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"Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para [ensinar], para [redargüir], para
[corrigir], para [instruir em justiça]; para que o [homem de Deus seja perfeito],
e perfeitamente [instruído] para toda a boa obra" (II Tm. 3.16,17).
A popularidade da Bíblia, a faz ser o livro mais lido do planeta. E temos a satisfação de
incluí-la nesta série de lições como o livro-texto, pois ela é o único manual do crente na vida
cristã e no trabalho do Senhor. O crente foi salvo para servir ao Senhor (1 Ts 1.8,9; Ef 2.10).
Sendo a Bíblia o livro-texto do cristão, é importante que este a manuseie bem para o eficiente
desempenho de sua missão (2 Tm 2.15). Um bom profissional sabe empregar bem as
ferramentas de seus ofícios. Essa eficiência não vem de forma automática; mas pelo estudo e
pela prática.
O que é Ética
Ética Cristã
Ao escolher a ética cristã como tema, estaremos tratando de uma questão que tem
atormentado o mundo atual, de norte a sul do planeta, em todos os campos da vida humana.
Seja na política, seja nas artes, seja na ciência, seja na economia, todos os povos estão
observando um clamor, uma exigência por padrões de ética. Cada vez um maior número de
pessoas está a exigir dos líderes, dos cientistas, dos empresários, dos trabalhadores, enfim, de
todos os segmentos da população, que haja uma atitude ética nos relacionamentos humanos.
Quando falamos sobre Ética, não estamos alheios ao assunto, pois, temos ouvido esta
palavra quase que quotidianamente nesses tempos de tantas cobranças. A cobrança de posturas
éticas vem da parte da sociedade em todos os sentidos. Parece que há um clamor pela ética,
entretanto, esse clamor revela ausência dessa virtude tão necessária para todas as épocas. O
clamor do mundo mostra que a Igreja deve encarar o tema com bastante seriedade.
3. Este clamor por ética reflete o grande vazio espiritual que tem sido vivido pela
humanidade, pois a discussão sobre a falta de ética que hoje se verifica em todos os setores da
vida humana, nada mais é que uma universal constatação de que os homens perderam o rumo,
o norte, que andam de um lado para outro, como ovelhas desgarradas que não têm pastor (Mt.
9:36), exatamente porque se recusaram a seguir a Deus e a observar os Seus mandamentos.
4. Com efeito, quando se fala em ética, fala-se em "conduta ideal do indivíduo". A ética
é o conjunto de padrões, de condutas, de atitudes que devem ser observados pelos indivíduos.
Toda atividade humana tem um padrão a ser observado, tem a sua ética. A discussão a respeito
de como deve o homem se comportar é algo que vem sendo efetuado desde os primórdios da
civilização humana, pois Deus fez o homem como um ser moral, ou seja, como um ser
responsável, que tem consciência do que deve, ou não, fazer, porque e para que deve agir num
determinado sentido. Tanto assim é que, logo após ser colocado no jardim do Éden, por Deus,
o primeiro casal recebeu logo uma determinação de Deus: “De toda a árvore do jardim, comerás
livremente; mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás, porque, no dia em que dela comeres,
certamente, morrerás”. (Gn.2:16,17). Como se percebe, portanto, o homem foi feito um ser
eminentemente moral, ou seja, um ser ético (pois a palavra "mos, moris” em latim nada mais é
que a tradução da palavra grega "ethos") e, desde então, a história da humanidade tem refletido
este embate entre o comportamento exigido por Deus e o comportamento que o homem
escolhe, dentro de seu livre-arbítrio, para si, independentemente da vontade humana. O
resultado da desobediência do homem e da sua tentativa de construir para si padrões de
conduta alheios à vontade de Deus resultou nos grandes dilemas que hoje, como em nenhum
outro momento da história humana, vivemos nesta "grande aldeia global" em que se tornou o
nosso planeta, dilemas estes que, não raro, abalam a fé de muitos servos de Deus que, à revelia
da própria Palavra de Deus, acabam cedendo a padrões, princípios e procedimentos que são
radicalmente contrários à vontade do Senhor. O homem, imerso no pecado (Rm 3:9-12,23),
separado de Deus (Is. 59:2), cegado pelo deus deste século (II Co.4:4), não pode ter senão
comportamentos e condutas que desagradam a Deus, estabelecendo-se, pela arrogância dos
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homens, um relativismo ético, ou seja, um conjunto de condutas e de regras de comportamento
que se alteram conforme a conveniência e de acordo com as circunstâncias, a gerar uma
tolerância ilimitada, um verdadeiro caminho largo, em que tudo é permitido (Mt.7:13). O
resultado disto é o surgimento de um vazio espiritual, de uma falta de orientação e de
princípios, que deixa a humanidade perdida e sem qualquer direção, com funestas
conseqüências, como as que temos visto nos nossos dias e que estão levando à indignação e a
este clamor por uma ética mínima nos relacionamentos humanos.
5. Busca o homem uma referência, uma base, um fundamento, esquecido que somente
um é absoluto neste universo, somente um tem o direito de impor uma conduta a todos os
homens, que é o nosso Deus, o Criador dos céus e da terra, o Soberano Senhor.
6. Nesta busca pela ética, que nada mais é que uma sede de Deus deve a Igreja
corajosamente, como agência do reino de Deus, clamar ao mundo que a ética tão desejada, que
a conduta ideal tão almejada, não se encontra nos direitos humanos, na busca e maior justiça
nas relações socioeconômicas, mas nAquele (Deus) que, desde a criação do homem, tem
querido determinar como devemos proceder. Em Deus se encontra a verdadeira ética e,
portanto, para os diversos dilemas morais vividos pelo homem, existe uma única resposta: a
Palavra de Deus. Que neste assunto, possamos observar a resposta divina aos diversos e
relevantes problemas morais vividos pela humanidade e que não só nos adequamos às
exigências bíblicas em nossa conduta (o que é o primeiro passo para quem quer servir a Deus),
como também contribuamos para a conversão das almas que, sem orientação e perdidas,
andam de um lado para outro como ovelhas desgarradas sem ter pastor, lembrando-se de que,
se somos, verdadeiramente, servos do Senhor, devemos ter o Seu mesmo sentimento ao ver
estas multidões desorientadas (Fp. 2:5), a saber: grande compaixão (Mt.9:36).
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Exercício 1
Apesar dos conselhos expostos na Palavra de Deus, é público e notório que a família,
indistintamente, passa por uma das piores crises, desde o seu estabelecimento por Deus no
Éden. Ignorar esta realidade é dar as costas às evidências. Por todos os meios disponíveis, as
forças venenosas do mal têm combatido esta sagrada instituição com o fim de prejudicar o
plano divino para humanidade. Entre os elementos da sociedade, a família é o mais importante,
porque nela, o individuo recebe as primeiras instruções para o cumprimento da missão neste
mundo. Assim sendo toda base Ética para vida recebe-se da família.
1. A Origem da Família
Um dos princípios básicos que temos é que a família, célula materna da sociedade, é
instituição divina (Gn 2.23,24). “Família é uma reunião de pessoas unidas pelo sangue
formando uma pequena sociedade, base da sociedade universal. É a primeira ponte colocada
por Deus entre o individuo e a sociedade”. Qualquer conceituação sobre família que não esteja
alicerçada numa origem divina desloca o seu foco do aspecto mais importante, que é o
espiritual (1 Pe 3.1-7).
a) Foi Deus quem constituiu a primeira família – Mais do que criar o homem e a
mulher (Gn 1.27), Deus o fez um para o outro, e isto, a partir da necessidade de achar
companhia para o homem: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18). Neste processo,
vamos perceber que, após formar a mulher, Deus apresenta a Adão como sua companheira: “e
trouxe-a a Adão” (Gn 2.22). Aqui está a ação divina em prol da família. Todo casal que
pretender constituir uma família vitoriosa precisa seguir este modelo, ou seja, ter participação
de Deus (Sl 128.1).
b) Parceira, o sistema de convivência do casal – Vivemos numa sociedade
masculinizada e machista, onde tendenciosamente o homem tem maltratado, explorado e
humilhado as mulheres. Isto nunca fez parte de projeto de Deus para a família. O próprio fato
de Deus ter tomado uma costela do homem para dela formar uma mulher (Gn 2.2), se por um
lado revela que a hierarquia divina prevê uma liderança do homem (Ef 5.22-33), por outro
demonstra que o objetivo primordial é o bem comum.
c) O roteiro de Deus para a formação da família – Os três verbos empregados em
Gênesis 2.24: deixar, unir; e tornar-se, nos fornece os passos para a constituição da família
conforme os planos de Deus. Os jovens precisam deixar os pais para formarem o seu lar. A
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perpetuação desses vínculos muitas vezes tem sido nociva para famílias jovens. O passo
seguinte é a união, através do casamento. A terceira etapa diz respeito à comunhão mais intima
da relação conjugal, que é o ato sexual: “Tornar-se uma só carne”, faz referencia à nova
realidade que a soma das partes faz nascer com o casamento.
A família em que os membros são polidos, e cristãos corteses, exercem vasta influência
para o bem (Gn 12.3) Outras famílias notarão os resultados conseguidos para um lar assim, e
seguirão o exemplo dado, guardado, por sua vez, o lar contra as influencias satânicas (Mt
12.25). Uma família bem ordenada, bem disciplinada, fala mais em favor do cristianismo do
que todos os sermões que se possam pregar.
a) Maravilhosas possibilidades – não podemos passar por esta vida senão uma vez;
tiremos, pois, então, o melhor proveito dela (Ec 5.18,19). Entretanto, a tarefa a que somos
chamados não requer riquezas, posição social, nem grandes capacidades. O que se requer é um
espírito bondoso e desprendido, e firmeza de propósitos (Mt 7.12). Uma luz, por pequena que
seja, se está sempre brilhando, pode servir para acender muitas outras (Mt 5.15).
b) Um poderoso argumento – Quando nossa própria casa for o que deve ser (Sl 128.3),
não deixaremos que nossos filhos cresçam na ociosidade e indiferença para com os reclamos
de Deus em favor dos necessitados que os rodeiam (Pv 21.13). Como herança do Senhor, eles
estarão habilitados para empreender a obra social. De tais lares resplandecerá uma luz que se
revelará em favor dos ignorantes, levando-os à fonte de todo conhecimento.
c) Lares alegres influenciarão vizinhos – Precisamos de lares radiantes e de cristãos
felizes (Sl 128.2). Achamo-nos demasiados fechados em nós mesmos. Por vezes, as palavras
bondosas e animadoras, o sorriso alegre, são retidas de nossos filhos (Cl 3.21). A presença do
Espírito Santo na família gera condições de vencer obstáculos intransponíveis, e isso se
constitui a influência poderosa entre nossos vizinhos.
Uma família sem problemas é um verdadeiro céu na terra, porém, isto é algo
inconsistente e inconcebível (Jo 16.33). Existem problemas normais, inerentes ao próprio viver
em suas diversas fases e contextos, para os quais devemos nos preparar (Fp 4.12). Mas há
problemas que poderão ser evitados ou enfrentados de maneira mais eficaz se forem
detectados, estudados e enfrentados com as armas que dispomos do ponto de vista espiritual (2
Co 10.4).
a) A família e sua base espiritual – Pode ser que sua família não tenha começado bem,
com a consulta a Deus, nem esteja bem, mas nunca é tarde para buscar a base espiritual tão
necessária para o seu fortalecimento (Ef 6.10,11). Só com o temor do senhor, o principio da
sabedoria (Pv 1.7), se poderá construir uma família onde o respeito, o carinho e a alegria estão
presentes.
b) A família e sua convivência sadia – Um dos fatores que muito ajudam na construção
de uma família onde os seus membros se entendem e discutem os problemas internos, é o
diálogo (Rm 12.13). Dialogar não é digladiar, mas sim partilhar idéias e receber contribuições.
A fraqueza e interesse no sucesso dos empreendimentos familiares são importantes para o lar
(1 Tm 5.4).
* Não se discute a importância da família, pois isso já está assentado entre nós. Deve-se,
porém avaliar até que ponto o valor que damos à família tem sido correspondido em
dedicação, amor e zelo na preservação desta instituição. O nosso empenho em prol da família
começa na própria constatação do que se passa em nossa sociedade atual. Novas formas de
relacionamentos entre os sexos têm sido adotadas, destoando completamente daquilo que os
cristãos entendem ser o modelo de família. Por isso, entender a função ética da família nesses
últimos dias é de capital importância; pois somos o sal da terra e a luz do mundo.
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Etimologia
1 - Etimologicamente a palavra "Ética" vem do “grego” “ethos”, que quer dizer “costume,
hábito, disposição”. Em “latim”, a palavra usada para dar a mesma idéia é “mos, moris”.
Advém daí que, etimologicamente, temos que "ética" e "moral" se confundem, pois ambas
dizem respeito ao “Conjunto de padrões e de atitudes que as pessoas devem ter no seu dia-a-
dia, no seu cotidiano”.
2 - A ética, portanto, preocupa-se com a conduta ideal do indivíduo, ou seja, qual deve ser o
comportamento do indivíduo ao exercer uma determinada atividade, ao desempenhar uma
determinada ação, ou seja, como o indivíduo deve agir enquanto vive.
“... A ética é a ciência da conduta ideal”. Aborda a conduta ideal do indivíduo, isto é,
nossa responsabilidade primária. Os Evangelhos nos ensinam que a transformação moral nos
conduz às perfeições de Deus Pai (Mt.5.48). E daí, parte-se para a transformação de acordo
com a imagem do Filho de Deus (Rm. 8.29; 2 Co. 3.18). Precisamos cuidar de nosso próprio
desenvolvimento espiritual como indivíduos. Essa transformação reflete em nossa conduta
pessoal, pois a “conversão cristã gera essa transformação na vida do ser humano direcionando-
o à ética pessoal” (II Co. 5.17)
3 - A Bíblia nos mostra que Deus fez o homem dotado de moralidade, pois feito à imagem e
semelhança de Deus (Gn.1:26) e Deus é um ser eminentemente moral, de forma que o homem
não poderia ser diferente. Como demonstração desta moralidade ínsita à natureza humana,
Deus estabeleceu, já no jardim do Éden, uma regra a ser observada, referente à árvore da
ciência do bem e do mal (Gn.2:16,17). Neste estabelecimento da regra, Deus denuncia não só a
moralidade do homem como a sua liberdade. Assim, a vida do homem está envolvida,
integralmente, com a ética, com a conduta que deve seguir.
4 - Não é, portanto, desarrazoado que, desde as épocas mais antigas, tenha o homem se
debruçado sobre a questão do comportamento que deve ser seguido no viver cotidiano, a ponto
de uma das partes tradicionais da filosofia ser, exatamente, a ética, aqui concebida como a
reflexão de como deve ser o agir humano de qual a conduta ideal do indivíduo.
5 - Desde a criação, portanto, ao homem tem sido proposta uma conduta ideal, qual seja, a
obediência a Deus e a Seus mandamentos, que é a ética divina, a verdadeira ética que conduz o
homem à comunhão com seu Criador e à vida eterna, mas o homem, desde a queda, tem
enveredado por outros caminhos, buscando, dentro de sua capacidade e de seus pensamentos,
outras condutas de vida, outras formas de comportamento, que dão ensejo às diversas éticas
que têm sido criadas ao longo da história da humanidade.
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A Diferença da Ética
2 – “... Todos nós tomamos diariamente dezenas de decisões, resolvendo aquilo que tem a ver
com nossa vida, a vida da empresa e de nossos semelhantes. Ninguém faz isso no vácuo.
Antigamente pensava-se que era possível pronunciar-se sobre um determinado assunto de
forma inteiramente objetiva, isto é, isenta de quaisquer pré-concepções. Hoje, sabe-se que nem
mesmo na área das chamadas “ciências exatas” é possível fazer pesquisa sem sermos
influenciados pelo que cremos. Ao elegermos uma determinada solução em detrimento de
outra, o fazemos baseados num padrão, num conjunto de valores do que acreditamos é certo ou
errado. É isso que chamamos de ética: o conjunto de valores ou padrão pelo qual uma pessoa
entende o que seja certo ou errado e toma decisões. Cada um de nós tem um sistema de
valores interno que consulta (nem sempre, a julgar pela incoerência de nossas decisões...!) no
processo de fazer escolhas. Nem sempre estamos conscientes dos valores que compõem esse
sistema, mas eles estão lá, influenciado decisivamente nossas opções. Os estudiosos do assunto
geralmente agrupam as alternativas éticas de acordo com o seu princípio orientador
fundamental. As chamadas Éticas Humanísticas tomam o ser humano como seu princípio
orientador, seguindo o axioma de Protágoras, "o homem é a medida de todas as coisas". O
hedonismo, por exemplo, ensina que o certo é aquilo que é agradável.
Freqüentemente somos motivados em nossas decisões pela busca secreta do prazer. O
individualismo e o materialismo modernos são formas atuais de hedonismo. Já o utilitarismo
tem como princípio orientador o que for útil para o maior número de pessoas. O nazismo,
dizimando milhares de judeus em nomes do que é útil, demonstrou que na falta de quem
decida mais exatamente o sentido de "útil", tal princípio orientador acaba por justificar os
interesses de poderosos inescrupulosos e o egoísmo dos indivíduos. O existencialismo, por sua
vez, defende que o certo e o errado são relativos à perspectiva do indivíduo e que não existem
valores morais ou espirituais absolutos. Seu principio orientador é que o certo é ter uma
experiência, é agir - o errado é vegetar, ficar inerte. O existencialismo é o sistema ético
dominante em nossa sociedade moderna, que tende a validar eticamente atitudes tomadas com
base na experiência individual.
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7. A ÉTICA NATURAL
2. Jesus, ao vir ao mundo para ser a suprema revelação do Pai (Hb.1:1; Jo.14:8-11; 17:3-7),
igualmente nos mostrou qual a conduta que devemos ter neste mundo (Jo.17:14-23; Mt.7:24-
27; I Co.11:1; I Pe.2:21-25), ou seja, qual a ética do servo de Deus.
3. É, portanto, imperioso que o cristão tenha um comportamento diferente do que não é cristão,
pois somente o cristão genuíno está a se conduzir conforme a vontade de Deus, conforme a
regra determinada por Deus. Não é possível que alguém seja considerado verdadeiro servo de
Deus se não tiver este comportamento diferente, pois somos um povo separado e de boas obras
(I Pe.2:9; Tt. 2:11-14). É somente através deste comportamento que poderemos levar os
homens a glorificar a Deus (Mt.5:13-16)......................................................................................
4. A ética cristã, portanto, em primeiro lugar, caracteriza-se por ser um comportamento
assumido por um indivíduo que o faz exclusivamente pela fé. Sim, o cristão passa a ter um
determinado comportamento porque crê que aquele comportamento, aquelas atitudes são
agradáveis a Deus, que é o galardoador dos que O buscam (Hb. 11:6). Cremos em Deus e na
Sua Palavra e é por isso que passamos a agir conforme os Seus mandamentos. É por isso que
Paulo afirma que "tudo que não é de fé é pecado" (Rm.14:23).....................................................
5. Cumprimos a Palavra de Deus, praticamos as ações e atitudes que a Bíblia nos determina,
porque, antes, cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus e a única regra de fé e prática que deve
ser seguida. Temos a convicção, que nasce em nós por dom de Deus (Ef.2:8), pela aceitação da
ação de convencimento do Espírito Santo (Jo.16:8-11)................................................................
6. Destarte, quem não tem fé verdadeira e genuína, não pode, em absoluto, ter um
comportamento ou conduta que esteja de acordo com a Palavra de Deus, ou seja, a ética cristã
exige uma verdadeira conversão do indivíduo. É por isso que vemos com preocupação a
constatação de que a ética tem sido relegada a um plano absolutamente secundário na pregação
do evangelho nos nossos dias, tanto que o fenômeno tem sido observado até por sociólogos da
religião, como Antonio Flávio Pierucci, que o denominou de "desmoralização religiosa", algo,
aliás, que já tinha sido previsto nas Escrituras (II Pe.2:1-3)
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7. Os cristãos entendem que éticas baseadas exclusivamente no homem e na natureza são
inadequadas, já que ambos, como os temos hoje, estão profundamente afetados pelos efeitos
da entrada do pecado no mundo. A Ética Cristã, por sua vez, parte de diversos pressupostos
associados com o Cristianismo histórico. Tem como fundamento principal a existência de um
único Deus, criador dos céus e da terra. Vê o homem, não como fruto de um processo
evolutivo (o que o eximiria de responsabilidades morais), mas como criação de Deus, ao qual é
responsável moralmente. Entende que o homem pecou, afastando-se de Deus; como tal, não é
moralmente neutro, mas naturalmente inclinado a tomar decisões movido acima de tudo pela
cobiça e pelo egoísmo (por natureza, segue uma ética humanística ou naturalística). Outro
postulado é o de que Deus enviou seu Filho Jesus Cristo ao mundo para salvar o homem.
Mediante a fé em Jesus Cristo, o homem decaído é restaurado, renovado e capacitado a viver
uma vida de amor a Deus e ao próximo. À vontade de Deus para a humanidade encontra-se na
Bíblia. Ela revela os padrões morais de Deus, como encontramos nos 10 mandamentos e no
sermão do Monte. Mais que isso, ela nos revela o que Deus fez para que o homem pudesse vir
a obedecê-lo. A Ética Cristã, em resumo, é o conjunto de valores morais totais e unicamente
baseados nas Escrituras Sagradas, pelo qual o homem deve regular sua conduta nesse mundo,
diante de Deus, do próximo e de si mesmo. Não é um conjunto de regras pelas quais o homem
poderá chegar a Deus - mas é a norma de conduta pela qual poderá agradar a Deus que já o
redimiu. Por “ser baseada na revelação divina, acredita em valores morais absolutos, que é a
vontade de Deus para todos os homens, de todas as culturas e em todas as épocas”.
8. A existência de um comportamento distinto e de acordo com a Palavra de Deus foi algo que
faltou na geração do êxodo entre os filhos de Israel, tanto que foi o responsável, ao lado da
incredulidade (Hb.3:19), pelo fracasso e morte daquele povo no deserto. Deus não Se agradou
daqueles que tomaram um comportamento semelhante aos dos outros povos, que assumiram as
mesmas ações e condutas decorrentes de pensamentos humanos e rebeldes contra Deus. O
resultado de tal atitude inconseqüente foi a sua própria destruição e prostração no deserto
(1Co.10:5). Quem quer agradar ao mundo, às éticas fundadas no pecado e na rebeldia, torna-se
inimigo de Deus (Tg.4:4)...............................................................................................................
9. Sob um discurso de tolerância e de liberdade, o mundo, hodiernamente, defende a idéia do
"relativismo ético", ou seja, nega que haja padrões de comportamento válidos para todos os
homens, independentemente da época, da cultura ou da vontade de cada ser humano. Dentro
deste pensamento, não é considerado exigível dos homens qualquer conduta estabelecida "a
priori" por quem quer que seja. Deste modo, entende-se que não possa ser imposto qualquer
comportamento a qualquer homem, sendo "fanáticos" e "intolerantes" aqueles que assim não
entendem.
10. Entretanto, este tipo de pensamento é antibíblico, porquanto é mera conseqüência do
pecado do homem, da sua recusa em obedecer a Deus e à ética estabelecida pelo Criador dos
céus e da terra. Não negamos a liberdade de cada indivíduo de viver conforme a sua vontade,
pois o livre-arbítrio foi dado ao homem pelo próprio Deus e, desta forma, é igualmente
antibíblico agir de forma a negá-lo ou procurar massacrá-lo, mas não resta dúvida de que
existe uma ordem universal instituída por Deus e que esta ordem deve ser observada pelo
homem.
11. Portanto, existe, sim, uma conduta que deve ser perseguida pelo ser humano, que é a
conduta determinado por Deus, por Ele revelado em Sua Palavra, que deve ser a nossa única
regra de fé e prática. Ao contrário do que se diz no mundo, existe, sim, um padrão universal de
conduta, que independe de cultura, de época ou da vontade de cada ser humano: o padrão
bíblico, o padrão estabelecido por Deus e revelado ao homem por Sua Palavra.
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1) - O Mestre Jesus, ensinador por excelência, inicia agora seu maravilhoso discurso,
popularmente conhecido como “Sermão da Montanha”. Nunca um discurso foi tão universal.
“O Sermão da Montanha” não proferido para judeus, mas era eficaz para tantos quanto
ouvissem (Mt 7.24). Aqui, não há questões culturais. Aqui não há exteriorização. Aqui, são as
profundezas do “coração humano que são sondados”. Jesus identificou em todo esse discurso
que o primeiro alvo do evangelho genuíno é transformar o interior do homem. O resto é de
acordo com o querer do Espírito pela atuação da Palavra. O sermão do monte não é
mandamento, é ideal, alvo a ser perseguido. Sabemos perfeitamente que ser humano algum
pode alcançar tão altas exigências de amor e santidade pelo braço da carne, mas somente pelo
poder do Espírito e pela graça de Deus. Se o sermão da montanha fosse mandamento,
estaríamos em situação difícil, com certeza Jesus teria mentido quanto ao seu jugo suave e
fardo leve (Mt 11.28). Mas todos os salvos almejam e procuram viver de acordo com esta ética
do reino. Aleluias!!! Sermos súditos do Reino implica empenharmo-nos resolutamente para
viver o padrão ético de Deus para seu povo... Existe uma ética, uma legislação vigente neste
reino: A legislação vigente do reino é de uma simplicidade e de uma profundidade espiritual
muito grande. "O Teu trono, oh Deus, é para todo o sempre; cetro de equidade é o cetro do teu
reino. Amas a justiça e odeias a iniqüidade”; (Sl 45.6,7a)... Com o propósito de responder a
todas as indagações e estabelecer o padrão de conduta dos cidadãos do reino, Jesus proferiu
um discurso-chave popularmente conhecido como "Sermão do Monte". Este sermão nos
mostra que a real vida em Cristo requer a substituição de nosso padrão de justiça. Ser um
cidadão do reino independe do que temos ou fazemos, mas do que somos. É um estado
interior. “O Sermão do Monte é a base para todos os que desejam viver realmente o
Cristianismo bíblico...”.
3) - A maldade humana tem gerado nas pessoas uma total falta de caráter quando diz respeito
às coisas de Deus. Quase sempre os seres humanos estão dispostos a se tornarem bons
conhecedores das verdades bíblicas, sem, contudo, ter a intenção de se tornarem praticantes.
Ética Cristã - 19 -
4) - Jesus quer não somente a nossa fé, mas também a nossa fidelidade. Fé é crença, enquanto
fidelidade é prática da vontade de Deus. Fidelidade e obediência é a mesma coisa nesse
sentido. Essa deve ser a marca ou o ponto distinto entre os discípulos de Jesus e os escribas e
fariseus. Enquanto escribas e fariseus são excelentes professores de leis que só passam por
seus livros e intelectos, os discípulos devem se tornar “homens com o coração cheio de
verdades para a vida diária..."
5) - Por causa do "relativismo ético", é que se tem um vazio nas relações humanas, uma
perplexidade quanto aos rumos e às orientações que se devam tomar no tratamento dos
principais problemas morais, tentando o homem em vão buscar a solução para este vazio em
técnicas de auto-ajuda ou em valores como os direitos humanos. A solução para o homem está
em acolher a ética divina, constante da Palavra de Deus e exemplificada de forma ímpar na
vida e no ministério de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo..................................................
6) - Ora, Deus, após ter revelado Sua ética na Sua Palavra e no exemplo de Jesus Cristo,
constituiu um povo Seu para viver conforme a Sua vontade (Gl. 6:15,16), a saber, a Sua Igreja,
que tem um dever indeclinável sobre a face da terra, qual seja, o de pregar o evangelho, ou
seja, anunciar aos homens que existe uma salvação e que é possível a transformação da vã
maneira de viver que tem sido vivida pela humanidade (I Pe.1:18).............................
7) - Como povo de Deus, como anunciadora das boas-novas da salvação, a Igreja tem de
pregar, a todo o momento, que o homem deve assumir o comportamento exigido por Deus
deve se reconciliar com seu Criador e isto impõem a assunção de uma vida de santidade e de
agrado a Deus. É necessário que, com desenvoltura, a Igreja proclame que o mundo deve “se
arrepender e se salvar desta geração perversa" (At.2:37-40).
8) - Mas, para fazer esta proclamação, a Igreja deve se comportar como Jesus, ou seja, deve
pregar a ética divina com autoridade (Mt. 7:29), ou seja, deve ter, ela própria, uma vida tal que
faça com que todos lhe indiquem como sendo "cristã", ou seja, "parecida com
Cristo"(At.11:26), pois, caso contrário, acabará repetindo o fracasso representado pelos
escribas e fariseus (Mt.23:2-4), prestando, assim, enorme desserviço à obra de Deus, com
graves conseqüências para os que assim agirem (Mt.7:20-23; 25:31-46).
9) - O propósito da doutrina de Cristo é a mudança da vida dos cristãos, pelo que o termo não
deve subentender meros conceitos intelectuais e religiosos. E, para tanto, temos que entender
aqueles ensinos usados pelo Espírito Santo a fim de transformar almas humanas, tornando-as
semelhantes ao seu Mestre. As doutrinas dos credos religiosos tendem a estagnar a viva
energia dos ensinamentos de Cristo. Quando Ele disse: ' aprendei de mim' não estava pensando
em alguma sistematização de idéias a Seu respeito e, sim, na capacidade transformadora de
Sua doutrina e Espírito, capaz de transformar Seus discípulos. Portanto, a doutrina de Cristo
não consiste somente naquilo em que cremos. Antes, trata-se de uma maneira de viver. De
outra sorte, a fé cristã seria apenas outra filosofia e a comunidade cristã seria apenas mais uma
religião. Em outras palavras: o propósito da doutrina de Jesus não é somente para que
possamos crer em Suas palavras e na Sua pessoa, mas também devemos viver o que Ele
ensinou... “Não é o bastante crer, é necessário praticar, edificar a casa sobre a Rocha e, se
necessário, cavar fundo, lançando os alicerces com segurança...”
Ética Cristã - 20 -
10) - A Igreja é, portanto, um povo que, liberto do mal (Jo.17:15), bem como do pecado
(Jo.8:32-36), tem o devido discernimento do que é certo ou errado, do que agrada e do que não
agrada a Deus e, portanto, age com plena liberdade, pois não está mais escravizada pelo
pecado. A liberdade do cristão, entretanto, sempre é responsável e segue a padrões
estabelecidos por Deus, a Quem servimos e a Quem queremos agradar. Tudo é lícito ao
cristão, vez que não tem ele mais malícia nem maldade, mas nem tudo lhe convém (I
Co.10:23), vez que, agora, a vida que vive, vive-a em e para Cristo (Gl. 2.20)..............................
11) - O cristão somente deve praticar o que seja bom para edificação, o que seja verdadeiro,
honesto, justo, puro, amável, de boa fama e em que haja alguma virtude e algum louvor
(Fp.4:8), coisas que correspondem ao fruto do Espírito e contra o que não há lei humana que
possa querer evitar (Gl. 5:22,23).
12) - O objetivo do cristão deve ser, sempre, a glória de Deus, daí porque Jesus ter nos alertado
de que as nossas obras farão os homens glorificarem a Deus (Mt. 5:16). Aliás, foi este o
propósito de todo o ministério terreno de Cristo (Jo.17:4). Tudo o que fizermos deve redundar
na glorificação do Senhor (I Co.10:31) e isto no relacionamento com todos os homens,
indistintamente, pertençam eles a qualquer um dos três povos da terra (judeus, gentios e igreja)
(I Co.10:33).
13) - Quando se fala em escândalo ante judeus, gentios e igreja de Deus (I Co.10:33), devemos
salientar que a Palavra de Deus assim considera aqueles que, dizendo-se cristãos, não
estiverem sendo fiéis e forem apanhados em pecado, trazendo, assim, escândalo, ou seja,
perplexidade resultante da discordância entre o que é dito e pregado e o que é vivido pelo
suposto servo de Deus. Em hipótese alguma, poderemos considerar escândalo toda e qualquer
calúnia ou injúria que for levantada contra um sincero servo de Deus, como fruto da oposição
satânica a seu fiel proceder diante de Deus. Pelo contrário, antes de maldição, esta
circunstância é, segundo a Palavra de Deus, uma bem-aventurança, uma bênção, um motivo
para o regozijo do crente (Mt. 5:11, 12; I Pe.2:19-25)..................................................................
14) - Será que o nosso comportamento tem sido desta ordem no meio dos homens? Será que
nossa conduta revela que somos sal da terra e luz do mundo, ou já estamos irremediavelmente
comprometidos com os princípios, valores, crenças e comportamento mundanos? Será que
nossa conduta tem servido para a glória de Deus, ou temos sido motivos de escândalos nas
igrejas, entre os judeus ou entre os gentios? Nesta matéria de Ética Cristã nos levará de
encontro a alguns dos principais dilemas morais da humanidade nos dias de hoje e qual a
resposta bíblica, ou seja, a resposta divina a estas questões. Será que poderemos dizer que
nossa conduta é a esperada por Deus? Que Deus nos abençoe e nos faça melhorar os nossos
caminhos, para que, a cada dia, possamos nos santificar ainda mais (Ap.22:11), pois Jesus está
às portas e, no arrebatamento, somente levará para Si aqueles que forem achados fiéis (Mt.
24:45-47).
Ética Cristã - 21 -
Exercício 2
1. Onde o ser humano recebe as primeiras instruções da vida?
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2. Quais são os deveres do marido e da mulher?
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3. Pode existir uma família que não tenha problemas?
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4. Quem defende que o certo e o errado são relativos à perspectiva do indivíduo
e que não existem valores morais ou espirituais absolutos?
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5. Escreva com sua palavra: “O que a família precisa para ser bem estruturada?
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Ética Cristã - 22 -
Poderia ser facilmente asseverado que não existe unidade básica na ética que a Bíblia
prescreve e que é exemplificada nas várias eras da história bíblica. Ao tratar dessa questão
diversas observações e distinções têm de ser feitas.
(a) Precisamos admitir o fato e a simplificação de uma revelação progressiva. Deus foi
revelando Sua vontade progressivamente aos homens. Portanto, nos primeiros anos da história
da revelação, a regra de conduta não era tão plenamente revelada como o foi em períodos
posteriores. A revelação em que respeita à história deste mundo atingiu seu final no Novo
Testamento, focalizando principalmente na vinda e realização de Cristo. Temos nestes últimos
dias a plenitude da revelação e da graça de levar a revelação da vontade de Deus até sua
frutificação mais rica. Para quem tanto é requerido, mas é exigido. Isso explica porque certas
práticas dos santos do Antigo Testamento, claramente inconsistentes com a ética do Novo
Testamento, foram toleradas e não foram visitadas com penalidades religiosas ou civis durante
o período do Antigo Testamento.
(b) A prática atual dos santos não deve ser equiparada com a ética bíblica; esta última se
refere àquilo que Deus exige, e não às falhas ou realizações dos homens.
(c) A queda do homem afetou materialmente o conteúdo da ética que governa a conduta
do homem. Novas provisões foram necessárias para tratar com a situação radicalmente
diferente que foi criada. Por exemplo, por motivo do pecado e da vergonha resultante, o
vestuário seria uma instituição que não teria qualquer relevância necessária num estado
impecável (Gn. 2:25; 3:21). E as diversas sanções penais surgiram em vista da presença do
Ética Cristã - 23 -
pecado. A unidade da ética bíblica toma plena consideração das exigências criadas pelo
pecado e pela culpa.
1. O conteúdo da ética bíblica é a soma total dos informes relatórios exibido nas
Escrituras que dizem respeito ao comportamento humano. Essa soma total compreende grande
variedade. Inclui o registro dos erros cometidos, bem como a desaprovação divina contra os
mesmos, e também os mandamentos e o registro da boa prática e sua conseqüente aprovação
divina. Que há muitos lados no testemunho bíblico é, portanto, algo evidente, e até mesmo uma
exposição passageira requereria volumes para que o fizesse. Essa complexidade procede da
complexidade da vida humana e das inumeráveis variedades das situações em que os homens
podem encontrar-se. A grandiosidade da revelação bíblica é que, por sua riqueza e plenitude, ela é
adequada para cada situação em que porventura sejamos colocados. As escrituras foram
designadas para “a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Tm 3:16 e Seg.).
2. Porém, embora existisse essa variegada diversidade, torna-se igualmente claro que a
Bíblia nos prevê com um sumário daquilo que é normativo para o pensamento, a vida e o
comportamento. O testemunho bíblico, naquilo que respeita à complexidade da vida e ao vasto
alcance da obrigação divina, está organizada em torno de um âmago central de princípios éticos.
Esses são os dez mandamentos. Conforme foram promulgados no Sinai, foram a forma concreta e
prática dos princípios que não estavam recebendo pela primeira vez a sua relevância. Temos
evidência explicita de que se estava em vigor e foram sancionadas antes do Sinai (Gn 2:2,3; Êx
16:22,23; Gn 4:10-12,23,24; 6:11; 9:5,6; 26:9,10; 39:9). Visto que não começaram a ter
relevância no Sinai, semelhantemente não cessaram de ter relevância quando a economia mosaica
foi ab-rogada. Nosso Senhor mesmo, ao promulgar a lei do Seu reino, disse: “Não penseis que vim
revogar a lei ou os profetas” (MT 5:17), e no discurso subseqüente Ele indicou como isso diz respeito
ao Decálogo. Ele passou a interpretar e aplicar diversos desses mandamentos e a vindicar sua
santidade no reino que veio estabelecer (Mt 5:21-26,27,28, 33-37). Paulo, semelhantemente,
quando está tratando sobre os detalhes da obrigação do crente, ilustra a lei que o amor cumpre ao
citar cinco desses mandamentos (Rm 13:9). E Tiago caracteristicamente zeloso pelas boas obras
que são os frutos e a prova da fé, mostra-se insistente sobre a necessidade de Ter consideração
pela lei de Deus em sua inteireza, dizendo: “Pois, qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só
ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás, também ordenou: Não matarás”
(Tg 2:10,11). Nesses mandamentos temos um índice daquilo que Tiago queria dizer ao falar sobre
a lei da liberdade como critério do bem e norma de julgamento.
3. Os Dez Mandamentos dizem respeito às mais fundamentais de nossas relações,
primeiramente para com Deus, e então para com nossos semelhantes humanos. Nenhum sumário
poderia ser mais exclusivo. Enunciam as santidades básicas que governam a crença, a adoração e
a vida – a santidade do ser de Deus, de Sua adoração, de Seu nome, de Seu dia como dia de
descanso e adoração, a santidade da honra aos pais, da vida, do sexo, da propriedade, da verdade,
e do contentamento com nossa sorte. Que esses mandamentos governam o comportamento na
esfera da redenção é deixado claro desde a ocasião de sua promulgação no Sinai. Sua santidade é
destacada pelo seu prefácio: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”
(Êx 20.2). Quanto maior é a obrigação derivada da redenção da qual o Êxodo foi um mero tipo!
Ética Cristã - 25 -
‘Portanto os que estão na carne não podem agradar a Deus’ (Rm 8:8). A única esperança para
alguém realizar as existências da ética bíblica reside nas provisões da redenção, e somente
aqueles trazidos para dentro do âmbito da redenção é que são os participantes dessa provisão.
Muitos fatores estão incluídos nessa provisão. Umas poucas delas exigem atenção particular.
2. È a relação que o crente sustenta para com a morte e a ressurreição de Cristo que
assegura a novidade de vida que a ética bíblica exige. O crente morreu com Cristo e
ressuscitou com Ele para novidade de vida (Rm 6:1-10; 2 Co 5:14,15; Ef 2:1-7; Cl 3:1-4; 1 Pe
4:1- 4). Há um rompimento definitivo com o pecado, em sua contaminação e poder, envolvido
nessa união, e também há uma entrega definitiva à justiça e à santidade (Rm 6:14-18). Porém,
a virtude derivada da morte e da ressurreição de Cristo é permanente; reside em Cristo com
quem os crentes estão unidos. È essa virtude, que emana de Cristo na qualidade de ressurreto e
assunto Senhor, que é o poder contínuo que faz a exigência ética produzir fruto. A
comunicação permanente com Cristo e a comunicação com Ele são as garantias de desejar e
fazer as coisas de acordo com a boa vontade de Deus.
3. A ressurreição de Cristo está intimamente relacionada com a obra do Espírito Santo (Jo
14:16, 17, 26; 15:26; 16:7; At 2:32,33). Cristo, mediante a ressurreição, é feito Espírito
vivificador (1 Co 15:45), e Ele é o Senhor do Espírito (2 Co 3:18). O poder da ética bíblica é,
por conseguinte, o próprio Espírito Santo na qualidade de Espírito de Cristo. A novidade de
vida que é conforme o padrão da ressurreição de Jesus é a ‘novidade de espírito’ (Rm 7:6). Os
filhos de Deus são conduzidos pelo Espírito (Rm 8:14), andam pelo Espírito (Gl 5:16, 17, 25),
suas virtudes são o fruto do Espírito (Gl 5:22-24), o amor que é o cumprimento da lei é o
amor do Espírito (Rm 15:30) . O crente é controlado pelo Espírito que nele habita (1 Co 2:15),
e visto que o Espírito da verdade (Jo 14:17; 1 Jo 5:6) e do amor, sua presença permanente traz
a verdade até à realização e o amor até seu exercício eficaz.
4. Assim como a iluminação, a orientação e o poder do Espírito Santo são trazidos à
consciência do crente, nenhuma reação afeta o comportamento ético de modo mais profundo
do que o temor de Deus. O mandamento de amar ao Senhor de todo o coração e alma e mente,
é o primeiro e maior mandamento (Mt 22:37,38). È o primeiro e é o maior porque Deus é
Grande. E nessa grandeza de Deus é a Sua majestade, refletida na consciência humana em
forma de respeito referente. Esse temor de Deus é o coração da piedade, e consiste na profunda
apreensão de Sua majestade, o senso de Sua presença toda-penetrante, e a constante
consciência do fato que, em cada detalhe da vida, Sua boa vontade deve ser nossa principal
preocupação. Essa é a força constrangedora, e o amor é mero sentimento exceto quando é
condicionado pelo senso da grandeza de Deus. O amor precisa ser informado pela verdade, e o
temor de Deus é o começo do conhecimento e da sabedoria (Sl 111:10; Pv 1:7; 9:10).
Quanto à ética que as Escrituras exigem e aprovam, a fé em Deus é sua fonte, o amor a
Deus é seu motivo impelidor, a lei de Deus é o princípio orientador, e a glória de Deus é seu
alvo dominante. Esses, em resumo, são os critérios, e se interpenetram mutuamente.
Ética Cristã - 28 -
Exercício 3
1. Onde está escrito:
“O temor do Senhor é o principio da sabedoria, mas os loucos
desprezam a sabedoria e o ensino”
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2. Qual é o maior e o primeiro mandamento?
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3. Onde está escrito:
“Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens”.
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4. Onde está escrito: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”
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5. Escreva com suas palavras: “Por que o Cristão precisa da Ética Cristã”?
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Ética Cristã - 31 -
“Venerado seja entre todos o matrimonio e o leito sem mácula... “ (Heb. 13.4).
1. O Casamento. Do ponto de vista divino, o casamento foi e é uma instituição divina.
Isso se deu, conforme está dito, logo no inicio da Bíblia (Gên. 1.27,28; 2.18-24). Do ponto de
vista social, porém, o casamento é praticado em todas as sociedades; o individuo é responsável
perante o seu grupo social.
Em geral, a família constitui o agente de uma comunidade mais ampla, e através dela
tende à regular-se o comportamento do indivíduo. O matrimônio é uma das formas de
comportamento que propende a ser muito cuidadosamente regulamentada em todas as
sociedades, visto que envolve a criação de laços íntimos, não só entre os indivíduos que se
casam, mas também entre as suas famílias.
No casamento se estabelece o parentesco entre dois grupos, e não apenas entre dois
indivíduos.
2. As Formas de Casamento. O casamento torna o casal membro de uma família
elementar diferente daquela em que nasceu. Assim, em cada sociedade, um adulto moral
pertence a duas famílias nucleares: a de Orientação (onde nasceu) e a de Procriação (que
constituiu).
Na primeira, ele é filho e irmão; na segunda, marido e pai. A família, portanto, em geral,
é considerado o fundamento básico e universal das sociedades, por se encontrar em todos os
agrupamentos humanos, embora variem as estruturas e o funcionamento.
De modo geral, é o casamento que estabelece os fundamentos legais da família, mas pode
haver famílias sem casamento, mas isso no contexto social e divino é ilegal. As sociedades, de
modo geral, estabelecem certas regras para o casamento, permitindo ou restringindo outras,
tais como:
a) Endogamia. Essa forma de casamento atinge um pouco mais de 10% das culturas
mundiais. O exemplo mais típico de endogamia encontra-se nas costas da Índia.
Endogamia (endo, dentro; gamo: casamento) significa a regra de casamento que obriga o
individuo a escolher seu cônjuge dentro do mesmo grupo, local, ou de parentesco, de status,
étnicos, etc.
b) Exogamia. Essa forma de casamento é o universo da outra. Isto é, da Endogamia.
Exogamia, que significa “fora” de “gamo” = casamento, quer dizer regra social que exige o
casamento de uma pessoa com outra fora do grupo a que pertence (local, de parentesco, de
status ou qualquer gênero). A exogamia é bastante aceita entre índios da América do Norte (83
%), e entre as populações mediterrâneas (34%).
c) Pré-marital. A maior proporção dos que aceitam essa forma de união encontra-se na
área do Pacífico (75%); e uma parte das sociedades mediterrâneas e adjacentes (41%).
Das 863 sociedades constantes do “Atlas Etnográficos”, afirma que 67 % das sociedades
aceitam este tipo de comportamento, sendo, porém, restrito nos meios religiosos.
d) Monogamia. A monogamia consiste no casamento de um homem ou mulher com
apenas um cônjuge, como ocorre na sociedade ocidental. Conseqüentemente, essa foi e é a
forma estabelecida por nosso Senhor Jesus Cristo (Mat. 19.2-9).
e) Poligamia. A poligamia refere-se ao casamento do homem ou da mulher com dois
cônjuges. Essa prática é bastante aceita no Oriente Médio; especialmente no Egito.
Ética Cristã - 32 -
16. O DIVÓRCIO À LUZ DA BÍBLIA
Não somente o Novo Testamento, como toda Bíblia está repleta de exemplos éticos,
tendo em vista que ela é um manual de todas as éticas. Procuraremos demonstrar apenas três
exemplos de ética no Novo Testamento, mas devemos procurar outros exemplos éticos em
toda Bíblia, afinal ela é nosso manual por excelência.
a) O exemplo de Zaqueu – A confissão genuína do pecado e a verdadeira fé, que produz
salvação em Cristo resultam na transformação da conduta externa da pessoa (Rm 10.9).
Zaqueu demonstrou arrependimento e conversão com uma atitude espontânea de restituir e
repartir os bens. A presença de Cristo em sua vida o transformou em um homem ético com
exemplos práticos de uma nova vida (Lc 19.8).
b) O exemplo de Paulo a Filemom – Paulo escreveu esta “carta da prisão” (Fm 1.9) a um
homem chamado Filemom, mais provavelmente durante sua primeira prisão em Roma.
Filemom era um Senhor de escravos (Fm 1.16) e membro da Igreja de Colossos. Onésimo era
um escravo de Filemom que fugira para Roma; Ali, teve contato com Paulo e entregou sua
vida a Jesus. Paulo dentro da Ética devolve a Filemom o seu escravo Onésimo com uma carta
de intercessão. Certamente Onésimo seria muito útil a Paulo na prisão, mas não era ético ficar
com ele.
c) A cobrança de uma postura Ética – A Bíblia mostra Ananias e Safira que
combinaram vender uma propriedade e entregar parte do valor como se fosse o todo (At 5.2).
Seu verdadeiro objetivo era obter prestígio e mentiram diante da Igreja a respeito de suas
contribuições (At 5.3). Deus considerou um delito grave contra o Espírito Santo disciplinando-
os com a morte (At 5.5). Já pensou se todos os crentes infiéis morressem iguais a Ananias e
Safira? (At 5.10). Que tragédia! As mortes de Ananias e Safira ficaram como exemplos
perpétuos da atitude de Deus para com qualquer coração enganoso entre aqueles que
professam ser cristãos (At 5.11).
* O conceito da Ética Cristã sobrepuja todos os demais conceitos, pelo fato de ser
embasado na Bíblia. Somente o cristianismo puro reúne as condições necessárias para a
moralidade. E só ele pode estimular uma vida salutar do ponto de vista ético ideal. Mas
precisamos adotar os preceitos divinos. Portanto, sejamos éticos em nossa maneira de viver.
Amém!
Ética Cristã - 36 -
Exercício 4
1. O que é Poligamia?
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2. O que é Monogamia?
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3. O que é o matrimonio?
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4. Quais são as pessoas mais vulneráveis ao câncer?
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5. Escreva com sua palavras:
“Por que o Cristão não pode casa-se com uma pessoa que não é crente”?
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Bibliografia
ATENÇÃO!
Fica proibida a reprodução total ou parcial desta
obra sem prévia autorização por escrito do autor.
“Todos os direitos reservados”.
Lei Federal 5088 de 14 de dezembro de 1973.
Ética Cristã - 38 -
Registro Nº.............................................. Professor.................................................................................
Aluno (a):..........................................................................................................................................................data.........../............../..............
(Marque um X na alternativa correta)
1. Quem disse: “Creio que a Bíblia é o melhor presente que Deus já deu ao homem”.
Daniel Berg
Abraan Lincoln
Um erudito judeu
2. Quem disse: “A Bíblia sempre foi, e indubitavelmente continuará sendo, o livro básico para o estudo da Ética Cristã”.
Abraan Lincoln
Um erudito judeu
O professor H. Richard Nieburhr
3. Foi um filósofo extremamente preocupado com os problemas éticos:
Sócrates
Jean Paul Sartre
Nicolau Maquiavel
4. O que fala mais em favor do cristianismo do que todos os sermões que se possam pregar?
A Ética cristã
A Ética natural
Uma família bem ordenada, bem disciplinada
5. O que afetou materialmente o conteúdo da Ética que governa a conduta do homem?
A queda do homem
As decisões da ONU
A falta da Ética natural
6. O mandamento de amar ao Senhor de todo o coração e alma e mente, é o:
Mandamento Ético
Mandamento da Ética natural
Primeiro e maior mandamento
7. A onde está escrito: “Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens”.
Em Efésios
Em Romanos
Em 2 Coríntios
8. O jugo desigual para o casamento com os incrédulos deve ser completamente:
Aceito
Obedecido
Descartado
9. Qual é a porcentagem que os estudos revelam que dos filhos de pais divorciados são vitimas de um sentimento agudo de
choque quando a separação ocorre?
10%
30%
90%
10. Quando que os valores éticos ressurgem na família cristã?
Quando há prioridade para a “Televisão e novelas”
Quando há prioridade para a “Palavra e brincadeiras”
Quando há prioridade para a “Palavra e a Oração”
Observação: Só existe uma alternativa correta em cada questão, e cada questão vale 1 Ponto.