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DONS E MINISTÉRIOS

I Co 12:4 Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. 5 E também há diversidade nos serviços
(ministérios), mas o Senhor é o mesmo.6 E há diversidade nas realizações (operações), mas o mesmo Deus é
quem opera tudo em todos.7 A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso.

Ponto 1 – Dons, ministérios e funções

O Corpo é o meio pelo qual Deus leva a cabo o seu propósito. Sem o Corpo, a cabeça não consegue realizar
nada na terra para levar a cabo o plano de Deus. E nesse Corpo há necessidade de que haja funções
diferentes. Cada membro no Corpo tem a sua função. A função advém do dom de cada membro, embora não
represente a mesma coisa. Podemos dizer que cada membro do Corpo de Cristo tem pelo menos um dom. E
se tem um dom, ele deveria funcionar. Há aqueles que infelizmente enterram o seu dom, e não funcionam. A
totalidade das funções dos dons de todos os membros constituem a manifestação do Corpo de Cristo. Os
dons espirituais são para o funcionamento dos membros do Corpo. O fato de Paulo mencionar 9 dons, não
significa que não hajam outros dons. Paulo, parece trazer esse assunto a tona, por ser mais um problema na
igreja em Corinto. Interessante, que Paulo inicia falando sobre esse assunto, mencionando os ídolos mudos,
aos quais os coríntios serviam, sem nada alcançar. Pode nos parecer desconexo, mas começamos a entender,
quando entramos em I Co 13, onde Paulo nos mostra que se tivermos todos os dons, ministérios e obras, e
não tivermos amor, será como um barulho sem sentido, um grande vazio, sem proveito algum, e no fim, não
alcançaremos o verdadeiro objetivo. Se entendemos que todo cristão tem um dom, então também temos de
presumir que há os dons iniciais, aqueles que nos são dados mediante a graça, quando nos convertemos, e
que precisam necessariamente de um amadurecimento; enquanto que existe também os chamados dons
miraculosos, ou dons de poder, que nos são dados posteriormente pela manifestação exterior do Espírito
Santo. Paulo fala que há diversidades, tanto de dons, quanto de ministérios, quanto de obras; mas que a
fonte é a mesma e o fim é o mesmo. Os dons nos são dados com um único propósito. Os dons são uma
manifestação do Espírito, os ministérios são aspectos do Filho, e as obras é o Deus Pai quem opera ou
estabelece. Paulo nos mostra que a manifestação ou evidência é dada pelo Espírito (12:8-11), para a
edificação do Corpo de Cristo (12:12-27), e segundo a ordem de autoridade estabelecida pelo Pai (12:28-30).
Os dons são a capacitação, são como uma ferramenta, que visa um propósito maior. Cada dom pode se
tornar um ministério, quando exercitado. Quando o membro funciona dentro da sua função no Corpo, ele
ganha mais graça, e assim é aperfeiçoado a ponto de alcançar um ministério. Se nos dispomos a funcionar,
buscando a direção do Espírito, ainda que não estejamos muito claros a respeito de qual é o nosso dom,
logo, cresceremos a ponto de entendermos perfeitamente qual é a nossa função no Corpo. Entretanto, não
podemos esquecer que tal manifestação e aperfeiçoamento visa a um fim proveitoso, a edificação do Corpo
de Cristo, que é a sua igreja.

Ponto 2 – Os dons iniciais e os dons miraculosos

Eu queria começar usando um exemplo bem prático pra mim. No meu trabalho existe cargo e função. Eu fiz
concurso pra agente administrativo, esse é o meu cargo, que tem uma série de atribuições. A minha função,
que é efetivamente aquilo que eu vou fazer é bem relativo; mas tem de estar dentro das minhas atribuições.
Não podem por exemplo me pedir pra eu dirigir por que eu não tenho o cargo de motorista. Há os casos de
desvio de função, que embora a gente saiba que não é correto, eventualmente acontece. Na igreja também
é assim, tem o dom e a função. O irmão que tem o dom de profecia, pode ser usado pelo Espírito para
predizer algo que vai acontecer, como também revelar algo instantaneamente de Deus para alguém, ou
pode simplesmente citar algo da Palavra conforme a direção do Espírito. O dom, no caso, se torna um
ministério ou um cargo, como às vezes costumamos chamar, que também tem a sua respectiva função,
quando ocorre o amadurecimento espiritual. Eventualmente também ocorre um desvio de função, quando
alguém faz provisoriamente ou inadvertidamente alguma coisa que não tem a ver especificamente com as
suas atribuições. Vejo que alguns irmãos mais novos eventualmente se encontram deslocados da sua função
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e precisam de auxílio. Eu entendo por dons iniciais aqueles que nos são dados na ocasião da nossa
conversão, quando nosso espírito é despertado e selado pelo Espírito Santo. Dons como sabedoria,
conhecimento, profecia no sentido de falar por Deus e expressá-Lo e também o dom de discernimento de
espíritos. São dons que precisam ser desenvolvidos. Os coríntios não tinham muita intimidade com esses
dons, visto que ainda eram crianças em Cristo (I Co 3:1-3). Já os dons miraculosos, como de cura, milagre,
variedade de língua, interpretação, e profecia no sentido de predizer, não há necessidade de crescimento.
Esses dons eram a base da igreja em Corinto, e por não haver maturidade, provocava muita confusão. Hoje
esses dons são mais comuns nas igrejas, pois não exigem crescimento de vida.

Quando Paulo fala daquele que profetiza, daquele exerce o ministério, ou a diakonia, o que ensina, o que
exorta, o que contrubui, o que preside e exerce misericórdia, em Rm 12:6-8, ali eu entendo entendo, ele está
falando de funções. São funções relacionadas as dons e aos ministérios. Penso que todos são espirituais,
embora Deus use nossos naturais, em ressurreição.

Mas falando ainda um pouquinho sobre os dons de I Co 12, eu entendo que a palavra da sabedoria é a
palavra acerca de Cristo como as profundezas de Deus; a palavra do conhecimento é a que transmite
conhecimento geral das coisas acerca de Deus e do Senhor. A palavra de sabedoria é principalmente de
nosso espírito por intermédio de revelação, com enfoque em Cristo; enquanto que a palavra de
conhecimento é principalmente de nossa compreensão por intermédio do ensinamento, com enfoque
naquilo que Deus é e faz. A fé, naturalmente é uma fé diferenciada, visto que todos tem fé. Essa fé é aquela
que remove montanhas. O dom de cura está relacionado a um poder miraculosos para curar diversas
doenças. Enquanto que milagres vão além da cura e daquilo que o homem pode fazer, como ressuscitar um
morto. No que se refere a profecia, podemos predizer, ou ainda falar por Deus e expressá-Lo. Quanto ao
dom de discernimento de espírito, acredito que ele esteja falando de distinguir o Espírito que é de deus dos
que não são de Deus. As línguas podem ser dialetos ou a língua dos anjos (13:1), de qualquer forma não são
vozes ou sons sem sentido. E esse depende muito de que haja interpretação. A interpretação é dada como
um dom, onde o espírito da pessoa discerne o que está sendo falado em línguas.

Ponto 3 – O Caminho sobre modo excelente e o dom de Profetizar

Depois de discorrer sobre os dons e ministérios, Paulo fala sobre a importância de conhecermos um caminho
sobremodo excelente. O Caminho do amor. E ainda nos encoraja a buscarmos os melhores dons, como
profetizar e ensinar, os quais edificam a igreja. Entendo, que para termos os melhores dons, precisamos
crescer em vida até a maturidade. Estes são desenvolvidos mediante o crescimento de vida, a partir dos dons
iniciais que recebemos quando fomos regenerados. Paulo dá a entender que dons como profecias, línguas e
ciência, um dia acabarão; enquanto que o amor será eterno. Nada edifica mais as pessoas que o amor. Ter o
amor ágape é uma questão de vida. Dons miraculosos como milagres, cura, e línguas não são desenvolvidos a
partir da vida. Paulo no diz que se tivermos algum dom, mas não sermos motivados pelo amor, isso de nada
nos aproveitará. Os coríntios estavam tão preocupados com os dons, que não percebiam a essência do
evangelho, que era o amor. Eles buscavam os dons miraculosos e negligenciavam o amor, a expressão da
vida. Desse modo eram carnais ou anímicos. O amor ágape é constituído da vida divina e é a expressão de
Deus. Isso é resultado do crescimento em vida. Os dons são os meios para Deus operar, são como
ferramentas; não são vida para a expressão de Deus. Dons não representam maturidade ou espiritualidade.
A espiritualidade nós vemos pelos frutos e não pelos dons. Paulo nos encoraja em I Co 14 a buscar os dons
espirituais, mas principalmente o relacionado ao dom de profecia, cuja função é profetizar, falar por Deus e
expressar Deus. O apóstolo Paulo faz uma comparação entre o dom de falar em línguas e o dom de
profetizar, mostrando a eles a superioridade daquele que profetiza, com relação àquele que fala em línguas.
A ênfase e a preocupação de Paulo não está na edificação individual, mas na edificação coletiva, a edificação
do Corpo de Cristo, a Igreja. Profetizar, num grau de maturidade, é ministrar Cristo aos outros. Cristo deve
ser o centro da nossa reunião. O que profetiza revela a vontade de Deus aos homens, edificando, exortando

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e consolando. Como Paulo diz, é preferível falar 5 palavras inteligíveis, que vão instruir, do que 10 mil
palavras em outra língua.

Ponto 4 – Dom da Sabedoria

A palavra da sabedoria, a palavra do conhecimento e o dom da profecia, são três dons iniciais, também
conhecidos por dons de revelação, que são fundamentais para a edificação da igreja, mas que exigem um
amadurecimento espiritual.

A Palavra da sabedoria é muito mais do que simplesmente ter inteligência ou dar boas respostas. Ela não é
obtida por meio da reflexão humana, estudo, meditação, ou um padrão humano elevado. A palavra da
sabedoria transcende a sabedoria humana. Ela vai além dos limites daquilo que o maior gênio humano
poderia mensurar. Nem mesmo anjos, ou o próprio Lúcifer poderia entender a dimensão de tão grande
mistério. Paulo discorre no capítulo 2 de I Coríntios, que nessa sabedoria não há ostentação de palavras, não
há uma linguagem persuasiva, não há demonstração de força. Aquele que é natural, que é descrente, que é
carnal, não entende essa Palavra; ele não consegue discernir. Diante dessa sabedoria, a sabedoria deste
século e a dos poderosos desta época, se reduzem a nada. Deus tornou louca a sabedoria deste mundo. Os
gregos em Corinto valorizavam de mais a sabedoria, mas uma sabedoria humana, que não conduz o homem
a Deus. Na verdade, quando mais sábio o homem se torna, mais independente de Deus, ele fica.

A Palavra da sabedoria revelada em mistério, como Paulo diz em I Coríntios 2 e Colossenses 1:26-28; 2:2;
estava oculta e preordenada desde a eternidade. É uma Palavra que nem olhos viram, nem ouvidos ouviram
e jamais penetrou em coração humano. Está além da compreensão humana. Mistério esse que só é
compreendido quando estamos vinculados no amor. Amar a Deus é um requisito indispensável para
conhecer esse mistério. Um mistério no qual todos os tesouros da sabedoria e também do conhecimento
estão ocultos. Esse mistério agora se manifesta aos seus santos, aos quais Deus quer dar a conhecer; isto é,
Cristo, o mistério de Deus, revelado no homem, a esperança da glória; os quais por meio da Palavra da
sabedoria, anunciam, advertem e ensinam todo homem, a fim de que sejam apresentados perfeitos em
Cristo. É uma Palavra que necessariamente nos leva a passar pela cruz e a conhecer o Jesus crucificado. A
exemplo de Paulo: até que ponto estamos dispostos a nada saber, senão a Cristo crucificado. É uma Palavra
que se manifesta em fraqueza, temor e grande tremor; demonstrada muitas vezes pelo Espírito de poder.
Uma sabedoria que se manifesta ocultamente para a nossa glória. É uma Palavra de sabedoria revelada pelo
Espírito, a qual trás a tona as profundezas de Deus, àqueles que o amam. Esse dom é baseado na revelação a
respeito da pessoa de Cristo, revela Cristo, manifesta a vida e a palavra de Cristo, e transmite Cristo.

Os coríntios receberam o dom, mas por falta de crescimento em vida, não o desenvolveram. Se focaram nos
dons miraculosos, principalmente o de falar em línguas; ignorando os dons de revelação. Eram egoístas e não
estavam preocupados com a edificação da Igreja. Não tinham amor pelo próximo. O culto era uma completa
desordem, visto não haver maturidade. Podemos ter dons, e não termos frutos. Podemos ter dons, e não ser
espirituais. Podemos ter dons e não valorizar aquele que está cheio do espírito. Podemos ter dons, e estar
divididos. Qual é o nosso foco na Igreja? O que temos buscado? O que realmente é importante? Qual é a
essência da vida da Igreja? Os judeus buscam sinais, e os gregos buscam a sabedoria humana. E nós, o que
buscamos? Deus precisa de homens espirituais pra levantar uma igreja que seja coluna e baluarte da
verdade. Uma igreja que seja o candelabro dele na cidade de Canoas.

Ponto 5 – Dom do Conhecimento

Quanto ao dom do Conhecimento, também diferente do conhecimento natural, humano; visto ser um dom
do Espírito; e ser também, assim como o dom da sabedoria e de Profecia, um dom de revelação. Os gregos
em Corinto tinham o conhecimento como um ídolo. Assim como exercitavam o seu corpo para grandes
batalhas e competições, eles também se sobressaíam no exercício da mente. Isso acabou se tornando como

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um véu para eles compreenderem a sublimidade do conhecimento de Cristo. Diferentemente do que Paulo
fala em Fp 3:8, eles não conseguiam abrir mão do conhecimento natural.

Pela Palavra da sabedoria conhecemos Cristo como Ele é: o pão da vida, a água da vida, o maná celestial, a
videira verdadeira, o cordeiro de Deus. Cristo é a essência da vida da igreja e da obra de Deus. Penso que a
vida está relacionada à sabedoria, enquanto que a obra está relacionada ao Conhecimento. Enquanto que a
Palavra da Sabedoria está relacionada a algo intuitivo à respeito de Cristo, sentida principalmente em nosso
espírito; entendo que a Palavra do Conhecimento é refletida em nossa mente.

Entendo que, assim como o dom da sabedoria; o dom do conhecimento e o dom da profecia, sejam dons de
revelação. No último áudio falei especificamente sobre o que eu penso a respeito do dom da sabedoria.
Embora seja muito tênue a diferença entre esses dons, Paulo claramente faz uma separação entre o dom da
sabedoria e o dom do conhecimento. Em Rm 11:33 Paulo fala sobre a profundidade da riqueza, tanto da
sabedoria quanto do conhecimento. Em I Co 1:5 Paulo fala que em tudo eles são enriquecidos em Cristo, em
toda palavra e em todo conhecimento. Em Ef 1:16-18 Paulo roga ao Pai para que Ele nos conceda espírito de
sabedoria e de revelação no pleno conhecimento do dEle; de modo que seja iluminado os olhos do nosso
coração, para SABERMOS qual é a esperança do nosso chamamento e qual é a riqueza da glória da nossa
herança com os santos. O mesmo ele faz em Cl 1:9-10 quando ele diz que não cessa de orar e pedir para que
transbordemos de pleno conhecimento da vontade de Cristo, em toda sabedoria e entendimento espiritual;
a fim de vivermos de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e
crescendo no pleno conhecimento de Deus. Como citei no áudio anterior, em Cl 2:2-3 Paulo fala aos
colossenses da grande luta que ele tem para que eles tenham toda a riqueza da forte convicção do
entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo, em quem todos os tesouros da
sabedoria e do conhecimento estão ocultos.

Como podemos perceber, então irmãos, nesses versículos; a sabedoria e o conhecimento estão muito
próximos. Mas falando agora, mais especificamente sobre o dom do Conhecimento, ou a Palavra do
Conhecimento, vejo que ela está mais voltada para a área da instrução. É a revelação do plano e do
propósito de Deus. Embora a Palavra da sabedoria nos revele a pessoa de Cristo, e isso é uma questão de
vida; eu entendo que a Palavra do Conhecimento nos revela o plano de salvação de Deus. Um nos transmite
Cristo e o outro nos transmite o que está no coração de Cristo. Em At 28:28 Paulo fala sobre a importância
deles tomarem conhecimento de que a salvação de Deus foi enviada aos gentios. Há um conhecimento que
está implícito em toda a bíblica, falando a respeito do plano de Deus em salvar o homem. Creio que o
conhecimento acerca do propósito de Deus e do Seu plano em nos introduzir no Seu Reino, só é possível por
meio da Palavra do Conhecimento. Deus precisa de homens que tenham a capacidade de absorver, meditar,
aprender, entender e transmitir a Sua Palavra. Uma didática que excede ao natural. Jesus mesmo, vemos nas
Escrituras, ensina como quem tem autoridade, e não como os escribas. Essa Palavra, na medida em que ela é
exercitada, gera mestres na Igreja. E digo, não mestres da lei, mas que, assim como Paulo diz em II Co 2:14,
manifestam em todo lugar a fragrância do Seu Conhecimento. Como já vimos anteriormente, Paulo fala em
Ef 4:11-14 que Jesus determinou uns, na Igreja, para terem ministérios, como o de mestre, por exemplo, com
vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de
Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos. Vejo
que o mestre, no exercício do dom do conhecimento, tem um papel fundamental no alcance do pleno
conhecimento do Filho de Deus. Ele tem um conhecimento geral de coisas acerca de Deus e do Reino; penso
que é uma Palavra muito relacionada à obra de Deus, por do seu Filho Jesus Cristo.

Ponto 6 – Dom da Profecia

O dom de Profecia, assim como o dom de Sabedoria e o dom de Conhecimento, também é um dom de
revelação. Herdamos do Antigo Testamento a ideia de que a profecia esteja relacionada a predizer, mas
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podemos dizer que hoje ela necessariamente inclui o ministério da Nova Aliança, nos permitindo, por meio
do Espírito, experenciar a Palavra. Não há dúvida, pela experiência dos profetas do Antigo Testamento, e
alguns do Novo, de que pelo dom da profecia alguém possa predizer algo que ainda vai acontecer, ou até
mesmo de algo que está acontecendo ou que já aconteceu. Em Ap 22:6 vemos que o espírito dos profetas
está relacionado em boa parte às coisas que ainda devem acontecer. Vários reis de Israel, assim como a
própria nação, foram várias vezes advertidos por profetas quanto a sua situação atual e do risco que corriam
caso não se arrependessem. O próprio rei Davi foi advertido pelo profeta Natã, quanto ao seu adultério (II
Sm 12:1-14). Entretanto, também vemos no testemunho de profetas, como Isaías e Jeremias, que profetizar
também está relacionado a falar por Deus e expressá-lo. Vale lembrar que a maioria das profecias do Antigo
Testamento direcionavam para Cristo. Cristo também é a essência do dom de Profecia. No que se refere a
predizer algo, Deus pode, na verdade, usar qualquer pessoa. Para predizer ou advertir alguém, Deus pode
usar um cristão que não necessariamente tenha o ministério de profeta, que não seja maduro, e até mesmo
que não seja cristão. Já o caráter de profetizar, no sentido de falar por Deus e expressá-Lo, eu entendo que
requer muito crescimento de vida. Nesse caso, precisamos buscar com muito zelo. Podemos profetizar,
movidos pelo Espírito, citando as Escrituras para alguém. Podemos profetizar enquanto pregamos, seja no
púlpito ou evangelizando; como também podemos profetizar expressando Deus, manifestando a vontade de
Deus naturalmente pelas nossas atitudes e falar. João Batista, por exemplo, não costumava predizer algo do
futuro, mas foi considerado profeta, como cita Lc 1:76, por simplesmente manifestar ao povo a vontade de
Deus. Os discípulos de Jesus profetizavam por pregar o evangelho (Mt 7:22). Vemos ainda em At 9 um
homem chamado Ananias, onde, embora não fosse chamado de profeta, creio que podemos dizer que ele,
revelando a Paulo a visão que teve, foi usado por Deus no dom de profetizar ao lhe entregar uma mensagem
profética. Enquanto que a palavra da sabedoria nos revela Cristo, e a palavra do Conhecimento nos revela o
que está no coração de Cristo no que se refere à Sua obra; o dom de Profecia nos revela uma palavra direta
de Cristo ou do Pai, a fim de nos advertir, avisar, consolar, alimentar, encorajar e edificar. O exercício
constante do dom de profetizar, nos levará a termos o ministério de profeta. Entretanto, nem todos que são
usados para profetizar, se tornarão profetas. Deus pode usar, tanto o profeta, como o apóstolo, como o
mestre, como pastores e evangelistas, ou até mesmo um levita, para profetizar. Em 1 Co 14, ao mostrar a
importância e superioridade do dom de profetizar, Paulo fala que quem profetiza fala a homens, edificando,
exortando e consolando. O que profetiza certamente edifica a igreja. Em princípio o que profetiza é superior
ao que fala em línguas, exceto se houver quem a interprete; ou seja, havendo interpretação, o falar em
línguas também passa a ter um caráter profético. Nesse caso, há uma manifestação sobrenatural do Espírito,
se encontrando na classe dos dons miraculosos. No versículo 24 e 31 ele dá a entender que “todos podem
profetizar”, se referindo provavelmente àqueles que funcionam na reunião, para aprenderem e serem
consolados; nos mostrando a diversidade desse dom na igreja, o que pode ser visto no versículo 26: com
salmo ou louvor, doutrina ou pregação, revelação, e língua com interpretação. Do ponto de vista de Paulo,
são formas de profetizar.

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