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ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

1. INTRODUÇÃO

1.1. A Administração

A sociedade é composta de organizações, isto é, de “unidades sociais


(ou agrupamentos humanos) que têm a intenção de alcançar objetivos comuns
e específicos” (Idalberto Chiavenato, 1998). Isso significa dizer que
trabalhamos em organizações e vivemos em organizações que possuem
diversas características. Algumas dessas organizações são lucrativas: estamos
falando das empresas. Outras, não. Como organizações que não visam lucros,
temos a Igreja, o Exército, as entidades filantrópicas, entre outras.

Toda e qualquer organização precisa de alguém ou de algumas pessoas


para administrar, planejar, organizar, liderar e controlar. A administração é uma
ciência extremamente ampla e variada, O profissional dessa área - o
administrador deve ter uma formação ampla, conhecimento em disciplinas
heterogêneas, para que possa desenvolver suas habilidades técnicas,
humanas e conceituais. A administração abrange diversas áreas: produção,
finanças, marketing, comércio exterior (internacional), recursos humanos etc.

A administração não se preocupa somente com os recursos físicos das


organizações, mas principalmente com os recursos humanos que as compõem,
visto que são as pessoas que pensam, agem e fazem acontecer. Sem pessoas
qualificadas, treinadas, motivadas e comprometidas, nenhuma organização,
jamais, poderá atingir seus objetivos. Uma excelente organização é aquela que
investe (em) e valoriza seus recursos humanos.

Em meados de 1.932, foi desenvolvida uma administração com


abordagem humanística; isto é, a ênfase estava centrada nas pessoas que
trabalhavam e participavam das organizações. O interesse pelo homem e por
seu grupo social passou a ser prioridade, desencadeando, nos EUA, a Teoria
das Relações Humanas, cuja conseqüência foi uma nova linguagem, uma nova
preocupação com a motivação, com a comunicação, com o bem-estar, com as
necessidades fisiológicas, psicológicas e de auto-realização, e também com a
liderança.

Em suma, o administrador deve ter uma série de características e


habilidades para que possa ajudar certa organização a alcançar seus objetivos
e metas. Algumas dessas características são: criatividade, flexibilidade,
maturidade, visão holística e futurista, liderança, dinamismo, responsabilidade,
saber ouvir e falar, estar constantemente se atualizando, entre outras.

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O propósito neste estudo, é compartilhar alguns rudimentos da administração
eclesiástica com os irmãos que já atuam nesta área ou que têm a pretensão de
administrar uma Igreja. Assim, pretendemos proporcionar-lhes uma visão geral
e ampla de como administrar bem, utilizando as ferramentas desta disciplina: a
administração.

2. ADMINISTRAÇÃO SECULAR

2.1. A ADMINISTRAÇÃO SECULAR

Antes de adentrarmos em nosso tema, acreditamos ser relevante fazer uma


breve menção de alguns conceitos da administração secular (não sacra),
reportando-nos a alguns acontecimentos históricos que, aos poucos, ajudaram
a construir a história da administração.

2.1.1. Os primórdios da Administração

A administração atual fundamenta-se no resultado de inúmeras contribuições,


experiências e acontecimentos de grandes civilizações do passado. Fazem
parte deste processo os filósofos, os físicos, os economistas, os estadistas e os
empresários que, através dos tempos, divulgaram suas obras e teorias. A
moderna administração utiliza conceitos e princípios empregados nas ciências
humanas (psicologia, sociologia, biologia, educação etc.), nas ciências
matemáticas (inclusive a estatística), nas ciências físicas (física, química etc.) e
nos cursos de Direito, engenharia etc.

A história mostra que a maioria dos empreendimentos militares, sociais,


políticos, econômicos e religiosos tem uma estrutura orgânica piramidal que,
por sua vez, retrata uma estrutura hierárquica, concentrando no vértice as
funções de poder e decisão. Toda esta estrutura hierárquica não é nova, pois
Platão, Aristóteles e Hamurabi já tratavam dela. Veremos, no próximo capítulo,
o que a Bíblia ensina sobre o assunto. Por ora, vejamos uma resumida tabela
da cronologia dos principais eventos dos primórdios da administração:

CRONOLOGIA DOS PRINCIPAIS EVENTOS DOS PRIMÓRDIOS DA ADMINISTRAÇÃO

Ano Autor(es) Objetivo

4.000 a.C Egípcios Necessidade de Planejar, organizar e controlar.

2.600 a.C Egípcios Descentralização na organização.

2.000 a.C Egípcios Necessidade de ordens escritas. Uso de consultoria de


staff.

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1.800 a.C Hamurabi Uso de controle escrito e testemunhal; estabelecimento
do salário mínimo.
(Babilônia)

1.491 a.C Hebreus Conceito da organização; princípio escalar; princípio de


exceção

600 a.C Nabucodonosor Controle de produção de incentivos salariais

(Babilônia)

500 a.C Mencius (China) Necessidade de sistemas padrões

400 a.C Sócrates (Grécia) Enunciado da universidade da administração

400 a.C Ciro (Pérsia) Necessidade de relações humanas; estudo de


movimentos, arranjo físico e manuseio de materiais

400 a.C Platão (Grécia) Princípio da especialização

175 a.C Cato (Roma) Descrição de funções

284 d.C Dioclésio (Roma) Delegação de Autoridade

1436 d.C Arsenal de Veneza Contabilidade de custos; balanços contábeis; controle


de inventários; linha de montagem; administração de
pessoas; padronização

1525 d.C Niccoló Machiavelli Princípio do consenso e coesão na organização;


enunciado das qualidades de liderança; táticas
(Itália) políticas.

1767 d.C Sir James Sturat Teoria da fonte de autoridade; Impacto da automação;
diferenciação entre gerente e operários; especialização
(Inglaterra)

1776 d.C Adam Smith Princípio de especialização de operários; conceito de


(Inglaterra) controle

1799 d.C Eli Ehitney (EUA) Método Científico; contabilidade de custos e controle de
qualidade; amplitude administrativa

1800 d.C James Watt e Mathew Procedimentos padronizados de operação;


Bouton (Inglaterra) especializações; métodos de trabalho; planejamento;
incentivo salarial; tempos padrões, gratificações
natalinas, autoditoria.

1810 d.C Robert Owen Práticas de pessoal; treinamento dos operários; plano
(Inglaterra) de casas para os operários.

1832 d.C Charles Babbage Ênfase na abordagem científica e na especialização;


(Inglaterra) divisão do trabalho; estudo de tempos e de
movimentos; contabilidade de custos; efeito das cores
na eficiência do operário.

1856 d.C Daniel C. McCallum Uso do organograma para a estrutura organizacional;


(EUA) administração sistemática em ferrovias.

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1886 d.C Henry Metcalfe (EUA) Arte da administração; ciência da administração

1990 d.C Frederick W. Taylor Administração científica, cooperação entre operários e


(EUA) gerência; prêmios de produção; princípio de exceção;
estudo de tempos e métodos; ênfase de planejamento
e controle.

Fonte: Introdução à teoria geral da administração, de Idalberto Chiavenato

3. ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

3.1. A ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

Administração eclesiástica é o estudo dos diversos assuntos ligados ao


trabalho do pastor como líder ou principal administrador da Igreja a qual serve.
Em relação à Bíblia, a administração eclesiástica pode ser vislumbrada no livro
de Êxodo, que narra a seguinte história:

“E aconteceu que, no outro dia, Moisés assentou-se para julgar o povo; e o


povo estava em pé diante de Moisés desde a manhã até a tarde. Vendo, pois,
o sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse: Que é isto, que tu fazes
ao povo? Por que te assentas só, e todo o povo está em pé diante de ti, desde
a manhã até a tarde? Então disse Moisés a seu sogro: É porque este povo vem
a mim, para consultar a Deus; quando tem algum negócio vem a mim, para que
eu julgue entre um e outro e lhes declare os estatutos de Deus e as suas leis.”

“O sogro de Moisés, porém, lhe disse: Não é bom o que fazes. Totalmente
desfalecerás, assim tu como este povo que está contigo; porque este negócio é
mui difícil para ti; tu só não o podes fazer. Ouve agora minha voz, eu te
aconselharei, e Deus será contigo. Sê tu pelo povo diante de Deus, e leva tu as
causas a Deus; e declara-lhes os estatutos e as leis, e faze-lhes saber o
caminho em que devem andar, e a obra que devem fazer. E tu dentre todo o
povo procura homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que
odeiem a avareza; e põe-nos sobre eles por maiorais de mil, maiorais de cem,
maiorais de cinqüenta, e maiorais de dez; para que julguem este povo em todo
o tempo; e seja que todo o negócio grave tragam a ti, mas todo o negócio
pequeno eles o julguem; assim a ti mesmo te aliviarás da carga, e eles a
levarão contigo. Se isto fizeres, e Deus to mandar, poderás então subsistir;
assim também todo este povo em paz irá ao seu lugar.”

“E Moisés deu ouvidos à voz de seu sogro, e fez tudo quanto tinha dito; e
escolheu Moisés homens capazes, de todo o Israel, e os pôs por cabeças
sobre o povo; maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinqüenta e
maiorais de dez. E eles julgaram o povo em todo o tempo; o negócio árduo
trouxeram a Moisés, e todo o negócio pequeno julgaram eles.

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Então despediu Moisés o seu sogro, o qual se foi à sua terra” (18.13-27).
Dando continuidade ao nosso estudo, nos prenderemos um pouco mais nos
conceitos administrativos básicos, uma vez que esses conceitos se constituem
ferramentas indispensáveis, tanto para o bom desenvolvimento da
administração eclesiástica quanto para a administração secular. Obviamente, a
administração das coisas que envolvem a obra de Deus é digna de duplicada
responsabilidade. Entretanto, os princípios administrativos são os mesmos.

4. O QUE SIGNIFICA ADMINISTRAR


Administrar é planejar, organizar, dirigir e controlar. É a capacidade de gerir
recursos humanos, financeiros e materiais, reunidos em unidades organizadas,
dinâmicas e capazes de alcançar os objetivos da organização e, ao mesmo
tempo, proporcionar satisfação àqueles que obtêm o produto, ou o serviço, e
àqueles que executam o trabalho. Uma organização procura alcançar três
objetivos principais: a satisfação do consumidor com o produto ou serviço
produzido pela empresa, o lucro obtido na comercialização da produção ou
com o serviço prestado e a remuneração para todos aqueles que executaram o
trabalho. Os administradores de todas as hierarquias de uma empresa ou
organização devem procurar alcançar, de maneira eficiente e eficaz, esses três
objetivos, atendendo às expectativas de todos os envolvidos, dentro e/ou fora
da organização. O administrador de qualquer escalão planeja, organiza, dirige
e controla todos os recursos necessários, desde financeiros e humanos até
máquinas e equipamentos. E de sua responsabilidade obter o máximo de
resultados com o mínimo de esforços.

Vejamos algumas habilidades administrativas necessárias nos vários


níveis de uma organização:

4.1. HABILIDADE TÉCNICA

Consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos


necessários para a realização de tarefas específicas. Esta habilidade é obtida
por meio da instrução e/ou experiência.

4.2. HABILIDADE HUMANA

Consiste na capacidade e discernimento para trabalhar com pessoas,


compreender suas atitudes e motivações e aplicar uma liderança eficaz.

4.3. HABILIDADE CONCEITUAL

Consiste em compreender a complexidade da organização global e o


ajustamento comportamental das pessoas dentro da organização.

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Esta habilidade permite que o administrador se comporte totalmente de acordo
com os objetivos dá organização, e não apenas de acordo com os objetivos e
as necessidades de seu grupo.

Como vimos, o administrador deve, primeiramente, entender o funcionamento


da empresa ou organização como um todo. Deve compreender a que cada
setor/unidade se destina. Deve compreender porque e para que certo
departamento da organização existe, pois a habilidade conceitual envolve
essas aptidões. Além de estar aprofundado no conjunto da organização, o
administrador deve lidar de maneira hábil com as pessoas que compartilham o
trabalho, seja seu subordinado ou seu superior. A psicologia é o ponto de apoio
para o desenrolar do bom relacionamento no ambiente de trabalho. Cabe ao
administrador saber motivar, de maneira racional, seus funcionários, sem
exercer pressão, mas delegando cada função de maneira objetiva, a fim de
obter resultados satisfatórios. Lidar com pessoas é a mais complexa e delicada
tarefa. E preciso saber motivar os funcionários, fazer que se sintam felizes por
estarem na empresa ou organização exercendo suas atividades. Para atingir
estas metas, o administrador deve exercer uma liderança, porém, uma
liderança branda, sem exercer pressão, motivando os funcionários a
desenvolver seus trabalhos, suas atividades, satisfatoriamente. É um erro o
exercício da liderança de maneira ditatorial, arrogante, orgulhosa, humilhando
os subordinados. O administrador deve ser uma figura simpática aos olhos
daqueles a quem ele dirige. Quanto maior for a gama de habilidade humana,
melhor será a maneira como o administrador vai liderar seu pessoal.

Finalizando, ainda é importante que aquele que vai dirigir uma organização
conheça os equipamentos produtivos e administrativos. Máquinas de produção
modernas, ferramentas, instalações, computadores, máquinas de calcular,
entre outros, são componentes vitais na área de produção e administração. A
habilidade técnica consiste no domínio e manuseio destes elementos, sendo
também muito importante, já que está diretamente ligada à produtividade.

Funções básicas de um administrador:

4.3.1. Planejar

Ter a visão de um estado futuro e traçar um plano de ação.

4.3.2. Organizar

É o processo de colocar em ordem os fluxos de homens e materiais de


trabalho, para obter o melhor resultado com um mínimo de cada recurso
utilizado.

4.3.3. Dirigir

Realização dos planos por meio das pessoas.

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4.3.4. Controlar

Assegurar se tudo ocorre de acordo com o planejado, mediante as ordens


dadas e os princípios adotados. Vejamos, no exemplo a seguir, todas as
etapas, mas sempre respeitando a seguinte ordem: planejar, organizar, dirigir e
controlar.

Suponhamos que você está com a idéia de montar o seu próprio negócio. Uma
livraria, por exemplo. Você imagina um grande volume de livros,

pessoas vendendo os livros e você em um escritório verificando relatórios de


compra e vendas de seus livros. Ao pensar desta maneira, você está
visualizando um estado futuro, uma série de acontecimentos que não são
realidade, mas você deseja atingi-los. Você tem bons conhecimentos sobre
vendas de livros em geral, sabe onde adquiri-los e dispõe de certo capital.

Digamos que você já tem o básico para dar início à abertura da livraria.
Todavia, percebe que é necessário correr atrás de uma série de coisas para
montar seu negócio: espaço físico, alguns móveis e utensílios, além de fazer
contato com fornecedores de livros e contratar pessoas para trabalhar. Você
toma uma caneta e papel e faz uma lista de tudo o que é preciso e a forma de
adquirir cada elemento. Neste momento, você está realizando uma função
administrativa chamada planejamento. Você visualizou um estado futuro (sua
livraria) e anotou tudo aquilo que é necessário para montar o seu negócio, sem,
inclusive, esquecer a forma de adquirir cada elemento. Você traçou um plano
de ação. O próximo passo é adquirir cada item. Com o tempo e aos poucos,
você vai adquirindo cada coisa necessária, uma a uma, procurando sempre
boa qualidade e menor preço. Todo esse processo é chamado de organização.
Organizar significa adquirir tudo o que é preciso para atingir os resultados
desejados utilizando um mínimo de recursos.

A próxima etapa, uma vez que já tenha organizado tudo (espaço físico, móveis
e utensílios, livros e funcionários), é iniciar o trabalho. Neste ponto é que o
administrador (no caso você) dessa empresa de venda de livros precisará pôr
em prática todas as habilidades necessárias, principalmente a humana, pois
estará lidando (comunicando-se) com os funcionários, distribuindo-lhes tarefas.
Chegamos ao processo de direção.

Dirigir é buscar a realização do que foi planejado por meio das pessoas. Você,
o diretor da empresa vendedora de livros, almeja o sucesso de seu
empreendimento. Sucesso significa obtenção de bons lucros, os quais
dependem da qualidade dos produtos. Para que a venda seja satisfatória e de
excelente qualidade, tudo depende do trabalho realizado pelos funcionários da
livraria, seres humanos que devem estar com todas as suas necessidades
muito bem supridas. Todo ser humano necessita de boa alimentação, bom lar,
bom repouso, boa saúde e, principalmente, de ser estimado por aqueles que
estão à sua volta, seja no trabalho, seja no lar. Assim, no processo de direção,
a maneira como você trata os funcionários é fundamental para o bom
andamento do seu negócio. Cada tarefa deve ser delegada, e não ordenada.
Dar ordens significa comandar com arrogância. Delegar significa comunicar o
que se deseja.

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É de extrema importância manter um clima de amizade dentro da organização.
O líder deve representar a figura de um amigo, e não a de um ditador. Um líder
mal-humorado, carrancudo, orgulhoso, tende a provocar uma reação
psicológica negativa em seus liderados, o que, no dia-a-dia, acaba causando
insatisfação nos empregados e, conseqüentemente, uma queda na
produtividade, pois eles, com o passar dos meses, sofrem um desgaste
emocional ao trabalharem sob pressão. Ocorrem estresse, cansaço físico e
outros males. Logo, dirigir implica em cuidado extremo no campo das relações
pessoais, na “realização dos planos por meio das pessoas”. É preciso alta
gama de habilidade humana para se delegar tarefas e obter bons resultados.
Finalmente, após todo esse processo de direção, em que todas as tarefas
foram distribuídas e o trabalho foi iniciado, cabe a você (o administrador da
livraria) acompanhar tudo o que acontece no dia-a-dia da empresa, verificar se
está tudo de acordo com o que foi previsto e observar as falhas e os acertos, a
fim de constatar o que pode ser melhorado. Neste ponto, você chegou à última
função administrativa que se chama controlar. O controle é, praticamente, uma
fiscalização que busca observar se todos os objetivos estão sendo atingidos. O
que acontece após o controle?

Muitas falhas e erros podem ser detectados e, uma vez constatados, faz-se
necessário traçar novos planos, criar novas metas. Ou seja, retorna-se ao
planejamento. Neste ponto, o administrador volta à primeira fase administrativa
que, desta vez, recebe o nome de replanejamento. Para que as falhas e os
erros sejam solucionados, o administrador deve repetir todo o ciclo de funções
administrativas. Com o replanejamento, é preciso reorganizar, dirigir e controlar
todos os procedimentos de acordo com os novos planos. É desta forma que o
administrador vai obtendo seus sucessos. A cada final de um ciclo
administrativo, novos objetivos, novas metas, vão surgindo, conforme o
desenrolar das atividades. Para tanto, o administrador não pode esquecer de
sempre seguir a seqüência das funções: planejar, organizar, dirigir e controlar.
Por outro lado, o sucesso da empresa depende também de uma série de
fatores internos (produção alcançada, qualidade dos produtos, comercialização
etc.) e externos (concorrência, preço competitivo, exigências do mercado etc).
O administrador deve observar dois fatores simples, mas importantes para o
desempenho de suas funções:

Eficiência: fazer certo.

Eficácia: fazer a coisa certa.

Suponhamos que o diretor de uma empresa de seguros tem planos para


aumentar o número de associados que se beneficiam com o seguro. A fim de
atingir um público que pode adquirir o seguro, ele elabora um material que será
remetido pelos correios a centenas de residências. Com o objetivo de
comunicar a existência do seguro, suas vantagens e benefícios para o
associado, elabora cartas e prospectos com fotos e ilustrações coloridas. Tudo
isso deve ser feito utilizando-se os recursos da computação gráfica. Com o
envio de centenas de correspondências, espera-se um aumento, de cerca de
3% em dois meses, do número de associados. Após esse período (dois
meses), verifica-se que o número de associados subiu apenas 1,5%, e não 3%,
conforme o esperado.

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O envio de material pelos correios não foi uma estratégia bem-sucedida. Mas
por que, se o diretor, no momento em que elaborou as cartas e os prospectos,
fez um excelente trabalho? Houve clareza na comunicação. As ilustrações e as
fotos expositivas que complementavam as informações saíram a contento. Foi
utilizado papel metalizado, com impressões em fotolito. Todo o trabalho tinha
boa qualidade, porém, a idéia não atingiu o objetivo almejado.

Diante disso, poderíamos dizer que o diretor foi eficiente, mas não eficaz. Ao
montar as cartas e os prospectos, ele, de fato, realizou uma boa tarefa, ‘fez
tudo certo”. Embora todo o material apresentasse boa qualidade, a idéia não
conseguiu atrair o número desejado de novos associados. O plano de envio de
correspondência não foi “a coisa cena”. Talvez, a propaganda em anúncios de
revistas, jornais e TV tivesse sido mais eficiente. Eficiência significa fazer um
trabalho correto, sem erros, de boa qualidade. É realizar um trabalho que atinja
totalmente um resultado esperado. Um administrador, no decorrer de suas
atividades, deve ser, ao mesmo tempo, eficiente e eficaz. Ou seja, deve
alcançar o que se espera, os objetivos almejados. Não deve cometer erros em
demasia.

Se o administrador é eficaz, mas não é eficiente (ou seja, faz o trabalho certo
para alcançar uma meta, mas esse trabalho apresenta diversos erros), seus
objetivos têm, ainda que remotas, chances de ser alcançados. Se o
administrador é eficiente, mas não é eficaz (ou seja, não realiza um trabalho
que o levará a alcançar suas metas, e faz isso sem cometer muitos erros), seus
objetivos jamais serão alcançados. A eficácia é primordial, imprescindível, ao
administrador; a eficiência é desejável. Se o administrador é eficiente, mas não
é eficaz, jamais irá alcançar os resultados desejados. Por outro lado, se ele é
eficaz, mas não é eficiente, possui, ainda que remotas (repito), algumas
chances de atingir bons resultados. Por fim, o administrador que, ao mesmo
tempo, é eficiente e eficaz, dificilmente deixará de obter resultados positivos em
seus empreendimentos. Eficiência e eficácia, uma depende da outra!

4.4. O PROCESSAMENTO DE DADOS NA ADMINISTRAÇÃO

É um grupo de ações combinadas que, partindo de dados individuais, fornece


informações. O processamento de dados consiste em transformação de dados
estáticos (entradas) em dados dinâmicos (saídas). Uma organização subdivide-
se em vários setores responsáveis pela execução de seus trabalhos
pertinentes. O conjunto dos trabalhos realizados por unidade da organização
tende a atingir os objetivos almejados.

Uma empresa é dividida em departamentos e cada um desses departamentos


é responsável por uma tarefa específica. O departamento de contas a receber
encarrega-se das dívidas de terceiros para com a organização. O
departamento de contas a pagar cuida das obrigações da organização para
com outros terceiros. A produção cabe a manufatura e qualidade dos produtos.
O departamento de pessoal cuida das obrigações para com o quadro de
funcionários, etc. Cada departamento opera uma parte da organização e
depende do funcionamento de outro departamento.

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Sem a produção, o setor comercial e de contas a pagar ficaria paralisado, pois,
sem produtos, não há vendas e, sem vendas, não existem recursos para sanar
as dívidas com terceiros e muito menos com os funcionários.

Uma unidade da organização está intimamente ligada a outra unidade. Se um


único setor pára de funcionar, todos os outros vão sendo afetados até pararem
também. A dependência existente entre uma área e outra está vinculada à
troca de informações. Por exemplo: o setor de vendas gera uma informação
importante, o faturamento da empresa, ou seja, o valor monetário alcançado
com a comercialização dos produtos. Esse dado é importantíssimo para todos
os outros departamentos.

O setor de contas a pagar precisa saber quais os recursos disponíveis para


que possa sanar as dívidas. O departamento de pessoal também deve
conhecer o faturamento de determinado período para que possa quitar todas
as obrigações com a mão-de-obra. A contabilidade necessita dessa mesma
informação para estabelecer a situação líquida da organização no momento
(lucro ou prejuízo), e assim por diante. Há uma troca constante de informações,
documentos e relatórios entre todos os departamentos de uma empresa ou
organização. É importante que a comunicação dessas informações seja rápida
e confiável. Quando um setor reúne uma série de informações e gera novas
informações, esta ação é denominada de processamento de dados. Exemplo:
no setor de vendas, quando um funcionário soma os totais vendidos durante
um mês, chegando ao faturamento total desse período, ele acabou de
processar dados. Recebeu dados de entrada (o valor de vendas diárias) e
gerou um dado de saída (o total geral).

Como já foi dito, a comunicação de informações deve ser rápida e confiável,


quer dizer, não deve conter erros. Hoje em dia, os computadores eletrônicos
são ferramentas indispensáveis para qualquer organização. Sua capacidade de
processamento possibilitam alcançar plena eficiência na geração e troca de
informações. É possível, aos diversos setores, chegarem a resultados de forma
rápida e sem o risco de excesso de erros. Os recursos da Informática moderna,
além de tornarem o trabalho eficiente, auxiliam os administradores na tomada
de decisões. Baseado em inúmeras informações vindas de um sistema
informatizado, os administradores alcançam uma visão ampla do momento
atual da organização, chegando, assim, a identificar que rumos a organização
deve seguir, o que precisa ser melhorado. Assim, o processamento eletrônico
de dados é uma ferramenta extremamente útil para a eficácia administrativa.

4.4.1. Contabilidade

É a ciência que tem a propriedade de captar, registrar, acumular, resumir e


interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e
econômicas das pessoas físicas, jurídicas ou mesmo de direito público com ou
sem finalidades lucrativas. O objetivo da contabilidade é manter gravado todos
os atos praticados por agentes interessados em manipular um patrimônio e,
com isso, estudar as variações ocorridas sobre o ponto de vista econômico-
financeiro, verificando os acréscimos ou decréscimos de seus investimentos.

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Entende-se por patrimônio um conjunto de bens, direitos e obrigações per-
tencentes à pessoa física ou jurídica. Entende-se por bens toda coisa passível
de avaliação em moeda e que tenha a propriedade de satisfazer uma
necessidade humana. Quem se utiliza das informações geradas pela
contabilidade?

1) Os sócios, acionistas, proprietários de empresas. As informações contábeis


oferecem uma análise de rentabilidade e segurança.

2) Os administradores em todos os escalões. A contabilidade guia a tomada de


decisões.

3) Os financiadores de capitais. Também utilizam as informações analisando a


rentabilidade e a segurança.

4) O governo. Utilizam os dados fornecidos pela contabilidade para fins


tributários (cobrança de impostos).

5) As pessoas físicas.

4.4.2. Orçamento Familiar

Para analisar, interpretar e gravar os acontecimentos econômicos e financeiros


das organizações, a contabilidade gera um demonstrativo chamado de
balanço, uma das principais demonstrações contábeis. É pelo balanço que
podemos apurar a situação patrimonial e financeira das empresas em
determinado momento. Logo, o balanço, também chamado de demonstrativo
patrimonial, reúne os bens, os direitos e as obrigações pertinentes a uma
pessoa física ou jurídica.

 Ativo compreende todos os bens e direitos, expressos em moeda, de


uma pessoa física ou jurídica, com finalidades lucrativas ou não.

 Passivo compreende as obrigações, ou seja, as dívidas que uma pessoa


física ou jurídica assume, ou se compromete, com terceiros.

Somando-se todos os bens e direitos (ativo) e todas as obrigações,


chegaremos a dois valores que, raramente, são iguais. Geralmente, teremos
uma diferença entre o somatório dos bens e direitos e o somatório das
obrigações. Esta diferença chamamos de patrimônio líquido ou situação líquida
no demonstrativo patrimonial. O patrimônio líquido pode apresentar as
seguintes situações:

Lucro: Quando a soma de bens e direitos for maior que a soma de obrigações.

Prejuízo: Quando a soma de bens e direitos for menor que a soma das
obrigações.

Situação nula: Quando a soma de bens e direitos for igual à soma das
obrigações.

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5. UMA ADMINISTRAÇÃO DE SUCESSO
Para que o administrador obtenha sucesso, motivação, e possa levar a
organização para frente, é necessário que ele possua algumas características.
A forma de trabalho e o perfil do administrador são muito discutidos e
estudados.

A seguir, algumas características para o bom desempenho das atividades


do administrador:

• Capacidade para liderar, motivar e orientar todos os funcionários em relação


ao trabalho;

• Tenacidade, firmeza e resistência para enfrentar as dificuldades;

• Prazer em realizar o trabalho e em observar seu próprio crescimento na


organização;

• Sabedoria para administrar bem o seu tempo;

• Capacidade para aceitar (e aprender com) seus erros e os erros dos outros;

• Disposição e constância pela busca da qualidade;

• Motivação pela realização;

• Disposição para correr riscos;

• Capacidade de análise que, muitas vezes, na realidade, é intuitiva;

• Independência dos outros para agir, mas com sabedoria para atuar em
conjunto (grupo);

• Otimismo, mas sem perder o contato com a realidade;

• Capacidade para administrar suas necessidades e frustrações, sem se deixar


dominar por elas;

• Automotivação, mesmo em situações difíceis;

• Saber recomeçar, caso seja necessário;

• Auto-estima, mesmo em situações de fracasso;

• Facilidade e habilidade para as relações interpessoais;

• Criatividade, principalmente para solucionar todos os tipos de problemas;

• Capacidade para delegar;

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• Saber utilizar a própria intuição, e também a intuição de outras pessoas,
para escolher os melhores meios, corrigir sua atuação, descobrir caminhos que
devem ser preenchidos em suas atividades (a fim de avaliar a tendência dos
negócios) e escolher pessoas, sejam sócios, parcerias ou funcionários;

• Procurar sempre a qualidade;

• Não buscar posição ou reconhecimento social;

• Independência, segurança e confiança na execução de sua atividade


profissional;

• Desejar o poder, consciente ou inconscientemente.

Caso o administrador não possua estas características, existem estratégias e


formas para que ele possa desenvolvê-las: estudo, pesquisa, dedicação,
experiências pessoais e aliança com outra pessoa. Somente assim sua
organização terá, com certeza, mais chances de prosperar. Além das
características apresentadas, o administrador deve ser um bom negociador. A
negociação é estressante, mas o administrador poderá reduzir a pressão sobre
sua equipe se observar os seguintes comportamentos e atitudes quando
estiver à mesa:

• apresentar alternativas;

• apresentar controle do processo;

• criar uma boa primeira impressão;

• fazer simulações da negociação;

• não ter pressa;

• ser claro e objetivo nas suas intenções;

• fazer anotações;

Algumas motivações básicas para que alguém seja um administrador:

• Mostrar o quanto é capaz;

• Reverter situações de menosprezo e/ou indiferença;

• Ser tão bom nos negócios quanto alguém que ele admire;

• Empreender para fugir do caminho profissional do pai ou alguém admirado


por ele;

• Empreender para encobrir o medo de uma futura demissão;

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O administrador que conseguir somar ao seu perfil alguma dessas motivações,
terá muita mais chance de fazer que sua organização cresça e se desenvolva.
O administrador tem a visão do futuro. E faz de tudo para transformar o
presente em um futuro de sucesso!

6. A ADMINISTRAÇÃO DA IGREJA
A Igreja deve ser administrada e organizada de acordo com o seu
desenvolvimento e crescimento. Para que haja um bom funcionamento, é
preciso distribuir as atividades materiais e espirituais por departamentos, tais
como: administração geral, evangelização, missões, treinamento e
desenvolvimento de professores, assistência social, musical, entre outros,
dependendo da necessidade da Igreja.

6.1. DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

Este departamento é fundamental para uma Igreja. E deve estar sempre


atualizado em todos os serviços e atividades diárias. Somente assim estará
pronto para atender a todos, quando solicitado. A igreja deve ter uma sala
apropriada para sua instalação. O espaço físico deve ser de fácil acesso aos
membros; deve possuir boa iluminação, ventilação, com o maior conforto
possível.

6.1.1. Secretaria

Deve atender a todas as necessidades da direção da igreja e possuir a lista de


programação de todas as atividades diárias. Deve manter arquivados todos os
documentos, para fornecê-los, sem nenhum problema e demora, quando
solicitados.

6.1.2. Instalações da Secretaria

Para que ocorra um bom funcionamento de suas atividades, a igreja deve ter
um local próprio para a secretaria e de fácil acesso a todos os membros. A sala
deve ser agradável, para que cause boa impressão. O ambiente deve ser bem
iluminado e ventilado, para que os funcionários não tenham problemas de
saúde.

6.1.3. Função do(a) Secretário(a) da Diretoria

As funções do(a) secretário(a) da diretoria devem ser voltadas tão-somente ao


ministério. Ele ou ela não deve se envolver com outras atividades,
principalmente as atividades pertinentes à secretaria geral da igreja, que deve
ser destinada a outro funcionário.

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O secretário ou secretária da diretoria deve lavrar as atas das assembléias em
livro próprio, assiná-las e apresentá-las para aprovação nas assembléias
seguintes, assinar os documentos oficiais da igreja, manter atualizados o
fichário de membros e os serviços ligados à secretaria, elaborar e enviar todas
as correspondências de sua responsabilidade, atualizar todos os dados
estatísticos da igreja e apresentar relatórios de suas atividades, tratar com
cortesia e amor cristão todas as pessoas. Em suma, o secretário ou secretária
da diretoria deve atender às necessidades da direção da igreja.

6.1.4. Documentação dos Membros da Igreja

A Igreja deve possuir um cadastro de membros informatizado, por meio do qual


o funcionário autorizado possa ter acesso, quando necessário, à relação de
todos os membros cadastrados. É importante ressaltar que o funcionário
autorizado tem a liberdade de possuir todas as informações sobre a situação
de qualquer membro da igreja contidas nos cadastros.

Informações mínimas que deve conter um cadastro:

 Número do cadastramento;

 Nome completo do membro da Igreja;

 Documento de identificação;

 CPF;

 Nacionalidade;

 Naturalidade;

 Data de nascimento;

 Estado civil;

 Filiação;

 Endereço completo;

 Grau de instrução;

 Profissão;

 Cargo na Igreja;

 Data de batismo;

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 6.1.5. Ata

É o registro de tudo o que se discute em uma assembléia, na qual se


reúne um corpo deliberativo, consultivo, além de outros igualmente
sujeitos às mesmas regras e estatutos. Todos os assuntos tratados em
reunião devem ser descritos em ata que, por sua vez, deve ser redigida
em um livro registrado em cartório, cujas folhas são numeradas. O
redator da ata deve ser cuidadoso com o texto, deve escrevê-lo de
forma clara, simples e concisa, evitando, assim, possíveis fraudes.

6.1.6. Como Redigir uma Ata

1º Título: Ata da reunião ordinária;

2º Data: hora, dia, mês e ano;

3º Local: endereço completo;

4º Convocação prévia que determinou a reunião;

5º Finalidade da reunião;

6º Nome e qualificação;

7º Direção de trabalhos (presidente e secretário);

8º Ordem do dia: assuntos discutidos, votações realizadas e deliberações


tomadas;

9º Término: encerramento dos trabalhos;

10º Assinatura de todos presentes;

6.1.7. Cartão de membro

Cada denominação tem o seu próprio modelo de cartão de membro, mas todos
devem possuir algumas informações imprescindíveis, tais como: timbre da
Igreja, número do registro, local para foto, nome do membro, filiação, data de
nascimento, naturalidade e nacionalidade, data de batismo, cargo e assinaturas
do membro e do responsável pela Igreja.

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6.1.8. Tesouraria

Existem duas formas de participação da vida financeira da Igreja:

1. Tradicional: dízimos e ofertas levantadas nas diversas reuniões da Igreja.

2. Unificada: unicamente o “dízimo”.

O tesoureiro é o responsável por cuidar dos fundos que a Igreja lhe


confia. Esta pessoa deve ser eleita entre os membros da igreja local, por um
período regimental ou estatutário.

Funções do tesoureiro:

• Receber e guardar o dinheiro, depositando-o em agência bancária;

• Fazer pagamentos autorizados pelo presidente;

• Registrar entradas e saídas no livro próprio;

• Manter atualizada a escrituração da tesouraria (transações comerciais);

• Assinar, junto com o presidente, cheques e outros documentos da tesouraria;

• Preparar e apresentar o balancete mensal e anual à igreja, examinados pela


comissão de contas.

Os valores arrecadados (dízimos e ofertas) são somados e entregues ao


tesoureiro, que emitirá um comprovante de caixa, enviando o mesmo à
comissão de finanças para obter o visto e, posteriormente, ser lançado no
movimento de caixa. O tesoureiro deve apresentar os livros contábeis à
comissão de contas, ou de finanças, que deverá ser examinado e apresentado
à Igreja em relatório.

6.1.9. Escrituração

Diário de caixa: são impressos em duas vias. A primeira via, depois de


registrada, deve ser destacada, junto com os comprovantes lançados. A
segunda, fica no próprio livro, fixada.

Livro Caixa: possui páginas numeradas, termos de abertura e encerramento.


Serve para o competente relatório mensal da tesouraria. Pode ser registrado no
Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas.

Guarda de Documento: para devida comprovação junto à Comissão Fiscal. Os


recibos devem ser colocados em folha de papel, em ordem cronológica e
arquivados em pastas próprias. Documentos relativos a impostos, taxas e guias
de recolhimento devem ser guardados separadamente.

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Relatório: é o documento regularmente expedido pelo tesoureiro contendo a
soma de cada conta (dívidas, pagamentos) no período de janeiro a dezembro.

Balancete: é o documento que expressa os saldos das contas a pagar e a


receber para a devida verificação.

Livro de dizimistas: é o documento que registra e relaciona os colaboradores


financeiros da Igreja.

Nota: O dízimo é a contribuição equivalente à décima parte do rendimento, ou


seja, 10% (dez por cento) do seu ganho.

6.1.10. A Biblioteca

É o local onde se guardam os livros, coleção pública ou privada de obras e


documentos congêneres organizados para estudos, leituras e consultas.

Instalação: A biblioteca deve ser instalada em um local amplo, silencioso, bem


iluminado, com boa ventilação, com fácil acesso para as pessoas que
trabalham no local e dela se utilizam. Deverá possuir mesas e cadeiras, além
de um microcomputador contendo informações sobre todo o acervo dos livros e
revistas, possibilitando, assim, a busca e localização rápida dos mesmos.

Organização e catalogação: Existem várias maneiras de organizar e catalogar


uma biblioteca. Para isto, devemos estar atentos a vários detalhes, como:
tamanho do acervo, diversidades de livros etc.

6.1.11. Palavra Final

Gostaríamos de concluir nossa abordagem salientando, mais uma vez, que o


nosso objetivo foi tão-somente compartilhar conceitos administrativos básicos.
Como o aluno pôde perceber, preferimos abordar princípios administrativos
válidos para a aplicação nos diversos contextos possíveis, até porque sabemos
que existe certa distinção na aplicação administrativa observada pelas diversas
denominações evangélicas. Assim, uma vez que cada uma delas possui um
perfil administrativo, não poderíamos privilegiar qualquer um desses perfis em
detrimento dos demais. Esperamos, sinceramente, que este estudo tenha
acrescentado conhecimentos.

6.2. APÊNDICE

6.2.1. A Igreja e o Novo Código Civil

O novo Código Civil Brasileiro, está em vigor desde janeiro de 2003, aponta
muitas mudanças em seus artigos, alterando, consideravelmente, a
constituição jurídica e o sistema governamental das Igrejas. Com a nova
legislação, os membros das igrejas só podem ser excluídos mediante justa
causa, prevista no estatuto, podendo, posteriormente, entrar com um recurso

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contra a exclusão.

A destituição dos administradores só pode acontecer se votada em uma


assembléia com 2/3 (dois terços) da igreja. Caso ocorra de a igreja fechar as
portas, os membros podem pedir restituição do patrimônio.

Estas são algumas mudanças presentes no novo código civil brasileiro, em


vigor desde lide janeiro de 2003, com base na Lei 10.406, sancionada pelo ex-
presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. A partir desta nova
legislação, as Igrejas deixam de ser sociedades religiosas e passam a ser
associações, obedecendo às regulamentações previstas na lei. O código
revogado datava de 1916 e era considerado ultrapassado pelos juristas.

A mudança essencial, com a entrada no novo código, de acordo com


advogados e pastores, será feita no estatuto das igrejas. Ele precisará passar
por uma série de modificações para se adequar à lei. O novo Código Civil
chegou trazendo admiração e espanto, não só no meio cristão, mas também
nos diversos setores da sociedade.

Uma das mudanças que mais têm gerado polêmica no meio evangélico está
relacionada à exclusão dos membros, que agora passam a ser chamados de
associados. De acordo com o artigo 57 da lei, “a exclusão do associado só é
admissível havendo justa causa”. Isso quer dizer que deverão constar no
estatuto as causas e, caso não estejam descritas, o membro poderá, mais
tarde, entrar com um recurso. Advogados especialistas em Direito Processual
Civil explicam que, a partir deste artigo, as igrejas não poderão mais excluir um
membro usando motivos gerais, não podendo aduzir, por exemplo, que a
exclusão foi feita porque houve pecado ou porque não houve concordância
com as doutrinas da igreja. As igrejas adotavam um critério muito amplo em
seus estatutos e normalmente escreviam no artigo de exclusão que “os
membros da igreja que praticarem condutas consideradas imorais ou não
compatíveis com a doutrina Bíblica serão passíveis de exclusão”. Nesse tipo de
explicação não estão discriminados os motivos, mas agora é preciso dizer, por
uma questão de segurança jurídica, visto a diversidade de denominações,
todas as causas, como adultério, furto de patrimônio, regras doutrinárias,
dentre outras. Se isso não constar no estatuto, a pessoa não pode ser
excluída, ou, se for, poderá interpor recurso mais tarde.

De acordo com a nova Constituição Federal, toda pessoa tem direito ao


contraditório, à defesa, e agora esse princípio foi trazido para dentro das
igrejas. No parágrafo único do artigo, diz: “decretar a exclusão, caberá sempre
recurso à assembléia geral”. Observamos que na lei não está descrito como
deve ser feito esse recurso, mas acreditamos ser mediante preenchimentos de
formalidades, sendo que o membro terá de colocar nesse recurso os motivos
que o levaram à exclusão e o pedido de reconsideração da exclusão,
solicitando seu regresso à Igreja.

Vejamos, agora, alguns trechos do novo Código Civil.

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6.2.2 Trechos do Novo Código Civil

Das Associações

Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se


organizam para fins não econômicos.

Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.

Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto da associação conterá:

I - a denominação, os fins e a sede da associação;

II - os requisitos para admissão, demissão e exclusão dos associados;

III - os direitos e deveres dos associados;

IV - as fontes de recursos para sua manutenção;

V - o modo de constituição e funcionamentos dos órgãos deliberativos e


administrativos;

VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dis-


solução.

Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa,


obedecido ao disposto no estatuto; sendo este omisso, poderá também ocorrer
se for reconhecida a existência de motivos graves, em deliberação
fundamentada, pela maioria absoluta dos presentes à assembléia geral
especialmente convocada para esse fim.

Parágrafo único. Da decisão do órgão que, de conformidade com o estatuto,


decretar a exclusão, caberá sempre recurso à assembléia geral.

Art. 59. Compete privativamente à assembléia geral:

I - eleger os administradores;

II - destituir os administradores;

III – aprovar as contas;

IV - alterar o estatuto.

Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos II e IV é


exigido o voto concorde de dois terços dos presentes à assembléia
especialmente convocada para esse fim, não podendo ela deliberar, em
primeira convocação, sem a maioria absoluta dos associados, ou com menos
de um terço nas convocações seguintes.

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QUESTIONÁRIO

1-) Qual é o principal recurso de qualquer organização, segundo o nosso


estudo? Justifique sua resposta.

2-) Relacione três eventos concernentes à cronologia administrativa. Indique o


ano e o autor.

3-) O que é administração eclesiástica? Em que narrativa bíblica podemos


vislumbrar conceitos de administração eclesiástica?

4-) O que significa administrar?

5-) Quais são as habilidades administrativas necessárias nos vários níveis de


uma organização?

6-) Qual é a diferença entre eficiência e eficácia?

7-) O que é processamento de dados?

8-) Qual é o conceito de contabilidade?

9-) Cite cinco características fundamentais para que o administrador tenha


sucesso.

10-) Qual é a importância do departamento de administração geral para a


igreja?

11-) Qual é a função do secretário da diretoria?

12-) Como deve ser redigida um ata?

13-) Quais são as atribuições do tesoureiro?

14-) A partir de quando entrou em vigor o novo código civil brasileiro?

15-) Cite três mudanças importantes inseridas no novo código civil brasileiro.

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