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4a Edição - Fevereiro/2023
Coordenador Teológico
Pr. Marco Feliciano, DD
Direção e Edição
Cláudio Roberto de Oliveira
Ilustrações
Sanrley Guedrien Bueno
Atendimento
www.institutoteologicocarisma.com.br
contato@institutoteologicocarisma.com.br
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Homilética Dinâmica
(A Arte de Pregar)
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***
O Lar Cristão
(A família cristã à luz da Bíblia)
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Língua Portuguesa
Sumário
Introdução
A Bíblia diz que Deus “... amou ao mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna” (Jo 3.16). Essa passagem se tornou o texto áureo de toda
Bíblia. Deus revelou Seu insuperável amor pela raça humana como um
todo, e por cada pessoa individualmente. Na Epístola aos Felipenses, lemos
que Cristo humilhou-se a si mesmo sendo obediente até a morte de cruz
“...a si mesmo se humilhou, tornado-se obediente até a morte, e morte de
cruz” (Fl 2.8).
Assim, a Bíblia nos apresenta a grande boa-nova de que o plano de
salvação se concretizou na morte de Cristo, salvação essa que foi
arquitetada detalhadamente pelo Deus Trino antes da fundação do
mundo. Portanto temos nitidamente, revelado nas Escrituras o papel de
cada pessoa da Trindade na redenção da humanidade. O Pai planejou a
salvação, O Filho consumou a salvação e o Espírito Santo aplica a salvação
que O Pai planejou e o Filho consumou. Somente um Deus como o nosso
poderia resgatar a humanidade sem entrar em contradição com a Sua
própria justiça divina.
Instituto Teológico Carisma Salvação, um Dom de Deus 172
Capítulo 1
O que é Salvação?
Salvação assumindo uma conotação
espiritual significa: perdão de pecados. Salvação
é livrar alguém da condenação. Condenação é o
resultado do julgamento do pecador. Esse
julgamento consiste em Deus condenar o
pecador à punição eterna do inferno, destino
daqueles que rejeitam a provisão de Deus para o
perdão de pecados. Ela é um dom gratuito,
portanto a única coisa que o homem precisa
fazer para ser salvo é crer permanecendo em
Jesus.
A salvação em três tempos:
O homem é um ser tricotômico, ou seja, ele é composto por espírito, alma
e corpo. Partindo desse princípio esta- mos sendo e seremos salvos.
a) Salvação Passada: É a salvação do espírito e recebe o nome de Novo
Nascimento, Regeneração. O termo bíblico relacionado com essa experiência
é: Justificação. “Deus, quem nos salvou” (2 Tm 1.9); “Segundo a sua
misericórdia nos salvou” (Tt 3.5).
b) Salvação Presente: É a salvação da alma, do nosso Eu. O Espírito Santo
realiza a separação da alma e do espírito. A alma é “quebrada” e o Espírito
Santo, através do nosso espírito, exerce Seu governo sobre ela. Isso é
Santificação. “Desenvolvei a vossa salvação” (Fp 2.12); “Cristo... pode salvar
completamente” (Hb 7:25); “Na vossa paciência, ganhareis as vossas almas” (Lc
21.19); “A palavra em vós enxertada, a qual é poderosa para salvar as vossas
almas” (Tg 1.21); “Quem quiser salvar a sua vida (alma) perdê-la-á; mas quem
perder a sua vida (alma) por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á” (Mc 8.35).
c) Salvação Futura: É a salvação do corpo.
Acontecerá por ocasião do arrebatamento ou da
ressurreição. O termo bíblico para tal
acontecimento é: Redenção. “Nossa salvação está
agora mais perto de nós” (Rm 13.11); “Cristo
aparecerá segunda vez aos que o esperam para a
salvação” (Hb 9.28); “Aguardamos a nossa adoção,
a saber, a redenção do nosso corpo (Rm 8:23).
173 Salvação, um Dom de Deus Instituto Teológico Carisma
Capítulo 2
A necessidade de salvação
Para o homem entender que ele necessita de
salvação, primeiramente é preciso que ele
reconheça que está perdido. Pois não há
necessidade de salvação onde não há perdição. A
necessidade de salvação nos mostra que o homem
é incapaz de ser salvo pelos seus métodos e pelos
seus próprios esforços. O homem foi incapaz de
seguir toda a Lei, eis o porque da necessidade da
vinda de um Salvador para cumprir essa Lei em seu
lugar. A obra salvífica de Cristo é o alicerce e a base que sustenta o templo do
resgate divino. Questionar esse alicerce é questionar toda estrutura do
cristianismo. Pois se não reconhecermos a existência de perdição, não
necessitamos de salvação, automaticamente não há salvador. Então, Cristo
passa de Salvador do mundo, para simplesmente um homem qualquer, um
personagem histórico, revolucionário que esteve no mundo somente para
fundar mais uma religião. Na Bíblia temos a confirmação dos anjos sobre quem
é Jesus “é que hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o
Senhor” (Lc 2:11 - grifo nosso).
A Origem da Salvação
Já temos visto a condição espiritual do homem perante seu criador e sua
necessidade de salvação. Agora iremos ver a origem da salvação.
A salvação tem origem na Graça de Deus (“Porque a graça de Deus se há
manifestado, trazendo salvação a todos os homens” - Tt 2:11). É um fato que a
graça de Deus é a fonte de salvação e de todas outras bênçãos do cristão. Ela
aparece mais de 300 vezes em toda Bíblia Sagrada, além disso, é traduzida
centena de vezes como “misericórdia” e dezenas de vezes como “bondade,
longanimidade” etc. Portanto a graça é um favor imerecido da parte de um
superior a um inferior, ser acolhido com benevolência e misericórdia.
Não podemos confundir graça de Deus com obras humanas e nem com
“obrigação divina”. Se o homem pudesse ser salvo através de suas obras, ele não
necessitaria de um salvador, isso sem contar o fato de que Deus nunca teve
obrigação de fazer nada pela humanidade caída, a salvação é um dom gratuito,
pois mesmo sendo falhos e imperfeitos, Deus nos ama e usa de sua graça e
misericórdia para conosco. O objetivo da graça de Deus é duplo, primeiramente
ela salva o homem do poder do pecado e depois ela limita a ação deste, levando o
homem a ter íntima comunhão com Cristo. A graça de Deus é um assunto
abrangente, por isso, ela se divide em dois tipos principais:
• A graça comum: São favores que Deus dispensa a toda a raça humana. Cristo,
como Cordeiro de Deus, não é só “mediador da aliança” mas é também “mediador
da criação”. Por este motivo, Deus concede a graça comum ao homem visando a
preservação de vida na terra.
176 Salvação, um Dom de Deus Instituto Teológico Carisma
Os fenômenos naturais estão entre esses favores (“...porque Ele faz nascer
o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.” Mt 5.45).
Apesar disso tudo, a graça comum refreia o pecado, mas não muda a
natureza humana. Ela segura a manifestação do pecado, mas não o
extingue. Ela é apenas um veículo para demonstrar a bondade de Deus a
toda criatura.
• A graça especial: É a graça concedida ao homem somente através da
fé no sacrifício vicário do Filho de Deus. Quando o ser humano responde à
graça comum, ele é beneficiado por essa “graça especial” que o leva a
chegar mais perto do Criador. Portanto, a graça produz em nós exatamente
o contrário daquilo que o pecado produziu. O pecado produziu a nossa
morte espiritual, porém a graça nos restituiu a vida. Através dela, Deus
salva, justifica e adota o pecador como um filho (“Mas, a todos quantos o
receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem
no seu nome” - Jo 1:12). Jesus afirmou que é
impossível o homem receber salvação, se essa graça especial não atraí-lo
até Deus (“Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o
trouxer...” - Jo 6:44).
177 Salvação, um Dom de Deus Instituto Teológico Carisma
Condena (“Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos Perdoa (“Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a
que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja redenção dos nossos delitos, segundo as riquezas da sua
fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus” - graça” - Ef 1.7)
Rm 3.19)
Maldiz (“Pois todos quantos são das obras da lei estão Convida Justifica (“É evidente que pela lei ninguém é
debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo justificado diante de Deus, porque: O justo viverá da fé” -
aquele que não permanece em todas as coisas que estão Gl 3.11)
escritas no livro da lei, para fazê-las” - Gl 3.10)
Mata (“E outrora eu vivia sem a lei; mas assim que veio o Vivifica (“O ladrão não vem senão para roubar, matar e
mandamento, reviveu o pecado, e eu morri; e o mandamento destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em
que era para vida, esse achei que me era para morte.” - Rm abundância” - Jo 10.10)
7.9,10)
Separa o pecador (E disseram a Moisés: Fala-nos tu Aproxima (“Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes
mesmo, e ouviremos; mas não fale Deus conosco, para que estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto” -
não morramos.” - Ex 20.19) Ef 2.13)
Opera vingança (“Olho por olho, dente por dente, mão por Não se vinga (“Eu, porém, vos digo que não resistais ao
mão, pé por pé” - Ex 21.24) homem mau; mas a qualquer que te bater na face direita,
oferece-lhe também a outra” - Mt 5.39)
Diz: “Faze e viverás” (“Então subiu Moisés a Deus, e do Diz: “Crês e serás Salvo” (“Responderam eles: Crê no
monte o Senhor o chamou, dizendo: Assim falarás à casa de Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.” - At 16.31)
Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel” - Ex 19.3)
Foi para uma nação ("Então subiu Moisés a Deus, e do É para todas as nações (“Portanto ide, fazei discípulos de
monte o Senhor o chamou, dizendo: Assim falarás à casa todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho,
de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel” - Ex 19.3) e do Espírito Santo” - Mt 28.19)
Condena a todos (“Pois todos nós somos como o imundo, e Justifica a todos (“E a esperança não desaponta,
todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos porquanto o amor de Deus está derramado em nossos
nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” - Rm 5.5)
como o vento, nos arrebatam” - Is 64.6)
Na promulgação da lei, 3 mil perderam a vida (“E os filhos Na primeira pregação após a ressureição três mil almas
de Levi fizeram conforme a palavra de Moisés; e caíram do receberam vida (“De sorte que foram batizados os que
povo naquele dia cerca de três mil homens” - Ex 32.28) receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se
quase três mil almas” - At 2.41)
O meio de salvação
Já aprendemos que a origem da nossa salvação é a graça de Deus. Mas Deus
é santo, justo e não pode tolerar o pecado; esse tem de ser punido. Então como
Deus pode ainda salvar os pecadores sem ir contra Sua natureza? Encontramos a
resposta na provisão que Cristo realizou na cruz do calvário. Portanto o único
meio de salvação é através da pessoa de Jesus Cristo (“... ninguém vem ao Pai, se
não por mim” - Jo 14:6) - pois Ele é mediador de uma nova e melhor aliança de
Deus com o homem. Deus, através de Cristo, nos beneficiou com os mais ricos
presentes da crucificação. Para aproximarmos de Deus, é preciso que seja
segundo as condições impostas pelo próprio Deus, não temos o direito de
inventar o nosso próprio caminho. A salvação sempre vem através de uma e
determinada pessoa (“Mas eu te oferecerei sacrifício com a voz do
agradecimento; o que votei pagarei. Do Senhor vem a salvação” - Jn 2:9) – Na
encarnação do Verbo, Deus se fez homem para salvar o homem. Jesus é o único
meio de salvação, porque foi Ele o sacrifício único e perfeito para livrar a
humanidade da condenação do pecado. Por isso Jesus satisfaz dois requisitos:
• Ele tem a vontade de salvar: (“Que quer que todos os homens se salvem, e
venham ao conhecimento da verdade” - 1 Tm 2:4) – o desejo de salvação que está
dentro de Jesus, é no sentido de sentimento e não de apenas de planejamento
decidido. Se o Deus Trino, algum dia planejou a salvação da humanidade, foi
porque o amor que Ele sente é muito grande (“Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna” - Jo 3:16). Neste, que se tornou o texto áureo da
Bíblia, temos o maior sentimento do mundo que é o amor de Deus, temos
também o maior aglomerado de pessoas que é o mundo e finalmente temos a
maior promessa do mundo que é a vida eterna em Cristo Jesus.
• Ele tem capacidade de salvar: (“Portanto, pode também salvar
perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder
por eles.” - Hebreus 7.25). A capacidade de salvar, que só Jesus tem, vem pelo fato
Dele ter, em obediência a Deus, se esvaziado de Sua e Divindade e assumido a
forma humana para morrer em nosso lugar (“Mas esvaziou-se a si mesmo,
tomando forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na
forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e
morte de cruz” - Fp 2.7,8).
179 Salvação, um Dom de Deus Instituto Teológico Carisma
Ninguém passou o que Ele passou, ninguém enfrentou o que Ele enfrentou e
ninguém nos amou como Ele nos amou. Pela Sua humanidade Ele pôde passar
por tudo que nós passamos, ter as necessidades que nós temos, ser tentado em
tudo como nós somos, mas, todavia em nenhuma das áreas da vida Ele cometeu
pecado. Isso O habilita a ser a única pessoa que tem capacidade de salvar, pois Ele
está assentado à direita de Deus pai como único sacerdote que pode interceder
pela humanidade (“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa
compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi
tentado, mas sem pecado” - Hb 4:15).
Por outro lado, o sangue de Cristo fala de coisas muito mais superiores do que
Abel: ele clama por perdão e misericórdia em vez de vingança. O sangue de Jesus
clama a Deus por nós.
O Plano de Salvação
Em resumo o plano de Deus para salvação se divide em três partes: Lei,
Graça e Glória. A Lei cerca todo o período do Antigo Testamento, a Graça
compreende os Evangelhos e a Glória o restante das Escrituras. Mas quando foi
planejado tudo isso? A resposta está em Apocalipse 13.8b “...Cordeiro que foi
morto desde a fundação do mundo.”- onde nos diz que o propósito do Deus Trino
de salvar a humanidade já estava arquitetado desde a fundação do mundo, mas o
Cordeiro foi morto milhares de anos depois da queda, mas na mente de Deus ele
já havia morrido. Semelhantemente, Isaías 9:6 diz: “Porque um menino nos
nasceu, um filho se nos deu...”. Note que o verbo está no pretérito perfeito, mas
Isaías profetizou setecentos anos antes do menino nascer, mais uma vez vemos a
presciência de Deus, que para Ele não existe passado e nem futuro, mas sim um
eterno presente. Os propósitos de Deus são tão concretos quanto o próprio
acontecimento, por isso, a queda do homem não O pegou de surpresa, pela Sua
presciência Ele já sabia antecipadamente que o homem iria pecar, mas quando
isso aconteceu Ele já tinha a solução para esse problema. Concluímos então, que
o plano de salvação do homem, não era um plano alternativo, nem um remendo,
que foi feito as pressas, mas é uma solução definitiva.
Então se Deus sabia, porque Ele não evitou que homem pecasse?
Simplesmente pelo fato de que Ele não poderia interferir no livre arbítrio do
homem e teríamos nossa vida controlada, Deus tinha que deixar o próprio
homem decidir se obedeceria ou não. Do contrário Deus estaria indo de encontro
com Sua própria natureza, fazendo assim com que Adão obedecesse não porque
queria, mas porque Deus o forçou a fazê-lo. O Senhor é a essência da liberdade,
Ele nunca criaria um ser como se fosse um robô, que simplesmente recebe
ordens, mas sim a todos concedeu o livre arbítrio (o fato de podermos escolher o
bem ou o mal) - é o homem quem escolhe e determina o seu destino eterno, e
não Deus. Quando Lúcifer caiu, o homem seguiu o mesmo destino, isso nos leva a
contemplar quão grandioso é o Senhor. Hoje de livre e espontânea vontade
podemos escolher servir ao Senhor ( “...escolhei hoje a quem sirvais...” Js 24.15).
Dentro do plano da salvação, a Igreja não tem ligação com a lei, mas somente
com a Graça e Glória. Elementos esses que foram reservados restritamente para
a Igreja pelo próprio Deus. O que não podemos é tirar a ordem desse plano tão
bem arquitetado e elaborado minuciosamente por Deus.
181 Salvação, um Dom de Deus Instituto Teológico Carisma
Esse foi o grande perigo da Igreja primitiva, regredir da graça para a lei
(“Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à
graça de Cristo para outro evangelho;” Gl 1.6) - esse outro evangelho que
Paulo menciona foi a influência de alguns judeus cristãos que obrigavam os
crentes não judeus a praticarem a lei, principalmente o ritual da circuncisão.
Atualmente o contexto é outro, coletivamente, não temos o perigo de
retornar para a lei, mas o grande desafio de cada cristão é conseguir passar
da Graça para a Glória.
Instituto Teológico Carisma Salvação, um Dom de Deus 182
Capítulo 3
Aspectos divinos da obra salvífica
de Jesus Cristo - 1
“Que é o homem mortal para que te
lembres dele? e o filho do homem, para que
o visites?” (Sl 8:4).
Neste salmo, Davi contempla toda obra
da criação e observa sua magnitude,
sentindo-se forçado a perguntar por que
Deus escolheria algo tão falho e inexpressivo
como o homem para dar-lhe o domínio
sobre todas as obras de Sua mão.
Apesar disso, há um Deus no céu que tem consciência disso e sabe que, à
parte Dele, não passamos de meras e frágeis criaturas, e corremos um grande
perigo. Por esse motivo é que Deus providenciou, da Sua parte, alguns
aspectos da obra salvífica de Cristo dos quais veremos a seguir:
Ele teve de morrer pelos pecados do mundo. Somente Deus poderia fazer
isso. E Jesus deveria ser homem para poder fazer um sacrifício pelo próprio
homem. Como homem, Jesus pôde ser o mediador entre Deus e os homens.
A substituição divide-se em duas partes:
• Substituição temporária: Substituição é o ato judicial de Deus pelo qual
Ele pune os pecadores pelos seus pecados, provendo um substituto
qualificado, sobre o qual recaiu todo o pecado e a culpa imputados à
humanidade por causa do pecado de Adão. Antes do calvário, um cordeiro
morria em lugar do homem, substituindo-o como sacrifício a Deus. No Antigo
Testamento esse sacrifício tinha de ser repetido e somente cobria os pecados,
não os apagava. A pessoa era salva por esse sacrifico, mas somente se ela
tivesse a esperança de que viria o Messias prometido para fazer um sacrifício
único e perfeito.
Todos os sacrifícios do Antigo Testamento eram tipos e símbolos que
apontavam para um melhor sacrifício (“Porque tendo a lei a sombra dos bens
futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que
continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se
chegam” - Hb 10.1), pois era impossível que o sacrifício de animais tirasse o
pecado do homem. Por isso nota-se que Deus não atentava para o sacrifício
em si, mas para a dedicação íntima do ofertante. “Samuel, porém, disse: Tem,
porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que
se obedeça à voz do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e
o atender, do que a gordura de carneiros” (Sm 15.22).
• Substituição permanente: Depois do calvário, o Cordeiro também
morreu em lugar do homem (“...Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo.” - Jo 1.29), mas esse sacrifício foi uma só vez para sempre e tirou o
pecado do mundo, foi permanente. Pois Deus não quis mais o sacrifício de
animais (“Sacrifício e oferta não quiseste; os meus ouvidos abriste; holocausto
e expiação pelo pecado não reclamaste.” - Sl 40.6), pois eram temporários e a
Palavra de Deus ensina que Cristo, vicariamente, nos substituiu morrendo em
nosso lugar, recebendo nossa punição e pagando nosso pecado. Por esta
razão, o sacrifício veio atender à culpabilidade da raça humana. Mediante o
sacrifício, o mesmo Deus que exigiu o preço a ser pago pelo pecado também
pagou esse preço, tão grande que nenhum ser humano foi capaz de igualar.
Deus olhou do céu e não viu nenhum justo sequer. Este olhar de Deus
percorreu três tempos: passado, presente e futuro. O Senhor observou que
não houve, não havia e tampouco haveria um justo na Terra (“O Senhor olhou
desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse
entendimento e buscasse a Deus.” - Sl 14.2). Eis a razão de um substituto para
o sacrifício: o ser humano não tinha condições nem de morrer por ele mesmo.
184 Salvação, um Dom de Deus Instituto Teológico Carisma
Assim, não somente Cristo se tornou Filho do Homem para que o homem
se tornasse filho de Deus, como também Ele se tornou, no calvário, o que não
era (pecado), para que nós nos tornássemos o que não éramos (somos), isto é,
justos.
A Reconciliação
É a operação graciosa de Deus pela qual reconcilia-Se com os pecadores,
por meio da morte de Jesus Cristo, removendo a inimizade. O termo usado no
Antigo Testamento para reconciliação é “expiação”. A reconciliação resolve o
problema da alienação do pecador. O verbo para denotar reconciliação no
Novo Testamento é “mudar”: mudar de inimizade para amizade; de odiar para
considerar amigo e amar; mudar de guerra para paz; de separação de Deus
para acesso direto ao Pai, tudo isso através do derramamento de sangue por
Cristo na cruz.
A reconciliação implica que, uma vez, existiu uma inimizade (“A vós
também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento
pelas vossas obras más, agora, contudo vos reconciliou.” - Cl 1.21), mas, com
somente uma parte lesada, que foi Deus, o criador do homem. Assim, para que
a reconciliação aconteça, é preciso que a parte lesada desempenhe papel
primário. A nossa reconciliação depende única e exclusivamente do ato de
Deus querer ou não demonstrar disposição de acolher quem O lesou: Sua
atitude seria de reconciliação, pois não adianta o homem querer perdão se
Deus não quiser perdoar. Por isso, Deus tem uma atitude unilateral,
mostrando que, em Cristo, já tomou a iniciativa e nos perdoou (“E tudo isto
provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos
deu o ministério da reconciliação” - 2 Co 5.18). O que o homem precisa é
corresponder, reconhecendo que é o ofensor e que Deus está pronto a
perdoá-lo mediante Cristo. Sem essas duas atitudes, não poderá haver
reconciliação.
A Redenção
É o ato gracioso de Deus pelo qual liberta o pecador da escravidão da lei
do pecado e da morte, mediante o pagamento de um resgate. A redenção
resolve o problema da escravidão do pecador. A palavra redenção vem do
vocábulo grego lutrosis, que significa um pagamento de uma pessoa ou algo
que está escravizado. Redenção, ou resgate, subentende que alguém
desfrutava de uma comunhão plena da qual foi removido pelo fato de ter
transgredido o pacto dessa comunhão e que, agora, retorna ao seu devido
dono pelo preço do resgate que foi pago. O pecado arruinou tanto a natureza
do homem como também sua condição perante o Criador, colocando-o em
186 Salvação, um Dom de Deus Instituto Teológico Carisma
A Ressurreição
A ressurreição significa “volta miraculosa à vida”. A desobediência da
ordem de Deus expressa no Jardim do Éden (“Mas da árvore do conhecimento
do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres,
certamente morrerás.” - Gn 2.17), implicou na separação do homem de Deus,
ou seja, além da morte física que entrou no mundo, houve também a morte
espiritual. A Bíblia fala de três tipos de morte, sempre com significado de
separação: física, espiritual e eterna. A morte física é a separação do corpo e
da alma, a morte espiritual é a separação do homem de Deus e a morte eterna
é a separação eterna do homem de Deus. Para as duas primeiras há solução,
mas para a morte eterna não, pois o homem passará a eternidade no estado
em que estava antes de sua morte física. Eis a razão de Deus providenciar a
ressurreição espiritual do homem por meio do novo nascimento do crente.
Na morte e ressurreição espiritual, o batismo nas águas é uma figura
do que acontece (“De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na
morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do
Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” - Rm 6.4), sendo um
símbolo da nossa morte e ressurreição com Cristo para vivermos em novidade
de vida. Portanto, o homem pode estar fisicamente vivo, mas espiritualmente
morto (“...estando vós mortos em ofensas e pecado” - Ef 2.1). O homem
precisa, agora, aceitar a Cristo para que seja participante do presente de Deus
chamado ressurreição (“...e estando nós mortos, nos deu vida juntamente com
Cristo – pela graça sos salvos, e juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos
fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” - Ef 2.5,6).
187 Salvação, um Dom de Deus Instituto Teológico Carisma
A Justificação
“Justificação é o ato de pronunciar justo. É a declaração de que alguém
é justo, depois de haver sido anulada a sua culpa”, diz W. E. Vine. Justificação é
um vocábulo ligado à área jurídica e tem origem no grego dikaiosis, que define
um ato legal que anistia as culpas de alguém e o declara inocente, inculpado
ou justo perante a sociedade. A palavra hebraica correspondente é tsadak
(“Quando houver contenda entre alguns, e vierem a juízo, para que os julguem,
ao justo justificarão, e ao injusto condenarão.” Dt 25.1).
O homem, por natureza, não é apenas filho da ira, mas também é
transgressor e criminoso. No livro de Jó está a pergunta: “Como, pois, seria
justo o homem para com Deus, e como seria puro aquele que nasce de
mulher?” (Jo 25.4). Em Salmos está a súplica: “E não entres em juízo com o teu
servo, porque à tua vista não se achará justo nenhum vivente” (Sl 143.2).
Perante tudo isso, podemos enxergar uma desesperada necessidade de
justificação, pois o homem foi para o banco dos réus sob acusação de
desobediência contra o Criador do Universo e a sentença imposta foi a morte.
Como pode, então, um Deus justo justificar o injusto sem ferir sua própria
justiça? O homem foi incapaz de pagar sua dívida, então através da obra de
Cristo no calvário, o veredicto final pôde ser mudado de culpado para
justificado. Porém, tal mudança vale apenas para aquele que se reconcilia com
Deus através do sangue do Jesus (“Logo muito mais agora, tendo sido
justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.” - Rm 5.9).
Instituto Teológico Carisma Salvação, um Dom de Deus 188
Capítulo 4
Aspectos divinos da obra salvífica
de Jesus Cristo - 2
Continuaremos a estudar os Aspectos da
Obra Salvífica. Agora abordaremos os aspectos
Eleição, Adoção, Predestinação, Santificação e
Vida Eterna ou Glorificação.
Na classificação das
doutrinas, a salvação
está entre as mais
fáceis da Bíblia, mas o
aluno não poderá
ficar restrito apenas
ao livro, mas sim
procurar mais fontes de informação e estudos.
Jesus carrega a cruz até o Calvário:
salvação. Ore, busque, leia, pesquise para expandir seus
horizontes, ser cheio do poder do Espírito Santo e uma bênção nas mãos do
Senhor.
A Predestinação
Predestinação é a preordenação das escolhas de Deus baseada nas
necessidades e escolhas do homem. Deus é onisciente e, sabendo das
escolhas futuras dos homens, predeterminou seu destino, sabendo para onde
vai cada ser humano. Mas é errônea a idéia de que Deus escolhe quem vai ser
salvo ou não. O Senhor não é um manipulador do destino do homem, pois Ele
não o criou simplesmente para ser um boneco, mas sim com poder de decisão
e vontade própria para escolher – livre arbítrio. Conforme João 3.16, todos os
seres humanos, sem exceção, foram predestinados à vida eterna, pois o
inferno foi criado apenas para o diabo e seus anjos (“...Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” - Mt 25.41).
Mas, para recebermos a vida eterna, precisamos levar em conta a eleição.
Portanto, definimos que a predestinação é universal e a eleição depende
do livre arbítrio de cada indivíduo em aceitar ou não tal predestinação à vida
eterna. “No tocante à eleição e predestinação, podemos aplicar a analogia de
um grande navio viajando para o céu. Deus escolhe o navio (a igreja) para ser
sua própria nau. Cristo é o Capitão e Piloto desse navio. Todos os que desejam
estar nesse navio eleito, podem fazê-lo mediante a fé viva em Cristo.
189 Salvação, um Dom de Deus Instituto Teológico Carisma
A Eleição
Eleição é o ato eterno de Deus pelo qual, em seu soberano beneplácito
e sem levar em conta nenhum mérito previsto nos homens, escolhe um certo
número deles para receberem a graça especial e a salvação eterna. No Antigo
Testamento, “eleição” foi usada para demonstrar a eleição de Israel como
nação. A eleição pode ser tanto individual (“Saúdam-te os filhos de tua irmã, a
eleita. Amém.” - 2 Jo 1.13) como coletiva (“Mas vós sois a geração eleita...” 1 Pe
2.9), mas sempre a iniciativa é de Deus (“Não me escolhestes vós a mim, mas
eu vos escolhi a vós, e vos nomeei...” – Jo 15.16).
Quando Deus elege um indivíduo, entendemos que este, mediante o
sacrifício de Cristo no calvário, já atendeu a todos os pormenores exigidos pela
justiça de Deus. Concernente à eleição, é preciso salientar que é precedida
pela predestinação. 1 Pedro 1:2 diz que somos eleitos pela presciência de Deus
(“Eleitos segundo a presciência de Deus Pai...”). Deus sabia de antemão quem
iria crer no Senhor Jesus Cristo.
O que é imprescindível ao homem, agora, é atender ao chamamento de
Deus para a salvação, pois o Senhor chama, e se atendermos o chamado,
tornamo-nos eleitos de Deus – mas o homem é eleito enquanto permanece
em Cristo, pois fora Dele é caçado seu mandato. Permanecemos em Cristo,
pois a eleição é tanto responsabilidade humana quanto soberania Divina. “A
soberania Divina e a soberania humana certamente são contraditórias entre si,
mas a soberania Divina e a responsabilidade humana, não.”
A Adoção
É o ato judicial de Deus, resultado prático da regeneração, pelo qual
declara seus filhos emancipados e herdeiros da vida eterna. Adoção não deve
ser confundida com regeneração, pois na adoção Deus coloca o pecador que já
é seu filho regenerado na posição de filho adulto. Na adoção não há
transformação interior (moral). A adoção não muda o interior do pecador, mas
sua posição perante Deus. Deus não adota pecadores não-regenerados,
apenas aqueles que já são seus filhos. Pela lógica, regeneração precede
adoção. A regeneração dá a natureza de filho de Deus; adoção dá posição.
190 Salvação, um Dom de Deus Instituto Teológico Carisma
A Santificação
O termo santificação na Bíblia significa, basicamente, separação para um
trabalho específico e, especialmente, para o serviço de Deus. A santificação é
de suma importante ao cristão, pois somente por ela veremos a Deus (“Segui a
paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” - Hb 12.14).
Santificação é um processo gradual na vida do crente. À medida que se vai
aproximando do Senhor, pela leitura e conhecimentos da Palavra, pela oração
e consagração, torna-se mais semelhante ao Senhor, até atingir a estatura de
varão perfeito, como Jesus Cristo (“Até que cheguemos a unidade da fé; e ao
conheci- mento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura
completa de Cristo” - Ef 4.13).
É necessário que a santificação ocorra na vida do cristão do interior para o
exterior (“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso
espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” - 1 Ts 5.23). Note que o versículo diz
“...espírito, e alma, e corpo...” , e não “corpo, alma e espírito”; portanto, a
santificação tem de começar no espírito do homem para que se exteriorize
(“...Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os
adultérios, as prostituições, os homicídios” - Mc 7.21). A santificação não é
opcional na vida do cristão, mas um imperativo do Senhor para seus
discípulos, resultado do poder da Palavra de Deus (“Santifica-os na verdade, a
tua palavra é a verdade.” Jo 17:17).
A Glorificação
A glorificação é o ato mais elevado na obra redentora de Deus no
homem, por ser o futuro recebimento de absoluta e definitiva perfeição do
crente, seja física, mental e espiritual. A glorificação completa, a justificação e
191 Salvação, um Dom de Deus Instituto Teológico Carisma
Capítulo 5
A experiência pessoal na salvação
A salvação é um dom gratuito, o que está
intrínseco nas Sagradas Escrituras, mas ela depende
de duas ações totalmente distintas. A salvação
depende não só da obra salvífica de Cristo, que já foi
efetuada na cruz, mas também do aproveitamento
desta obra por parte do pecador. O ser humano foi
agraciado, da parte de Deus, com várias bênçãos espirituais a fim de reaver
para si a comunhão que havia perdido. Mas o pecador também possui
responsabilidade em querer atender ao chamado para salvação ou não, por
que a vontade de Deus é que todos se salvem. Veremos a seguir os passos
que o pecador precisa trilhar para receber esta tão grande salvação.
A Conversão
O que o homem precisa fazer para ser salvo? Estamos estudando a
salvação pela ótica cristã e bíblica, mas muitas religiões que povoam a Terra
possuem, ainda que falsamente, o seu próprio modo de o homem ser salvo. A
conversão é um dos passos para salvação dentro do cristianismo. Deus nunca
exigiu que o homem efetuasse sua própria substituição, expiação,
propiciação, redenção, justificação etc., por que somente Ele pode conceder
esses dons. Mas a parte exigida do homem dentro da salvação é esta:
conversão.
Teologicamente, conversão é o ato exterior e visível da salvação
operada na vida do regenerado ou, literalmente, virar-se para direção oposta
que se refere a uma dupla mudança de sentido, tendo sempre como alvo o
Senhor Deus (“...e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o
Deus vivo e verdadeiro” - 1 Ts 1.9/b). Então, para ser salvo, é necessário não
somente abandonar o pecado, mas voltar-se para Cristo. Por não consistir em
uma série de rituais místicos, a salvação se torna instantânea no momento da
conversão, sendo a resposta do pecador à chamada de Deus a todos os
homens. A conversão sugere “voltar-se contra” o pecado, mas também
“voltar-se” para Deus.
O Arrependimento
Arrependimento é a mudança voluntária e consciente produzida na
vida do pecador e efetuada pelo Espírito Santo, a qual atinge a mente e os
193 Salvação, um Dom de Deus Instituto Teológico Carisma
A Fé Salvífica
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das
coisas que se não vêem” (Hb 11.1). No original do Novo Testamento, fé vem da
palavra grega pistis que é um substantivo e poucas vezes usado para a idéia de
fidelidade, como é no Antigo Testamento, mas sim para referir-se à confiança
ilimitada em Deus. Além de ser a base para o arrependimento, a fé é o aspecto
positivo, pois mostra para onde o pecador está se voltando, isto é, para Deus
através de Cristo.
Somos salvos pela graça através da fé (“Porque pela graça sois salvos, por
meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” - Ef 2.8). E as obras, não
salvam? Para o estudante desavisado, parece que a Bíblia, às vezes, se contradiz.
A Bíblia que diz que Abraão foi justificado pela fé (“Pois, que diz a Escritura? Creu
Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.” - Rm 4.3) é a que diz que o
mesmo Abraão foi justificado pelas obras (“Porventura o nosso pai Abraão não
194 Salvação, um Dom de Deus Instituto Teológico Carisma
foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque?” -
Tg 2.21). Como entender isso?
Paulo e Tiago ensinam sobre fé e obras, mas ambas têm sentido
diferente. Paulo fala de uma fé salvífica e Tiago, de uma fé professada. A
intenção de Tiago não era atacar a fé como meio de salvação, mas atacar a fé
professada somente para obter a salvação. As obras pelas quais Abraão foi
justificado não eram obras da lei, mas obras de amor (“Concluímos, pois, que o
homem é justificado pela fé sem as obras da lei.” - Rm 3.28); o que Tiago refuta
é a possibilidade de haver verdadeira fé sem dedicação e amor a Deus.
Portanto, vemos que a fé é a raiz da árvore, e as obras são os frutos.
Fomos salvos não pelas obras (para não nos gloriarmos nelas), e sim para
praticarmos boas obras. Pois as obras da lei são insuficientes para a salvação
(“Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em
Jesus Cristo...” - Gl 2.16). Porém, elas são os frutos que não faltam à verdadeira
fé, configurando evidência e prova exterior da fé do homem (“Fiel é a palavra, e
isto quero que deveras afirmes, para que os que crêem em Deus procurem
aplicar-se às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens.” - Tt
3.8).
A Perseverança
Perseverança é a contínua operação do Espírito Santo no crente, pela
qual a obra da graça divina, iniciada no coração, tem prosseguimento e se
completa, levando os salvos a permanecerem em Cristo e perseverarem firmes
na fé. A perseverança representa o lado humano, e vem da palavra grega
hupomonê, que significa “constância” e “tenacidade”. Este termo dá a ideia de
que a perseverança do crente é comparada a de um soldado em campo de
batalha: é uma atitude heróica que só o crente em Jesus pode ter.
195 Salvação, um Dom de Deus Instituto Teológico Carisma
Introdução
Uma visão panorâmica
Sendo uma das três pessoas da Santa
Trindade, o Espírito Santo é eterno e sua
obra opera desde a eternidade. Na história
da humanidade, sua obra está presente
desde a criação até os dias de hoje. Nem
sempre é possível, porém (não sendo
também necessário), distinguir com
exatidão as obras realizadas pelo Espírito
das do Pai e do Filho. Em outras palavras,
podemos dizer que as operações divinas
têm origem no Pai, são executadas pelo
Filho e se fazem desfrutar por meio do
Espírito Santo.
Lançando uma visão panorâmica sobre Dia de Pentecostes, em Atos 2: batismo
com fogo.
a obra do Espírito Santo em relação à
humanidade, podemos destacar suas operações a partir de períodos (Antigo
Testamento, Novo Testamento, Milênio) e neles verificamos a prática
específicas em pessoas, congregações, povos, nações e na natureza.
Instituto Teológico Carisma O Espírito Santo em nossa vida 199
Capítulo 1
O Espírito Santo no Antigo Testamento
Desde antes do alvorecer dos tempos, o
Espírito Santo é. Ele existe desde a eternidade. A
Bíblia ressalta sua atividade entre os homens nos
tempos do Antigo Testamento, embora oculto –
aparece algumas vezes em meio a todas as
façanhas e feitos do passado.
1. O Espírito Santo nos líderes do Antigo Testamento
• Nos profetas Elias e Elizeu: Eles
ministraram em épocas de crise espiritual
nacional. Só o Espírito de Deus lhes
poderia proporcionar vitória contra os
poderes malignos que atuavam
especialmente nas vidas dos reis ímpios
de seus dias. Os discípulos dos profetas
criam que o Espírito transportavam Elias
de um lugar para outro. Quando ele foi Elias é levado por carros de fogo: poder de
Deus.
arrebatado, queriam procurá-lo
pensando: “...pode ser que o Espírito do Senhor o tivesse levado e lançado
nalguns dos montes ou nalguns dos vales” (2 Rs 2:16).
• Em José, do Egito - Sonhos de profundas significações deixaram Faraó, o rei
do Egito, “... de espírito perturbado (...) mas ninguém havia que lhes
interpretasse” (Gn 41:8). Os sonhos foram interpretados por José e o Egito se
livrou de dias terríveis. Pelo que Faraó chegou à seguinte conclusão:
“Acharíamos, porventura, homem como este em que há o Espírito de Deus?”
(Gn 41:38) E nomeou José como o governador de todo o Egito.
• No deserto, nos setenta anciãos - “Disse o Senhor a Moisés: Ajunta-me
setenta homens dos anciãos... Então descerei e ali falarei contigo; tirarei do
Espírito que está sobre ti e porei sobre eles e contigo levarão a carga do povo”
(Nm 11:16-17). Em Números 11:25 lemos: “Quando o Espírito repousou sobre eles,
profetizaram.”
• Nos Juízes - Sansão: “Então o Espírito do Senhor de tal maneira se apossou
dele.” (Jz 14:6-19)
200 O Espírito Santo em nossa vida Instituto Teológico Carisma
o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite;
fez também as estrelas. E Deus os pôs no firma- mento do céu para alumiar a
terra, para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as
trevas. E viu Deus que isso era bom. E foi a tarde e a manhã, o dia quarto. E
disse Deus: Produzam as águas cardumes de seres viventes; e voem as aves
acima da terra no firmamento do céu. Criou, pois, Deus os monstros marinhos,
e todos os seres viventes que se arrastavam, os quais as águas produziram
abundantemente segundo as suas espécies; e toda ave que voa, segundo a
sua espécie. E viu Deus que isso era bom. Então Deus os abençoou, dizendo:
Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas dos mares; e multipliquem-se as
aves sobre a terra. E foi a tarde e a manhã, o dia quinto. E disse Deus: Produza
a terra seres viventes segundo as suas espécies: animais domésticos, répteis,
e animais selvagens segundo as suas espécies. E assim foi. Deus, pois, fez os
animais selvagens segundo as suas espécies, e os animais domésticos
segundo as suas espécies, e todos os répteis da terra segundo as suas
espécies. E viu Deus que isso era bom. E disse Deus: Façamos o homem à
nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do
mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra,
e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra. Criou, pois, Deus o homem à
sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gn 1:1-27)
O Espírito e a humanidade
• Espírito Santo dá testemunho da obra redentora de Cristo: “O Deus de nossos
pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro; sim,
Deus, com a sua destra, o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o
arrependimento e remissão de pecados. E nós somos testemunhas destas coisas,
e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.” (At 5:30-
32)
• O Espírito Santo convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo: “E quando
ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8). Dada a
amplitude do sentido filosófico desses três vocábulos, que proporcionam
interpretações múltiplas quanto a seu significado ético-moral, eles representam
as três coisas mais difíceis de o homem se convencer. Com habilidades, não raras,
podem os homens tornar relativos os sentidos e significados dessas palavras. Por
exemplo, pode se perguntar o que é pecado, ou por que o homem peca? Não será
por que Aquele que o criou o fez imperfeito? Ou, ainda, o que é justiça? Às vezes o
que é justo para alguém é injusto para outro, e assim por diante. O homem pode
“relativizar” esses sentidos sem, aparentemente cometer, iniqüidade. Por isso, a
tarefa desse convencimento só pode ser realizada pelo o Espírito de sabedoria do
Senhor: o Espírito Santo.
Instituto Teológico Carisma O Espírito Santo em nossa vida 202
Capítulo 2
O Espírito no Novo Testamento
Durante quatrocentos anos parecia que o
Espírito Santo estivera em silêncio. Nenhuma
voz profética, inspirada pelo Espírito, fora
ouvida, proclamando a mensagem de Deus a
seu povo. Essa época de silêncio, no entanto,
foi seguida por um período de atividades
espirituais sem precedentes.
O Novo Testamento inicia-se com manifestações poderosas do Espírito
Santo na vida de João Batista, e no ministério do Cristo de Deus, e de forma
esplendorosa na igreja dos tempos descritos em Atos dos Apóstolos, bem
como nos tempos atuais (como, por exemplo, no avivamento pentecostal do
final do século passado e neste século).
1. Espírito Santo em João Batista
Zacarias, um sacerdote esposo de Isabel,
ouvira de um mensageiro celestial que, a
despeito das circunstâncias, naturalmente
desfavoráveis, iria ganhar um filho. A João
Batista, o filho, estava destinada uma missão de
grande interesse no céu. Ao anunciar o
nascimento deste precursor do Cristo, o anjo
disse: “...Será cheio do Espírito Santo desde o
ventre de sua mãe” (Lc 1.15). O evangelista Lucas
Jesus Cristo é batizado por João também afirma: “o menino crescia, e se
Batista: ação do Espírito Santo.
robustecia em espírito; e habitava nos
desertos até o dia da sua manifestação a Israel”. E dele também se dizia: “E
tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás ante a face do
Senhor, a preparar os seus caminhos; para dar ao seu povo conhecimento da
salvação, na remissão dos seus pecados” (Lc 1:76,77).
anjo: Como se fará isso, uma vez que não conheço varão? Respondeu-lhe o
anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua
sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus” (Lc
1.34.35). Foi gerado e concebido pelo Espírito Santo não uma personalidade
humana, e sim apenas uma natureza humana. A personalidade gerada foi a
divina, porquanto somente há uma personalidade em Jesus Cristo, a eterna,
que era e é a do Filho de Deus.
Sua recepção no Templo foi preparada pelo Espírito Santo (“Ora, havia em
Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e temente
a Deus, esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. E
lhe fora revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o
Cristo do Senhor. Assim pelo Espírito foi ao templo; e quando os pais
trouxeram o menino Jesus, para fazerem por ele segundo o costume da lei,
Simeão o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse: Agora, Senhor,
despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra; pois os meus olhos já
viram a tua salvação” (Lc 2.25-30), bem como seu crescimento: “Crescia o
menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava
sobre Ele” (Lc 2.40). “E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça diante de
Deus e dos homens” (Lc 2.52).
Jesus não foi criado como Adão, isto é, já adulto. Ele foi gerado e a sua
natureza humana cresceu e se desenvolveu como em toda criança. Quanto à
sua divindade, esta não poderia crescer absolutamente em nada, em sentido
algum, porquanto ela era perfeita e completa. Ele foi guiado pelo Espírito
Santo ao deserto a fim de ser tentado pelo diabo. O Espírito Santo não
somente o impeliu para o deserto, mas acompanhou-o e esteve todo o tempo
presente nEle, posto que era o Seu Espírito.
Todavia, Jesus não venceu o diabo porque sua natureza humana recebera
uma infusão do Espírito (que estava nEle), concedendo-lhe, assim, qualidades
divinas. Na verdade, Ele o venceu usando da Palavra de Deus e sujeitando sua
natureza humana à direção do Espírito Santo. Desta forma, deu lugar para que
o Espírito de Deus respondesse por ele às ciladas do diabo.
outros. Para eles, o Senhor havia recebido o Espírito Santo por ocasião do
batismo sendo, naquela hora, escolhido para ser o Messias, o Filho de Deus.
Os estudiosos do Novo Testamento concordam que tal seita pode ter
existido até o ano 350 d.C., enquanto organização. Todavia, sua argumentação
filosófica perdura até os dias atuais, tentando reafirmar o “revestimento de
poder” em Jesus no dia em que foi batizado por João. A argumentação desta
matéria do ITC, entretanto, procura fugir de qualquer semelhança com essas
heresias. No livro de Isaías 61.1 lê-se: “O Espírito do Senhor está sobre mim por
que o Senhor me ungiu para pregar boas novas para os mansos; enviou-me a
restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos e a
abertura de prisão aos presos”.
O óleo era usado na unção dos reis e sacerdotes a fim de empossá-los,
simbolizando a capacitação do Espírito Santo para tal trabalho. Este ritual era
uma simbolização. No óleo não havia poderes sobrenaturais e tampouco era
uma poção mágica. O apóstolo João diz em sua Epístola: “E vós tendes a unção
do Santo e sabeis tudo...” Todo filho de Deus recebe a unção do Santo (isto é, o
Espírito Santo) para guiá-lo na Verdade (“Mas o Ajudador, o Espírito Santo a
quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos
fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito.” - Jo 14.26).
A medida que os crentes permanecem em Cristo e leem a Palavra de
Deus, o Espírito os ajuda a compreender suas verdades redentoras:
Todos os crentes podem estudar e conhecer a verdade de Deus e aprender
uns com os outros mediante o mútuo ensino, exortação e instrução
(“Ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e
eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” -
Mt 28.20; “palavra de Cristo habite em vós ricamente, em toda a sabedoria;
ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos
espirituais, louvando a Deus com gratidão em vossos corações.” - Cl 3.16;
“Possais compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o
comprimento, e a altura, e a profundidade” - Ef 3:18).
Desta forma, os crentes têm duas salvaguardas contra o erro doutrinário:
a revelação bíblica e o Espírito Santo (“Portanto, o que desde o princípio
ouvistes, permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o
princípio ouvistes, também vós permanecereis no Filho e no Pai.”-1 Jo 2.24)
O crente não precisa aprender doutrinas extra-bíblicas. Esse é o
significado das palavras de João: “Não tendes necessidade de que alguém
vos ensine”
Os ministérios terrenos de Cristo unanimemente aceitos são
três: profeta, sacerdote e rei. No exercício desses ministérios, Ele aplicou a
205 O Espírito Santo em nossa vida Instituto Teológico Carisma
humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. Lêem este
texto e param; parece uma limitação muito séria. Mas, o próximo versículo
remove o obstáculo dizendo: “Deus, porém, no-la revelou por seu Espírito”
(1Co 2.10). O homem natural não pode entender as coisas de Deus “porque elas
se discernem espiritualmente” (1Co 2.14).
Pelo verso 12 sabemos que Deus nos deu o seu Espírito “..a fim de
compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus”.
Isto significa que temos na pessoa do Espírito Santo um Mestre que pode
conduzir-nos às riquezas infinitas do conhecimento das verdades de Deus.
Pode-se, portanto, concluir que, quando aceitamos docilmente o seu ensino,
sentimos que é para nós essencialmente proveitoso. Quando somos guiados
pelo Espírito Santo, somos salvos do desespero procedente do nosso estado
de pecaminosidade pessoal. Muitos continuam ainda sobre dolorosa e
humilhante servidão, não tendo sido suficientemente guiados para a liberdade
espiritual. Não deram inteira oportunidade ao Espírito Santo, o único capaz de
libertar-nos deste estado de indignidade como o de nossa justiça própria e
autossuficiência.
O Espírito Santo é o guia fiel da Igreja em todas as suas tarefas
prioritárias (adorar a Deus, evangelizar o mundo, discipular convertidos) e
também administrativas (“Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de
boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais
encarreguemos deste serviço.” - At 6.3), na realização da obra missionária
(“Enquanto eles ministravam perante o Senhor e jejuavam, disse o Espírito
Santo: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado” -
At 13.2), na solução das divergências (At 15 - Concílio de Jerusalém), na
ordenação de ministros (“Ora, na igreja em Antioquia havia profetas e mestres,
a saber: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de
Herodes o tetrarca, e Saulo. Enquanto eles ministravam perante o Senhor e
jejuavam, disse o Espírito Santo: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a
que os tenho chamado. Então, depois que jejuaram, oraram e lhes impuseram
as mãos, os despediram. Estes, pois, enviados pelo Espírito Santo, desceram a
Selêucia e dali navegaram para Chipre.” - At 13.1-4).
Instituto Teológico Carisma O Espírito Santo em nossa vida 208
Capítulo 3
O Espírito Santo no milênio
Durante toda essa dispensação, o Espírito Santo tem sido o executivo na
Igreja. Pela história da Igreja, pode-se notar: em qualquer tempo em que Ele
tem sido honrado, a Igreja tem desfrutado de reavivamento. Quando, porém, é
negligenciado ou ignorado, a Igreja falha na missão de salvar almas. Quanto à
ação do Espírito Santo no milênio, considere-se: virá tempo quando o Espírito
Santo terá um plano de ação mais amplo para seu trabalho e ministério.
Aquilo que os diplomatas e todas as equipes de mais alto nível da ONU
(Organização das Nações Unidas) jamais conseguirão, virá a desfrutar como
resultado da operação do Espírito Santo. Durante o milênio, virá uma
propagação maior do que jamais foi visto, como se lê em Isaías 32.15: “...até
que se derrame sobre nós o espírito lá do alto, e o deserto se torne em campo
fértil, e o campo fértil seja reputado por um bosque.” Fala-se do Espírito lá do
alto sendo derramado sobre nós. Nestas palavras, o profeta fala das condições
durante o milênio.
Nos versículos 16 e 18 lê-se: “O juízo habitará no deserto a e a justiça
morará no campo fértil. E o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça
repouso e segurança para sempre. E o meu povo habitará em morada de paz e
em moradas bem seguras, e em lugares quietos de descansos”. Note-se que a
descrição profética deste estado de paz e segurança começa com o
derramamento do “Espírito lá do alto”. Este é o motivo por que o milênio será
um tempo de paz e de bênçãos para todas as nações.
Haverá um novo governo, um rei reinará em justiça. Até mesmo o
deserto, “tipo” da ilegalidade e da opressão, estará debaixo de um governo
justo. Haverá renovação total como resultado do ministério do Espírito de
Deus durante o milênio. “Porque derramarei água sobre o sedento, e rios
sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e
minhas bênçãos sobre os teus descendentes” (Is 44.3).
Em Ezequiel 36.27, ainda falando desse reinado de bênção e
prosperidade, lê-se: “E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis
nos meus estatutos...” Este é o clímax e a consumação do novo pacto que
Deus prometeu fazer com seu povo. É, de fato, comovente testemunhar mais
e mais a operação do Espírito Santo, cuja pessoa está sempre presente em
todas as dispensações. Para isto devemos atentar, e nunca esquecer.
Instituto Teológico Carisma O Espírito Santo em nossa vida 209
Capítulo 4
O Espírito Santo na vida do crente
Capítulo 5
A natureza do Espírito Santo
Desde o Dia do Pentecostes, o Espírito Santo
tem exercido na terra uma atividade fora do
comum, especialmente neste século. Afinal, desde
a fundação da Igreja (Atos 2), a população do
mundo cresceu algumas vezes, proporcionalmente
à descrença das pessoas, a quantidade de religiões
profanas, os falsos profetas. Assim, subentende-se
que o trabalho do Espírito é, hoje, muito maior do
que anteriormente, já existem homens cada vez
mais numerosos, descrentes e pecadores (que
nem sequer acreditam no diabo, às vezes). Esta
gloriosa verdade é, para nós, muito significante
porque, além de testemunhar da nossa própria
experiência, corresponde a nossa concepção à luz
das profecias, de que a manifestação abundante
do Espírito Santo é um dos sinais distintos da iminente volta de Jesus. A obra
crescente do Espírito Santo em nossos dias destaca a importância do estudo
de Sua Natureza como sendo uma das pessoas da Trindade Santa.
A personalidade do Espírito Santo - Considerando o que a Bíblia expõe
quanto à personalidade do Espírito Santo, certifiquemo-nos de que ele não é
simplesmente uma influência, como alguns creem e ensinam. O Espírito Santo
é uma pessoa divina, que distribui as numerosas bençãos e o poder que Deus
colocou à nossa disposição. Tomemos, pois, a determinação piedosa e sincera,
e esforcemo-nos para receber e experimentar tudo o que o Espírito torna
possível ao povo de Deus.
Identificação com o Pai, o Filho e os cristãos - A prova disso está no
pronunciamento do batismo cristão e na benção apostólica (“Portanto ide,
fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e
do Espírito Santo” - Mt 28.19; “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de
Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.” - 2 Co 13.13; “E o
Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade.” – 1 Jo 5.7). No
texto de Coríntios, Paulo fala da comunhão do Espírito Santo da mesma forma
que João se refere ao Pai e ao Filho (“pois a vida foi manifestada, e nós a temos
visto, e dela manifestada” - 1 Jo 1.2). Note bem que na passagem de Mateus se
213 O Espírito Santo em nossa vida Instituto Teológico Carisma
lê “em nome” e não “nomes”, significando que todos os três são pessoas,
igualmente. Seria absurdo se estivesse escrito: “Batizando-os em nome do Pai, do
Filho e de uma influência” ou “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de
Deus e a comunhão do poder”.
Atributos e atividades pessoais inerentes ao Espírito Santo - Pelos textos
abaixo citados, o aluno verá que o Espírito Santo é descrito de tal modo que não
pode haver dúvida alguma quanto à sua personalidade. Leia cuidadosamente:
assim é todo aquele que é nascido do Espírito.” - Jo 3.3-8). Foi o Espírito Santo
quem levantou Cristo da morte, mediante a ressurreição (“E, se o Espírito
daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos
mortos ressuscitou a Cristo Jesus há de vivificar também os vossos corpos
mortais, pelo seu Espírito que em vós habita.” - Rm 8.11)
Capítulo 6
Os dons do Espírito Santo
ofereceu a Deus mais excelente sacrifício que Caim, pelo qual alcançou
testemunho de que era justo, dando Deus testemunho das suas oferendas, e
por meio dela depois de morto, ainda fala. Pela fé Enoque foi trasladado para
não ver a morte; e não foi achado, porque Deus o trasladara; pois antes da sua
trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus. Ora, sem fé é
impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de
Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam. Pela fé Noé,
divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, sendo temente a Deus,
preparou uma arca para o salva- mento da sua família; e por esta fé condenou
o mundo, e tornou-se herdeiro da justiça que é segundo a fé. Pela fé Abraão,
sendo chamado, obedeceu, saindo para um lugar que havia de receber por
herança; e saiu, sem saber para onde ia. Pela fé peregrinou na terra da
promessa, como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó,
herdeiros com ele da mesma promessa; porque esperava a cidade que tem os
fundamentos, da qual o arquiteto e edificador é Deus. Pela fé, até a própria
Sara recebeu a virtude de conceber um filho, mesmo fora da idade, porquanto
teve por fiel aquele que lho havia prometido. Pelo que também de um, e esse
já amortecido, descenderam tan- tos, em multidão, como as estrelas do céu, e
como a areia inumerável que está na praia do mar. Todos estes morreram na
fé, sem terem alcançado as promessas; mas tendo-as visto e saudado, de
longe, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Ora, os que
tais coisas dizem, mostram que estão buscando uma pátria. E se, na verdade,
se lembrassem daquela donde haviam saído, teriam oportunidade de voltar.
Mas agora desejam uma pátria melhor, isto é, a celestial. Pelo que também
Deus não se envergonha deles, de ser chamado seu Deus, porque já lhes
preparou uma cidade. Pela fé Abraão, sendo provado, ofereceu Isaque; sim, ia
oferecendo o seu unigênito aquele que recebera as promessas, e a quem se
havia dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, julgando que Deus era
poderoso para até dos mortos o ressuscitar; e daí também em figura o
recobrou. Pela fé Isaque abençoou Jacó e a Esaú, no tocante às coisas futuras.
Pela fé Jacó, quando estava para morrer, abençoou cada um dos filhos de José,
e adorou, inclinado sobre a extremidade do seu bordão. Pela fé José, estando
próximo o seu fim, fez menção da saída dos filhos de Israel, e deu ordem
acerca de seus ossos. Pela fé Moisés, logo ao nascer, foi escondido por seus
pais durante três meses, porque viram que o menino era formoso; e não
temeram o decreto do rei. Pela fé Moisés, sendo já homem, recusou ser
chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo
de Deus do que ter por algum tempo o gozo do pecado, tendo por maiores
riquezas o opróbrio de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em
vista a recompensa. Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei, porque
225 O Espírito Santo em nossa vida Instituto Teológico Carisma
ficou firme, como quem vê aquele que é invisível. Pela fé celebrou a páscoa e a
aspersão do sangue, para que o destruidor dos primogênitos não lhes tocasse.
Pela fé os israelitas atravessaram o Mar Vermelho, como por terra seca; e
tentando isso os egípcios, foram afogados. Pela fé caíram os muros de Jericó,
depois de rodeados por sete dias. Pela fé Raabe, a meretriz, não pereceu com
os desobedientes, tendo acolhido em paz os espias. E que mais direi? Pois me
faltará o tempo, se eu contar de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de
Davi, de Samuel e dos profetas; os quais por meio da fé venceram reinos,
praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam a boca dos leões,
apagaram a força do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram
forças, tornaram-se poderosos na guerra, puseram em fuga exércitos
estrangeiros. As mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; uns
foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma
melhor ressurreição; e outros experimentaram escárnios e açoites, e ainda
cadeias e prisões. Foram apedrejados e tentados; foram serrados ao meio;
morreram ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras,
necessitados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno),
errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos
estes, embora tendo recebido bom testemunho pela fé, contudo não
alcançaram a promessa; visto que Deus provera alguma coisa melhor a nosso
respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados.”
Dons de curar: é um poder muito desejado em virtude de ser um sinal
eloqüente e ostensivo na confirmação da mensagem do Evangelho, como
também em razão da verdadeira simpatia cristã para com sofredores e do
desejo de proporcionar-lhes alívio. Os dons de curar fazem parte de uma
categoria especial. Além disso, há curas que se realizam imediata- mente,
como no caso do cego de Jericó, e há curas que se realizam gradualmente,
como o cego da passagem de Marcos 8.24 (que, no primeiro momento, via
os homens como se fossem árvores), ou como nos casos dos leprosos: “...
E aconteceu que indo eles, ficaram limpos” (Lc 17.14).
Cego de Jericó: “Depois chegaram a Jericó. E, ao sair ele de Jericó com seus
discípulos e uma grande multidão, estava sentado junto do caminho um
mendigo cego, Bartimeu filho de Timeu. Este, quando ouviu que era Jesus, o
nazareno, começou a clamar, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de
mim! E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava ainda
mais: Filho de Davi, tem compaixão de mim. Parou, pois, Jesus e disse: Chamai-
o. E chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama.
Nisto, lançando de si a sua capa, de um salto se levantou e foi ter com Jesus.
Perguntou-lhe o cego:
226 O Espírito Santo em nossa vida Instituto Teológico Carisma
Que queres que te faça? Respondeu-lhe o cego: Mestre, que eu veja. Disse-lhe
Jesus: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente recuperou a vista, e foi
seguindo pelo caminho.” (Mc 10:46-52)
Cego de Betsaída: “Então chegaram a Betsaída. E trouxeram-lhe um
cego, e rogaram-lhe que o tocasse. Jesus, pois, tomou o cego pela mão, e o
levou para fora da aldeia; e cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos,
perguntou-lhe: Vês alguma coisa? E, levantando ele os olhos, disse: Estou
vendo os homens; porque como árvores os vejo andando. Então tornou a por-
lhe as mãos sobre os olhos; e ele, olhando atenta- mente, ficou restabelecido,
pois já via nitidamente todas as coisas” (Mc 8:22-25)
Leprosos: “E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passava pela divisa
entre a Samaria e a Galiléia. Ao entrar em certa aldeia, saíram-lhe ao encontro
dez leprosos, os quais pararam de longe, e levantaram a voz, dizendo: Jesus,
Mestre, tem compaixão de nós! Ele, logo que os viu, disse-lhes: Ide, e mostrai-
vos aos sacerdotes. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram limpos. Um deles,
vendo que fora curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; e prostrou-se
com o rosto em terra aos pés de Jesus, dando-lhe graças; e este era
samaritano. Perguntou, pois, Jesus: Não foram limpos os dez? E os nove, onde
estão? Não se achou quem voltasse para dar glória a Deus, senão este
estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.” (Lc 17:11-29)
Capítulo 7
Fruto do Espírito
“Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo,
paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé,
mansidão, temperança, contra essas coisas não
há lei” (Gl 5.22-23). Não se pode fazer um estudo
apropriado acerca do Espírito Santo sem dar
atenção especial ao Fruto do Espírito. No
passado, antes do grande avivamento
pentecostal iniciado no século passado, dava- se muita ênfase ao Fruto do
Espírito, enquanto que os dons eram ignorados. Para combater esse
desequilíbrio, os pentecostais começaram a enfatizar os dons e quase ignorar
o Fruto do Espírito. Este desequilíbrio estava também em desacordo com as
Escrituras. Os dons do pentecostal iniciado no
século passado, dava-se muita ênfase ao Fruto
do Espírito, enquanto que os dons eram
ignorados. Para combater esse desequilíbrio,
os pentecostais começaram a enfatizar os
dons e quase ignorar o Fruto do Espírito. Este
desequilíbrio estava também em desacordo
com as Escrituras. Os dons do Espírito não
poderão ser exercidos legitimamente através
da vida de um crente em quem não se
manifesta o Fruto do Espírito evidenciando
através das virtudes, que são em número de
nove, e que estabelecem três tipos de relações
básicas do cristão, reunindo as noves virtudes
em três grupos:
Como água, o Espírito invade o ser 1) Caridade, gozo e paz: Estabelecem
relações do cristão com Deus.
Caridade: Palavra derivada do grego “ágape”. O amor é a maior das
virtudes do Fruto do Espírito. Este amor não é o amor natural: é um amor
que tem sua origem em Deus, e é dada ao crente que verdadeiramente
procura seguir as pisadas de Cristo e se empenha a adquirir a Sua
semelhança. O apóstolo João diz que: “Aquele que não ama não conhece a
Deus; porque Deus é amor.” (1 Jo 4.8). Em Mateus 5.44 , Jesus ordena: “Amai
os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”.
230 O Espírito Santo em nossa vida Instituto Teológico Carisma
Capítulo 8
O batismo com o Espírito Santo
“Eu, na verdade, vos batizo em água, na base
do arrependimento; mas aquele que vem após mim
é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de
levar-lhe as alparcas; ele vos batizará no Espírito
Santo, e em fogo.” (Mt 3.11). O Dia de Pentecostes
continua sendo o modelo para a igreja, data de sua
fundação. Como resultado da experiência do
Pentecostes, Pedro pregou com tal poder que 3 mil
almas se converteram. Com autoridade
sobrenatural, acusou o seus ouvintes judeus de haverem entregue à morte o
Filho de Deus e exortou-os a se arrependerem de seus pecados. Isto disse
como prelúdio, para logo informa-
lhes que a conversão a Cristo
resultaria em receber a mesma
experiência que observavam, com
sinais poderosamente evidentes. O
batismo com Espírito Santo foi uma
experiência que aconteceu com cada
uma das pessoas e não com um
grupo. Eles estavam reunidos em
grupo, mas o fenômeno aconteceu a
cada um. Crianças são batizadas em culto pentecostal na
ilha de Samoa.
“Então Pedro, pondo-se em pé
com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que
habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras.
Pois estes homens não estão embriagados, como vós pensais, visto que é
apenas a terceira hora do dia. Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E
acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito
sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os
vossos mancebos terão visões, os vossos anciãos terão sonhos; e sobre os
meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles
dias, e eles profetizarão. E mostrarei prodígios em cima no céu; e sinais
embaixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumaça. O sol se converterá em
trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor.
e acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Varões israelitas, escutai estas palavras: A Jesus, o nazareno, varão aprovado
233 O Espírito Santo em nossa vida Instituto Teológico Carisma
por Deus entre vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no
meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; a este, que foi entregue pelo
determinado conselho e presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o
pelas mãos de iníquos; ao qual Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da
morte, pois não era possível que fosse retido por ela. Porque dele fala Davi:
Sempre via diante de mim o Senhor, porque está à minha direita, para que eu
não seja abalado; por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou;
e além disso a minha carne há de repousar em esperança; pois não deixarás a
minha alma no Hades, nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção;
fizeste-me conhecer os caminhos da vida; encher-me-ás de alegria na tua
presença. Irmãos, seja-me permitido dizer-vos livremente acerca do patriarca
Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura.
Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com
juramento que faria sentar sobre o seu trono um dos seus descendentes -
prevendo isto, Davi falou da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi
deixada no Hades, nem a sua carne viu a corrupção. Ora, a este Jesus, Deus
ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. De sorte que, exaltado
pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo,
derramou isto que vós agora vedes e ouvis. Porque Davi não subiu aos céus,
mas ele próprio declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha
direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés. Saiba,
pois, com certeza toda a casa de Israel que a esse mesmo Jesus, a quem vós
crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. E, ouvindo eles isto, compungiram-se
em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos,
irmãos? Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e
recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos pertence a vós, a
vossos filhos, e a todos os que estão longe: a quantos o Senhor nosso Deus
chamar. E com muitas outras palavras dava testemunho, e os exortava,
dizendo: salvai-vos desta geração perversa. De sorte que foram batizados os
que receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil
almas; e perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do
pão e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitos prodígios e sinais eram
feitos pelos apóstolos. Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em
comum. E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos,
segundo a necessidade de cada um. E, perseverando unânimes todos os dias
no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de
coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia
acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos.” (At 2:14-47)
234 O Espírito Santo em nossa vida Instituto Teológico Carisma
Introdução
Sem explanações sofisticadas, com bases em filosofias, mas buscando
apenas um entendimento etmológico da palavra “homilética”, chegamos à
seguinte conclusão: o verbo “homilein”, usado pelos gregos sofistas para
expressar o sentido de “relacionar-se, conversar”, foi adotado nos tempos do
Novo Testamento por uma expressão: “he homilia”, que passou a ser usado
para expressar “a arte de pregar um sermão”.
Esta matéria teológica do ITC não se fixa apenas em princípios teóricos,
mas concentra-se grandemente em um treinamento prático - daí a expressão
adotada: Homilética Dinâmica. Sem sombra de dúvidas, a homilética é uma
ciência. E, como tal, profunda e inesgotável para o ávido estudante. É
fundamentada na Verdade, na veracidade de fatos, mas que também deixa
margens para uma mente expansiva e brilhante, viva e sábia, criativa e eficaz,
construir, mediantes metáforas, parábolas, fábulas ou lendas, entre outros
subsídios, argumentos que atinjam o objetivo desta ciência, desta arte, que
convencer o ouvinte.
Quando desenvolvemos, juntamente com a diretoria do Instituto Teológico
Carisma as matérias deste Curso Fundamental de Teologia, expliquei: Como
evangelista nato, gostaria que os estudantes tivessem uma visão mais ampla
da teologia bíblica: viva, dinâmica, cheia de conhecimentos, claro (afinal,
estuda-se para adquirir conhecimentos), mas que fosse também cheia de
graça e unção. Também concordamos que parte dos estudos fosse revelada
em Cristo, mas embasada na Palavra, trazendo de maneira viva o desejo do
Verdadeiro Saber sobre Deus e suas verdades. Pois bem, o diretor do ITC,
Cláudio Oliveira, como sempre, deu aquele sorrisinho de concordância e disse:
“Faça, crie. Fale de quem viveu e vive esta Palavra, para aqueles que aspiram
um dia viver e para aqueles que já a vivem, mas sentem-se presos a ‘letras
mortas’”.
Assim, criamos a Introdução à Doutrina Pentecostal (matéria que abriu o
curso, no primeiro livro), e agora Homilética Dinâmica. De forma alguma
procurei desfazer dos grandes ensinamentos dos mestres que ajudaram a
moldar meu caráter e a sedimentar conceitos em minha mente. Mas, sim,
busquei repassar, não como mestre ou Doutor em Divindades, mas sim como
conservo em Cristo, que ministra, desde os 14 anos de idade, a Santa Palavra.
Na verdade, comecei a ter um relacionamento com as Escrituras ainda
criança, no início da alfabetização, quando ocupei fui coroinha na Paróquia
Cristo Rei em Orlândia, cidade em que moro até hoje. Orei e o Senhor me disse
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 240
para repartir minhas maiores vitórias e minhas maiores lutas, minhas mais
doces e mais amargas lembranças do “depois da mensagem”; as maiores
necessidades e as maiores compensações.
O que vamos aprender juntos, agora, é um resumo de nove anos como
pregoeiro do Evangelho, em que levei a Palavra de forma intensiva,
praticamente todos os dias (algumas vezes, mais de uma pregação num só
dia), por toda a nação brasileira bem como em dezenas de países do mundo.
Sei que, para muitos mestres, esta obra terá apenas “fagulhas” do fogo da
sabedoria que arde em seu interior. Porém, para o leigo pentecostal, será a
força motriz e geradora de fé, a catapulta que o lançará para dentro de um dos
mais belos dons que um ser humano pode possuir: a arte de falar em público.
Entretanto, enquanto os maiores oradores de todos os tempos usaram
seus talentos para áreas importantes da humanidade, como política e
sociologia, foram formadores de opinião, algo os distinguirá para sempre dos
nossos alunos: estes usarão seus talentos para mudar o curso de vidas,
arrebatando-as do inferno e encaminhando-as ao céu!
Capítulo 1
Síntese do estudo da homilética
“Procura apresentar-te diante de Deus
aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da
verdade.” (2 Tm 2.15)
A última expressão deste versículo (“que
maneja bem a palavra da verdade”) responsabiliza
o pregador da Palavra de Deus a falar bem a
palavra. Este “falar bem” requer, além de
conhecimentos hermenêuticos, exegéticos e
históricos, também o conhecimento homilético, ciência que abrange tudo o
que se relaciona com o discurso religioso, denominado pregação.
A pregação é a forma mais expressiva de
disseminar o Evangelho de Cristo, e ocupou
lugar central no ministério terrestre de Jesus.
O Senhor Jesus se identificou como pregador
público quando visitou a sinagoga de Nazaré,
afirmando que fora enviado a pregar boas
novas aos pobres, a proclamar liberdade aos
cativos, a anunciar o ano aceitável do Senhor.
(“Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou
na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu
costume, e levantou-se para ler. Foi-lhe
entregue o livro do profeta Isaías; e abrindo-
o, achou o lugar em que estava escrito: O
Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto
me ungiu para anunciar boas novas aos
Rev. Billy Graham prega na Convenção
pobres; enviou-me para proclamar libertação
Batista Americana, em 1964 aos cativos, e restauração da vista aos cegos,
para pôr em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do
Senhor. E fechando o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhos
de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se
cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos.” - Lc. 4.16-21).
Jesus foi um pregador itinerante. Seu púlpito era o lugar aonde chegava:
um monte, a popa de um barquinho, a tribuna da sinagoga ou a casa de
amigos. Seu ministério não era fixo: ia de vila em vila, de aldeia em aldeia e de
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 242
cidade em cidade. No entanto, Ele é o mais glorioso pregador: arrastava após
si multidões eletrizadas por seus sermões cheios de graça e autoridade divina;
poder e graça lhe eram peculiares.
A primazia da pregação foi bem entendida pela igreja primitiva conforme
nos mostram os seguintes textos:
“E descendo Filipe à cidade de Samaria, pregava-lhes a Cristo. As
multidões escutavam, unânimes, as coisas que Filipe dizia, ouvindo-o e vendo
os sinais que operava; pois saíam de muitos possessos os espíritos imundos,
clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados; pelo que
houve grande alegria naquela cidade.” (At 8.5-8)
“Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão
naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue?”
(Rm 10:14)
“Nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e
loucura para os gregos” (1 Co 1.23)
“Ninguém despreze a tua mocidade, mas sê um exemplo para os fiéis
na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.” (2 Tm 4.2)
“E tomando Jesus os cinco pães e os dois peixes, e olhando para o céu,
os abençoou e partiu, e os entregava aos seus discípulos para os porem diante
da multidão.” (Lc 9.16)
Definição de termos
Homilética – é a ciência e a arte de pregar. É ciência por que ensina as leis
que presidem a formação do discurso religioso; é arte pois adapta tal
discurso às necessidades espirituais dos homens.
Homilia – “camaradagem, companhia, conversa”. A palavra “homilética”
veio da palavra “homilia”, que significa primitivamente uma conversação
sobre assuntos religiosos durante a qual o dirigente interrogava o povo e
era por este interrogado. Atualmente, chama-se homilia a exposição
simples de um assunto religioso. Há também as palavras “homileo” e
“homilos”, que estão ligadas ao termo homilética, significando “fala ou
conversa prolongada entre amigos”. A homilética ou retórica sagrada é um
ramo da eloquência que, por sua vez, advém das belas artes e também tem
por finalidade convencer, persuadir e firmar doutrinas nos ouvintes.
Sermão – vem do latim “sermone”, traduzido por “conversação”, um
discurso religioso bem elaborado.
Pregador – é aquele que profere os sermões ou homilias, seja ele teólogo
ou leigo. No sentido bíblico, pregador é aquele que possui uma mensagem
de Deus e por Ele está dominado. O apóstolo Paulo se expressou da
seguinte maneira: “Ai de mim se não anunciar o Evangelho.” (1 Co 9:16).
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 243
Outros termos que ajudam a compreender melhor a natureza da
pregação:
Evangelho – o mais freqüente termo nas páginas do novo testamento.
Significa boas novas, boas notícias. Não pode ser pregação cristã aquela
que não tem um claro anúncio da boa nova.
“Kerysso” – palavra que em nossa língua quer dizer “um arauto”, “que
exerce serviço de arauto”. Aparece aproximadamente 66 vezes no original
grego, e sempre com significado de pregar. “E indo,pregai dizendo:é
chegado o reino dos céus.” (Mt 10.7)
“Dialegomai” – significa “discorrer, discutir, relacionar”; está implícito o
sentido de argumentar com os outros. “Dialegomai” não só implica o
anúncio simples e puro da boa nova, mas também na argumentação
contra os adversários.
“Laleo” – traduzido em português por “falar”. Juntamente com a palavra
“logos”, o verbo “laleo”, quer dizer “falar a Palavra” ou, simplesmente,
“pregar”.
A importância da homilética
Sendo o conjunto de regras aplicadas ao discurso religioso, a homilética
constitui uma das modalidades mais interessantes e imprescindíveis ao
trabalho do obreiro evangélico na entrega da mensagem divina aos pecadores.
O alvo é que compreendam a necessidade de arrependimento de seus pecados
para que sejam novas criaturas, e alcancem os objetivos supremos da vida
espiritual e cumpram alegre e conscientemente a sua missão no mundo como
testemunhas de Cristo. A pregação deveria ser considerada a mais nobre
tarefa que existe na terra, pois realmente é.
O que a homilética é
a) Auxiliar no estudo da análise do texto
bíblico.
b) Auxiliar na exposição de ideias.
c) A homilética aperfeiçoa a forma do
dom da palavra já possuído, mas esse dom
não se adquire pelo estudo.
d) A forma homilética se faz atraente
quando o orador sacro adquire pela
experiência, um estilo próprio de
comunicar-se; as imitações tendem a
deixar o pregador sem estilo.
A Bíblia deve ser estudada sempre
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 244
e) Homilética é uma palavra que tem muito a ver com o pregador. Ele
precisa se identificar com a mensagem que prega, e essa mensagem deve,
primeiramente, falar com o pregador, isto é, trazer experiência a ele. A
mensagem deve ser pregada com tal eficiência que os ouvintes compreendam
o que fazer e sejam motivados para fazê-lo.
f) A homilética conduz à experiência. Esse é o caminho do bom êxito: a
prática do trabalho. O ideal é seguir praticando até preparar e apresentar um
trabalho com facilidade e eficiência, começando com uma série de esboços em
diferentes passagens da Bíblia.
pegarei em seus ramos; então sejam os teus seios como os cachos da vide, e o
cheiro do teu fôlego como o das maçãs, e os teus beijos como o bom vinho
para o meu amado, que se bebe suavemente, e se escoa pelos lábios e dentes.
Eu sou do meu amado, e o seu amor é por mim. Vem, ó amado meu, saiamos
ao campo, passemos as noites nas aldeias. Levantemo-nos de manhã para ir às
vinhas, vejamos se florescem as vides, se estão abertas as suas flores, e se as
romanzeiras já estão em flor; ali te darei o meu amor. As mandrágoras exalam
perfume, e às nossas portas há toda sorte de excelentes frutos, novos e
velhos; eu os guardei para ti, ó meu amado.” (Ct 7)
O pregador deve escolher textos que falem primeiramente consigo,
objetivos para cada sermão e que apelem à imaginação. As regras para
interpretação de textos bíblicos acham-se contidas na disciplina
hermenêutica, matéria que todo pregador deve conhecer para ser bem
sucedido na pregação.
2) Exórdio ou introdução
O exórdio ou introdução é a parte do sermão que serve como ponto de
contato entre o pregador e o auditório. Normalmente, a introdução é a última
parte a ser feita na preparação, visto que o pregador deve, antes de tudo,
formar os ângulos a serem atingidos. Tendo uma idéia geral do sermão,
devidamente estruturado, pode-se preparar eficazmente a introdução. A
introdução de um sermão deve fazer com que os ouvintes tenham boa
disposição para escutar o pregador, fazer com que prestem atenção e que
fiquem desejosos de receber a mensagem que o predicante deseja apresentar.
Saber entrar no púlpito e dele sair é uma arte aprendida na experiência.
Depois de haver fixado o propósito do sermão, escolhido o texto, determinado
o tema e organizado o esboço, o pregador estará pronto para preparar a
introdução. A introdução é o ponto entre o tema e a primeira divisão da
prédica.
Uma boa introdução deve ser:
a) breve, sem gastar muito tempo
b) apropriada, isto é, dentro do sermão.
c) interessante, já que não deve prometer demais, mas despertar interesse
pelo sermão. O texto pode ser o ponto de partida, e aspectos geográficos e
históricos numa introdução exigem do pregador uma boa pesquisa. Pode-se
fazer, também, alusão a uma ocasião, relacionando um fato do dia a dia para
enriquecer a introdução.
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 249
3) Exposição ou tema
Homileticamente, o tema é o assunto da mensagem, a verdade central do
sermão. Uma pregação sem um tema que coordene seu desenvolvimento é
como um navio sem leme. É possível ter belos pensamentos e passear por
toda a Bíblia, mas o resultado não será bom. Na verdade, o tema é o sermão
resumido, a essência daquilo que se vai falar. A função básica do texto é a de
fornecer ao pregador o tema do sermão, e o texto é a raiz do tema. Embora o
Espírito Santo possa dar um tema antes da escolha do texto, mesmo assim o
pregador deverá procurar um texto em que se possa aplicar o tema.
Termos interrelacionados na apresentação do sermão:
a) Tema: define-se tema como a matéria de que se vai falar ou tratar no
sermão, a idéia central
b) Título: há uma distinção entre tema e título: o título do sermão é o
nome que a ele se dá, ou seja, é o seu encabeçamento. Na elaboração de um
sermão, o titulo é geralmente um dos últimos itens a ser preparado, pois o
procedimento geral é primeiro formular proposição e o esboço principal
c) Proposição: é aquilo que se vai propor no sermão, de forma mais concisa
possível, o tema a ser discutido na pregação. A proposição, que também pode
ser chamada de tese, está tão relacionada com o tema, que em muitos
sermões ambos se confundem. Defende-se também que na proposição
transmitem-se informações aos ouvintes de que se pensa sobre o tema.
4) Argumentação ou tema
O tema de um sermão deve ser bem escolhido. Deve ser espiritual, acima
de tudo, e sem ares profissionais ou mecânicos. O pregador verdadeiro não
sobe ao púlpito como um mercador, que escolhe palavras bonitas para vender
seus produtos. Um tema cristão nasce de uma inspiração divina em alguma
coisa que viu, leu ou sentiu.
Qualidades necessárias ao tema:
a) objetivo
b) vital (chamar a atenção)
c) pertinente (o assunto deve ser mantido; o pregador deve ficar dentro
daquilo a que se propôs a apresentar)
d) legítima relação com a Bíblia
e) argumentação ou discussão (dentro da estrutura do sermão, o plano é
a parte principal; ele tem a ver com a ordem das divisões, e pode ser chamado
também de discussão ou de movimento do sermão)
O plano é a discussão do sermão, ou melhor, o esqueleto com as partes
colocadas em seus lugares, que devem ser revestidas com desenvolvimento
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar250
5) Conclusão ou peroração
Na conclusão, o pregador deve apresentar o clímax de sua pregação. A
aplicação final e definitiva de todo o sermão que está na conclusão, e essa
parte é tão importante como a introdução. O êxito da pregação depende de
uma boa conclusão. Esse clímax é o ponto culminante do sermão tanto para o
pregador quanto para o auditório, e ambos estão movidos pelo Espírito Santo.
Quando o aspecto psicológico do auditório é despertado mediante o intelecto,
o sentimento e a vontade, a conclusão pode ter várias aplicações:
a) recapitulação: recapitular não significa “pregar outra vez”, mas implica
em relembrar sucinta e dinamicamente os pontos principais, os pensamentos-
chaves, os pontos fortes e positivos, sem discuti-los outra vez; é uma forma
de evitar conclusões precipitadas;
b) narração: narrar um fato que possa servir de aplicação da mensagem
pregada pode cativar o interesse do auditório, bem como comovê-lo para uma
decisão;
c) persuasão: um bonito sermão, que recebe aplausos e elogios sem levar
à persuasão, é como barulho de letras vazias (persuasão é a meta principal do
sermão). Levar o ouvinte a uma decisão é trabalho duro empregado durante
toda a pregação, e exige graça e unção do Espírito Santo.
d) convite: todo sermão deve ser concluído com um convite, seja voltado
para a igreja ou para pecadores. O convite enquadra o propósito específico da
pregação. Dentro da conclusão, o convite deve ser inteligente, claro,
insistente, sério e espiritual, pois de nada valerá um sermão bem organizado
sem uma vitoriosa redenção a Cristo.
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 251
Capítulo 2
Relacionamentos
“Mas, quando vier aquele, o Espírito de
verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque
não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver
ouvido, e vos anunciará o que há de vir” (Jo 16:13)
O que atraía a multidão a este homem, como não realizava milagres, era o seu
estilo de vida. As roupas chamavam a atenção, a pregação era severa, forte, e
isso não espantava o povo, pois discernia que João era separado, consagrado a
Deus. Talvez a maior carência dos obreiros do século 21 seja esta: a falta de
tempo (ou disposição) para consagrar-se, separar- se. Quanto mais tempo
com Deus, com íntimo ficará aquele que Dele se aproximar.
Amor pela Palavra - Como estamos falando sobre ferramentas espirituais,
abrangeremos, de modo sucinto, apenas o sentimento entre o pregador e
a Palavra – mais à frente falaremos desta ferramenta em si.
Não há expressão de amor maior à Palavra do que a dita pelo salmista:
“Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119:11).
Ele não falava em decorar a Palavra e colocá-la na mente, mas em amá-la ao
ponto de vivê-la, pois do coração do homem procede seus atos! Não basta
pregar a Palavra, é preciso vivenciá-la! E, para isso, ela deve ocupar um lugar
especial dentro do coração do pregador, pois só assim, ao ministrá-la, seus
ouvintes perceberão que ele é mais do que apenas um falastrão, mas alguém
que vive o que ensina e prega, e isto fará surtir o efeito desejado por Deus no
coração dos pecadores: “E disseram um para o outro: Porventura não ardia em
nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as
Escrituras?” (Lc 24:32)
Amar a palavra é doar-se incondicionalmente a ela, render-se diante da
profundidade de seus ensinamentos e pregá-la com vida. O pregador que a vê
desta forma se diferenciará daquele que apenas a manuseia, como
profissional. O amor não profissionaliza o pregador, mas sim vocaciona-o.
Capítulo 3
Conhecimento
A chamada
“E como pregarão, se não forem enviados?
como está escrito: Quão formosos os pés dos
que anunciam o evangelho de paz; dos que
trazem alegres novas de boas coisas” (Rm 10:15).
A arte da pregação se desenvolve em dois
planos: a chamada universal e a pessoal.
Uma difere da outra pelo fato de a segunda ser específica e especial. A
chamada universal para pregar a Palavra está ditada em Marcos 16:15 “E disse-
lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”. Esta é uma
ordem a todos os convertidos ao cristianismo: pregar a Palavra como
testemunhas da obra vicária de Jesus Cristo na Terra em todo o tempo. Assim,
o conhecimento do pregador pode limitar-se em seu testemunho pessoal de
transformação de vida, um evangelismo pessoal etc. Já a segunda chamada,
que pode ser considerada “pessoal”, é mais abrangente e específica. Veja um
exemplo bíblico:
“E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco,
subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu
uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem
és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para
ti recalcitrar contra os aguilhões. E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que
queres que eu faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te
será dito o que te convém fazer. E os homens, que iam com ele, pararam
espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. E Saulo levantou-se da
terra, e, abrindo os olhos, não via a ninguém. E, guiando-o pela mão, o
conduziram a Damasco. E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu. E
havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor
em visão: Ananias! E ele respondeu: Eis-me aqui, Senhor. E disse-lhe o Senhor:
Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um
homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando; E numa visão
ele viu que entrava um homem chamado Ananias, e punha sobre ele a mão,
para que tornasse a ver. E respondeu Ananias: Senhor, a muitos ouvi acerca
deste homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; E aqui
tem poder dos principais dos sacerdotes para prender a todos os que invocam
o teu nome. Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 267
escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de
Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome” (At 9:3-16).
A chamada de Paulo é um destes exemplos de vocações especiais.
Quanto a fazer acepção de pessoas, o Senhor não a faz quando se trata de
salvar! A salvação é universal, para todos. Mas, para uma obra específica,
especial, melindrosa, o Senhor tem os seus “vasos escolhidos”.
A grande pergunta do estudante deverá ser: Como saber se minha
chamada é específica? O Senhor, no seu tempo, revelará! Palavras proféticas,
desejo forte de buscar o conhecimento da Palavra, revelações, sonhos
espirituais e uma chama ardente no coração quando se está diante do púlpito
ou de um pregador, somados a uma ansiedade imensa em ministrar a Santa
Palavra, fazem parte dos “sinais” na vida daqueles que possuem uma chamada
específica.
Quando se tem certeza da vocação, a paciência caminhará ao lado da
ansiedade e ambas somarão esforços para que não haja atraso e nem
precipitação para responder a esta chamada ministerial.
A ferramenta de trabalho
A ferramenta de trabalho do pregador é a Santa Palavra, a Bíblia Sagrada.
Quanto mais tempo dedicar-se a ela, numa busca incansável e incessante de
conhecimento, melhor colocará em prática a vocação que possui. “Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2:15).
Manejar a Palavra significa, também, saber empregá-la no momento certo
e para a pessoa certa. A sabedoria abrirá caminho para que esta seja aplicada.
Quem lê, conhece, sabe, destaca-se. Quanto mais leitura, mais cultura. Por
isso o estudo teológico é de suma e vital importância para os obreiros do
Senhor.
Absorver o máximo de livros, apontamentos, datas, histórias, personagens,
aplicações históricas. É interessante procurar tentar compreender os
significados espirituais, traçando paralelos entre as histórias bíblicas e as
histórias atuais.
Procure saber o porquê de as histórias estarem inseridas dentro de
determinado texto e contexto. Busque junto ao Espírito Santo, fonte
inesgotável, inspiração para reger, como um maestro, o grande coro de
adoradores, para contar uma história de tal forma que nunca mais seus
ouvintes venham esquecê-la!
Capítulo 4
Necessidades do pregador
Necessidades naturais
Aquele que almeja o episcopado tem
necessidades naturais para o desenvolvimento
do seu ministério, tais como saúde, disposição,
vontade, ânimo, coragem e conhecimento. O
conhecimento é uma das principais (como citado
no
capítulo anterior): é o seu acervo particular de literaturas, obras e hoje, com o
avanço tecnológico, um computador com acesso à internet é indispensável.
Conhecemos um pregador quando estamos diante do seu porta-livros, de sua
escrivaninha, do conteúdo posto sobre o criado mudo em seu quarto.
Conhecimento se adquire de duas formas: revelação ou dedicação. O primeiro
vem do céu, e o segundo emprega-se na terra.
Necessidades emocionais
A saúde emocional do pregador
será a diferença entre um e outro
sermão. Lembrando que a
mensagem a ser pregada estará
alienada ao emocional do
mensageiro, se ele estiver feliz,
contente, a mensagem terá este
foco; caso esteja melancólico e
O pregador deve sempre orar antes da mensagem. choroso, seu público, nesse dia,
Necessidades espirituais
Comunhão com Deus em oração e santificação. Tempo gasto na
presença de Deus não se perde: é aplicação a curto, médio e longo prazos.
A comunhão traz a sensibilidade e esta levará o pregador para dentro do
coração de Deus e, de lá, trará a mensagem para a igreja. Consagração e
jejum são armas infalíveis que neutralizarão a carne e darão força ao
espírito do pregador para que se separe de tudo o que possa bloquear sua
intimidade com Deus.
Intercessão é fundamental. Que todo pregador consiga guerreiros
para lhe darem cobertura espiritual antes e durante a pregação de seu
sermão.
A oração introdutória, na maioria das vezes, é feita por alguém que elevará
uma prece ao Senhor antes que o pregador esteja ministrando. Bom seria
que todo pregador pudesse fazer sua própria oração antes de pregar. Veja
três motivos:
a) quando o pregador ora por si, ora não apenas com os lábios, mas
com o coração, e a sinceridade de sua oração pode mover a mão de Deus
b) quando o pregador ora, pode (e deve pedir) proteção especial a
Deus para que cerque o ambiente com seus anjos, neutralizando e
maniatando os demônios que lutarão de todas as formas para que o
sermão não atinja o objetivo traçado por Deus. Os demônios estarão
usando todos os artifícios possíveis para roubar a atenção do povo e do
próprio pregador, como crianças correndo, pessoas distraídas, conversas
durante a mensagem, manifestações demoníacas (possessões malignas, o
que não é incomum em cultos pentecostais)
c) quando o pregador ora, a igreja sente em suas palavras a entrega
total e incondicional, criando entre pregador e público uma comunhão que
dará a ambos o desejo de serem abençoados durante a pregação.
Pudesse o pregador, horas antes da pregação da Palavra, isolar-se das
pessoas e aproximar-se do Senhor, não para um monólogo, mas para um
diálogo, para que ambos, pregador e Deus, subam juntos à tribuna e façam
proezas!
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 272
Capítulo 5
A Arte de Pregar
Persuasão
Persuadir, no contexto homilético, é convencer,
fazer-se entender com sucesso. Para que o sermão
tenha êxito, é necessário que o mensageiro se faça
entender. Para isso, deve estar bem preparado, saber
o que falar, como falar e quando falar. Antes de
convencer o público, o orador deve ter convencido a
si mesmo das verdades que ele irá pregar.
A segurança transmitida por meio da
mensagem trará o resultado
esperado. Para isso, a mensagem,
antes de queimar no coração do
ouvinte, deve ter queimado no
coração do pregador – ele deve,
antes de pregar ao povo, pregar a si
mesmo e autoavaliar-se.
No meio secular, não há
ninguém que tenha um poder de
persuasão tão grande quanto um
O pregador norte-americano Benny Hinn: oratória
e inspiração
bom vendedor. Para isso, ele faz
cursos, estuda o produto, planeja os argumentos e, ao vender, sabe que está
fazendo para sua própria sobrevivência. Apliquemos tal princípio ao ministério
do pregador, que precisa fazer cursos, estudar seu “produto” (isto é, o sermão,
a mensagem), planejar os argumentos e, ao pregar, saber que esta fazendo
não apenas pela sua sobrevivência, mas também pela dos ouvintes. O
mensageiro deve demonstrar paixão ao pregar, não gaguejar e não
demonstrar dúvidas sobre o que esta falando, conquistando a atenção do
público: se for assim, será uma benção.
Oratória
A arte de falar em público é, talvez, uma das mais poderosas armas
que o homem possui. Mas, todo começo é difícil. Nenhum pregador deve
basear-se em seu primeiro sermão para poder dizer como será o próximo.
Falar é uma arte e, como toda arte, pode ser aprimorada, melhorada.
Conselhos, ouvir pregadores, comunicadores e aprender com eles e espelhar-
se em alguém – isto não é errado. O que funcionou para alguém pode
funcionar para um novo pregador também...
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 273
Postura
O pregador jamais deverá esquecer que é um formador de opinião,
alguém em quem as pessoas confiam e poderão espelhar-se. Não deve portar-
se como um palhaço nem tampou- co como um animador de auditório, mas
com seriedade e serenidade. Não precisa ficar armar-se de carranca ou
“mostrar os dentes”, mas ser sereno, agradável, interessante. Suas roupas
devem estar devidamente alinhadas, procurando sempre estar bem vestido.
Isso não quer dizer que precisa usar roupas caras, e sim bom gosto.
Um mínimo de observação pode fazer a diferença. Terno e gravata são a
indumentária aprovada pelo público evangélico, mas não é regra. Pode-se
vestir qualquer roupa, desde que ela represente aquele que estará
ministrando a Palavra. Imagine um advogado atuando de bermuda e camiseta
regata, ou uma juíza de Direito com blusa cavada e minissaia... Se estes que
fazem da oratória sua profissão vestem-se com respeito e à altura de seu
trabalho, que dificuldade encontrará o pregador em trajar-se à altura do
trabalho que Deus lhe confiou?
No púlpito, sua postura deve ser impecável. Cuidado ao sentar-se e
levantar-se, evitando conversas com as pessoas que estão ao seu lado, pois
na igreja ele é referência. Jamais mascar chiclete dentro da igreja ou mesmo
no púlpito. Sua postura deve ser a de um adorador, alguém que está
absorvendo a unção liberada na reunião. Adorar a Deus quando alguém esta
pregando, cantando ou testemunhando antes de sua ministração, mostrará
ao povo que, de fato, o pregador não é do tipo “faça o que digo, mas não faça
o que eu faço".
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 274
Fervor
Este é um curso pentecostal, portanto a matéria é voltada para
pregadores pentecostais, daí o nome Homilética Dinâmica. O pregador
pentecostal que não é fervoroso precisa rever sua fé, sua chamada, seus
conceitos e seus valores espirituais. O fervor do pregador incendiará a igreja e
moverá o coração de cada um. Tem ele o poder de colocá-la diante do Trono
de Deus para que seja renovada. Fervor, alegria, celebração e barulho fizeram,
fazem e sem- pre farão parte do culto pentecostal.
O pregador pentecostal é uma espécie de “dínamo espiritual” que
irradiará fé e contagiará a igreja com sua intimidade com Deus. Não é
vergonhoso nem desordeiro adorar a Deus com liberdade, pois essas
manifestações são marcas da igreja pentecostal no mundo. O fervor
transmitido na mensagem pentecostal pregada com prudência e cautela, sem
exageros nem repetições, agradará a Deus, ao público e ao próprio
mensageiro.
A Palavra deve ser pregada na integra: começo, meio e fim. Sem isso a
igreja não será edificada. Durante a ministração o pregador pentecostal
liberará seus jargões inflamados (frases de efeito) e somadas a ela, a adoração
quer seja com um grito de glória a Deus, ou línguas estranhas ou um salto,
não são atuações de alguém que quer apenas motivar o povo. O sensível
pregador pentecostal, quando cheio do Espírito Santo, extravasa sua alegria
com essas manifestações. Isto não escandaliza a ninguém, pelo contrário, traz
à atenção o público já convertido, incentivando-o a adorar a Deus.
Quanto ao público não convertido, ficará em sua mente a célebre
pergunta de Atos dos Apóstolos: “Que isto quer dizer?” A curiosidade não o
espantará, mas toda manifestação ocorrida no Espírito, quer sejam gritos,
pulos, línguas estranhas, os atrairá, pois são sinais. O pregador pentecostal
deve ter fervor quando outros estão pregando ou ministrando, e não quando
apenas ele está no púlpito. O povo do Senhor é sábio, pois observa e não se
engana. Então, aja durante a ministração de outra pessoa como gostaria que
outros agissem quando você estivesse pregando.
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 275
Expressão corporal
A ala mais conservadora da igreja
cristã acha exagero quando pregadores se
expressam corporalmente, com saltos,
pulos, gesticulações com as mãos etc. nos
cultos pentecostais. Na verdade o
pregador pentecostal “comunica-se”
usando, também, uma linguagem corporal.
Em idos tempos, o cinema mudo
conseguia transmitir suas mensagens,
ideia e “palavras” apenas por meio de
gestos e expressões corporais. Charles
Chaplin foi um gênio que, através da arte A expressão corporal é importante no
de interpretar e atuar, encantou platéias pregador
do mundo todo sem dizer uma única
palavra.
A gesticulação pode dar uma conotação de exortação, explicação etc.
Por exemplo: as mãos sobre a cabeça significam proteção, busca da memória,
reconhecimento de que algo saiu errado; mãos sob o queixo demonstram
pensamento, espera; erguidas e abertas, significam adoração ao Senhor;
punhos fechados e erguidos, uma guerra travada e certeza de vitória;
aplausos, adoração ao Senhor e reconhecimento de uma palavra ungida e
inteligente. Saltos e pulos, mesmo que pareçam extravagantes, exemplificam
que o “vaso” está transbordando etc. Pregar é atuar, é transformar um texto
antigo em histórias interessantes, em poemas emotivos, em palavras de
reflexão...
Há um assunto que provoca discórdia: o microfone deve ou não ser
tirado do pedestal? Se o pregador permanecer parado no lugar onde está
ministrando, deverá ter muito carisma e uma mensagem interessante para
não perder a atenção do povo, pois a pregação pode tornar-se monótona.
Quando o microfone está nas mãos de um pregador que se movimenta e
gesticula (sem excessos nem exageros, claro), prenderá a atenção dos
ouvintes, que serão conduzidos com autoridade até o Trono de Deus.
Tudo feito com respeito, ordem, sem exageros; resumindo, num muito
formalismo, sem muita extravagância, pois tudo o que é demais, sobra, lembra
um dito popular. Equilíbrio: graça e conhecimento juntos. É possível ser
intelectual e, ao mesmo tempo, cheio do Espírito Santo. Temos um exemplo
bíblico assim: Paulo aprendeu aos pés de Gamaliel: possuía um intelecto
privilegiado, mas quando falava no Areópago, explanava com sabedoria e,
certamente, usava a linguagem corporal para prender a atenção dos ouvintes
e afirmar as grandes verdades de Deus.
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 276
Expressão facial
Quando está ministrando, a face do pregador brilha, seus olhos
resplandecem um fogo invisível, suas palavras são como flechas certeiras que
não matam, mas que dão vida. A fisionomia expressa tanto quanto as palavras
e a linguagem corporal. Assim como diante dos mais íntimos somos capazes
de discernir seu temperamento, se estão alegres ou tristes, eufóricos ou
desmotivados, o rosto do pregador deve acompanhar sua pregação!
O sorriso do pregador conquistará e influenciará seu público. É fato
comprovado: sorria para uma pessoa e ela ficará contagiada.
O semblante fechado do pregador deixará a platéia ansiosa e a fará
prender a respiração, pois saberá que, pela face do pregador, aquele é um
momento sério, em que uma verdade será transmitida.
Momento de silêncio, acompanhado de um olhar sereno e profundo, dará
ao público a ideia de que é hora de meditar.
Se, por um momento, a mensagem exigir reflexão profunda, o pregador,
parado diante do público, em silêncio e de olhos fechados, levará a platéia
a acompanhá-lo por um momento em profunda adoração.
Lembrando que o pregador-comunicador é também um intérprete, em
certos momentos a mensagem exigirá uma atuação. Colocar-se no lugar do
protagonista ou antagonista do texto lido, como se estivesse vivendo aquele
momento bíblico, é importante para que o povo entenda o que ocorreu.
Mesmo que haja choro, alegria, palavra profética ou um milagre, cabe ao
pregador, na unção de Deus, colocar-se por um momento no lugar do
personagem e agir como ele, talvez até imitando-o.
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 277
Capítulo 6
A mensagem
Uma história contada
A pregação da palavra de Deus é uma
obrigação para todos os cristãos: “E disse-lhes: Ide
por todo o mundo, pregai o evangelho a toda
criatura” (Mc 16:15). Anunciar Cristo ou pregar o
Evangelho nada mais é do que narrar uma história
antiga aos ouvidos daqueles que necessitam
conhecer a salvação. Pregar a Palavra para uma
igreja é contar a mesma história com outro
objetivo. O pregador é um contador de
histórias que, quando consegue contá-
las carregadas de emoção e verdade,
leva o ouvinte a uma viagem ao tempo
anunciado e promove uma
compreensão objetiva ao aplicar a
interpretação da história.
Um monólogo
É uma das maneiras mais usadas pelos pregadores. Somente ele fala, sem
o auxílio do público, sem a interação com a platéia.
Um diálogo
Quando o pregador prega e pede que, de forma responsiva, a plateia
trabalhe com ele o seu sermão, movimentando o ambiente, pedindo que um
ouvinte fale, toque, peça algo ao outro, questionando a platéia e solicitando
insistentemente a resposta. Este tipo de mensagem tende a ser mais
apreciada, pois ninguém fica inerte na reunião. Mas, para isso, é necessário
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 278
Um drama
A Bíblia é um livro extremamente emocionante e muito, muito dramático.
Narrar um drama bíblico exige conhecimento, estudo, disciplina, coragem e
sensibilidade. Não há melhor mensagem do que esta para tocar corações e
fazê-los se render a Cristo.
O efeito
O efeito esperado pelo pregador, no final do sermão, pode não ser
alcançado, algumas vezes. Para isso, o equilíbrio emocional do pregador, bem
como a consciência de que pregou aquilo que o Senhor queria, deverá trazer
alegria ao seu coração. Afinal, é bíblico: a Palavra pregada não tornará vazia, ou
seja, ela alcançará alguém: “Assim será a minha palavra, que sair da minha
boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará
naquilo para que a enviei” (Is 55:11).
A partir deste conceito, não haverá frustração caso não haja salvação de
almas, atendimento ao chamado para o altar, fervor espiritual manifestado
(adoração ou aplausos). Tampouco pode-se ter orgulho por acontecer o que
se esperava ou infinitamente mais do que almejava. O pregador deve estar
preparado para repassar ao Senhor a gratidão pela oportunidade de ter
pregado e a glória pelos méritos alcançados, pois deve saber que não foi ele,
mas o Senhor quem falou.
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 279
Capítulo 7
O pregador
O Homem e sua vocação
Embora não pareça, o pregador é um homem comum. Não natural,
mas comum: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de
Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se
discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de
ninguém é discernido” (2 Co 2:14-15).
Paulo diz que só os espirituais
discernem as coisas do Espírito. O
trabalho do pregador é espiritual,
portanto, apesar de comum, não é
natural. Como é feito da mesma matéria
que os demais – carne, ossos, células, etc.
–, não é um semideus, super-homem,
mas alguém como Elias, sujeito às
mesmas paixões dos reles mortais: “Elias
A vocação do pregador é diferente da do
era homem sujeito às mesmas paixões
homem natural que nós e, orando, pediu que não
chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra” (Tg 5:17).
O equilíbrio do pregoeiro deve ser seu alicerce, sabendo separar a
vocação da vida cotidiana. Não significa que deve ter uma vida dupla, mas sim
que deve sempre lembrar que é como todos os demais seres humanos, sujeito a
falhas. Isso o livrará da “síndrome” de Lúcifer, de Nabucodonosor ou dos Césares
romanos, que pensavam ser uma espécie de “deuses”.
Não há dúvida de que o pregador é um ser especial, mas pela sua
vocação. Afinal, foi escolhido pelo Senhor dos senhores para ser seu porta-voz
na terra.
Fora do púlpito, precisa ser um bom pai, bom esposo e exemplo de fé.
Aprendamos melhor com o conselho de Timóteo: “Esta é uma palavra fiel: se
alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo
seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto,
hospitaleiro, apto para ensinar; Não dado ao vinho, não espancador, não
cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento;
Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a
modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado
da igreja de Deus?); Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 280
condenação do diabo. Convém também que tenha bom testemunho dos que
estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo. Da mesma
sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito
vinho, não cobiçosos de torpe ganância; Guardando o mistério da fé numa
consciência pura. E também estes sejam primeiro provados, depois sirvam, se
forem irrepreensíveis. Da mesma sorte as esposas sejam honestas, não
maldizentes, sóbrias e fieis em tudo. Os diáconos sejam maridos de uma só
mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas. Porque os que
servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição e muita
confiança na fé que há em Cristo Jesus” (1 Tm 1:13).
Eis aí conselhos a serem seguidos como bússola para um abençoado e
prodigioso ministério. Timóteo admoesta bispos (pastores, pregadores) e
diáconos (oficiais da igreja, pregadores), lembrando que um dos mais
poderosos sermões da Bíblia, causa de um dos primeiros mártires, foi
pronunciado por um diácono, Estevão:
“Ora naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma
murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram
desprezadas no ministério cotidiano. E os doze, convocando a multidão dos
discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e
sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa
reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos
sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no
ministério da palavra. E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram
Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor,
e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; E os apresentaram
ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos. E crescia a
palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos
discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé. E Estêvão, cheio de fé
e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. E levantaram-se
alguns que eram da sinagoga chamada dos libertinos, e dos cireneus e dos
alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão. E
não podiam resistir à sabedoria, e ao Espírito com que falava. Então
subornaram uns homens, para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras
blasfemas contra Moisés e contra Deus. E excitaram o povo, os anciãos e os
escribas; e, investindo contra ele, o arrebataram e o levaram ao conselho. E
apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de
proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei” (At 6:1-13).
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 281
Capítulo 8
O grande dia
Do que depende a mensagem
“O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha
palavra, fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o
Senhor” (Jr 23:28).
“Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar,
administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja
glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o
sempre. Amém” (1 Pe 4:11).
A ansiedade
A ansiedade pode ser amiga ou vilã do pregador pois, na verdade, é ela que
move o coração dos ouvintes e do pregoeiro. Todos no mesmo lugar estarão
ansiosos, uns para ouvir e outro para falar e sobre o que falar.
O “friozinho” no estômago pode demonstrar tanto dependência divina
como despreparo – por isso, vilã ou amiga. Se for dependência, fluirá com
muita unção a mensagem, mas se for por despreparo, pode arruinar a
mensagem. Por isso, a preparação é indispensável: saber o que falar, como
falar e quando falar dará a segurança necessária para o sucesso do sermão.
O resultado
O resultado do sermão nem sempre será o esperado ou sonhado pelo
pregador, mas com certeza será o que o Senhor gostaria que ocorresse. Claro
que, se o pregador se dedicou ao sermão, buscou a presença e a inspiração
divina. A Palavra jamais voltará vazia: embora seja elaborada pelo homem, não
é do homem, pois vem do céu.
A glória será sempre do Senhor, mas a alegria é a recompensa do pregador.
Ao ver seu talento surtir um efeito poderoso, santo e ungido na vida da igreja
que, com certeza, voltará para casa com vontade de retornar ao próximo culto.
Instituto Teológico Carisma Homilética Dinâmica: A Arte de Pregar 284
“Os que semeiam em lágrimas segarão com alegria. Aquele que leva a
preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria,
trazendo consigo os seus molhos” (Sl 126:5,6).
O Lar Cristão
(A família cristã
à luz Bíblia)
Capítulo 1
A união sagrada
O homem foi a única criatura de Deus, que no princípio, vivia sozinho
no Jardim do Éden. Todos os animais foram criados aos pares, macho e fêmea,
mas o homem, não. Sozinho, o ser humano foi criado à imagem de Deus (“E
disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre
os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta
sobre a terra.” – Gn 1.26), e foi feito alma vivente destinado a viver
eternamente (“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe
nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente.” - Gn 2.7).
Uma simples parceira seria
incapaz de suprir as necessidades
emocionais e sociais do homem.
Assim, Deus proveu no sentido de
que eles fossem mais do que
parceiros: fossem companheiros. A
lição mais significativa do primeiro
matrimônio é a unidade singela do
plano de Deus para a raça humana.
Por exemplo: Deus podia ter formado “Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo”
Eva do pó da terra, assim como fez (Ef 5:28)
Capítulo 2
Noivado e Casamento
Noivado
O namoro e o noivado precedem
o casamento e baseiam-se em
costumes que variam de um país para
outro. O noivado pode ser anunciado
em cerimônia pública ou numa simples
troca de alianças, em particular. Pode
ser, também, a colocação de um
diamante no dedo da namorada pelo
homem que a escolheu. Qualquer
costume que esteja de acordo com o
padrão de Deus e a cultura do país é
aceitável (“Portanto, quer comais quer Durante o noivado, o casal deve se conhecer
bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus.” - I Co
10.31).
Durante o período de noivado, o futuro casal geralmente passa longo
tempo junto, trocando ideias, visando um melhor conhecimento mútuo. O
noivo e sua noiva planejam suas vidas e começam a comprar as coisas que
acham necessárias ao seu futuro lar. Há certos costumes que, às vezes,
induzem os noivos a acumularem dívidas antes do casamento. A começar pela
compra de alianças, móveis, casa e até mesmo para as festividades do
casamento – muitos fazem tudo além de seu poder aquisitivo. É óbvio que há
necessidade da escolha de um lugar para morarem, uma vez casados e, se
possível, fora da casa dos respectivos pais “Portanto deixará o homem a seu
pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne.” - Gn 2:24).
Contudo, é necessário que haja bom senso quanto às providencias que serão
tomadas neste sentido. Desse modo, o cristão, mais do que qualquer outra
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 289
pessoa, não deve preocupar-se por acompanhar a moda ou ser escravo dos
costumes ditados por Paris ou Nova Iorque em detrimento das suas posses
financeiras.
A conduta durante o noivado deve ser controlada e dirigida pelos
padrões bíblicos, em primeiro lugar, e pela igreja, secundariamente. O casal
deve vencer a natural atração carnal à medida que se fazem mais íntimos. Para
vencer toda tentação nesta área, é preciso cautela e, mais uma, vez bom
senso e temor a Deus. O comportamento de ambos deve estar à altura de
impedir críticas à sua pureza e também contra a igreja da qual são membros. É
bom lembrar que Jacó trabalhou sete anos para ganhar Raquel, e Deus o
ajudou (“E olhando, viu ali um poço no campo, e três rebanhos de ovelhas
deitadas junto dele; pois desse poço se dava de beber aos rebanhos; e havia
uma grande pedra sobre a boca do poço.” – Gn 29.2).
Casamento
Para estarem habilitados civilmente para o matrimônio, os noivos devem
estar munidos dos documentos civis exigidos pela lei. Indispensavelmente,
devem possuir certidão de nascimento, documento exigido pelo cartório. Os
noivos devem lembrar-se que, para seu matrimônio ter validade legal,
necessário se faz que satisfaçam às exigências da lei, também fazendo-se
acompanhar de testemunhas idôneas. Em decorrência dessas observâncias, o
homem dá à esposa e, no futuro, aos próprios filhos, o seu nome e assegura-
lhes a proteção sob as leis do país.
É bom lembrar que todas essas exigências civis devem ser cumpridas
antes da cerimônia religiosa. Nesta ocasião, os noivos fazem, publicamente,
votos entre si, perante as pessoas amigas. Prometem amar, honrar, proteger
e ser fieis mutuamente até que a morte os separe. Estes votos deverão ser
proferidos perante um ministro ordenado que, após ouvi-los e declarar aos
noivos suas responsabilidades mútuas, declara-os marido e mulher, rogando
as bençãos de Deus sobre o novo par.
A cerimônia perante a igreja indica que o casamento foi divinamente
instituído e que os cônjuges buscaram a ajuda e orientação de Deus para suas
vidas e o estabelecimento do seu lar perante um ministro de Deus.
Planejamento do casamento
O planejamento do casamento é necessário por várias razões. Os noivos
devem ter idade suficiente para assumir as responsabilidades do matrimônio.
Devem ter em mente que casamento não é brincadeira de criança. A família
contemporânea prima pelo modelo conjugal, isto é, em que marido e mulher
são responsáveis igualitariamente pelo lar. A visão de que à mulher cabe a
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 290
condução do lar, preparação das refeições e primazia na educação dos filhos,
enquanto o homem deve cuidar do sustento da família, é considerada antiga.
Hoje, 40% das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres, e cada vez mais
o sucesso da profissionalização feminina amplia sua importância no cenário
econômico nacional e, claro, familiar.
O marido deve ter um emprego ou outro meio de vida assegurado,
saber trabalhar e estar disposto a sustentar esposa e filhos. A mulher deve
saber cuidar da casa e do lar, ser prestimosa, saber cozinhar bem e estar
devidamente preparada para criar os filhos na doutrina e disciplina do Senhor.
O modelo assim descrito, claro, ainda vige em muitos lares, mas são cada vez
mais minoria, pois a visão de que marido e mulher são co-responsáveis pelo
lar e pelos filhos, incluindo aí educação formal e religiosa, grassa na sociedade.
É de bom alvitre que antes do casamento os noivos sejam devidamente
orientados por um conselheiro qualificado em aconselhamento pré-nupcial
quanto aos diversos aspectos da vida a dois. Prática comum há alguns anos, a
consulta médica para verificação das condições físicas de ambos é apontada
como parte de um bom preparo.
Juntos, noivo e noiva devem abordar e esclarecer suas idéias sobre
vários aspectos, como religião, finanças, filhos, amigos, interesses e
comportamento. Devem adquirir e ler bons livros, apropriados à preparação
de si mesmos e do futuro lar. Esclarecimentos sobre determinados assuntos,
antes do casamento, podem evitar possíveis transtornos no futuro, muitos
dos quais com consequências desastrosas.
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 291
Capítulo 3
O início do lar
O lar é de muito maior significado
do que qualquer outra organização ou
sociedade humana. É a unidade básica da
vida humana, instituída por Deus como
meio de propagação da raça humana. O
primeiro lar foi estabelecido no Jardim do
Éden com a criação de Adão e Eva nos
primórdios da história da humanidade. Pela
singularidade do lar dentro do plano de
Deus, temor de vê-lo e considera-lo como
Ele. Qualquer desvio do plano divino quanto ao lar significa total inversão dos
valores do casamento.
O grande valor do lar pode ser visto pelo papel de influência que ele
exerce sobre a vida da criança. O que a criança aprende ou deixar de aprender
no lar terá marcante reflexo na sua vida no futuro. Um lar feliz não pode ser
adquirido em troca de ouro nem se forma da noite para o dia. Ele é o resultado
legítimo da comunhão entre um homem e uma mulher, envolvendo as vidas
daquelas crianças que porventura nasçam como resultado dessa união. Desse
modo, o lar é a soma do amor, da tolerância e da compreensão mútua entre
todos aqueles que compõem a família.
Ao longo desta lição, será abordada
a diferença entre um lar formado por
pessoas naturais e um lar onde Jesus
Cristo é o hospede divino. Mostraremos os
alicerces sobre a necessidade da
comunicação livre entre todos os
integrantes do lar. Para termos o lar como
Deus planejou, devemos apegar-nos à
Bíblia, adotando-a como o único “manual
de conduta da família”. Aceitando-a como
tal, teremos a possibilidade de evidenciar
os diferentes aspectos do fruto do Espírito,
não só no nosso relacionamento com os
nossos entes queridos, mas também com O casal deve planejar a vida após o
os demais membros da nossa comunidade. casamento
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 292
A importância do lar
A antropóloga Margaret Mead, uma das mais importantes do mundo,
afirmou: “Achamos uma forma de unidade que chamamos ‘lar’ em todas as
sociedades conhecidas no mundo”. A partir deste resumo, pode-se indagar:
qual a importância do lar cristão?
A responsabilidade do marido
Por outro lado, o marido deve reconhecer que é responsável pelas
provisões indispensáveis ao sustento da sua esposa e dos seus filhos (“Mas, se
alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negado a
fé, e é pior que um incrédulo.” - I Tm 5.8). Apesar de Deus ter dado ao homem
capacidade de trabalhar e ganhar o seu pão através das riquezas do mundo,
muitos não têm aproveitado daquilo que Deus lhes destinou como sustento.
“Quanto ao homem, a quem Deus conferiu riqueza e bens, e lhe deu poder
para deles comer, e receber a sua porção, e gozar do seu trabalho: isto é dom
de Deus” (Ec 5.19). Cada situação deve ser analisada e resolvida conforme as
suas possibilidades e limitações. O importante é que o marido e a mulher
tenham sempre em lembrança: a Bíblia é o manual da família, e o meio que
Deus usa para dirimir as dúvidas do casal.
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 295
Capítulo 4
Deveres de manutenção e
governo da família
“Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e
especialmente dos de sua própria casa, tem
negado a fé, e é pior do que o descrente” – I Tm
5.8
Manutenção da família
É plano de Deus que o marido trabalhe para
prover as necessidades da sua família. Como
cabeça da família, a ele cabe a responsabilidade de
alimentar, vestir e educar os filhos. O homem foi
provido de ombros mais fortes, o que
naturalmente lhe dá condições de corresponder
ao trabalho árduo e à preocupação de trabalhar e adquirir os bens materiais
necessários ao sustento da sua família. Um sintoma do colapso moral da
família em nossa geração é a facilidade com que muitos maridos passam esta
responsabilidade à esposa: não querem trabalhar e, sim, viver à custa da
mulher. Tal fato prova um grande desvio do padrão divino, sendo seus efeitos
altamente prejudiciais à vida familiar.
Governo da família
A Bíblia ensina que o marido foi
destinado por Deus para ocupar a posição
de autoridade e governo no casamento
(“porque o marido é a cabeça da mulher,
como também Cristo é a cabeça da igreja,
sendo ele próprio o Salvador do corpo.” - EF
5.23). O que é chefia ou autoridade, no
contexto do casamento? Antes de
responder, veja:
2. O que é autoridade
a) É responsabilidade: ser o cabeça da mulher é mais do que uma questão
de simples autoridade: é uma questão de responsabilidade. Uma vez que Deus
criou Eva para ser ajudadora de Adão, este, como “cabeça” da família, é
responsável perante Deus. Ele tem de cuidar de sua família e um dia
apresentá-la a Deus.
b) É liderança: uma liderança requerida em todos os momentos da vida
conjugal. É claro que o marido precisa ser comedido ao exercê-la, não se
tornando irritado, mas evidenciando humildade e constante submissão a
Jesus Cristo, o Senhor da sua vida e do seu lar.
c) É exemplo: a autoridade está baseada num paradoxo: “Se alguém quer
ser o primeiro, será o último e servo de todos” – Mc 9.35. Jesus mostrou este
princípio lavando os pés dos discípulos. É um ato que tipifica o modo certo de
exercer autoridade, isto é, ela não se fundamenta em orgulho, prepotência ou
autoconfiança, mas em humildade. A autoridade do marido sobre a sua esposa
e filhos é espiritual e conferida por Deus.
Auxiliadora em quê?
O papel da mulher junto ao marido e ao lar é de fundamental
importância. Dentre os muitos pontos que salientam o papel da esposa como
auxiliadora do seu marido, podemos destacar os seguintes:
1. Auxiliadora no sentido afetivo: isso a faz mulher de um só homem, o
seu marido. Assim, entrega-se a ele com amor e inteireza de coração.
2. Auxiliadora no sentido social: deste modo, ela contribui no sentido de
conservar a imagem de seu marido como homem de bem diante da igreja e da
sociedade, das quais são partes inseparáveis.
3. Auxiliadora no sentido profissional: quando as coisas vão mal na área
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 298
profissional, todo marido espera encontrar na esposa o apoio que lhe falta por
parte dos amigos. Deste modo, a influência e o auxílio da esposa são de
singular importância. Que ela possa exercê-la positivamente, levando o seu
marido a superar as crises que, porventura, possam advir.
4. Auxiliadora no sentido espiritual: quem alguma vez na vida não se
sente mal, como o viajante que foi assaltado e deixado semimorto à beira da
estrada que desce de Jerusalém a Jericó? Em tais circunstâncias, quem não
espera que algum “bom samaritano” lhe estenda a mão e ajude-o? Quando
isso acontece com o marido, em vez de a mulher agir como o levita ou o
doutor da lei, deve agir como o “bom samaritano” que o seu marido espera
encontrar. O auxílio espiritual que a mulher cristã pode e deve oferecer é tal
qual um investimento cujo retorno se dará sem demora.
A mulher virtuosa
Nenhum outro texto das Escrituras pinta com matizes tão vivos o
quadro da mulher excelente quanto Provérbios 31.10-31, quadro descritivo da
mulher virtuosa:
“Álefe. Mulher virtuosa, quem a pode achar? Pois o seu valor muito
excede ao de jóias preciosas. Bete. O coração do seu marido confia nela, e não
lhe haverá falta de lucro. Guímel. Ela lhe faz bem, e não mal, todos os dias da
sua vida Dálete. Ela busca lã e linho, e trabalha de boa vontade com as mãos.
Hê. É como os navios do negociante; de longe traz o seu pão. Vave. E quando
ainda está escuro, ela se levanta, e dá mantimento à sua casa, e a tarefa às
suas servas. Zaine. Considera um campo, e compra-o; planta uma vinha com o
fruto de suas mãos. Hete. Cinge os seus lombos de força, e fortalece os seus
braços. Tete. Prova e vê que é boa a sua mercadoria; e a sua lâmpada não se
apaga de noite. Iode. Estende as mãos ao fuso, e as suas mãos pegam na roca.
Cafe. Abre a mão para o pobre; sim, ao necessitado estende as suas mãos.
Lâmede. Não tem medo da neve pela sua família; pois todos os da sua casa
estão vestidos de escarlate. Meme. Faz para si cobertas; de linho fino e de
púrpura é o seu vestido. Nune. Conhece- se o seu marido nas portas, quando
se assenta entre os anciãos da terra. Sâmerue. Faz vestidos de linho, e vende-
os, e entrega cintas aos mercadores. Aine. A força e a dignidade são os seus
vestidos; e ri-se do tempo vindouro. Pê. Abre a sua boca com sabedoria, e o
ensino da benevolência está na sua língua. Tsadê. Olha pelo governo de sua
casa, e não come o pão da preguiça. Côfe. Levantam-se seus filhos, e lhe
chamam bem-aventurada, como também seu marido, que a louva, dizendo:
Reche. Muitas mulheres têm procedido virtuosamente, mas tu a todas
sobrepujas. Chine. Enganosa é a graça, e vã é a formosura; mas a mulher que
teme ao Senhor, essa será louvada. Tau. Dai-lhe do fruto das suas mãos, e
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 299
louvem-na nas portas as suas obras. Álefe. Mulher virtuosa, quem a pode
achar? Pois o seu valor muito excede ao de jóias preciosas. Bete. O coração do
seu marido confia nela, e não lhe haverá falta de lucro. Guímel. Ela lhe faz bem,
e não mal, todos os dias da sua vida.”
Esta mulher, com certeza teria satisfeito a qualquer homem que sonha
como a mulher ideal. Nela é retratada a mulher ideal para o rei Lemuel,
segundo o coração de sua mãe. E que sogra não se alegraria diante de tal
nora?
Capítulo 5
A importância dos pais
Paternidade responsável
Aqueles que se preparam para o casamento e que naturalmente serão
pais, devem conscientizar-se de que são responsáveis diante de Deus, no
sentido de se manterem saudáveis física e mentalmente. À futura mãe cabe o
cuidado pré-natal. Cabe também aos pais o cuidado da alimentação própria
durante a infância e cuidar da formação social e espiritual de seus filhos. Assim
como crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos
homens, Deus espera que os nossos filhos assim cresçam também (“E crescia
Jesus em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens.” -
Lc 2.52).
Ainda que a responsabilidade dos pais seja algo indiscutível, é bom
lembrar que eles contam com o auxílio do Senhor Jesus na consecução dos
seus planos envolvendo, naturalmente, o bem-estar de seus filhos. Para isso,
Ele espera que os pais busquem Sua ajuda, pois os filhos são “herança do
Senhor”. Deus tem posto os pais como “mordomos” quando lhes confia filhos.
Deste modo, é indispensável que os pais vivam de forma tal que os seus filhos
não se desiludam das coisas espirituais, mas que possam ser conduzidos a
conhecer e a andar segundo a vontade do Todo Poderoso. Nisto está o grande
privilégio que a paternidade e a maternidade se constituem.
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 303
Capítulo 6
Os pais como exemplo para os filhos
O poder do exemplo
Uma das primeiras leis a serem seguidas na instrução dos filhos é que os
pais demonstrem com as suas próprias vidas os frutos que eles querem que os
filhos produzam. Por isso, os pais devem ter em mente que a instrução
depende muito mais de exemplo do que de preceito. Os que “vivem” os fatos
valem muito mais do que os que apenas os “dizem”.
Quando Deus ordenou a Israel
quanto a maneira correta de os pais
instruírem seus filhos, disse: “E estas
palavras, que hoje te ordeno, estarão
no teu coração; e as ensinarás a teus
filhos, e delas falarás sentado em tua
casa e andando pelo caminho, ao
deitar-te e ao levantar-te.” (Dt 6.6-7).
Note bem: “estarão no teu coração”,
isto é, “estarão muito bem guardadas,
a fim de não perdê-las nunca”. Elas
deverão ser sempre lembradas, pois
nelas está a vontade de Deus para a
vida dos pais e dos filhos. A vida de Os pais devem ser bons exemplos para os filhos
cada um deverá girar em torno das
palavras “que hoje te ordeno” e, consequentemente, serão sempre lembradas
para ensiná-las “a teus filhos (...) assentado em tua casa, e andando pelo
caminho, e deitando-te e levantando-te”.
Felizes os pais que têm autoridade e liberdade para ensinar a seus filhos,
pois lhes é assegurado o respeito dos mesmos e a disposição de seguirem os
conselhos paternos. Deste modo, podem ver no pai que autoridade e bom
humor são perfeitamente associáveis.
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 304
Vivendo um relacionamento nestes moldes, pais e filhos estarão concorrendo
para a unidade do lar e no sentido de que o nome de Deus seja glorificado
(“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo
para glória de Deus.” - I Co 10.31).
Semeadura e colheita
“O justo anda na sua integridade, felizes lhe são os filhos depois dele”
(Pv 20.7). Os pais devem ensinar a honestidade como um valor supremo;
todavia, se o filho, ao atender um telefone indesejável, ouvir de seus pais:
“Diga que não estamos em casa”, ele estará aprendendo que ser honesto é
muito relativo, isto é, a honestidade dependerá da ocasião, do momento.
“Filhinhos, deixem de brigar!” – ordenou certa mãe, quando ouviu vozes
exaltadas saindo do quarto: - “Nós não estamos brigando” – disse a garota.
“Estamos brincando de ser papai e mamãe”.
De onde teriam aquelas crianças tirado a idéia de que “brincar de ser
papai e mamãe” requer discussão? Muitos pais descuidados esquecem que
estão sendo vistos pelos filhos e que os mesmos os têm como exemplo em
palavras e atitudes. Deste modo, trazem sérias conseqüências para o
relacionamento dos seus filhos.
A criança tem a capacidade inata de aprender sempre. A cada momento
ela recebe impressões que afetam as suas atitudes, seu comportamento, sua
fé, sua personalidade e seus hábitos. Muitos do que ela aprende vem por meio
da observação das ações dos adultos, principalmente dos pais. Pelo fato de
nascer com a natureza pecaminosa, ela copia e imita o mal com mais
facilidade do que o bem. Por isso, os pais devem dar o melhor exemplo diante
dos seus filhos, de sorte que eles não venham a escandalizar-se (“Mas
qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor
lhe fora que se lhe penduras- se ao pescoço uma pedra de moinho, e se
submergisse na profundeza do mar.” - MT 18.6).
Se o exemplo dos pais não se coadunar com a conduta cristã, eles serão
responsáveis diretos por afastarem seus filhos dos caminhos de Deus, ao
invés de ganhá-los para Cristo. Que por influência dos pais, se cumpra a
profecia de Isaías 54.13: “Todos os teus filhos serão ensinados do Senhor: e
será grande a paz de teus filhos”.
A pessoa disciplinada
A pessoa disciplinada é aquela que adquire e voluntariamente observa a
maneira correta de viver. Disciplinar não é somente castigar uma criança por
que ela se negou a cumprir um determinado requisito, mas é o treinamento e
o ensino dado dia após dia para que ela conheça o caminho em que deve
andar (“Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando
envelhecer não se desviará dele.” – Pv 22.6). A palavra disciplinar é de raiz
latina e quer dizer “ensinar”. O dicionário diz que é “instrução; treinamento
que corrige; molda e fortifica”. Como verbo, quer dizer: “treinar o autocontrole
ou obediência para normas planejadas”.
A criança, ao nascer, já possui uma natureza pecaminosa, que se revela
desde o berço. Em poucos meses a criança já estabelece suas exigências,
querendo que prevaleça sua própria vontade e contrapondo suas idéias com
as de seus pais. A Bíblia aponta claramente a depravação da raça humana e
sua necessidade de um Salvador.
As crianças e a salvação
O ensino dos teólogos através dos séculos é que as crianças, ao
morrerem, antes de terem consciência do pecado, estão isentas da
condenação eterna. Isto é real porque elas estão protegidas pelo sangue de
Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Não é, em absoluto, por causa de sua
inocência, mas por causa da justiça de Deus. A Bíblia fala: “Eu nasci da
iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Sl 51.5); “Desviam-se os
ímpios desde a sua concepção; nascem e já se desencaminham, proferindo
mentiras” (Sl 58.3).
1. Com amor
As atitudes dos pais e de outros adultos
determinam os conceitos que uma criança forma
de si mesma, da vida em geral e de Deus. Há pais
que dão a entender aos filhos que seu amor está
condicionado ao comportamento deles: “Se você
for um mau menino, papai não amará mais você”,
ou “mamãe vai dar você para dona Maria se você
não for uma boa menina”. O filho deve ser amado
pelo que é, e não pelo que faz ou deixa de fazer.
Há modos de exercer a disciplina Disciplina aplicada nesta base pode
criar um senso de inferioridade e o filho reagirá de maneiras indesejáveis.
Disciplina, seja na forma de punição corporal ou expressão verbal, deve
ser ministrada com amor. Crianças que estão seguras do amor de seus pais
são mais aptas a aceitar a liderança. A hora em que seu filho mais precisa de
amor é quando sente que fez alguma coisa errada. Amor é o melhor tipo de
disciplina.
2. Com constância
Os filhos podem viver confusos por causa da inconstância dos pais. Um
mesmo ato por ele praticado pode provocar punição ou, em outro momento,
passar despercebido. Alguns pais são tão flexíveis que seus filhos não têm a
mínima idéia do que eles querem. Quantas vezes um pai diz: “Se você fizer isso
vai apanhar!”, ou “Você vai apanhar quando chegar em casa!”. O filho sabe que
tais promessas tanto podem ser cumpridas como não. Os pais falam muitas
coisas que não cumprem. Seja constante para que seu filho saiba o que
esperar de você.
3. Com harmonia
Se os pais não tiverem harmonia nem de acordo em relação à
disciplina, os filhos ficarão em situação bastante incômoda. Eles nunca
saberão distinguir a atitude certa da errada nem o caminho a seguir. O pai diz
“não”, a mãe diz “sim” e vice-versa. Chegam até a discutir perto do filho que,
por sua vez, não consegue chegar a uma conclusão – sua mente fica confusa.
Desentendimentos entre os pais devem ser discutidos em ambiente
reservado e não perante os filhos. (“Se a trombeta der som incerto, quem se
preparará para a batalha?” – I Co 14.8).
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 307
4. Com justiça
O filho aprecia firmeza e espera justiça. Ele merece uma explicação
conforme a sua capacidade de entender o “porquê”. O castigo deve ser
proporcional à ofensa. Pais são admoestados em Efésios 6.4: “vós, pais, não
provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os na disciplina e admoestação do
Senhor.”
5. Atitudes certas
Há pais que não corrigem os seus filhos até que estejam tomados de ira
ou quando já não aguentam mais. Se o pai decide corrigir o filho somente
depois de ter perdido o controle de si mesmo, fará isso com raiva e, assim, a
disciplina perde seu valor. Quando a punição ou disciplina é dada só para
aliviar os sentimentos dos pais, torna-se um ato egoísta e a criança está
sendo explorada e abusada.
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 308
Capítulo 7
A importância do culto doméstico
“Escutai o meu ensino, povo meu; inclinai
os vossos ouvidos às palavras da minha boca.
Abrirei a minha boca numa parábola; proporei
enigmas da antiguidade, coisas que temos ouvido
e sabido, e que nossos pais nos têm contado. Não
os encobriremos aos seus filhos, cantaremos às
gerações vindouras os
louvores do Senhor, assim
como a sua força e as
maravilhas que tem feito.
Porque ele estabeleceu um
testemunho em Jacó, e
instituiu uma lei em Israel,
as quais coisas ordenou aos
nossos pais que as
ensinassem a seus filhos;
para que as soubesse a
geração vindoura, os filhos A prática do culto no lar deve começar desde cedo nas
famílias
que houvesse de nascer, os quais se levantassem e as contassem a seus filhos” –
Sl 78.1-6.
Para os pais
O culto doméstico é uma fonte para enriquecimento pessoal e
espiritual. Jesus disse que o homem não pode viver só de pão. Ainda existem
muitos pais em lares chamados cristãos que estão tentando viver sem uma dieta
adequada, que inclui alimento espiritual diário. A leitura diária da Bíblia pode dar
uma compreensão das Escrituras que não se consegue de nenhuma outra
maneira. Pode também dar saúde espiritual.
“Habite ricamente em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-
vos mutuamente, em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos e hinos e
cânticos espirituais, com gratidão, em vossos corações” (Cl 3.16).
“Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram e testificaram da tua
verdade, como tu andas na verdade.” (III Jo v.3).
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 309
Cada membro da família é assim fortalecido para resistir ao erro e ao
pecado. Através do culto doméstico, Cristo é convidado a permanecer no lar
como o “hóspede divino”. O culto doméstico ajuda a criar mais harmonia
entre os cônjuges quando eles têm os mesmos propósitos, isto é, ter uma
família consagrada a Deus. Através da oração em conjunto e da leitura da
Bíblia, eles recebem coragem, conforto, esperança para uma vida em
harmonia com Deus e com os outros.
O culto doméstico oferece uma oportunidade singular para a
instrução espiritual dos filhos. Alguém já se deparou com pais cristãos
desapontados com os filhos, indiferentes e mundanos? Há pais que
contemplam os alvos da vida cristã como se fossem espectadores de um
grande desfile, deixando os filhos para trás. Eles deveriam erguer seus filhos
bem alto para que também assistissem ao desfile. Devemos compartilhar com
os nossos filhos as vantagens que temos recebido da parte de Deus.
“E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as
ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo
caminho, ao deitar-te e ao levantar-te.” (Dt 6:7). Nesta passagem, quer-se
dizer para ensinar “com assiduidade, com diligência”, e não de qualquer jeito,
um pouco aqui e um pouco ali. O culto doméstico oferece uma oportunidade
mais ampla de obedecer esta ordem de Deus. “Não os encobriremos aos seus
filhos, cantaremos às gerações vindouras os louvores do Senhor, assim como
a sua força e as maravilhas que tem feito.” (SL 78.4).
Para os filhos
O culto doméstico é a ocasião que os filhos têm para adquirir
conhecimento da Palavra de Deus. Um grande educador de crianças disse:
“Nós despejamos a Palavra de Deus na mente de nossos filhos, pela mesma
razão que leva o construtor a reunir no local da obra os materiais de
construção, para que estejam ali quando ele for começar o seu trabalho”. O
culto doméstico produz esperança em Deus desde os primeiros anos de vida
dos filhos do cristão. Eles são salvos de uma vida de vadiagem entre a massa
de jovens desocupados, deprimidos e flutuantes sobre o mar da vida, que mais
tarde irão chorar: “Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade.”(Ec
12.8).
Capítulo 8
A questão do divórcio
Pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) mostra que, entre 2000 e
2003, foi registrado aumento de 2,17% no
número de casamentos, enquanto as separações
cresceram o dobro – 4,93%. Em 2003, por
exemplo, houve 103.452 separações judiciais
contra 748.991
casamentos. Houve um tempo em que
informações como essas interessavam aos
evangélicos apenas como conhecimento
geral – mais uma daquelas notícias a
mostrar que o mundo jaz no maligno.
Entretanto, há alguns anos, os crentes
começaram a fazer parte de tais
estatísticas – quando divórcio e separação
passaram a fazer parte do cotidiano das
igrejas.
Não faltam livros, artigos, palestras e
Cresceu o divórcio entre evangélicos que tais para explicar o problema do
divórcio – ou sua solução – entre os evangélicos. Por outro lado, não há
consenso sobre quem, quando e por que o casal pode pedir a separação, sem
que contrariem os preceitos bíblicos. Entretanto, não se pode negar que há
cada vez mais ex-casais crentes que jogaram as convenções em prol de uma
vida mais feliz – mesmo que sozinhos. Não é fácil, de qualquer forma. Em
alguns casos, é tão difícil deixar uma relação sem amor ou respeito quanto
encarar uma igreja sem preparo para conviver com divorciados. “Não sei se
podemos chamar preconceito, mas uma coisa é certa: já não nos encaixamos
nos grupos de algumas igrejas, pois não há nada específico para divorciados”,
diz a dona de casa Penha, de São Paulo (para preservar a imagem dos
entrevistados, apenas o primeiro nome será divulgado).
Um casamento morto, em que adultério, brigas, desamor e falta de
comunhão com Deus prevalecem, pode ser melhor do que o divórcio? Uma
resposta apressada pode apostar em “Sim”, é melhor, pois abre-se a chance
para uma nova vida de felicidade. Porém, a situação é bem mais difícil. “Se
Deus ressuscitou Lázaro, não pode fazer o mesmo com um casamento morto?
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 312
questiona o pastor e escritor Josué Gonçalves, que faz palestras voltadas para
a família. Autor do livro “23 Atitudes que Podem Revolucionar um Casamento”,
ele diz que a primeira providência é tomar uma atitude em favor da
ressurreição do mesmo. Deus prefere enterrar o casamento morto ou
ressuscitá-lo? “Esse milagre depende muito mais dos envolvidos do que de
Deus”, garante.
A maioria tenta, certamente. “Meu casamento foi difícil, porém não
reclamo, pois foi minha a escolha”, explica Ângela, 44 anos, de São Paulo. “Deus
nos mostra o caminho e cabe a nós escolhermos e assumirmos as
conseqüências dessas escolhas.” Após o divórcio, conta, teve de reestruturar
a vida, e crê que esta pode ser nova e abençoada por Deus, “se andarmos em
seus caminhos”. Mas, lembra a psicóloga Esly Regina Carvalho, o Senhor nunca
nos prometeu a felicidade nesta vida. “Gozo do Espírito Santo, sim, mas
felicidade humana, não”, salienta. Para ela, deve-se fazer todo esforço pra
“ressuscitar” um casamento morto, por que nada está morto para o Senhor.
“E nossa felicidade não deve estar no cônjuge, mas na nossa relação com
Deus”, acredita.
Última solução
Na sua opinião, é um mito e um erro pensar que meu marido ou esposa
tem a obrigação de fazer o outro feliz. “Isso é papo do mundo. Não sei porque
achar que procurando outra pessoa as coisas vão estar melhor. Se eu não
mudar, as coisas serão as mesmas. Eu vou me casar com uma outra pessoa
igual ou pior. E se eu mudar, então quem sabe meu casamento também
muda?”, questiona. O divórcio entre evangélicos, principalmente, deve ser
encarado como a última solução a aceitar diz Esly, autora de “Quando o
Vínculo se Rompe” e fundado- ra da Praça do Encontro, organização sediada
nos Estados Unidos e voltada à ajuda de pessoas que querem vencer desafios.
O reverendo Fausto Brasil, da Igreja Presbiteriana, diz que sempre será
contrário ao divórcio, seja de evangélicos ou não. “Sou contra porque Deus é
contra, não é vontade Dele que um casal se divorcie”. Esclarece que, na
verdade, é a favor dos divorciados, tanto que criou há nove anos o Ministério
Apoio, que reúne trezentos ex-casados, solteiros e viúvos, que apresenta
aconselhamento, assistência pastoral, psicológica e jurídica, além de fornecer
farto conteúdo sobre necessidades específicas deste grupo. Tanto Esly quanto
o pastor Josué também são contrários ao divórcio, apesar de oferecerem apoio
aos divorciados. Qual a razão de Deus odiar o divórcio? Responde o pastor
Gonçalves: “Casamento é um pacto, e quando se quebra esse pacto sagrado, os
efeitos têm implicações eternas. Sou contra o divórcio, apesar de reconhecer
que em alguns casos a separação é uma saída de emergência", pondera.
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 313
A Igreja contemporânea nem sempre aceita o divórcio oficialmente,
mas tenta conviver com ele. Há quem considere, inclusive, que tal tolerância
seja demais. Corremos um sério risco de assistirmos dentro da igreja à
banalização do casamento, o que é preocupante”, imagina o pastor Josué. A
idéia de “Vou casar; se não der certo, separo” já é comum a muitos jovens,
pois o casamento não é mais visto na perspectiva divina – “até que a morte os
separe”. O divórcio, como não faz parte do plano original de Deus, surgiu da
queda do homem. “A resistência da igreja tem a ver com o plano original de
Deus para o homem em relação ao casamento”, acredita.
Mundo x Igreja
A dureza do coração humano está permitindo que os valores do mundo
levedem a massa da igreja, observa Esly, “em vez de fazer com que os valores
da igreja levedem a massa do mundo.” Tal observação também pode ser
aplicada a diversos outros aspectos, às vezes confundidos com “usos e
costumes”, mas que já fizeram parte da doutrina cristã. O divórcio, por este
ângulo, deve ser visto como “corpo estranho” à Igreja, em vez de ser
assimilado com naturalidade. “No entanto, precisamos entender que há
situações que ele é inevitável e, portanto, precisamos ser compassivos para
com os divorciados e não atirando a primeira pedra”, ressalta o reverendo
Fausto. A resistência dos evangélicos ao assunto, segundo ele, se deve
principalmente à interpretação bíblica de que o divórcio é um “pecado
imperdoável”. Não se pode, portanto, tapar o sol com a peneira. O Senhor é o
mesmo ontem, hoje e eternamente, mas os crentes mudaram – e muito.
Houve uma transformação comportamental entre os membros que assustaria
pastores que ocuparam os púlpitos trinta ou quarenta anos atrás, por
exemplo. O que um casal deve fazer ante o impasse do casamento, quando o
divórcio parece a melhor saída? Pedir ajuda é o primeiro passo. O site do
Ministério É Hora de Semear Fogo recebe dezenas de pedidos de oração de
pessoas cujos lares estão esfacelados, com o casamento em ruínas.
Quem acha que o divórcio é solução apenas para diferenças de gênio ou
culturais, engana-se. Há muitos casamentos em que a violência é permanente,
inclusive em lares de evangélicos – pastores, inclusive. Relata a psicóloga Esly
Carvalho em seu livro “A Família em Crise” diversos casos de violência
doméstica e abuso sexual. “Se as pessoas acham que não existe isso, devem
morar em outro planeta”, afirma. “A salvação do Espírito tem de ser
trabalhada na alma, no coração e no corpo também”, diz.
Alternativa fácil
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 314
O divórcio passou a ser uma alternativa fácil para muita gente sem
perseverança pois qualquer crise é suficiente para romper laços. “Há
divorciados que lamentam não ter lutado mais, carregam a dor da culpa por
terem sido precipitados”, diz o fundador do Ministério Apoio. Com sua
experiência de aconselhamento, garante, o preço a pagar pela restauração do
casamento é menor do que de uma nova relação. “Cerca de 65% das pessoas
que têm casado pela segunda vez não estão sendo bem-sucedidos e cerca de
75% dos casamentos pela terceira vez também não”, contabiliza. O problema,
avalia, é que estas pessoas estão indo para novas relações carregando as
feridas antigas e, infelizmente, repetindo seus erros.
Deve-se procurar ajuda, sempre. Seja com terapeutas, pastores,
conselheiros ou mesmo um parente sábio que pode auxiliar com equilíbrio e
orações. “Muita gente quer procurar ajuda quando finalmente cai a ficha que o
outro não vai continuar agüentando mais. Aí, às vezes, é tarde demais”, diz
Esly. Entretanto, nem todas as igrejas estão preparadas para lidar com tais
problemas e tampouco os pastores. Segundo ela, é preciso que os pastores e
conselheiros tenham uma preparação superior à do seminário. Como os
pastores são escolhidos, em geral, por seu conhecimento e testemunho, ela
sugere que pessoas idôneas da igreja sejam separadas para fazer o
aconselhamento. Outro ponto importante é jamais compartilhar o que se
ouve. “Muita gente já foi exposta no sermão de domingo por pessoas mal
instruídas”, lembra.
“Saída de emergência”
Enfim, qual o posicionamento bíblico para o divórcio? Eis uma questão
delicada que suscita um caloroso debate. As igrejas, na maioria, aceitam o
divórcio em caso de adultério ou quando a relação se torna insustentável. O
texto de Mateus 19 é apontado como solução tanto para quem aceita quanto
para quem condena o divórcio. “Porém, a Bíblia não é uma enciclopédia, mas a
bússola orientadora através da qual avaliamos e filtramos nossas decisões”,
explica Josué Gonçalves. Existem outros motivos além do “adultério”, explica,
que podem exigir uma separação para que os prejuízos sejam menores. “O
divórcio nunca pode ser visto como uma porta de saída, mas sim, como uma
‘saída de emergência’”.
Segundo Fausto Brasil, interpretando estas palavras de Jesus, a igreja
brasileira se posiciona de três formas a respeito desta questão. O primeiro
grupo entende que o casamento só termina com a morte, e nem mesmo em
caso de adultério deveria ser considerada a possibilidade do divórcio (pois é
sempre pecaminoso, nunca é aceito por Deus). Já o segundo compreende que
temos de entender que as palavras de Jesus se aplicavam às circunstâncias
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 315
daquela época e que a sociedade mudou. Por último, há os que afirmam que o
casamento é uma instituição divina a ser preservado, e um segundo
casamento só é lícito quando o primeiro for terminado por adultério (Mateus
19:7) ou por abandono obstinado da parte do descrente (I Coríntios 7:15).
O que se vê, porém, são casamentos realizados na igreja, sob as bênçãos
do pastor, terminarem no Fórum. Pode, assim, um casamento abençoado por
Deus correr o risco de dissolver-se? É a vida com Deus que sustenta uma casa
e, por conseguinte, um casamento. Portanto, se não houver sustentação, a
relação rui. O reverendo Brasil acredita que é preciso comunicação,
sinceridade e verdade, caso contrário, reinarão falsidade e mentira. “Elas
nascem insegurança, desconfiança, ciúmes, brigas e divórcio. A verdade
precisa ser sempre dita, no momento certo e do jeito certo”, exorta. E ela só
terá efeitos positivos se as pessoas tiverem humildade para reconhecer seus
erros, arrepender-se e servir um ao outro.
Em suas palestras, o pastor Josué Gonçalves diz que o mais difícil não é
casar, mas permanecer casado e feliz. “Feliz o homem que teme ao Senhor e
anda nos seus caminhos”, cita o Salmo 128. Isso quer dizer que, enquanto
houver temor no coração do casal, o casamento está seguro e garantido
debaixo da bênção de Deus. Se faltar temor, a relação se vulnerabiliza e pode
ser atingida facilmente pelo diabo.
Um dos grandes erros de alguns casais é o excesso de autoconfiança:
achar que um anel de ouro, uma assinatura no cartório ou uma declaração
pública são suficientes para garantir o casamento para o resto da vida. “Isso é
utopia, ilusão, ignorância. Vida conjugal é como uma viagem de carro: se não
houver paradas para reabastecimento, revisão, reparos etc., os dois não irão
muito longe”, compara. E decreta: casais abençoados são aqueles que se
preocupam com a manutenção do relacionamento.
Capítulo 1
Operações do Espírito Santo
ou de demônios?
Milhares de crentes, em todas as partes do
mundo, estão suplicando a Deus por um
avivamento. Mas, qual seria a natureza de tal
avivamento? A resposta se encontra na narrativa
do derramamento do Espírito Santo no
Pentecostes (“Ao cumprir-se o
dia de Pentecostes, estavam
todos reunidos no mesmo
lugar. De repente veio do céu
um ruído, como que de um
vento impetuoso, e encheu
toda a casa onde estavam
sentados. E lhes apareceram
umas línguas como que de
fogo, que se distribuíam, e
sobre cada um deles pousou
uma. E todos ficaram cheios
do Espírito Santo, e Rev. Luciano Padilla ora em igreja de Nova York: pentecostes
O engano da visualização
Nos últimos anos, surgiram muitos ensinos a respeito de visualização.
Vejamos à luz da Bíblia o que nos diz. (“Assim diz o Senhor dos Exércitos. Não
deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam e vos enchem
de vãs esperanças; falam as visões do seu coração, não o que vem da boca do
Senhor. Dizem continuamente aos que me desprezam: O Senhor disse: Paz
tereis; e a qualquer que anda segundo a dureza do seu coração dizem: Não
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 319
virá paz sobre vós. Porque quem esteve no conselho do Senhor, e viu, e ouviu
a sua palavra? Quem esteve atento à sua palavra e a ela atendeu?” - Jr 23:16-
18.)
Visualização é a criação de uma imagem ou figura na mente por meio
da imaginação. Segundo esse ensinamento errôneo, as pessoas adquirem
poder para alterar até mesmo sua vida, promovendo a cura de seu corpo físico
ou de outra pessoa, curas emocionais, obter riqueza, sucesso – tudo através
da visualização.
Esta é a pergunta de muitos: ora, se algo é bom para o nosso corpo,
como a cura e a riqueza, como pode ser errado se feito por um cristão?
Porque a prática da visualização põe o cristão em contato com o mundo
espiritual através de seu espírito e sob controle da sua própria vontade, e não
segundo a vontade de Deus.
É evidente que Deus se revela mediante de visões pelo seu Espírito,
mas precisamos ter discernimento se de fato o espírito manifestado é de
Deus. Quando a visão vem do Senhor, não há glória nem exaltação para o
homem; pelo contrário, o homem fica mais humilde (“Então olhei, e eis uma
semelhança como aparência de fogo. Desde a aparência dos seus lombos, e
daí para baixo, era fogo; e dos seus lombos, e daí para cima, como aspecto de
resplendor, como a cor de âmbar. E estendeu a forma duma mão, e me tomou
por uma trança da minha cabeça; e o Espírito me levantou entre a terra e o
céu, e nas visões de Deus me trouxe a Jerusalém, até a entrada da porta do
pátio de dentro, que olha para o norte, onde estava o assento da imagem do
ciúmes, que provoca ciúmes.” – Ez 8:2-3).
A comunicação foi na forma de visão ou imagens visualizadas. Mas
note que Ezequiel afirma claramente que essas visões eram de Deus. O
profeta não formou as imagens por conta própria, mas sim as recebeu de uma
fonte externa, Deus.
“E Paulo teve, de noite, uma visão em que se apresentava um varão da
Macedônia e lhe rogava, dizendo: Passa a Macedônia e ajuda-nos” - At 16:9).
Observe neste versículo sete que ele intentava ir para Bitínia, mas o Espírito
de Jesus não lhe permitiu. Significa que nenhum homem de Deus tem visões
do mundo espiritual partindo de seu espírito, da sua intuição ou da vontade.
Mas, porém, recebe a comunicação do Espírito do Senhor no seu espírito.
Conforme Romanos 8:16: “O Espírito mesmo testifica com o nosso espírito
que somos filhos de Deus”.
Capítulo 2
Usando o dom do
discernimento
O principal dom dado por Deus é o amor. Sem
ele, é impossível que um crente receba outro, pois
falar em línguas estranhas não é dom, mas sim
evidência do batismo com o Espírito Santo (vide
Introdução à Doutrina do Pentecostalismo –
Volume 1). Todos os dons são importantes para a
Igreja, mas, hoje, faz-se necessário que se busque o
dom de discernimento de espíritos. É por meio dele
que se pode compreender se uma manifestação vem de Deus ou do diabo.
“Ora, aconteceu que quando íamos ao lugar de oração, nos veio ao encontro
uma jovem que tinha um espírito adivinhador, e que, adivinhando, dava grande
lucro a seus senhores. Ela, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: São
servos do Deus Altíssimo estes homens que vos anunciam um caminho de
salvação. E fazia isto por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou- se e disse
ao espírito: Eu te ordeno em nome de Jesus Cristo que saias dela. E na mesma
hora saiu” (At 16:16-18).
Porquanto que a maioria dos acontecimentos atribuídos e considerados
como “discernimento de espírito” são, na verdade, apenas suspeita, que tem
como raiz o medo, a preservação própria e territorial e não o Espírito Santo.
Isso acontece porque a maior parte da autoridade exercida na Igreja,
atualmente, é falsa, e isso faz com que aqueles que a usam competem e têm
medo de ser intimidados por qualquer pessoa que não possam controlar.
O verdadeiro discernimento tem como raiz o amor, que “é paciente, é
benigno; (...) não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece. Não se
conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera,
não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a
verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (I Co 13:4-7).
Muitos consideram que a prontidão em “tudo crê, tudo esperar e tudo
suportar” nos levará mais para uma ingenuidade do que para discernimento,
mas é o contrário o verdadeiro. Se não enxergarmos através dos olhos do
amor de Deus, não veremos claramente e não interpretaremos o que
estivermos vendo com precisão.
O verdadeiro discernimento somente pode operar através do amor de
Deus. O amor de Deus não pode ser confundido com uma misericórdia não
santificada, que aprova coisas que o próprio Deus desaprova. O amor de Deus
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 326
é absolutamente puro e facilmente distingue entre o puro e o impuro, mas faz
isso com as razões corretas. Insegurança, autopreservação, autopromoção,
feridas não curadas, falta de perdão, ira etc. confundem e neutralizam o
verdadeiro discernimento espiritual.
Há uma maneira simples de discernir se uma operação é de Deus ou do
diabo: quando é divina, a pessoa (canal de tal manifestação) se torna mais
humilde, amorosa, submissa e quebrantada, e esconde dos demais a
experiência que teve, por que o que aconteceu foi entre ela e Deus. Mas,
quando é satânica e vem mascarada de sã espiritualidade, a pessoa se torna
orgulhosa de sua espiritualidade, rebelde e insubmissa. Por isso os que se
parecem mais “espirituais” tendem ser os mais rebeldes.
Advertências preliminares
Jesus tinha muito a dizer sobre milagres: “Nem todo o que me diz:
Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de
meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não
profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e
em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente:
Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt
7:21-23). Neste trecho, Jesus nos dá três advertências:
Primeira: um milagre não é necessariamente de Deus por que foi feito
por alguém que chama Jesus de “Senhor”. Há operadores de milagres que
falam respeitosamente de Jesus, reconhecem que Ele é o Senhor mas,
entretanto, não são enviados por Deus. Para saber se um milagre é de Deus
necessário é que ele esteja embasado na sã doutrina.
Segunda: um milagre não é necessariamente de Deus só por que ajuda as
pessoas. Nesta passagem, Jesus nos assegura que demônios foram de fato
expulsos e milagres benéficos foram feitos. Contudo, os milagres não se
originavam do poder de Deus.
Terceira: um milagre não é necessariamente de Deus apenas por que o
operador de milagres parece ter garantia dos céus. Porventura ficamos
imaginando se falsos profetas e os operadores de milagres sabem que estão
equivocados? Alguns, talvez, sabem ser impostores que deliberadamente
exploram as pessoas. No entanto, outros são sinceros, crendo que seus dons
milagrosos são de Deus. Por isso, Jesus nos dá mais esta advertência.
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 327
Repare que os indivíduos exemplificados por Jesus esperavam estar
dentro dos portões adornados de pérola. No entanto, ficaram surpresos e
horrorizados por terem sido rejeitados. Eles pregavam um Cristo e o
chamavam de Senhor, porém não eram convertidos! Podemos afirmar que tais
milagres foram feitos por pessoas que falavam continuamente sobre o céu, a
vida eterna e temas semelhantes. Talvez sejam as mesmas pessoas que falam
que não tínhamos de esperar o céu, mas que poderíamos ter tudo agora.
Curas que deixam o “curador” orgulhoso e desfilando na frente do povo,
como se houvesse ganhado uma grande batalha, chamando a atenção da
multidão para si, não tem autenticação divina. Lembre-se de Pedro na Porta
Formosa: “E quando Pedro viu isto, disse ao povo: Varões israelitas, porque
vos maravilhais disto? Ou porque olhais tanto para nós, como se por nossa
própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem. Observe que ele
deu toda glória para Jesus” (Atos 3:12).
Libertação é necessária
O que é libertação? É ser liberto de um jugo (“O Espírito do Senhor Deus
está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos
mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade
aos cativos, e a abertura de prisão aos presos” - Is 61:1). Assim, nós podemos
ter um jugo, que vamos chamar de fortaleza.
Mas, embora vivamos como homens, não lutamos segundo os padrões
humanos. As armas com as quais lutamos, ao contrário, são poderosas em
Deus para destruir fortalezas. Destruímos argumentos e toda pretensão que
se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo o
pensamento para torná-lo obediente a Cristo. “Porque, embora andando na
carne, não militamos segundo a carne, pois as armas da nossa milícia não são
carnais, mas poderosas em Deus, para demolição de fortalezas; derribando
raciocínios e todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Deus, e
levando cativo todo pensamento à obediência a Cristo (II Co 10:3-5).
Toda libertação bem-sucedida deve começar removendo primeiro o que
protege o inimigo. Falando de guerra espiritual, o apóstolo Paulo menciona a
palavra “fortaleza” para definir as brechas espirituais em que Satanás e suas
legiões se escondem e ficam protegidos. Essas fortalezas existem em
pensamentos e ideias que dominam indivíduos e igrejas, bem como
comunidades e nações. Antes de reivindicar a vitória, essas fortalezas
precisam ser destruídas, e a armadura de Satanás removida. Assim, as armas
poderosas da Palavra e do Espírito podem saquear com eficácia a morada do
inimigo.
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 328
Libertação, na verdade, é um processo em se tratando da mente, por
que a cada instante recebemos novas informações externas, que são bem-
vindas ou não: depende se as aceitamos ou as rejeitamos. Qualquer área do
nosso coração ou de nossa mente que não esteja sujeita a Jesus Cristo é
vulnerável ao ataque satânico. E é aqui, na vida de pensamentos não-
crucificados da mente do crente, que a destruição de fortalezas é de vital
importância. Por esta razão, precisamos alcançar o que as Escrituras chamam
de “humildade da mente” para que a libertação real seja possível. Quando
descobrimos, em nós mesmos, alguma rebeldia contra Deus, não devemos
nos defender nem nos desculpar. Em vez disso, temos de humilhar o coração
e arrepender-nos, exercitando nossa fé no fato de que Deus nos transformará.
Analise isto: Satanás alimenta-se de pecado. Onde quer que haja um
hábito de pecado na vida do crente, certamente haverá atividade demoníaca
nessa área. O hábito de pecar nem sempre se transforma na habitação de
espírito que rouba o poder da alegria do crente; quando isso acontece, a
pessoa pensa que está tudo bem, levando uma vida descuidada, e essa
habitação (ou hábito) é uma fortaleza.
É preciso admitir que espíritos malignos frequentem a vida de cristãos e
dirigem suas atitudes, bem como certamente concordar que todos temos
uma mente carnal, que é origem de imaginações e pensamentos vãos que os
exaltam acima de Deus. Para lidar com o diabo, temos de tratar dos hábitos de
pensamento carnal, que são fortalezas que protegem o inimigo. Os demônios
operam na área da alma, na vontade das emoções: “Tira a minha alma da
prisão, para que louve o teu nome; os justos me rodearão, porque são mais
fortes do eu” (Salmos 142:7).
O conceito de “aceitar Jesus” é muito vago para se afirmar que a pessoa
está liberta. Aceitar, lembre-se, é diferente de servir. Se você é um cristão há
algum tempo, já teve muitas fortalezas destruídas em sua vida: elas foram
destruídas quando se arrependeu e veio para Jesus. Em geral, a libertação
também é assim tão simples quando a alma está desejosa. Todavia, sem
nenhuma medida de arrependimento, a libertação é praticamente impossível,
pois embora se ordena que o espírito saia enquanto o padrão de
pensamentos do indivíduo não for transformado, pois sua atitude continuará
sendo errada e voltada para o pecado, recebendo de volta o espírito mau com
boas-vindas.
Instituto Teológico Carisma Família Cristã 329
Capítulo 1
Pronomes
Pronomes são palavras que representam um substantivo ou acompanha-
no, limitando a significação dele.
Ex.: - O garoto viajou?
- Sim, ele viajou. (ele = pronome) Observe que, na segunda frase, a palavra
ELE substitui o substantivo garoto.
Classificação dos pronomes Pronomes pessoais:
São aqueles que substituem os nomes e representam as três pessoas
gramaticais.
Eu x mim
Observe com atenção o emprego de “eu” e “mim”nas frases abaixo:
Você trará a prova para eu corrigir? (correto; corrigir é verbo)
Você trará a prova para mim. (correto; sem verbo.
Para mim, chegar lá será fácil. (correto; = chegar lá será fácil para mim)
Aquele era um problema para mim resolver. (errado; resolver é verbo)
Pronomes possessivos
Pronomes interrogativos:
São as palavras que, quem, qual,
quais, quanto(s) e quanta(s) usadas
na formulação de frases
interrogativas
diretas ou indiretas.
Ex.: Quantas pessoas estavam aqui? (interrogativa direta)
Diga-me quantas pessoas estavam aqui. (interrogativa indireta)
Pronomes relativos
São os que se referem (relacionam) a um substantivo anterior,
substituindo-o na oração seguinte.
Ex.: Eu comprei a casa. A casa foi do
meu avô.
Eu comprei a casa, que foi do meu
avô. (casa = substantivo; que =
pronome relativo).
Capítulo 2
Crase
Crase é uma palavra com origem no grego “krásis”, que significa “mistura,
fusão”. Trata-se, em língua portuguesa, da fusão da preposição “a” com o
artigo definido feminino “a”.
Atenção! Só haverá crase diante de palavra feminina e que dependa de outra
que exija a preposição a.
d) Diante de pronome que não admitem artigo: Fiz alusão a esta aluna.
Perguntei a ele e a ela. Não vou a qualquer parte.
Ela deve a mim e a ti. É o menino a cuja mãe me referi.
e) Diante de palavras no plural (sentido genérico), se o “a” estiver no
singular. Não falo a pessoas desinteressadas. Aspiro a posições de destaque.
f) Diante do artigo indefinido “uma”: Não se deve chegar a uma atitude
dessas. Não me submetendo a uma ordem deste tipo.
Atenção! Voltou à casa dos pais. Fez uma visita à Casa Branca (“casa” esta
determinada)
a quatro mãos
à que (= àquela que)
quanto às
reduzir a zero
sair à rua
saltar à vista
terra a terra
todas as vezes
uma à outra
umas às outras
valer a pena
Instituto Teológico Carisma Língua Portuguesa - Apostila 340
Capítulo 3
Verbo
Flexões do verbo
O verbo varia em número (singular, plural), pessoa (1a ,2a, 3a ), tempo
(presente, passado, futuro), modo (indicativo, subjuntivo, imperativo) e voz
(ativa, passiva, reflexiva).
Conjunções verbais
1a conjugação: terminação AR (ex.: falar)
2a conjugação: terminação ER (ex.: ler)
3a conjugação: terminação IR (ex.: sair)
Pretérito (passado)
perfeito: Eu andei
imperfeito: Eu andava
mais-que-perfeito: Eu falara
Futuro
Do presente: Eu levarei
Do pretérito: Eu levaria
Modos verbais:
Indicativo: atitude de certeza.
Subjuntivo: atitude de hipótese, dúvida
Imperativo: atitude de ordem, pedido, etc.
Instituto Teológico Carisma Língua Portuguesa - Apostila 341
Formas nominais:
Infinitivo: terminação R (andar, viver, dividir).
Gerúndio: terminação NDO (andando, vivendo, partindo)
Particípio: terminação ADO (p/ 1a conjugação) e IDO (p/ 2a e 3a
conjugações).
Vozes verbais
Voz ativa o sujeito pratica a ação verbal. Ex.: O garoto prendeu o pássaro. (
garoto = sujeito; prendeu = ação)
Voz passiva: o sujeito recebe, sofre a ação verbal. A voz passiva pode ser:
a) analítica: verbo auxiliar + particípio do verbo principal. Ex.: O rapaz foi
vaiado pelos amigos. (rapaz = sujeito; foi = verbo auxiliar; vaiado = verbo
principal).
b) sintética ou pronominal: formada por um verbo indicador de ação +
pronome se (pro- nome apassivador). Ex.: Alugaram-se todas as casas.
(alugaram = verbo/ação; se = pronome apassivador; todas as casas = sujeito)
c) Voz reflexiva: o sujeito pratica e também recebe a ação verbal. Ex.: A
menina penteava-se calmamente. (menina = sujeito)
Formação do imperativo
O imperativo é o modo que exprime ordem, pedido, convite etc. Por esse
Instituto Teológico Carisma Língua Portuguesa - Apostila 342
motivo ele não possui a 1a pessoa do singular (eu), uma vez que não é lógico,
não teria sentido o falante dar uma ordem, ou fazer um convite a ele mesmo.
Capítulo 4
Advérbio
Advérbio é uma palavra que tem por função modificar o sentido de
verbos, adjetivos e de outros advérbios. O advérbio sempre apresenta uma
circunstância, dando idéia de tempo, lugar, modo, afirmação, dúvida, etc.
Além disso, é sempre invariável, ou seja, não pode ir para o feminino, nem
para o plural. Na oração, o advérbio só exerce a função de adjunto adverbial.
Ex.: O navio não chegou hoje. (não = advérbio; chegou = verbo; hoje =
advérbio)
Na oração, não e hoje são advérbios, pois estão modificando um pouco
o sentido do verbo “chegar”. Acrescentando a esse verbo, respectivamente,
as ideias de “negação” e “tempo”.
A criança estava bastante triste. (bastante = advérbio; triste = adjetivo)
Bastante é advérbio, pois está modificando um pouco o sentido do
adjetivo “triste”, intensificando-o.
O avião chegou muito cedo. (muito = advérbio; triste = adjetivo)
Como cedo modifica o verbo “chegar”, é advérbio.
Muito é advérbio, pois modifica o advérbio “cedo”.
Locução adverbial
Conjunto de duas ou mais palavras que funciona como advérbio.
Ex.: De manhã, ele irá à cidade. (de manhã = locução adverbial; irá =
verbo de locução; à cidade = locução adverbial)
Outros exemplos: às cegas, às claras, à toa, a medo, à pressa, às
pressas, a pé, a pique, a fundo, a jusante, a montante, à uma, às escondidas,
às tontas, à noite, às vezes, ao acaso, de repente, de chofre, de forma
alguma, de cor, de improviso, de propósito, de viva voz, de súbito, de uma
assentada, de soslaio, de quando em quando, de vez em quando, em breve,
em vão, por miúdo, por atacado, em cima, por fora, por hora, por trás, para
trás, de perto, sem dúvida, com certeza, por certo, por um triz, o mais das
vezes, as mais das vezes, passo a passo, lado a lado, vez por outra, de fome,
de medo etc.
Preposição
Preposição é a palavra que relaciona duas outras palavras, estabelecendo
entre elas uma relação, de tal forma que o sentido da primeira é explicado ou
completado pela segunda.
Ex.: Ninguém teve medo de ameaças. (de = preposição)
O barco dirigiu-se para a margem. (para = preposição)
Conjunção
Conjunção é a palavra que tem por função ligar dois termos de uma
oração ou ligar entre si duas orações.
Conjunções subordinativas
Ligam duas orações, uma das quais depende da outra.
Ex.: Só iríamos se você nos obrigasse.
Interjeição
Interjeição é toda palavra ou expressão que utilizamos para expressar de
modo vivo e intenso nossos estados emotivos.
Instituto Teológico Carisma Língua Portuguesa - Apostila 346
Ex: Nossa! Como foi fácil a prova! (nossa = interjeição).
Acabaram-se as aulas, ufa! (ufa = interjeição)
Jesus disse que seus discípulos, em certo
momento da caminhada, receberiam um
poder que viria do alto, revestindo-os com
coragem, bravura, intrepidez, fervor e uma
consciência fiel de que o Senhor continuaria,
no meio dos séculos e milênios, sendo o
mesmo "Eu Sou" do passado. O carisma do
Espírito Santo, fundamento da fé pentecostal,
não é base da salvação, pois esta vem pela
graça, pela fé. E o poder pentecostal, revelado
através dos dons
espirituais, é dado para honrar e revestir a igreja, não interferindo na
salvação das almas.
O estudo do pentecostalismo ainda é incipiente no Brasil. A razão é que
nossos pais na fé são oriundos de igrejas tradicionais que, apenas
recentemente, começaram a se abrir para o entendimento sobre o
avivamento e o mover do Espírito Santo.
Esta é uma lacuna que o Instituto Teológico Carisma (ITC) quer preencher,
lançando as bases de uma doutrina pentecostal. Não se trata, porém, de
apenas uma decodificação de passagens bíblicas. O Curso Fundamental
de Teologia do ITC, que se inicia com este primeiro volume, traz
revelações de Deus para seu povo, mostrando que a chama viva do
Espírito está acessa sobre a Igreja contemporânea. Há dúvida de que os
dias da profecia são os atuais? Roguemos a Deus para que, em sua
misericórdia, dê a cada um soberania para absorver o conhecimento e,
mais ainda, espaço para a atuação do Espírito Santo em nossas vidas.
Somente assim, com direção divina e tendo o Espírito como guia,
poderemos compreender a verdade sobre o avivamento.