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Um olhar sobre a origem da sodalidade e

da modalidade
Será que existe um padrão rígido estabelecido no Novo Testamento que deve ser
seguido à risca para as igrejas e missões? Veremos que Deus foi estratégico ao permitir
que os cristãos “copiassem” os pagãos e judeus em suas formas e estruturas ao invés de
estes terem que criar “do nada”.

Estruturas Redentoras na época do Novo Testamento.

Primeiramente, reconheçamos a estrutura conhecida geralmente como a “Igreja do


Novo Testamento” como basicamente uma sinagoga cristã.

O trabalho missionário de Paulo consistia primariamente em ir às sinagogas espalhadas


pelo Império Romano, começando na Ásia Menor, e tornando claro aos judeus e gentios
nestas sinagogas que o Messias havia vindo, que este é Jesus Cristo, o Filho de Deus,
que em Cristo uma autoridade suprema, ainda maior do que a de Moisés existia; e isso
tornava mais compreensível que nunca a abertura aos gentios sem forçar sobre eles
nenhuma adaptação cultural aos rituais da Lei Mosaica. – Havia um movimento que
teve início 100 anos antes de Cristo, alguns destes foram as pessoas de que Jesus em
pessoa descreveu como aqueles que “atravessaram terra e mar para fazerem um único
prosélito”. Saulo seguiu o caminho deles. Paulo se apoiou no esforço deles e foi além
deles com o novo evangelho que ele pregava, que permitia aos gregos que
permanecessem gregos e que não fossem circuncidados e assimilados culturalmente aos
costumes judaicos. Paulo tinha um grande fundamento sobre o qual construir: Pedro
declarou “Moisés é pregado em toda cidade (do Império Romano)”. (Atos 15:21)

A primeira estrutura do Novo Testamento é o que é frequentemente chamado a “Igreja


do Novo Testamento. Ela foi essencialmente construída entre as linhas das sinagogas
judaicas, abraçando a comunidade dos fiéis em qualquer lugar. A característica
definitiva desta estrutura é que ela incluia jovens e velhos, homens e mulheres

Há, também, uma segunda estrutura um tanto quanto diferente no contexto do Novo
Testamento e, apesar de sabermos muito pouco sobra a estrutura das campanhas
evangelísticas que houve antes de Paulo, através dos judeus discipuladores, sabemos
que elas alcançaram todo o Império Romano e seria uma surpresa se Paulo não seguisse
os mesmos procedimentos.

Paulo foi, verdadeiramente, enviado pela igreja de Antioquia. Mas, uma vez fora de
Antioquia, ele parecia estar por si só. A pequena equipe que ele formou era
economicamente auto-suficiente quando as circunstâncias demandavam, mas revela-se
dependente quando as circunstâncias demandavam isso, tanto da igreja de Antioquia
quanto de outras igrejas que surgiram como um resultado de trabalhos evangelísticos.

Observamos que, de um lado, a estrutura que chamamos de Igreja do Novo


Testamento é um protótipo de todas as comunidades cristãs em que jovens e velhos,
homens e mulheres são reunidos como famílias normais agregadas e, por outro lado, a
equipe missionária de Paulo pode ser considerada um protótipo de todas as
empreitadas missionárias organizadas à partir de obreiros comprometidos e
experientes que se afiliaram como uma decisão de segundo nível, além da membresia na
primeira estrutura.

Outra condicionante no avanço missionário foi que o movimento protestante só


aconteceu graças ao movimento dos monastérios. Ralph Winters explica a diferença
entre as duas estruturas, a que hoje conhecemos como igreja (modalidade) e a que
conhecemos como missão (sodalidade).

O desenvolvimento inicial de estruturas cristãs dentro da cultura romana.

Nós vimos como o movimento cristão se formou baseado nas estruturas que já existiam
antes, na tradição cultura judaica. Agora devemos verificar se estas estruturas tinham
algum equivalente funcional em outras tradições culturais de outras épocas, conforme o
evangelho se espalhou para outras regiões.

O padrão original baseado nas sinagogas perdurou como uma estrutura cristã por algum
tempo. Mas, a rivalidade entre cristãos e judeus fez com que os cristãos fossem
perseguidos, e em alguns casos expulsos, especialmente aonde era possível que os
judeus dispersos perseguissem publicamente as sinagogas cristãs, como se estes fossem
uns desviados. E enquanto cada sinagoga era considerada independente uma da outra, o
padrão cristão foi logo assimilado ao contexto romano, e os bispos logo se tornaram
investidos de autoridade sobre mais de uma congregação dentro de uma jurisdição
territorial, bem similar ao padrão de governo civil dos Romanos. Esta tendência fica
clara quando o Cristianismo se torna a religião oficial, anos depois: a própria palavra em
latim para territórios magisteriais romanos foi apropriada – o termo diocese – para
definir os níveis de locais das paróquias.

De qualquer forma, enquanto o padrão mais “congregacional” da sinagoga independente


foi sendo subtituído por um padrão “conectivo” romano, a nova igreja cristã ainda
preservava a constituição básica da sinagoga.

Enquanto isso, a tradição monástica se desenvolveu como uma segunda estrutura de


diversas formas. Esta nova estrutura se espalhou amplamente e sem sombra de dúvidas
não tinha nenhuma conexão com a equipe missionária na qual Paulo estava envolvido.

É importante notar que já no quarto século há dois tipos bem diferentes de estruturas – a
diocese e o monastério – ambas foram importantes para a transmissão e expansão do
cristianismo. Ambas as estruturas copiaram padrões do contexto cultural de sua época,
assim como as primeiras sinagogas cristãs e equipes missionárias. É importante também
notar que enquanto estas duas estruturas são formalmente diferentes e historicamente
separadas em relação às duas estruturas na época do Novo Testamento, elas são em
essência as mesmas em funcionalidade. Para poder falar sobre as similaridades na
função, vamos chamar a sinagoga e a diocese de “modalidade”, e a equipe missionária e
o monastério de “sodalidade

Usando estes termos desta forma, a denominação e a congregação local são


modalidades enquanto uma agência missionária ou um grupo de homens local são
sodalidades.
Algumas congregações locais não podem compreender o valor ou a necessidade de
estruturas missionárias. Paulo foi “enviado para fora” e não “enviado à partir da
congregação”, em Antioquia.

Ele pode até ter enviado relatórios para a congregação, mas ele não recebia ordens dela.
Sua equipe missionária (sodalidade) tinha toda a autonomia e autoridade de uma
“congregação viajante”. Mas, no primeiro período após as páginas da Bíblia, houve
pouco relacionamento entre modalidade e sodalidade, enquanto que no tempo de Paulo
sua equipe missionária nutriu especificamente as congregações – uma parceria muito
importante. Nós devemos olhar agora como o período medieval recuperou em essência
o relacionamento do Novo Testamento entre modalidade e sodalidade.

Outra fonte de pesquisa:

Livro base do Perspectivas, páginas 245 a 255: artigo de Ralph Winter, As duas
estruturas da missão redentora de Deus

PERGUNTAS DO TRABALHO

1) Defina Modalício e Sodalício e dê exemplos de cada uma das estruturas.


MODALÍCIO = comunidade estruturada, não existe a distinção de sexo ou de idade,
onde se enquadra a sinagoga e a diocese. Podemos dizer que é onde a igreja local se
enquadra.
SODALÍCIO = está limitada a idade, ao sexo ou ao estado civil. Nessa estrutura temos
a agência missionária ou um grupo de homens crentes que se reuni regularmente
com um propósito.
2) Em que modelo se enquadra o trabalho de Paulo nas suas viagens missionárias, em
relação às estruturas de modalidade e sodalidade (justifique)?
A obra missionária de Paulo baseava-se em visitar as sinagogas espalhadas pelo
Império Romano. A diferença da obra de Paulo foi a criação de sinagogas que não
eram apenas cristãs, mas também gregas. Mas Paulo foi além, criou comunidades de
crentes, semelhantes as sinagogas, como base a atividade missionária. A frente
vimos o surgimento de grupos missionários através de Paulo, que aos poucos foram
se organizando, embora continuassem a ser membros das sinagogas. Na época de
Paulo ainda não tinha uma definição de modalidade e sodalidade, havia uma
associação (simbiose) na qual sua equipe missionária nutria as igrejas

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