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Soteriologia (Doutrina da Salvação) -1-


( Doutrina da Salvação )
Soteriologia (Doutrina da Salvação) -2-

Índice

Introdução.................................................................................................................................3
1. A Origem da Salvação........................................................................................4
2. A Natureza da Salvação...................................................................................5
3. O Processo do Novo Nascimento......................................................6
4. O que é Justificação.................................................................................................9
5. O que é Regeneração..........................................................................................11
6. O que é Santificação.............................................................................................13
7. Calvinismo................................................................................................................................15
8. Arminianismo.....................................................................................................................16
9. O Novo Nascimento...............................................................................................18
10. O Alcance da Salvação................................................................................ 20
11. A Realidade da Salvação.........................................................................22
12. A Salvação e a Fé.......................................................................................................23
13. A Salvação Mediante a Fé.......................................................................25
14. Jesus, o Caminho da Salvação...........................................................28
15. O Ensino de Jesus Sobre a Salvação.......................................30
16. O Ensino Bíblico Sobre o Perdão................................................ 31
17. A Conversão do Pecador.......................................................................... 32
18. A Redenção do Pecador................................................................................33
19. A Palavra de Deus Trás Salvação...............................................34
20. A Garantia da Nossa Salvação........................................................36
Bibliografia................................................................................................................................37
Soteriologia (Doutrina da Salvação) -3-

Introdução

O Jesus Cristo, pela sua morte expiatória, comprou a salvação para os homens.
Como Deus a aplica e como é ela recebida pelos homens para que se torne uma
realidade experimental? As verdades relacionadas com a aplicação da salvação
agrupam-se sob três títulos: Justificação, Regeneração e Santificação. As verdades
relacionadas com a aceitação da salvação, por parte dos homens, agrupam-se sob os
seguintes títulos: Arrependimento, Fé e Obediência.

E isto digo: conhecendo o tempo, que é já a hora de despertarmos do sono; porque


a nossa salvação está agora mais perto de nós de que aceitamos a fé.
(Rm 13.11).

Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação...
(Hb 2.3).
Soteriologia (Doutrina da Salvação) -4-

Lição 1

1. A Origem da Salvação

A Salvação do Homem

A palavra Soteriologia significa - Doutrina da Salvação.


A salvação, ou a palavra que descreve o seu significado (Soteriologia), tem sua raiz
no vocábulo grego (sõteria), ocorrendo em ambos os Testamentos com profundo
significado e infinito alcance. Por toda a extensão das Escrituras Sagradas ocorre uma
vez no plural (2 Sm 22.51).
Do ponto de vista divino de observação, salvação é em termo, que abrange dentro
de seu escopo muitos aspectos. Por exemplo, há a salvação do passado, no presente e
para o futuro: seja, salvação do espírito na regeneração da alma na santificação, e do
corpo na glorificação.

1. Definição de Salvação. De acordo com o doutor C.I. Scofield, são incluídas nesses
diversos aspectos as doutrinas fundamentais que, teologicamente falando constituem
aquilo que chamamos de Soteriologia ou seja, Doutrina da Salvação.

O vocábulo português que aparece em nossas versões e traduções se deriva do


latim, salvare, salvar, de salus, saúde, ajudar, e traduz o termo hebraico yeshua e
cognatos: largura, facilidade, segurança, etc..

a) Em o Novo Testamento, o verbo salvar e o substantivo salvação aparecem por


mais de 150 vezes, correspondendo mais 100 vezes, ora no ativo, ora no passivo. Porém,
o Novo Testamento conhece também o significado mais comum do verbo: salvar no
grego clássico deriva de são e significa devolver a saúde ao doente (sentido elementar), a
segurança ao ameaçado (sentido geral), e arrancar da morte o moribundo (sentido
individual) Leia: (Mt 8.25; 14.30; 27.40,42,49; Mc 3.4; Lc 6.9; Jo 12.27; At 27.20; Hb
5.7). Sendo porém, ampla e objetiva em todos os seus aspectos.

b) No que diz respeito à sua origem, a salvação teve (e tem) seu ponto inicial no
coração de Deus. Segundo se diz, ela foi criada por Ele, manifestada aos homens por
meio de Jesus Cristo e evidentemente, executada no coração humano através do Espírito
Santo. Leia: (Lc 1.68,69; Jo 12.48,49; 16.7-14 etc.). A obra propiciatória de Jesus Cristo
nosso Senhor é a maior revelação do grande propósito de Deus no plano da redenção em
salvar a humanidade.
Foi nele que todos os martizes da salvação plena tiveram seu encontro de expansão

 Leia (Hb 2.3).
Soteriologia (Doutrina da Salvação) -5-

2. A Natureza da Salvação

O assunto desta lição será:


 Que é que constitui a salvação, ou estado de graça?

Três Aspectos da Salvação

Há três aspectos da salvação, e cada qual se caracteriza por uma palavra que
define ou ilustra cada aspecto:
(a) Justificação. é um termo forense que nos faz lembrar um tribunal. O homem
culpado e condenado perante Deus, é absolvido e declarado justo – isto é, justificado.
(b) Regeneração. (a experiência subjetiva) e Adoção (o privilegio objetivo) sugere
uma cena familiar. A alma morta em transgressões e ofensas, precisa duma nova vida,
sendo esta concedida por um ato divino de pessoa, por conseguinte, toma-se herdeira de
Deus e membro de sua família.
(c) Santificação. A palavra santificação sugere uma cena do templo, pois essa
palavra relaciona-se com o culto a Deus. Harmonizadas suas relações com a lei de Deus e
tendo recebido uma nova vida, a pessoa, dessa hora em diante dedica-se ao serviço de
Deus. Comprado por elevado preço, já não é dono de si não mais se afasta do templo
(figurativamente falando), mas serve a Deus de dia e de noite. (Luc. 2:37.) Tal pessoa é
santificada e por sua própria vontade entrega-se a Deus.
O homem salvo, portanto, é aquele cuja vida foi harmonizada com Deus, foi
adotado na família divina e agora dedica-se à servi-la. Em outras palavras, sua
experiência da salvação, ou seu estado de graça, consiste em justificação, regeneração (e
adoção), e santificação. Sendo justificado, ele pertence aos justos sendo regenerado, ele é
filho de Deus, sendo santificado, ele é santo (literalmente uma pessoa santa).
São essas bênçãos simultâneas ou consecutivas? Existe de fato, uma ordem lógica:
o pecador harmoniza-se, primeiramente perante a lei de Deus sua vida é desordenada,
precisa ser transformada. Ele vivia para o pecado e para o mundo e, portanto, precisa
separar-se para uma nova vida, para servir a Deus. Ao mesmo tempo as três experiências
são simultâneas no sentido de que, na prática não se separam. Nós as separamos para
poder estudá-las. As três constituem a plena salvação a mudança exterior, ou legal
chamada justificação, segue-se a mudança subjetiva chamada regeneração, e esta, por sua
vez é seguida por dedicação ao serviço de Deus. Não concordamos em que a pessoa
verdadeiramente justificada não seja regenerada, nem admitimos que a pessoa
verdadeiramente regenerada não seja santificada (embora seja possível, na prática uma
pessoa salva, às vezes viola a sua consagração). Não pode haver plena sem essas três
experiências, como não pode haver um triângulo sem três lados. Representam elas o
tríplice fundamento sobre o qual se baseia subsequente vida cristã. Começando com esses
três princípios, progride a vida cristã em direção a perfeição.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) -6-

3. O Processo do Novo Nascimento

Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer


de novo não pode ver o Reino de Deus (Jo 3.3).

Deus criou o homem à sua imagem e semelhança (Gn 1.26). Portanto, um ser
perfeito. Mas ele se deixou levar pela tentação (Gn 3.5) e desobedeceu ao seu Criador
(Rm 5.19). Por isso todos nós, os seus descendentes tornamo-nos herdeiros de sua
natureza pecaminosa (o pecado original) e destituídos da glória eterna (Rm 3.23). Fazia-
se então, necessária a vinda de um justo para, por sua morte, salvar da condenação dos
injustos (1 Pd 3.18).

1. É necessário Nascer de Novo

Jesus morreu por todos nós, pois Deus não faz acepção de pessoas (Dt 10.17). No
entanto, a obra da redenção só é válida para aqueles que aceitam a Cristo como Salvador
e têm suas vidas transformadas pelo poder do Evangelho. Este é o novo nascimento, que
não significa retornar ao ventre materno para renascer, mas o transporte da natureza de
Cristo, divina, santa, pela nossa pecaminosa, terrena, humana (2 Pd 1.4).
Na verdade, quando nascemos somos inocentes, mas trazemos em nosso corpo a
tendência para o pecado (Rm 6.6). Somos semelhantes aos leãozinhos ainda lactentes,
que se assustam quando vêem um pedaço da carne. Mas, ao crescerem, atacarão até os
seus domadores se não estiverem saciados, pois são carnívoros. Só no Milênio, o Rei dos
reis transformará as suas naturezas (Is 11.7). Por causa do pecado perdemos a imagem de
Deus, e por falta desta auréola de santidade, temos a tendência natural para o mal (Rm 7.
22,23). Só o novo nascimento tem o poder de eliminar o vírus do pecado que corrói os
nossos ossos (Sl 38. 3).

2. Como se Nasce de Novo?

Jesus usou uma metáfora, ao empregar a água como elemento essencial, necessário
ao novo nascimento, a fim de que Nicodemos entendesse o efeito purificador que possui
a Palavra de Deus. O seu poder já era mencionado desde o Antigo Testamento (Sl 51.2;
Ez 36.25), e o versículo 26 registra como se processa a regeneração: E vos darei um coração
novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne, e vos
darei um coração de carne. O Novo Testamento também é enfático ao mencionar Efésios 5.
26 e Tito 3.5. Portanto, é a Bíblia Sagrada a Palavra de Deus, um dos elementos
necessários para o novo nascimento.
Entretanto, o elemento prioritário, para que se processe o novo nascimento, é a
atuação em nossa vida da terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo. Ele nos convence
que somos pecadores (Jo 16.8), pois conduz a água pelo nosso ser até a divisão e do
Espírito (Hb 4.12). Portanto, o pecado nos degenerou, mas a Palavra e o Espírito Santo
regeneraram-nos ao devolver a imagem divina perdida no Éden (Gn 1.26), através do
novo nascimento Leia: (Jo 3.5).
Soteriologia (Doutrina da Salvação) -7-

3. Qual é o Efeito do Novo Nascimento? (Gl 5.22)

É a mudança total das nossas atitudes que a Bíblia chama de Fruto do Espírito, ou
seja o resultado da atuação da Palavra de Deus e da Trindade em nosso ser. Quem
mentia, roubava, enganava, adulterava, fumava, etc., agora tem aversão a tais coisas.
Hoje, é pacificador, longânimo, benigno, bondoso, manso e piedoso, temperante, virtudes
estas que comprovam o novo nascimento. Semelhante à metamorfose que acontece na
mutação da lagarta para borboleta, antes um inseto arrepiante, depois, delicado e
encantador. Esta mudança, parecida com este fenômeno da natureza, não acontece
repentina, mas paulatinamente, através da oração, do jejum, da consagração e das provas
que comprovam esta verdade Bíblica (Mt 5.39-41). Se você cumpre com naturalidade
esta determinação do Mestre dos mestres e Verbo divino, meus parabéns, pois já nasceu
de novo! Caso contrário, ore mais um pouco e alcance plenamente e regeneração. O
Espírito Santo coopera com você (Ef 4.30).


O Segredo do Novo Nascimento

O próprio cristão percebe se já nasceu de novo ou não, ao observar as mudanças de


atitude. Suas inclinações para o mal se converteram para o bem. Nota que não tem mais
vontade própria, pois é regida pelo Espírito Santo, que lhe implantou a natureza de Cristo
(Rm 8.11; 2 Pd 1.4).

1. O que é nascido da carne é carne


Não é o tempo de aceitação do Evangelho e nem a função a qual exercemos na
igreja, que nos garante o direito à vida eterna, mas, sim a nossa regeneração.
Infelizmente, há muitos em nosso meio regidos pela carnalidade, pois não passaram até
agora do primeiro nascimento (Gl 5.19-21). É a tendência natural para as coisas terrenas,
devido a regência da natureza adâmica corrompida pelo pecado (Fl 2.15).

2. O que é nascido do Espírito e espírito


Estes são os de novo gerados (1 Pd 1.23), que não andam segundo a carne, mas de
acordo com o espírito (Rm 8.1). Tornaram-se filhos de Deus (jo 1.12,13), processados
pela lavagem da água (Ef 5.26), e alcançaram a regeneração (Tt 3.5). Dão bom
testemunho e, pelos frutos que produzem (Mt 7.16,17), são reconhecidos como autênticos
cristãos por onde passam, pois as suas atitudes os credenciam (mt 5.16). Vale a pena
conviver com o nascido de novo, pois é sincero, franco, leal, fiel (2 Co 1.17,18), e
estampa em seu rosto a imagem de Cristo.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) -8-

O Novo Nascimento, Semelhante à Ação do Vento

Realmente, o novo nascimento assemelha-se e muito, à ação do vento. Quantas


pessoas detestadas pela sociedade, tidas como irrecuperáveis pela Psicologia, e
condenadas à prisão perpétua foram assopradas pelo Espírito, Pneuma (grego), que
dissipou as suas maldades e os seus rancores e tornaram-se autênticos cristãos!

1. O vento assopra onde quer


Isto significa que para Deus nada é impossível. Inclusive, o homem tornou-se alma
vivente, mediante o sopro divino (Gn 2.7), ou seja, nasceu regido pela ação do Espírito
Santo. O pecado, entretanto roubou de Adão e Eva o direto da filiação. Então para que se
processe o novo nascimento é necessária a atuação da terceira pessoa da Trindade, da
mesma forma que operou no Éden, no momento em que nosso pai Adão foi criado.
Entendemos que o Verbo, nesta passagem usou mais uma metáfora ao empregar o
vocábulo vento, em lugar da palavra Espírito.

2. Assim é todo aquele que é nascido do Espírito


O que nos causa maior alegria é contemplarmos um ser humano, antes regido pelo
homossexualismo, por todas as espécies de vícios, agora dirigido pelo Espírito Santo (Rm
8.13,14)!
O novo nascimento é o ato da conversão que se processa mediante a fé em Cristo
(Jo 11.25,26), em consonância com o arrependimento de nossos pecados (At 3.19). A
regeneração pode ser gradual (na maioria das pessoas) ou imediata (no caso de Saulo, At
9.6). É um ato divino, mas requer a cooperação de livre-arbítrio do homem e, como
resultado gera a santificação (2 Ts 2.13), que nos conduz à glorificação.

Síntese Final

O novo nascimento, portanto é um processo que nos leva à vida eterna: fé,
arrependimento, conversão, santificação e glorificação.
1. Um dos desejos do Mestre dos mestres, é que ensinemos a sua Palavra a todos os
povos das ilhas, tribos, e nações, conforme registra Mt 28.19,20. Por isso devemos
aprimorar mais os nossos estudos, para alcançarmos os objetivos propostos. Só assim
satisfaremos plenamente os anseios do IDE de Jesus.
2. O novo nascimento se faz necessário porque, devido o pecado de desobediência
de Adão e Eva no Jardim do Éden, nascemos com a natureza pecaminosa, ou seja, com a
tendência natural para o mal. Por isso, para anularmos o seu efeito e recobrarmos a
imagem divina, é preciso o renascimento mediante a transformação da velha em uma
nova criatura.
3. O Espírito Santo coopera conosco neste processo do novo nascimento. Basta
apenas aceitarmos a sua atuação. Mediante a oração, consagração, leitura da Bíblia e o
jejum, a terceira pessoa da Trindade opera uma metamorfose em nossa vida. E
gradativamente, tornamo-nos diferentes do que éramos antes, passamos a produzir o fruto
do Espírito: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, e temperança.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) -9-

4. O que é Justificação

1. Definição

Justificação é o ato de Deus declarar justo o pecador que pela fé aceita Jesus por
seu Salvador (Rm 5.1,33). Tal pessoa passa a ser vista por Deus como se jamais tivera
pecado em toda a sua vida. Deus declara o pecador livre de toda a culpa do pecado e de
suas consequências eternas.

2. Os benefícios da justificação

A justificação nos concede inúmeras bênçãos divinas destacamos apenas três:

a) Remissão de pecados
O apóstolo Paulo quando pregou na sinagoga de Antioquia da Pisídia fez a seguinte
declaração: Seja-vos notório, varões irmãos, que por este que vos anuncia a remissão dos pecados.
E de tudo o que, pela lei de Moisés não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele
que crê (Ato 13; 38,39). Cristo ao cumprir toda a lei que o homem não pôde cumprir,
possibilitou ao homem ser plenamente justificado.

b) Restauração da graça de Deus


A justificação tem sua origem na livre graça de Deus (Rm 3.24). Graça é o favor
divino dispensado ao homem sem que ele mereça. Mediante o pecado o homem perdeu a
proteção divina e passou a viver sob a justa ira divina (Jo 3.36; Rm 1.18). A ira de Deus
representa a reação automática de sua santidade contra o pecado. Porém, ao aceitar a
Cristo pela fé, o pecador é por Deus justificado, ficando assim livre da ira divina (Rm
5.9).

c) Imputação da justiça de Cristo


A graça de Deus só foi possível mediante a provisão da justiça de Cristo.
Justificação significa mudança de posição perante Deus: de condenado que era o homem
passa ser considerado justo. Como isso ocorre? A justiça de Cristo é creditada a nossa
conta espiritual (Rm 3.24-28; 1 Co 1.30).
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 10 -

Natureza da Justificação:
Absolvição Divina

A palavra justificar é termo judicial que significa absolver, declarar justo ou


pronunciar sentença de aceitação. A ilustração procede das relações legais. O réu está
perante Deus o justo Juiz, mas ao invés de receber sentença condenatória recebe a
sentença de absolvição.

O substantivo justiça significa o estado de aceitação para o qual entra pela fé. Essa
aceitação é dom gratuito da Parte de Deus, posto à nossa disposição pela fé em Cristo.
(Rom. 1:17; 3:21, 22.) E o estado de aceitação no qual o crente permanece (Rom. 5:2).
Apesar de seu passado pecaminoso e de imperfeições no presente, o crente goza de
completa e segura posição para com Deus. Justificado é o veredicto divino e ninguém o
poderá contradizer. (Rom. 8.34). Essa doutrina assim se define: Justificação é um ato da
livre graça de Deus pelo qual ele perdoa todos os nossos pecados e nos aceita como
justos aos seus olhos, somente por nos ser imputada a justiça de Cristo que se recebe pela
fé.

Justificação é primeiramente uma mudança de posição da parte do pecador, o (qual


antes era um condenado, porém agora goza de absolvição. Antes estava sob condenação,
mas agora participa da divina aprovação).

Justificação inclui mais do que perdão dos pecados e remoção da condenação, pois
no ato da justificação Deus coloca o ofensor na posição de justo. O presidente da
Republica pode perdoar o criminoso, mas não pode reintegrá-lo na posição daquele que
nunca desrespeitou as leis. Mas a Deus é possível efetuar ambas as coisas. Ele apaga o
passado, os pecados e ofensas e em seguida, trata o ofensor como se nunca tivesse
cometido um pecado sequer! O criminoso perdoado não é considerado ou descrito como
bom ou justo, mas Deus ao perdoar o pecador, o declara justificado, isto é, justo aos
olhos divino. Juiz algum poderia justificar o criminoso isto é, declará-lo homem justo e
bom. Se Deus estivesse sujeito às mesmas limitações e justificasse somente gente boa,
então não haveria evangelho nenhum a ser anunciado aos pecadores. Paulo nos assegura
que Deus justifica o ímpio. O milagre do Evangelho é que Deus se aproxima dos ímpios
com uma misericórdia absolutamente justa e os capacita pela fé, a despeito do que são a
entrarem em nova relação com ele, relação pela qual é possível que se tornem bons. O
segredo do Cristianismo do Novo Testamento e de todos os avivamentos e reformas da
igreja, é justamente este maravilhoso paradoxo: Deus justifica o ímpio.
Assim vemos que justificação é primeiramente subtração - o cancelamento dos
pecados e segundo, adição - imputação de justiça.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 11 -

5. O que é Regeneração
A Natureza da Regeneração

A regeneração é o ato divino que concede ao penitente que crê uma vida nova e
mais elevada mediante união pessoal com Cristo. O Novo Testamento assim descreve a
Regeneração:
(a) Nascimento. Deus o pai é quem gerou e o crente é nascido de Deus ( 1 João
5:1), nascido do Espírito (João 3:8), nascido do alto (tradução literal de João 3.3,7). Esses
termos referem-se ao ato da graça criadora que faz do crente um filho de Deus.
(b) Purificação. Deus nos salvou pela lavagem (literalmente, lavatório ou banho) de
regeneração (Tito 3:5). A alma foi lavada completamente das imundícias da vida de
outrora, recebendo novidade de vida, experiência simbolicamente no ato de batismo.
(Atos 22:16.)
(c) Vivificação. Somos salvos não somente pela lavagem da regeneração, mas
também pela renovação do Espírito Santo (Tito 3:5; Cl. 3.10; Rom. 12.2; Ef.4.23; Sl.
51.10). A essência da regeneração é uma nova vida concedida por Deus Pai, mediante
Jesus Cristo e pela operação do Espírito Santo.
(d) Criação. Aquele que criou o homem no princípio e soprou em suas narinas o
fôlego de vida, o recria pela operação do seu Espírito Santo. (2 Cor. 5:17; Ef 2.10; Gl.
6.15; Ef. 4:24; Gn. 2:7). O resultado prático é uma transformação radical da pessoa em
sua natureza, seu caráter, desejos e propósitos.
(e) Ressurreição. (Rom. 6:4,5; Cl. 2:13; 3:1; Ef. 2:5, 6.). Como Deus vivificou o
barro inanimado e o fez vivo para com o mundo físico, assim ele vivifica a alma em seus
pecados e a faz viva para as realidades do mundo espiritual. Esse ato de ressurreição
espiritual é simbolizado pelo batismo nas águas. A regeneração é a grande mudança que
Deus opera na alma quando a vivifica, quando ele a levanta da morte do pecado para a
vida de justiça (João Wesley).
Notar-se-á que os termos acima citados são apenas variantes de um grande
pensamento básico da regeneração, isto é, uma divina comunicação duma nova vida à
alma do homem. Três fatos científicos relativos à vida natural também se aplicam à vida
espiritual, isto é, ela surge repentinamente aparece misteriosamente e desenvolve-se
gradativamente.
Regeneração é o aspecto singular da religião do Novo Testamento. Nas religiões
pagãs, reconhece-se universalmente a permanência do caráter, embora essas religiões
recomendem penitências e ritos, pelos quais a pessoa espera expiar os seus pecados, não
há promessa de vida e de graça para transformar a sua natureza. A religião de Jesus
Cristo é a única religião no mundo que declara tomar a natureza decaída do homem e
regenerá-la, colocando-a em contacto com a vida de Deus. Assim declara fazer porque o
Fundador do Cristianismo é Pessoa Viva e Divina, que vive para salvar perfeitamente os
que por ele se chegam a Deus (Heb. 7:25). Não existe nenhuma analogia entre a religião
cristã e, digamos o Budismo ou a religião maometana. De maneira nenhuma pode dizer:
quem tem Buda tem a vida.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 12 -
 Leia (1 João 5.12). Buda pode ter algo em relação à moralidade. Pode
estimular, causar impressão, ensinar e guiar, mas nenhum elemento novo foi acrescido
às almas que professam o Budismo. Tais religiões podem ser produtos do homem natural
e moral.

Mas o Cristianismo declara-se ser muito mais. Além das coisas de ordem
natural e moral, o homem desfruta algo mais na Pessoa de Alguém mais,
Jesus Cristo.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 13 -

6. O que é Santificação

O termo santificação significa tornar-se santo, consagrar-se, separar-se do mundo


para pertencer a Deus, ter comunhão com Ele e servi-lo com alegria.
É através do processo de santificação que o homem regenerado passa a ter um
relacionamento íntimo com Deus em sua vida diária.

1. Os sentidos da santificação
Santificação tem o sentido genérico de separação, dedicação, consagração de
pessoas ou coisas para uso exclusivo do Senhor (Êx 13.2; Jr 1.5; Lv 27.14,16; 2 Cr
29.19).
Em se tratando de santificação do crente, dois sentidos principais fluem da Palavra
de Deus.
a) Separação do mal, para pertencer a Deus (Lv 20.26). É chamado de aspecto
negativo da santificação, porque ocupa-se de não farás isso, não farás aquilo, etc.
b) Separação servir a Deus, dedicação a Deus, para seu serviço (Êx 19.5,6). É
chamado de aspecto positivo da santificação, porque ocupa-se em fazer o que Deus
ordena quanto à santificação (2 Co 7.1; Ap 22.11; Pv 4.18; 1 Ts 5.23).

2. Os três meios da Santificação


a) O crente é santificado pela Palavra de Deus (Jo 17.17). A Palavra tem poder
purificador (Ef 5.26); ela nos corrige (1 Pd 1.22; Sl 119.9); Jo 17.17; 1 Jo 1.7); ela
penetra profundamente (Hb 4.12).
b) O crente é santificado pelo sangue de Jesus (Hb 13.12). O sangue de Jesus
expiou a nossa culpa, nos justificou diante de Deus (Rm 3.24,25), e também é a provisão
da nossa santificação diária (Rm 7.18; 8.7,13; 1 Jo 1.7).
c) O crente é santificado pelo Espírito Santo (Rm 1.4; 15.16). Essa obra do
Espírito manifesta-se pelo poder e a unção que garantem ao crente a vitória sobre a carne
(Rm 8.13; Gl 5.17-21).
Indiscutivelmente quando nos rendemos à direção do Espírito Santo, passando a
viver dia a dia para o seu serviço e perdemos totalmente o interesse pelas coisas do
mundo, nos tornamos cada vez mais santos e mais seguros da nossa salvação (Rm
6.13,19; 2 Tm 2.21).
Sem a santificação ninguém poderá ver o Senhor (Hb 12.14). Todos nos
conhecemos as implicações desta passagem, mas às vezes deixamos de pesar-lhe as
consequências.
Não podemos esquecer-nos de que fomos chamados para ser separados do mundo e
consagrados a Deus. Não estou dizendo que a santidade deva limitar-se ao exterior, o
senhor requer sejamos santos por inteiro a começar de nosso interior, refletindo e
abrangendo também todo o nosso exterior. A santificação tem de ser completa: espírito,
alma e corpo (1 Ts 5.23). O Santíssimo Deus requer que tanto a nossa fé quanto os
nossos costumes sejam sadios. Quando me refiro aos costumes, incluo não somente as
indumentárias mas a postura familiar, profissional, social e eclesiástica daquele que se
diz crente (Tt 2.14).
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 14 -

Exercícios

1. O que significa a palavra “Soteriologia”?....................................................................................................................................


............................................. ..................................................................................................................................................................................................

2. Quais são os Três aspectos da Salvação?........................................................................................................................................


.................................................................................................................................................................................................................................................

3. O que é Justificação?.......................................................................................................................................................................................
.........................................................................................................................................................................................................................................................

4. A onde está escrito: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não
nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” .

............................................................................................................................................................................................................................................................
5. Como o Novo Testamento descreve a Regeneração?...................................................................................................
.....................................................................................................................................................................................................................................................
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 15 -

7. Calvinismo
Lição 2
1. Calvinismo

A doutrina de João Calvino não foi criada por ele, foi ensinado por santo Agostinho,
o grande teólogo do quarto século. Nem tampouco foi criada por Agostinho, que
afirmava estar interpretando a doutrina de Paulo sobre a livre graça.
A doutrina de Calvino é como segue:
A salvação é inteiramente de Deus, o homem absolutamente nada tem a ver com
sua salvação. Se ele, o homem se arrepender, crer for a Cristo, é inteiramente por causa
do poder atrativo do Espírito de Deus. Isso se deve ao fato de que a vontade do homem se
corrompeu tanto desde a queda que, sem a ajuda de Deus não pode nem se arrepender,
nem crer, nem escolher corretamente. Esse foi o ponto de partida de Calvino – a completa
servidão da vontade do homem ao mal. A salvação por conseguinte não pode ser outra
coisa, senão a execução dum decreto divino que fixa sua extensão e suas condições.

Naturalmente surge esta pergunta:

Se a salvação é inteiramente obra de Deus e o homem não tem nada a ver com ela,
e está desamparado a menos que o Espírito de Deus opere nele. Então, por que Deus não
salva a todos os homens, posto que todos estão perdidos e desamparados? A resposta de
Calvino era: Deus predestinou alguns para serem salvos e outros para serem perdidos. A
predestinação é o eterno decreto de Deus, pelo qual ele decidiu o que será de cada um e
de todos os indivíduos. Pois nem todos são criados na mesma condição, mas a vida
eterna está preordenada para alguns, e a condenação eterna para outros. Ao agir dessa
maneira Deus não é injusto, pois ele não é obrigado a salvar a ninguém, a
responsabilidade do homem permanece, pois a queda de Adão foi sua própria falta, e o
homem sempre é responsável por seus pecados.

Posto que Deus predestinou certos indivíduos para a salvação, Cristo morreu
unicamente pelos eleitos? A expiação fracassaria se alguns pelos quais Cristo morreu se
perdessem.
Dessa doutrina da predestinação segue-se o ensino de uma vez salvo sempre salvo,
porque se Deus predestinou um homem para a salvação e unicamente pode ser salvo e
guardado pela graça de Deus que é irresistível, então nunca pode perder-se.
Os defensores da doutrina da segurança eterna apresentam as seguintes referências
para sustentar sua posição:

 Leia: (João 10.28,29; Rom.11.29; Fl. 1.6; 1 Pd 1.5; Rom.8.35; João 17.6).
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 16 -

8. Arminianismo

O ensino arminiano é como segue:

À vontade de Deus é que todos os homens sejam salvos, porque Cristo morreu por
todos. (1 Tm. 2:4-6; Heb. 2:9; 2 Cor. 5:14; Tito 2:11,12.). Com essa finalidade ele
oferece sua graça a todos. Embora a salvação seja obra de Deus, absolutamente livre e
independente de nossas boas obras ou méritos, o homem tem certas condições a cumprir.
Ele pode escolher aceitar a graça de Deus, ou pode resistir-lhe e rejeitá-la. Seu direito de
livre arbítrio sempre permanece.

As Escrituras certamente ensinam uma predestinação, mas não que Deus predestina
alguns para a vida eterna e outros para o sofrimento eterno. Ele predestina a todos os que
querem a serem salvos - e esse plano é bastante amplo para incluir a todos que realmente
desejam ser salvos. Essa verdade tem sido explicada da seguinte maneira: na parte de fora
da porta da salvação lemos as palavras: quem quiser pode vir, quando entramos por essa
porta e somos salvos, lemos as palavras no outro lado da porta: eleitos segundo a
presciência de Deus. Deus em razão de seu conhecimento previu que essas pessoas
aceitariam o evangelho e permaneceriam salvos e predestinou para essas pessoas uma
herança celestial. Ele previu o destino delas, mas não o fixou.

A doutrina da predestinação é mencionada, não com propósito especulativo, e sim


com propósito prático. Quando Deus chamou Jeremias ao ministério ele sabia que o
profeta teria uma tarefa muito difícil e poderia ser tentado a deixá-la. Para encorajá-lo, o
Senhor assegurou ao profeta que o havia conhecido e chamado antes de nascer (Jer. 1:5).
Com efeito o Senhor disse: Já sei o que está adiante de ti, mas também sei que posso te
dar graça suficiente para enfrentares todas as provas futuras e conduzir-te à vitória.
Quando o Novo Testamento descreve os cristãos como objetos da presciência de Deus,
seu propósito é dar-nos certeza do fato de que Deus previu todas as dificuldades que
surgirão a nossa frente e que ele pode nos guardar e nos guardará de cair.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 17 -
Qual é a Diferença entre Calvinismo e Arminianismo?

O teólogo holandês Jacob Arminius (1560-1609) discordou das doutrinas do


Calvinismo, argumentando que tendem a fazer de Deus o autor do pecado, por ter Ele
escolhido na eternidade passada, quem seria ou não salvo, e negam o livre arbítrio do ser
humano, por declararem que ninguém pode resistir à graça de Deus.
Os ensinos de Arminius foram resumidos nas cinco teses dos Artigos de Protesto
(1610): a predestinação depende da maneira de a pessoa corresponder ao chamado da
salvaçã e é fundamentada na presciência de Deus. Cristo morreu em prol de toda e
qualquer pessoa, mas somente os que crêem são salvos, a pessoa não tem a capacidade de
crer e precisa da graça de Deus, mas a graça pode ser resistida, se todos os regenerados
perseverarão é questão que exige mais investigação.
As diferenças entre o calvinismo e o arminismo ficam claras. Segundo os arminianos,
Deus sabe de antemão as pessoas que lhe aceitarão a oferta da graça, e são estas que Ele
predestina a compartilhar todos os que de livre e espontânea vontade, lhe aceitam a
salvação outorgada em Cristo e continuam a viver por Ele. A morte expiatória de Jesus
foi em favor de todas as pessoas indistintamente.
A maioria dos pentecostais tende ao sistema arminiano de teologia tendo em vista a
necessidade do indivíduo em aceitar pessoalmente o Evangelho e o Espírito Santo.
A doutrina calvinista ensina que o homem nada faz para ser salvo. Segundo esse
ensino, a salvação vem de cima, como um prato feito para o pecador. Se ele é um eleito,
não precisa nem estender a mão para receber a salvação. Nesse ensino não há lugar para a
fé pessoal. Mas Jesus valorizou a fé de cada pessoa que buscou de todo o coração. A
mulher que foi curada do fluxo sangue ouviu de Jesus: ...tem ânimo filha, a tua fé te salvou
(Mt 9.22); vendo a fé do paralítico de Cafarnaum, Ele disse: Filho, perdoados estão os teus
pecados (Mc 2.5); à pecadora que ungiu seus pés, Jesus disse: A tua fé te salvou, vai em paz
(Lc 7.50). A fonte da salvação é a graça Deus: Pela graça sois salvos. Mas a fé é o meio da
parte de Deus, qual é a mão estendida do pecador em direção à mão estendida do amor de
Deus: ...por meio da fé.


 Leia: (Ef 2.8,9). ...e isso não vem de vós, é dom de Deus (Ef 2.8). Sublinhamos a
palavra isso, lembrando que ela se refere diretamente à salvação e indiretamente à fé. A
salvação é o grandioso dom de Deus, bem evidente nesta passagem e no seu contexto.
Sem dúvida alguma a salvação trazida por Jesus Cristo foi o maior milagre
propiciado por Deus ao ser humano, depois da queda no Éden. As curas, as maravilhas, a
sua mensagem, tudo foi usado por Ele para despertar o homem para aceitar o dom de
Deus a Salvação (Ef 2.8). O perdido uma vez que creia e se arrependa dos seus pecados,
confessando a Cristo como seu Salvador e Senhor! Tem a Vida Eterna (Jo 5.24).
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 18 -

9. O Novo Nascimento

O termo regeneração como temos em Tito 3.5 refere-se à renovação espiritual do


individuo. Significa ser gerado novamente; receber nova vida, reconstruir, restaurar,
reviver.
É a ação poderosa, criativa, decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a
qual Ele recria a natureza interior do pecador arrependido.
Existem várias expressões bíblicas que esclarecem o sentido de regeneração.

1. Novo nascimento

a) O que significa nascer de novo?


Sobre esse aspecto da salvação Jesus asseverou a Nicodemos: “Na verdade, na
verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3). Jesus
salientou a necessidade mais profunda dos homens: uma mudança radical e completa da
totalidade da natureza e do caráter. Este milagre é operado no espírito do ser humano,
através do qual este é recriado de conformidade com a imagem divina. Aquele que
realmente nasceu de novo está liberto da escravidão do pecado e passa a ter desejo e
disposição de obedecer a Deus e seguir as orientações do Espírito Santo.
b) O que significa novo nascimento
Primeiro não se realiza pela vontade e participação humana (Jo 1.13). Segundo, não
depende de esforços humanos (Tt 3.5; Ef 2.8,9). Isto é não há nada que o homem possa
fazer por si mesmo ou pelos outros. Terceiro não é o batismo em águas, o batismo em
águas pode simbolizar a regeneração, mas não a produz. Quarto, não é a prática de boas
obras (Tt 3.5).

2. Nova criação
Mediante a palavra criativa de Deus, os que aceitam a Jesus Cristo pela fé, são
feitos novas criaturas. O crente é uma criatura renovada segundo a imagem de Deus, que
compartilhada sua glória. Em relação à primeira criação material, o homem está caído e
morto, porém na segunda a espiritual, ele é renovado pelo Espírito Santo.
 Leia (2 Co 5.17; Gl 6.15; Ef 2.10).
3. Renovação
A renovação do Espírito Santo refere-se à outorga constante da vida divina aos
crentes à medida que se submetem a Deus

 Leia (Rm 12.2). (Tt 3.5; Cl 3.10).
4. Ressurreição espiritual
É preciso morrer para o mundo e ressuscitar para uma nova vida em Cristo. A
Palavra de Deus diz que os que recebem a Cristo morrem e são sepultados com Ele, para
ressuscitarem em novidade de vida

 Leia (Rm 6.2-7). (Ef 2.5,6).
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 19 -
A regeneração tem lugar naquele que se arrepende dos seus pecados, volta-se para
Deus (Mt 3.2) e coloca a sua fé pessoal em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador.
A regeneração envolve a mudança da velha vida de pecado em uma nova vida de
obediência a Jesus Cristo (2 Co 5.17; Ef 4.23,24; Cl 3.10). Aquele que realmente nasceu
de novo está liberto da escravidão do pecado e passa a ter desejo e disposição espiritual
de obedecer a Deus e de seguir a direção do Espírito (Rm 8.13,14). Vive uma vida de
retidão (1 Jo 2.29), ama aos demais crentes (1 Jo 4.7), evita uma vida de pecado (1 Jo 3.9;
5.18) e não ama o mundo (1 Jo 2. 15,16).
Quem é nascido de Deus não pode fazer do pecado uma prática habitual na sua
vida. Não é possível permanecer nascido de novo sem o desejo sincero e o esforço
vitorioso de agradar a Deus e de evitar o mal (1 Jo 2.3-11, 15-17, 24-29; 3.6-24; 4.7,8,20;
5.1), mediante uma comunhão profunda com Cristo e a dependência do Espírito Santo
(Rm 8.2.14).
Aqueles que continuam vivendo na imoralidade e nos caminhos pecaminosos do
mundo, seja qual for a religião que professem, demonstram que ainda não nasceram de
novo (1 Jo 3.6,7).
Assim como uma pessoa nasce do Espírito ao receber a vida de Deus, também pode
extinguir essa vida ao enveredar pelo mal e viver em iniqüidade. As Escrituras afirmam:
Se viverdes segundo a carne, morrereis (Rm 8.13). Ver também Gl 5.19-21, atentando para
expressão como já antes vos disse.
O nosso nascimento não pode ser equiparado ao nascimento físico, pois o
relacionamento entre Deus e o salvo é questão do espírito e não da carne. Logo, embora a
ligação física entre um pai e um filho nunca possa ser desfeita, o relacionamento de pai
para filho que Deus quer manter conosco, é voluntário e dissolúvel durante nosso período
probatório na terra. Nosso relacionamento com Deus é condicionado pela nossa fé em
Cristo durante nossa vida terrena: fé esta demonstrada numa vida de obediência e amor
sinceros
 Leia (Hb 5.9; 2 Tm 2.12).
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 20 -

10. O Alcance da Salvação

1. O Alcance da Salvação

A encarnação e a propiciação de Jesus constituem a maior prova da boa vontade de


Deus. Observemos a soberania de Deus em relação a salvação do homem e a sua
iniciativa na obra da redenção. Vimos que Deus deseja a salvação de todos e tomou essa
iniciativa, dando origem a salvação com este fim e mira.
Assim sendo, a origem da salvação e a sua manifestação estão em Deus e não no
homem. Se Ele não tivesse tomado tão sublime decisão primordial na salvação da
criatura, ninguém seria salvo. Assim este ato criador de Deus, não é apenas uma
manifestação da sua vontade, mas também a sua satisfação, pois Ele é amor e como tal
ama e deseja o bem-estar de todos.

a) A salvação era primeiramente vista como uma libertação material e concreta, diz
respeito à vista do homem ou do povo nas múltiplas peripécias em que ocorre perigo. Ser
salvo equivale a sair ileso de uma situação perigosa, uma derrota ou a morte. O israelita
sobre o campo da batalha (Dt 20.4), ou o fiel atacado pela doença ou angustia moral (Sl
6.5; 69.2 etc.), voltava-se para o seu Senhor em procura de libertação ou de saúde. Assim,
no Antigo Testamento muitas vezes, a salvação era concebida mais como libertação
coletiva e nacional do que individual.

b) No Novo Testamento, porém a salvação é vista e analisada mais do ponto de


vista divino e interiormente. Ela é então salientada contendo os atos e processos que
ressaltam todos os elementos da fé cristã.
Para sua introdução na pessoa humana, se fazem necessárias a fé e a graça
enquanto que para seu aperfeiçoamento, são necessários os demais dispositivos que
envolvem todo plano da redenção. Estes dispositivos são: a justificação, a regeneração,
a expiação, o perdão, a redenção, o arrependimento, a santificação e adoção de filhos.
É evidente que todos esses matizes da salvação são revelados no Evangelho de Deus
ou de Cristo. A palavra evangelho em si significa boas-novas por isso o Evangelho é
alguma coisa essencialmente diferente de qualquer ensino filosófico anterior. Por isso em
qualquer época ou lugar este Evangelho é chamado:
De Deus (Rm 1.1), porque se origina no seu amor, tendo como fonte a plenitude de
sua bondade.
De Cristo (2 Co 10.14), porque dimana do seu sacrifício e porque Ele é o único
objetivo da fé para, a salvação do mais vil pecador que em penitencia olha para o Filho
de Deus.
Da graça de Deus (At 20.24), porque salva aquele que a Lei condena sem nenhuma
trégua.
Da gloria (2 Co 4.4; 1 Tm 1.11) porque diz respeito Àquele que está na Glória, e
que leva muitos filhos à Gloria (Hb 2.10).
Da nossa salvação (Ef 1.13), porque é poder de Deus para salvação de todo aquele
que crê (Rm 1.16).
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 21 -
Da Circuncisão (Gl 2.7), porque diante do poder deste Evangelho, não há grego
nem judeu, circuncisão nem incircucisão, bárbaro, cita, servo ou livre;mas Cristo é tudo
em todos (Cl 3.11).
Da incircucisão (Gl 2.7), porque inteiramente, salva inteiramente à parte de formas
e ordenanças.
Da paz (Ef 6.15), porque por Cristo por meio do Evangelho estabelece paz entre o
pecador e Deus, e dá uma paz inteiramente também. E deste modo Deus e o pecador se
encontram em paz (Ef 2.15).
Do reino (Mt 4.23), porque anuncia as Boas novas que Deus propôs estabelecer na
terra em cumprimento às suas promessas de ambos os Testamentos.
Assim segue que o homem precisa ser espiritualmente despertado, iluminado a fim
de poder receber e aprender as coisas pertencentes a Cristo, e aceitá-lo pela fé. Esta
conjuntura, pois é que se verifica a operação necessária do Espírito Santo, para a criação
da nova vida.

Assim sendo, percebe-se que Deus ao traçar um plano para a recuperação moral e
física do homem, estabeleceu contado vital em cada ponto sucessivo. Não há falhas, não
há lacunas na obra da graça redentora, desde o principio até o fim. Tudo foi vitalizado
tudo é orgânico do Éden ao Trono divino.


Exercícios

1. O que ensina a doutrina do Calvinismo?.............................................................................................................................


........................................................................................................................................................................................................................................
2. O que ensina a doutrina do Arminianismo ?..................................................................................................................
........................................................................................................................................................................................................................................

3. Qual é a diferencia entre “Calvinismo” e “Arminianismo”? .........................................................................


.................................................................................................................................................................................................................................................

4. O que significa Nascer de Novo? ....................................................................................................................................................

......................................................................................................................................................................................................................................................

5. O que se constituem a maior prova da boa vontade de Deus ?.......................................................................


............................................................................................................................................................................................................................. ..................
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 22 -

Lição 3
11. A Realidade da Salvação

Qual é a Realidade da Salvação?

Salvação é uma palavra de amplo sentido que abrange todos os atos e processos
redentores a saber: Justificação, redenção, graça, propiciação, imputação, perdão,
santificação e glorificação. A salvação procede de Deus e não do homem. Foi concebida
por Deus o Pai, consumada por Jesus o Filho, oferecida ao crente por intermédio do
Espírito Santo. O homem não teve participação alguma no plano de salvação, resta-lhe
apenas aceitar o Dom de Deus. Tão logo o homem pecou, Deus anunciou seu projeto para
salva-lo (Gn 3.15).
Salvação é palavra de profundo significado e de infinito alcance. Muitos têm uma
concepção bastante pobre da inefável salvação consumada por Jesus, o que às vezes
reflete numa vida espiritual descuidada e negligente, onde falta aquele amor ardente e
total por Jesus e busca constante de sua comunhão.
Salvação não significa apenas livramento da condenação do Inferno, ela abarca
todos os atos e processos redentores e transformadores da parte de Deus para com o
homem e o mundo através de Jesus, o Redentor, nesta vida e na outra.
A salvação é o resultado da redenção efetuada por Jesus, o meio que Deus proveu
para livrar o homem de seus pecados. Salvação é o usufruto desse livramento.
A doutrina da salvação diz respeito ao plano divino para restaurar o homem do
pecado e, consequentemente livrá-lo da condenação eterna. Cristo é o único caminho ao
Pai. A salvação é concedida mediante a graça de Deus, manifestada em Cristo Jesus e
está baseada na morte, ressurreição, e exaltação do Filho de Deus.
A doutrina em apreço pode ser estudada sob vários aspectos da salvação, nos
deteremos em apenas três: justificação, regeneração e santificação.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 23 -

12. A Salvação e a Fé

Conceitos de Fé e Obras

1. A fé. A palavra fé ocorre 244 vezes no Novo Testamento, pode ser vista
com diversos significados: fé comum aos que crêem (Mc 16.17,18), fé
como fruto do Espírito (Gl 5.22), fé como dom outorgada pelo Espírito
Santo (1 Co 12.9), fé como meio para a salvação (ou fé salvífica), conforme
Rm 5.1, que o sentido pelo qual o termo é estudado na epístola de Tiago.

2. As obras. No sentido comum obras são realizações, execuções, ações,


procedimentos, atuações humanas. No sentido bíblico temos acepções como: as obras de
Deus, que indicam aquilo que foi e continua sendo feito por Deus (Jo 1.3; 5.17; Cl 1.16;
Hb 1.2), obras da carne, (Gl 5.19-21), e obras da lei (Rm 3.20), as quais no sentido da
obra humana como meio de salvação, como práticas religiosas, orações, penitências,
sacrifícios, flagelações, privações, enclausuramento, filantropia, doações, etc.

Consideração sobre a fé e as obras:

1) A fé puramente intelectual não é a fé salvífica


2) A fé salvadora é, também, fé servidora
3) As obras aperfeiçoam a fé (Tg 2.22)
4) As obras justificam a fé (Tg 1.21)
5) A fé sem as obras (do salvo) é morta (Tg 2.17) e as obras
(da lei, dos atos humanos, da carne Gl 5.19; 2 Tm 1.9)
sem fé, são mortas.
6) A fé salvífica tem que andar juntamente com as obras do
salvo, demonstradas pela obediência em santificação,
sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12.14).

Não podemos obviamente, exercer a fé salvífica à parte da capacitação divina. Mas


ensina a Bíblia que, quando cremos estamos simplesmente devolvendo o dom de Deus?
Seria necessário para protegermos o ensino Bíblico da salvação pela graça mediante a fé,
somente instituir que a fé não é realmente nossa, mas de Deus? Alguns citam
determinados versículos como evidencias em favor de semelhante opinião. *J.I. Packer
diz: Deus, portanto é autor de toda a fé salvífica (Ef 2.8; Fl. 1.29). H.C. Thiessen afirma
que há um lado divino da fé e um lado humano, e então declara: A fé é um dom de Deus
(Rm 12.3; 2 Pd 1.1) outorgado soberanamente pelo Espírito de Deus (1 Co 12.9; Gl
5.22). Paulo diz que todos os aspectos da salvação são um dom de Deus (Ef 2.8), e por
certo a fé esta incluída ai.
É necessário perguntar, no entanto: Inclinam todas as referencias citadas
inequivocamente a fé salvífica? Parece que Romanos 12.3 e 1 Coríntios 12.9 não se
referem a ela, e Gálatas 5.22 certamente não. A fé considerada nesses versículos é a fé
(ou fidelidade) demonstrada pelos crentes na contínua experiência cristã. O versículo em
Efésios desperta dúvidas porque fé é feminino e isso é neutro (em grego). Normalmente,
o pronome concorda com o antecedente quanto ao seu gênero.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 24 -
Paulo quer dizer que a questão inteira de sermos salvos é dádiva de Deus, ao invés
de conquistarmos a salvação pelas nossas boas obras. Louis Berkhof diz: A verdadeira fé
salvífica é a que tem seu centro no coração e está arraigada na vida regenerada.
Poderíamos olhar para aqueles versículos de modo diferente? Por exemplo: A fé é a
resposta do homem. É Deus quem possibilita a fé, mas a fé (o ato de crer) não é de Deus,
mas do homem. A fé não é obra, mas sim a mão estendida que se abre para aceitar a
dádiva divina da salvação.

O que é a Fé

Anatole France estadista francês confessou que não tinha fé, mas considerava
felizes os que a tinham. Louvemos a Deus porque além da fé comum a todos os homens,
possuímos a fé salvadora que nos faz triunfar em todas as coisas através de Nosso Senhor
Jesus Cristo.
1. Definição. De conformidade com o autor da Epístola aos Hebreus, fé é o firme
fundamento das coisas que se esperam, e a aprova das coisas que se não vêem (Hb 11.1). É a
confiança que depositamos em todas as providencias de Deus. É a crença de que Ele está
no comando de tudo e que é capaz de manter as leis que estabeleceu. É a convicção de
que a sua Palavra é a Verdade. Enfim, é a tranquilidade que depositamos no plano da
salvação por Deus estabelecido e executado por seu Filho no Calvário.

Como ser Edificados na Fé

Um dos maiores mártires do Cristianismo aconselhou a seus paroquianos: Crê


espera e serás forte. Não podes ser vencido sem a tua vontade, e a graça é mais poderosa
que todos os obstáculos.
Savonarola (monge dominicano) sabia muito bem o que estava a dizer pois não
estivesse ele edificado na santíssima fé, certamente teria sucumbido ante os poderes das
trevas.
Se também estivermos edificados na fé, seremos em tudo mais do que vencedores.
O que significa estar edificado na fé? A expressão grega – epoikodoméõ – é bastante
significativa e dá a idéia de se construir e estar completamente confiando neste edifício.

Somos Edificados na Fé Quando:

1. Ouvimos a Palavra de Deus. Declara o apóstolo Paulo: De sorte que a fé é pelo


ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus (Rm 10.17). Quanto mais lermos, estudarmos, e
ouvirmos, a Palavra de Deus. Mais estaremos nos edificando na santíssima fé. Você tem
lido diuturnamente as Sagradas Escrituras?
2. Dedicamo-nos à oração. A ordem divina é: Orai sem cessar (1 Ts 5.17). A
expressão grega utilizada por Paulo dá a idéia de um tributo que devemos pagar
ininterruptamente, pois assim exige o rei. Você tem orado? Tem pago este tributo? Ou já
se esqueceu do grande compromisso com Deus?
3. Consagrando-nos ao serviço Cristão. Se temos fé! E nesta santíssima fé
estamos edificados, temos a obrigação de nos dedicarmos integralmente ao serviço do
Rei dos reis e Senhor dos Senhores. Atentemos a esta recomendação de Paulo: Portanto,
meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do senhor, sabendo que
o vosso trabalho não é vão no Senhor (1 Co 15.58). Somente assim, poderemos arrebatar
aqueles que estão sendo consumidos pelo fogo.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 25 -

13. A Salvação Mediante a Fé

Porque pela graça sois Salvos, por meio da Fé,


e isto não vem de vós, é dom de Deus (Ef 2.8).

O sentido da fé na justificação do homem torna-se o primeiro princípio como é


afirmado por Paulo e outros escritores do Novo Testamento. Porque pela graça sois salvos,
por meio da fé... (Ef 2.8). Fé: nesse sentido é confiança em Jesus como Salvador do pecado
mediante o perdão, essa confiança é incondicional e irrestrita submissão da alma a Cristo.
É um tipo de confiança que só se pode exercer corretamente em relação a Deus. Salvação
do pecado é obra divina, o pecado é contra Deus, só Deus pode perdoar pecados. Neste
sentido os censores de Jesus não estavam errados (Mc 2.7), quando porém, isso é
efetuado se dá por meio de Cristo. ...ninguém vem ao Pai, senão por mim (Jo 14.6) ...tudo isto
provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo... Isto é, Deus estava em
Cristo, reconciliando consigo o mundo... Rogamos-vos pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis
com Deus (2 Co 5.18-20).
Por isso Jesus podia arrogar para si o poder de perdoar (Mc 2.5). Se Cristo teve essa
pretensão, ele era divino, Confiar nele para salvação é confiar em Deus. Observemos
alguns casos sobre isso em vários elementos doutrinários das Escrituras.

a) Analisemos o mesmo fato noutra perspectiva, pela fé um homem encontra o


amor de Deus em Cristo. Como diz Paulo em Romanos 5.5: ...porquanto o amor de Deus está
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado... Isto se verificou pela fé em
Cristo. Quando um homem exerce fé em Cristo, ele encontra o amor de Deus. A partir daí
permanecem a fé, a esperança e a caridade (1 Co 13.13). Isto não é uma inferência, mas é
matéria de imediata experiência espiritual. Um ser humano sabe disto tão imediatamente
e tão certamente como conhece qualquer outra coisa por experiência. É o amor de Deus
que um ser humano encontra em Cristo, que faz um homem amar outros homens para o
seu bem.
Quando alguém se aproxima de Cristo em fé, ele está cônscio de que encontra a
Deus. O clamor de Filipe exemplifica o clamor dos homens em todas as épocas: ...Senhor,
mostra-nos o Pai, o que nos basta (Jo 14.8). E a resposta de Jesus é a única resposta que
satisfará aos anelos do coração humano: ...Quem me vê a mim vê o Pai (Jo 14.9). A obra de
Cristo então em salvar, é a mesma obra de Deus. É submissão a ele como Senhor. A
autoridade salvadora e o senhorio de nosso Senhor são inseparáveis, a fé do Novo
Testamento envolve o reconhecimento do Senhorio de Jesus e submissão a essa
autoridade. Paulo fala da obediência da fé (Rm 1.5), significa isto a obediência que brota
da fé ou obediência que é fé? Fé, então não é somente receber Cristo como Salvador, mas
dar de si mesmo a Cristo.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 26 -

b) Um homem sabe que Cristo é divino tanto quanto sabe que há um Deus, isto é,
pela percepção da fé. No mesmo ato de fé em que conhecemos Deus nós também
conhecemos Cristo como divino. Isto é verdade porque é em Cristo que conhecemos a
Deus. E nisto está à confirmação da vida eterna, e a vida eterna é esta: que te conheçam, a
ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem enviaste (Jo 17.3). Neste
intercambio divino, duas coisas existem a respeito da vida religiosa do homem que
confirmam este ponto de vista.

A primeira
É o senso que o homem tem da sua dependência a Deus, este é um elemento
fundamental e essencial em religião. Não é o todo da religião como o definiu
Schleiermancher, mas é um elemento componente. Este senso de dependência dá
testemunho ao fato de que o homem não pode viver sem Deus. O outro lado da mesma
coisa é o espontâneo impulso de reconhecer Deus como o doador de todo o bem e lhe
render graças por esse bem. Deste modo é ele reconhecido como estando presente em
toda a vida.

A segunda
É reconhecida a presença de Deus na experiência cristã. Em nossa comunhão com
Deus em Cristo temos indisputável evidência de que Deus é real para a vida humana.
Agostinho invoca a imediata presença de Deus para que tivesse paz. Senhor Deus
concede-nos a paz, tu que tudo nos deste. Concede-nos a paz do repouso, a paz do sábado
(repouso do trabalho), uma paz se ocaso. Essa belíssima ordem de coisas muito boas,
uma vez cumprindo o seu papel, toda ela passará porque terão um amanhecer e uma tarde
(Gn 1.5,8,13,19,23,31).
O sétimo dia porém não tem tarde nem repouso, porque o santificaste para
permanecer eternamente.
Aquele descanso com que repousaste no sétimo dia depois de tantas obras muito
boas – que realizaste – é um anúncio que nos vem pela palavra da tua Escritura, também
nós descansaremos em ti, no sábado da vida eterna. Depois dos nossos trabalhos, que são
bons porque os concedeste a nós (Hb 4.3).
c) Em Deus repousaremos. O descanso almejado por Agostinho e os demais cristãos
não se referem ao repouso do sábado semanal, que era o quarto mandamento da Lei e sim
o repouso eterno que somente em Deus através de Cristo, o homem encontrará. Porque
nós, os que temos crido, entramos no repouso... (Hb 4.3). Este repouso existe – porque Deus
repousa em nós. Também então repousarás em nós, de maneira que agora agem em nós.
Este repouso será teu por nós, como são tuas essas ações por nós. Tu porém, Senhor,
estás sempre ativo e estás sempre em repouso. Não vê no tempo, não te moves no tempo,
não repousas no tempo, todavia crias a nossa visão no tempo, o próprio tempo, e o
repouso depois de Tempo.

d) Em Deus encontraremos a verdade uma das características da lei de Deus é a


verdade. Sabemos de bem pouco, mas aquilo que sabemos é imensamente importante. A
Lei veio para revelar o caráter de um Deus verdadeiro e imutável. Deus é o Deus da
verdade (Dt 32.4; Sl 31.5). Cristo é a verdade (Jo 14.6). Cristo estava repleto de verdade
(Jo 1.14); Cristo falou a verdade (Jo 8.45).
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 27 -
O Espírito Santo é o Espírito de verdade (Jo 14.17), ele nos guia em toda a verdade
(Jo 16.13).

A Palavra de Deus é a verdade (Dn 10.21; Jo 17.17), Deus encara a verdade


favoravelmente (Jr 5.3).
Os juízos divinos são segundo a verdade (Sl 96.13; Rm 2.2).
Os santos deveriam: adorar a Deus em verdade (Jo 4.24), servir a Deus na verdade
(Js 24.14; 1 Sm 12.24), andar diante de Deus na verdade (1 Rs 2.4; 2 Rs 20.3), observar
as festividades religiosas na verdade (1 Co 5.8), estimar a verdade como preciosa (Pv
23.23), regozijar-se na verdade (1 Co 13.6), falar a verdade uns para os outros (Zc 8.16;
Ef 4.25), meditar sobre a verdade (Fl 4.8), escrever a verdade sobre as tábuas do coração
(Pv 3.3), Deus deseja a verdade no coração (Sl 51.6), o fruto do Espírito se verifica na
verdade (Ef 5.9).
Os ministros deveriam: falar a verdade (2 Co 12.6; Gl 4.16) ensinar a verdade (1
Tm 2.7), ser aprovados pela verdade (2 Co 4.2; 6.7,8; 7.14).
Os magistrados deveriam ser homens caracterizados pela verdade, sinceros (se cera)
(Ex 18.21; Jó 1.1).
Os reis são preservados pela verdade (Pv 20.28).
Os que dizem a verdade exibem a retidão (Pv 12.17), serão firmados (Pv 12.19),
serão deleitáveis para Deus (Pv 12.22).
Os ímpios são destituídos de verdade (Os 4.1), não dizem a verdade (Jr 9.5), não
sustentam a verdade (Is 59.14,15), não pleiteiam a verdade (Is 59.4), não são corajosos
em defesa da verdade (Jr 9.3), serão punidos por não terem a verdade (Jr 9.5,9; Os 4.1).
O Evangelho como a verdade veio por Cristo (Jo 1.17), Cristo dá testemunho da
verdade (jo 18.37), ela se acha em Cristo (Rm 9.1; 1 Tm 2.7), João deu testemunho da
verdade (Jo 5.33).
O que a verdade é: ela é segundo a piedade (Tt 1.10), ela é santificadora (Jo
17.17,19), ela é purificadora (1 Pd 1.22), ela faz parte da armadura cristã (Ef 6.14), ela é
revelada abundantemente aos santos (Jr 33.6), ela permanece com os santos (2 Jo 2), ela
deveria ser reconhecida (2 Tm 2.25), ela deveria ser crida (2 Ts 1.12; 1 Tm 4.3), ela
deveria ser obedecida (Rm 2.8; Gl 3.1), ela deveria ser amada (2 Ts 2.10), ela deveria ser
corretamente manuseada (2 Tm 2.15).
Os ímpios afastam-se da verdade (2 Tm 4.4), os ímpios resistem à verdade (2 Tm
3.8), os ímpios estão destituídos da verdade (1 Tm 6.5).
O diabo é despido da verdade (Jo 8.44).
A Igreja é coluna e a firmeza da verdade (1 Tm 3.15). A verdade é comprovada nas
vidas daqueles que são transformados segundo a imagem de Cristo. É necessário poder
para que isso se concretize e o que é bom traz consigo a verdade!
Certa feita Aristóteles declarou: a verdade é que os homens se vão tornando menos
e menos dogmáticos à proporção que envelhecem, reconhecendo cada vez mais a
vastidão da verdade e isto certamente é o caso da verdade de Deus. Pois essa é
infinitamente ampla e não pode ser contida por qualquer credo ou denominação religiosa,
porquanto é impossível alguém cercar Deus com uma sebe.
Jesus Cristo disse:
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade (Jo 17.17). Se vós permanecerdes na minha
palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 28 -

14. Jesus, o Caminho da Salvação

Jesus ainda se encontrava em Jerusalém por ocasião de sua primeira visita a Cidade
Santa, durante aquela festa da Páscoa com que expulsou os vendedores e os cambistas do
Templo (Jo 2. 13-22). Oportunidade em que realizou diversos milagres e muitos creram
nele, inclusive Nicodemos, cujo nome significa conquistador do povo, o qual foi ter com
o Verbo divino de noite. Provavelmente com receio de ser visto pelos judeus, pois era
fariseu e membro do Sinédrio (Jo 7. 48.,50,51).

Jesus, o Mestre dos Mestres

Nicodemos era tido como príncipe dos judeus, devido o seu elevado conceito que
gozava entre o povo, e o cargo o qual exercia de mestre da Lei. Era temente a Deus por
isso, observou algo sobrenatural no procedimento de Cristo e foi ter com Ele, para tirar
suas dúvidas.
1. Jesus, chamado de Rabi
Jesus é reconhecido mundialmente como o maior Pedagogo da história humana,
pois suplanta a todos os educadores que palmilharam a face da Terra. Por sua sabedoria e
capacidade de ensinar, este é mais um motivo para acreditarmos ser Ele o Verbo divino,
pois não frequentou alguma escola de renome da antiguidade que o fizesse o baluarte do
ensino. Seu conhecimento veio do Alto (Tg 3.17).

Cristo Ensinava:

 Nas sinagogas.........................(Mt 4.23);


 Nas aldeias.............................. (Mc 6.6);
 No Templo ...........................(Mc 12.35);
 Nas praias ..........................(Mt 13. 2,3);
 Nos montes............................... (Mt 5.1);
 Nas casas ............................(Mc 2. 1,2);
 Individualmente ..................(Jo 3.8), etc.

Ele utilizou diversos métodos de ensino, e os variava de acordo com as


circunstâncias dos ouvintes e do local, mas se destacou como o maior ensinador através
das parábolas de todos os tempos (Mc 4.2).
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 29 -
2. O reconhecimento de Nicodemos
Nicodemos reconheceu que Jesus era um mestre diferente dele próprio e dos outros
com os quais conviveu durante a vida, pois ele agia e falava com a autoridade divina:
porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.

Concluiu que Cristo atuava com perfeita segurança (mt 7.29). No entanto, pensava
que ele fosse apenas um profeta, até mesmo superior a João Batista, o qual, também tinha
uma conduta ilibada e pregava uma mensagem proveniente de Deus (Mt 3.7-12).

Jesus, o Caminho Para o Céu

O Verbo divino, encarnado tornou-se o elo de nossa comunhão com Deus e o meio
de salvação da humanidade perdida. Por isso, Ele se constitui em o único caminho para o
Céu.

1. Conheceis o caminho. Jesus aguçava a sensibilidade de seus discípulos quando


fez esta declaração. Eram as suas últimas instruções, e ele desejava esclarecer tudo o que
estava obscuro em seus entendimentos (Lc 24.45). Na verdade o Filho de Deus quis dizer
que ele próprio era o único meio de salvação do homem, que jamais encontraria o
caminho dos Céus por causa do pecado (Pv 30.4; Jo 3.13).

2. Como podemos conhecer o caminho? Tomé custou a entender que Jesus não era
apenas um Mestre, mas, principalmente o Verbo divino (Jo 20.28), que se fez homem e
habitou entre nós. Por isso de imediato interpelou a Cristo, para dizer-lhe que nenhum
deles conhecia aquele caminho que o Filho de Deus mencionou, pois nunca lhes
mostrara. Surgia então uma oportunidade de ouro para o Salvador do mundo, apresentar-
se como o mediador entre o Criador e suas criaturas (1 Tm 2.5).

3. Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. Era o momento propício de Jesus se


declarar abertamente para os seus discípulos que Ele era:

a) O Caminho. No Antigo Testamento, o sangue dos animais não tinha condições


adequadas de eliminar o efeito do pecado, que era condenatório. Por isso Jesus se
constituiu no meio de apagar as nossas transgressões e de nos levar para o Céu (1 Jo 1.7).

b) A Verdade. A verdade constitui uma das essências que compõem a existência de


Deus (Jr 10.10). Por isso, as suas palavras são verdadeiras (Sl 119.160). Jesus o Verbo
divino, veio ao mundo para desfazer as mentiras impostas por Satanás, a respeito da
Salvação por intermédio do paganismo (Jo 8.44).

c) A Vida. O sopro de vida foi-nos concedido por Deus (Gn 2.7). O diabo
insatisfeito por ter o Senhor concedido esta dádiva ao homem, induziu-o ao pecado e
como consequência, levou-nos à morte (Gn 3.4,5). Jesus veio ao mundo com o objetivo
de restituir a vida à humanidade (1 Jo 1.1,2). Portanto, ninguém retorna para Deus se não
por intermédio do Verbo (At 4.12).
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 30 -

15. O Ensino de Jesus Sobre a Salvação

1. A Fé como meio para a Salvação (J o 3.16).

No diálogo com Nicodemos Jesus asseverou a necessidade do novo nascimento


(Jo 3.1-5), e revelou a verdade central do Novo Testamento, considerada por muitos
estudiosos o Texto Áureo dos Evangelhos. Ao dizer que Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna (Jo 3.16). Da parte de Deus o amor que salva, Da parte do homem a fé
que aceita a salvação de Deus (Leia: Ef 2.8,9). A fé que salva não é a fé meramente
intelectual (Leia: At 8.13,21). Mas é a fé viva que nasce no coração, estimulada pelo
Espírito com base na Palavra de Deus. ...a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus... (Rm
10.17).
*O amor leva Deus ao encontro do homem perdido.
*A fé leva o homem perdido ao encontro com Deus.

2. A Necessidade do Arrependimento
O termo arrependimento na Bíblia tem o sentido de contrição, tristeza e angústia do
pecador diante de Deus por seus pecados, e também voltar-se resoluto para Deus. É uma
mudança total de rumo na vida, deixar a senda de pecado e caminhar de volta a Deus e
continuar a caminhar com Deus.
3. A Renúncia Indispensável
O arrependimento para a salvação não pode ser apenas um impulso de um momento.
Precisa ser vivido na prática, na continuidade da vivência do cristão. Para tanto, há
necessidade de renúncia quanto à velha vida (Leia: 2 Co 5.17). Jesus disse: Se alguém
quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me (Mt 16.24). Aqui
está o ponto crítico da conversão de um pecador. A natureza humana contaminada pelo
germe do egoísmo e da rebeldia contra Deus, relutam e resiste em dar lugar à renúncia
dos interesses mesquinhos, carnais e efêmeros, para aceitar o senhorio de Cristo.
4. A Perseverança do Salvo
A vida cristã não é um mar de rosas. Jesus afirmou aos seus discípulos que teriam
aflições no mundo, mas que tivessem bom ânimo, pois Ele venceu o mundo (Leia: Jo
16.33). Jesus nos garante a vitória, na luta pela permanência como salvos em seu nome.
Mas, para chegarmos à eternidade com Deus, é necessário que tenhamos perseverança.
O cristão enfrenta lutas e desafios constantes, a começar da parte de seus próprios
familiares e conhecidos. O Senhor previu que pais e filhos não se entenderiam e que os
crentes seriam odiados por causa de seu nome (Leia: Mt 10.21,22), mas que ...aquele que
perseverar até o fim será salvo (Leia: Mt 10.22). Diante disso não há base bíblica para a
doutrina da predestinação absoluta, segundo a qual uns já nascem para serem salvos, e
outros desafortunados, já nascem miseravelmente predestinado à perdição. Isso não
condiz com o caráter de Deus revelado nas Escrituras Sagradas. Para ser salvo é
necessário crer em Jesus, com arrependimento e permanecer salvo, através da
santificação (Leia: Hb 12.14). A santificação se manifesta através da perseverança, em
obediência aos ensinos de Jesus.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 31 -

16. O Ensino Bíblico Sobre o Perdão


O Perdão no Antigo Testamento

1. Considerações acerca do perdão no Antigo Testamento

a) Com Deus está o perdão ..................(Sl 130.4).


Deus sempre concede a benção do perdão ao pecador arrependido. Todavia, o
crente não deve jamais brincar de pecar e pedir perdão.
b) Ao Senhor pertence o perdão ............(Dn 9.9).
Quando pecamos contra Deus, só Ele é quem pode nos perdoar.
c) Deus é perdoador............................... (Ne 9.17; Sl 99.8).
Este atributo lhe é intrínseco. Deus sempre nos perdoa quando, arrependidos e
contritos, reconhecemos nossos pecados.
d) Sacrifício pelo pecado.
No Antigo Testamento, o homem para ser perdoado, tinha que oferecer sacrifício
expiador (Nm 15.25,26).
e) Valor do perdão.
Os servos de Deus conheciam a importância de perdoar (Gn 50.17-21). O exemplo
de José ao perdoar seus irmãos é extraordinário para nós.


Exercícios

1. A palavra FÉ ocorre quantas vezes no Novo Testamento?..........................................................................................


............................................................................................................................................................................................................................................................

2. Quando somos edificados na Fé ?.........................................................................................................................................................


........................................................................................................................................................................................................................................................

3. A onde Cristo ensinava?................................................................................................................................................................................


..................................................................................................................................................................................................................................................

4. A onde está escrito:“...a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” ?................................................
..................................................................................................................................................................................................................................................
5. Cite um livro que diz que “Deus é perdoador” ?...............................................................................................................
............................................................................................................................................................................................................................................
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 32 -

Lição 4 17. A Conversão do Pecador

 O que é Conversão?
Conversão segundo a definição mais simples é: abandonar o pecado e aproximar-
se de Deus. (Atos 3:19.) O termo é usado para exprimir tanto o período critico em que o
pecador volta aos caminhos da justiça, como também para expressar o arrependimento
de alguma transgressão por parte de quem já se encontra nos caminhos da justiça. (Mt.
18:3; Lc 22:32; Tia. 5:20.).
A conversão está muito relacionada com o arrependimento e a fé, ocasionalmente
representa tanto um como outro ou ambos, no sentido de englobar todas as atividades
pelas quais o homem abandona o pecado e se aproxima de Deus. (Atos 3:19; 11:21; 1 Pe.
2:25.) O Catecismo de Westminster, em reposta à sua própria pergunta, oferece a
seguinte e adequada definição de conversão:

 O que é Arrependimento para a Vida?

Arrependimento para a vida é graça salvadora, pela qual o pecador sentindo


verdadeiramente o seu pecado e lançando mão da misericórdia de Deus em Cristo,
sentindo tristeza por causa do seu pecado e ódio contra ele, abandona-o e aproxima-se
de Deus. Fazendo o firme propósito de, daí em diante ser obediente a Deus.
Note-se que segundo essa definição, a conversão envolve a toda personalidade:
intelecto, emoções e vontade.
Como se distingue conversão de salvação?
A conversão descreve o lado humano da salvação. Por exemplo: observa-se que um
pecador bêbado notório, não bebe mais nem joga, nem frequenta lugares suspeitos. Ele
odeia as coisas que antes amava e ama as coisas que outrora odiava. Seus amigos dizem:
Ele está convertido, mudou de vida. Essas pessoas estão descrevendo o que aparece, isto
é, o lado humano do fato. Mas, do lado divino diríamos que Deus perdoou o pecado do
pecador e lhe deu um novo coração.
Mas isso significa que a conversão seja inteiramente uma questão de esforço
humano? Como a fé e o arrependimento estão inclusos na conversão, a conversão é uma
atividade humana, mas ao mesmo tempo é um efeito sobrenatural sendo ela a reação por
parte do homem ante o poder atrativo da graça de Deus e da Palavra. Portanto, a
conversão é o resultado da cooperação das atividades divinas e humanas. Assim também
operai a vossa salvação com temor e porque Deus é o que opera em vós tanto o querer
como o efetuar segundo a sua boa vontade (Fl. 2:12, 13). As seguintes passagens
referem-se ao lado divino da conversão: Jr. 31:18; Atos 3:26. E estas outras se referem ao
lado humano: Atos 3:19; 11:18; Ez. 33:11.
Qual se opera primeiro: a regeneração ou a conversão?
As operações que envolvem a conversão são profundas e de caráter misterioso, por
conseguinte, não as analisaremos com precisão matemática. O teólogo Dr. Strong conta o
caso de um candidato à ordenação a quem fizeram a pergunta acima. Ele respondeu:
Regeneração e conversão são como a bala do canhão e o furo do cano do canhão -
ambos atravessam o cano juntos.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 33 -

18. A Redenção do Pecador

Deus Procura o Homem Após o Fracasso

 ...Onde estás? (Gn 3. 9). - (A primeira pergunta da Bíblia)


Embora criados em estado de perfeita felicidade e em constante contato com Deus,
Adão e sua mulher transgrediram a única proibição recebida. O primeiro efeito sensível
do pecado foi à revolta das faculdades inferiores que se manifestou pela vergonha de sua
nudez e seguiram em desabalada carreira fugindo da santidade divina. Por isso fizeram
tangas de folhas de figueira e procuraram esconder-se da presença de Deus. Adão alegou
como desculpa o procedimento de Eva que, por sua vez, lançou a responsabilidade sobre
a serpente. Mas em todo esse drama podemos observar o grande cuidado de Deus em
procurar o homem e sua mulher, mesmo depois do fracasso. Certamente havia no jardim
um lugar de encontro entre Deus e o casal. Agora, quando pela viração do dia, Deus ali
chegando não os encontrou como das outras vezes. Adão confessa que de fato ouvira a
voz do Criador, mas fugiu com medo por entre as árvores a fim de se esconder (Gn. 3.8).
Nos versículos 7-15, vemos o interesse de Deus em salvar o homem com sua mulher. Ao
castigá-los, manifestou Deus sua misericórdia com a promessa de um Redentor.

Deus Veste o Casal


O primeiro efeito sensível do pecado foi à revolta das faculdades inferiores que se
manifestou pela vergonha de sua nudez. Por isso ...coseram folhas de figueira, e fizeram para
si aventais. Aqui está novamente a presença de Deus, manifestando sua misericórdia
novamente em relação ao casal que acabaram de perder suas vestes espirituais, por causa
do pecado.
Agora, novamente há um ato bondoso de Deus em cobrir a nudez do casal,
conforme está descrito pelo escritor sagrado: E fez o Senhor Deus a Adão e a sua mulher
túnicas de peles, e os vestiu. Para que isso acontecesse foi necessário que um cordeiro ou
cordeiros fossem mortos. Ali: a morte daquele animal inocente apontava para a morte de
Cristo, o Cordeiro de Deus, que por meio de sua expiação cobre toda a nudez espiritual, e
no sentido moral, influi também contra a nudez propositada do ser humano (Ap. 3.17-
18).
Todos pecaram

As Escrituras declaram que todos pecaram, isto é, por meio de Adão todos foram
atingidos pelo pecado. Mas, elas também declaram que por meio de Cristo Jesus, todos
podem ser salvos. Cristo quando veio a este mundo veio por causa dos homens e, quando
morreu, morreu em favor de todos os homens. A Bíblia afirma que Ele ...morreu por todos,
para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou
(2 Co. 5.14), doravante, diz Paulo em 1 Cor. 15.22: Porque, assim como todos morrem em adão,
assim também todos serão vivificados em Cristo. A condição imposta por Deus em todo este
processo é, somente crê que Jesus Cristo é seu Filho e que Ele é: o caminho e a verdade e
a vida, e que ninguém poderá entrar no céu a não ser por intermédio de Jesus Cristo e de
sua morte na cruz. Fora disso, não existem nem caminho para o céu e nem nome para
redenção, Cristo é o único mediador entre Deus e os homens.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 34 -

19. A Palavra de Deus Produz Salvação

Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (Jo 8.32).

A Palavra de Deus é Poderosa

1. A Palavra de Deus é PURA. Não há mistura na Palavra de Deus. Em toda


Escritura Sagrada não há uma só discordância quanto à essência da mensagem. Os
inimigos da Palavra já procuraram desacreditá-la, apostando discrepâncias e
contradições, mas em vão. As divergências sugeridas são apenas aparentes porque as
palavras do Senhor são palavras PURAS como prata refinada em forno de barro e purificada sete
vezes (Sl 12.6). É puríssima! (Sl 119.140).
2. A Palavra de Deus é RETA. Ela segue uma linha de pensamento que, começando
no Gênesis termina no Apocalipse, mas sem quaisquer desvios ou mistificações apesar de
ter sido escrita por cerca de 40 homens, durante quase 1.600 anos, nos mais diversos
lugares, a mensagem da Bíblia é uma só: O amor de Deus e o seu plano para a salvação
do homem Porque a palavra do Senhor é RETA, e todas as suas obras são fiéis (Sl 33.4).
3. A Palavra de Deus é SANTA. A Palavra de Deus identifica-se com a natureza
divina que é SANTA. Os seres celestiais no Apocalipse cantam: Santo, Santo, Santo é o
Senhor Deus, o Todo poderoso, que era, e que é, e que há de vir (Ap 4.8). A palavra do homem
quase sempre, tem verdade e mentira, realidade e engano, mas a palavra de Deus é
SANTA (Sl 105.42).
4. A Palavra de Deus é LÂMPADA e LUZ
Somente a Palavra de Deus tem o poder de iluminar o caminho do homem. Há
muitos por aí que se dizem iluminados pelas filosofias de Buda, de Confúcio e de outros,
mas, na verdade estão em trevas. LÂMPADA para os meus pés é a tua palavra, e LUZ para o
meu caminho (Sl 119.105).

5. A Palavra de Deus é ABSOLUTA. Em Jo 17.17, Jesus declarou: ...a tua palavra


é a verdade. Não é uma verdade entre outras como pensam os sábios segundo o
mundo. A palavra de Deus é A Verdade no sentido absoluto, pois é a revelação
do Deus Criador, Onipotente, Onisciente, Onipresente, Santo, Justo e Salvador.
O salmista é categórico: A tua palavra é a VERDADE desde o princípio e cada
umdos teus juízos, dura para sempre (Sl 119.160)

6. A Palavra de Deus é o PODER DE DEUS. Paulo falou aos coríntios, foi enfático
Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós que somos salvos, é o
PODER DEUS (1 Co 1. 18). As palavras filosofias, os ensinos, as idéias e pensamentos dos
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 35 -
mestres do mundo, conseguem no máximo formular vidas. Mas a Palavra de Deus
transforma o mais vil pecador numa nova criatura: ela em si mesma é e tem o poder de
Deus.
7. A Palavra de Deus é VIVA e EFICAZ. Até hoje nenhum cirurgião conseguiu
descobrir onde fica a divisão da alma e do espírito. Os médicos só podem agir sobre o
corpo. Quanto à mente, limitam-se a trabalharem o comportamento observável dos
homens. Contudo, Porque a palavra de Deus é VIVA e EFICAZ... penetra até a divisão da alma,
e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração
(Hb 4.12). A Palavra de Deus tem vida e é eficaz, ou seja, produz efeitos, muda
comportamentos, transforma vidas.

O que a Palavra de Deus Produz no Homem

1. A Palavra de Deus Transforma. Transformar é dar nova forma, feição ou caráter


tornar diferente do que era; mudar, alterar... (Dic. Aurélio). Todos os significados da
palavra transformar, no sentido mais elevado do termo, podem ser aplicados ao que a
Palavra de Deus produz na vida de uma pessoa que a ouve e a recebe em seu coração.
a. Dá nova vida. Assim que, se alguém está em Cristo nova criatura é: as coisas Velhas
já passaram; eis que tudo se fez novo (2 Co 5.17).
b. Liberta do pecado. Os que andam na lei do Senhor não praticam iniquidade, mas andam
em seus caminhos (Sl 119.3). O poder transformador da Palavra de Deus faz com que o
homem ímpio deixe os seus maus procedimentos, e passe a andar segundo a orientação
de Deus.
c. A Palavra de Deus purifica o interior do ser humano. Como purificará o jovem o seu
caminho? (Sl 119.9). O salmista faz essa indagação porque em todos os tempos, o com-
portamento dos jovens sempre foi alvo da tentação do inimigo. Mas a resposta vem logo
em seguida: o jovem pode purificar o seu caminho, observando-o conforme a tua pala-
vra. Na verdade, não só ao jovem se aplica essa verdade, mas as pessoas de todas as
faixas etárias.
2. A Palavra de Deus produz vida eterna.
Jesus disse:
Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra
e crê naquele que me enviou tem a vida eterna (Jo 5.24).
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 36 -

20. A Garantia da Nossa Salvação

Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim


Na casa de mau Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo
teria dito; vou preparar-vos lugar.
E, se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levareis para
mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.
(Jo 14.1-3)

Qual é a Garantia da Nossa Salvação?

Temos estudado as preparações para a salvação e considerado a natureza desta. Nesta


seção consideramos: É a Salvação final dos cristãos incondicional, ou poderá perder-se por
causa do pecado?
A experiência prova a possibilidade duma queda temporária da graça, conhecida por
desviar-se. O termo não se encontra no Novo Testamento, senão no Antigo Testamento.
Uma palavra hebraica significa voltar atrás ou virar-se, outra palavra significa volver-se ou
ser rebelde. Israel é comparado a um bezerro teimoso que volta para trás e se recusa a ser
conduzido, e torna-se insubmisso ao jugo. Israel afastou-se de Jeová e obstinadamente se
recusou a tomar sobre si o jugo de seus mandamentos.
O Novo Testamento nos admoesta contra tal atitude, porém usa outros termos. O
desviado é a pessoa que outrora tinha o zelo de Deus, mas agora se tornou fria (Mt. 24: 12),
outrora obedecia à Palavra, mas o mundanismo e o pecado impediram seu crescimento e
frutificação (Mt. 13:22). Outrora pôs a mão ao arado, mas olhou para trás (Lc. 9:62), como
a esposa de Ló, que havia sido resgatada da cidade da destruição, mas seu coração voltou
para ali (Lc. 17:32), outrora estava em contacto vital com Cristo, mas agora está fora de
contacto e está seco estéril e inútil espiritualmente (João 15:6). Outrora obedecia à voz da
consciência, mas agora jogou para longe de si essa bússola que o guiava e, como resultado
sua embarcação de fé destroçou-se nas rochas do pecado e do mundanismo (1 Tm 1:19).
Outrora se alegrava em chamar-se cristão, mas agora se envergonha de confessar a seu
Senhor (2 Tm. 1:8 ;2:12), outrora estava liberto da contaminação do mundo, mas agora
voltou como a porca lavada ao espojadouro de lama Leia: (2 Pe. 2:22; Lc. 11:21-26).
É possível decair da graça, mas a questão é saber se a pessoa que era salva e teve
esse lapso, pode finalmente perder-se. Aqueles que seguem o sistema de doutrina calvinista
respondem negativamente, aqueles que seguem o sistema de arminiano (chamado assim em
razão de Armínio, teólogo holandês que trouxe a questão de debate) respondem
afirmativamente.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 37 -


Exercícios

1. O que é Convenção?...................................................................................................................................................................................
.........................................................................................................................................................................................................................................

2. A onde está registrado a primeira pergunta da Bíblia?......................................................................................


......................................................................................................................................................................................................................................

3. O que a Palavra de Deus É?.........................................................................................................................................................


..............................................................................................................................................................................................................................
.
4. O que a Palavra de Deus produz no homem?...........................................................................................................
...................................................................................................................................................................................................................................

5. A onde está escrito:


“Porque pela graça sois Salvos, por meio da Fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”?
...................................................................................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................................................................................
Soteriologia (Doutrina da Salvação) 37

Bibliografia

 BAP – Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD.


 Bíblia de Estudo Thompson, VIDA.
 Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD.
 Bíblia de Estudo Anotada, Mundo Cristão.
 Bíblia de Tradução Almeida, Revista e Corrigida, CPAD.
 Noções do Grego Bíblico, Vida Nova.
 Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, VIDA.
 Dicionário da Língua Portuguesa, Fênix.
 Pequena Enciclopédia Bíblica, CPAD.
 Esboço de Soteriologia, J.S.L. FAESP.

Atenção!
Fica proibida a reprodução total ou parcial desta
obra sem prévia autorização por escrito do autor.
Todos os direitos reservados.
Lei Federal 5088 de 14 de dezembro de 1973.
Soteriologia (Doutrina da Salvação) - 39 -
Registro Nº.............................................. Professor.................................................................................

Prova de Soteriologia

(NOME LEGÍVEL)
Aluno (a).............................................................................................................data........../.........../............

(Marque um X na alternativa correta)

1. Qual é a definição da palavra Soteriologia?


 Vem do latim e significa “Doutrina da Salvação”
 Vem do hebraico e significa “Doutrina da Salvação”
 Vem do grego “sõteria”, e significa “Doutrina da Salvação”
2. Quais são os três Aspectos da Salvação?
 Passado, Presente e Futuro
 Arrependimento, Fé e Obediência
 Justificação, Regeneração e Santificação
3. Quais são os três meios da Santificação?
 O crente é santificado pela Fé, Batismo e Santa Ceia
 O crente é santificado pelo Jejum, Oração e Palavra de Deus
 O crente é santificado pela “Palavra de Deus”, pelo “Sangue de Jesus” e pelo “Espírito Santo”
4. Quem discordou das doutrinas do Calvinismo
 Matinho Lutero, o grande reformador alemão
 Agostinho, o grande teólogo do quarto século.
 O teólogo holandês Jacob Arminius (1560-1609)
5. Quem disse:Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade
 Jesus Cristo
 O apostolo Paulo
 O apostolo Pedro
6. A onde está escrito: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus
 Em Mateus
 Em Lucas
 Em João
7. A onde está escrito:
“Porque pela graça sois Salvos, por meio da Fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”
 Em João
 Em Efésios
 Em Romanos
8. Após o homem pecar, qual foi o tipo de folha que ele fez para si aventais?
 Folhas de Figueira
 Folhas de Oliveira
 Folhas de Banana
9. Quantas vezes a palavra “Fé” ocorre no Novo Testamento?
 244 vezes
 258 vezes
 311 vezes
10. A onde está escrito:
Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.
 Em 1º Coríntios
 Em Efésios
 Em Romanos.

Observação: Só existe uma alternativa correta em cada questão, e cada questão vale 1 Ponto.

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