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Uma fundamentação bíblica para os

pequenos grupos
Umberto Moura, doutor em Teologia Pastoral
Professor de Formação Pastoral na Faculdade Adventista de Teologia e diretor
de Desenvolvimento Espiritual do Unasp, campus Engenheiro Coelho.

Resumo: Desde algumas décadas até for the same. Small Groups, really,
o presente, os Pequenos Grupos vêm are not ready and working in biblical
assumindo um importante papel no writings, but have in them its origin
crescimento e desenvolvimento de and inspiration.
igrejas em todo o mundo. Tal cres- Introdução
cimento, declarado como um fenô-
meno por diversos autores, também Os Pequenos Grupos ou Células
traz desafios consideráveis para sua têm sido redescobertos como impor-
consolidação como um movimento tante instrumento de crescimento de
bíblico, teológico e histórico. Esse igreja ao redor do mundo,1 há algu-
estudo entende que há uma base bí- mas décadas;2 inclusive pela Igreja
blica para os grupos pequenos, e pro- Adventista do Sétimo Dia (IASD) do
põe essa fundamentação entendida a Brasil.3 Tem sido entendido tratarem-
partir da clarificação de seus concei- se de grupos com poucas pessoas que
tos e de uma definição para os mes- se reúnem regularmente, com propó-
mos. Os Pequenos Grupos, realmen- sito especifico e intencional.
te, não estão prontos e funcionando Desde então tem havido um con-
no texto bíblico, mas têm neles sua siderável esforço por parte dos estu-
origem e inspiração. diosos de Pequenos Grupos para orga-
nizá-los biblicamente e fundamentar
Abstract: Since a few decades ago sua teologia. Se os Pequenos Grupos
until the present time, Small Groups são o que pretendem ser – um fenô-
have taken an important roll in the meno4, um movimento5 – conforme
growth and development of chur- declarados e defendidos por teólogos
ches around the world. This growth, e pastores do movimento, precisam
declared as a phenomenon by va- de uma sustentação bíblica e teológi-
rious authors, also bring considerable ca consistente.
challenges for its consolidation as a Muitos eruditos têm enfatizado
biblical, theological and historical essa necessidade, outros já se ante-
movement. This study understands ciparam a declarar que ela não exis-
that there is a biblical study for ha- te. Esse estudo trata exatamente da
ving small groups, and proposes this fundamentação bíblica dos Pequenos
foundation parting from the clarifica- Grupos, considerando sua necessida-
tion of its concepts and of a definition de, sem ignorar seus desafios.
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Antes, porém, de tratar da apre- base bíblica que lhes aporte. Pelo
sentação dessa base bíblica, talvez tempo em que os grupos pequenos
fosse oportuno considerar que, a am- estão em funcionamento, e ainda não
pla generalização no uso deste termo se apresentou uma fundamentação
– Pequenos Grupos – tem criado difi- bíblica, não quer dizer inexistência da
culdades para sua compreensão. Mui- mesma, mas indica a dificuldade da
tos passaram a atribuir esse nome a tarefa. Primeiro, porque a expressão
uma variedade de atividades realiza- “pequenos grupos”, ou “célula”, não
das com poucas pessoas, grupos pe- aparece uma única vez em toda a
quenos que, insistentemente, têm sido Bíblia.8 Segundo, porque aquilo que
chamados de Pequenos Grupos. 6
se entende hoje por Pequenos Gru-
Este trabalho entende Pequenos pos, um verdadeiro sistema altamente
Grupos como um termo técnico, com organizado, não podem ser encontra-
significação substantivada que desig- dos no Antigo Testamento; no Novo
na uma atividade específica. Isso se Testamento eles também não estão
contrapõe ao uso livre e adjetivado do muito claros. Terceiro, as característi-
mesmo, cuja percepção tem escapado cas (estratégias, estruturas, métodos)
quando se trata grupos pequenos de dos Pequenos Grupos atuais diferem
pessoas reunidas para qualquer fina- bastante dos grupos pequenos dos
lidade religiosa como se fossem Pe- tempos bíblicos. Ralph Neighbour
quenos Grupos. 7 admite que os Pequenos Grupos “não
Para o atual contexto, portanto, estão baseados sobre um sólido en-
Pequenos Grupos podem ser defini- tendimento teológico do porque de
dos como um sistema desenvolvido sua existência”.9 “Realmente”, confir-
dentro de um processo organizado ma Comiskey, “o Antigo Testamento
intencionalmente para o crescimento diz muito pouco sobre o ministério de
espiritual, com multiplicação e con- grupos pequenos”.10
servação de seus membros. Seu ob-
jetivo missional envolve os aspectos Os grupos pequenos no antigo
testamento
espiritual e social, profético e esca-
tológico. Seus diversos ministérios Neighbour e Comiskey parecem
desenvolvem-se a partir de reuniões bastante coerentes em suas opiniões
interativas, em grupos pequenos, quando se percebe que os textos a
compostos por membros da comuni- seguir são os únicos a tratar explici-
dade de fé, seus familiares, amigos e tamente de organização de grupos pe-
convidados. Seus encontros aconte- quenos no Antigo Testamento.11
cem em dia, local e horário regulares, “Procura dentre o povo homens
em comunhão, através do louvor, ora- capazes, tementes a Deus, homens
ção, testemunho e estudo da Palavra. de verdade, que aborreçam a avareza;
Tratando-se de um movimento põe-nos sobre eles por chefes de mil,
religioso os Pequenos Grupos neces- chefes de cem, chefes de cinqüenta e
sitam, obviamente, de uma criteriosa chefes de dez” (Êx 18:21).
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“Tomei, pois, os cabeças de vossas mente tratando de Pequenos Grupos,


tribos, homens sábios e experimenta- como frequentemente são citados, ou
dos, e os fiz cabeças sobre vós, chefes está falando de grupos pequenos. Seja
de milhares, chefes de cem, chefes de como for, encontra-se aqui uma impor-
cinquenta, chefes de dez e oficiais se- tante sinalização de sua origem. Uma
gundo as vossas tribos” (Dt 1:15). revisão no sentido da palavra οἶκος em
Parece claro, pelo contexto destas seu contexto histórico-literário ajudará
passagens (Êx 18:14-16; Dt 1:9-10, nesse esclarecimento.
12-17), que trata-se de uma organi- Lawrence Richard, em seu comen-
zação sócio-político-administrativa, tário sobre Romanos 16:5, apresenta
não de um modelo de funcionamento argumentos bastante elucidativos ao
eclesiástico com vistas à evangeli- destacar o papel das casas nos cultos
zação, conservação ou crescimento. dos primeiros séculos e, surpreende, ao
Outra observação importante é que a perceber os grupos pequenos já como
palavra casa, em hebraico ‫( בית‬bait),12 “um fenômeno” naquele período.
local imprescindível para acontecer os
Pequenos Grupos, não aparece nesses Durante quase três séculos o cristianismo
textos, sugerindo que os grupos pe- era um fenômeno em ‘grupo pequeno’.
Os primeiros cristãos não construíram
quenos de Jetro não incluíam reuniões grandes igrejas ou catedrais. Em vez dis-
nos lares. O Êxodo foi a experiência so, reuniram-se em casas de culto e de
do “povo de Israel como nação”.13 partilha. Com base no tamanho das ca-
Flávio Josefo concorda que a di- sas das cidades do 1º século, as reuniões
visão em “regimentos de mil e de devem ter acomodado um número muito
limitado de pessoas.16
quinhentos homens; os regimentos,
ainda, em companhias de cem e de
Sanday e Headlam concordam
cinquenta homens e essas companhias
com Richard e fazem um destaque
em esquadras de trinta, de vinte e de
importante. Eles dizem que
dez homens comandados por oficiais,
que teriam nomes conforme o número não há provas decisivas até o terceiro sé-
de soldados sob seu comando”,14 seria culo da existência de edifícios utilizados
para auxiliar na liderança de Moisés, para as igrejas. As referências parecem ser
que “estava sobrecarregado pela mul- para todos os lugares, em casas particula-
tidão de negócios”.15 res, por vezes, muito provavelmente casas
de uma grande dimensão. No NT temos
em primeiro (At 12:12) a casa de Maria,
Os grupos pequenos a mãe de João [Marcos], onde muitos se
no novo testamento reuniam e oravam.... Não há razão para
supor que esta igreja era o local de encon-
A ocorrência de grupos pequenos tro de todos os cristãos romanos.17
no Novo Testamento, porém, é bastante
frequente. Um conjunto de textos pauli- O segundo texto que trata da mes-
nos (Rm 16:5; 1Co 16:19; Cl 4:15; Fm ma questão é 1 Coríntios 16:19. De
2) foram selecionados para uma análise, acordo com Fausset, Áquila e Prisci-
a fim de se verificar se Paulo está real- la (cf. At 18:2; Rm 16:3, 4),
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originalmente expulsos da Itália por toda a igreja” (Rm 16:23), a qualificação


Claudius, tinham chegado a Corinto (daí “todo” ὅλη, seria desnecessário se os co-
a sua saudação aos Coríntios ser apropria- ríntios somente se encontrassem como
da aqui) e, em seguida, mudaram-se com um simples grupo nas sucessivas cidades
Paulo de Corinto para Éfeso (At 18:2, 18, onde eles viveram, e.g., em Éfeso (1Co
19, 26); aqui, como em Roma, posterior- 16:19) e Roma (Rm 16:15).20
mente, eles levantaram uma igreja (ou
assembléia de fiéis) na casa deles (Rm
16:3, 5).... Em 1Co 16:20, “Todos os ir- Norman Geisler declara que “reunião
mãos” (isto é, toda a igreja) parecem ser das igrejas nos lares foi uma prática co-
distinguidos como “a igreja que está em mum até antes que houvesse edifícios de
sua casa”, mas que era uma montagem igreja (Rm 16:5; 1Co 16:19; Fm 2)”.21
parcial e privada fora da Igreja em geral Lightfoot demonstra ter a mesma com-
de Corinto..18
preensão sobre a questão das casas que
eram tratadas como igreja.22
Henry apoia a posição de Fausset e Finalmente, a quarta passagem sele-
demonstra que, entender a igreja como cionada que trata da expressão a igreja
funcionando em casa era bastante co- em casa é Filemom 2. Os estudiosos em
mum, inclusive por não estar limitada a geral confirmam as posições dos estu-
um número pequeno de pessoas. Sendo dos das passagens anteriores. Fausset,
assim, a própria família pode ser entendi- por exemplo, declara que “na ausência
da como uma igreja em casa.19 de uma igreja regular, nomeadamente as
Outro texto analisado, o terceiro casas de santos eram utilizadas para essa
dentre os selecionados, que trata da finalidade”.23 E Henry conclui: “A casa
questão do funcionamento da igreja de Filemom era uma igreja”.24
nos lares dos cristãos é Colossenses Essa declaração de Henry é importante,
4:15. Comentando sobre esse texto, porque, na verdade não se tratava da ausên-
Peter O’brien entende que cia de uma igreja regular, pois a igreja fun-
cionava regularmente nas casas. Esse tipo
igrejas em casa... são frequentemente de observação é muito comum, indicando
mencionadas nas cartas do NT. Há oca- que os comentaristas poderão estar olhan-
sião em que toda a congregação de uma do a história de trás para frente, tendo em
cidade pode ser pequena o suficiente mente o paradigma da igreja do presente.
para se reunir na casa de um dos seus Encontra-se no Novo Testamento a
membros, e deve ser lembrado que não ocorrência de pelo menos 229 vezes a
era assim até cerca de meados do tercei-
ro século, quando os primeiros cristãos palavra casa (οἶκος).25 Otto Michel, em
possuíam propriedades para propósitos sistemático estudo, apresenta o uso da
de adoração.... Em outros lugares igrejas palavra οἶκος em seu contexto histórico
em casa parece ter sido o menor círculo literário e seus respectivos empregos,
de companheirismo dentro de um grande em nove conteúdos.26 No nono tópico,
grupo. Além da casa de Ninfas em Lao-
dicéia, conhecemos que em Colossos a “The ‘House’ as a Group in the Structure
casa de Filemom era usada como local de of the Christian Community”, declara:
encontro (Fm 2). Em Filipos, a casa de
Lídia parece ter sido usada dessa manei- O primitivo cristianismo estrutura sua
ra (At 16:15, 40) enquanto em Coríntios congregação em famílias, grupos e “ca-
Gaio é descrito como “hospedeiro e de sas”. A casa era tanto um local de comu-
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nhão como um local de encontro. Assim para este objetivo. Igualmente impor-
lemos da casa de Estéfanas em 1Co 1:16, tante é perceber que a igreja cristã dos
da casa de Filemom em Fm 2, a casa de
Cornélio em At 11:14, a casa de Lídia em
primeiros séculos operava com base
At 16:15, a casa da prisão do governador em grupos pequenos que se reuniam
em Filipos em At 16:31, 34.27 nas casas – igrejas em casa.
Em seu trabalho “Os Pequenos
P. Weigandt também apresenta Grupos e a Hermenêutica: Evidências
um estudo exegético da palavra οἶκος Bíblicas e Históricas em Perspecti-
(e οἰκία) e reforça os conceitos de va”, Wilson Paroschi questiona os
Michel. Demonstra que οἶκος é uma Pequenos Grupos baseado em alguns
palavra de amplo uso no Novo Testa- conceitos, principalmente o da pres-
mento e fora dele. O termo é bastante critibilidade no livro de Atos. Ele diz
usado quando se trata de local de reu- que, “nos moldes atuais”, os Pequenos
nião da igreja apostólica.28 Grupos não representam “exatamente
Apesar de Sanday e Headlam co- a prática primitiva da igreja”.33
mentarem que “durante quase três Isso está correto, quando defen-
séculos o cristianismo era um fenô- sores de Pequenos Grupos querem
meno em ‘grupo pequeno’”29 e James dizer que estes já foram praticados
D. G. Dunn mencionar que a Igreja no período apostólico. Por outro lado,
“funcionava em base regular”, talvez ignorar que existe uma relação entre
semanalmente, ou mensalmente,30 em modelos, não parece correto; assim
nenhum dos textos estudados (Rm como negar que os grupos pequenos
15:5; 1Co 16:19; Cl 4:5; Fm 2) e de do período apostólico sirvam de mo-
acordo com estes mesmos autores e delo para hoje baseado na repetição
outros consultados31 a palavra οἶκος e histórica, ou na importância exage-
suas derivadas referem-se a uma re- rada que alguns deram às práticas do
união de Pequenos Grupos conforme livro de Atos, ou numa interpretação
entendidos e praticados pelas igrejas hermenêutica baseada na falta de
nas últimas décadas.32 prescritibilidade. Isso também não
Em consideração ao que foi trata- convence. Os Pequenos Grupos de
do até o momento é possível concluir hoje não são os Pequenos Grupos do
parcialmente que os textos analisados período apostólico, mas, com certeza,
no Novo Testamento não demonstram têm neles sua origem bíblica, modelo
que os Pequenos Grupos/Células são e inspiração adaptados e contextuali-
encontrados como um programa zados para essa época.
regular eclesiástico. Essa percepção, Paroschi declara que é “um erro
todavia, não é o bastante para desa- tratar o livro de Atos como um manu-
creditar os Pequenos Grupos como al da igreja, e a igreja apostólica como
uma prática encontrada na Bíblia. um modelo em tudo para a igreja de
Indica apenas que o uso intencional todos os tempos e lugares”.34 Realmen-
de certos textos retirados de seu sig- te, considerar o livro de Atos como um
nificado original não está adequado manual da igreja, e a igreja apostólica
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como um modelo “em tudo” parece pos não estão prontos no texto bíbli-
mesmo um exagero. Porém, esse ar- co, mas os grupos pequenos estão no
gumento não elimina o fato de que a texto bíblico; eles não são prescriti-
igreja apostólica no livro de Atos tem vos no texto bíblico, mas eles estão
diversas práticas, ainda que não pres- descritivos no texto bíblico.
critivas. Isso, porém, não é o bastante
para desautorizar os grupos pequenos Os grupos pequenos
como uma prática saudável e reco- e as igrejas em casa
mendável para a igreja de outras épo-
Os grupos pequenos estão pre-
cas, especialmente, quando um profeta
sentes no texto bíblico, não, todavia,
utiliza o mesmo livro de Atos como
como Pequenos Grupos, como se su-
modelo dessas mesmas práticas.35
punha ou se critique. Encontram-se,
A discussão travada na matéria em
porém, muito bem caracterizados no
questão, não deveria ser entre o uso bí-
princípio “igrejas no lar” ou, como
blico e legítimo dos Pequenos Grupos e
preferem os escritores da área, “igre-
a hermenêutica no livro de Atos, mas en-
jas em casa”. Wolfgang Simson, em
tre o uso ilegítimo de textos bíblicos mal
sua obra Casas que transformam o
aplicados do livro de Atos por alguns au-
mundo, atém-se especialmente a es-
tores e defensores de Pequenos Grupos e
clarecer as peculiaridades e funciona-
a hermenêutica no livro de Atos.
mento das igrejas nos lares no período
Além disso, no que o próprio au-
neotestamentário. Simson deixa claro
tor concorda,36 não é necessário ha-
que a igreja desse período funciona-
ver prescritibilidade de uma prática
va nas casas não como uma estraté-
da igreja do passado para autorizar
gia, não como um método escolhido,
essa mesma prática no presente. Em
mas como única forma de existência.
segundo lugar, mesmo não havendo
Declara que “os primeiros cristãos –
prescritibilidade há uma consistente
ainda por muitos anos após a conclu-
descritibilidade dos grupos pequenos
são do cânon bíblico – reuniam-se em
no texto bíblico – eles são históricos.
casas, geralmente no recinto maior de
Não há como separar a igreja apos-
que um dos membros dispunha”.41
tólica dos grupos pequenos nos lares,
pois era assim que a igreja apostólica Antes do período de governo de [Alexan-
funcionava.37 Essa é a sua história. E dre] Severo (222-235 A.D.) era expres-
é essa prática que vem sendo resga- samente proibido por decreto construir
templos cristãos ou prédios eclesiásticos.
tada desde o século XVIII, por João
Isso significava que as igrejas nos lares
Wesley,38 por diversas igrejas evan- representavam a única forma de igreja
gélicas históricas, entre inúmeras viável e mais ou menos tolerável.42
outras,39 e pela Igreja Adventista do
Sétimo Dia, desde seus primórdios.40 Icenogle reforça esse conceito de
E, finalmente, é necessário entender que os grupos pequenos do Novo Tes-
a diferença entre grupos pequenos e tamento tinham o epíteto de igreja, ao
Pequenos Grupos. Os Pequenos Gru- declarar que, “durante os tempos do
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Novo Testamento, o povo de Deus os edifícios públicos, perdendo a


continuou a ter encontros em gru- sua maior marca operacional – a re-
pos pequenos chamados ἐκκλησίαν união nos lares.
(reuniões ou igrejas)”.43 Portanto, os Fica assim conciliada a razão
grupos pequenos do período neotesta- porque Lucas, ao escrever o livro de
mentário eram igrejas com poucas Atos, e Paulo, ao escrever suas car-
pessoas que se reuniam nas casas – tas fazem referência às igrejas nas
igrejas em casa. Não eram Pequenos casas (οἶκος: At 2:46; 5:42; 16:40;
Grupos/Células conforme se entende 20:20; Rm 16:5; 1Co 16:19; Cl
no presente, porém, hospedavam em 4:15; Fm, 2). Essa era a única ma-
seu modus operandi um princípio neira possível da igreja funcionar
básico dos Pequenos Grupos/Células e sobreviver45. William Barclay,46
do presente – as reuniões nas casas. John Mallison47 e F. F. Bruce con-
Ainda concordando com a po- firmam que os grupos formados no
sição de Simson, Martin apresenta período do Novo Testamento eram
essa importante declaração: “igrejas em casa”.48
Igreja em casa, portanto, é um
Escavações arqueológicas de 1930-31, conceito que se autodefine:49 é uma
no local onde hoje é a Síria descobriram igreja que funciona em casa, não em
uma casa igreja do terceiro século. Este
edifício em Dura-Europos mostra evi- prédios, edifícios ou catedrais; cujo
dências de ter sido remodelado a partir limite de membros dependia de sua
de uma residência privada em um lugar estrutura física. Algumas cabiam até
para acomodar também encontros da “cerca de 120 pessoas” (At 1:15); seus
igreja cristã. Quando igrejas começaram cultos eram marcados “por grande
a erguer seus próprios edifícios (a partir
do quarto século), igrejas em casa torna- simplicidade”,50 voltados para a co-
ram-se obsoletas, e a natureza da igreja munhão, o partir do pão e as orações
mudou.44 (At 2:46; 6:4; 1Co 11:20-27).
Simson é bastante enfático ao de-
A declaração de Martin transbor- clarar que, as igrejas em casa “seg-
da de interesse pelo menos em dois uem um modelo do Novo Testamento
aspectos. Primeiro, porque indica e não um modelo da história eclesiás-
que a mudança da casa-residência tica posterior”.51 Também é bastante
para casa-igreja já estava ocorrendo persuasivo ao apresentar os mesmos
antes do quarto século. Muito natu- textos utilizados pelos autores do mo-
ral. Havia um aumento expressivo vimento celular como argumento a
no número de cristãos, e a família favor das igrejas em casa (Rm 16:5;
que ali residia necessitava de um 1Co 16:19; Cl 4:15; Fm 2).52
mínimo de privacidade. Mesmo as- Observe-se que os textos acima
sim, a igreja em casa mantinha suas trazem a palavra “casa” como local
características. Segundo, diz res- onde a igreja se reunia. Isso indica
peito à mudança da natureza da ig- naturalmente que igrejas em casa estão
reja, quando esta sai das casas para mais bem contextualizadas que Peque-
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nos Grupos ou Células. O modelo das pos não se limita ao livro de Atos, e
igrejas em casa já está pronto e funcio- nem mesmo às epístolas paulinas, o
nando no texto bíblico, sem qualquer que já os tornariam bem consisten-
necessidade de arranjos ou analogias.53 tes. Os Pequenos Grupos apoiam-se
Floyd Filson, em seu conceituado em profundos conceitos e princípios
artigo “The Significance of the Early encontrados em seus marcos bíbli-
House Churches”, faz a seguinte de- cos, teológicos e históricos, perce-
claração: “Foi a hospitalidade destes bidos através do texto sagrado desde
lares que tornou possível a adoração Gênesis, e da história sagrada desde
cristã, a refeição comum, e a coragem o Éden.55 Desde ali, na formação da
sustentada pelo companheirismo do humanidade, Deus toma a iniciativa
grupo. O movimento cristão real- de reunir a família humana em torno
mente enraizou-se nesses lares”.54 do altar do sacrifício, provendo-lhe
calor, abrigo, companhia e comu-
Conclusão nhão pelo sangue do Cordeiro (Gn
Esse estudo encerra-se entendendo 1:27; 2:7-8, 20-21).56
que ofereceu evidências consistentes Segue-se a simbologia através
a indicar que o movimento de Peque- dos tempos, através de patriarcas e
nos Grupos/Células segue a mesma profetas (Gn 12:7-8; 22:9-13; 46:1;
trilha do movimento igreja em casa, 1Sm 7:9-10), do povo escolhido Isra-
em grupos pequenos, cuja origem el (Êx 27:1-8), do remanescente (Ed
está inquestionavelmente incrustada 10:34-36; 12:43), até ao tempo de
no texto bíblico. Possivelmente, a Cristo (Lc 1:8-9, Mt 27:41), quando
visão simplista e precária sobre o que o próprio Filho de Deus é apresen-
são os Pequenos Grupos/Células pre- tado como o Cordeiro de Deus que
cipite a utilização de textos bíblicos tira o pecado do mundo (Jo 1:29). E
de maneira inadequada, comprom- novamente Ele reúne Sua igreja em
etendo e dificultando desnecessari- torno de Si e a comissiona na tarefa
amente sua justificativa bíblica. Por de pregar o Evangelho (Mc 16:14-
outro lado, minimizar a importância 16). O modelo de comunhão perma-
dos Pequenos Grupos apenas baseado nece, em grupos pequenos, em torno
no conceito da não-prescritibilidade do Cordeiro, de Seu testemunho e
ignorando as evidências histórico- de Sua Palavra (At 1:12-14; 2:42). É
textuais do livro de Atos e de toda a nessa Palavra, através de suas narra-
Bíblia é outro extremo. tivas inspiradas, proféticas e históri-
É ainda importante ressaltar que cas que os Pequenos Grupos encon-
a base bíblica para os Pequenos Gru- tram seu gênesis.

Referências Evangélica Esperança, 1996), p. 3. Ver tam-


bém Robert Michael Lay, Hélio R. Nichele,
1
Christian Schwarz, O desenvolvimen- ed., Manual do auxiliar de célula (Curitiba,
to natural da igreja (Curitiba, PR: Editora PR: Ministério Igreja em Célula, 1998), p.
Uma fundamentação bíblica para os pequenos grupos / 91

20-28; Joel Comiskey, Crescimento explosi- Latin America” (Ph.D. tese, Fuller Theologi-
vo da igreja em célula (Curitiba, PR: Minis- cal Seminary, Pasadena, California, 1997), p.
tério Igreja em Células, 1997), p. 15; Russell 13.
Burrill, Como reavivar a igreja no século 21 11
Embora no livro de Neemias, capítulo
(Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2005), p. 3, encontre-se uma organização de trabalha-
19. dores em grupos, percebe-se, porém, que se
2
William A. Beckham, A segunda refor- trata de um trabalho específico, de um mu-
ma: a igreja do Novo Testamento no século tirão, que se encerrou no momento em que
XXI (Curitiba: Ministério Igreja em Células, a obra terminou — “cinquenta e dois dias”
2007), p. 11. depois (Ne 6:15).
3
Os Pequenos Grupos hoje estão sendo 12
Ver James Swanson, Dictionary of
recomendados em todos os programas das Biblical Languages with Semantic Domain:
Uniões e Campos da IASD do Brasil através Hebrew Old Testament (Oak Harbor: Logos
das Resoluções de Foz do Iguaçu: Recomen- Research Systems, Inc., 1997), p. 1074.
dações do Departamento dos Ministérios Pes- 13
Atilio René Dupertuis, De Egipto a
soais para o Concílio Quinquenal da DSA, Canaán: el evangelio en el éxodo (Berrien
Foz do Iguaçu, 30/10 a 09/11/2005; e da Pro- Springs: Pioneer Publications, 1995), p. 29.
posta sobre Pequenos Grupos, Documento de 14
Flávio Josefos, História dos hebreus:
Pequenos Grupos da DSA, votado em maio obra completa (Rio de Janeiro: Casa Publica-
de 2007, no Centro de Vida Saudável (CEVI- dora das Assembléias de Deus, 1992), p. 92.
SA), Engenheiro Coelho, São Paulo; e do do- 15
Ibid.
cumento Divisão Sul-Americana, “Proposta 16
Lawrence O. Richards, The Bible Read-
do II Fórum de Pequenos Grupos da DSA, ers Companion (Wheaton: Victor Books,
Aprofundando a Caminhada”, Brasília, DF, 1991), p. 752.
02-05 de novembro de 2008. 17
W. Sanday e Arthur C. Headlam, Aq-
4
Comiskey, Crescimento explosivo, p. uila and Priscilla, A Critical and Exegetical
15; Burrill, Como reavivar, p. 19; Jeffrey Ar- Commentary on the Epistle of the Roman
nold, Pequenos grupos sua missão na igreja (New York: C. Scribner’s sons, 1979), p.
e na comunidade (Arapongas: Gráfica e Edi- 420. Ver também “In their house” [Rm 16:5],
tora Aleluia, 2000), p. 25; Beckham, p. 15. Francis D. Nichol, ed., The Seventh-day Ad-
5
Beckham, p. 11, 13 e 16; Arnold, p. 25. ventist Bible Commentary (Hagerstown: Re-
6
Sérgio Leoto, “Iniciando Pequenos view and Herald, 1976), 6:652.
Grupos I”. Pesquisa realizada no site http://
18
A. R. Fausset, The First Epistle of Paul
www.igeva.com.br/pages/estudos.php?id_ the Apostle to the Corinthians, A Commen-
estudo=313, acessado em 5 de dezembro de tary, Critical and Explanatory, on the Old and
2008. New Testaments (Oak Harbor: Logos Re-
7
Pesquisa feita no site http://www.igeva. search Systems, Inc., 1997), 1Co 16:19.
com.br/pages/estudos.php?id_estudo=313,
19
Matthew Henry, The First Epistle of
acessado em 5 de dezembro de 2008. St. Paul to the Corinthians, Matthew Henry’s
8
Weverton Miranda, “Pequenos Gru- Commentary on the Whole Bible: Complete
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pibac.org.br/site/index.php?option=com_co Hendrickson, 1996), 1Co 16:19. Ver também
ntent&task=view&id=51&Itemid=64, aces- John A. Witmer, Romans, The Bible Knowl-
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9
Ralph W. Neighbour, Jr., Where do We Scriptures, vol. 2 (Wheaton: Victor Books,
Go From Here? A Guide Book for the Cell 1983-c1985), p. 548; “Church … in their
Group Church (Houston: Touch Publications, house” [1 Co 16:19], Nichol, 6:817.
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20
Peter T. O’brien, Colossians 4:7-18,
10
Joel Comiskey, “A Cell-Based Min- Word Biblical Commentary, vol. 44 (Waco:
istry: A Positive Factor Church Growth in Word Books, 1982), p. 256-257.
21
Norman L. Geisler, Colossians, The
92 / Parousia - 2º semestre de 2010

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tor Books, 1983-c1985), p. 685. org/; “Cell Church Network - Hong Kong”,
22
Joseph Barber Lightfoot, Saint Paul’s www.ccmnglobal.com/; “Igreja Evangélica
Epistles to the Colossians and to Philemon, Elim”, http://www.igrejaselim.org.br/; E para
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tament (London and New York: Macmillan em Pequenos Grupos, ver “Igreja Adventista
and Co., 1886), p. 241. Ver ainda “Nymphas” do Sétimo Dia”, www.pequenosgrupos.com.
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23
A. R. Fausset, The Epistle of Paul to Cabo”, http://www.pibac.org.br/site/index;
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planatory, on the Old and New Testaments igeva.com.br/pages/comunidades.php.
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Wilson Paroschi, “Os Pequenos Gru-
1997), Fm 2. pos e a Hermenêutica: Evidências Bíblicas e
24
Matthew Henry, The Epistle of St. Históricas em Perspectiva”, (Engenheiro Co-
Paul to Plilemon, Matthew Henry’s Com- elho, São Paulo, 2009).
mentary on the Whole Bible: Complete and 34
Paroschi, p. 6.
Unabridged in One Volume (Peabody: Hen- 35
Ver, por exemplo, Ellen G. White,
drickson, 1996), Ph 2. Ver também “Thy hou- Atos dos apóstolos (Tatuí: Casa Publicadora
se” [Fm 2], Nichol, 7:378. Brasileira, 2006), p. 91-92; Ellen G. White,
25
Ver J. Goetzmann, “Οἶκος”, O Novo Serviço cristão (Tatuí: Casa Publicadora Bra-
Dicionário Internacional de Teologia do sileira, 2004), p. 72-73.
Novo Testamento (São Paulo: Vida Nova, 36
Ver Paroschi, p. 9.
1981), 1:365-368. Ver também W. E. Vine, 37
Ver Robert Fitts, The Church in the
M. F. Unger e W. White, Vine’s Complete House – A Return to Simplicity (Kaulua-Ko-
Expository Dictionary of Old and New Tes- na, HI, s.d.), p. 9; http://robertfitts.com/63.
tament Words (Nashville: Thomas Nelson, 38
Ver, por exemplo, Howard Snyder, The
1996), 2:308-309. Radical Wesley: Pattern for Church Renewal
26
Otto Michel, “Οἶκος” Theological Dic- (Grand Rapids: Zondervan, 1987); D. Mi-
tionary of the New Testament, Gerhard Kit- chael Henderson, John Wesley’s Class Meet-
tel e Gerhard Friedrich, ed., (Grand Rapids: ing (Neppanee: Evangel Publishing House,
Eerdmans, 1985), 5:119-130. 1997).
27
Ibid. 39
Ver Christian Schwarz, O desenvolvi-
28
P. Weigandt, “Oἶkos”, Exegetical Dic- mento natural da igreja (Curitiba, PR: Edito-
tionary of the New Testament (EDNT), Horst ra Evangélica Esperança, 1996); Roberto Mi-
Robert Balz and Gerhard Schneider, ed., chael Lay, Hélio R. Nichele, ed., Manual do
(Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1990-c1993), auxiliar de célula (Curitiba: Ministério Igreja
2:495. Para estudo completo ver idem, EDNT, em Célula, 1998); Joel Comiskey, Cresci-
2:495, 500-503. mento explosivo da igreja em célula (Curiti-
29
Sanday, CECER, p. 420. ba: Ministério Igreja em Células, 1997).
30
James D. G. Dunn, Romans 9-18. Word 40
A Igreja Adventista traz desde sua ori-
Biblical Commentary (Dallas: Word Publish- gem a prática de estudo da Bíblia em grupos
ing, 1992), p. 893. pequenos, em suas reuniões. A seguir, algu-
31
Weigandt, EDNT, 2:495, 500-503; mas poucas obras que ensinam essa prática:
Sanday, CECER, p. 420; Dunn, Romans 9-18. Ellen G. White, Conselhos sobre a escola
WBC, p. 893; Peter O’brien, Colossians sabatina (Santo André, SP: Casa Publicadora
4:7-8. Word Biblical Commentary (Waco: Brasileira, 1984); Manual da escola sabati-
Word Books, 1982), p. 256-257; Idem, Phi- na (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,
lemon 1-3. WBC, p. 273. 1995); Departamento da Escola Sabatina, Au-
32
Para entender como funcionam as prin- xiliar do programa para o jardim da infância
cipais Igrejas em Células, ver “Ministério (Santo André, São Paulo: Casa Publicadora
Uma fundamentação bíblica para os pequenos grupos / 93

Brasileira, 1966); Laveta Maxine Payne, Cal- mente, teve lugar durante aqueles primeiros
led to Teach a Sabbath School Class (Hagers- anos.” Robert Fitts, The Church in the House
town: Review and Herald, 1969). – A Return to Simplicity (Kaulua-Kona, HI,
41
Simson, p. 63. s.d.), p. 9. Pesquisa feita no site http://rober-
42
Ibid., p. 77. tfitts.com/63, acessado em 8 de dezembro de
43
Icenogle, p. 14. 2008.
44
Ernest Martin, Believers Church Bible 53
Alguns autores do movimento celular e
Commentary: Colossians, Philemon (Scotda- de grupos pequenos que apresentam a analo-
le: Herald Press, 1993), p. 297. gia das células: Neighbour, Where do We Go,
45
Daniel Rode, “Uma Teologia de Pe- p. 223; Lay, p. 27-31; Cox, p. 61; Aluízio A.
quenos Grupos”, em Ministério, julho-agosto Silva, Manual da visão de células (Goiânia:
de 2009, p. 19-20. Videira, 2008), p. 27; Comiskey, Crescimen-
46
Ver William Barclay, The Letter to to explosivo, p. 19.
the Romans (Philadelphia: The Westminster 54
Floyd V. Filson, “The Significance of
Press, 1955), p. 228. the Early House Churches”, em Journal of
47
Ver John Mallison, Growing Christians Biblical Literature, 58 (1939): p. 109–112.
in Small Groups (London: Scripture Union, 55
O estudo atual limita-se a apresentar
1989), p. 5. um resumo do tema “Uma Fundamentação
48
Ver Frederick F. Bruce, The Epistles to Bíblica para os Pequenos Grupos”. Escapa ao
the Ephesians and Colossians (Grand Rap- propósito do mesmo apresentar uma funda-
ids: Eerdmans, 1957), p. 309-310. mentação teológica e histórica dos Pequenos
49
Para uma compreensão mais pormeno- Grupos. Para um estudo mais pormenoriza-
rizada sobre conceitos e definições de igrejas do sobre o tema, inclusive a respeito dos seis
em casa, ver Robert e Julia Banks, The Chur- princípios bíblicos dos Pequenos Grupos,
ch Comes Home (Peabody, MS: Hendrickson ver José Umberto Moura, “Uma Fundamen-
Publishers, 1998), p. vii-viii e 6. tação Bíblica, Teológica e Histórica desde
50
George Eldon Ladd, Teologia do Novo uma Perspectiva da Igreja Adventista do Sé-
Testamento (São Paulo: Hagnos, 2002), p. 320. timo Dia” (DTP tese, Seminário Adventista
51
Ibid., p. 109. Latino-Americano de Teologia, Engenheiro
52
Robert Fitts, comentando sobre es- Coelho, São Paulo, 2009).
ses textos, declara o seguinte: “A partir das 56
Ver Wuthnow, I Come Away, p. 349;
Escrituras, é evidente que a igreja primitiva “El éxodo” [12:1–51], Comentario bíbli-
reunia-se nas casas. Eles não tinham edifícios co mundo hispano Éxodo (CBMH), Daniel
de igrejas. Tais edifícios não apareceram até Carro, José Tomás Poe e Rubén O. Zorzo-
o ano 232 A.D. Naqueles primeiros dias não li, ed., (El Paso, TX: Editorial Mundo His-
eram chamadas de “igrejas-casa”. Eles eram pano, 1997), 2:114-126; Ellen G. White,
“a Igreja” que se reunia na casa de alguém. Mensagens escolhidas, 3 vols. (Santo An-
É notável que o mais explosivo período de dré: Casa Publicadora Brasileira, 1966),
crescimento da Igreja na história, até recente- 1:280.

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