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Ética Cristã -1-

Ética Cristã -2-

Índice

1. A Bíblia, o Manual da Ética Cristã...................................................................3


2. O que é Ética Cristã.......................................................................................................................6
3. Histórias dos Filósofos na Ética..................................................................................9
4. A Ética Cristã na Família....................................................................................................11
5. Diferencias Entre a Ética Cristã e a Ética do Mundo...14
6. Diferença Entre a Ética Secular e a Ética Cristã..................15
7. A Ética Natural....................................................................................................................................16
8. O Ensino de Jesus Sobre a Ética Cristã....................................................18
9. A Unidade da Ética Cristã............................................................................................22
10. Conteúdo da Ética Cristã................................................................................................24
11. O Motivo da Ética Cristã..................................................................................................25
12. O Princípio da Ética Cristã..........................................................................................26
13. O Poder da Ética Cristã......................................................................................................27
14. A Ética Cristã nos Relacionamentos..........................................................28
15. A Ética Cristã no Casamento...................................................................................29
16. O Divórcio à Luz da Bíblia............................................................................................31
17. A Ética Cristã nos Dias Atuais..............................................................................34
Bibliografia.....................................................................................................................................................37
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1. A BÍBLIA, O MANUAL DA ÉTICA CRISTÃ

"Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para [ensinar], para [redargüir], para
[corrigir], para [instruir em justiça]; para que o [homem de Deus seja perfeito],
e perfeitamente [instruído] para toda a boa obra" (II Tm. 3.16,17).

A popularidade da Bíblia, a faz ser o livro mais lido do planeta. E temos a satisfação de
incluí-la nesta série de lições como o livro-texto, pois ela é o único manual do crente na vida
cristã e no trabalho do Senhor. O crente foi salvo para servir ao Senhor (1 Ts 1.8,9; Ef 2.10).
Sendo a Bíblia o livro-texto do cristão, é importante que este a manuseie bem para o eficiente
desempenho de sua missão (2 Tm 2.15). Um bom profissional sabe empregar bem as
ferramentas de seus ofícios. Essa eficiência não vem de forma automática; mas pelo estudo e
pela prática.

1. A bíblia como Manual de Todas as Gerações

A Bíblia como manual de Ética está explicita em 1 Pd 3.15; 2 Tm 2.15; Is 34.16; Sl


119.130. Isto nos conduz a dois pontos de suma importância: Por que devemos estudar a Bíblia
e como devemos estudá-la? Segundo o professor H. Richard Nieburhr, a Bíblia sempre foi, e
indubitavelmente continuará sendo, o livro básico para o estudo da Ética Cristã. Devemos lê-la
a fim de adquirir sabedoria, praticá-la para sermos santos e acreditar para sermos salvos.
a) Uma manual para geração passada – A palavra de Deus tem sido um ponto de
equilíbrio para a humanidade, principalmente para seu povo (Dt 30.14). A ética do Antigo
Testamento interessava-se com o modo de vida que a antiga aliança prescrevia a aprovava (Êx
20). Para o hebreu, a Ética (costumes) não era um conceito abstrato, mas concreto e sempre
relacionado com a disciplina, o ensino e o modo de vida do individuo.
b) Um manual para geração presente – A Bíblia elabora uma série de “ais” para aqueles
que a desprezam (Lc 10.13; 11.44; 17.1). A geração do presente século precisa entender que a
Bíblia alimenta a alma (Mt 4.4; Jr 15.16; 1 Pe 2.1,2). O estudo da Palavra de Deus traz
nutrição e crescimento espiritual. O texto de 1 Pedro 2.2, fala do intenso apetite do recém-
nascido, relacionando-o com o nosso desejo pela Palavra de Deus. Bom apetite pela Bíblia é
sinal de saúde espiritual.
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c) Um manual para gerações futuras – Assim como a Palavras de Deus mudou a vida de
muita gente, com provas riquíssimas descritas pela história, temos argumentos para dizer que
continuará mudando vidas nas gerações futuras. Abraan Lincoln disse: “Creio que a Bíblia é o
melhor presente que Deus já deu ao homem”. Todo o bem, da parte do salvador mundo, nos é
transmitido mediante este livro. As gerações futuras terão que se basearem na Bíblia pelo fato
de ser um livro profético e sempre atual (Sl 119.111).
2. A Bíblia e sua Influencia Ética
É impressionante a mudança que a Palavra de Deus gera na vida das pessoas (1 Pe 1.3,4).
Nós mesmos, certamente, temos um relato positivo da influencia que a Bíblia teve e continua
tendo em nossas vidas (Pv 2.1-5). A Bíblia, no decorrer dos séculos foi perseguida por homens
ímpios, que caíram; foi rejeitada por nações, que fracassaram; foi vilipendiada por homens
como Antíoco (198 a.C) ou Voltaire (1694-1778), e tiveram um fim trágico. Contudo, ela vive
porque seu autor vive, e é o livro mais divulgado e lido no mundo (Mc 13.31).
a) Na vida de reis e príncipes – Muitos reis e príncipes foram beneficiados pela Palavra
de Deus (Pv 3.13-16). Os vários desvios da nação de Israel surgiram em conseqüência da
ignorância da Palavra (2 Cr 36.16). Por outro lado, quando o rei buscava ao Senhor e voltava-
se para a Palavra, a nação prosperava (2 Cr 26.5). Essa é uma constante na História de Israel:
“queda e levantamento”. Na época dos juízes, temos vários relatos das conseqüências
desastrosas da desobediência de Israel (Jz 21.25). Josué recebeu sérias recomendações para
observar os preceitos Lei do Senhor (Js 1.7,8). Sua obediência lhe valeu o sucesso.
b) Nos tempos de Esdras – Conforme o plano de Deus, Zorobabel conduziu um grupo de
remanescentes judeus exilados de volta à Palestina. Ali, o Senhor encarregava Esdras, o
sacerdote para promover a maior reconstrução espiritual: o retorno à Bíblia (Ne 8). Esse
capítulo descreve um dos maiores avivamentos da história. A Palavra de Deus remodelou seu
povo e gerou em seus corações uma grande fome espiritual, mudando suas atitudes
pecaminosas renovando suas forças (Ne 8.5-6,10).
c) Na vida dos profetas – Os profetas eram movidos pela Palavra resultante da inspiração
divina. A inspiração, de acordo com 2 Pedro 1.21 é a tradução do termo grego: “Feromenoi”
com o sentido de mover e suportar, ou ser dirigido segundo a vontade de outrem. A Palavra era
usada também para suportar, transmitir ou anunciar uma proclamação divina e pode ter o
sentido de “produzir”.
3. A Bíblia Como Manual de Ensino Ético
O ministério do ensino se expõe de maneira incisiva e clara nas Escrituras (Êx 18.20; Lc
19.47). O propósito e os métodos deste ministério podem ser vistos tanto no Antigo como no
Novo Testamento. Jesus, disse: “A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou” (Jo 7.16).
Esta declaração veio dos lábios do próprio Jesus, revelando o propósito da Palavra como
manual de ensino.
a) Nos tempos da Lei – O Antigo Testamento, não tenta ensinar apenas para desenvolver
o intelecto, mas comunicar; ensinar a viver de acordo com suas crenças e de acordo com suas
necessidades éticas (Êx 20.1-17; 21.1-16). O conceito que se tem a simples vista do ensino do
Antigo Testamento, é que apenas os israelitas tinham que aprender longos relatos de seus
antepassados e históricos de suas experiências na trajetória até a terra de Canaã (Dt 4.1).
Porém se olharmos para o conceito que se tinha do ensino e do aprendizado veremos que isto
vai muito além do que sabemos.
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b) No Novo Testamento – A palavra “Didasko” é geralmente usada quando se trata de
instrução verbal, no entanto, também pode ser usada para dizer: “Mostra-nos”. Outras vezes
esta palavra tem duplo sentido: “fazer e ensinar” (Mt 5.19; At 1.1). Também pode ser
traduzida como se instruir mutuamente (Cl 3.16). Entretanto, a palavra “Paideúco”, dá idéia
de educar uma criança (At 7.22; 22.3). Também aplicam neste ensino, disciplina e correção (1
Co 11.21; 1 Tm 1.20; Tt. 2.12).
c) Na atualidade – Na atualidade, pela graça de Deus, temos métodos diversificados de
ensino bíblico. O Espírito de Deus tem despertado vidas para darem ênfase a esse ensino.
Historicamente, na Idade Média, houve algumas barreiras religiosas por parte da Igreja
Católica e algumas ideologias amedrontadoras àqueles que liam a Bíblia: “Dizia-se que quem
lesse a Bíblia ficava doido”. Felizmente, houve um despertamento progressivo desde que Deus
levantou Lutero, o reformador, para devolver a Bíblia às nações.

4. Razões por que Devemos Estudar A Bíblia

Compreender a origem, propósito e alcance da Bíblia são condições indispensáveis a


todos quantos buscam compreender a boa, santa e agradável vontade de Deus, a fim de
estarem habilitados para toda boa obra (2 Tm 2.15). Assim como o corpo físico necessita de
alimentos e proteínas, também, o nosso espírito necessita de alimento espiritual e esse
alimento é o estudo pessoal da Palavra de Deus (Sl 1.1-3). Seria interessante fazer uma auto-
avaliação e verificar quanto tempo do dia, estamos dedicando ao estudo pessoal da Palavra de
Deus. Jesus, disse: “Nenhuma hora pudeste velar comigo?” (Mt 26.40).
a) Devemos estudá-la porque é o nosso manual – A Bíblia é o único manual do crente
na vida cristã e no trabalho do Senhor (2 Tm 4.13), pois fomos salvos para servi-lo (Sl 100.2;
Ef 2.10). Sendo a Bíblia o livro-texto do cristão, é de capital importância maneja-la bem para
que haja um eficiente desempenho na missão pessoal de cada crente (2 Tm 2.15).
b) Devemos estudá-la porque é o instrumento que o Espírito Santo usa – A Bíblia é o
instrumento do Espírito Santo (Ef 6.17). Se em nós houver abundância da Palavra de Deus, o
Espírito terá o instrumento com que operar (Cl 3.16). É preciso, pois sempre meditar nela (Sl
1.2; Js 1.8) e deixar que ela domine todas as esferas de nossas vidas, nosso pensamento, nosso
coração e assim molde todo nosso viver diário (Fp 4.8).
c) Devemos estudá-la porque enriquece, espiritualmente, a vida do cristão – Essas
riquezas vêm pela revelação do Espírito (Ef 1.17). O leitor que procurar entender a Bíblia
somente através do intelecto, muito cedo desistirá da tentativa. Só o Espírito de Deus conhece
as coisas de Deus (1 Co 2.10). Um renomado expositor cristão afirma que há 32.000
promessas na Bíblia toda! Entre as riquezas derivadas da Bíblia está a formação do caráter
ideal, bem como a formação da vida cristã (1 Tm 4.12).
Podemos reiterar que a Bíblia é o maior manual de Ética de todos os tempos. Nenhum
outro texto irá superá-la, pois é a Palavra de nosso Deus, a revelação de Deus à humanidade.
Tudo que Deus quer à humanidade. Tudo que Deus quer para o homem ou requer do homem e
que o homem precisa saber espiritualmente da parte de Deus, quanto à sua redenção, conduta
cristã e felicidade eterna estão reveladas na Bíblia. Deus não tem outra revelação além do livro
divino. O Autor da Bíblia é Deus, seu real interprete é o Espírito Santo, e o tema central é o
Senhor Jesus.
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2. O QUE É ÉTICA CRISTÃ?

O que é Ética

Ética Cristã

Ao escolher a ética cristã como tema, estaremos tratando de uma questão que tem
atormentado o mundo atual, de norte a sul do planeta, em todos os campos da vida humana.

Seja na política, seja nas artes, seja na ciência, seja na economia, todos os povos estão
observando um clamor, uma exigência por padrões de ética. Cada vez um maior número de
pessoas está a exigir dos líderes, dos cientistas, dos empresários, dos trabalhadores, enfim, de
todos os segmentos da população, que haja uma atitude ética nos relacionamentos humanos.

Quando falamos sobre Ética, não estamos alheios ao assunto, pois, temos ouvido esta
palavra quase que quotidianamente nesses tempos de tantas cobranças. A cobrança de posturas
éticas vem da parte da sociedade em todos os sentidos. Parece que há um clamor pela ética,
entretanto, esse clamor revela ausência dessa virtude tão necessária para todas as épocas. O
clamor do mundo mostra que a Igreja deve encarar o tema com bastante seriedade.

1. Os Diversos Conceitos Sobre Ética


Ao analisar o tema, verifica-se que é muito abrangente, pois a ética é exigida em todas as
ciências e profissões. Temos muitas definições sobre o assunto; entre elas: “Ética é a parte da
filosofia e da teologia, também chamada moral”. O objetivo da Ética como ciência é aprimorar
o conhecimento das leis e ideais da verdade moral e ainda as regras idôneas para governar com
acerto a própria vida.
a) O conceito filósofo – Como conceito, a filosofia moral é investigação cientifica de
julgamentos morais. Dentro deste parecer filosófico a definição mais expressiva é: “A Ética é a
conduta ideal do indivíduo”. Segundo a definição de Aristóteles, todas as instituições humanas
são ramos da Ética porque todas têm alguma coisa a ver com a atuação do homem dentro da
sociedade.
b) O conceito político – Estamos vivendo momentos de cobranças Éticas em todos os
sentidos, principalmente no meio político. Esta ausência gera o descrédito da população em
relação á postura profissional dos políticos. Um governo não pode exibir uma Ética apenas
empírica; pois os padrões éticos são pré-determinados pela mente divina; portanto, devem ser
progressivos e sistemáticos.
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c) O conceito bíblico – Que pode a moral bíblica obter da Ética filosófica? Uma
resposta óbvia é que a Bíblia fornece-nos um vasto repertório de material ético em diferentes
formas literárias e de diferentes contextos históricos e culturais. Temos um sumário nos Dez
Mandamentos, uma casuística aplicação de caso no Código Mosaico, sabedoria em epigramas
nos Provérbios, reflexões sobre o significado da vida e valores no livro de Eclesiastes,
pregação de justiça social nos profetas. Sermões dirigidos aos homens nos Evangelhos e
afirmações sistemáticas nas epistolas de Paulo. Um homem que estuda a Bíblia,
conseqüentemente é envolvido pelos preceitos éticos nela prescritos (2. Tm 3.14,15).

2. Ética, Bíblica – O termo ético se deriva do vocábulo grego ethos. A


palavra“maneiras” é usada para denotar conduta ou prática; esse uso corresponde ao
significado do termo grego em 1 Co. 15:33, “bons costumes” (ethe cresta). A ética se refere,
portanto, a maneira de vida ou de conduta. No Novo Testamento o termo usado para denotar a
maneira de vida é, mais caracteristicamente, anástrofe (conduta), e seu verbo correspondente
(2 Pd. 3.11) A ética bíblica diz respeito à maneira de vida que a Bíblia prescreve e aprova. De
conformidade maneiras nunca podem ser desassociadas em comportamento observável. A
ética que é requerida pela Bíblia diz respeito ao coração do homem, porque dele procedem às
fontes da vida e como imagina em sua alma, assim ele é (Pv 4.23; 23.7; Mc 7.1821; Lc 16.15;
Hb 4.12). Os mandamentos de Deus são freqüentemente vasados em termos da ação externa
requerida ou proibida. Porém, não devemos supor que esses mandamentos dizem respeito
meramente às ações (Mt 5.28; Rm 13.9,10).

3. Este clamor por ética reflete o grande vazio espiritual que tem sido vivido pela
humanidade, pois a discussão sobre a falta de ética que hoje se verifica em todos os setores da
vida humana, nada mais é que uma universal constatação de que os homens perderam o rumo,
o norte, que andam de um lado para outro, como ovelhas desgarradas que não têm pastor (Mt.
9:36), exatamente porque se recusaram a seguir a Deus e a observar os Seus mandamentos.

4. Com efeito, quando se fala em ética, fala-se em "conduta ideal do indivíduo". A ética
é o conjunto de padrões, de condutas, de atitudes que devem ser observados pelos indivíduos.
Toda atividade humana tem um padrão a ser observado, tem a sua ética. A discussão a respeito
de como deve o homem se comportar é algo que vem sendo efetuado desde os primórdios da
civilização humana, pois Deus fez o homem como um ser moral, ou seja, como um ser
responsável, que tem consciência do que deve, ou não, fazer, porque e para que deve agir num
determinado sentido. Tanto assim é que, logo após ser colocado no jardim do Éden, por Deus,
o primeiro casal recebeu logo uma determinação de Deus: “De toda a árvore do jardim, comerás
livremente; mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás, porque, no dia em que dela comeres,
certamente, morrerás”. (Gn.2:16,17). Como se percebe, portanto, o homem foi feito um ser
eminentemente moral, ou seja, um ser ético (pois a palavra "mos, moris” em latim nada mais é
que a tradução da palavra grega "ethos") e, desde então, a história da humanidade tem refletido
este embate entre o comportamento exigido por Deus e o comportamento que o homem
escolhe, dentro de seu livre-arbítrio, para si, independentemente da vontade humana. O
resultado da desobediência do homem e da sua tentativa de construir para si padrões de
conduta alheios à vontade de Deus resultou nos grandes dilemas que hoje, como em nenhum
outro momento da história humana, vivemos nesta "grande aldeia global" em que se tornou o
nosso planeta, dilemas estes que, não raro, abalam a fé de muitos servos de Deus que, à revelia
da própria Palavra de Deus, acabam cedendo a padrões, princípios e procedimentos que são
radicalmente contrários à vontade do Senhor. O homem, imerso no pecado (Rm 3:9-12,23),
separado de Deus (Is. 59:2), cegado pelo deus deste século (II Co.4:4), não pode ter senão
comportamentos e condutas que desagradam a Deus, estabelecendo-se, pela arrogância dos
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homens, um relativismo ético, ou seja, um conjunto de condutas e de regras de comportamento
que se alteram conforme a conveniência e de acordo com as circunstâncias, a gerar uma
tolerância ilimitada, um verdadeiro caminho largo, em que tudo é permitido (Mt.7:13). O
resultado disto é o surgimento de um vazio espiritual, de uma falta de orientação e de
princípios, que deixa a humanidade perdida e sem qualquer direção, com funestas
conseqüências, como as que temos visto nos nossos dias e que estão levando à indignação e a
este clamor por uma ética mínima nos relacionamentos humanos.

5. Busca o homem uma referência, uma base, um fundamento, esquecido que somente
um é absoluto neste universo, somente um tem o direito de impor uma conduta a todos os
homens, que é o nosso Deus, o Criador dos céus e da terra, o Soberano Senhor.

6. Nesta busca pela ética, que nada mais é que uma sede de Deus deve a Igreja
corajosamente, como agência do reino de Deus, clamar ao mundo que a ética tão desejada, que
a conduta ideal tão almejada, não se encontra nos direitos humanos, na busca e maior justiça
nas relações socioeconômicas, mas nAquele (Deus) que, desde a criação do homem, tem
querido determinar como devemos proceder. Em Deus se encontra a verdadeira ética e,
portanto, para os diversos dilemas morais vividos pelo homem, existe uma única resposta: a
Palavra de Deus. Que neste assunto, possamos observar a resposta divina aos diversos e
relevantes problemas morais vividos pela humanidade e que não só nos adequamos às
exigências bíblicas em nossa conduta (o que é o primeiro passo para quem quer servir a Deus),
como também contribuamos para a conversão das almas que, sem orientação e perdidas,
andam de um lado para outro como ovelhas desgarradas sem ter pastor, lembrando-se de que,
se somos, verdadeiramente, servos do Senhor, devemos ter o Seu mesmo sentimento ao ver
estas multidões desorientadas (Fp. 2:5), a saber: grande compaixão (Mt.9:36).
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3. A HISTÓRIA DOS FILÓSOFOS NA ÉTICA

1) - Aristóteles – “Filósofo grego” (384-322 a.C.) - Nasceu em Estagira, na Macedônia, filho


de Nicômaco, médico do rei. Com 18 anos, ingressou na Academia de Platão e ali estudou
cerca de 20 anos. Foi considerado o mais brilhante aluno de Platão. Com a morte de Platão,
Aristóteles abandonou Atenas e se tornou o tutor de Alexandre, o Grande. Regressou a Atenas
em 335 a.C. e fundou a Escola Peripatética. Suas idéias filosóficas tiveram grande influência,
inclusive na teologia, visto que são aristotélicas as idéias de muitos teólogos da Idade Média,
em especial, Tomás de Aquino.

2) - Jean Paul Sartre – “Filósofo francês” (1905-1980) - Nascido em Paris, na França,


estudou na École Normale Supérieure e na Universidade de Freiburgo. Foi prisioneiro de
guerra na Segunda Guerra Mundial e membro da resistência subterrânea francesa. Considerado
o principal filósofo existencialista da França, defendendo o ateísmo e a incondicional liberdade
do homem.

3) - Nicolau Maquiavel - (Niccolò Machiavelli) – “Filósofo político italiano” (1469-1527) -


Nascido em Florença, na Itália. Suas obras revelam uma teoria de conquista e conservação do
poder político sem quaisquer conotações morais, baseadas no oportunismo e no pragmatismo.
É considerado o pai da ciência política moderna. Deu origem ao adjetivo "maquiavélico", que
é, precisamente, a qualidade que descreve a conduta ou o comportamento oportunista, sem
qualquer moralidade.

4) - Platão – “Filósofo grego” (428-347 a.C.) - Nasceu em Atenas, na Grécia. Considerado um


dos maiores filósofos de todos os tempos, foi o maior estudante de Sócrates e o mestre de
Aristóteles. Com quarenta anos, deu início à sua própria Academia, após ter voltado de
Siracusa, para onde fora após a morte de Sócrates. Suas idéias filosóficas tiveram grande
influência, inclusive na teologia, visto que são platônicas as idéias de muitos teólogos cristãos,
a começar de Agostinho.

5) - Sócrates – “Filósofo grego” (469-399 a.C.) - Nasceu em Atenas, na Grécia. Considerado o


primeiro filósofo da "filosofia grega clássica". Foi um filósofo extremamente preocupado com
os problemas éticos. Não deixou obras escritas, sendo que seu pensamento foi conhecido
através das obras de seu principal discípulo, Platão.
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Exercício 1

1. Quais são as razões por que devemos estudar a Bíblia?


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2. O que significa na língua grega a palavra “Ética”?
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3. Qual foi o filósofo que foi considerado o pai da ciência política moderna?
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4. Quem foi o primeiro aluno de Sócrates?
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5. Quem foi Sócrates?
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4. A ÉTICA CRISTÃ NA FAMÍLIA

Apesar dos conselhos expostos na Palavra de Deus, é público e notório que a família,
indistintamente, passa por uma das piores crises, desde o seu estabelecimento por Deus no
Éden. Ignorar esta realidade é dar as costas às evidências. Por todos os meios disponíveis, as
forças venenosas do mal têm combatido esta sagrada instituição com o fim de prejudicar o
plano divino para humanidade. Entre os elementos da sociedade, a família é o mais importante,
porque nela, o individuo recebe as primeiras instruções para o cumprimento da missão neste
mundo. Assim sendo toda base Ética para vida recebe-se da família.
1. A Origem da Família
Um dos princípios básicos que temos é que a família, célula materna da sociedade, é
instituição divina (Gn 2.23,24). “Família é uma reunião de pessoas unidas pelo sangue
formando uma pequena sociedade, base da sociedade universal. É a primeira ponte colocada
por Deus entre o individuo e a sociedade”. Qualquer conceituação sobre família que não esteja
alicerçada numa origem divina desloca o seu foco do aspecto mais importante, que é o
espiritual (1 Pe 3.1-7).
a) Foi Deus quem constituiu a primeira família – Mais do que criar o homem e a
mulher (Gn 1.27), Deus o fez um para o outro, e isto, a partir da necessidade de achar
companhia para o homem: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18). Neste processo,
vamos perceber que, após formar a mulher, Deus apresenta a Adão como sua companheira: “e
trouxe-a a Adão” (Gn 2.22). Aqui está a ação divina em prol da família. Todo casal que
pretender constituir uma família vitoriosa precisa seguir este modelo, ou seja, ter participação
de Deus (Sl 128.1).
b) Parceira, o sistema de convivência do casal – Vivemos numa sociedade
masculinizada e machista, onde tendenciosamente o homem tem maltratado, explorado e
humilhado as mulheres. Isto nunca fez parte de projeto de Deus para a família. O próprio fato
de Deus ter tomado uma costela do homem para dela formar uma mulher (Gn 2.2), se por um
lado revela que a hierarquia divina prevê uma liderança do homem (Ef 5.22-33), por outro
demonstra que o objetivo primordial é o bem comum.
c) O roteiro de Deus para a formação da família – Os três verbos empregados em
Gênesis 2.24: deixar, unir; e tornar-se, nos fornece os passos para a constituição da família
conforme os planos de Deus. Os jovens precisam deixar os pais para formarem o seu lar. A
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perpetuação desses vínculos muitas vezes tem sido nociva para famílias jovens. O passo
seguinte é a união, através do casamento. A terceira etapa diz respeito à comunhão mais intima
da relação conjugal, que é o ato sexual: “Tornar-se uma só carne”, faz referencia à nova
realidade que a soma das partes faz nascer com o casamento.

2. A Influência da Ética Cristã na Família

A família em que os membros são polidos, e cristãos corteses, exercem vasta influência
para o bem (Gn 12.3) Outras famílias notarão os resultados conseguidos para um lar assim, e
seguirão o exemplo dado, guardado, por sua vez, o lar contra as influencias satânicas (Mt
12.25). Uma família bem ordenada, bem disciplinada, fala mais em favor do cristianismo do
que todos os sermões que se possam pregar.
a) Maravilhosas possibilidades – não podemos passar por esta vida senão uma vez;
tiremos, pois, então, o melhor proveito dela (Ec 5.18,19). Entretanto, a tarefa a que somos
chamados não requer riquezas, posição social, nem grandes capacidades. O que se requer é um
espírito bondoso e desprendido, e firmeza de propósitos (Mt 7.12). Uma luz, por pequena que
seja, se está sempre brilhando, pode servir para acender muitas outras (Mt 5.15).
b) Um poderoso argumento – Quando nossa própria casa for o que deve ser (Sl 128.3),
não deixaremos que nossos filhos cresçam na ociosidade e indiferença para com os reclamos
de Deus em favor dos necessitados que os rodeiam (Pv 21.13). Como herança do Senhor, eles
estarão habilitados para empreender a obra social. De tais lares resplandecerá uma luz que se
revelará em favor dos ignorantes, levando-os à fonte de todo conhecimento.
c) Lares alegres influenciarão vizinhos – Precisamos de lares radiantes e de cristãos
felizes (Sl 128.2). Achamo-nos demasiados fechados em nós mesmos. Por vezes, as palavras
bondosas e animadoras, o sorriso alegre, são retidas de nossos filhos (Cl 3.21). A presença do
Espírito Santo na família gera condições de vencer obstáculos intransponíveis, e isso se
constitui a influência poderosa entre nossos vizinhos.

3. Os Deveres dos Cônjuges na Família

A Ética na família inicia-se com uma boa comunicação; que é o intercâmbio de


pensamentos, idéias, sonhos, preocupações, planos, alvos realizações, visando o entendimento
(1 Pe 3.7). Isso exige conhecimento das reações de um para com o outro. O diálogo deve levar
a um entendimento, e não a uma discussão interminável (Am 3.3).
a) Os deveres do marido – Os maridos devem amar a esposa, com o mesmo amor com
que Cristo amou a Igreja (Ef. 5.25). Ele a amou voluntariamente, profundamente,
sacrificialmente e com amor eterno. O marido não deve se irritar com ela (Cl 3.19), isto quer
dizer que os maridos não devem ficar impacientes com suas esposas, nem provocá-las ou
encolerizar-se contra elas. Situações como essas, são difíceis ao homem natural, mas para o
transformado é possível (Cl 3.19).
Ética Cristã - 13 -
b) Os deveres da esposa – Biblicamente, a esposa deve ser submissa ao marido (Ef
5.22): Com fidelidade (Ct 4.7), santidade (Ct 4.7), alegria (Sl 100.2) e reverencia (Ef 5.3b).
Deve ser também auxiliadora no sentido afetivo, profissional e espiritual. Assim, se
manifestarão nela as qualidades de mulher virtuosa (Pv 31.10).
c) Os deveres dos pais – Os pais devem ensinar aos filhos o caminho do Senhor (Pv
22.6). Em Deuteronômio 6.7, Moises disse: “... ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua
casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te...”. Assentado em tua casa nos ensina o
dever do culto doméstico. Para ensinar, os pais precisam ter autocontrole; paciência;
perseverança e boa vontade.

4. As Necessidades Éticas da Família Cristã

Uma família sem problemas é um verdadeiro céu na terra, porém, isto é algo
inconsistente e inconcebível (Jo 16.33). Existem problemas normais, inerentes ao próprio viver
em suas diversas fases e contextos, para os quais devemos nos preparar (Fp 4.12). Mas há
problemas que poderão ser evitados ou enfrentados de maneira mais eficaz se forem
detectados, estudados e enfrentados com as armas que dispomos do ponto de vista espiritual (2
Co 10.4).

a) A família e sua base espiritual – Pode ser que sua família não tenha começado bem,
com a consulta a Deus, nem esteja bem, mas nunca é tarde para buscar a base espiritual tão
necessária para o seu fortalecimento (Ef 6.10,11). Só com o temor do senhor, o principio da
sabedoria (Pv 1.7), se poderá construir uma família onde o respeito, o carinho e a alegria estão
presentes.

b) A família e sua convivência sadia – Um dos fatores que muito ajudam na construção
de uma família onde os seus membros se entendem e discutem os problemas internos, é o
diálogo (Rm 12.13). Dialogar não é digladiar, mas sim partilhar idéias e receber contribuições.
A fraqueza e interesse no sucesso dos empreendimentos familiares são importantes para o lar
(1 Tm 5.4).

c) Os membros da família devem demonstrar interesse uns pelos outros – Há aquelas


pessoas que têm tempo para todo mundo, menos para os que estão mais próximos. Jesus
deixou-nos o mandamento de “amar ao próximo” (Mt 22.39). Quem está mais próximo do
que os nossos familiares? Lembremo-nos do que Paulo recomendou: “Façamos bem a todos,
mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6.10). Se nossos familiares são crentes, mas do
que nunca devemos zelar com carinho por eles (1 Tm 5.8).

* Não se discute a importância da família, pois isso já está assentado entre nós. Deve-se,
porém avaliar até que ponto o valor que damos à família tem sido correspondido em
dedicação, amor e zelo na preservação desta instituição. O nosso empenho em prol da família
começa na própria constatação do que se passa em nossa sociedade atual. Novas formas de
relacionamentos entre os sexos têm sido adotadas, destoando completamente daquilo que os
cristãos entendem ser o modelo de família. Por isso, entender a função ética da família nesses
últimos dias é de capital importância; pois somos o sal da terra e a luz do mundo.
Ética Cristã - 14 -

5. DIFERENÇA ENTRE A ÉTICA CRISTÃ E A ÉTICA DO MUNDO

Etimologia

1 - Etimologicamente a palavra "Ética" vem do “grego” “ethos”, que quer dizer “costume,
hábito, disposição”. Em “latim”, a palavra usada para dar a mesma idéia é “mos, moris”.
Advém daí que, etimologicamente, temos que "ética" e "moral" se confundem, pois ambas
dizem respeito ao “Conjunto de padrões e de atitudes que as pessoas devem ter no seu dia-a-
dia, no seu cotidiano”.

2 - A ética, portanto, preocupa-se com a conduta ideal do indivíduo, ou seja, qual deve ser o
comportamento do indivíduo ao exercer uma determinada atividade, ao desempenhar uma
determinada ação, ou seja, como o indivíduo deve agir enquanto vive.

“... A ética é a ciência da conduta ideal”. Aborda a conduta ideal do indivíduo, isto é,
nossa responsabilidade primária. Os Evangelhos nos ensinam que a transformação moral nos
conduz às perfeições de Deus Pai (Mt.5.48). E daí, parte-se para a transformação de acordo
com a imagem do Filho de Deus (Rm. 8.29; 2 Co. 3.18). Precisamos cuidar de nosso próprio
desenvolvimento espiritual como indivíduos. Essa transformação reflete em nossa conduta
pessoal, pois a “conversão cristã gera essa transformação na vida do ser humano direcionando-
o à ética pessoal” (II Co. 5.17)

3 - A Bíblia nos mostra que Deus fez o homem dotado de moralidade, pois feito à imagem e
semelhança de Deus (Gn.1:26) e Deus é um ser eminentemente moral, de forma que o homem
não poderia ser diferente. Como demonstração desta moralidade ínsita à natureza humana,
Deus estabeleceu, já no jardim do Éden, uma regra a ser observada, referente à árvore da
ciência do bem e do mal (Gn.2:16,17). Neste estabelecimento da regra, Deus denuncia não só a
moralidade do homem como a sua liberdade. Assim, a vida do homem está envolvida,
integralmente, com a ética, com a conduta que deve seguir.
4 - Não é, portanto, desarrazoado que, desde as épocas mais antigas, tenha o homem se
debruçado sobre a questão do comportamento que deve ser seguido no viver cotidiano, a ponto
de uma das partes tradicionais da filosofia ser, exatamente, a ética, aqui concebida como a
reflexão de como deve ser o agir humano de qual a conduta ideal do indivíduo.
5 - Desde a criação, portanto, ao homem tem sido proposta uma conduta ideal, qual seja, a
obediência a Deus e a Seus mandamentos, que é a ética divina, a verdadeira ética que conduz o
homem à comunhão com seu Criador e à vida eterna, mas o homem, desde a queda, tem
enveredado por outros caminhos, buscando, dentro de sua capacidade e de seus pensamentos,
outras condutas de vida, outras formas de comportamento, que dão ensejo às diversas éticas
que têm sido criadas ao longo da história da humanidade.
Ética Cristã - 15 -

6. DIFERENÇA ENTRE A ÉTICA SECULAR E A ÉTICA CRISTÃ

A Diferença da Ética

1 - Quando se fala, portanto, em conduta ideal do indivíduo, em forma de agir, em


comportamentos adequados, sempre teremos, de um lado, o comportamento exigido por Deus,
proposto pelo Criador, determinado pelo Soberano Senhor dos céus e da terra, como, também,
de outro lado, as propostas humanas de conduta e de comportamento, fruto da rebeldia do ser
humano e de seu estado pecaminoso.

2 – “... Todos nós tomamos diariamente dezenas de decisões, resolvendo aquilo que tem a ver
com nossa vida, a vida da empresa e de nossos semelhantes. Ninguém faz isso no vácuo.
Antigamente pensava-se que era possível pronunciar-se sobre um determinado assunto de
forma inteiramente objetiva, isto é, isenta de quaisquer pré-concepções. Hoje, sabe-se que nem
mesmo na área das chamadas “ciências exatas” é possível fazer pesquisa sem sermos
influenciados pelo que cremos. Ao elegermos uma determinada solução em detrimento de
outra, o fazemos baseados num padrão, num conjunto de valores do que acreditamos é certo ou
errado. É isso que chamamos de ética: o conjunto de valores ou padrão pelo qual uma pessoa
entende o que seja certo ou errado e toma decisões. Cada um de nós tem um sistema de
valores interno que consulta (nem sempre, a julgar pela incoerência de nossas decisões...!) no
processo de fazer escolhas. Nem sempre estamos conscientes dos valores que compõem esse
sistema, mas eles estão lá, influenciado decisivamente nossas opções. Os estudiosos do assunto
geralmente agrupam as alternativas éticas de acordo com o seu princípio orientador
fundamental. As chamadas Éticas Humanísticas tomam o ser humano como seu princípio
orientador, seguindo o axioma de Protágoras, "o homem é a medida de todas as coisas". O
hedonismo, por exemplo, ensina que o certo é aquilo que é agradável.
Freqüentemente somos motivados em nossas decisões pela busca secreta do prazer. O
individualismo e o materialismo modernos são formas atuais de hedonismo. Já o utilitarismo
tem como princípio orientador o que for útil para o maior número de pessoas. O nazismo,
dizimando milhares de judeus em nomes do que é útil, demonstrou que na falta de quem
decida mais exatamente o sentido de "útil", tal princípio orientador acaba por justificar os
interesses de poderosos inescrupulosos e o egoísmo dos indivíduos. O existencialismo, por sua
vez, defende que o certo e o errado são relativos à perspectiva do indivíduo e que não existem
valores morais ou espirituais absolutos. Seu principio orientador é que o certo é ter uma
experiência, é agir - o errado é vegetar, ficar inerte. O existencialismo é o sistema ético
dominante em nossa sociedade moderna, que tende a validar eticamente atitudes tomadas com
base na experiência individual.
Ética Cristã - 16 -

7. A ÉTICA NATURAL

1. A Ética Naturalística toma como base o processo e as leis da natureza. O certo é o


natural - a natureza nos dá o padrão a ser seguido. A natureza, numa primeira observação,
ensina que somente os mais aptos sobrevivem e que os fracos, doentes, velhos e debilitados
tendem a cair e desaparecer na medida em que a natureza evolui. Logo, tudo que contribuir
para a seleção do mais forte e a sobrevivência do mais apto, é certo. Numa sociedade
dominada pela teoria evolucionista não foi difícil para esse tipo de ética encontrar lugar.
Cresce a aceitação pública do aborto (em caso de fetos deficientes) e da eutanásia (elimina
doentes, velhos e inválidos).

2. Jesus, ao vir ao mundo para ser a suprema revelação do Pai (Hb.1:1; Jo.14:8-11; 17:3-7),
igualmente nos mostrou qual a conduta que devemos ter neste mundo (Jo.17:14-23; Mt.7:24-
27; I Co.11:1; I Pe.2:21-25), ou seja, qual a ética do servo de Deus.
3. É, portanto, imperioso que o cristão tenha um comportamento diferente do que não é cristão,
pois somente o cristão genuíno está a se conduzir conforme a vontade de Deus, conforme a
regra determinada por Deus. Não é possível que alguém seja considerado verdadeiro servo de
Deus se não tiver este comportamento diferente, pois somos um povo separado e de boas obras
(I Pe.2:9; Tt. 2:11-14). É somente através deste comportamento que poderemos levar os
homens a glorificar a Deus (Mt.5:13-16)......................................................................................
4. A ética cristã, portanto, em primeiro lugar, caracteriza-se por ser um comportamento
assumido por um indivíduo que o faz exclusivamente pela fé. Sim, o cristão passa a ter um
determinado comportamento porque crê que aquele comportamento, aquelas atitudes são
agradáveis a Deus, que é o galardoador dos que O buscam (Hb. 11:6). Cremos em Deus e na
Sua Palavra e é por isso que passamos a agir conforme os Seus mandamentos. É por isso que
Paulo afirma que "tudo que não é de fé é pecado" (Rm.14:23).....................................................
5. Cumprimos a Palavra de Deus, praticamos as ações e atitudes que a Bíblia nos determina,
porque, antes, cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus e a única regra de fé e prática que deve
ser seguida. Temos a convicção, que nasce em nós por dom de Deus (Ef.2:8), pela aceitação da
ação de convencimento do Espírito Santo (Jo.16:8-11)................................................................
6. Destarte, quem não tem fé verdadeira e genuína, não pode, em absoluto, ter um
comportamento ou conduta que esteja de acordo com a Palavra de Deus, ou seja, a ética cristã
exige uma verdadeira conversão do indivíduo. É por isso que vemos com preocupação a
constatação de que a ética tem sido relegada a um plano absolutamente secundário na pregação
do evangelho nos nossos dias, tanto que o fenômeno tem sido observado até por sociólogos da
religião, como Antonio Flávio Pierucci, que o denominou de "desmoralização religiosa", algo,
aliás, que já tinha sido previsto nas Escrituras (II Pe.2:1-3)
Ética Cristã - 17 -
7. Os cristãos entendem que éticas baseadas exclusivamente no homem e na natureza são
inadequadas, já que ambos, como os temos hoje, estão profundamente afetados pelos efeitos
da entrada do pecado no mundo. A Ética Cristã, por sua vez, parte de diversos pressupostos
associados com o Cristianismo histórico. Tem como fundamento principal a existência de um
único Deus, criador dos céus e da terra. Vê o homem, não como fruto de um processo
evolutivo (o que o eximiria de responsabilidades morais), mas como criação de Deus, ao qual é
responsável moralmente. Entende que o homem pecou, afastando-se de Deus; como tal, não é
moralmente neutro, mas naturalmente inclinado a tomar decisões movido acima de tudo pela
cobiça e pelo egoísmo (por natureza, segue uma ética humanística ou naturalística). Outro
postulado é o de que Deus enviou seu Filho Jesus Cristo ao mundo para salvar o homem.
Mediante a fé em Jesus Cristo, o homem decaído é restaurado, renovado e capacitado a viver
uma vida de amor a Deus e ao próximo. À vontade de Deus para a humanidade encontra-se na
Bíblia. Ela revela os padrões morais de Deus, como encontramos nos 10 mandamentos e no
sermão do Monte. Mais que isso, ela nos revela o que Deus fez para que o homem pudesse vir
a obedecê-lo. A Ética Cristã, em resumo, é o conjunto de valores morais totais e unicamente
baseados nas Escrituras Sagradas, pelo qual o homem deve regular sua conduta nesse mundo,
diante de Deus, do próximo e de si mesmo. Não é um conjunto de regras pelas quais o homem
poderá chegar a Deus - mas é a norma de conduta pela qual poderá agradar a Deus que já o
redimiu. Por “ser baseada na revelação divina, acredita em valores morais absolutos, que é a
vontade de Deus para todos os homens, de todas as culturas e em todas as épocas”.

8. A existência de um comportamento distinto e de acordo com a Palavra de Deus foi algo que
faltou na geração do êxodo entre os filhos de Israel, tanto que foi o responsável, ao lado da
incredulidade (Hb.3:19), pelo fracasso e morte daquele povo no deserto. Deus não Se agradou
daqueles que tomaram um comportamento semelhante aos dos outros povos, que assumiram as
mesmas ações e condutas decorrentes de pensamentos humanos e rebeldes contra Deus. O
resultado de tal atitude inconseqüente foi a sua própria destruição e prostração no deserto
(1Co.10:5). Quem quer agradar ao mundo, às éticas fundadas no pecado e na rebeldia, torna-se
inimigo de Deus (Tg.4:4)...............................................................................................................
9. Sob um discurso de tolerância e de liberdade, o mundo, hodiernamente, defende a idéia do
"relativismo ético", ou seja, nega que haja padrões de comportamento válidos para todos os
homens, independentemente da época, da cultura ou da vontade de cada ser humano. Dentro
deste pensamento, não é considerado exigível dos homens qualquer conduta estabelecida "a
priori" por quem quer que seja. Deste modo, entende-se que não possa ser imposto qualquer
comportamento a qualquer homem, sendo "fanáticos" e "intolerantes" aqueles que assim não
entendem.
10. Entretanto, este tipo de pensamento é antibíblico, porquanto é mera conseqüência do
pecado do homem, da sua recusa em obedecer a Deus e à ética estabelecida pelo Criador dos
céus e da terra. Não negamos a liberdade de cada indivíduo de viver conforme a sua vontade,
pois o livre-arbítrio foi dado ao homem pelo próprio Deus e, desta forma, é igualmente
antibíblico agir de forma a negá-lo ou procurar massacrá-lo, mas não resta dúvida de que
existe uma ordem universal instituída por Deus e que esta ordem deve ser observada pelo
homem.
11. Portanto, existe, sim, uma conduta que deve ser perseguida pelo ser humano, que é a
conduta determinado por Deus, por Ele revelado em Sua Palavra, que deve ser a nossa única
regra de fé e prática. Ao contrário do que se diz no mundo, existe, sim, um padrão universal de
conduta, que independe de cultura, de época ou da vontade de cada ser humano: o padrão
bíblico, o padrão estabelecido por Deus e revelado ao homem por Sua Palavra.
Ética Cristã - 18 -

8. O ENSINO DE JESUS SOBRE A ÉTICA CRISTÃ

1) - O Mestre Jesus, ensinador por excelência, inicia agora seu maravilhoso discurso,
popularmente conhecido como “Sermão da Montanha”. Nunca um discurso foi tão universal.
“O Sermão da Montanha” não proferido para judeus, mas era eficaz para tantos quanto
ouvissem (Mt 7.24). Aqui, não há questões culturais. Aqui não há exteriorização. Aqui, são as
profundezas do “coração humano que são sondados”. Jesus identificou em todo esse discurso
que o primeiro alvo do evangelho genuíno é transformar o interior do homem. O resto é de
acordo com o querer do Espírito pela atuação da Palavra. O sermão do monte não é
mandamento, é ideal, alvo a ser perseguido. Sabemos perfeitamente que ser humano algum
pode alcançar tão altas exigências de amor e santidade pelo braço da carne, mas somente pelo
poder do Espírito e pela graça de Deus. Se o sermão da montanha fosse mandamento,
estaríamos em situação difícil, com certeza Jesus teria mentido quanto ao seu jugo suave e
fardo leve (Mt 11.28). Mas todos os salvos almejam e procuram viver de acordo com esta ética
do reino. Aleluias!!! Sermos súditos do Reino implica empenharmo-nos resolutamente para
viver o padrão ético de Deus para seu povo... Existe uma ética, uma legislação vigente neste
reino: A legislação vigente do reino é de uma simplicidade e de uma profundidade espiritual
muito grande. "O Teu trono, oh Deus, é para todo o sempre; cetro de equidade é o cetro do teu
reino. Amas a justiça e odeias a iniqüidade”; (Sl 45.6,7a)... Com o propósito de responder a
todas as indagações e estabelecer o padrão de conduta dos cidadãos do reino, Jesus proferiu
um discurso-chave popularmente conhecido como "Sermão do Monte". Este sermão nos
mostra que a real vida em Cristo requer a substituição de nosso padrão de justiça. Ser um
cidadão do reino independe do que temos ou fazemos, mas do que somos. É um estado
interior. “O Sermão do Monte é a base para todos os que desejam viver realmente o
Cristianismo bíblico...”.

2) - A inobservância do padrão bíblico gera a ira de Deus sobre os desobedientes (Rm.1:18) e


o resultado desta recusa à ética divina é o abandono de Deus, de forma que haja a
concupiscência dos corações humanos à imundícia e toda a sorte de desordem, de
desequilíbrio e de iniqüidade no seio da humanidade (Rm.1:26-32).

3) - A maldade humana tem gerado nas pessoas uma total falta de caráter quando diz respeito
às coisas de Deus. Quase sempre os seres humanos estão dispostos a se tornarem bons
conhecedores das verdades bíblicas, sem, contudo, ter a intenção de se tornarem praticantes.
Ética Cristã - 19 -
4) - Jesus quer não somente a nossa fé, mas também a nossa fidelidade. Fé é crença, enquanto
fidelidade é prática da vontade de Deus. Fidelidade e obediência é a mesma coisa nesse
sentido. Essa deve ser a marca ou o ponto distinto entre os discípulos de Jesus e os escribas e
fariseus. Enquanto escribas e fariseus são excelentes professores de leis que só passam por
seus livros e intelectos, os discípulos devem se tornar “homens com o coração cheio de
verdades para a vida diária..."

5) - Por causa do "relativismo ético", é que se tem um vazio nas relações humanas, uma
perplexidade quanto aos rumos e às orientações que se devam tomar no tratamento dos
principais problemas morais, tentando o homem em vão buscar a solução para este vazio em
técnicas de auto-ajuda ou em valores como os direitos humanos. A solução para o homem está
em acolher a ética divina, constante da Palavra de Deus e exemplificada de forma ímpar na
vida e no ministério de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo..................................................

6) - Ora, Deus, após ter revelado Sua ética na Sua Palavra e no exemplo de Jesus Cristo,
constituiu um povo Seu para viver conforme a Sua vontade (Gl. 6:15,16), a saber, a Sua Igreja,
que tem um dever indeclinável sobre a face da terra, qual seja, o de pregar o evangelho, ou
seja, anunciar aos homens que existe uma salvação e que é possível a transformação da vã
maneira de viver que tem sido vivida pela humanidade (I Pe.1:18).............................

7) - Como povo de Deus, como anunciadora das boas-novas da salvação, a Igreja tem de
pregar, a todo o momento, que o homem deve assumir o comportamento exigido por Deus
deve se reconciliar com seu Criador e isto impõem a assunção de uma vida de santidade e de
agrado a Deus. É necessário que, com desenvoltura, a Igreja proclame que o mundo deve “se
arrepender e se salvar desta geração perversa" (At.2:37-40).

8) - Mas, para fazer esta proclamação, a Igreja deve se comportar como Jesus, ou seja, deve
pregar a ética divina com autoridade (Mt. 7:29), ou seja, deve ter, ela própria, uma vida tal que
faça com que todos lhe indiquem como sendo "cristã", ou seja, "parecida com
Cristo"(At.11:26), pois, caso contrário, acabará repetindo o fracasso representado pelos
escribas e fariseus (Mt.23:2-4), prestando, assim, enorme desserviço à obra de Deus, com
graves conseqüências para os que assim agirem (Mt.7:20-23; 25:31-46).

9) - O propósito da doutrina de Cristo é a mudança da vida dos cristãos, pelo que o termo não
deve subentender meros conceitos intelectuais e religiosos. E, para tanto, temos que entender
aqueles ensinos usados pelo Espírito Santo a fim de transformar almas humanas, tornando-as
semelhantes ao seu Mestre. As doutrinas dos credos religiosos tendem a estagnar a viva
energia dos ensinamentos de Cristo. Quando Ele disse: ' aprendei de mim' não estava pensando
em alguma sistematização de idéias a Seu respeito e, sim, na capacidade transformadora de
Sua doutrina e Espírito, capaz de transformar Seus discípulos. Portanto, a doutrina de Cristo
não consiste somente naquilo em que cremos. Antes, trata-se de uma maneira de viver. De
outra sorte, a fé cristã seria apenas outra filosofia e a comunidade cristã seria apenas mais uma
religião. Em outras palavras: o propósito da doutrina de Jesus não é somente para que
possamos crer em Suas palavras e na Sua pessoa, mas também devemos viver o que Ele
ensinou... “Não é o bastante crer, é necessário praticar, edificar a casa sobre a Rocha e, se
necessário, cavar fundo, lançando os alicerces com segurança...”
Ética Cristã - 20 -
10) - A Igreja é, portanto, um povo que, liberto do mal (Jo.17:15), bem como do pecado
(Jo.8:32-36), tem o devido discernimento do que é certo ou errado, do que agrada e do que não
agrada a Deus e, portanto, age com plena liberdade, pois não está mais escravizada pelo
pecado. A liberdade do cristão, entretanto, sempre é responsável e segue a padrões
estabelecidos por Deus, a Quem servimos e a Quem queremos agradar. Tudo é lícito ao
cristão, vez que não tem ele mais malícia nem maldade, mas nem tudo lhe convém (I
Co.10:23), vez que, agora, a vida que vive, vive-a em e para Cristo (Gl. 2.20)..............................

11) - O cristão somente deve praticar o que seja bom para edificação, o que seja verdadeiro,
honesto, justo, puro, amável, de boa fama e em que haja alguma virtude e algum louvor
(Fp.4:8), coisas que correspondem ao fruto do Espírito e contra o que não há lei humana que
possa querer evitar (Gl. 5:22,23).

12) - O objetivo do cristão deve ser, sempre, a glória de Deus, daí porque Jesus ter nos alertado
de que as nossas obras farão os homens glorificarem a Deus (Mt. 5:16). Aliás, foi este o
propósito de todo o ministério terreno de Cristo (Jo.17:4). Tudo o que fizermos deve redundar
na glorificação do Senhor (I Co.10:31) e isto no relacionamento com todos os homens,
indistintamente, pertençam eles a qualquer um dos três povos da terra (judeus, gentios e igreja)
(I Co.10:33).

13) - Quando se fala em escândalo ante judeus, gentios e igreja de Deus (I Co.10:33), devemos
salientar que a Palavra de Deus assim considera aqueles que, dizendo-se cristãos, não
estiverem sendo fiéis e forem apanhados em pecado, trazendo, assim, escândalo, ou seja,
perplexidade resultante da discordância entre o que é dito e pregado e o que é vivido pelo
suposto servo de Deus. Em hipótese alguma, poderemos considerar escândalo toda e qualquer
calúnia ou injúria que for levantada contra um sincero servo de Deus, como fruto da oposição
satânica a seu fiel proceder diante de Deus. Pelo contrário, antes de maldição, esta
circunstância é, segundo a Palavra de Deus, uma bem-aventurança, uma bênção, um motivo
para o regozijo do crente (Mt. 5:11, 12; I Pe.2:19-25)..................................................................

14) - Será que o nosso comportamento tem sido desta ordem no meio dos homens? Será que
nossa conduta revela que somos sal da terra e luz do mundo, ou já estamos irremediavelmente
comprometidos com os princípios, valores, crenças e comportamento mundanos? Será que
nossa conduta tem servido para a glória de Deus, ou temos sido motivos de escândalos nas
igrejas, entre os judeus ou entre os gentios? Nesta matéria de Ética Cristã nos levará de
encontro a alguns dos principais dilemas morais da humanidade nos dias de hoje e qual a
resposta bíblica, ou seja, a resposta divina a estas questões. Será que poderemos dizer que
nossa conduta é a esperada por Deus? Que Deus nos abençoe e nos faça melhorar os nossos
caminhos, para que, a cada dia, possamos nos santificar ainda mais (Ap.22:11), pois Jesus está
às portas e, no arrebatamento, somente levará para Si aqueles que forem achados fiéis (Mt.
24:45-47).
Ética Cristã - 21 -

Exercício 2


1. Onde o ser humano recebe as primeiras instruções da vida?
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2. Quais são os deveres do marido e da mulher?
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3. Pode existir uma família que não tenha problemas?
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4. Quem defende que o certo e o errado são relativos à perspectiva do indivíduo
e que não existem valores morais ou espirituais absolutos?
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5. Escreva com sua palavra: “O que a família precisa para ser bem estruturada?
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Ética Cristã - 22 -

9. A UNIDADE DA ÉTICA CRISTÃ

1. A Unidade da Ética Cristã

Poderia ser facilmente asseverado que não existe unidade básica na ética que a Bíblia
prescreve e que é exemplificada nas várias eras da história bíblica. Ao tratar dessa questão
diversas observações e distinções têm de ser feitas.
(a) Precisamos admitir o fato e a simplificação de uma revelação progressiva. Deus foi
revelando Sua vontade progressivamente aos homens. Portanto, nos primeiros anos da história
da revelação, a regra de conduta não era tão plenamente revelada como o foi em períodos
posteriores. A revelação em que respeita à história deste mundo atingiu seu final no Novo
Testamento, focalizando principalmente na vinda e realização de Cristo. Temos nestes últimos
dias a plenitude da revelação e da graça de levar a revelação da vontade de Deus até sua
frutificação mais rica. Para quem tanto é requerido, mas é exigido. Isso explica porque certas
práticas dos santos do Antigo Testamento, claramente inconsistentes com a ética do Novo
Testamento, foram toleradas e não foram visitadas com penalidades religiosas ou civis durante
o período do Antigo Testamento.
(b) A prática atual dos santos não deve ser equiparada com a ética bíblica; esta última se
refere àquilo que Deus exige, e não às falhas ou realizações dos homens.
(c) A queda do homem afetou materialmente o conteúdo da ética que governa a conduta
do homem. Novas provisões foram necessárias para tratar com a situação radicalmente
diferente que foi criada. Por exemplo, por motivo do pecado e da vergonha resultante, o
vestuário seria uma instituição que não teria qualquer relevância necessária num estado
impecável (Gn. 2:25; 3:21). E as diversas sanções penais surgiram em vista da presença do
Ética Cristã - 23 -
pecado. A unidade da ética bíblica toma plena consideração das exigências criadas pelo
pecado e pela culpa.

(d) Devemos distinguir entre permissão e sanção, tolerância e aprovação, quando


estivermos tratando das práticas prevalentes no período do Antigo Testamento. Nosso Senhor
enuncia claramente essa distinção em conexão com o divórcio permitido por Moisés (Dt 24:1-
4). Moisés, diz ele, permitiu o divórcio, ‘entretanto, não foi assim desde o princípio’ (Mt 19-
8). A ordenança original de Gn 2:24, para a qual Jesus apelou (Mt 19:5), não provia
oportunidade de tal divórcio, e de modo algum devemos inferir que a instituição de Gn 2:24
foi suspensa ou ab-rogada. Essa passagem, semelhantemente, diz respeito à questão da
poligamia, e a mesma distinção deve ser aplicada.
(e) A redenção tem seu efeito sobre a história da humanidade. Assim como a situação
criada pelo pecado exigiu novas provisões reguladoras, assim também a redenção introduz
instituições que afetam profundamente a conduta humana que não teriam qualquer relevância
num estado não pecaminoso.
Há, entretanto, certa unidade que caracteriza a ética bíblica através de todos os períodos
da história humana. As ordenanças da criação são claramente estabelecidas em Gn 1 e 2. Essas
são as ordenanças da procriação, do encher a terra, de subjugá-la, de exercer domínio (Gn
1:28), do Sábado (Gn 2:2,3), do trabalho (Gn 2:15), do casamento, e da monogamia (Gn
2:23,24). È óbvio que a proibição de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, por
mais importante que fossem para Adão e Eva, bem como para a raça humana inteira, pertence
a uma categoria diferente; só podia ter relevância no estado original de integridade, e por ser
distinguida como uma ordenança de provação. Quando examinamos essas ordenanças da
criação vemos quão relevantes elas são para os instintos básicos e para os interesses que estão
mais próximos do coração, quão inclusivas são das ocupações que teriam tido lugar no
pensamento e na ação do homem, e como se complementam e condicionam uma às outras.
Tocam em cada área de vida e comportamento. Poderíamos pensar que a alteração provocada
pela entrada do pecado e suas misérias resultantes haveriam de exigir a ab-rogação ou pelo
menos a modificação dessas ordenanças. Porém, tal não foi o caso. A santidade dessas
ordenanças é preservada, e sua relevância e obrigação permanentes são claramente
estabelecidas na história subseqüente da revelação (Gn 3:16, 19; 4:1, 2 17, 25; 5:1-3; 9:7;
11:1-8). Os Dez Mandamentos fornecem o âmago da ética bíblica. Porém, pode-se perceber
imediatamente quão íntimos são os pontos de contacto entre o Decálogo e as ordenanças da
criação. Apesar de que condições e as circunstâncias foram revolucionadas pelo pecado, a
estrutura básica desta terra e da vida humana na mesma não foi destruída.
* Poderíamos esperar que essa unidade só fosse realidade quanto a princípios gerais. O
homem foi à imagem de Deus. A norma reguladora fundamental da obrigação humana deve,
portanto, ser semelhanças a Deus naqueles pontos que são apropriados à natureza de criatura
possuída pelo homem. A lei de Deus para o homem é simplesmente a perfeição de Deus que se
expressou visando regulamentar o pensamento e a conduta humanos constantemente com essa
perfeição. Visto que Deus não muda, e visto que a obrigação a Deus não pode ser ab-rogada,
qualquer alteração radical na ética imperativa é algo simplesmente inconcebível.
Ética Cristã - 24 -

10. CONTEÚDO DA ÉTICA CRISTÃ

1. O conteúdo da ética bíblica é a soma total dos informes relatórios exibido nas
Escrituras que dizem respeito ao comportamento humano. Essa soma total compreende grande
variedade. Inclui o registro dos erros cometidos, bem como a desaprovação divina contra os
mesmos, e também os mandamentos e o registro da boa prática e sua conseqüente aprovação
divina. Que há muitos lados no testemunho bíblico é, portanto, algo evidente, e até mesmo uma
exposição passageira requereria volumes para que o fizesse. Essa complexidade procede da
complexidade da vida humana e das inumeráveis variedades das situações em que os homens
podem encontrar-se. A grandiosidade da revelação bíblica é que, por sua riqueza e plenitude, ela é
adequada para cada situação em que porventura sejamos colocados. As escrituras foram
designadas para “a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Tm 3:16 e Seg.).
2. Porém, embora existisse essa variegada diversidade, torna-se igualmente claro que a
Bíblia nos prevê com um sumário daquilo que é normativo para o pensamento, a vida e o
comportamento. O testemunho bíblico, naquilo que respeita à complexidade da vida e ao vasto
alcance da obrigação divina, está organizada em torno de um âmago central de princípios éticos.
Esses são os dez mandamentos. Conforme foram promulgados no Sinai, foram a forma concreta e
prática dos princípios que não estavam recebendo pela primeira vez a sua relevância. Temos
evidência explicita de que se estava em vigor e foram sancionadas antes do Sinai (Gn 2:2,3; Êx
16:22,23; Gn 4:10-12,23,24; 6:11; 9:5,6; 26:9,10; 39:9). Visto que não começaram a ter
relevância no Sinai, semelhantemente não cessaram de ter relevância quando a economia mosaica
foi ab-rogada. Nosso Senhor mesmo, ao promulgar a lei do Seu reino, disse: “Não penseis que vim
revogar a lei ou os profetas” (MT 5:17), e no discurso subseqüente Ele indicou como isso diz respeito
ao Decálogo. Ele passou a interpretar e aplicar diversos desses mandamentos e a vindicar sua
santidade no reino que veio estabelecer (Mt 5:21-26,27,28, 33-37). Paulo, semelhantemente,
quando está tratando sobre os detalhes da obrigação do crente, ilustra a lei que o amor cumpre ao
citar cinco desses mandamentos (Rm 13:9). E Tiago caracteristicamente zeloso pelas boas obras
que são os frutos e a prova da fé, mostra-se insistente sobre a necessidade de Ter consideração
pela lei de Deus em sua inteireza, dizendo: “Pois, qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só
ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás, também ordenou: Não matarás”
(Tg 2:10,11). Nesses mandamentos temos um índice daquilo que Tiago queria dizer ao falar sobre
a lei da liberdade como critério do bem e norma de julgamento.
3. Os Dez Mandamentos dizem respeito às mais fundamentais de nossas relações,
primeiramente para com Deus, e então para com nossos semelhantes humanos. Nenhum sumário
poderia ser mais exclusivo. Enunciam as santidades básicas que governam a crença, a adoração e
a vida – a santidade do ser de Deus, de Sua adoração, de Seu nome, de Seu dia como dia de
descanso e adoração, a santidade da honra aos pais, da vida, do sexo, da propriedade, da verdade,
e do contentamento com nossa sorte. Que esses mandamentos governam o comportamento na
esfera da redenção é deixado claro desde a ocasião de sua promulgação no Sinai. Sua santidade é
destacada pelo seu prefácio: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”
(Êx 20.2). Quanto maior é a obrigação derivada da redenção da qual o Êxodo foi um mero tipo!
Ética Cristã - 25 -

11. O MOTIVO DA ÉTICA CRISTÃ

1. A confusão tem freqüentemente surgido com referencia à palavra de Cristo que


ensina que de dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (Mt. 22.37-40; Mc
12.30,31; Lc 10.27; Dt 6.5) e com referencia ao ensino de Paulo de que o cumprimento da lei
é o amor (Rm 1310). Tais textos têm sido interpretados como se significassem que na ética
cristã o amor substituído à lei. Não podemos torcer tanto as palavras de Jesus ou a afirmação
de Paulo. O lugar do amor deve ser completamente apreciado. Mas o amor não deve
imaginar que possa ab-rogá-la.
2. Nas palavras de Jesus e de Paulo existe uma óbvia distinção entre o amor e a lei
que depende do mesmo, e entre o amor e a lei que aquele cumpre. O amor não é essa lei.
Portanto, há certa parte da lei que não pode ser definido pelo próprio amor. E Paulo deixa
claro o que ele queria dizer por lei como algo distinto do amor, ao citar, no contexto anterior,
diversos preceitos do Decálogo (Rm 13:9). Portanto, não podemos falar sobre a lei do amor,
se com isso estamos querendo dizer que esse amor é a própria lei.
3. O amor é o comprimento da lei, porque constrange a assentimento e a cumprimento
daquilo que a lei prescreve. O amor é ao mesmo tempo emotivo e motivador. Visto que o
amor é emotivo, cria afinidade com um objeto e afeição pelo mesmo. O cumprimento que o
amor constrange, portanto, não é forçado nem involuntário, mas antes, trata-se de uma
obediência alegre e espontânea. Fora desse constrangimento e amor impelidor, não existe
cumprimento da lei. Cumprimento é obediência, e obediência sempre subentende no
consentimento voluntário do coração e da vontade. Quando o amor é todo-infiltrador, então o
cumprimento da lei se torna completo. Esse é o testemunho das Escrituras, do princípio ao
fim. O exemplo supremo é aquele que é dado por nosso Senhor (Sl 40:8; Jo 4:34). O salmista
e o apóstolo confessam a mesma coisa (Sl 119:97; Rm 7:22).
4. O pecado é inimizade contra Deus, e a inimizade é o oposto ao amor. Visto que
todos pecaram, somente pela força da redenção do homem. È da chama do amor de Deus,
manifestado no Dom de Seu Filho, que o amor pode ser incendiado em nossos corações.
Esse é justamente o sentido da Escritura que diz: ‘Nós amamos porque ele nós amou
primeiro’ (1 Jo 4:19), e os versículos anteriores (7-18) desdobram a seqüência. Nesse ponto é
que podemos encontrar a força motivadora do amor. Quando o amor de Deus para conosco é
derramado em nossos corações (Rm 5:5), então o amor por Ele cativa os nossos corações e
nos impulsiona para a piedade. O constrangimento do amor e da misericórdia só pode ser
conhecido pelo indivíduo que é remido.
Ética Cristã - 26 -

12. O PRINCÍPIO DA ÉTICA CRISTÃ

“O temor do Senhor é o principio da sabedoria, mas os loucos


desprezam a sabedoria e o ensino” (Pv 1.7).

O princípio governador da ética pode ser afirmado de várias maneiras.


1. É semelhante com Deus. O alvo final do processo ético é conformidade com a
imagem do Filho de Deus (Rm 8:29; 2 Co 3:18; Fp 3:21). Se esse é o alvo, deve ser
constantemente regulador de todo comportamento. O exemplo de nosso Senhor, por esse
motivo, bem como por outros, é supremamente normativo. Jesus era santo, inofensivo, sem
mácula, e separado dos pecadores, e de nenhum outro poderíamos ser levados face a face com
as exigências da santidade e da verdade se não contemplando o Seu exemplo. Até mesmo as
realizações sem igual e transcendentais de Sua entrega são aduzidas como coisas que nos
fornecem um exemplo que nos permite seguir em Seus passos (Mt 20:25-24), não porque O
sigamos na desincumbência dessas realizações sem paralelo, mas porque Sua devoção sem
reservas à vontade do Pai, em Sua tarefa distintiva, deve ser o exemplo para nós naquela
chamada com a qual fomos chamados. Essa conformidade ou semelhança com Cristo,
entretanto, é igualmente conformidade com a imagem de Deus. Cristo é a imagem de Deus.
Eis porque a semelhança com o Pai é apresentada como norma do comportamento do crente.
Esse é o próprio sumário de Jesus sobre a lei de seu reino: ‘Portanto, sede vós perfeitos como
perfeito é o vosso Pai celeste’ (Mt 5:48). Sendo criaturas feitas à imagem de Deus, estamos
obrigados a nada menos que a perfeição conformável com aquela perfeição do Pai, como
norma e alvo da exigência ética. È semelhança com o Pai que João tinha em mente ao dizer: ‘E
a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro (1 Jo 3:3).
2. È obediência aos mandamentos de Deus. Esse princípio foi escrito a respeito da
relação do homem para com Deus desde o princípio: a proibição do Éden (Gn 2:17) a
sumarizava; a interrogação feita a Adão, após a queda, o colocou em foco agudo (Gn 3:17). A
revelação redentora toma a forma da aliança administrativa, e obedecer à voz e aos preceitos
de Deus é a resposta recíproca (Gn 17:10; Êx 19:5; 20:1-17; 24:7). Nosso Senhor mesmo
confirmou esse mesmo princípio ao dizer: ‘Se me amais, guardareis os meus mandamentos’ (Jo
14:15). E João, que conhecia a vontade do seu Senhor, reiterou a mesma coisa: ‘Ora, sabemos que
os temos conhecido por isto: Se guardamos os seus mandamentos’ (1 Jo 2:3; Rm 6:16,17; 2 Co 10:5; Hb
5:9).
3. Deve ser agradável a Deus. Nenhuma consideração brilha mais alta, no pensamento
do indivíduo santificado, que a necessidade de ser e fazer aquilo que é provado por Deus.
Enoque andava com Deus, e o tributo que lhe foi prestado é que agradou a Deus (Hb 11:5). A
aplicação prática feita por Paulo quando ao ensino de sua epístola principal começa com a
enunciação desse cânon (Rm 12:1,2). Ele defende seu próprio comportamento apelando para o
mesmo como o princípio orientador de sua vida (1 Ts 2:4; Gl 1:10; 1 Ts 4:1). A soberania de
Cristo como Senhor, tanto de mortos como de vivos’ (Rm 14:9; Fp 2:9-11). O culto a Cristo
como Senhor é a garantia de que somos aceitos a Deus (Rm 14:18). A benção não pode
implorar benefício maior do que ser tornado perfeito em cada boa obra, para fazer a vontade de
Deus, e isso é definido como operação em nós daquilo ‘que é agradável diante dele’ (Hb
12:21).
* De qualquer ângulo que essa questão seja considerada, pode ser reduzida até à vontade
de Deus e conformidade com a mesma é do princípio orientador da vida estabelecida nas
Escrituras.
Ética Cristã - 27 -

13. O PODER DA ÉTICA CRISTÃ

1. A importância total da natureza humana caída é salientada no testemunho da Bíblia.

‘Portanto os que estão na carne não podem agradar a Deus’ (Rm 8:8). A única esperança para
alguém realizar as existências da ética bíblica reside nas provisões da redenção, e somente
aqueles trazidos para dentro do âmbito da redenção é que são os participantes dessa provisão.
Muitos fatores estão incluídos nessa provisão. Umas poucas delas exigem atenção particular.

2. È a relação que o crente sustenta para com a morte e a ressurreição de Cristo que
assegura a novidade de vida que a ética bíblica exige. O crente morreu com Cristo e
ressuscitou com Ele para novidade de vida (Rm 6:1-10; 2 Co 5:14,15; Ef 2:1-7; Cl 3:1-4; 1 Pe
4:1- 4). Há um rompimento definitivo com o pecado, em sua contaminação e poder, envolvido
nessa união, e também há uma entrega definitiva à justiça e à santidade (Rm 6:14-18). Porém,
a virtude derivada da morte e da ressurreição de Cristo é permanente; reside em Cristo com
quem os crentes estão unidos. È essa virtude, que emana de Cristo na qualidade de ressurreto e
assunto Senhor, que é o poder contínuo que faz a exigência ética produzir fruto. A
comunicação permanente com Cristo e a comunicação com Ele são as garantias de desejar e
fazer as coisas de acordo com a boa vontade de Deus.

3. A ressurreição de Cristo está intimamente relacionada com a obra do Espírito Santo (Jo
14:16, 17, 26; 15:26; 16:7; At 2:32,33). Cristo, mediante a ressurreição, é feito Espírito
vivificador (1 Co 15:45), e Ele é o Senhor do Espírito (2 Co 3:18). O poder da ética bíblica é,
por conseguinte, o próprio Espírito Santo na qualidade de Espírito de Cristo. A novidade de
vida que é conforme o padrão da ressurreição de Jesus é a ‘novidade de espírito’ (Rm 7:6). Os
filhos de Deus são conduzidos pelo Espírito (Rm 8:14), andam pelo Espírito (Gl 5:16, 17, 25),
suas virtudes são o fruto do Espírito (Gl 5:22-24), o amor que é o cumprimento da lei é o
amor do Espírito (Rm 15:30) . O crente é controlado pelo Espírito que nele habita (1 Co 2:15),
e visto que o Espírito da verdade (Jo 14:17; 1 Jo 5:6) e do amor, sua presença permanente traz
a verdade até à realização e o amor até seu exercício eficaz.
4. Assim como a iluminação, a orientação e o poder do Espírito Santo são trazidos à
consciência do crente, nenhuma reação afeta o comportamento ético de modo mais profundo
do que o temor de Deus. O mandamento de amar ao Senhor de todo o coração e alma e mente,
é o primeiro e maior mandamento (Mt 22:37,38). È o primeiro e é o maior porque Deus é
Grande. E nessa grandeza de Deus é a Sua majestade, refletida na consciência humana em
forma de respeito referente. Esse temor de Deus é o coração da piedade, e consiste na profunda
apreensão de Sua majestade, o senso de Sua presença toda-penetrante, e a constante
consciência do fato que, em cada detalhe da vida, Sua boa vontade deve ser nossa principal
preocupação. Essa é a força constrangedora, e o amor é mero sentimento exceto quando é
condicionado pelo senso da grandeza de Deus. O amor precisa ser informado pela verdade, e o
temor de Deus é o começo do conhecimento e da sabedoria (Sl 111:10; Pv 1:7; 9:10).
 Quanto à ética que as Escrituras exigem e aprovam, a fé em Deus é sua fonte, o amor a
Deus é seu motivo impelidor, a lei de Deus é o princípio orientador, e a glória de Deus é seu
alvo dominante. Esses, em resumo, são os critérios, e se interpenetram mutuamente.
Ética Cristã - 28 -

14. A ÉTICA CRISTÃ NOS RELACIONAMENTOS


A pessoa que aceita Jesus como seu Salvador tem a sua maneira de agir totalmente
modificada, pelo fato de, com o novo nascimento, torna-se uma nova criatura, que passa a
atuar de maneira diferente e a freqüentar ambientes também diferentes. No dizer de Paulo, o
cristão é uma carta lida pela sociedade: “Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e
lida por todos os homens”. E ainda: “Porque já é manifesto que vos sois a carta de Cristo, ministrada por
nós, escrita, não com tinta, mas com Espírito de Deus vivo” (2 Co 3.2,3).
1. O Comportamento Humano
Uma série de fatores atua no ser humano e dá motivo para que a pessoa venha agir ou
reagir desta ou daquela maneira. Estes agentes atuantes podem ser de natureza interna, isto é,
partindo do próprio indivíduo, como também podem ser de natureza externa, partindo de
estímulos ambientais. Seja de uma ou de outra forma, o homem tem sempre condições de
reagir ao estimulo com uma resposta que é o seu comportamento, através do qual ele ficará
conhecido no seu meio ambiente (Pv 12.8).
a) O homem é dotado de livre arbítrio – O livre-arbítrio é a liberdade de escolha. Ele
pode preferir o obedecer ou o desobedecer a Deus, através de suas palavras, de seus atos, de
suas ações. Entretanto, deve ser notado que liberdade implica em responsabilidade. O mesmo
Deus que criou o homem, dotado-o de livre-arbítrio declarou que do uso dessa liberdade
dependeria a sua felicidade (Dt 30.19; Gl 5.13).
b) O comportamento do cristão frente ao mundo – O verdadeiro cristão procura
comportar-se de maneira a agradar a Deus. Por essa razão, procura ser um imitador de Cristo,
pois sabe que o mundo e a igreja são dois grupos distintos. O mundo está sob o domínio de
Satanás (Jo 12.31), a igreja pertence exclusivamente a Deus (Ef 5.23,24; Ap 21.2). Amar o
mundo significa dedicar-se aos seus valores, interesses e prazeres. Significa ter satisfação
naquilo que ofende a Deus.
c) Andar em integridade – O cristão deve ser integro tanto em suas ações (Mt 12.33;
Rm 6.22) como em suas palavras (Cl 4.6; Mt 5.37). Cabe ao mesmo, andar com sabedoria e ter
uma palavra sempre agradável e temperada. A conversa do crente deve ser cativante, amável e
graciosa. Os filhos de Deus devem ter uma linguagem originada na graça de Deus e marcada
pela pureza (Ef 4.29). Linguagem a atitude indecente podem se tornar em hábitos tão
arraigados que estouram subitamente em circunstancias inesperadas (Mc 14.71).
2. O Amor Como Fonte de Conduta
O amor deve ser alicerce de toda a conduta do cristão pelo fato de ser um sentimento
sublime, envolvente, que produz bem-estar e felicidade tanto ao que oferece como ao que
recebe (1 Co 10.14). Foi o próprio Deus quem criou a lei do amor para o bem da humanidade
(Lv 19.18).
a) Amor a Deus – Jesus disse: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todo o teu pensamento” (Mt 22-37). Significa que devemos amar a Deus com todo o
nosso ser e quando isso acontece a nossa conduta passa a ser influencia por tal amor. Amar a
Deus é, sem dúvida alguma, e motivação para uma vida equilibrada, feliz e próspera (Sl 1).
b) Amor ao próximo – A Bíblia é rica em referencias a esse respeito (Mt 22.39; Mc
12.31), significando que este assunto tem muita relação com a conduta do Filho de Deus. O
amor ao próximo não deve ser apenas mencionado, mas deve ser acima de tudo exercido, e
isso pode ser feito de diversas formas, quer seja em forma de ajuda material quer de ajuda espiritual.
c) Amor a si próprio – Jesus ensinou que o individuo deve amar o próximo como ama a
si mesmo. E, ninguém quer o mal para si, nem deseja fracassos ou derrotas em sua própria
Ética Cristã - 29 -
vida (Pv 11.17). Gostar de si mesmo, sem extremismo, sem adoração do próprio eu, isto é, a
egolatria, é um referencial para se gostar do próximo (Fp 2.3,4).
3. A Natureza Moral do Homem
O homem possui valores e virtudes em sua própria natureza que lhe conferem condições
de bem-viver, desde que esses valores e virtudes sejam considerados e bem administrados. O
habito é uma disposição adquirida pela experiência. O hábito é uma aptidão que a pessoa
adquire e quanto mais é praticado, mais perfeito e mais automático ele se torna.
a) Os maus hábitos – Devem ser evitados. O hábito exerce grande influencia na
formação do caráter, sendo necessário que haja certo cuidado a fim de que os maus hábitos não
sejam apreendidos. Existe uma série de maus hábitos que mesmo depois de apreendidos,
podem e devem ser evitados ou mudados para que os bons hábitos possam ser instalados e
vivenciados, segundo Paulo (Cl 3.38-10).
b) Os bons hábitos – Devem ser desenvolvidos e cultivados, pois são próprios a uma
vida transformada pelo poder do Evangelho de Jesus (Ef 5.1-21). Dentre as muitas virtudes e
as qualidades morais que devem enriquecer o individuo, o amor é a grande principal. Ao
adquirirmos os hábitos salutares, que só servirão para enobrecer o nosso viver, vamos nos
tornar agradáveis e de “boa fama”. Sempre será melhor para nós falar bem de alguém, que
mal, ajuda, ao invés de prejudicar, bendizer em lugar de amaldiçoar. Mas para agirmos assim,
temos que seguir o verdadeiro padrão divino (Tg 4.7-12).
c) A temperança – Significa usar com sabedoria e moderação as coisas relativas ao
corpo e ao espírito; significa sobriedade, moderação, comedimento (1 Tm 3.2.11; Tt 2.2; Rm
12.3; Gl 22). O equilíbrio do homem é algo que se pode evidenciar na vida do crente. É preciso
controle sobre seus impulsos, apetites e seus atos, isto é, negar a si mesmo e seguir a Jesus.
4. Resultados da Ética no Ser Humano
Dentre as muitas virtudes que enriquece o homem, o caráter do individuo é fundamental
na sua honradez. Para se alcançar respeito, admiração e, sobretudo, confiança tanto das
pessoas mais próximas como daquelas que só, em negócios ou mesmo socialmente nos
rodeiam, temos que viver eticamente.
a) A justiça – Consiste em oferecer a cada um aquilo que lhe compete, aquilo que lhe é
por direito, mesmo que sejam coisas pequenas e insignificantes. A Bíblia é rica em conselhos a
esse respeito. “Os tesouros da impiedade de nada aproveitam; mas a justiça livra da morte” (Pv 10.2; Sl
82.3,4; 11.5,6; 14.34; 21.3; 1 Tm 6.11; 2 Tm 2.22).
b) A prudência – Como prudência entende-se a maneira de agir com moderação e
cautela. Significa procurar o caminho reto e segui-lo, evitando o que considera ser fonte de
erro ou de dano, não só para si mesmo como também para outrem (Pv 9.10; 13.16; 14.15;
27.12; Mt 7.24; 10.16; Ef 5.15).
c) A perseverança – È a qualidade que consiste na firmeza, na constância, de se
perseguir um objetivo até conquistá-lo. Ser perseverante é estar envolvido de uma coragem
especial para prosseguir, conservar-se firme no propósito, persistir, permanecer fiel, mesmo
que para isso tenha de sofrer dificuldades. A Bíblia aconselha: “sede firmes e constantes” (1 Co
15.58). O céu será o ganho para aquele que for fiel, para aquele que preservar na fé (Mc 13.13).
* A Bíblia é o único livro que tem por autor o próprio Deus. Ela é um instrumente útil
para ensinar o homem a comportar-se de maneira correta em relação a Deus, ao seu próximo e
até com relação a si mesmo. A pessoa que aplica os ensinamentos da Palavra de Deus à sua
vida profissional, certamente terá um comportamento exemplar. Esse equilíbrio moral é o que
conduz a vida a uma existência mais feliz, porque a Bíblia prevê uma vida de bom
comportamento, de pureza, de santidade (Sl 34.12-14).
Ética Cristã - 30 -

Exercício 3


1. Onde está escrito:
“O temor do Senhor é o principio da sabedoria, mas os loucos
desprezam a sabedoria e o ensino”
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2. Qual é o maior e o primeiro mandamento?
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3. Onde está escrito:
“Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens”.
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4. Onde está escrito: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”
........................................................................................................................................................................................................................................................
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5. Escreva com suas palavras: “Por que o Cristão precisa da Ética Cristã”?
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15. A ÉTICA CRISTÃ NO CASAMENTO

“Venerado seja entre todos o matrimonio e o leito sem mácula... “ (Heb. 13.4).
1. O Casamento. Do ponto de vista divino, o casamento foi e é uma instituição divina.
Isso se deu, conforme está dito, logo no inicio da Bíblia (Gên. 1.27,28; 2.18-24). Do ponto de
vista social, porém, o casamento é praticado em todas as sociedades; o individuo é responsável
perante o seu grupo social.
Em geral, a família constitui o agente de uma comunidade mais ampla, e através dela
tende à regular-se o comportamento do indivíduo. O matrimônio é uma das formas de
comportamento que propende a ser muito cuidadosamente regulamentada em todas as
sociedades, visto que envolve a criação de laços íntimos, não só entre os indivíduos que se
casam, mas também entre as suas famílias.
No casamento se estabelece o parentesco entre dois grupos, e não apenas entre dois
indivíduos.
2. As Formas de Casamento. O casamento torna o casal membro de uma família
elementar diferente daquela em que nasceu. Assim, em cada sociedade, um adulto moral
pertence a duas famílias nucleares: a de Orientação (onde nasceu) e a de Procriação (que
constituiu).
Na primeira, ele é filho e irmão; na segunda, marido e pai. A família, portanto, em geral,
é considerado o fundamento básico e universal das sociedades, por se encontrar em todos os
agrupamentos humanos, embora variem as estruturas e o funcionamento.
De modo geral, é o casamento que estabelece os fundamentos legais da família, mas pode
haver famílias sem casamento, mas isso no contexto social e divino é ilegal. As sociedades, de
modo geral, estabelecem certas regras para o casamento, permitindo ou restringindo outras,
tais como:
a) Endogamia. Essa forma de casamento atinge um pouco mais de 10% das culturas
mundiais. O exemplo mais típico de endogamia encontra-se nas costas da Índia.
Endogamia (endo, dentro; gamo: casamento) significa a regra de casamento que obriga o
individuo a escolher seu cônjuge dentro do mesmo grupo, local, ou de parentesco, de status,
étnicos, etc.
b) Exogamia. Essa forma de casamento é o universo da outra. Isto é, da Endogamia.
Exogamia, que significa “fora” de “gamo” = casamento, quer dizer regra social que exige o
casamento de uma pessoa com outra fora do grupo a que pertence (local, de parentesco, de
status ou qualquer gênero). A exogamia é bastante aceita entre índios da América do Norte (83
%), e entre as populações mediterrâneas (34%).
c) Pré-marital. A maior proporção dos que aceitam essa forma de união encontra-se na
área do Pacífico (75%); e uma parte das sociedades mediterrâneas e adjacentes (41%).
Das 863 sociedades constantes do “Atlas Etnográficos”, afirma que 67 % das sociedades
aceitam este tipo de comportamento, sendo, porém, restrito nos meios religiosos.
d) Monogamia. A monogamia consiste no casamento de um homem ou mulher com
apenas um cônjuge, como ocorre na sociedade ocidental. Conseqüentemente, essa foi e é a
forma estabelecida por nosso Senhor Jesus Cristo (Mat. 19.2-9).
e) Poligamia. A poligamia refere-se ao casamento do homem ou da mulher com dois
cônjuges. Essa prática é bastante aceita no Oriente Médio; especialmente no Egito.
Ética Cristã - 32 -
16. O DIVÓRCIO À LUZ DA BÍBLIA

Infelizmente, aumenta a cada dia o número de divórcios entre os cristãos. Apesar de


biblicamente permitido em circunstâncias especificas, traz irreparáveis conseqüências tanto
para os cônjuges quanto para os filhos, Vejamos qual o ponto de vista bíblico para esta questão
tão grave.
1. Casamento, uma Instituição Divina

a) Definição. O casamento é a união legitima entre um homem e uma mulher. No sentido


bíblico, o casamento ideal faz parte do plano de Deus para a vida dos cônjuges, indo além da
procriação e dos costumes sociais.
b) Instituição divina. Deus estabeleceu o casamento na primeira família da terra. Ele o
instituiu logo no inicio, no jardim do Éden, antes da queda do homem (Gn 1.27,28; Mt 19.4,5).
Portanto, o casamento é uma instituição divinamente ordenança; é uma união que somente
pode ser dissolvida pela morte de um dos cônjuges.
O matrimonio é uma união tanto física quanto espiritual (Mt 19.6); o Estado apenas
reconhece como legitimo algo que Deus instituiu desde o começo.
c) Importância espiritual. Tanto no judaísmo quanto no cristianismo o casamento é
visto como algo que fortalece a comunidade, ajudando as pessoas a cumprirem os ditames
sagrados. A família, por conseguinte, é o meio pelo qual os princípios da fé em Deus são
fortalecidos. Qualquer abalo em sua estrutura prejudica claramente o propósito divino,
desestruturando conseqüentemente toda a comunidade.
O casamento no Novo Testamento não aparece como algo meramente secular. É também
uma união espiritual. Deve fazer parte da dinâmica da vida cristã (por isso a proibição bíblica
quanto a casamentos mistos). Propósitos espirituais estão envolvidos no casamento, incluindo
o serviço cristão, a adoração e o desenvolvimento espiritual.
O casamento produz filhos que serão (ou deveriam ser) criados para servirem a Deus,
glorificando-o em tudo. É o início de um lar que propiciará o ambiente ideal de crescimento
espiritual para as crianças.
d) Felicidade conjugal. Essa felicidade, tão almejada, é o resultado da harmonia
espiritual, amorosa, física e emocional entre os cônjuges. Ela não é conseguida através de
teorias ou do esforço intelectual de ambos. Sendo também o casamento uma união de espíritos,
o jugo desigual com os incrédulos deve ser completamente descartado. Quem melhor do que o
próprio Deus, que o constituiu, para ensinar o caminho da felicidade conjugal? Paulo afirma
que Ele nos abençoou com todas as bênçãos (Ef 1.3), inclusive a habilidade para fazer do
casamento um sucesso. A presença divina no casamento é garantia de alegria duradoura (Jo 2.1-11).
2. O Divorcio à Luz da Bíblia
O divorcio é também um problema espiritual que está relacionado às conseqüências da
queda do homem – o pecado e o endurecimento dos corações.
a) A causa do divórcio. Jesus é enfático ao dizer que o divorcio foi permitido (e não
instituído) por Moisés devido à dureza do coração dos homens e de sua obstinação. O divórcio
tornou-se uma das maiores manifestações da condição pecaminosa do homem. Assim, faz-se
necessário reconhecer os primeiros sinais deste sintoma fatal. Quando se permite que a
Ética Cristã - 33 -
vontade humana prevaleça sobre a de Deus, a semente da obstinação floresce e gera rebelião
espiritual, que leva ao endurecimento do coração, provocando morte espiritual e conjugal.
b) Como prevenir. Assim que se percebe que a relação conjugal está sofrendo algum
tipo de desgaste, é obrigação dos cônjuges atentarem para, pelo menos, três pontos
fundamentais da conveniência sadia, rogando a ajuda do Espírito a fim de pô-los em prática.
Comunicação. Comunicação é a transferência de informação de uma pessoa para outra.
Pode ser verbal (palavra oral ou escrita) e não verbal (todas as formas de expressões e atitudes
capazes de traduzir sentimentos e emoções). Desta forma, devem os cônjuges nutrir suas
aspirações e se ajudarem mutuamente.
Unidade de propósitos. O casal deve atentar para os mesmos valores espirituais, orando
sempre, para que o casamento supere todos os obstáculos. Observe: ambos precisam querer a
mesma coisa (Mt 18.19) e estar interessados na estabilidade do casamento.
Humildade. É imprescindível que cônjuges tenham disposição para refletir sobre seus
equívocos comportamentais, e recuarem quando necessário. Por sua vez, deve o outro cônjuge
conduzir-se sabiamente de maneira a perdoar e não aviltar a dignidade do que se humilha.
c) Quando o divorcio é permitido. De uma forma geral, ao crente não é permitido
divorciar e casar-se outra vez. Deus forneceu diretrizes para o casamento e sua estabilidade, e
não para o divorcio.
“Embora o divórcio seja uma tragédia, a infidelidade conjugal é um pecado tão cruel
contra o cônjuge inocente, que este tem o justo direito de pôr termo ao casamento mediante
divorcio. Neste caso, ele ou ela esta livre para casar-se de novo com um crente” (Mt 19,9).
Não devemos, porém, descartar a possibilidade do perdão por parte do ofendido. Se a
parte ofensora demonstrar arrependimento, que a parte ofendida busque em Deus a força
necessária para perdoar e recuperar o cônjuge faltoso.
Paulo acrescenta outra exceção: quando um cônjuge incrédulo deseja separar-se do
cônjuge crente. Neste caso, o crente fica livre de suas obrigações conjugais, podendo casar-se
novamente, dede que com outro crente (1 Co 7.15). Mas o cônjuge crente deve fazer de tudo
para ganhar o descrente para Jesus, conforme a recomendação de Pedro (1 Pe 3.1-6).
3. Desastrosas Conseqüências
a) Altos riscos de problemas psiquiátricos e doenças físicas. O Dr. David Larson,
psiquiatra e pesquisador americano, chegou a algumas conclusões sobre as conseqüências do
divorcio:
Os indivíduos divorciados acham-se mais vulneráveis ao câncer do que as pessoas bem casadas.
As taxas de morte prematura são significativamente mais altas entre homens e mulheres
divorciados.
Os médicos acreditam que isto se deve ao trauma emocional que estressa o corpo, e reduz
o sistema de defesa imunológica do organismo.
b) Os filhos. O desenvolvimento emocional dos filhos está diretamente ligado à interação
contínua, cuidadosa e sustentadora entre ambos os pais. Estudos revelam que 90% dos filhos
de pais divorciados são vitimas de um sentimento agudo de choque quando a separação ocorre,
incluindo profunda mágoa e temores irracionais. Neste particular, o maior problema do
divorcio é o sentimento de rejeição dos filhos e a dificuldade que têm de se sentirem amados.
Decorrem destes sentimentos delinqüências, dependências de drogas, suicídios, agressividade,
depressão etc.
* Considerando todas as questões discutidas, não espere um colapso conjugal para então
buscar solução no divórcio; renove, melhore e recicle seu relacionamento conjugal e fuja de
todas as possibilidades que desemboquem numa catástrofe desta natureza. O ideal, portanto, é
que os cônjuges permaneçam unidos até que a morte os separe.
Ética Cristã - 34 -

17. A ÉTICA CRISTÃ NOS DIAS ATUAIS

1. A Ética Cristã nos Dias Atuais


Nos dias atuais, não difere das definições já expostas, tais como conduta ou prática de
vida. Temos uma boa referencia em 1 Co 15.33 quando Paulo diz que: “Às más conversações
corrompem os bons costumes”. Tradução da expressão grega: “Ethe chresth”. Palavra que denota as
exigências da Ética Cristã. O conceito que nos estudamos, encontramos fundamentalmente na
Bíblia Sagrada; que nos ensina a maneira de vida e conduta.
a) A conduta moral – A Ética traz os argumentos básicos para que se possa conhecer os
princípios de tomadas de decisões, como também a introdução á revolução moral. Leva
também ao conhecimento moral das obrigações, dos direitos humanos, das punições impostas
aos infratores, do sexo e casamento. O que faz do homem um ser imoral? Teologicamente
como resposta cabal podemos dizer que é a ausência de Deus na vida. Quem tem a mente de
Cristo não mente, não mata, não rouba, não comete adultérios, etc., (1 Co 2.16).
b) A conduta Cristã – Normalmente quando alguém se identifica como cristão; o nome
já requer atitudes Éticas, tendo em vista que o livro texto do cristão é a Bíblia Sagrada. Esse
conceito pode nos deixar pensativos no que tange ao que não devemos fazer. Mas o propósito
do nosso viver deve ser aquele que Pedro repetiu em sua epistola: “Sede santos, porque Eu Sou
Santo” (1 Pe 1.16). O conceito de viver de uma forma santa significa mostrar nas suas boas
ações de cristão o exemplo encontrado na vida e ensinamentos de Jesus.
c) A conduta pessoal – A Ética é a ciência da conduta ideal. Aborda a conduta ideal do
individuo, isto é, nossa responsabilidade primária. Os Evangelhos nos ensinam que a
transformação moral nos conduz as perfeições de Deus Pai (Mt 5.48). E daí, parte-se para a
transformação de acordo com a imagem do Filho de Deus (Rm 8.29; 2 Co 3.18). Precisamos
cuidar de nosso próprio desenvolvimento espiritual como indivíduos. Essa transformação
reflete em nossa conduta pessoal, pois a conversão cristã gera transformação na vida do ser
humano direcionando-o a Ética pessoal (2 Co 5.17).

9. O Valor da Ética Cristã


Numa sociedade corrompida, a Ética Cristã, gera impacto em todos os sentidos. Quando
um cristão se recusa a mentir, se drogar ou cometer adultério, revela a sua submissão ao
Espírito Santo (Lc 14.33). Nesse caso, a Ética Cristã supera as demais éticas, pelo fato de ser
gerada pela presença do Espírito santo (Gl 5.25).
a) Nos novos convertidos – Um novo convertido demonstra sua nova vida através da
ação do Espírito de Deus no seu interior, como disse Paulo “nova criatura” (2 Co 5.17), ou como
disse o Senhor Jesus: “Aquele que não nascer de novo” (Jo 3.3). O maior impacto da Ética no novo
convertido surge através da mudança de comportamento.
Ética Cristã - 35 -
b) Na sociedade – Jesus disse em Mt 5.13,14: “Vos sois o sal da terra, e a luz do mundo”. Os
dois valores do sal são: o sabor e o poder de preservar da corrupção. O cristão, portanto, deve
ser exemplo para o mundo e, ao mesmo tempo, deve militar contra o mal e a corrupção na
sociedade. O sal também representa as ações de ordem e equilíbrio que os cristãos exercem na
sociedade.
c) No lar – A tragédia dentro do lar começa quando perdemos alguns valores (Lc 15.9).
Quando há prioridade para a Palavra e a oração, certamente, os valores éticos ressurgem. Para
encontrar a moeda perdida, a mulher, em Lucas 15, teve de fazer três coisas fundamentais:
“acender a candeia; varrer a casa; e buscar até achá-la”.

10. A Bíblia Como Referencial de Ética

Não somente o Novo Testamento, como toda Bíblia está repleta de exemplos éticos,
tendo em vista que ela é um manual de todas as éticas. Procuraremos demonstrar apenas três
exemplos de ética no Novo Testamento, mas devemos procurar outros exemplos éticos em
toda Bíblia, afinal ela é nosso manual por excelência.
a) O exemplo de Zaqueu – A confissão genuína do pecado e a verdadeira fé, que produz
salvação em Cristo resultam na transformação da conduta externa da pessoa (Rm 10.9).
Zaqueu demonstrou arrependimento e conversão com uma atitude espontânea de restituir e
repartir os bens. A presença de Cristo em sua vida o transformou em um homem ético com
exemplos práticos de uma nova vida (Lc 19.8).
b) O exemplo de Paulo a Filemom – Paulo escreveu esta “carta da prisão” (Fm 1.9) a um
homem chamado Filemom, mais provavelmente durante sua primeira prisão em Roma.
Filemom era um Senhor de escravos (Fm 1.16) e membro da Igreja de Colossos. Onésimo era
um escravo de Filemom que fugira para Roma; Ali, teve contato com Paulo e entregou sua
vida a Jesus. Paulo dentro da Ética devolve a Filemom o seu escravo Onésimo com uma carta
de intercessão. Certamente Onésimo seria muito útil a Paulo na prisão, mas não era ético ficar
com ele.
c) A cobrança de uma postura Ética – A Bíblia mostra Ananias e Safira que
combinaram vender uma propriedade e entregar parte do valor como se fosse o todo (At 5.2).
Seu verdadeiro objetivo era obter prestígio e mentiram diante da Igreja a respeito de suas
contribuições (At 5.3). Deus considerou um delito grave contra o Espírito Santo disciplinando-
os com a morte (At 5.5). Já pensou se todos os crentes infiéis morressem iguais a Ananias e
Safira? (At 5.10). Que tragédia! As mortes de Ananias e Safira ficaram como exemplos
perpétuos da atitude de Deus para com qualquer coração enganoso entre aqueles que
professam ser cristãos (At 5.11).
* O conceito da Ética Cristã sobrepuja todos os demais conceitos, pelo fato de ser
embasado na Bíblia. Somente o cristianismo puro reúne as condições necessárias para a
moralidade. E só ele pode estimular uma vida salutar do ponto de vista ético ideal. Mas
precisamos adotar os preceitos divinos. Portanto, sejamos éticos em nossa maneira de viver.
Amém!
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Exercício 4


1. O que é Poligamia?
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2. O que é Monogamia?
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3. O que é o matrimonio?
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4. Quais são as pessoas mais vulneráveis ao câncer?
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5. Escreva com sua palavras:
“Por que o Cristão não pode casa-se com uma pessoa que não é crente”?
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Bibliografia

 BAP - Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD.


 Bíblia de Estudo Thompson, VIDA.
 Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD.
 Bíblia de Estudo Anotada, Mundo Cristão.
 Bíblia de Tradução Almeida, Revista e Corrigida,
CPAD.
 Novo Dicionário Bíblico, VIDA.
 Comentário Bíblico, CPAD.
 Vários Sites da Internet.
 Comentário Bíblico, Eliézer Lira, CPAD.
 Noções do Grego Bíblico, Vida Nova.
 Comentário Bíblico, Betel.
 Pequena Enciclopédia Bíblica, CPAD.
 Dicionário da Língua Portuguesa, Fênix.
 Educação Cristã, Josiel Saraiva Lima, ITADESP.

ATENÇÃO!
Fica proibida a reprodução total ou parcial desta
obra sem prévia autorização por escrito do autor.
“Todos os direitos reservados”.
Lei Federal 5088 de 14 de dezembro de 1973.
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Registro Nº.............................................. Professor.................................................................................

Prova de Ética Cristã

Aluno (a):..........................................................................................................................................................data.........../............../..............
(Marque um X na alternativa correta)

1. Quem disse: “Creio que a Bíblia é o melhor presente que Deus já deu ao homem”.
 Daniel Berg
 Abraan Lincoln
 Um erudito judeu
2. Quem disse: “A Bíblia sempre foi, e indubitavelmente continuará sendo, o livro básico para o estudo da Ética Cristã”.
 Abraan Lincoln
 Um erudito judeu
 O professor H. Richard Nieburhr
3. Foi um filósofo extremamente preocupado com os problemas éticos:
 Sócrates
 Jean Paul Sartre
 Nicolau Maquiavel
4. O que fala mais em favor do cristianismo do que todos os sermões que se possam pregar?
 A Ética cristã
 A Ética natural
 Uma família bem ordenada, bem disciplinada
5. O que afetou materialmente o conteúdo da Ética que governa a conduta do homem?
 A queda do homem
 As decisões da ONU
 A falta da Ética natural
6. O mandamento de amar ao Senhor de todo o coração e alma e mente, é o:
 Mandamento Ético
 Mandamento da Ética natural
 Primeiro e maior mandamento
7. A onde está escrito: “Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens”.
 Em Efésios
 Em Romanos
 Em 2 Coríntios
8. O jugo desigual para o casamento com os incrédulos deve ser completamente:
 Aceito
 Obedecido
 Descartado
9. Qual é a porcentagem que os estudos revelam que dos filhos de pais divorciados são vitimas de um sentimento agudo de
choque quando a separação ocorre?
 10%
 30%
 90%
10. Quando que os valores éticos ressurgem na família cristã?
 Quando há prioridade para a “Televisão e novelas”
 Quando há prioridade para a “Palavra e brincadeiras”
 Quando há prioridade para a “Palavra e a Oração”

Observação: Só existe uma alternativa correta em cada questão, e cada questão vale 1 Ponto.

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