deus face a
face com maior intensidade. Nós teríamos a capaci-
dade de amá-lo mais. Agora, no entanto, esta graça
foi perdida por causa de nossa negligência, de nossa
preguiça e de nossa caridade limitada.

Você poderá dizer: “Mas eu posso encontrar o mo-


mento, a ocasião para recuperar o bem que perdi”.
Pelo contrário, a resposta é “não”. Você não poderá
recuperar o quarto de hora desperdiçado. Nem mes-
mo Deus, com todo o Seu poder, seria capaz de res-
taurá-lo. Esta graça, mil vezes mais preciosa do que
o universo, foi perdida para sempre. É verdade que a
graça santificante em você não foi diminuída, que ela
permanece no mesmo grau. O pecado venial, no en-
tanto, limita sua liberdade de ação e pode preparar
sua ruína

O pecado venial não destrói a caridade, mas paralisa


sua atividade e seu crescimento, torna-a fria e dificul-
ta sua manifestação. Não mata a alma, mas a deixa
sem força e sem energia para o bem. Diminui o fervor
do amor divino, escurece os olhos da alma e obscure-
ce a visão de Deus, assim como uma paralisia parcial,
sem tirar a vida, algumas vezes pode dificultar consi-
deravelmente a liberdade de movimento do corpo.

O pecado venial geralmente nos priva de graças pre-


ciosas no futuro. Será que a partir de então Deus será
menos bondoso e menos generoso? Não, fomos nós
quem mudamos. As graças que nós recusamos atra-
vés de nossa falha retornam ao seio de Deus ou, para
ser mais exato, elas são derramadas de novo sobre
outras almas. Nosso talento será dado a outras pes-
soas que saibam dar frutos. As luzes divinas, portan-
to, tornam-se menos vivas para nós, os convites da
graça menos frequentes, menos intensos e menos
vitoriosos.

Se hoje, por exemplo, nós perdermos tempo em con-


versas vãs e nos deixarmos tomar pela ira sem moti-
vo algum, amanhã Deus nos privará de Sua luz no mo-
mento da oração. As luzes e a energia que nos teriam
santificado serão tiradas por causa de nossas faltas
veniais deliberadas e repetidas.

Por exemplo, se deliberada e repetidamente aderir-


mos ao julgamento precipitado, nossa caridade perde
lentamente sua vitalidade. As vezes repetidos peca-
dos veniais nos arrastam indiretamente para o peca-
do mortal. Ao mesmo tempo que as graças se tornam
mais raras, as más inclinações tomam a dianteira e a
graça santificante que mora na alma perde lentamen-
te sua liberdade, A inteligência é oprimida pela escu-
ridão, a vontade é debilitada, o coração é endurecido
e nós ficamos cada vez mais afundados na tibieza. As
tentações do inimigo tornam-se cada vez mais sérias
e frequentes. Nós vamos nos afastando de uma pes-
soa por causa de repetidos juízos temerários. Um dia
ou outro, a inveja e os ciúmes assumiram tais propor-
ções que a caridade será gravemente ferida.

“Nós encontramos nestas moradas’, diz Santa Tere-


sa de Ávila, “algumas cobras venenosas que podem
causar a morte. Nestes pântanos há febres que en-
fraquecem incrivelmente a alma e são capazes de
causar sua morte. De fato, nós caímos na perigosa
letargia da tibieza e, em tal estado, o pecado mortal
pode nos surpreender. Nós podemos cometê-lo qua-
se sem perceber. Do morno está escrito: “Conheço
as tuas obras. Não és frio, nem quente. Oxalá fosses
frio ou quente! Mas porque és morno, nem frio nem
quente, estou para vomitar-te de minha boca”
(Ap 3, 15-16). (Sobre a tibieza dos religiosos, cf. Santa
Catarina de Sena em Diálogo, “Trato sobre a Obedi-
ência”, cap. 162, de 1a 5.)

Embora compreendamos que a misericórdia divina


pode nos deter na descida mais ou menos consciente
que leva ao pecado mortal, ainda assim, pecado ve-
nial, não expiado aqui embaixo, tem algumas conse-
quências após morte que são tão temerosas quanto
inevitáveis, isto é, um purgatório possivelmente mui-
to longo e terrível.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

1458. Sem ser estritamente necessária, a confissão


das faltas cotidianas (pecados veniais) é, contudo, vi-
vamente recomendada pela Igreja. (54) Com efeito,
a confissão regular dos nossos pecados veniais aju-
da-nos a formar a nossa consciência, a lutar contra
as más inclinações, a deixarmo-nos curar por Cristo, a
progredir na vida do Espírito. Recebendo com maior
frequência, neste sacramento, o dom da misericórdia
do Pai, somos levados a ser misericordiosos como Ele
(55):

«Aquele que confessa os seus pecados e os acusa,


já está de acordo com Deus. Deus acusa os teus pe-
cados; se tu também os acusas, juntas-te a Deus. O
homem e o pecador são, por assim dizer, duas reali-
dades distintas. Quando ouves falar do homem, foi
Deus que o criou: quando ouves falar do pecador, foi
o próprio homem quem o fez. Destrói o que fizeste,
para que Deus salve o que fez. [...] Quando começas a
detestar o que fizeste, é então que começam as tuas
boas obras, porque acusas as tuas obras más. O prin-
cípio das obras boas é a confissão das más. Praticaste
a verdade e vens à luz» (Santo Agostinho).

PERGUNTAS:
1) Por que você deve confessar ao sacerdote os seus
pecados veniais? Fundamente sua resposta usando
os dois últimos textos sobre PECADO VENIAL.

Faça uma boa revisão dos seus pecados veniais, ano-


te-os e leve-os para sua confissão. Coragem!
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8º DIA
PECADO MORTAL

Na oração pelos pecadores, que se encontra na pri-


meira carta de São João, lemos que existem pecados
que não levam à morte (1Jo 5,16). Por pecados que
não levam à morte, podemos entender aqueles em
que a pessoa, depois de manifestar arrependimento,
pede perdão a Deus. Estes são os chamados pecados
veniais. Sim, porque também há pecados em que o
pecador não consegue se arrepender, tal o nível
de satisfação que ele proporciona. A este, a igreja
chama de pecado mortal.

A inspiração da divisão dos pecados entre mortais e


veniais vem desde o Antigo Testamento. Mesmo as-
sim, esta divisão nem sempre foi muito clara. Alguns
distinguem o pecado em venial, ou leve, e em gra-
ve, ou mortal, como já trabalhamos. O critério de São
Paulo é muito importante: “Às vezes não faço o bem
que quero, mas o mal que não quero” (Rm 7,19).

Contudo, o pecador que peca mortalmen-


te é aquele que, livre e consciente, se fe-
cha por completo à graça e, por consequ-
ência, fecha-se à amizade com Deus e com
os outros.
Enquanto o pecado venial pode ser entendido como
fruto da fragilidade humana que o leva à queda, mas
que, mesmo caindo, o pecador não muda a sua op-
ção fundamental pelo bem e contra o mal. Porém, o
pecado mortal já pode levar ao pecador a mudar sua
opção fundamental por Deus, pois está cego em sua
satisfação e impedido de arrependimento.

Veja o que nos ensina o Catecismo da Igreja Cató-


lica:

1855. O pecado mortal destrói a caridade no coração


do homem por uma infracção grave à Lei de Deus.
Desvia o homem de Deus, que é o seu último fim, a
sua bem-aventurança, preferindo-Lhe um bem infe-
rior. O pecado venial deixa subsistir a caridade, em-
bora ofendendo-a e ferindo-a.

«Quando [...] a vontade se deixa atrair por uma coisa


de si contrária à caridade, pela qual somos ordenados
para o nosso fim último, o pecado, pelo seu próprio ob-
jeto, deve considerar-se mortal [...], quer seja contra o
amor de Deus (como a blasfêmia, o perjúrio, etc.), quer
contra o amor do próximo (como o homicídio, o adul-
tério, etc.) [...] Em contrapartida, quando a vontade do
pecador por vezes se deixa levar para uma coisa que
em si é desordenada, não sendo todavia contrária ao
amor de Deus e do próximo (como uma palavra ocio-
sa, um risco supérfluo, etc.), tais pecados são veniais»
Tomás de Aquino
1857. Para que um pecado seja mortal, requerem-se,
em simultâneo, três condições:

“É pecado mortal o que tem por objeto uma matéria


grave, e é cometido com plena consciência e de propósi-
to deliberado” João Paulo II

1859. Para que o pecado seja mortal tem de ser co-


metido com plena consciência e total consentimento.
Pressupõe o conhecimento do caráter pecaminoso do
ato, da sua oposição à Lei de Deus. E implica também
um consentimento suficientemente deliberado para ser
uma opção pessoal. A ignorância simulada e o endure-
cimento do coração não diminuem, antes aumentam, o
carácter voluntário do pecado.

1861. O pecado mortal é uma possibilidade radical da


liberdade humana, tal como o próprio amor. Tem como
consequência a perda da caridade e a privação da
graça santificante, ou seja, do estado de graça. E se
não for resgatado pelo arrependimento e pelo perdão de
Deus, originará a exclusão do Reino de Cristo e a morte
eterna no inferno, uma vez que a nossa liberdade tem
capacidade para fazer escolhas definitivas, irreversíveis.
No entanto, embora nos seja possível julgar se um ato é,
em si, uma falta grave, devemos confiar o juízo sobre as
pessoas à justiça e à misericórdia de Deus.

Torna-se sério e importante ter consciência da gravi-


dade de nossos pecados pois eles podem nos levar a
estar impedidos de receber a Comunhão Eucarística.
estar impedidos de receber a Comunhão Eucarística.
Você sabe quando está em estado de graça ou não?
A Igreja nos ensina que devemos estar bem prepara-
dos para receber Jesus eucarístico, e em estado de
graça. Veja o que diz o CIC:

1415. Aquele que quiser receber Cristo na Comu-


nhão eucarística deve encontrar-se em estado de
graça. Se alguém tiver consciência de ter pecado mor-
talmente, não deve aproximar-se da Eucaristia sem pri-
meiro ter recebido a absolvição no sacramento da Peni-
tência.

O que é graça santificante ou estado de graça?

2000. A graça santificante é um dom habitual, uma dis-


posição estável e sobrenatural, que aperfeiçoa a alma,
mesmo para a tornar capaz de viver com Deus e de agir
por seu amor. Devemos distinguir a graça habitual, dis-
posição permanente para viver e agir segundo o apelo
divino, e as graças atuais, que designam as intervenções
divinas, quer na origem da conversão, quer no decurso
da obra de santificação.

2023. A graça santificante é o dom gratuito que Deus


nos faz da sua vida, infundida pelo Espírito Santo na
alma para a curar do pecado e a santificar.

2024. A graça santificante torna-nos «agradáveis a


Deus». Os carismas, graças especiais do Espírito Santo,
estão ordenados à graça santificante e têm por finali-
dade o bem comum da Igreja. Deus também atua por
meio de múltiplas graças atuais, distintas da graça ha-
bitual, permanente em nós.

Portanto, é preciso estar sempre atento para o fato


de que o pecado mortal é sempre grave por sua ma-
téria, razão pela qual o pecador, mesmo que mante-
nha a sua opção fundamental por Cristo, se não fizer
o devido esforço de reação, pode se tornar escravo
do pecado. O ensino de Santo Agostinho é sempre
muito importante: “Não devemos nos conformar com
o pecado, mesmo que seja venial, pois o acúmulo de pe-
cados veniais pode levar o pecador ao pecado mortal,
assim como o acúmulo de muitas gotas de água pode
fazer um rio transbordar”.

Nesta Quaresma, vamos mergulhar mais na compre-


ensão de alguns pecados, mas também iremos estu-
dar algumas virtudes que serão de grande auxílio no
nosso caminho de purificação e santidade.

TAREFA
Com a sua lista de pecados avaliados no dia anterior,
identifique aqueles que podem te levar ao pecado
mortal. Medite e reze este ATO DE CONTRIÇÃO:

“Meu Deus, eu me arrependo, de todo coração, de to-


dos os meus pecados e os detesto, porque pecando não
só mereci as penas que justamente estabelecestes, mas
principalmente porque ofendi a Vós, Sumo Bem e digno
de ser amado sobre todas as coisas. Por isso, proponho
firmemente, com a ajuda da Vossa graça, a não mais
pecar e a fugir das ocasiões próximas de pecar. AMÉM!”

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9º DIA
PECADO DA DESOBEDIÊNCIA

REFLEXÃO:
Deus criou o homem à Sua imagem e o constituiu em
sua amizade. Pela desobediência, o homem rompe
essa amizade com Deus.

O homem tentado pelo diabo, deixou morrer em seu


coração a confiança em seu criador e abusando de
sua liberdade, DESOBEDECEU....

A não compreensão dessa liberdade, me faz romper a


amizade com Deus. O pecado ergue-se contra o Amor
de Deus por nós e desvia Dele os nossos corações.

A árvore do conhecimento do bem e do mal evoca


simbolicamente o limite intransponível que o ho-
mem, como criatura, deve livremente reconhecer e
respeitar, ou seja:

“Eu escolho obedecer


ou não obedecer.”
O primeiro pecado é uma desobediência, uma re-
volta contra Deus, por vontade de tornar-se como
Deus.
É, portanto, amor a si mesmo, até o desprezo de
Deus.

A obediência é amor a Deus; a desobediência é o de-


sejo egoísta de satisfazer o nosso ego. Quando es-
tamos unidos com a vontade de Deus, nossa vida se
enche de poder, porque estamos ligados com Aquele
que tem todo o poder no céu e na terra. Quando ren-
demos nossa vontade a Deus, Seu coração se abre e
uma torrente de amor, paz e alegria flui para o nos-
so coração. Estar unido com a vontade de Deus nos
transforma para sermos semelhantes a Ele. É in-
descritível a riqueza espiritual que a obediência, bem
como a submissão da nossa vontade a Ele, nos trarão.
Quando obedientemente dizemos “sim” à vontade
de Deus, mesmo quando ela nos vem através de ou-
tras pessoas, nossos sofrimentos e dificuldades per-
dem seu poder. Portanto, não importa quanto custe,
devemos escolher sempre a vontade de Deus e não a
nossa. Em todas as coisas, grandes ou pequenas, nos
defrontamos com esta escolha. Mas, estejamos cer-
tos disso: se escolhermos a vontade de Deus e agir-
mos de acordo com os Seus mandamentos, estaremos
unidos a Ele. Entretanto, se agirmos em desobedi-
ência, fazendo a nossa vontade, estaremos presos a
satanás. Nesse caso, nossa vida não será abençoada.
(Livro “Nunca mais serás o mesmo” – Basiléia)
“Quem obedece não erra!”
O Pai te ama e te espera a essa amizade!

O movimento de voltar a Deus, chamado CONVER-


SÃO e ARREPENDIMENTO, implica uma dor e uma
aversão aos pecados cometidos, e ao firme propósito
de não mais pecar!

MEDITAÇÃO:
Avalie seu coração, como está sua amizade com Deus?
Não dá para improvisar! Quem obedece não erra, e
não se afasta de Deus!

ORAÇÃO:
Faça uma profunda oração, voltando a essa intimi-
dade com Deus. Se coloque diante do Senhor, e faça
com Ele um novo compromisso de amor!
SUGESTÃO DE MÚSICA: Terra seca – Fraternidade
São João Paulo II
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10º DIA
PURIFICAÇÃO DAS PENAS DO PECADO

Na luta contra o pecado, se faz necessário estudar


estratégias, como as de guerra, que nos ajudarão a
combater o pecado em nossas vidas. Por isso se faz
necessário aprofundar-se na Purificação das penas de
pecado. Desta forma vamos mergulhar no Catecismo
da Igreja Católica, nos parágrafos que dizem respeito
ao assunto:

CIC 1474. O cristão que procura purificar-se do seu


pecado e santificar-se com a ajuda da graça de Deus,
não se encontra só. «A vida de cada um dos filhos
de Deus está ligada de modo admirável, em Cristo e
por Cristo, à vida de todos os outros irmãos cristãos,
na unidade sobrenatural do corpo Místico de Cristo,
como que numa pessoa mística».

CIC 1475. Na comunhão dos santos, «existe, portan-


to, entre os fiéis – os que já estão na pátria celeste, os
que foram admitidos à expiação do Purgatório, e os
que vivem ainda peregrinos na terra – um constante
laço de amor e uma abundante permuta de todos os
bens». Nesta admirável permuta, a santidade de um
aproveita aos demais, muito para além do dano que o
pecado de um tenha podido causar aos outros.
Podemos então afirmar que a minha escolha por uma
vida que me leve a um caminho de santidade gera gra-
ças de purificação também para a vida do meu irmão.
A purificação das penas de pecado passa, também,
pela vida comunitária. E se existe uma via de purifi-
cação, preciso entender, também, que existe uma via
que pode me levar à participação do pecado do ou-
tro.

Assim diz o Catecismo da Igreja Católica:

CIC 1868. O pecado é um ato pessoal. Mas, além dis-


so, nós temos responsabilidade nos pecados cometi-
dos por outros, quando neles cooperamos:
– Tomando parte neles, direta e voluntariamente;
– Ordenando-os, aconselhando-os, aplaudindo-os ou
aprovando-os;
– Não os denunciando ou não os impedindo, quando
a isso obrigados;
– Protegendo os que praticam o mal.

CIC 1869. Assim, o pecado torna os homens cúmpli-


ces uns dos outros, faz reinar entre eles a concupis-
cência, a violência e a injustiça. Os pecados provocam
situações sociais e instituições contrárias à Bondade
divina; as «estruturas de pecado» são expressão e
efeito dos pecados pessoais e induzem as suas víti-
mas a que, por sua vez, cometam o mal. Constituem,
em sentido analógico, um «pecado social».

CIC 1475. Assim, o recurso à comunhão dos santos


permite ao pecador contrito ser purificado mais de-
pressa e mais eficazmente das penas do pecado.

CIC 1476. A estes bens espirituais da comunhão dos


santos, também lhes chamamos o tesouro da Igreja,
«que não é um somatório de bens, como quando se
trata das riquezas materiais acumuladas no decurso
dos séculos, mas sim o preço infinito e inesgotável
que têm junto de Deus as expiações e méritos de Cris-
to, nosso Senhor, oferecidos para que a humanidade
seja liberta do pecado e chegue à comunhão com o
Pai. É em Cristo, nosso Redentor, que se encontram
em abundância as satisfações e os méritos da sua re-
denção».

CIC 1477. «Pertencem igualmente a este tesouro o


preço verdadeiramente imenso, incomensurável e
sempre novo que têm junto de Deus as orações e
boas obras da bem-aventurada Virgem Maria e de to-
dos os santos, que se santificaram pela graça de Cris-
to, seguindo as suas pegadas, e que realizaram uma
obra agradável ao Pai; de modo que, trabalhando pela
sua própria salvação, igualmente cooperaram na sal-
vação dos seus irmãos na unidade do corpo Místico».

Portanto, precisa existir em nós a corresponsabilida-


de com a consciência de que minha vida doada gera,
também a purificação para a vida do outro. A minha
renúncia, cada ato de arrependimento e penitência
e escolha que faço para uma vida de santidade gera
santidade na vida do outro.
Quero fazer memória do que disse nossa fundado-
ra, Raquel Carpenter, em sua Carta Profética, sobre
o desejo que ela traz no coração de nos apresentar
como rosas perfumadas ao altar do Senhor. Nós sa-
bemos que nossa comunidade já exala este perfume
de santidade que têm atraído o corações de outros,
fazendo-os desejar trilhar este caminho em direção
ao céu.

Assim diz o Catecismo da Igreja Católica:

CIC 1886. A sociedade é indispensável à realização


da vocação humana. Para atingir esse fim, tem de ser
respeitada a justa hierarquia dos valores, que «subor-
dina as dimensões físicas e instintivas às dimensões
interiores e espirituais»:

«A convivência humana [...] há-de considerar-se, an-


tes de mais, como um facto de ordem principalmen-
te espiritual: como comunicação de conhecimentos,
à luz da verdade; exercício de direitos e cumprimento
de deveres; incentivo e apelo aos bens do espírito;
gozo comum do justo prazer da beleza em todas as
suas expressões; permanente disposição para parti-
lhar com os outros o melhor de si mesmo; aspiração
a uma mútua e cada vez mais rica assimilação de va-
lores espirituais. Todos estes valores vivificam e, ao
mesmo tempo, orientam tudo o que diz respeito às
doutrinas, às realidades económicas, à convivência cí-
vica, aos movimentos e regimes políticos, à ordem ju-
rídica e aos demais elementos exteriores através dos
quais se articula e se exprime a convivência humana
no seu incessante devir».

CIC 953. A comunhão da caridade: na sanctorum


communio, «nenhum de nós vive para si mesmo, e
nenhum de nós morre para si mesmo» (Rm 14, 7). «Se
um membro sofre, todos os membros sofrem com
ele; se um membro for honrado por alguém, todos
os membros se alegram com ele. Vós sois Corpo de
Cristo e seus membros, cada um na parte que lhe diz
respeito» (1 Cor 12, 26-27). «A caridade não é inte-
resseira» (1 Cor 13, 5) (512). O mais insignificante dos
nossos actos, realizado na caridade, reverte em pro-
veito de todos, numa solidariedade com todos os ho-
mens, vivos ou defuntos, que se funda na comunhão
dos santos. Pelo contrário, todo o pecado prejudica
esta comunhão.

Que as graças de um verdadeiro caminho de santi-


dade trilhado por cada um de nós possa retornar em
graça para o próximo e fomente em nosso coração o
desejo de viver este caminho de purificação que nos
leva em direção ao céu!

TAREFA
1)O que você considera como mais importante para
a Purificação das penas de pecado?

2)Quais são os passos que você tem dado de purifi-


cação das penas de pecado?
3)O que fica mais forte para você do tema que tra-
balhamos hoje?

4)Qual valor que você tem dado à vida fraterna? Tem


se esforçado para vivê-la com amor?

5) Quais são as defasagens que você trás que preci-


sam ser trabalhadas para que o seu caminho de san-
tidade gere frutos na vida do nosso irmão?

6) Qual a ligação que você faz do tema que aborda-


mos hoje com a sua vida?

7) Qual ato prático de mudança você deseja colocar


para este dia a partir do tema refletido?

Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.


Não perca! Rezar a Live à noite é um aprofunda-
mento, o Senhor dará continuidade conosco. Se
abra a essa experiência quaresmal. Fique firme
em seus propósitos! É um tempo forte de ora-
ção e de vitória.

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va) ou ainda pelo Instagram @raquelaguaviva.
11º DIA
PECADO DA INCREDULIDADE

Somos cristãos, e se somos cristãos é porque acredi-


tamos em Cristo. Corremos um grande risco de não
avaliarmos esse pecado da incredulidade com mais
profundidade, pois nos apoiamos em nossa forma de
acreditar, com isso não avaliamos esse pecado com
tanta seriedade.

Vamos mergulhar no que o catecismo traz sobre isso.

A incredulidade é o desprezo da verdade revelada ou


a recusa voluntária de lhe prestar assentimento – CIC
2089

O pecado da incredulidade fere o primeiro manda-


mento da Lei de Deus. “Amarás o Senhor, Teu Deus,
de todo o coração, de toda a alma e de todo o enten-
dimento”

O primeiro mandamento nos manda alimentar e


guardar, com prudência e vigilância, nossa fé e rejei-
tar tudo o que se lhe opõe. Há diversas maneiras de
pecar contra a fé.

A dúvida voluntária sobre a fé negligencia ou recusa


ter como verdadeiro o que Deus revelou e que a Igre-
ja propõe para crer. A dúvida involuntária designa a
hesitação em crer, a dificuldade de superar as obje-
ções ligadas à fé ou ainda, a ansiedade suscitada pela
obscuridade da fé. Se foi deliberadamente cultivada,
a dúvida pode levar à cegueira do espírito.

CIC 2094 – Pode se pecar contra o amor de Deus de


diversas maneiras:

A indiferença – descuida ou recusa a consideração da


caridade divina; desconhecendo-lhe o cuidado prove-
niente e nega-lhe a força.

A ingratidão - não reconhece, por desleixo ou recusa


formal, a caridade divina, não retribuindo amor com
amor.

A tibieza, que é a hesitação ou negligência em corres-


ponder ao amor divino, pode implicar a recusa de se
entregar ao movimento da caridade.

A acídia ou preguiça espiritual – chega a recusar a ale-


gria que vem de Deus e a absorver o bem divino.

O ódio a Deus – vem do orgulho; opõe-se ao amor


de Deus, cuja bondade nega, e atreve-se a maldizê-lo
como aquele que proíbe os pecados e inflige as pe-
nas.

Observe que essas formas de pecar contra o amor de


Deus são sintomas de que seu coração está caindo
nesse pecado da incredulidade.

TAREFA
Nesse dia, faça uma avaliação e perceba se você está
com esses sintomas, peça a Deus que te revele onde
tudo começou, onde está a raiz deste pecado.

Depois anote sua oração

E saiba, que o grande remédio contra a incredulida-


de é ter um coração inflamado.
Deus te abençoe!!
Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.
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12º DIA
RECAPITULANDO

Hoje é domingo, dia reservado para que você possa


PARAR e REVER algum conteúdo da nossa apostila
que perceba que precisa rezar mais, ler novamente e
aprofundar seu estudo.

Com muito zelo e amor, cada dia precisa ser vivido,


pois o Senhor está fazendo em nós uma cirurgia es-
piritual. É um trabalho delicado e forte! Por isso, não
deixe de rezar nenhum dia e contemple essa obra das
mãos de Deus e dos anjos em você.

DEUS TE ABENÇOE!
13º DIA
HIPOCRISIA

“Ai de vós, hipócritas!” Este clamor ressoa sete ve-


zes nas exortações de Jesus aos escribas e fariseus.
“Assim também vós exteriormente pareceis justos
aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocri-
sia e de iniquidade” (Mt 23, 28).

Isso é verdade também a respeito de nós, cristãos


de hoje. Muitas vezes os outros pensam que somos
cristãos dedicados, mas, na realidade, nosso coração
está cheio de pecados tais como rancor, julgamento,
orgulho, mentira, contenda, etc.

Jesus chama isso de hipocrisia. Hipocrisia é preten-


dermos ser piedosos quando, na verdade, não somos.
Esse tipo de falsidade é ainda pior, visto que se espera
que a piedade seja uma vida com Deus e para Ele, que
é Luz e Verdade. Jesus nos mostra que satanás, que
é mentiroso desde o princípio, de qualquer maneira
quer agarrar os que lhe escaparam por terem crido
em Jesus. Quer, agora, apanhá-los na rede da hipo-
crisia, sem que eles se apercebam. E nós corremos o
perigo de nos tornarmos demasiadamente convenci-
dos de que vivemos para Jesus, na esfera da verdade
divina por meio da Palavra de Deus.
Mas, na realidade, nossa vida cristã muitas vezes não
passa de fachada.

Podemos, por exemplo, dizer que Jesus nos reconci-


liou, podemos pregar a reconciliação a outros e, no
entanto, ter inimizade contra alguém, guardando
pensamentos amargos e críticos no coração. Não ou-
vimos que Jesus pronuncia sua sentença sobre nós:
“Hipócrita!” (Lc 6, 42), porque Ele sabe que não esta-
mos vivendo o que pregamos.

Além disso, os “ais” que Jesus dirigiu aos fariseus


também se aplicarão a nós se, hipocritamente, sus-
tentarmos que somos discípulos de Jesus e nos re-
cusarmos a tomar nossa cruz. Nós nos queixamos de
todo fardo, de toda dificuldade e todo tipo de sofri-
mento. Chegamos ao ponto de resmungar, quando
as mínimas coisas parecem desagradáveis. Contudo,
Jesus disse: “E qualquer que não tomar a sua cruz e
vier após mim, não pode ser meu discípulo” (Lc 14,
27).

Pode ser que, trabalhando pelo Reino de Deus, não


estejamos interessados em Jesus e na Sua honra,
como pensavam os outros. Não realizamos nosso
ministério por amor a Ele, mas para satisfazer nosso
próprio ego, ou para ganhar a admiração de outros e
fazer nossa autopromoção. O mais hábil ardil do ini-
migo é impedir que nós cristãos possamos perceber
que estamos vivendo uma vida dupla.
Viver hipocritamente significa pensarmos que somos
“cristãos consagrados”, mas não praticamos o que le-
mos na Bíblia e não agimos conforme oramos e nem
fazemos o que recomendamos aos outros. Sendo hi-
pócritas não nos damos conta de que caímos no sono
dos que se presumem salvos e estão seguros disso.

Nossa hipocrisia provoca a ira de Deus, porque Ele


só se agrada quando vivemos a vida diária de acor-
do com Sua Palavra. Dificilmente haverá outro peca-
do que Jesus condene com tanta severidade como o
da hipocrisia. Portanto, devemos fazer todo esforço
para sermos libertos dos grilhões desse pecado.

COMO PODE ACONTECER ISSO? Primeiro, iden-


tificando a raiz da hipocrisia. Os fariseus não conse-
guiam enxergar suas fraquezas e pecados. Pensavam
que eram perfeitos. Por isso, se não queremos cair
nesse pecado, temos que pedir a Jesus renovada-
mente: “Coloca-me na luz da Tua verdade; mostra,
por meio da Tua luz, tudo que em minha vida não é
puro!”

Nossos olhos têm de ser abertos, de modo que pos-


samos reconhecer nossa cegueira, presunção e ador-
mecimento. SOMENTE QUANDO VEMOS NOSSOS
PECADOS E FICAMOS PREOCUPADOS COM ELES,
É QUE PODEMOS APRESENTÁ-LOS A JESUS PARA
SERMOS LIBERTOS. Uma pessoa enferma só pode
ser tratada se reconhece e admite que está doente.
Embora ignoramos, pode existir em nós um pecado
muito grave aos olhos de Deus, encoberto por uma
vida piedosa. Somente se tivermos uma santa incer-
teza e nos mantivermos alertas, poderemos enfren-
tar o perigo da hipocrisia.

Se usarmos a Bíblia como padrão, começaremos a


odiar a hipocrisia e o arrependimento nos levará a
uma batalha da fé que nos conduzirá a um genuíno
discipulado.

TAREFA
Chegamos ao momento de fazermos um exame de
consciência. Diante da nossa reflexão, faça sua auto-
avaliação e reconhecimento de suas atitudes dian-
te de Deus, usando os mandamentos como espelho
para a consciência. Peça ao Senhor que venha com
luz sobre suas ações, para que reconheças o pecado
tal como ele é.

Peça a ajuda aos irmãos que estão mais próximos a


você, para que apontem o que eles têm visto em você
que precisa de mudança! Só os que estão desejosos
de ouvir a verdade acerca de si mesmos poderão ser
libertados do pecado da hipocrisia.
ORAÇÃO:
Vá ao encontro do único Médico que pode curar essa
doença: Jesus, que é a Verdade. Sua redenção é a ga-
rantia – se a reivindicamos pela fé – de que podemos
ser libertados de toda falsidade em nossa vida.

SUGESTÃO DE MÚSICA: Tu podes – Regis Danese

Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.


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14º DIA
PENAS E GLÓRIAS DA LÍNGUA

Quantas coisas não se pode dizer da língua, das suas


elevações e abismos, das suas contradições! Como
nos escreve São Tiago: “com ela bendizemos o Senhor
nosso Pai, e, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos
à semelhança de Deus. De uma mesma boca procedem
a bênção e a maldição” (Tg 3,9-10).

E ele continua dizendo: “Ora, também a língua é um


fogo! (...) põe em chamas a roda da vida, sendo ela mes-
ma inflamada pelo fogo do inferno!” (Tg 3,6)

Você conhece quantas pessoas que já foram atingi-


das pelo mal da língua? Algumas vezes, foi o incên-
dio provocado pela calúnia brutal que estraçalhou
um prestígio; outras, uma palavra ofensiva, repetida
entre marido e mulher tantas vezes, que acabou por
desfazer um lar.

Mas também é verdade, como diz belamente o livro


dos Provérbios, que “as palavras da boca de um ho-
mem são águas profundas e que a fonte da sabedoria é
uma torrente transbordante” (Prov 18,4). Pense somen-
te nas águas profundas, luminosas, vivificantes e cura-
tivas, que foram e continuam a ser para os homens as
palavras de Cristo.
Da mesma forma, todos nós, nos sentimos atingidos
quando ouvimos São Tiago dizer sem rebuços que a
língua ...é um mal irrequieto, cheia de veneno mortífero
(Tg 3,8).

Será que não experimentamos já a maligna comichão


de falar o que não devemos, o que antes mesmo de
tê-lo dito, deixa na boca o sabor do veneno que a nos-
sa língua se dispõe a instilar?

Ao lado disso, certamente não faltaram ocasiões feli-


zes – pela bondade de Deus – em que a nossa língua
teve o belo privilégio de curar, de dar saúde às feridas
(cf. Prov 12,18), tanto às provocadas por nós mesmos
como às causadas por outros; e então a nossa boa lín-
gua foi uma árvore de vida – porque alimentou es-
peranças, revigorou o amor, levantou, reabilitou -,
ao contrário da língua perversa, que corta o coração
(Prov 15,4) como uma navalha afiada.

O Senhor poderia dizer-nos: “mostra-me a língua, e


eu te farei ver teu coração, porque as tuas palavras
são um retrato falado do teu coração: dos teus senti-
mentos mais íntimos, das tuas impurezas e sujidades,
dos teus tesouros espirituais e das tuas carências las-
timáveis. Não se esqueça nunca que a boca fala daquilo
de que o coração está cheio”. (Mt 12,34)
Mostrar a língua, ver a língua e as suas fontes, pro-
curar o modo de limpá-la, de elevá-la aos níveis do
amor cristão e de torná-la instrumento da caridade e
da verdade de Cristo.

A PONTE DAS PALAVRAS

A alma exprime-se pelo corpo, e especialmente pela


língua. “Sendo o homem um ser ao mesmo tempo
corporal e espiritual, exprime e percebe as realida-
des espirituais através de sinais e símbolos materiais.
Como ser social, o homem tem necessidade de sinais
e de símbolos para comunicar com o seu semelhante
através da linguagem dos gestos e de ações“ (CIC, nº
1146)

Nós falamos, comunicamo-nos uns com os outros de


inúmeras maneiras. Mas a grande ponte que Deus
nos deu para nos comunicarmos entre nós – e para
nos comunicarmos com Ele – é a Palavra. É falando,
conversando, escrevendo, que estamos a construir
constantemente pontes de intercomunicação: por
elas a nossa alma – a nossa vida!

É bom saber o que significam, todos os dias, as nos-


sas palavras. Constroem ou destroem? Enriquecem
ou desgastam?

Quando as palavras têm raízes no amor, são sempre


fecundas. Da abundância do coração fala a boca. Mui-
tos corações atormentados pelo erro, pela vergonha
ou pelo desespero reergueram-se por uma só palavra

Já imaginamos o que seria a nossa vida se em cada


instante fôssemos capazes de proferir a palavra acer-
tada, toda ela impregnada de sinceridade e amor,
sem sombra de malignidade, irritação, rancor, orgu-
lho, rudeza ou desprezo?

DO SEIO DO SILÊNCIO

É nesse ponto que se torna urgente falar no silêncio,


matriz fecunda da palavra. Toda palavra vale aquilo
que valer a sua raiz, que é o silêncio. Pois só são gran-
des e valiosas as palavras que se geram no seio do
silêncio reflexivo, amoroso e orante.

Só somos ricos se o formos diante de Deus, se não


formos do gênero daquele rico-miserável de quem
Cristo dizia que entesourava para si mesmo e não é rico
aos olhos de Deus (Lc 12, 21)

Quando um homem ou uma mulher, por terem ama-


durecido no silêncio, se vão tornando ricos aos olhos
de Deus, desse seu “bom tesouro” podem ir tirando,
sem ficarem pobres nem serem nunca monótonos,
palavras eternamente vivas, que são como ramos vi-
çosos a irromper em frutos, pela seiva de amor, ver-
dade e Graça que os vivifica.
Desses sagrados abismos de silêncio sai a palavra que
dá vida, por ser reflexo e irradiação de Cristo, a Pa-
lavra que é Vida. Quem dera que pudéssemos dizer
como São Paulo: Cristo vive em mim! (Gal 2, 20), por-
que então também Cristo falaria pela nossa boca.

PERGUNTAS:
1)Como andamos de riqueza interior?

2)O que amadureceu, dentro de nós, no silêncio fe-


cundo da reflexão, da leitura e da oração?

ORAÇÃO:
Clame o Espírito Santo para que tome as rédeas de
suas palavras! Que toda palavra má seja queimada e
dê espaço ao novo de Deus em sua vida!
SUGESTÃO DE MÚSICA: Espírito, vem controlar
todo meu ser
(https://youtu.be/zlpq1Nn1YcE?si=0zwzr8uwibwMlezI)

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15º DIA
LÍNGUAS COMO ESPADAS
(REFERÊNCIA: FAUS, F. A LÍNGUA. 2016)

VAMOS NOS APROFUNDAR UM POUCO MAIS SO-


BRE O PECADO DA LÍNGUA.

Falando dos seus perseguidores maldizentes, Davi


clamava ao Deus Altíssimo e dizia-lhe: seus dentes são
como lanças e flechas, suas línguas como espadas afia-
das (Sl. 57, 5).

A espada da língua desfere sobretudo duas perigo-


sas estocadas: a maledicência (também chamada di-
famação ou detração), que é praticada por “aquele
que, sem razão objetivamente válida, revela a pesso-
as que não o sabem os defeitos e faltas de outros”; e
a calúnia, pecado que cometem quem “por palavras
contrárias à verdade, prejudica a reputação dos ou-
tros e dá ocasião a falsos juízos a respeito deles” (CIC
2477) “Maledicência e calúnia destroem a reputação
do próximo. E a honra é o testemunho social presta-
do à dignidade humana. Dessa forma, a maledicência
e a calúnia ferem as virtudes da justiça e da caridade”
(CIC n. 2479).

A maledicência, no entanto, tem o efeito de “tingir” a


honra com uma tinta difícil de limpar. O “tingido” pela
má língua, ficará sendo ante a opinião dos outros “o
homem desonesto”, “a mulher falsa”, “o médico irres-
ponsável” ou “o advogado picareta” ...

Esta má fama além de ferir a pessoa atingida, torna-


-se um empecilho que lhe dificulta a prática do bem.
E, no entanto, pessoas boas, que tiveram fraquezas e
têm, como todos, defeitos, se lhes fosse respeitada
a boa fama, poderiam fazer um bem muito maior.

Não será demais recordar que o fato de uma pessoa


ocupar um cargo público, não torna “pública”, de do-
mínio público, a sua vida privada. Comentar as faltas
de um homem público é uma maledicência tanto ou
mais grave do que a difamação de um simples cida-
dão.

Como se entende que Cristo deixe a descoberto as


faltas morais de uns homens que, como Ele próprio
diz, tem boa reputação: ‘’pareceis justos aos olhos dos
homens?’’

Mas há um caso em que não permanece calado, e é


quando se defronta com hipócritas que, amparando-
-se na autoridade de que gozavam diante do povo,
como era o caso dos escribas e fariseus, enganavam-
-no, afastando-o da autêntica Fé, aproveitavam-se da
sua ignorância. Um novo elemento entra em jogo: o
bem de terceiros ou o bem público. Quando está ame-
açado o bem comum, especialmente o dos mais pe-
queninos, o dos inocentes, falar dos erros e defeitos
tos com que outros lhe causam danos torna-se um
dever.

Há ainda outras circunstâncias em que dar a conhe-


cer o defeito moral oculto de uma pessoa é lícito, e
até mesmo pode constituir um dever.

- O bem de uma pessoa inocente;


- O bem próprio.

Sempre fica claro, em todos estes casos, que são a jus-


tiça e o amor que imperam: é por justiça e por amor
que se fala, da mesma maneira que é por justiça e
amor que a regra geral é calar-se. O pecado da male-
dicência é a crítica negativa, reveladora da mesquinhez
da alma.

“Qualquer falta cometida contra a justiça e contra a


verdade implica o dever da reparação, mesmo que o
seu autor tenha sido perdoado. Quando for impos-
sível reparar publicamente um mal, deve-se fazê-lo
em segredo; se aquele que foi lesado não pode ser
indenizado diretamente, deve-se lhe dar satisfação
moralmente, em nome da caridade. Este dever de
reparação diz respeito também às faltas cometidas
contra a reputação alheia. A reparação, moral e às ve-
zes material, deve ser avaliada segundo a medida do
prejuízo causado. Ela obriga em consciência” (CIC n.
2487)
TAREFA
Sugiro durante essa semana, fazermos o exercí-
cio de nos calarmos todas as vez que formos falar
algo de alguém ou de algum irmão. Peça a ajuda
do seu anjo da guarda e dos Santos Anjos para
que você possa praticar essa virtude.

Perceba como você está lidando com esse pecado


da maledicência, faça um exame de consciência e
veja se precisa fazer um ato de reparação.

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16º DIA
A MENTIRA DO “MUNDO”

Vejamos o que significa o mundo e qual sua relação


com o pecado.

O mundo é o reino do pecado. Falando deste mundo,


São João, diz categoricamente: ‘’sabemos que o mundo
jaz sob o poder do maligno.’’ (1Jo 5,19). E, com a mes-
ma nitidez deixa estampada esta frase: ‘’Não ameis o
mundo nem as coisas do mundo [...], porque tudo o que
há no mundo é concupiscência da carne, concupiscência
[ambiciosa] dos olhos e orgulho da vida’’ (1 Jo 2,16).

Como consequência lógica, esse mundo dominado


pelo “pai da mentira” vive mergulhado na mentira,
que é a sua respiração e o seu clima.

Contra este mal que nos assola a todo instante, pois


afinal de contas, nós estamos no mundo, precisamos
nos revestir da armadura de Deus, de modo específi-
co o cinturão da verdade.

O CINTURÃO DA VERDADE

O Senhor tem preparado grandes coisas para nós. Ele


tem desmascarado todo mal, tem nos revestido com
sua armadura, com o cinturão da verdade.
Hoje, vamos nos aprofundar nesse cinturão da verda-
de, eu inicio com a fala de São João Paulo II na encícli-
ca “O Esplendor da Verdade”:

“O ESPLENDOR DA VERDADE brilha em todas as obras


do Criador, particularmente no homem criado à imagem
e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26): a verdade ilumina a
inteligência e modela a liberdade do homem, que, deste
modo, é levado a conhecer e a amar o Senhor. Por isso,
reza o salmista: «Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz
da vossa face» (Sal 4, 7). Esta obediência nem sempre é
fácil na sequência daquele misterioso pecado de origem,
cometido por instigação de Satanás, que é «mentiroso e
pai da mentira» (Jo 8, 44)”.

Ninguém quer andar nas trevas do pecado, na som-


bra da morte; ninguém quer andar em uma vida de
mentiras. Verdade ou não?

Adentrando um pouco mais nesta encíclica, vejam o


que São João Paulo II nos diz:

“A verdade ilumina a inteligência e mode-


la a liberdade do homem. Aquele que vive a
verdade tem a sua inteligência iluminada e
a sua liberdade modelada”.

Isso me leva a pensar o quanto é real que a verdade e


a mentira modelam a nossa liberdade. O homem que
vive na mentira é escravo, não é um homem livre e
nós precisamos entender o quanto isso é sério.
Quando uma pessoa te faz uma pergunta e você men-
te; por qual motivo você mentiu? Você pode dizer
“eu menti porque tive medo da reação da pessoa... eu
menti para meu esposo, para minha esposa porque eu
tive medo que ele(a) brigasse comigo... porque eu não
tive coragem” ou ainda pode ser levado a mentir com
a justificativa de que se falar a verdade, vai ser uma
confusão, uma briga”. Amado(a), nenhuma resposta
ou “tipo” de mentira irá mudar o fato de que, aquele
que vive na mentira tem a sua liberdade revogada,
deixa de ser livre. Torna-se escravo do que o outro
fala, torna-se escravo da necessidade de agradar, de
receber elogios. Torna-se escravo do medo. Aquele
que fala a verdade é livre.

TAREFA
Diante das perguntas no texto acima, como você
avalia as suas respostas?

Se percebe que tem usado do recurso da mentira,


peça ao Espírito Santo que venha a graça de enxergar
a seriedade deste pecado e clame a ajuda para rom-
per com este mal.
ORAÇÃO:
SUGESTÃO DE MÚSICA: Vem com peso da sua
Glória - Débora Reis
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17º DIA
TRÊS DIMENSÕES DA MENTIRA

Dando continuidade a este tema do Cinturão da Ver-


dade vamos conhecer as três dimensões da mentira:

“O temor do Senhor é odiar o mal; a soberba e a ar-


rogância, o mau caminho e a boca perversa, eu odeio”.
(Prov 8, 13)

Esta é a dimensão divina da mentira. O Senhor nos


diz que a mentira, o orgulho, a ganância, todos são
colocados no mesmo nível. A mentira é colocada na
mesma altura da idolatria, de um homicídio, de um
assassinato. O porquê nós já dissemos: Deus é ver-
dade.

Cada vez que mentimos, afastamos Deus de nós. É


lógico, porque Deus é verdade e se você anda na luz,
você está com a luz; Deus é verdade, Ele está com
a luz. Toda vez que você mente, além de ofender a
Deus, você se afasta dele. Eu percebo que muitas pes-
soas dizem: “Por que Deus não faz em minha vida? Eu
rezo tanto, eu faço tanto... Por que Deus não age na
minha vida?” Talvez seja por não estar andando com
Ele. Não romper com o pecado da mentira.
Cada mentira que contamos ao outro ofende, ao mes
mo tempo, a Deus e ao próximo. A Palavra de Deus
é muito clara em Atos 5, quando Ananias mente para
os apóstolos e Pedro lhe diz enfaticamente: ‘’você não
mentiu para os homens, mas para Deus”.

Aqueles que têm o coração duplo se afastam de Deus


e é bem verdade aquele ditado que os antigos diziam
“Deus vê tudo”! Querendo ou não, quando você men-
te, o outro pode até não descobrir, pode até não sa-
ber, mas Deus, Ele sim, conhece tudo e sabe tudo... e
o pai da mentira também.

Quando você mente, você abre portas para o mal; é


tudo que ele precisa para chegar perto de você e te
perturbar, perturbar sua casa. Uma mentirinha só, é
o suficiente para ele entrar e perturbar. Uma men-
tira com seu dinheiro na sua empresa, uma mentira
como você lida no seu trabalho. E aqui você pensa,
“mas todo mundo tem que mentir”. Amados, trago
aqui a segunda dimensão: a dimensão social.

Quando mentimos ofendemos o próximo, e o priva-


mos da verdade e de um direito. A mentira vai abalan-
do os fundamentos da sociedade e é tão interessan-
te, porque ninguém gosta de ser enganado. Eu nunca
ouvi alguém dizer “eu gosto de ser enganado, eu ado-
ro ser enganado”, porém, como é comum mentirmos.

Mentiras bobas, como por exemplo: “diga que eu não


estou em casa,” sendo que está. Se você não gosta de
ser enganado, também não deve enganar o outro. É
o mínimo!

A mentira abala os fundamentos da sociedade, ela


impede a sociedade de crescer. Nós sabemos mui-
to bem como nós, brasileiros (não sei os outros, es-
tou dizendo de nós) nos decepcionamos com tantos
escândalos, roubos, mentiras. Como isso prejudica
o povo e o crescimento de nossa sociedade. Muitas
vezes dizemos que estamos cansados desse monte
de mentiras, nos referindo à política, à televisão ou
a algo do tipo, mas penso que construir a sociedade
precisa começar em mim, começa da minha casa, co-
meça do meu berço.

A mentira grande não surge sem que antes estives-


sem sendo criadas e cultivadas muitas mentirinhas,
que vão nos conduzindo a achar tudo normal, tudo
muito tranquilo; vão nos conduzindo a crer que te-
mos o direito de ter mais esse dinheiro, de ter mais
essa regalia. Percebe que começa do pequeno? E me
preocupa quando dizemos “o Brasil não vai pra fren-
te”. O Brasil sou eu e você. Você tem desenvolvido o
seu Brasil interior? Você tem mostrado que existem
brasileiros que não vivem de jeitinhos e de mentiri-
nhas?

Quando viajamos para o exterior podemos ouvir o


povo dizer: “aquele ali é brasileiro” nos agredindo
verbalmente; e já houve situações em que me vi obri-
gada a dizer: “Olha, existem brasileiros corretos”.
Como isso prejudica nosso povo! E é a sua mentira que
afe ta a dimensão social. É só a sua mentirinha… é só
a do vizinho… e assim temos toda a sociedade numa
mentirinha. Rompamos com isso, primeiramente.

A terceira dimensão da mentira é a dimensão pes-


soal, porque a mentira exterior só ocorre após uma
mentira interior. Antes de você quebrar sua relação
com Deus e com o outro, você a está quebrando con-
sigo mesmo(a).

Quando mentimos por medo, já estamos rompendo


conosco mesmo; estamos rompendo com a nossa
própria identidade; você já está se colocando num lu-
gar de inferioridade. Quando você mente, sai da sua
boca, porém saiu primeiro do seu coração. Amado(a),
de certo modo, o que estou dizendo serve para todos
os pecados: desconfiança, dúvidas, medos, precon-
ceitos... tudo o que nasce em nossa boca, nasce pri-
meiro no coração: “A boca fala do que o coração está
cheio”.

A mentira tem esse poder de destruir o seu interior e,


retomo aqui uma fala de São João Paulo II: “porque a
verdade modela a liberdade do homem e se eu vivo
na mentira eu destruo a minha liberdade”. Eu destruo
a minha imagem. Ao invés de fazer brilhar sobre mim
a Glória de Deus, de fazer brilhar em mim os olhos de
Deus, eu faço com que as trevas ofusquem a luz de
Cristo que está em mim. É triste quando olhamos as
pessoas e percebemos o quanto estão nubladas.
Eu me recordo de uma fala do padre Léo: “Tenho
medo da feiura interior. É a feiura do pecado, pois ele
nos deixa muito feios e tem muita gente extremamente
feia por aí. Não feia porque é feia ou nasceu feia, mas é
feia pelos maus tratos que a pessoa vai se degradando
e autodestruindo”.

A mentira tem este poder de criar situações gravíssi-


mas interna e externamente. E me choca, por exem-
plo, a afirmação do filósofo francês Alexandre Koyré:
“Mentir, mais do que rir, é próprio do homem”. Meu
Deus, ao ler isso eu penso: “Sangue de Jesus” É uma
afirmação muito fatalista, parece que nos encurrala
no desespero de dizer que “não tem jeito, nós vamos
morrer nesse pecado” ou até mesmo nos traz o de-
sejo de nos conformar com a mentira dizendo e/ou
pensando: “todo mundo mente, porque eu vou lutar
para não mentir?” Mas eu não posso tratar a mentira
como um simples pecadinho de criança, que inclusi-
ve já o confessei quando fiz a primeira comunhão. Eu
não posso levar para a confissão, repetidamente, que
menti.

“Não darás falso testemunho


contra o teu próximo”. (Ex 20)
O 8º mandamento do decálogo fala sobre nós levan-
tarmos falso testemunho contra o próximo. É uma lei
que nos proíbe de falsificar a verdade. Ela já diz: “você
não pode levantar falso testemunho contra teu pró-
ximo”.
Sabia que quando você fala do outro sem que ele sai-
ba, sem que você tenha dito a ele, você está espa-
lhando uma mentira? Quando você fala de alguém a
outrem sem ter-lhe dito primeiro, sem ter-lhe dado o
direito de saber ou de se explicar ou ao menos o di-
reito de colocar outra visão além da sua, ficando ape-
nas com a sua versão, você está mentindo?

Só a sua visão não é a verdade. Só o que você pensa não


é a verdade. Para que de fato se torne verdade é neces-
sário trazer, a quem de direito, o que você pensa dele(a)
antes de falar a outrem, apontando seus erros ou defei-
tos.

Se você não tem coragem de ir lá e falar: “Olha, foi


isso mesmo que você disse?” ou “Eu não gostei”, “Não
concordo” ou ainda: “Muito bem, glória a Deus!”, você
também não pode sair espalhando para os outros o
que viu ou pensou e ainda dizer que é partilha.

Por isso que aqui na comunidade Água Viva fazemos


um esforço muito grande para promovermos as par-
tilhas de vida, onde podemos partilhar um com o ou-
tro e trazer o que pensamos e o que vivemos. É bem
desafiador, porque muitas vezes não queremos dizer
aquilo que pensamos; é mais fácil dizer para o outro
o que pensamos de determinada pessoa, a dizê-lo a
quem é de direito. Isso é considerado mentira, ain-
da mais quando nos justificamos dizendo “não quero
causar confusão”.
Isso não cola, pois precisamos viver como nos apre-
senta o Catecismo da Igreja Católica no artigo 2464:

“As ofensas à verdade exprimem por palavras ou por


atos a recusa em empenhar-se na retidão moral. São
considerados pecados graves para com Deus e neste
sentido, minam os alicerces da aliança”.

Quando um irmão se aproxima de você e pergunta:


“O que te aconteceu?” e você diz: “não vou falar”,
mesmo sabendo que tem algo de errado com você e
que deveria falar, você está ofendendo a verdade. Às
vezes alguém ao seu lado pergunta “Você está cha-
teado(a) comigo?” e você responde “não, não é con-
tigo” e na verdade o é, e se recusa a falar; porém, ao
chegar à esquina fala a outrem. Desta forma, você
abre uma grande brecha.

É preciso, de fato, ser vigilante, porque a palavra de


Deus é clara. Você precisa estar vigiando o seu cora-
ção. Não se pode esquecer de que a paternidade da
mentira é satânica. A mentira vem dele, é manipula-
da por ele, seja de maneira direta ou indireta. Muitas
vezes as pessoas dizem “eu não menti, eu omiti”, e é
a mesma coisa. O demônio é inimigo de Deus e fica
louco para instigar você a estar do lado dele e contra
Deus.
ORAÇÃO:
São João Paulo II disse: “porque a verdade modela a
liberdade do homem e se eu vivo na mentira eu des-
truo a minha liberdade”

Peça a luz na sua consciência hoje para ver como a


mentira destroi a liberdade. Clame a libertação da
mentira na sua vida. Reze clamando o sangue de Je-
sus e rompa com todas as palavras mentirosas, pois
queremos ser pessoas livres.
SUGESTÃO DE MÚSICA: Quem poderá - Vida Reluz
Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.
Não perca! Rezar a Live à noite é um aprofunda-
mento, o Senhor dará continuidade conosco. Se
abra a essa experiência quaresmal. Fique firme
em seus propósitos! É um tempo forte de ora-
ção e de vitória.

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va) ou ainda pelo Instagram @raquelaguaviva.
18º DIA
10 FORMAS DE MENTIR

Santo Agostinho diz: “Mentir é ter uma coisa na mente


e falar outra, seja com palavras, seja com sinais quais-
quer. É por isso que diz que o mentiroso tem o coração
duplo; um duplo pensamento, um pensamento da coisa
que ele sabe ou acredita ser verdadeiro e que não ex-
pressa e o pensamento da coisa que ele expressa mes-
mo sabendo e acreditando que é falsa.”

Olha que forte isso: “o mentiroso tem coração duplo”


e, se nos aprofundarmos nisso, dará muito estudo.

O Catecismo da Igreja Católica, do artigo 2476 ao


2481, destaca as 10 formas de mentir:

1- Perjúrio: Trata-se de um juramento falso. Se dian-


te de um juiz, de um julgamento eu falto com a ver-
dade, eu posso contribuir para o injusto.

2- Juízo temerário: É quando fazemos um julgamen-


to apressado sem provas, nos baseando na impressão
que tivemos da pessoa ou da situação. Por exemplo:
disseram que..., eu ouvi dizer que..., e outros mais.
Um juízo temerário, segundo o catecismo, é mentira.
3- Maledicência: A própria palavra já traz o signifi
cado, é dizer mal ou mal dizer. Por exemplo: quando
você fala mal de alguém ou sobre alguém; quando
você expõe a intimidade de alguém, você está pecan-
do pela mentira.

4- Calúnia: Trata-se de uma afirmação falsa; quando


você ofende a honra de uma pessoa; quando você
fala contra aquela pessoa.

5- Difamação: Quando você desonra uma pessoa tra-


zendo informações falsas dela.

6- Injúria: É, na verdade, quando você diz algo falso


também, está bem parecido com os demais.

Agora o próximo é bem interessante:

7- A Lisonja ou Adulação: Quando você fica adu-


lando uma pessoa, isso é mentira. Significa que você
está enaltecendo de modo exagerado aquela pessoa,
bajulando para conseguir privilégios, para conseguir
vantagens. Lembra daquela expressão “puxa-saco”?
Isso é pecado.

Fazer coisas para ficar agradando a pessoa, você está


mentindo e não está sendo verdadeiro com ela. Quan-
do você tem medo de desagradar uma pessoa, você
não está sendo verdadeiro com ela. Eu sempre digo
que eu tenho medo de quem não fala. Com quem fala
eu não tenho problema. Uma pessoa que não fala e
fica só te rodeando, tentando te agradar é complica-
do.

Cuidado com a adulação e com o “puxa saquismo”.


Você vai dizer assim “Ah, eu não puxo saco, não, mas o
que eu tenho é medo de falar e desagradar as pessoas.
Eu faço de tudo pra ficar agradando as pessoas”. Cui-
dado! Pode ser a mesma coisa. Atenção ao seu cora-
ção, não fique tentando maquiar seus pecados.

8- Complacência: Que é bem parecido com a adula-


ção. Quando você concorda com uma pessoa somen-
te para agradar, é pecado.

9- Jactância: Não é uma palavra muito presente em


nosso cotidiano, mas, na verdade, isso acontece quan-
do ficamos nos gabando ou quando ficamos nos van-
gloriando das nossas próprias qualidades e, na maio-
ria das vezes, quando ficamos nos exaltando demais,
estamos querendo esconder alguma coisa. Quando
ficamos nos exaltando demais queremos esconder o
que não somos e isto é uma mentira.

10- Ironia: É o pecado da mentira. Este comporta-


mento demonstra que você está desdenhando, me-
nosprezando algo ou alguém. É sempre acompa-
nhado de caricaturas que exageram os defeitos dos
outros, ferindo-os e os ofendendo. A ironia é o peca-
do da mentira.
Comece, então, a se questionar e não caia nessas de
pensar: “que mal faz uma mentirinha?” Para seu co-
nhecimento: ela deforma a sua liberdade e aproxima
o mal de você. Não reclame se obstáculos começarem
a aparecer na sua frente. E não adianta dizer “Para
mim nada dá certo”. A mentira faz muito mal.

Quantas desculpas você apresenta para sustentar


pequenas mentirinhas do dia a dia? Quantas justifica-
tivas você fica se dando ou dando às pessoas, talvez
para se convencer ou convencer o outro de que nem
é tão mal assim?

Pensa um pouquinho: você já mentiu no dia de hoje?


Você passou uma informação distorcida, exagerada
ou enganosa no dia de hoje? Coisa simples. Assinou o
ponto fora da hora? Falou que pagou certa quantia,
mas, na verdade, não foi aquilo que pagou? Disse que
estava em casa, mas estava na calçada ainda?

Quantas desculpas você já deu de atrasos? Pequenas


infrações? Quantas mentiras você contou com a fina-
lidade de que alguém não ficasse magoado, chatea-
do? Na verdade, se você fez isso, agrediu muito mais.

Ser sincero parece ser muito difícil, porque nos expõe


muito mais, mas a transparência vai trazer pra você
uma leveza de vida, por mais que você ache que não.
A transparência vai atrair a luz, a verdade e a vida para
tua vida. Você tem, com certeza, Deus ao seu lado.
Você não pode mais ser conivente com nenhum tipo
de mentira dentro de você.

Vá percebendo que a partir do momento que você


rompe com este formato de vida você vai ser muito
mais feliz, porque falar mentira é uma escravidão.
Quem fala mentira tem aquela alegria nublada, ou,
nem é alegre.

A verdade traz alegria, liberdade. Traz sim momen-


tos difíceis, mas, as mentiras não diminuem seus mo-
mentos difíceis e muitas vezes pioram tudo, porque
denigrem, destroem. Muitas vezes quando a mentira
é descoberta pode ser que não tenha mais chance,
não tenha mais como reconstruir. A verdade não é as-
sim. Por mais que a verdade faça o chão tremer, fique
certo de que será reconstruído. A verdade sempre
vence, uma hora ou outra. Sempre, porque Deus está
do lado daquele que fala a verdade, daquele que traz
o cinturão da verdade.

TAREFA:
Quais dessas 10 formas você encontrou nas suas ati-
tudes do cotidiano?
Bom, a partir daqui quais são suas decisões?

ORAÇÃO:
Reze firmando tais decisões.

Faça oração de renúncia e tome para si o cinturão da


verdade nesta oração.

SUGESTÃO DE MÚSICA: Armadura do Cristão -


Fátima Souza
Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.
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19º DIA
RECAPITULANDO

Hoje é domingo, dia reservado para que você possa


PARAR e REVER algum conteúdo da nossa apostila
que perceba que precisa rezar mais, ler novamente e
aprofundar seu estudo.

Com muito zelo e amor, cada dia precisa ser vivido,


pois o Senhor está fazendo em nós uma cirurgia es-
piritual. É um trabalho delicado e forte! Por isso, não
deixe de rezar nenhum dia e contemple essa obra das
mãos de Deus e dos anjos em você.

DEUS TE ABENÇOE!
20º DIA
O INSTINTO DE AUTENTICIDADE

Há, em todos nós, um instinto de autenticidade. Ne-


cessitamos saber quem somos. Precisamos assumir o
nosso ser. Precisamos, cada um de nós, desse ajuste
profundo da nossa identidade - pessoal, única e in-
transferível - conosco próprios, com as outras pes-
soas, com o mundo que nos cerca e principalmente
com Deus. Necessitamos ser nós mesmos, ser aquilo
que somos com plenitude de alegria, ser autênticos,
como necessitamos do ar que respiramos.

Deus nos criou para sermos felizes. Mas, acolhendo


a sugestão do demônio, o homem não se resignou
com a sua condição de criatura, ambicionava ser como
Deus. Não quis aceitar a sua própria identidade, não
quis ser criatura, assumindo assim uma atitude de
inautenticidade.

Em consequência dessa inclinação doentia, o desejo


mais profundo do nosso ser, o desejo de autentici-
dade - que nada mais é, na verdade, do que o desejo
de alcançar a perfeição a que fomos destinados pelo
nosso Criador -, converteu-se no nosso mais grave ví-
cio: o amor-próprio desordenado: queremos ser do-
nos de tudo e não ter carência de nada, queremos
possuir todas as virtudes e não ter nenhum defeito.
Porém isso custa muito esforço, e percebemos que
não temos capacidade para alcançar tudo isso com
as nossas próprias forças, inventamos uma perfeição
que não temos, fingimos uma personalidade que não
possuímos, e caímos na insinceridade de vida.

A SINCERIDADE

Os romanos, na sua paixão pelo belo e pelo autên-


tico, admiravam as expressões artísticas mais perfei-
tas e genuínas, e não admitiam defeitos nas obras de
arte. Por isso, quando um escultor falhava, procurava
dissimular o defeito cobrindo a irregularidade com
cera. E quando a estátua saía perfeita das suas mãos,
dizia-se que estava completa, íntegra, autêntica, sine
cera - sem cera. Daí deriva a expressão sincera. A sin-
ceridade exprime, pois, simultaneamente a veracida-
de e a autenticidade.

O DESFILE DE MÁSCARAS

O homem experimenta um impulso indeclinável para


a grandeza, a perfeição, o triunfo, mas ao mesmo
tempo sente-se inclinado ao comodismo, à preguiça
e à lei do menor esforço. Alguns superam esse dualis-
mo lutando por superar o mundo das tendências in-
feriores e elevar-se às alturas; outros muitos deixam-
-se levar encosta abaixo pelo desleixo e pela apatia; e
um terceiro grupo, talvez o mais numeroso, opta por
uma solução intermédia: esconde as suas insuficiên-
cias e defeitos por detrás de uma máscara.
Qual será a máscara que você tem usado? Vamos, ago-
ra, deter a nossa atenção em um desfile de disfarces,
deixando correr diante dos nossos olhos, na passare-
la da vida, as principais máscaras carnavalescas por
trás das quais costumamos esconder-nos, para delas
tirar um ensinamento fecundo.

O PAVÃO

A primeira fantasia é de um magnífico pavão, que


entra caminhando pausadamente, com inclinações
à direita e à esquerda, erguendo a crista vermelha,
inchando o corpo, sacudindo a sua plumagem fulgu-
rante. Mas essas penas brilhantes encobrem apenas
a sua pobreza interior, e esses penachos vistosos le-
vantam-se acima de um cérebro de mosquito.

O apresentador convida o pavão a retirar-se de cena,


alegando que tem outras personagens para apresen-
tar. Mas o pavão não obedece. Começa a dar voltas
rápidas em torno de si próprio enquanto escuta os
aplausos, e parece que o ouvimos dizer num murmú-
rio de satisfação: “Aplaudam, aplaudam mais; eu vibro
com os aplausos, os aplausos é que me dão vida…
Vocês gostam de mim? É natural, muito natural; eu
também gosto de mim, especialmente da cauda”.
Por fim, o apresentador não teve outro remédio se-
não puxá-lo para fora do palco… pela cauda.
O CAMALEÃO

Sobe agora ao palco uma fantasia estranha; parece


um animal antediluviano em miniatura. Mas o mais
estranho é que, à medida que se aproxima, vai mu-
dando lentamente de cor: apresenta-se pardacento
sobre o tablado, avermelhado quando pisa o tapete
grená, esverdeado quando se coloca diante das sa-
mambaias que servem de enfeite…

O camaleão defende a sua fraqueza utilizando um re-


curso natural - o mimetismo -, que o identifica com
o meio em que se encontra. Há muitos homens que
usam esta máscara: mudam de cor ideológica, pro-
fissional, política ou religiosa de acordo com o am-
biente que os rodeia. Algumas vezes, se adaptam por
prudência; mas outras muitas por covardia, por me-
diocridade, pelo desejo de agradar a todos, por am-
bição.

O LEÃO

A fantasia do leão é perfeita. Encarna a agressivida-


de terrífica do rei da selva. Mas o que esta máscara
esconde por trás? Muitas vezes, as pessoas não repa-
ram que, por trás da agressividade, se esconde a inse-
gurança: o fraco oculta-se com frequência por trás de
uma máscara de leão.

Pobre máscara de leão… Não percebe que já sabe-


mos que, por trás das suas longas melenas, dos seus
dentes afiados e das suas garras potentes, se escon-
de um homem covarde, medroso e fraco; uma pobre
criatura insegura e acuada, que defende a sua fraque-
za atacando com fingida ferocidade.

A RAPOSA

A raposa aparece também. A raposa nunca indica


seus verdadeiros motivos, sempre deixa algo no ar.
Ela não trabalha na verdade, portanto nunca se sabe
as verdadeiras razões de suas atitudes. Rejeita o que
se procura (e se procura é porque no fundo gosta-
ria de ter!); ironiza o que inveja (e se inveja é porque
gostaria de possuir); critica o que no íntimo se deseja.
Quantas pessoas andam pelas ruas das nossas cida-
des, pelos escritórios, fábricas e escolas vestidos com
essa pele de raposa!

A AVESTRUZ

A avestruz esconde a cabeça na terra quando detec-


ta a proximidade de uma fera perigosa. É a atitude
de quem não quer tomar consciência da verdade,
por medo das consequências que essa verdade pode
acarretar. Esta atitude, no terreno espiritual, lembra
aquelas palavras de São João: Quem pratica o mal
aborrece a luz e não se aproxima dela para que as
suas obras não sejam repreendidas (Jo 3, 20).
A ÚLTIMA MÁSCARA

Levanta-se o pano e aparece… Que fiasco! Um ho-


mem! Apenas um homem, vestido, sorridente, de
aparência agradável e simpática… E, num movimen-
to rápido, arranca-se do rosto sorridente uma película
plástica que parece uma pele finíssima; por trás dela
aparece a fisionomia horrorosa de um animal que é
como uma mistura de todos os animais apresentados.
Esta é uma máscara tão perfeita que encobre todas
as outras, uma máscara tão engenhosa que engana
até o próprio mascarado.

Que atitude humana corresponderia a esse tipo tão


sofisticado de máscara? As muitas e diversas atitudes
de enganar-se a si próprio.

Há pessoas que, por um requintado mecanismo de


amor-próprio, pelo alambicado caminho das raciona-
lizações e das justificativas, chegam efetivamente a
convencer-se de que o verdadeiro é falso e de que o
falso é verdadeiro. Utilizam de maneira tão habilido-
sa a arte de justificar os próprios erros, de tecer e de
entretecer motivos e desculpas, que se convencem
de estar com a razão. É como se alguém contasse a si
próprio uma mentira tão bem contada que chegasse
a acreditar que era verdade; ou, pelo menos, a com-
portar-se como se fosse verdade.

A máscara das máscaras… A mais perigosa de todas,


como o mais perigoso artifício do demônio é o de
transfigurar-se em anjo de luz, como diz São Paulo
(cf. 2 Cor 11, 14). Pois, no fim das contas, o pai da
mentira é também o rei das máscaras.

A PROCURA DA VERDADE

Deus nos vê como somos. Não podemos fazer te-


atro diante dEle. Deus, um dia, penetrar-nos-á com
a sua verdade infinita, invadir-nos-á com a sua lumi-
nosidade radiante, e nós, e toda a Humanidade, nos
conheceremos como realmente somos e não como
aparentamos ser através dos nossos fingimentos,
das nossas máscaras. Uma personalidade autêntica,
transparente, coerente, sem dissimulações, é uma
personalidade de que atrai e arrasta!

Para sermos pessoas autênticas e verdadeiras, pre-


cisamos alcançar a sinceridade interior - eliminar as
desculpas e justificativas, saber e tomar consciência
de si e trilhar um caminho de autoconhecimento-, a
sinceridade diante de Deus - deixar as ambiguidades,
as incoerências e retornar à luz da verdade - e a since-
ridade exterior - fugir das duplicidades, ser verdadei-
ro nas palavras e viver a transparência e coerências
nos atos.

O homem reto, o homem coerente está feito de uma


peça só: é sólido, maciço. A sua conduta essencial ca-
minha em cima de uma linha reta, que vai direta ao
seu fim, e parte de uma decisão interior com a mes-
ma força e a mesma naturalidade com que brota a
flor sob os impulsos da primavera. Cada gesto, cada
atitude identificam a sua personalidade interior: não
há nada de postiço, artificial ou inautêntico. As mais
diversas manifestações do seu ser formam um todo
coerente. O resto é rejeitado como um corpo estra-
nho. Perante tudo o que é falso, sente uma espécie
de alergia, e afasta-o com o mesmo movimento es-
pontâneo com que o globo ocular expulsa a menor
partícula de poeira. Um homem coerente tem uma
vida comprometida pela sua palavra.

PERGUNTA:
Qual máscara de animal você tem usado? Amado,
reze para dar esta resposta. Deixe essa história te
confrontar e gerar conversão hoje.

Sugestão de Oração: Reze clamando à Deus a Graça


da autenticidade! Deus, que te conhece, te ajude a
ver porque você está escolhendo usar esta máscara.

Ao final, faça um novo compromisso com Deus e com


você mesmo, de não usar mais nenhuma máscara
como recurso, e ser você! Deus criou VOCÊ COMO
UM DOM NO MUNDO E PARA O MUNDO!!!
SUGESTÃO DE MÚSICA: “Seja você” - Fraternidade
O Caminho
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21º DIA
HUMILDE

(“Os pecados e as Virtudes Capitais” – Prof Felipe


Aquino / “Humildade, raiz de santidade” – prof Felipe
Aquino)

A Soberba é o primeiro, e o pior de todos os pecados


capitais! Levou os anjos maus a se rebelarem contra
Deus, e levou Adão e Eva à desobediência mortal para
toda a humanidade.

A pessoa soberba se sente a ‘fonte’ de seus próprios


bens materiais e espirituais, se esquecendo que é
uma simples criatura, que saiu do nada pelo amor de
Deus, se enche de orgulho por seus feitos.

A pessoa soberba tem um conceito muito elevado


de si mesmo. Acha-se superior aos demais. Acha que
está sempre certo, suas ideias são sempre as melho-
res, sua resposta sempre é a mais acertada. Pensa que
sabe sobre tudo, acha que domina qualquer assunto,
quer ter todas as respostas. Acha que ninguém sabe
o suficiente. Sempre quer falar, é capaz de querer
‘ensinar’ a todos. Nunca deixa de dar o seu palpite.

Se alimenta do louvor e reconhecimento dos outros,


se satisfaz na presunção.
Deus disse a Santa Catarina que: “O pecador, qual la-
drão, rouba-me a honra, para atribuí-la a si mesmo.”
Mas lembremos:

“Deus resiste aos soberbos, mas dá


a sua Graça aos humildes” (Tg 4,6)
A humildade, em contrapartida, é a virtude mais difí-
cil de ser vivida, porque é a raiz da santidade! Como
a Soberba é o pior pecado, a humildade é a maior vir-
tude!

Não é uma atitude que se aprende,


mas é resultado de uma experiência:
a experiência da nossa insuficiência
diante do infinito e perfeito Deus!!

É a coragem de descermos ao fundo de nós mesmos,


nas raízes de nossos vícios. Só têm essa coragem
quem confia em Deus, e sabe que com Ele se pode
vencer!

Ser humilde é nunca contar consigo mesmo, não se


basear em suas forças, mas entregar-se a Deus! Sem
humildade, as virtudes deixam de ser virtudes e pas-
sam a ser exercícios para impressionar os outros.

Ser humilde é ser verdadeiro, aceitar e reconhecer


o que temos de bom e de mau, quais nossas capa-
cidades e talentos, reconhecendo que tudo é dom
Deus, reconhecer a verdade sobre si mesmo, é a co-
ragem de se aceitar.

A humildade não tem a ver com auto rebaixamento,


ou inferioridade, mas sim com a coragem de se po-
sicionar honestamente a partir de sua verdade mais
clara, a partir de um profundo autoconhecimento!
Santo Agostinho diz que a humildade é a percepção
de nossa própria medida, enquanto o orgulhoso en-
gana a si mesmo e se fecha na ilusão para não encarar
as suas verdades.

O orgulhoso se reconhece incom-


parável e único, despreza os outros.

A pessoa humilde reconhece seus erros, fracassos e


limites, tem a coragem de pedir perdão quando erra,
não foge de suas responsabilidades, tem força para
se levantar todas as vezes que cai, porque sabe que
tem limitações e nada pode sem Deus, mas com Deus
pode se erguer. Na humildade a pessoa sabe que é
pecadora, mas, mesmo assim, amada por Deus.

Sabe falar quando é a sua vez, sabe calar quando é


a vez do outro. Sabe ouvir os outros e dar a mesma
importância, sabe aproveitar o melhor de cada um ao
seu lado. Não é arrogante, prepotente ou autossufi-
ciente. Não depender de elogios. Respeita os outros,
é grato! A humildade respeita os outros e os valoriza!

Caminhos para a humildade:


O trabalho: nos ajuda a viver a humildade, nos forma,
pois nos leva a nossos limites, e nos dá a possibilida-
de de atitudes de submissão;

Jejum: dizia um monge que “o jejum humilha o cor-


po”

Gestos: Pelo comportamento do corpo a alma é aju-


dada a adquirir a humildade. Estar de joelhos diante
do Senhor, pedir a bênção àqueles que têm a autori-
dade para nos abençoar, entre outros

Elogiar os demais: o elogio estimula o que tem de


melhor no outro e me trabalha na humildade, porque
eu elevo outra pessoa, e dou a ele o respeito e a reve-
rência que merece.

Contrição verdadeira de coração: arrependimento


profundo de nossas culpas e pecados. Reconhecen-
do a sua parcela, sem se importar com o que o ou-
tro ‘fez’, mas reconhecendo sua miséria e pedindo
perdão por elas. Todos os dias cometemos inúmeros
pecados. Às vezes não conseguimos ver. Se você não
está conseguindo reconhecer os pecados que come-
te todos os dias, clame a Graça da humildade!!

O Silêncio: é importante aprender a silenciar dian-


te das situações. Se o silêncio vem da humildade ele
leva à reconciliação e deixa nosso coração tranquilo e
gentil.
ORAÇÃO:
É preciso rezar muito para obter a graça da humilda-
de! Rogar a Deus para ser humilde, pequeno, liberto
das ilusões do amor-próprio. É necessário meditar to-
dos os dias sobre nossas atitudes, nos humilharmos
diante de Deus e clamar a força para lutar e vencer a
nós mesmos a todo instante!
TAREFA:
Depois de rezar e clamar a Graça da Humildade, es-
colha pelo menos 3 caminhos da humildade e imple-
mente na sua vida, até o final da quaresma.

Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.


Não perca! Rezar a Live à noite é um aprofunda-
mento, o Senhor dará continuidade conosco. Se
abra a essa experiência quaresmal. Fique firme
em seus propósitos! É um tempo forte de ora-
ção e de vitória.

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22º DIA
PECADO DA PRESUNÇÃO

Vamos iniciar o dia com mais um mergulho profundo


dentro de nós mesmos neste tempo quaresmal, tem-
po de muita graça e transformação.

Comece olhando para o mais íntimo do seu ser e res-


ponda: você se preocupa com sua autoimagem e com
o que os outros pensam de você? Você deseja contro-
lar até o pensamento do outro a seu respeito? Você
fica se deliciando com seus acertos e morre com seus
erros? Adora elogios e fica irritado(a) ou se sente in-
justiçado(a) quando não é reconhecido(a)? Sempre
faz algo pensando no que o outro irá falar? Deseja
agradar o próximo para ser bem visto? As suas ideias
e pensamentos são sempre as melhores?

Se você respondeu no mínimo um sim para uma das


perguntas acima, você se encontra apto(a) para con-
tinuar a jornada de hoje. Jesus deseja falar contigo
sobre o pecado da PRESUNÇÃO.

Nosso Catecismo da Igreja Católica, no que diz no nú-


mero 2091. Os pecados contra a esperança, que são
o desespero e a presunção:
Pelo desespero, o homem deixa de esperar de Deus a sua
salvação pessoal, os socorros para atingir, ou o perdão
dos seus pecados. O desespero opõe-se à bondade de
Deus, à sua justiça (porque o Senhor é fiel às suas pro-
messas) e à sua misericórdia. Em 2092 CIC diz que “Há
duas espécies de presunção: o homem ou presume das
suas capacidades (esperando poder salvar-se sem a aju-
da do Alto), ou presume a onipotência ou a misericórdia
de Deus (esperando obter seu perdão sem se converter,
e a glória sem a merecer).

O presunçoso coloca em si sua força, capacidade e


qualidades. Ele acredita que pode alcançar as graças
e a salvação por si só, sem depender de Deus. O ca-
tecismo fala de oposição à bondade de Deus, ou seja,
o presunçoso abre guerra contra Deus e seus ensina-
mentos, uma vez que tenta ocupar o lugar de Deus,
ele se torna o centro de tudo. É um pecado gravíssi-
mo, pois fere a esperança, uma das virtudes teolo-
gais. Pois, uma vez que deixamos de esperar em Deus,
desacreditamos no seu poder, amor e bondade para
com o homem e passamos a acreditar nas próprias
forças, ou seja, auto idolatria. O presunçoso faz de
Deus um objeto de suas vontades, tornando O Cria-
dor em criatura sua, foi o pecado de Lúcifer. É impor-
tante dizer que este pecado deforma a essência dos
filhos de Deus, pois deixamos de ser sua imagem e
semelhança e passamos a ter as mesmas atitudes do
anticristo, arrogantes e rebeldes.
O pecado da presunção abre porta para outros peca-
dos, vejamos:

n. 2732. A tentação mais comum, mais oculta, é a nos-


sa falta de fé, que exprime não tanto pela incredulida-
de declarada quanto por uma opção de fato. Quando
começamos a orar, mil trabalhos e preocupações, julga-
dos urgentes, apresentam-se a nós como prioritários. É
mais uma vez o momento da verdade do coração e do
seu amor preferencial. Umas vezes, voltamo-nos para o
Senhor como nosso último recurso: mas será que acre-
ditamos mesmo n’Ele? Outras vezes, tomamos o Senhor
como aliado, mas conservamos o coração cheio de pre-
sunção. Em todos os casos, a nossa falta de fé revela que
ainda não temos as disposições de um coração humilde:
«Sem Mim, nada podereis fazer» (Jo 15, 5).

n. 2733. Outra tentação, à qual a presunção abre a por-


ta, é a acídia (chamada também de preguiça). Os Padres
espirituais entendem esta palavra como uma forma de
depressão devida ao relaxamento da ascese, à diminui-
ção da vigilância, à negligência do coração. «O espírito
está decidido, mas a carne é fraca» (Mt 26, 41). Quanto
mais alto se sobe, tanto maior a queda. O desânimo do-
loroso é o inverso da presunção. Quem é humilde não se
surpreende com a sua miséria; Passa a ter mais confian-
ça, a perseverar na constância.

Aqui estão dois pecados com um alto grau de gravi-


dade, pois levam a morte espiritual e a perda do sen-
tido da vida. É tão sério, pois todas as outras coisas
acabam por ocupar o primeiro lugar na nossa men-
te, e muitas vezes disfarçamos numa falsa humilda-
de, pois clamamos a Deus, contudo, cheios de nós
mesmos. Até pedimos que ele resolva os nossos pro-
blemas, mas no fundo acreditamos mais em nós que
na ação de Deus, depositamos a força, a solução em
nossas capacidades e inteligência, isto explica a falta
de fé.

Aqui falo para todos os cristãos, em especial, os consa-


grados da igreja, precisamos fugir da presunção, pois
abre a porta para a acídia (preguiça espiritual), peca-
do silencioso, porém, mortal para a nossa vida consa-
grada. Como o Catecismo nos ensina sobre acídia, “...
entendem por ela uma forma de depressão devida ao
relaxamento da ascese, à diminuição da vigilância,
à negligência do coração. ‘O espírito está decidido,
mas a carne é fraca’...”. Como ela age? O consagrado
presunçoso acredita que por muitas horas de entre-
ga e oração não precisa se esforçar, acredita que o
nível de ascese que alcançou é suficiente para a sua
salvação, que não tem importância deixar de cumprir
um dia sua rotina espiritual, afinal, já rezou tanto. No
fundo, este consagrado presunçoso está confiando
em si próprio e não na graça de Deus, coloca como
prioridade de sua vida todas as coisas, quando na ver-
dade seu tempo deveria ser dedicado em primeiro lu-
gar a Deus. Com este agir, a acídia começa a tomar o
coração do consagrado, que passa pela depressão es-
piritual devido o relaxamento da ascese, esta perde o
sentido de sua entrega, a alegria da vida consagrada,
a pureza do coração e o olhar para o céu, passa a se
auto-idolatrar esvaziando assim, o seu chamado. Ele
deixa de rezar, de fazer suas adorações, suas vigílias,
suas penitências, perde o gozo da vida espiritual, e in-
felizmente vai para uma sexualidade desequilibrada
e tantos outros pecados para tentar recuperar aquilo
que perdeu.

Este pecado causa a morte vocacional, tanto no ma-


trimônio quanto na vida consagrada, causa a morte
ministerial, causa um esfriamento na igreja e abando-
no na fé.

Meus amados! Fujam, fujam da presunção! Deixe


Deus ocupar a centralidade de sua vida!

Se você está realmente disposto a combater este pe-


cado irá precisar seguir alguns passos!

O primeiro passo para nos desfazermos desse peca-


do é admitir honestamente que somos presunçosos.
O segundo passo é clamar a luz de Deus para que pos-
samos enxergar todos os nossos pecados. O próximo
passo é pedir perdão a Deus e reconhecer que não
somos nada sem Ele. Todas as honras e glórias são
devidas a Ele! Fuja dos elogios! Este próximo passo é
de extrema importância, clamar a Deus e aos outros
que nos digam o que somos na realidade.
TAREFA:
Sem melindres, ou ficar ofendido, busque pessoas
que te conheçam verdadeiramente e que tenham co-
ragem de te mostrar quem você é! Cuidado com os
bajuladores ou pessoas muito próximas que podem
perder de vista o essencial. Anote tudo, reze, clame
a Deus a transformação e perdão dos seus pecados.
Caso aquilo que for dito a você doer muito o seu co-
ração, agradeça a Deus, pois você está tendo a gran-
de graça de perceber o quanto você é presunçoso! O
Último passo é: mude!

Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.


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23º DIA
A PREGUIÇA
(Referência: Faus, F. A preguiça. 2016)

“Existe uma definição muito simples de preguiça, com


a qual é fácil concordar: a preguiça é a resistência ao
esforço e ao sacrifício. Com efeito, o preguiçoso não
tem um ideal de perfeição esforçada, mas de facilida-
de. Mais do que o bem, move-o a VANTAGEM.”

Pensa-se que a preguiça está relacionada ao fato de


“uma aversão ao trabalho, o não querer se desgastar,
ou ainda, a busca pelo menor esforço”. Certamente
está ligada a isso, mas está muito além, vamos com-
preender.

A preguiça está relacionada com algumas atitudes


como: quando não temos o ‘ânimo’ ou falta a ‘ener-
gia’ para desempenhar alguma tarefa, sempre se quer
deixar para fazer depois. Compromete a vivência da
caridade e torna a pessoa egoísta. “O preguiçoso en-
cara a vida buscando fazer o que lhe é imprescindível
apenas, e nada mais.. apresenta características como
comodismo, falta de vibração, busca sempre pelo
caminho do mais fácil, o mais agradável, o aparente-
mente mais curto.”
A questão é que esse problema/ pecado aparente-
mente ‘superficial’, ‘bobo’, esconde um grande ‘bura-
co’ dentro da pessoa:

Um filósofo disse: “A preguiça significa, antes de mais


nada, que o homem renuncia à altura da sua dignidade:
não quer ser aquilo que Deus quer que seja”. E nessa re-
núncia: se destrói!!

“DESISTIR DOS IDEAIS É DESIS-


TIR DE SERMOS NÓS MESMOS!”
“PORQUE CADA UM DE NÓS SÓ PODE REALIZAR-
-SE NA MEDIDA EM QUE LUTA POR AJUSTAR-SE
ÀQUILO QUE DEUS LHE PROPÕE COMO META
NA VIDA.”

“FURTAR-SE A ESTE PLANO DE DEUS, QUE É A SUA


VONTADE E O NOSSO IDEAL É A MAIS RADICAL
DAS FRUSTRAÇÕES.

Na vida, o que nos desencanta não são as pequenas


ambições insatisfeitas – no plano do sucesso e do di-
nheiro, por exemplo –
mas os IDEAIS ABANDONADOS OU ATRAIÇOA-
DOS.”

Paremos neste ponto um instante.


TAREFA:
Reze clamando a Graça do Espírito Santo, para que
te ajude a ver no seu mais íntimo. Não tenha medo
de olhar nas suas profundezas, não tenha medo de
se ver. Peça a seu anjo da guarda que te auxilie neste
caminho.

Leia novamente o texto acima.

Avalie seu coração:


1) Você se identifica como uma pessoa preguiço-
sa(o)? Por quê?

2) Você tem lutado pelas coisas que Deus te propõe?


Seja sincero: olhe pro profundo do seu coração e da
sua alma!
a) Você tem se dedicado em dizer tudo na sua for-
mação pessoal?

b) Você cumpre com qual afinco as tarefas e direcio-


namentos que seu formador te passa?
c) Como você desenvolveu, nos últimos tempos, seu
setor e seus ministérios? Como você agiu nos seto-
res por onde passou nos últimos meses? Você agre-
gou? Se dedicou em fazer o seu melhor? Cuidou do
espaço? Cuidou das relações com as pessoas ao seu
redor? Buscou ser um verdadeiro anunciador da vida
e ministro do amor?

3) Existem frustrações dentro de você?

4) Quais ideais você está renunciando?

5) Copie aqui qual a frase que mais te marcou no tex-


to acima:

Reze clamando a Graça do Senhor! Para que Deus te


ajude neste caminho de identificação e arrependi-
mento.
Clame a força do alto para te ajudar a encontrar a sua
força interior e vencer esta guerra! Lembre-se: “o Rei-
no dos céus é dos violentos” (Mt 11, 12) – todos tra-
zemos em nós a força para sermos quem realmente
Deus nos chama, e podemos ser essa pessoa HOJE!!

Releia o que ficou de mais forte pra você desde o tó-


pico da preguiça.

Retome quais os ideais que você abandonou no cami-


nho. Ou quais os propósitos que você deixou pra trás.

Reze clamando a Graça do Senhor para que Ele des-


perte em seu coração seus ideais e desperte em seu
coração a Força da Santidade!!!!

Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.


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24º DIA
CONTINUAÇÃO SOBRE A PREGUIÇA
(Referência: Faus, F. A preguiça. 2016)

“Uma das formas mais comuns da


preguiça é a repugnância pelas al-
turas espirituais e morais. É o que
poderíamos chamar a ambição da
mediocridade.”
Ou seja, repelimos ou afastamos veementemente os
altos graus espirituais e morais, não queremos nos
esforçar TANTO para sermos melhores, acreditamos
que o melhor é ‘fazer, sem precisar de tanto, sem gas-
tar muita energia’, nos escondemos atrás da medio-
cridade, ‘fazendo o que dá do jeito que posso’.

Não queremos nos esforçar tanto, não queremos nos


dedicar tanto, aprendemos e acreditamos que não
precisa ‘ser tão radical’. ‘É preciso se poupar’, ‘o que
importa é ser feliz’, ‘precisa fazer o que agrada’, etc..
essas frases desvirtuam a verdade e nos empurram a
um caminho de autoconservação perversa, egoísta e
destrutiva.
No fundo PARECE que temos ‘medo’ de nos doar, de
nos gastar pelo outro... é como se tivesse uma força
maior que nos impede a sair de nós mesmos, uma voz
que nos diz que devemos nos poupar e guardar nossa
energia, como se fosse nos faltar, porém:

“NUNCA É POR TER-SE DADO OU SA-


CRIFICADO QUE UM HOMEM SE ES-
VAZIA, MAS POR TER-SE POUPADO.”
Não nos enganemos: pessoas muito ocupadas podem
ser profundamente preguiçosas! Porque ‘andamos
muito ocupados’ e acabamos por não fazer o essen-
cial, nos esquivamos do que realmente deveríamos
fazer, e por ‘não ter tempo’, damos desculpas para
Deus... Muitas vezes não queremos nem pensar na
possibilidade, pelo medo do sacrifício.

“Seria muito bom que cada um de nós revisasse, sin-


ceramente, o que há por trás dos nossos não posso.
Não demoraríamos a descobrir, com evidência, que
se trata de uma falta de interesse ou de uma falta de
amor.”

A preguiça tem outras máscaras:

a da ordem – a ordem que não é a virtude, mas a


máscara da preguiça, faz a pessoa se esconder atrás
do seu ‘esquema’ para se fechar em seu egoísmo e
comodidade. Essa ‘ordem’ dita uma vida fechada em
si mesma, em seus próprios pensamentos e fecha-
mentos, para uma vida mais ‘tranquila’, pois é avessa
à possibilidade de sair de seus próprios esquemas ou
formatos. Nenhuma necessidade de alguém ou pe-
dido de ajuda pode interferir em sua programação,
ou seu modo de viver.. Completamente diferente é
a virtude da ordem que busca por um meio para se
ofertar mais e melhor, não hesitando em sair do seu
‘quadrado’ para cumprir as direções de Deus e as ne-
cessidades do outro.

A do Cansaço - dizemos, com a rasa sinceridade,


que ‘não podemos mais’, até que apareça algo ‘mais
interessante’. ‘Não podemos mais’ cumprir ‘aquela
tarefa’ ou atender à necessidade de alguém, ou rezar
aquela oração, ATÉ QUE apareça alguma outra ati-
vidade mais atraente, aí, eventualmente, o cansaço
misteriosamente passa, ou nos faz desistir.

Às vezes sentimos de Deus um desejo de desenvolver


ou desempenhar algo. E nos escondemos atrás do
pensamento de que ‘não temos jeito’. É importante
relembrar: “basta começar, basta iniciar sinceramen-
te o esforço, e a capacidade aparece. (...) Deus não
deixa nunca de auxiliar a quem se esforça com boa
vontade.”
“UMA GRANDE PARTE DE NOSSA VIDA SE
EVAPORA EM DESEJOS IRREALIZADOS, POR-
QUE A PREGUIÇA FAZ CONFUNDIR O TEM-
PO PROPÍCIO COM O TEMPO CÔMODO.

Tempo propício, tempo oportuno, é o que Deus vai


marcando. Quando Ele nos inspira um bom desejo,
quando acende uma nova luz na alma, esse é o mo-
mento propício para começar – quanto antes -, por-
que é a hora da Graça divina.

Ao final, compreendemos que: a preguiça é o CON-


TRÁRIO DO AMOR, pois, no fundo, tem tristeza e
aversão pelo bem!

ORAÇÃO:
Peça neste momento a Graça do Espírito Santo, ele
que é o inflamador das almas. Peça a graça da conver-
são pela força do amor.
SUGESTÃO DE MÚSICA: Inflamador das almas -
Suely Façanha

TAREFA:
Escreva os principais pontos e o que fez sentido pra
você.
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25º DIA
DILIGÊNCIA
(Referência: Faus, F. A preguiça. 2016)

A virtude da diligência é o antídoto contra a pre-


guiça! “Ela consiste no carinho, alegria e prontidão
(coisa diferente da pressa) com que pensamos no
bem e nos prontificamos a realizá-lo da melhor ma-
neira possível.”

A diligência exige atenção, amor, entrega e doação


de si.

“O nosso século orgulha-se de ser o da vida intensa, e


essa vida intensa não é senão uma vida agitada, por-
que o sinal do nosso século é a corrida, e as mais belas
descobertas de que se orgulha não são as descober-
tas da sabedoria, mas da velocidade. E a nossa vida só
é propriamente humana se nela há calma, vagar, sem
que isto signifique que deva ser ociosa (...) acumular
corridas e mais corridas não é acumular montanhas,
mas ventos.”

“Diligente vem do verbo diligo, que significa amar,


apreciar, escolher alguma coisa depois de uma aten-
ção esmerada e cuidadosa.
Não é diligente quem se precipita, mas quem traba-
lha com amor, primorosamente.”

“Na verdade, quem não nos deixa meditar é a pre-


guiça. É mais fácil escorregar pelo tobogã da rotina,
mesmo que seja uma rotina febril, do que ter a cora-
gem de se enfrentar consigo próprio (...).”

Deus nos pede que façamos muitas coisas, mas é pre-


ciso nos colocar verdadeiramente diante dEle, escu-
tar dEle quais as prioridades, de cada dia, e assim tra-
balhar cumprindo a Vontade dEle!! É Deus quem nos
dá a direção!!

É preciso meditar para agir, encontrar o sentido e dar


sentido, assim certamente conseguiremos encontrar
o amor e viver a caridade (doação de si) vencendo os
egoísmos. É preciso dar qualidade ao que se realiza,
independente do tempo que se tenha, é necessário
dar qualidade, principalmente ao que mais importa:
nossos relacionamentos!

“NÃO É POUPANDO-NOS QUE EN-


CONTRAREMOS VIDA E FELICIDA-
DE, MAS DANDO-NOS MAIS E MAIS.”
“QUANTO MAIS GENEROSO FOR O SACRIFÍCIO E
MAIS PROFUNDA A ENTREGA, MAIS IMPETUOSA-
MENTE BROTARÁ A ALEGRIA, COMO UM SINAL DE
PLENITUDE DA VIDA:
Quem quiser guardar a sua vida, perde-la-á; mas quem
perder a vida por amor de mim, a encontrará’
(Mt 16, 25)”

Em nosso dia a dia temos a tendência de ‘passar por


cima’ de muita coisa, sem prestar atenção, caímos em
nossas próprias armadilhas, caímos em nossos ‘peca-
dos de estimação’, como se fosse ‘qualquer coisa’. Nos
escondemos atrás de nossos cansaços, e até mesmo
atrás de nosso ativismo, e acabamos nos privando de
amar!!

Nos privamos de amar quando deixamos para depois.


Deixamos de dar o nosso melhor.

Nos privamos de amar quando não olhamos para o


outro. Acabamos na correria do dia a dia não olhando
para quem está diante de nós.

TAREFA:
Onde você pode dar mais de si?

Quem pode receber mais de você?

Clame a Graça do Espírito Santo.

Peça a Deus que te ajude a adquirir a virtude da dili-


gência! Que a diligência em você vença toda e qual-
quer preguiça!
SUGESTÃO DE MÚSICA: Mais além - Raquel
Carpenter

Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.


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26º DIA
RECAPITULANDO

Hoje é domingo, dia reservado para que você possa


PARAR e REVER algum conteúdo da nossa apostila
que perceba que precisa rezar mais, ler novamente e
aprofundar seu estudo.

Com muito zelo e amor, cada dia precisa ser vivido,


pois o Senhor está fazendo em nós uma cirurgia es-
piritual. É um trabalho delicado e forte! Por isso, não
deixe de rezar nenhum dia e contemple essa obra das
mãos de Deus e dos anjos em você.

DEUS TE ABENÇOE!
27º DIA
A CONSTÂNCIA

NÃO HÁ CONSTâNCIA SEM IDEAL


A constância é condição de progresso. Quando um
navio é fiel à sua rota - quando é constante - avança,
chega ao porto de destino. Quando não o é, detém-
-se ou gira sem rumo, esterilmente.

“Quem persevera alcança, quem não persevera


descansa e deixa a graça passar”
( Raquel Carpenter)

O homem deve escolher livremente o seu ideal de


vida, de acordo com os desígnios de Deus. Deus, que
nos deu o ser e podia não o ter feito, não nos lançou
ao mundo como um barco à deriva. Quem deu a cada
estrela a sua órbita, marcou também para nós o ro-
teiro da nossa realização. Deus criou o universo de
acordo com um plano infinitamente sábio e nos de-
signou uma missão a cumprir dentro dele. Cada um
de nós foi objeto de uma convocação. Sim, podemos
dizer que cada um de nós nasceu com um propósito
de vida, isto é, com um determinado objetivo - pesso-
al e intransferível - a ser atingido.
Deus nos deu a graça de sermos, de alguma forma,
como que coautores da nossa própria vida; deixou
em nossas mãos a capacidade de fazer esse grande
milagre: o milagre de poder ser. Deus não nos impõe
um propósito, mas nos oferece.

A constância não existe onde não existe esse ideal,


essa clareza de seu propósito de vida, da mesma ma-
neira que não faz sentido a persistência do escultor
em cinzelar a pedra quando não se determinou a fa-
zer estátua alguma. Não são poucas as pessoas que,
sem sabê-lo, desanimam na vida, desistem da sua
luta, simplesmente porque não têm um ideal ou por-
que têm um ideal mesquinho. Este ideal é força de
crescimento. Só tem constância aquele que tem cla-
reza dos seus propósitos.

O ideal não atinge a sua plenitude sem constância:


Quem perseverar até o fim, esse será salvo (Mt 10, 22).
A perseverança é requisito essencial para salvar - para
consumar - a vida. Chegar à plenitude do nosso ser é
uma grande obra. Mas essa obra não é fruto do en-
tusiasmo de um momento. Exige esforço continuado
ao longo da vida toda.

A maior força que o homem possui não é a da sua


inteligência, nem a dos seus músculos ou do seu en-
tusiasmo, mas aquela que se condensa, pela cons-
tância, numa vontade de ferro. Quantos homens in-
teligentes e entusiastas fracassaram por não terem
sido capazes de suportar o peso de um trabalho con-
tinuado. Quantos que estariam dispostos, num lance
de audácia, a arriscar a vida por um ideal, não sabem
encarar de frente uma circunstância adversa, talvez
pequena, quando esta se prolonga durante anos ou
lhes parece revestida de um caráter crônico.

O poder inestimável da constância se destila do sofri-


mento padecido em silêncio, da tarefa que se termi-
na com perfeição, da peça acabada até o seu último
detalhe, do chão esfregado no recanto que não se vê,
do sorriso amável perante o desagradável e o inopor-
tuno, do ritmo disciplinado dos afazeres quotidianos,
da pontualidade e exatidão no cumprimento do de-
ver… Estes e não outros são os elementos integrado-
res dessa imensa energia que se chama constância.

Uma análise dos projetos de vida mal sucedidos reve-


la que a causa mais frequente dos fracassos é precisa-
mente a inconstância: a incapacidade de perseverar
até o fim. Quem quer o fim, deve querer os meios. O
alpinista que se apaixona pelo cume, agarra-se tam-
bém com paixão à corda que o leva até lá, ainda que
lhe queime as mãos.

O verdadeiro herói é aquele que cumpre com seu de-


ver um dia e outro, até o fim…, indiferente aos aplau-
sos e hinos triunfais. É o pai fiel, a mãe sacrificada,
o trabalhador honesto, o apóstolo que queima a sua
vida sem pretender outra coisa que a glória de Deus
e o bem dos homens… Mas é também aquele que,
no fim da sua vida, olhando para trás, ao acabarem os
seus dias, poderá serenamente dizer: missão cumpri-
da. Ou, com Jesus: tudo está consumado.

A constância exige fidelidade a um ideal ou, mais con-


cretamente, fidelidade a esses pequenos deveres e
propósitos que formam o caminho do ideal grande.
Essa fidelidade reclama necessariamente a supera-
ção do mundo puramente sensível, porque o cumpri-
mento do dever, com frequência, não é precisamente
o mais agradável, o mais apetecível. É evidente que,
quem tomar como orientação da sua vida, seguir o
menos custoso ou o mais gostoso, não poderá ser
fiel a nenhum compromisso, fracassará em todos
os seus empreendimentos, terminará vendendo-se
a quem pague por ele o preço da mais elevada sen-
sação, e por último chegará a sentir - muito mais ar-
dentemente do que qualquer deleite - a mordida da
frustração.

TAREFA:
Proponha-se em tudo que começa hoje ir até o fim
sem deixar inacabado.

O que prometer fazer, esforce-se para cumprir.

Comprometa-se a ser fiel aos horários e compromis-


sos agendados do seu dia.

E assim, você irá começar o seu trabalho por conquis-


tar esta preciosa virtude.
ORAÇÃO:
Peça ao Espírito Santo que clareia qual seu propósito
de vida, que venha sobre você a verdade de Deus. Co-
loque a música “Vem com peso da sua Glória” (Débora
Reis) e que a glória de Deus se derrame sobre você
para que toda procrastinação e frustração deem es-
paço a constância.

Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.


Não perca! Rezar a Live à noite é um aprofunda-
mento, o Senhor dará continuidade conosco. Se
abra a essa experiência quaresmal. Fique firme
em seus propósitos! É um tempo forte de ora-
ção e de vitória.

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28º DIA
DUAS PALAVRAS

Duas palavras decisivas para nossa vida são: confiar


e amar.

Como está sua capacidade de confiar e amar?

O homem deseja - e está destinado a atingir - metas


que superam a sua capacidade natural: necessita, por
isso, em tudo e por tudo, de se confiar ao poder sem
limites de Deus. Deus nunca decepciona. Cristo está
hoje, agora, ao nosso lado, e o seu poder em nada
diminui. Deus vive junto de nós, dentro de nós, escu-
ta-nos e nos responde. Mas é necessário confiar nEle.

Confiar e amar. Quem ama confia. E por isso perse-


vera: Qual é o segredo da perseverança? O amor, diz
São Josemaria Escrivá.

O amor, em termos humanos, é a grande motivação.


O amor, na perspectiva da fé, é a grande força do Es-
pírito (1Cor 2, 4). Um homem sem amor, em qualquer
terreno, é como um motor sem combustível. Mas um
homem com amor é mais forte do que a morte (Cant
8, 6).
Quem se enamora do seu ideal não o deixará. Quem
se enamora do seu lar não cairá na infidelidade. Quem
se enamora de Cristo não o abandonará.

Como muda num segundo o significado de uma ocu-


pação sem colorido quando, de repente, se coloca ao
nosso lado a pessoa que amamos! Como se transfor-
ma toda a paisagem da nossa existência quando, sem
mudar materialmente nada, um raio de amor perfura
a névoa da monotonia ou das dificuldades. O amor
provoca um estado de vitalidade, opera uma trans-
formação nas disposições mais íntimas, como se num
momento todas as forças e possibilidades da pessoa
convergissem num mesmo sentido e direção, arras-
tando consigo todas as canseiras e desânimos. Dir-
-se-ia que, literalmente, nos levanta do chão. O amor
não é um romantismo. O amor deita as suas raízes
nas regiões mais profundas do nosso ser, ou seja, o
amor alcança as áreas mais profundas em nós. Toma
a personalidade inteira: a cabeça, o coração e a sensi-
bilidade. Está feito não apenas de sentimentos, mas
sobretudo de convicções.

PERGUNTAS
Como estão as suas atitudes em relação à confiança
e ao amor?

Pense nas pessoas amadas que, em momentos espe-


cíficos de sua vida, foram o ânimo que você precisa-
va. Agradeça a Deus por estas experiências de vida e
por estes anjos que expressam o amor para você.
ORAÇÃO:
Reze hoje para que Deus te cure de todo desamor e
que você se autorize amar e ser amado. Faça uma ora-
ção de autorização para experimentar o amor, para
se abrir a voltar a confiar nas pessoas e para poder
expressar amor.

Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.


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29º DIA
EGOÍSMO
(Referência: Cifuentes, Rafael Llano. Egoísmo e Amor. 2016)

Todo ser humano possui uma nobre ambição de de-


senvolver todas as suas potencialidades, visto que a
sua condição natural suspira por uma plenitude hu-
mana e espiritual à altura da dignidade de filho de
Deus. Mas, com esse desejo mistura-se uma ambição
doentia de supervalorização do próprio eu e, sem re-
parar vai-se tornando para si mesmo Deus e mundo.
O egoísmo é uma doença provocada pelo pecado ori-
ginal e transmitida depois a todo o gênero humano.
Deus nos criou para que possuíssemos eternamente
a sua felicidade e o seu amor infinito. Mas o homem
queria ser como Deus. Esta marca nasce com cada ser
humano, cresce ao ritmo de sua infância, acentua-se
na adolescência – com os primeiros brotos de inde-
pendência e individualismo, e desenvolve-se à medi-
da que a personalidade vai criando seu próprio mun-
do.

Quando falamos de egoísmo englobamos também:


soberba, orgulho, vaidade, altivez e presunção. Eles
“batem de frente” com a virtude da caridade.

Existem várias formas de egoísmo:


O egoísmo com relação a si mesmo

Estamos vivendo essa forma de egoísmo quando


tendemos a agigantar a nossa imagem; a justificar as
nossas falhas; a ser insinceros e esconder dos outros
as nossas limitações; a autopiedade; a ser hipersen-
síveis, melindroso quando os outros nos corrigem
ou desvendam. O orgulhoso sente a crítica como um
ataque pessoal.
O orgulho ferido pode ter ainda outra manifestação
alternativa: a depressão. É como se ficassem de “luto”
diante desse formidável “eu” que sonhavam ser, e
que acaba de morrer vítima de uma crítica ou corre-
ção que lhes parece injusta.

Nunca chegaremos à objetividade e ao realismo


da verdadeira maturidade enquanto não compre-
endermos que nós somos o que somos diante de
Deus.

O egoísmo com relação aos outros

Vivemos essa forma de egoísmo quando em vez de


olharmos para as pessoas para lhes descobrir as ne-
cessidades – que é o olhar de quem sabe amar – olha-
mos para elas apenas para descobrir de nós; e quere-
mos sempre ter a razão.

O perfeccionismo gera essa ansiedade, esse desassos-


sego e inquietação. O perfeccionista trabalha até o
esgotamento naquilo que sabe que engrandecerá
a sua própria imagem. Já nos trabalhos que são re-
almente importantes e que muitas vezes não serão
vistos pelo seu público de interesse sofre de pregui-
ça seletiva que é a preguiça que se manifesta apenas
nas ocupações menos atraentes. Tudo isso reflete a
imagem do homem vaidoso.

Uma história muito famosa da mitologia grega é a de


“Narciso que era um jovem extasiado pela sua própria
beleza que, um dia, ao ver refletido o seu rosto nas
águas de um lago, atraído por si mesmo, tentou abra-
çar-se e morreu afogado”. O vaidoso, perfeccionista,
se coloca num pedestal tão alto, que se isola das ou-
tras pessoas, muitas vezes sem perceber, e quando
vê já está se afogando na solidão.

A inveja também faz parte dessa forma de egoísmo.


Segundo São Tomás de Aquino, a inveja “consiste na
tristeza perante o bem do próximo, considerado como
mal próprio porque se julga que ele diminui a própria ex-
celência, honra e felicidade”. Da inveja brota o espírito
crítico e todas as suas sequelas que crescem como
uma colônia de fungos na vida social: a murmuração,
a maledicência, a calúnia, o mexerico, dentre outros.
Criticamos para diminuir os outros e nos elevar ou
para nos consolarmos. Para realizar essas críticas mui-
tas vezes nós utilizamos da ironia como uma arma,
pois queremos atingir indiretamente as pessoas.

Todas essas manifestações do egoísmo podem ser


resumidas no egocentrismo. O egocêntrico enxerga
tudo através do prisma do proveito pessoal. Sem per-
ceber, em menor ou maior número, serve-se ou ex-
plora os outros. Possui dois corações: um amoroso e
carinhoso, para si; outro severo e rigoroso, para com
os outros.

Outro fator é o amor por interesse. Quando amamos


fundamentalmente porque o objeto amado nos com-
pleta e realiza. Daqui surgem: o amor possessivo e os
ciúmes.

O egoísmo com relação a Deus


Conhecido como Egolatria que é a tendência de ado-
rarmos a nós mesmos. Apresenta-se de forma disfar-
çada, como por exemplo na Autossuficiência Religio-
sa – pretensão de seguir uma religião própria, que se
adapta aos desejos de caráter subjetivo.

Para finalizar, o monge beneditino e teólogo alemão,


Benedikt Baurn, diz que: “toda perfeição, toda san-
tidade, todo progresso espiritual se fundam na des-
truição do amor-próprio. Só sobre suas ruínas se pode
erguer de novo um edifício em que Cristo viva e rei-
ne”. Para isso é necessário mergulhar profundamen-
te dentro de si e encarar o monstro do egoísmo. É
preciso tocar toda a podridão que existe dentro de si.
Pois, é olhando para esses lugares e se familiarizando
com eles, conhecendo suas armadilhas que podemos
criar estratégias para o combate diário contra o ego-
ísmo. Mas tenha sempre em mente que a forma mais
positiva de vencer o egoísmo é exercitando o amor.
TAREFA:
Deixamos aqui algumas perguntas para que você
possa refletir e mergulhar profundamente no que
estamos trabalhando nesse dia:

1) Você pensa apenas em si ou é aberto a pensar nos


outros?
2)Preocupa-se muito com a sua imagem? Com o que
vão pensar de você?
3)Como você reage quando alguém faz uma queixa
sobre você? Você faz muitas queixas a respeito dos
outros?
4) Antes de se aproximar de alguém ou de fazer parte
de algo, você pensa muito sobre qual a utilidade de
determinadas circunstâncias ou pessoas para você?
5)Pensa que as coisas devem ser feitas do seu jeito,
pois isso é o melhor?

ORAÇÃO:
SUGESTÃO DE MÚSICA: Suficiente - Missionário
Shalom
Ao final deste dia de oração, tenha um ato de carida-
de. Dê a alguém que o Espírito vai te mostrar, algo
que goste muito. Como por exemplo: O maior peda-
ço de carne, aquele chocolate que você guarda para
você, o melhor lugar, estender a roupa da máquina,
tirar do varal, lavar a louça…. Pense o que para você
ainda é difícil de dar, de dividir, de fazer. E oferte essa
prática pela sua conversão por amor e desejo de cres-
cer em virtudes.
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30º DIA
O AMOR
(Referência: Cifuentes, Rafael Llano. Egoísmo e Amor. 2016)

O amor é a lei suprema do cristianismo.

A primeira exigência do amor é aprender a perceber


e enxergar. Como na parábola do bom samaritano
(Lucas 10,25-37), há duas formas de olhar: o olhar in-
diferente e frio – egoísta – do sacerdote; o olhar sen-
sível e acolhedor do samaritano. O olhar que Cristo
nos ensina a ter na parábola do samaritano é o olhar
de quem sabe enxergar os outros no profundo de
suas vidas; olhá-los não apenas como números, mas
como seres únicos em suas características e particu-
laridades, de forma a resgatá-los do anonimato, da
solidão...

Você já foi a uma festa ou reunião onde todas as pes-


soas se conheciam e falavam entre si, e você ficou
num canto, como um desconhecido ou alguém que
nem existe, até que um amigo se aproxima e te apre-
senta para os outros convidados que ele conhece? E
nesse momento você sentiu que voltava para o mun-
do dos vivos?
Muitas vezes nos queixamos de viver num mundo de
rostos frios e fechados, mas não compreendemos que
o mundo é um espelho que reflete o nosso próprio
rosto. Como está a sua expressão? Tem andado mal-
-humorado, com o semblante fechado? Ou está com
uma expressão leve, tranquila? Está sorrindo mais ou
se queixando mais?

Rafael Cifuentes em seu livro “Egoísmo e Amor”, con-


ta um episódio que lhe aconteceu, onde, um cego na
calçada esperava por alguém que o ajudasse a atra-
vessar a rua e, ele lhe ofereceu ajuda. O homem acei-
tou e agradeceu. No meio da travessia o cego agarrou
mais fortemente o braço dele, encostou levemente a
cabeça em seu ombro e começou a chorar. Ao chega-
rem do outro lado da rua, ele perguntou se o homem
se sentia mal, e esse o respondeu que não se sentia
mal no conceito comum da palavra, mas que esta-
va sentindo um grande mal na alma. E acrescentou:
“Sinto-me só, muito abandonado. E a solidão é pior
do que a cegueira. Quando se é cego e alguém nos
acompanha com carinho, há sempre luz lá por den-
tro. O pior é quando tudo está apagado”. Rafael, per-
guntou se poderia ajudá-lo em algo e ele respondeu:
“Reze por mim. Será uma boa companhia”.

“A crise atual, sem dúvida, é a


crise de corações disponíveis”.
As pessoas silenciam com frequência as suas fraque-
zas e necessidades. Às vezes por vergonha e pudor,
outras para não darem trabalho ou desgostos, ou-
tras por orgulho. Mas, apesar de tudo, sofrem. É pre-
ciso ajudá-las, ainda que deem a impressão de que
não querem ser ajudadas. É necessário ter um olhar
que enxerga, além do drama representado no palco,
o drama da vida. Muitas vezes um sorriso nos lábios
esconde a mágoa de uma vida infeliz, lá no fundo da
alma do ator...

Às vezes, os nossos julgamentos são excessivamen-


te primários e superficiais. Sentenciamos: não presta,
não trabalha, só pensa nele, etc. E não nos pergun-
tamos: o que é que há por trás de tudo isso? Talvez
o mal dessa pessoa seja mais íntimo! Talvez sofra de
uma doença moral! É até essa camada mais profunda
que devemos chegar.

“O amor tem que perfurar a


placa translúcida do olhar
superficial que nos faz deter-
-nos na aparência das coisas”.
Os preconceitos são um dos tipos de bloqueios que
nos impedem de ver a pessoa humana na sua verda-
deira dimensão. E vamos “rotulando” as pessoas: ar-
tista, engenheiro, professor, brasileiro, estrangeiro,
grosso, culto, etc.
Saber olhar é saber superar as muralhas de uma vi
são egocêntrica para ver o homem como Deus o vê.
A isso damos o nome de respeito.

Respeitar é reconhecer a dignidade de um ser huma-


no, que é filho de Deus e foi redimido pelo Sangue de
Cristo. É acolher a personalidade única do outro.

TAREFA:
PARA VOCÊ REFLETIR...

Como você tem percebido e enxergado o outro?

Você tem olhado o irmão com os olhos de Cristo?


Ou tem colocado rótulos?

Você tem olhado e tratado o irmão com o respeito


e dignidade de Filho de Deus?
ORAÇÃO:
Permita hoje o amor mover a sua vida, o seu coração,
sua forma de amar. O amor é a única esperança.
SUGESTÃO DE MÚSICA: O amor jamais acabará -
Juninho Cassimiro
O que você poderia fazer por alguém para que ela
sinta seu amor hoje? Tenha esse ato prático e depois
veja qual o fruto que te gerou.
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31º DIA
INSEGURANÇA

Você já se viu em situações interiores nas quais você


se pergunta: “Será que alguém vai gostar de mim” ou
“Sempre acho que alguma coisa ruim vai acontecer”.
Ou, ainda: “Estou sempre na dúvida: não sei se escolhi
bem o meu curso, não sei se devo fazer isso ou aquilo…
E depois de tomar uma decisão, tenho sempre a
impressão de que errei”. São muitos os exemplos
que poderíamos dar. A essas situações interiores
podemos encontrar um denominador comum que
resumiríamos em uma palavra: insegurança.

A insegurança possui diferentes rostos. Ela não pos-


sui um perfil claro e delimitado. Mais do que uma
sensação momentânea de vulnerabilidade e fraque-
za, experimentada diante de uma ameaça real e con-
creta, a insegurança é a sensação de se estar perma-
nentemente exposto a um perigo vago, indefinido,
impreciso.

Vamos fixar a atenção apenas em três situações sig-


nificativas: o sentimento de inferioridade, a inibição
e o medo ou ansiedade.
O SENTIMENTO DE INFERIORIDADE

“Sinto-me mal quando vejo que alguém tira melhores


notas do que eu. Isso provoca em mim uma forte de-
pressão. É como se algo, cá por dentro, me falasse da
minha incapacidade: não adianta esforçar-se, você não
vai chegar lá.”

De certa forma, o sentimento de inferioridade re-


presenta uma realidade que nós próprios podemos
constatar ao longo da nossa vida. Nos depararmos
com nossas limitações espirituais, intelectuais, afe-
tivas e físicas, sentimos uma necessidade indecliná-
vel de superação. Não nos contentamos com o que
somos; precisamos ser mais e mais. Este pensamen-
to está bem próximo de uma verdade teológica que
nos deveria levar sempre a valorizar a nossa dignida-
de humana: fomos criados à imagem e semelhança
de Deus (cfr. Gên 1, 26-27). No entanto, todo esse
instinto de perfeição e superação, que por um lado
nos pode engrandecer, por outro nos pode atormen-
tar e deprimir. O grande conflito entre o muito que
pretendemos ser e o pouco que na realidade somos
pode fazer brotar, em nosso íntimo, uma forte insa-
tisfação que pode converter-se num aflitivo senti-
mento de inferioridade.

O sentimento de inferioridade é, para uns, motivo de


afundamento e depressão, enquanto, para outros, é
um verdadeiro desafio que os estimula e os incentiva
ao esforço por subir mais alto. Por que o mesmo fe-
nômeno provoca em certas pessoas sentimentos de
inferioridade, e em outras, nas mesmas condições,
suscita um afã de superação?

A explicação disso se encontra no mistério do pró-


prio ser humano e no dom maravilhoso da liberda-
de que Deus lhe concedeu: a diferença entre uns e
outros encontra-se na atitude que assumem livre-
mente diante das suas limitações. A pessoa que não
quer aceitar a sua própria realidade supervaloriza as
falhas, sente-se oprimida e asfixiada pelas suas limi-
tações, a ponto de centrar-se obsessivamente na in-
suficiência que a aflige: “Não vou conseguir”; “Não
vou dar conta”; “Não tenho capacidade para isso”.

E aqui pode se dar uma situação paradoxal. Como


ninguém consegue suportar por muito tempo essa
aflição, a pessoa tende a criar compensações, que
transformam o que seria um simples sentimento de
inferioridade numa rede intrincada de justificativas,
desculpas e dissimulações que tornam a sua persona-
lidade algo complicado, “complexo”. Como não acei-
ta o seu “ser”. compensa-o com o “parecer”. As tea-
tralidades, os fingimentos, os esnobismo, as ironias,
as fanfarronices, as agressividades, as falsas “origi-
nalidades” são como uma máscara de papelão a en-
cobrir esse pobre ser que intimamente sofre porque
não suporta ser como é.
Em muitos casos, os “complexos de superioridade”
são na realidade uma espécie de “superestrutura”
dos “complexos de inferioridade”. As pessoas que vi-
vem essa aparência de superioridade aparentam um
poder, uma capacidade que na realidade não pos-
suem. E isso torna-as extraordinariamente frágeis:
têm medo de falhar, “ensaiam” uma e outra vez o
“papel” que têm de desempenhar no palco da vida,
receiam que o seu “jogo” seja descoberto e, quando
caem em alguma falta, mergulham no desânimo: eu-
foria quando conseguem representar bem, depres-
são quando, de alguma maneira, os outros desco-
brem a sua fraqueza. A insegurança e o temor são o
atributo da sua personalidade.

No fundo dessa inaceitação de si mesmo existem al-


guns motivos ocultos. Em primeiro lugar, encontra-
-se um egocentrismo exacerbado, que leva a pessoa
a procurar continuamente estar à altura da imagem
que faz de si própria. Os psicólogos modernos gos-
tam de falar do self, que é a imagem que cada qual
cria de si já a partir da infância, servindo de padrão
para medir as ações e atitudes na maturidade; não
representa aquilo que na realidade somos, mas aqui-
lo que imaginamos ser.

Numa pessoa normal, esse self não é o único nem o


principal fator determinante do comportamento: no
momento de decidir se deve ou não realizar deter-
minada ação, essa pessoa busca como ponto de re-
ferência diversos padrões exteriores e objetivos - o
bem dos familiares e das pessoas em geral, a lei na
tural, a lei divina; aprende com suas limitações pes-
soais e até com os seus pecados; esforça-se por co-
nhecer, na oração, o que Deus tinha em mente quan-
do a criou e o que espera dela; e, assim, vai pouco a
pouco corrigindo essa imagem que faz de si mesma.

No egocêntrico, porém, esses padrões objetivos são


jogados a escanteio. Ao invés de olhar para o objeti-
vo, para os valores que devem reger o seu compor-
tamento, o egocêntrico olha para o subjetivo, para o
seu self.

Ligado ao egocentrismo, encontra-se o sentimen-


talismo, que é a excessiva valorização dos estados
interiores. Por olhar continuamente para dentro, a
pessoa tende a identificar felicidade, realização, per-
feição, com a simples alegria sentimental ou o bem-
-estar fisiológico. Ora, diante das suas carências e li-
mitações, não tem como não sentir tristeza e culpa.
Não descobre em si recursos ou capacidades para
mudar esses elementos negativos. E, como não olha
para fora, não espera nem confia numa ajuda que
poderia vir-lhe de Deus ou dos outros.

O sentimental e o egocêntrico voltam uma e outra


vez a tentar encontrar a paz interior, o bem-estar, a
sensação de segurança na mesma velha máscara que
sempre lhes serviu de proteção: o velho self.
E quanto mais se apoiam na máscara, mais inseguros
se sentem; e quanto mais inseguros, mais se agaram
à máscara.

Além do egocentrismo e do sentimentalismo, o ter-


ceiro “parceiro” desse jogo é a falta de uma filosofia
de vida verdadeira, a carência de uma escala de valo-
res realista. As pessoas se sentem inferiorizadas por-
que baseiam a superioridade, a perfeição que alme-
jam, num valor falso. É necessário um novo critério
para se julgarem e julgarem o sentido da sua vida, o
valor do papel que estão chamadas a desempenhar
nesta terra, o que tem e não tem valor definitivo e
eterno. Necessitam, numa palavra, de uma autêntica
escala de valores.

ORAÇÃO:
Faça um momento de avaliação destes pecados em
sua vida e deixe brotar um forte desejo de conversão.
Encontre as raízes da sua insegurança e peça ao Se-
nhor que te cure e te liberte. Hoje é um dia de grande
libertação em sua vida. Rompa com os velho e se abra
ao novo de Deus.
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32º DIA
A INIBIÇÃO

A inibição consiste num retraimento da personali-


dade provocado pelo temor desproporcionado pe-
rante determinada circunstância exterior: o receio
de fracassar, de não estar à altura das expectativas
alheias, de decepcionar os outros, de padecer uma
frustração, de sofrer, de adoecer, de fazer um papel
ridículo…

O inibido torna-se cauteloso, desconfiado, fechado


em si mesmo, silêncios, pouco transparente… Mui-
tas vezes, tal como o inferiorizado, disfarça o seu
sentimento com atitudes aparentemente corajosas,
descontraídas: simula uma segurança que não tem.
Quer assim mostrar firmeza e coragem precisamen-
te nos momentos em que se sente mais inseguro.

A inibição tem tantas manifestações quantos os tem-


peramentos e circunstâncias. Há, em todas elas, um
fundo de amor-próprio ou de vaidade. Os retraídos
não o são por não quererem aparecer - “por humil-
dade” -, mas precisamente pelo contrário: gostariam
imensamente de aparecer, mas têm medo de fracas-
sar; gostariam de brilhar, mas sem terem de expor-
-se à vergonha ou ao ridículo de ficar mal; desejariam
fazer ouvir a sua opinião, mas receiam ser contesta-
dos. Por essa razão, calam-se, escondem-se no ano-
nimato, permanecem na sombra. Não por humilda-
de, repito, mas por temor.

O comportamento inibido do tímido causa, por sua


vez, inibição nos que o rodeiam. As pessoas receiam
violar o seu isolamento. E ele, ao perceber que os ou-
tros se afastam, ressente-se e inibe-se ainda mais. É
um círculo vicioso, em que a própria pessoa se fecha
justamente àquilo de que mais sente necessidade:
um ambiente acolhedor, simples e afetuoso. Todos
precisamos disso, e o tímido muito mais, porque ge-
ralmente tem uma personalidade delicada e sensível.
Faz-lhe muita falta o carinho, e a indiferença dos ou-
tros, provocada pelo seu próprio retraimento, leva-o
a endurecer-se mais e mais. E a solidão, em processo
rodopiante, vai construindo à sua volta um casulo de
isolamento e tristeza, numa espiral sem fim.

Vae soli! “Ai de quem está só”, exclama a Sagrada Es-


critura (Ecl 4, 10). Infeliz de quem tem como único
suporte às suas próprias forças. “Solidão” e “insegu-
rança” são palavras inseparáveis, tanto como “amor”
e “segurança”.
TAREFA:
A inibição pode ter como consequência, a solidão e
a insegurança. Como você se avalia?
_______________________________________________
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ORAÇÃO:
Hoje em sua oração peça a Jesus que passe em sua
história e cure seu coração de todas as desconfianças,
das exigências, expectativas que podem ser raízes da
inibição. Mas lembre-se que atrás de todo trauma há
um pecado. E atrás de todo pecado há um trauma.
Peça perdão se for necessário, dê perdão se for ne-
SUGESTÃO DE MÚSICA: Tua presença cura - Ana
Gabriela
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33º DIA
RECAPITULANDO

Hoje é domingo, dia reservado para que você possa


PARAR e REVER algum conteúdo da nossa apostila
que perceba que precisa rezar mais, ler novamente e
aprofundar seu estudo.

Com muito zelo e amor, cada dia precisa ser vivido,


pois o Senhor está fazendo em nós uma cirurgia es-
piritual. É um trabalho delicado e forte! Por isso, não
deixe de rezar nenhum dia e contemple essa obra das
mãos de Deus e dos anjos em você.

DEUS TE ABENÇOE!
34º DIA
O MEDO E A ANSIEDADE

O medo é um temor específico, determinado e ob-


jetivo em face de algo que, de alguma maneira, vem
de fora de nós e se aproxima trazendo-nos inquieta-
ção, desassossego e alarme. De uma simples reação
instintiva diante do desconhecido, chega até a ter
uma função estimulante: lança adrenalina nas veias,
excita a capacidade orgânica. A chave para vencer o
medo é saber transformar em impulso ( coragem) a
energia vital que o medo traz.

Se o medo pode ser um fator positivo, já o mesmo


não se pode dizer da ansiedade. A ansiedade trata-
-se também de um temor, mas de um temor difuso,
vago, indefinido. Compartilha com o medo a sensa-
ção de receio, mas, a passo que no medo isso se pro-
duz por alguma coisa, na ansiedade não é ocasiona-
do por nada de concreto. Diante do medo se pode
tomar providências para afastar o perigo, mas na an-
siedade não se pode seguir nenhum caminho, por-
que não existe um objetivo contra o qual lutar.

À PROCURA DE SEGURANÇA
O homem deverá fundamentar a sua segurança prin-
cipalmente em quatro grandes pilares, que formam
a base da sua segurança.

1. ACEITAR-SE A SI MESMO
Não se supera o que não se reconhece. Como vamos
vencer um inimigo - o invasor, o vírus - se antes não o
identificamos? Como podemos levantar os pilares de
um viaduto se antes não fizemos um profundo estu-
do do terreno sobre o qual vamos construir? Como se
pode edificar uma personalidade segura sobre uma
terra pantanosa? Qualquer contrariedade, qualquer
ameaça abalará até os alicerces.

Por outro lado, quem não se aceitar, nunca terá a paz


que dá a unidade interior; estará sempre em conflito
consigo mesmo: no campo de batalha da sua consci-
ência, irão degladiar-se permanentemente o homem
que ele é na realidade e o homem que ele imagina ou
finge ser. Daí surgem, evidentemente, os complexos
e as inibições.

“Quem não reconhece a grandeza das suas culpas,


não é capaz de reconhecer a grandeza da misericór-
dia divina” (São João Crisóstomo). Aceitar a própria
culpa, não ter medo de examinar os próprios atos to-
dos os dias - à luz de Deus -, não só não é deprimente
e derrotista, mas é a suprema fonte de segurança,
porque nos dá um ponto de partida lúcido e sólido
para retificar e repreender a marcha. A segurança
está sempre assentada na terra firme do conheci-
mento e da aceitação de si próprio. “Só no fundo do
abismo de ti mesmo encontrarás onde firmar os pés”,
escrevia Fénelon. Firmar os pés - para dar o grande
salto para a vida. Essa é a plataforma de lançamento
da grandiosa aventura que é a existência humana.

2. PERDER O MEDO DE ERRAR


Quem se reconhece e se aceita - quem é humilde -
não tem medo de errar. Por quê? Porque se, depois
de ponderar prudentemente a sua decisão, comete
um erro, isso não o surpreende: é próprio da sua con-
dição limitada. São Francisco de Sales dizia-o de uma
forma muito expressiva: “Por que surpreender-se de
que a miséria seja miserável?”.

A simplicidade, a transparência, a espontaneidade


são o melhor remédio para a tensão e a timidez, e
o recurso mais eficaz para que as nossas palavras e
os nossos desejos de fazer o bem tenham eco. Não
olhemos as pupilas alheias como se fossem um espe-
lho no qual se reflita a nossa própria imagem; não es-
tejamos pendentes da resposta de que esse espelho
possa dar às perguntas que a nossa vaidade formula
continuamente: “O que é que você pensa de mim?
Gostou da colocação que fiz?” Tudo isso é raquítico,
decadente, cheira a mofo do próprio Eu, imobiliza e
retrai, inibe e tranca a espontaneidade. Percamos o
medo de errar, e erraremos menos.

3. CONFIAR EM DEUS
A nossa fraqueza reclama a fortaleza de Deus. Deus
é Pai. É a origem e o sustentador da nossa existên-
cia: Nele vivemos, nos movemos e somos! (At 17,18).
Um verdadeiro cristão vive no regaço de Deus - que
é para ele “papai” e “mamãe” -, sente-se carinhosa-
mente protegido, seguro, como um “bebê” no colo
da mãe. Entende muito bem aquelas palavras do Se-
nhor: Pode a mulher esquecer-se daquele que ama-
menta, não ter ternura pelo filho das suas entranhas?
Contudo, mesmo que ela se esquecesse, Eu não me
esquecerei de ti (Is 49, 15). E a realidade que estas
palavras encerram comunicam-lhe uma segurança
que dissipa todos os medos e ansiedades.

4. ABRIR-SE AOS OUTROS


É evidente que superar a insegurança implica um es-
quecimento de si próprio. A preocupação obsessiva
com o sucesso pessoal, o contínuo retorno ao pró-
prio Eu, é o que traz consigo o medo do fracasso.

Mas ninguém é capaz de viver no simples esvazia-


mento interior: ou pensa em si, ou pensa nos outros;
ou se ama a si de forma desordenada – e isso é ego-
ísmo -, ou, esquecido de si, ocupa-se dos outros – e
isso é amor. Por esta razão poderíamos afirmar que
só se perde o medo de errar, de comprometer-se, de
dar-se, quando está em jogo um motivo superior, e
esse motivo é o amor. Quem tem medo não é perfei-
to no amor (2Jo 4, 18), diz-nos ninguém menos que o
Apóstolo João, “o discípulo amado que tanto amou”.
A abertura do Eu para o amor libera uma imensa for-
ça energética que faz explodir todos os estranhos
“mecanismos de defesa” dos neuróticos, medrosos e
complexados. Os seres humanos que vivem um amor
solidário superam rapidamente as suas inibições. En-
tregam-se uns aos outros. Criam uma rede de liames
fortes que sustentam as fraquezas e revigoram as li-
mitações, uma corrente em que os elos se interligam
com solidez para formarem um todo inquebrantável
e seguro: o irmão que ajuda o irmão é como uma ci-
dade amuralhada (cfr. Prov 18, 19). O amor é a moti-
vação mais forte para ousar e é, ao mesmo tempo, a
trama mais forte para nos segurar.

PERGUNTA
Dos 4 pilares, qual você percebe ser o que mais ne-
cessita de ser fortalecido?

ORAÇÃO:
Reze hoje com a canção “Não mais escravos” e se li-
berte hoje desse medo e desta ansiedade que te apri-
siona. Deus te quer livre!
Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.
Não perca! Rezar a Live à noite é um aprofunda-
mento, o Senhor dará continuidade conosco. Se
abra a essa experiência quaresmal. Fique firme
em seus propósitos! É um tempo forte de ora-
ção e de vitória.

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35º DIA
A CORAGEM

Homens corajosos lutam todos os dias por superar


as apreensões e medos que vivem incrustados nos
cantos mais escondidos do seu ser. E assim, pouco
a pouco, vão adquirindo a virtude da valentia. São
Francisco de Sales costumava dizer que “os mais ca-
pazes não são os menos defeituosos, mas os mais
corajosos”.

A valentia não é uma virtude de “acabamento”; é


uma qualidade necessária para o “arranque” da vida,
indispensável para a energia do “arremesso inicial”
de qualquer empreendimento.

A importância da coragem decorre, pois, de uma ver-


dade fundamental: é a melhor – se não a única – ma-
neira de lutar contra a angustiante insegurança que
ronda a nossa vida. É necessária valentia para enfren-
tar a vida, e a única maneira de ganhá-la é enfrentar
a vida com valentia. “A vida é muito curta para que
nós a encurtemos ainda mais com a nossa visão te-
merosa e mesquinha”.

É preciso ter coragem para amar, para quebrar a cara-


paça inibidora. Mas, por sua vez, o amor é uma fonte
copiosa de coragem: a coragem para amar traz con-
sigo o amor que dá coragem. Mas é preciso o impul-
so inicial da coragem; cumpre agarrar a consciência
pela gola e gritar-lhe: “Pare com isso, pare com essa
excessiva preocupação pela sua imagem; pare com
essa mania de pensar tanto em si mesmo; pare com
esse egocentrismo que o está mergulhando na soli-
dão; tenha a coragem de esquecer-se de si próprio,
de pensar mais na felicidade alheia; tenha a coragem
de amar, de dar-se!”.

Este primeiro esforço para abrir-se vai alargando


pouco a pouco as estreitas fendas de comunicação
da carapaça inibidora, deixa entrar paulatinamente
os raios luminosos do amor, e imperceptivelmente
infunde coragem... Amor chama coragem, coragem
chama amor, repetimos, até que, depois de um pro-
cesso progressivo, de repente a carapaça se que-
bra... E o amor brota aos borbotões, a intimidade de
um ser flui para a intimidade do outro como um rio
de paz e de alegria, a vibração se comunica... Nasce
um homem novo, que sente algo que até então não
tinha experimentado: a alegria de viver, de caminhar
a passos largos pela vida, de rir às gargalhadas, de
abraçar e deixar-se abraçar.

O amor é uma força tão forte


que força toda a razão.
É mais forte do que a morte!
É uma força de tal sorte
que impulsiona para diante
e dilata o coração.

Queremos superar as inibições e os complexos? Co-


mecemos a tecer e entretecer os pequenos fios do
amor fraterno e da amizade. Esses finos liames irão
formar uma verdadeira rede de sustentação que nos
tornará firmes e seguros.

TAREFA
1) Como está sua rede de apoio e segurança na vida
fraterna ou amizade?

2) Como você está construindo essa rede?

ORAÇÃO:
Hoje inicie com a música Ir além da Nandah. Peça a
graça da coragem!!!
Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.
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36º DIA
A FORTALEZA

O BARRO E A ROCHA
Já reparamos na diferença que existe entre o barro
e a rocha? O barro, qualquer chuva o dilui, qualquer
enxurrada o carrega para as mil valetas dos cami-
nhos, qualquer depressão do terreno o transforma
em charco… A rocha mantém-se firme em face das
tempestades, levanta-se como um baluarte diante
das ondas furiosas, emerge mais brilhante depois da
tormenta, como um desafio ao mar e à impetuosida-
de das ondas.

Assim são os homens, fracos ou fortes, como o bar-


ro e a rocha. A que classe de homens pertencemos:
somos inconsistentes como o barro ou sólidos como
a rocha? Ao falarmos de fortaleza, podemos nos in-
terrogar com perguntas que comprometem toda a
nossa personalidade:

Tenho essa estabilidade intelectual e emocional?


Possuo um centro medular de convicções inabalá-
veis?
Sustento firmemente essas convicções ao longo
da minha vida, de modo a comunicar-lhe unidade, re-
sistência, coerência e segurança?
A fortaleza é necessária para a própria subsistên-
cia da nossa personalidade. Ela é indispensável para
vencermos o temor natural produzido pelos perigos
ou pelas apreensões negativas em relação ao futu-
ro; para guardarmos a serenidade em face das ati-
vidades estressantes, das agressividades, das solici-
tações irritantes; imprescindível para superarmos as
carências físicas e afetivas, os obstáculos e as con-
trariedades que continuamente nos assaltam; e fun-
damental para persistirmos na luta cotidiana diante
do caráter repetitivo do trabalho, da monotonia do
dia a dia, do cansaço e do desânimo. Precisamos de
uma sólida estrutura para ultrapassar as incompre-
ensões, as injustiças, as infidelidades, as crises exis-
tenciais e o fracasso; e especialmente necessitamos
de uma grande firmeza de ânimo para enfrentar a
dor, a separação dos entes queridos, a doença e a
perspectiva da morte. Não há, pois, nenhuma dúvida
de que, em faltando a fortaleza, a personalidade se
desintegra.

Ao lado da fortaleza, surge paralelamente a presença


da fraqueza no mais íntimo da personalidade huma-
na: somos extraordinariamente vulneráveis. Como
diz um escritor: “A fortaleza supõe a vulnerabilidade;
sem vulnerabilidade, não se daria sequer a possibili-
dade da fortaleza. Ao anjo, na medida em que não é
vulnerável, está-lhe vedado participar desta virtude.
Ser forte ou valente não significa senão isto: poder
receber uma ferida. Se o homem pode ser forte, é
por ser essencialmente vulnerável.” O ser humano
está realmente mergulhado na possibilidade contí-
nua de ser atingido e vulnerado.

CRISTO, MODELO DE FORTALEZA


Sendo tão grande a vulnerabilidade humana e, em
consequência, tão indispensável a fortaleza, o pro-
gresso nesta virtude é uma tarefa na qual nos deve-
mos empenhar a fundo. Não é uma qualidade que se
receba, como coisa já acabada; é antes uma qualida-
de que possuímos em germe e que deve ser desen-
volvida com o nosso esforço. No entanto, é tão gran-
de a fraqueza humana que precisamos que a nossa
coragem seja dilatada pelo poder divino.

É aqui que vem ao nosso encontro um Deus infinita-


mente compreensivo que - no dizer de Santo Agosti-
nho - se fez homem para que o homem pudesse vir
a ser Deus: Cristo fez-se caminho, verdade e vida (Jo
14, 6), colocando-se ao nosso lado como estímulo e
auxílio. Temos de ver Jesus presente, junto de nós,
como modelo vivo de uma personalidade maravilho-
sa que deve ser imitada. E, entre as facetas desse
modelo, é preciso que, agora, reparemos especial-
mente na sua fortaleza. Em Jesus, nos impressiona
a extraordinária lucidez do seu pensamento, assim
como a inquebrantável firmeza da sua vontade; um
homem de caráter inflexível e totalmente voltado
para o seu fim. Jesus é sempre o mesmo, está sem-
pre pronto, porque nunca fala ou age senão com
toda a sua consciência luminosa, com a sua vontade
enérgica e total. Sim, temos que ver Jesus forte, que
passa noites inteiras sem dormir entregue à oração,
que se alimenta com um punhado de trigo recolhi-
do à beira de qualquer caminho, que não tem para
descansar um refúgio como os ninhos dos pássaros
ou as tocas das raposas, que dorme entre as cordas
duras da barca de Pedro, que responde com inaudi-
ta firmeza a um Herodes ou a um Pilatos, que com a
simples força da sua voz derruba o corpo de guarda
que o vem aprisionar, e que morre com uma sere-
na fortaleza perdoando os seus carrascos enquanto
murmura: Tudo está consumado (Jo 12, 30).

Quando temos diante de nós uma personalidade


marcante, eleva-se do mais fundo do nosso peito um
grande desejo de imitá-la, uma motivação que nos
impele a identificar-nos com ela. E que personalida-
de pode haver que supere a de Cristo, perfeito Deus
e perfeito homem? Proceder de acordo com o exem-
plo de Cristo não representa, por acaso, o maior ideal
humano, capaz de dinamizar todas as molas da nossa
vontade e os anseios mais profundos de perfeição e
de plenitude?

PERGUNTAS
Responda as perguntas feitas no texto
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37º DIA
A FORTALEZA, HOJE

Um homem forte compreende que viver é sentir-se


forçado a exercer a liberdade. Portanto, é falso di-
zer que, na vida, o que decide são as circunstâncias.
Ao contrário: as circunstâncias são o dilema, sempre
novo, ante o qual temos que nos decidir. Mas o que
decide é o nosso caráter. As pessoas sem caráter não
decidem; vivem na voz passiva dos verbos, são de-
cididas, determinadas e manipuladas pelas circuns-
tâncias. De modo diferente, as pessoas que se asse-
melham às rochas - os homens fortes e com caráter
- são sempre os mesmos, sejam quais forem as cir-
cunstâncias em que se encontrem. As circunstâncias
não os desfiguram. São eles, pelo contrário, quem
configuram todas as circunstâncias.

Temos dentro de nós um ponto sólido, um centro re-


sistente de ideias? Temos convicções fortes? Essas
convicções são capazes de responder às perguntas
essenciais que todo o ser humano formula mais cedo
ou mais tarde: quem sou, de onde venho, para onde
vou?

Sem possuir uma certeza a respeito dessas questões,


o homem nunca pode ter segurança. Como pode vi-
ver seguro quem não conhece o sentido da sua vida
e da sua morte, da sua doença e da sua dor?

E assim chegamos necessariamente à questão do


nosso relacionamento com Deus, porque, sem Deus,
essas perguntas ficam penduradas no vazio, sem res-
posta possível. Sem Deus, a minha vida é um enigma
gerador de precariedades, tédios e angústias. Um
homem sem Deus é simplesmente um homem para
a morte. As convicções religiosas firmes represen-
tam, pois, o alicerce definitivo de toda a fortaleza.
Um homem que arrasta uma fé frágil, por essa mes-
ma razão torna-se ele próprio frágil. Pelo contrário,
a ideia profunda e amável da paternidade de Deus,
enraizada na alma, altera completamente o andar
dos pensamentos: meu Pai-Deus não está distante,
está ao meu lado, me ama muito mais do que todas
as mães juntas podem amar o seu filho único; cui-
da de mim muito mais do que cuida dos pássaros do
céu e dos lírios do campo: não estou na dependên-
cia de um destino cego, estou sendo agasalhado por
um Pai que tudo sabe e que tudo pode… E nasce no
fundo da alma uma forte e terna segurança.

A PERSONALIDADE INSEGURA, TÍMIDA,


IMPRESSIONÁVEL

A personalidade insegura não tem uma base de ideias


firme. É como um navio cujo comandante não sabe
a que porto se dirige. Balança ao sabor dos aconteci-
mentos. Esse homem duvida, duvida sempre. Tem a
impressão de estar continuamente na encruzilhada
de um caminho sem saber exatamente qual a vereda
que deve escolher. Não tem critérios de opção. Isso
o angustia. Será que acertei? Que será de mim no
futuro? Na realidade, para onde me dirijo? Poderei
ser feliz algum dia? Falta-lhe esse tranquilo abando-
no de quem sabe que se encontra nas mãos de um
Pai amoroso que está mais interessado na sua feli-
cidade do que ele próprio. Esse homem flutuante,
intranquilo, sofre muito. Está com saudades de um
lar, de proteção, de segurança. Está precisando de
Deus. Não pode haver uma segurança profunda se
não houver tranquilidade de consciência, se não se
estiver em amizade com Deus.

Um homem inseguro é habitualmente tímido, inibi-


do; sempre teme alguma coisa. Como não tem uma
nítida escala de valores objetivos, uma fé forte, está
habitualmente na dependência de algo que pode
acontecer, algo impreciso, nebuloso, turbulento,
inominado. O seu caminhar é lento. Sempre pensa:
“Devo tomar cuidado quanto ao que digo e ao que
faço; talvez possa ficar marcado para sempre”. Fal-
ta-lhe a alegre liberdade de viver sem medo de ser
feliz.

A falta da fortaleza pode gerar a hipersensibilidade.


A esses, desprovidos de convicções fortes, qualquer
coisa os fere. E a ferida nem sempre cicatriza. Pare-
ce até que a alimentam. Têm memória de elefante.
Julgam-se fortes porque não têm a fraqueza de es-
quecer ou de perdoar, não compreendendo que na
realidade são fracos, e muito vulneráveis, cheios de
sinais negativos. São homens marcados.

A FORTALEZA, HOJE

Talvez em nenhuma outra época histórica a virtude


da fortaleza se tenha mostrado tão necessária como
na nossa. Vivemos a um ritmo acelerado. Somos
“empurrados” continuamente a tomar decisões im-
portantes. A trepidação, a velocidade, a insegurança
nas ruas, os perigos do trânsito, a mudança vertigi-
nosa de situações e tantas outras coisas exigem de
nós um forte equilíbrio psicológico. Sendo assim, a
fortaleza se torna um requisito insubstituível para se
manter a dignidade humana e cristã. Pensemos que,
para se viver a fidelidade conjugal; para cumprirmos
com exatidão o dever estafante do dia a dia; para
sermos sinceros conosco próprios, com os outros e
com Deus, evitando a covardia da mentira e a fraque-
za da duplicidade; para vivermos sacrificadamente o
esquecimento próprio e o espírito de serviço exigido
pela caridade cristã; para permanecermos firmes na
fé, navegando contra a corrente; para sofrermos em
silêncio, com paciência e mansidão, as contrarieda-
des, as incompreensões e as injustiças, a pobreza, a
doença e a dor…, para tudo isso e para muito mais é
necessária - como o ar que respiramos - a virtude da
fortaleza.
A vivência contínua da virtude da fortaleza, em to-
dos estes aspectos, torna-se, no entanto, indispensá-
vel num sentido muito concreto: vai-nos preparando
progressivamente para podermos resistir aos gran-
des embates ou às situações difíceis que, por vezes,
a vida nos reserva.

ORAÇÃO:
Avalie suas convicções neste dia. Deixe-se questionar
pelas perguntas do texto e reze diante de suas inse-
guranças. Clame hoje a virtude da fortaleza! Que o
Espírito Santo te ajude neste dia a colocar bases fir-
mes, pontos sólidos : “não estou sozinho(a) tenho um
Pai (Deus) que me ama muito”.

Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.


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38º DIA
A PACIÊNCIA

Se prestarmos atenção, poderemos observar que,


na nossa linguagem comum, a perda da paciência
anda sempre associada a alguma coisa difícil de acei-
tar, de aturar, de engolir, de sofrer: “Haja paciência
para aguentar isso”, “Aquilo já está saturando as pa-
ciências”, “É dose…”, dizemos. E é claro que, com
isso, estamos falando de algo desagradável, que nos
aborreceu; quase sempre, de uma pessoa ou de uma
situação que nos vem contrariando ou incomodan-
do desde há um certo tempo. Sempre são as contra-
riedades que nos fazem perder a paciência. Como é
lógico, nunca nos impacientamos quando tudo nos
sorri e se amolda aos nossos desejos.

TRÊS CONTRARIEDADES E DUAS REAÇÕES

Costumamos padecer de três tipos de contrarieda-


des e que, em face delas, temos dois tipos de rea-
ções.

Existem as contrariedades provocadas pelos outros:


eles têm aqueles modos desagradáveis de falar, de
olhar ou não olhar, de retrucar ou não responder,
de esquecer ou estar lembrando-nos certas coisas a
toda hora, de se atrasar, de impor… Existem depois
as contrariedades procedentes de nós mesmos; e,
por último, as que decorrem das circunstâncias.

Ao lado dessas três espécies de contrariedades, exis-


tem dois modos diferentes, ainda que muito aparen-
tados, de reagir. O primeiro modo é a impaciência. É
preciso dizer desde já que a impaciência, em si mes-
ma, na sua essência mais íntima, consiste em não sa-
ber sofrer. Precisamente a palavra paciência deriva
do verbo latim pati, que significa padecer. Por isso,
a virtude da paciência é a capacidade de padecer
dignamente, a arte de sofrer bem, e mais concre-
tamente a paciência cristã é a virtude que nos dá,
com a graça divina, a capacidade de sofrer, de su-
portar as contrariedades e a dor - especialmente
quando se prolongam - com fé, esperança e amor.

Uma vez esclarecido isto, pode também ficar claro


que a irritação, a brusquidão, a raiva ou a cólera não
fazem parte, propriamente falando, da impaciência -
ainda que muitas vezes a acompanhem -, mas da ira.
É bem verdade que a ira e a impaciência convivem
muitas vezes no nosso dia a dia como duas irmãs sia-
mesas. Mas é útil não perder de vista que a impaciên-
cia se dá - mesmo que não se faça acompanhar de ne-
nhuma emoção ou explosão - simplesmente quando
não sabemos aceitar ou aceitamos de má vontade
aquilo que nos contraria ou nos faz sofrer.
A impaciência pode-se manifestar quer no nosso in-
terior, quer externamente, de maneiras muito varia-
das. Com muita frequência, aflora em forma de quei-
xas internas (quando a pessoa se lamenta no íntimo,
sentindo-se vítima), ou de reclamações ásperas ou
lamurientas com os outros, ou de cobranças insis-
tentes, ou de suspiros lastimosos, ou de trejeitos e
desabafos reveladores de cansaços morais (“Já não
suporto mais!”, por exemplo). Também são frutos da
impaciência os comentários de desânimo e os olha-
res de tristeza… É interessante saber que um dos
principais efeitos da paciência, mencionado por São
Tomás de Aquino, é expulsar a tristeza do coração.

A IRA É DIFERENTE

Ao lado da impaciência, um segundo modo de reagir


perante as contrariedades é a ira, a irritação. Quan-
do alguém se deixa levar pela ira, é porque perdeu
- repentinamente ou por acumulação de contrarie-
dades - o controle emocional. A pessoa irada não
tem mais autodomínio e extravasa a sua revolta por
meio do grito, do empurrão, da injúria, do palavrão,
do comentário ofensivo e grosseiro, da cortada ou
da violência: desde dar um pontapé num objeto ou
fechar uma porta com estrondo, até sacar o revólver
e disparar.
TAREFA
É preciso reconhecer que todos nós, de modo ou de
outro, padecemos deste mal. Ninguém escapa. Por
isso, será interessante procurarmos descobrir por que
e como é que nos impacientamos, a fim de enxergar-
mos melhor os caminhos que nos podem conduzir à
paciência, essa virtude tão amada, tão desejada e tão
pouco praticada.

A maior parte das nossas impaciências se dão por


conta de nossos egoísmos contrariados. O caminho
para vencê-los e adquirir a virtude da paciência é
exercitar-se no amor.

Não há truques ou técnicas que sirvam para viver a


paciência, se o egoísmo ainda tem o ninho no nos-
so coração. Com esse hóspede indesejável, é inútil
qualquer tentativa. Mas se há amor, então vão nos
ocorrendo mil maneiras de exercitar a paciência, bem
práticas, simples, bonitas… e eficazes. Quem tem ex-
periência da luta por viver com Deus, sabe que o amor
cristão se mexe movido por duas asas: a da oração e
a da mortificação. Por isso, todo o exercício da virtu-
de cristã da paciência comportará necessariamente o
movimento de uma dessas asas ou, o que será mais
frequente, de ambas ao mesmo tempo.

O cristão paciente procura falar antes com Deus do


que com os homens. Quando se sente à beira de uma
crise de impaciência, faz o esforço de se calar. Após
a oração, e já com a alma mais tranquila, pode-se dis-
cernir o que convém fazer.

A paciência, mais do que a arte de sofrer, é o amor


que sabe sofrer, e que justamente por ser amor,
sofre com generosidade, com grandeza, com des-
prendimento total de si mesmo e aceitação plena
da vontade de Deus, com abandono nas mãos do
Pai e com alegria.

PERGUNTAS
Qual seria a sua atitude, começando hoje, para já con-
quistar esta virtude?

Um coração grato é sempre mais paciente! A quem


você poderia agradecer hoje?

Coragem!!! Você é um vitorioso(a)!

ORAÇÃO:
Faça o exercício de falar com Deus sobre suas impaci-
ências e irritações e peça ao Espírito Santo te revele
os motivos. E a graça da virtude da paciência.
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39º DIA
A ALEGRIA

Alegria de Viver

Todos nós desejaríamos possuir alegria. Todos nós


gostaríamos de torná-la parte integrante do nosso
ser, de senti-la sempre lá dentro de nós. Mas como
conseguir algo tão grande? De onde vem a alegria?
Como fazer para nunca perdê-la?

Quando se quer adquirir algo comum, sabe-se como


consegui-lo. A Alegria, não. Se perguntarmos a al-
guém como ganhar dinheiro, responderá: Trabalhe;
se o interrogamos sobre como aprender matemáti-
ca, dir-nos-á: Estude; sobre como encontrar empre-
go: procure-o!; mas se alguém questiona sobre como
ser uma pessoa alegre, ficamos perplexos, não sabe-
mos como responder. Ninguém aceita pacificamente
que lhe digamos: Esforce-se, cante, ria e tenha bom
humor...

Aristóteles e São Tomás descobriram que a alegria,


mais do que uma simples virtude, é o fruto, o resul-
tado de uma vivência. Se a dor é um sinal – o censor
– de um estado patológico, a alegria é o indicador de
um estado de plenitude vital.
“Onde há alegria, há realização”.

A alegria é como um teste de qualidade que mede o


valor da nossa vida. “Há mais verdade – um valor mais
autêntico – onde há mais alegria”. O valor de uma per-
sonalidade se mede pela altura, profundidade e dura-
ção das suas alegrias. A alegria da existência se perde
quando o seu rumo se desvanece. Porque, como es-
creve Dostoievski : “ O segredo da existência huma-
na consiste não apenas em viver, mas também em
encontrar um motivo para viver”.

Sede de felicidade

Se repararmos bem, tudo o que fazemos tem em vis-


ta satisfazer a sede de felicidade que se aninha em
todo o ser humano. E a tragédia do homem consis-
te precisamente em procurar satisfazê-la em fontes
falsas ou insuficientes.

O homem tem necessidade de Deus e muitas vezes


o ignora. Busca a imagem perdida da fonte original.
E a sede leva-nos à fonte. Deus nos criou com essa
sede de felicidade, e é ela ( esta sede) que nos em-
purra para Ele. Por isso as decepções e até as pró-
prias frustrações podem ser extraordinariamente
úteis: ajudam-nos a procurar Deus e nos inquietam
a querer algo mais. Esse instinto é o que nos salva.
Porque nos remove do lugar, em que muitas vezes
vegetamos como burocratas da rotina, na qual es-
tamos incrustados como moluscos, achatados, sem
relacionamento com Deus. Esse instinto grita-nos:
tu és feito para outras alegrias mais altas! Mereces
mais! Tens a dignidade de um filho de Deus! Vamos,
levanta-te!

Oxalá as nossas tristezas e angústias – essas alegrias


insuficientes – nos façam exclamar como ao filho pró-
digo: “Sim, levantar-me-ei e irei a casa de meu Pai”.

A humanidade já tentou de tudo: desde os maiores


requintes do conforto e do prazer até as satisfações
do prestígios, do êxito, do poder e da glória humana,
passando pelas mais obcecantes experiências sexu-
ais, para acabar reconhecendo a verdade – tão tris-
te como anti cristã – formulada por Voltaire: “Todos
tentamos tornar a nossa vida feliz, mas terminamos
simplesmente resignando-nos a suportá-la.”

A tragédia humana, já o víamos, consiste precisa-


mente em procurar a alegria onde ela não se encon-
tra. Tudo nos atrai e tudo nos decepciona. Como as
miragens no deserto. O caminhante do deserto, can-
sado, faminto e sequioso, vê lá na sua frente um lago
de águas cristalinas onde se refletem prometedoras
palmeiras. Anima-se. As forças parecem reativar-se.
Aviva o passo. Mas, à medida que avança, vai com-
preendendo que tudo era simples ilusão de ótica. A
depressão o domina e cai desfalecido.

A nossa experiência pessoal nos diz que existem dois


tipos de frustrações. A primeira, nós sentimos quan-
do não conseguimos o que desejamos; a segunda –
muito mais profunda e dolorosa – quando consegui-
mos o que desejamos e reparamos, no fim, que não
era o que esperávamos. As piores frustrações são as
miragens, as falsas alegrias.

“Mas quem beber da água que eu lhe der jamais terá


sede, pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele uma
fonte que jorra para a vida eterna”.

Talvez possam parecer um reclame barato de propa-


ganda religiosa: Siga Jesus e será feliz! Mas nós respon-
deremos como Jesus a Samaritana: Ah, se conheces-
ses o dom de Deus! Ah, se pudesse experimentar o
que eu experimento, então saberia que não se trata
de um chamariz propagandístico, mas de uma jubilo-
sa realidade.

Quando algumas pessoas se compadeciam de São


Bento José Labre, ao vê-lo tão desgastado pelos tra-
balhos e sacrifícios, ele exclamava: “Ah! Se conhecês-
seis a minha felicidade íntima!” Por contraste, quando
louvavam Anatole France, o escritor francês tão bem
sucedido, mas muito afastado de Deus , murmurava
dizendo: “Ah! Se soubésseis ler na minha alma, fica-
ríeis espantados, porque não há no universo criatura
alguma tão infeliz como eu. E pensais que sou feliz,
quando não o tenho sido um só dia ou hora sequer”
TAREFAS
Você realmente deseja ser feliz?

O que você tem buscado é realmente a felicidade?


Tem encontrado? Como?
ORAÇÃO:
Faça um momento de entrega a Deus de sua vida,
seus sonhos, seus planos e tome a decisão de deixar
sua vida nas mãos de Deus. Confiar que nos planos
Dele está a sua felicidade. Entregue o controle de sua
vida nas mãos de Deus.

Reze com a canção: Teus Planos ( Juninho Cassimiro)

Nos encontramos na Live da Vitória, às 20h30.


Não perca! Rezar a Live à noite é um aprofunda-
mento, o Senhor dará continuidade conosco. Se
abra a essa experiência quaresmal. Fique firme
em seus propósitos! É um tempo forte de ora-
ção e de vitória.

No nosso Canal do Youtube (www.youtube.


com/comaguaviva) ou Facebook (/comaguavi-
va) ou ainda pelo Instagram @raquelaguaviva.
40º DIA
O AMOR, FONTE DE ALEGRIA

Se o fundamento da alegria é a filiação divina, a sua


origem é o amor. Deus é amor. Deus é a fonte de to-
dos os amores. Deus nos criou por amor e para amar.
O radar da alegria começa a vibrar jubilosamente
quando descobre a pista que leva ao grande tesou-
ro do amor. O Cientista e físico Leibniz disse: “Deus
quer fazer os homens perfeitamente felizes e para isso
só quer que o amem... Porque só Deus pode fazer felizes
as almas; a nossa sensibilidade ou o nosso espírito pu-
ramente humano nunca saborearam nada que se apro-
xime da felicidade que Deus preparou para aqueles que
o amam”

No seu tratado filosófico, acrescenta: “Jesus Cristo


quis que a Divindade fosse não apenas objeto do
nosso temor e da nossa veneração, mas também do
nosso amor e da nossa ternura. O seu desejo era fa-
zer os homens felizes de antemão, dar-lhes já aqui
embaixo um antecipado sabor da felicidade futura.
Pois não há nada de tão agradável como amar o que
é digno de amor. E não há nada mais perfeito do que
Deus e nada mais encantador do que Deus.”
Não é surpreendente que um homem de pensamen-
to grave, austero e científico aplique a Deus estas
duas palavras: ternura e encantador? Não nos co-
move pensar que a felicidade consiste em amar com
ternura Aquele que é infinitamente encantador?

“A vida é necessariamente feliz – infeliz é só a morte – e


o centro da vida é o amor. E o amor da vida verdadeira
é Deus.” Fichte

“Quanto mais você ama,


mais você será feliz!”
Santidade e alegria são diretamente proporcionais:
mais santidade, mais alegria. Sendo que alegria e
amor também.

Repare que todos os amores que estão em volta de


você estão chamando para esse outro grande Amor
(Deus). O desviver-se sacrificado de uma mãe, a de-
dicação aos mais pequeninos e desafortunados, aos
doentes e sofredores; ou do amor suscitado pelo
encanto de uma criança, ou pela formosura de uma
pessoa, por um amigo ou pela paixão de um coração
ardente. Todos estes amores nos trazem a felicidade
na medida em que nos conduzem a esse outro gran-
de Amor. Quando não é assim, se estagnam e apo-
drecem, como o amor sensual que não se eleva até a
altura do amor oblativo da entrega e que deixa essa
sensação de tédio e frustração;
O Amor é como fogo, se não aumenta, se apaga; se
não se dilata, se auto degrada e se auto devora. O
amor precisa passar pelas etapas de crescimento e
purificação. Quando nos relacionamos encontramos
a primeira etapa do amor, um amor de apetência:
desejamos que a pessoa amada nos sacie, nos faça
bem. Quando amadurecemos mais chegamos a se-
gunda etapa: amor complacência – já não necessito
receber em troca, me preocupo com o bem estar
da pessoa amada – e este deve se elevar até o amor
oblativo e sacrificado de benevolência – um amor
que me leva ao sacrifício para que a pessoa amada
encontre o maior bem e a salvação eterna. E o ca-
minho deve nos levar a galgar o último escalão do
amor, que é de transcendência – o verdadeiro amor
de Deus- que engloba de forma eminente todos os
outros e os supera.

Dando exemplos de pequenos acontecimentos da


vida quotidiana, não é verdade que cada um de nós
já viveu uma experiência semelhante a esta? Estáva-
mos realizando um trabalho monótono, cansativo,
desejando que terminasse quanto antes, e , sem o
esperarmos, alguém a quem amamos colocou-se ao
nosso lado para nos dizer: “Gostaria de te ajudar até
você concluir esse trabalho”. Sentimos subitamente
uma mudança completa: do tédio passamos a eufo-
ria, do desestímulo à vibração! Desejaríamos agora
que esse trabalho não terminasse nunca. A presença
amorosa muda a vida, e o segredo da existência é ter
sempre essa presença, é não perdê-la nunca. Porque
quando o amor nos invade, diz Goethe, tudo parece
mais novo, mais alegre, os deveres mais sagrados, os
conhecimentos mais claros, os talentos mais paten-
tes e os propósitos mais decididos.”

Se queremos ter uma profunda alegria de viver, te-


mos que procurar uma profunda vivência do amor.
Se alguém me pedisse uma fórmula breve para su-
perar os desgastes da vida e as tristezas eu daria um
simples conselho: Apaixone-se por aqueles que es-
tão em sua vida, ame mais, cultive mais, se doe mais
e reencontrarás a alegria de viver.

TAREFAS
“Quanto mais você amar mais você será feliz!”
1) Pense nas pessoas que hoje você mais ama e veja
qual grau de amor você já conseguiu estabelecer e
onde precisa mudar.
2) Reze com a canção Verdades do Tempo (Thiago
Brado)

3) Faça um gesto de amor para com estas pessoas,


tendo a coragem de demonstrar e amar desinteres-
sadamente.
ENCERRAMENTO

DOMINGO DE Ramos
Chegamos ao fim deste itinerário... Mas ainda não
é o fim do caminho! Estamos adentrando em uma
das semanas mais fortes da nossa vida cristã: Sema-
na Santa! Sugiro que você permaneça com suas ora-
ções e práticas do jejum e abstinência até a Páscoa
do Senhor, onde cantaremos, em júbilo, o ALELUIA.
Vamos juntos contemplar a grande obra que o San-
gue de Jesus realizou em nós.

Durante a Semana Santa, busque se colocar em reti-


ro, para que você beba de todas as graças sobrena-
turais. Se puder, venha participar do retiro presen-
cial ou online.

A apostila se encerra aqui, mas aproveite estes dias,


até a quinta-feira Santa, para rever e rezar o que
você ainda precisa. É importante que você busque a
confissão e, assim, estar com o coração purificado e
aberto para o dia da Ressurreição.

E contemple: você já não é mais o mesmo! O Pode-


roso fez em você maravilhas, Santo é o Seu Nome.
Ô glória!!!

DEUS TE ABENÇOE!
REFERÊNCIAS:
Insegurança, medo e coragem? - Rafael Llano
Cifuentes

Vidas sinceras - Rafael Llano Cifuentes

A constância - Rafael Llano Cifuentes

Fortaleza - Rafael Llano Cifuentes

Catecismo da Igreja Católica

Faus, F. A língua. 2016

Nunca mais serás o mesmo - M. Basilea Schlink, 2012

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