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Teologia Sistemática - 1 -

TEOLOGIA SISTEMÁTICA
Teologia Sistemática - 2 -

INTRODUÇÃO

O estudo da teologia sistemática faz-se cada vez mais necessária, especialmente nestes
últimos dias, quando vemos um aumento cada vez maior de falsos mestres e profetas O termo
teologia, segundo seus aspectos etimológicos, é composto de duas palavras gregas: “Theos”
(Deus) e “logos” (estudo, tratado, palavra, fala, expressão). Tanto Cristo, a Palavra Viva, como
a Bíblia, a Palavra Escrita, são o Logos de Deus. Eles são para Deus o que a expressão é para o
pensamento e o que a fala é para a razão. A teologia é, portanto uma Theo-logia, isto é, uma
palavra, uma fala ou expressão sobre Deus; uma doutrina sobre Deus. É o estudo sobre a
revelação de Deus que é a expressão dos Seus pensamentos e, logo, é, também, o estudo sobre
Sua própria Pessoa. Portanto teologia é o estudo sobre Deus, sua obra e sua revelação. Por
isso, o objetivo desse estudo é demonstrar através da Bíblia a essência e os atributos de Deus
de uma forma clara e objetiva.
O autor.
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1. TEOLOGIA SISTEMÁTICA

Nenhuma exposição sobre Deus seria completa se não contemplasse Suas obras e Seus
caminhos no universo que Ele criou, além de Sua Pessoa. Toda ciência provém e mantém
relação com o Criador de todas as coisas e com Seu propósito na criação. E toda verdade é
verdade de Deus, onde quer que ela seja encontrada. Deus se revelou na criação e nas
Escrituras, e a verdade achada pelas ciências naturais e sociais, por cristãos ou profanos, não é
verdade profana; é verdade sagrada de Deus (Cl.2:3). Toda verdade, onde quer que seja
encontrada, tem peso e valor iguais como verdade, como qualquer outra verdade. Uma verdade
pode ser mais útil em dada circunstância, e uma outra em outra, mas ambas têm valor como
verdade. Portanto é perfeitamente lícito utilizar-se de outras fontes, enquanto verdade, para o
estudo da teologia. Podemos definir teologia sistemática segundo Lewis Eperry Chafer, que diz:
“Teologia sistemática pode ser definida como a coleção, cientificamente arrumada, comparada,
exibida e defendida de todos os fatos de todas e quaisquer fontes referentes a Deus e às Suas
obras. Ela é temática porque segue uma forma de tese humanamente idealizada, e apresenta e
verifica a verdade como verdade”.

1. Diversas definições sobre teologia


a. Alexander: A ciência de Deus...um resumo da verdade religiosa cientificamente arranjada, ou
uma coleção filosófica de todo o conhecimento religioso (W. Lindsay Alexander).
b) Hodge: A teologia sistemática tem por objetivo sistematizar os fatos da Bíblia, e averiguar os
princípios ou verdades gerais que tais fatos envolvem (Charles Hodge).
c) Strong: A ciência de Deus e dos relacionamentos de Deus com o universo (A. H. Strong).
d) Thomas: A ciência é a expressão técnica das leis da natureza; a teologia é a expressão
técnica da revelação de Deus. Faz parte da teologia examinar todos os fatos espirituais da
revelação, calcular o seu valor e arranjá-los em um corpo de ensinamentos. A doutrina, assim,
corresponde às generalizações da ciência (W. H. Griffith Thomas).
e) Shedd: Uma ciência que se preocupa com o infinito e o finito, com Deus e o universo. O
material, portanto, que abrange é mais vasto do que qualquer outra ciência. Também é a mais
necessária de todas as ciências (W. G. T. Shedd).

2. Outras teologias.
a) Teologia Natural: Estuda fatos que se referem a Deus e Seu universo que se encontra
revelado na natureza.
b) Teologia Exegética: Estuda o Texto Sagrado e assuntos relacionados, através do estudo das
línguas originais, da arqueologia bíblica, da hermenêutica bíblica e da teologia bíblica.

c) Teologia Bíblica: Investiga a verdade de Deus e o Seu universo no seu desenvolvimento


divinamente ordenado e no seu ambiente histórico conforme apresentados nos diversos livros da
Bíblia. A teologia bíblica é a exposição do conteúdo doutrinário e ético da Bíblia, conforme
originalmente revelada. A teologia bíblica extrai o seu material exclusivamente da Bíblia.
d) Teologia Histórica: Considera o desenvolvimento histórico da doutrina, mas também
investiga as variações sectárias e heréticas da verdade. Ela abrange história bíblica, história da
igreja, história das missões, história da doutrina e história dos credos e confissões.
e) Teologia Dogmática: É a sistematização e defesa das doutrinas expressas nos símbolos da
igreja. Assim temos "Dogmática Cristã", por H. Martensen, com uma exposição e defesa da
doutrina luterana; "Teologia Dogmática", por Wm. G. T. Shedd, como uma exposição da
Confissão de Westminster e de outros símbolos presbiterianos; e "Teologia Sistemática", por
Louis Berkhof, como uma exposição da teologia reformada.
f) Teologia Prática: Trata da aplicação da verdade aos corações dos homens. Ela busca aplicar
à vida prática os ensinamentos das outras teologias, para edificação, educação, e aprimoramento
do serviço dos homens. Ela abrange os cursos de homilética, administração da igreja, liturgia,
educação cristã e missões.
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2. A EXISTÊNCIA DE DEUS

A Bíblia não discute a existência de Deus; começa por afirmar simplesmente que Ele existe
e é a causa de dotas as coisas que existem no mundo, inclusive o próprio mundo. “No princípio
criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Nossa principal crença na existência de Deus é a
natureza que revela um Deus criador, a Bíblia Sagrada e o testemunho do Espírito Santo no
nosso coração, acera do Filho de Deus, que morreu e ressuscitou dentre os mortos.

1. Formas de negação da existência de Deus

Embora o homem seja um ser religioso por natureza, no transcorrer da história humana surgiram
muitas formas de negação da existência de Deus, como mostraremos a seguir.

a. O ateísmo:

O ateísmo, no sentido da negação da existência de Deus, está dividido em duas classes: o ateu
prático e o ateu teórico. Os primeiros são sensivelmente gente sem Deus, provavelmente seja
neste sentido que o salmista tenha falado sobre o néscio que diz em seu coração: “Não há
Deus”. O néscio desse Salmo é alguém que vive como se Deus não existisse, que não o leva
em conta para nada, que se sente como “o capitão” de sua vida e de seu destino. Esses ateus
“práticos” devem ter sido os que atormentaram o autor do Salmo 42, perguntando-lhe: “Onde
está o teu Deus”. Já os ateus teóricos são geralmente uma classe mais intelectual, e baseiam
sua negação da existência de Deus no desenvolvimento de um raciocínio meramente humanista.
Tratam de provar por meios que eles consideram argumentos razoáveis e conclusivos que não
há Deus. Este tipo de ateu é o resultado do estado de perversão do homem, e de seu desejo de
se esconder de Deus. Conclusão: O ateu mente a sua mente, e à sua própria consciência.

b. O deísmo:
O deísmo crer que Deus existe, contudo rejeita por completo a Sua revelação à humanidade.
Para o deísmo, Deus não possui atributos morais nem intelectuais, sendo até duvidoso que ele
tenha participado na criação. Em outra palavras, deísmo é a religião natural baseada no
raciocínio puramente Humano.

c. O materialismo: O materialismo declara que a única realidade é a matéria. Essa concepção


passou a ser denominada “marxismo” Marx, foi o fundador do ateísmo cientifico, segundo ele o
homem é apenas matéria, um animal apenas, por isso não terá que prestar conta de seus atos a
ninguém. Ele ensinava que os diferentes comportamentos físicos e psíquicos humanos, são
simplesmente movimentos da matéria, não admitia a existência das coisas espirituais, inclusive
de Deus. Ou seja tudo é matéria.

d. O panteísmo:
O panteísmo ensina que no Universo, Deus é tudo e tudo é Deus. Deus é não só parte do
Universo, Ele é o próprio Universo. O hinduismo é adepto deste falso conceito de Deus. A Bíblia
deixa bem claro que Deus é o Criador do Universo e independente dele.(Sl 24. 1.4).

2. Provas naturalistas para a Existência de Deus:


1) Argumento Cosmológico. Da palavra grega Kosmos, “mundo”. O universo é um efeito que
exige uma causa adequada, e a única causa suficiente é Deus (Sl 19.1).
2) Argumento Teleológico. Da palavra grega Telos, “fim”. O universo não apenas prova a
existência de um Criador, mas indica a existência de um Planejador (Rm 1.18-20). Há um
propósito observável no universo que indica a existência de Deus como seu planejador.
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3) Argumento Antropológico. Da palavra grega anthropos, “homem”. Já que o homem é um ser
moral e intelectual, deve ter um Criador que também seja moral e inteligente (At 17.29). A
natureza moral, os instintos religiosos, a consciência e a natureza emocional do homem
argumentam em favor da existência de Deus.

4) Argumento Ontológico. Da palavra grega on, “existente, ser”. O homem tem a idéia
inerente de um Ser Perfeito. Esta idéia naturalmente inclui o conceito de existência, já que um
ser, em tudo mais perfeito, que não existisse, não seria tão perfeito quanto um ser perfeito que
existisse. Portanto, visto que a idéia de existência está contida na idéia de um Ser Perfeito, esse
Ser Perfeito deve necessariamente existir.

5) Argumentos Antropomórfico. A palavra "antropomorfismo", vem do grego "Antropos"=


homem; "Morphés"= forma. Esta linguagem prende-se à concepção de como Deus se tem
revelado (ou se revela) de "forma humana", para que seja entendido pela mente natural.
Vejamos alguns exemplos de Deus se apresentando com características humanas: cabeça, Dn
7:9 / rosto Sl 27:8 / cabelo, Dn 7:9 / olhos, Pv 15:3 / nariz, Sl 18:15 / ouvido, Sl 31:2 / boca, Is
34:16 / dente, Jó 16:9 / lábios, Is 30:27 / língua, Is 30:27 / riso, Sl 2:4 / mãos, II Sm, 24:14 /
braços, Dt 33:27 / pez, Ex 24:10 / costas, Ex 33:23 / coração, Jn 6:6 / sapatos de Deus, Sl 60:8 /
vestidos de Deus, Dn 7:9 / os dois lados de Deus (Direito e esquerdo), I Rs 22:19.
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3. DEFINIÇÕES DE DEUS

A) Definição Filosófica de Platão:

Deus é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Ele é a mente ou razão suprema; a causa
eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente, onipotente; tudo permeia e tudo
controla; é justo, santo, sábio e bom; o absolutamente perfeito, o começo de toda a verdade, a
fonte de toda a lei e justiça, a origem de toda a ordem e beleza e, especialmente, a causa de
todo o bem.

B) Definição Cristã do Breve Catecismo:

Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em Seu Ser, sabedoria, poder, santidade, justiça,
bondade e verdade.

C) Definição Combinada:

Deus é um espírito infinito e perfeito em quem todas as coisas tem sua origem, sustentação e fim
(Jo.4:24; Ne.9:6; Ap.l:8; Is.48:12; Ap.1:17).

D) Definição Bíblica:

As expressões "Deus é Espírito" (Jo.4:24) e "Deus é Luz " (IJo.1:5), são expressões da natureza
essencial de Deus, enquanto que a expressão "Deus é amor" (IJo.4:7) é expressão de Sua
personalidade. (ITm.6:16).
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4. A REVELAÇÃO DE DEUS

1. Deus revelado na natureza


“Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz
declaração há outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Sem linguagem, sem fala,
ouvem-se as suas vozes em toda ba extensão da terra, e as suas palavras, até ao fim do mundo.
Neles pôs uma tenda para o sol, que é qual noivo que sai do seu tálamo e se alegra como um
herói a correr o seu caminho. A sua saída é desde uma extremidade dos céus, e o seu curso, até
à outra extremidade deles; e nada se furta ao seu calor.”( Sl 19.1-6).
Deus se revela na Bíblia como a Causa Primária de tudo o que existe. Nunca houve um
momento em que Deus não existisse. Conforme afirma Moisés: “Antes que os montes
nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus”
(Sl 90.2). Deus criou todas as coisas em “os céus e a terra” (Gn 1.1). O verbo “criar” (hb.“bara”)
é usado exclusivamente em referência a uma atividade que somente Deus pode realizar.
Significa que, num momento específico, Deus criou a matéria e a substância, que antes nunca
existiu. O método que Deus usou na criação foi o poder da sua palavra. Repetidas vezes está
declarado: “E disse Deus...” (Gn 1.3, 6, 9, 11, 14, 20, 24, 26). Noutras palavras, Deus falou e os
céus e a terra passaram a existir. Antes da palavra criadora de Deus, eles não existiam (Sl
33.6,9; 148.5; Is 48.13; Rm 4.17; Hb 11.3). O conceito judaico-cristão é que o mundo físico
manifesta a glória e o poder criador de Deus (148.3-5; Rm 1.18-20). O conceito de muitos
incrédulos, ao contrário, é que a criação é em si mesma uma entidade divina, cuja força controla
o destino humano ( Is 47.13; Dn 4.7); outros crêem que tudo se fez por acaso. O verdadeiro
crente rejeita tais idéias, aceita a revelação bíblica a respeito do universo, e por isso é movido a
louvar o Criador (89.5-8).
O perigo da rejeição desta revelação:
“Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que
detêm a verdade em injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta,
porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto
o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que
estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não o
glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o
seu coração insensato se obscureceu”.(Rm 1.18-21). A indignação pessoal de Deus e sua
reação imutável diante de todo o pecado (Ez 7.8,9; Ef 5.6; Ap 19.15) causada pelo
comportamento iníquo do ser humano (Êx 4.14; Nm 12.1-9) e nações (Is 10.5; 13.3; Jr 50.13), e
pela apostasia e infidelidade do seu povo (Nm 25.3; 32.10-13; Dt 29.24-28). (1) No passado, a ira
de Deus e seu ódio ao pecado revelou-se através do dilúvio (Gn 6-8), da fome e da peste (Ez
6.11ss), do abrasamento da terra (Dt 29.22,23), da dispersão do seu povo (Lm 4.16) e de
incêndio através da terra (Is 9.18,19). (2) No presente, a ira de Deus é vista quando Ele entrega
os ímpios à imundícia e às vis paixões (Rm 1. 24 ) e leva à ruína e à morte todos quantos
persistem em lhe desobedecer (Rm 1.18-3.18; 6.23; Ez 18.4; Ef 2.3). (3) No futuro, a ira de Deus
incluirá a Grande Tribulação para os ímpios deste mundo (Mt 24.21; Ap 6-19) e um dia vindouro
de juízo para todos os povos e nações (Ez 7.19; Dn 8.19) “dia de alvoroço e de desolação, dia de
trevas e de escuridão” (Sf 1.15), um dia de prestação de contas para os iníquos (2.5; Mt 3.7; Ap
11.18; 14.8-10; 19.15). Por fim, Deus manifestará sua ira mediante o castigo eterno sobre os que
não se arrependerem ( Mt 10.28 ). (4) A ira de Deus não é a sua última palavra aos seres
humanos, pois Ele proveu um meio de escape ou salvação da sua ira. O pecador pode
arrepender-se do seu pecado e voltar-se a Jesus Cristo por fé (5.8; Jo 3.36) e alcançar a
salvação. (5) Os crentes unidos a Cristo devem compartilhar da ira de Deus contra o pecado, não
no sentido de vingança, mas por amor sincero à justiça e aversão ao mal ( Hb 1.9 ). O NT
reconhece uma ira santa que aborrece aquilo que Deus odeia; ira esta evidenciada
principalmente no próprio Jesus (Mc 3.5; Jo 2.12-17; Hb 1.9; ver Lc 19.45 ), em Paulo (At 17.16)
e outras pessoas justas (2 Pe 2.7,8; Ap 2.6 ).
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As três etapas do abandono por Deus, à impureza são: (a) Ele entrega as pessoas aos prazeres
sexuais pecaminosos que degradam o corpo (v. 24); (b) Ele as entrega a paixões homossexuais
ou lésbicas, vergonhosas (vv. 26,27); a seguir: (c) Ele as entrega a um sentimento perverso, i.e.,
sua mente justifica as suas ações iníquas e pensam continuamente no mal e nos prazeres dos
pecados sexuais (v. 28). Essas três etapas ocorrem entre todos que rejeitam a verdade da
revelação divina e que buscam o prazer na iniqüidade (v.18; ver v.27). (3) Deus tem dois
propósitos ao abandonar os iníquos ao pecado: (a) permitir que o pecado e suas conseqüências
se acelerem como parte do seu juízo sobre eles (2.2); e (b) levá-los a reconhecer sua
necessidade da salvação (2.4).

2. Deus revelado a Israel.


Deus fez do povo de Israel o centro de Sua revelação na terra, para através dele abençoar toda a
humanidade. Nenhum outro povo da terra, durante sua historia, teve tanta certeza de que Deus
age direta e pessoalmente com ele, quanto Israel. Disto dá testemunho da Palavra de Deus em
Romanos 3.2, quando diz: “Aos judeus foram confiados os oráculos de Deus”. Neemias 9.13, diz
mais: “ Desceste sobre o monte Sinai, do céu falaste com eles, e lhes deste juízos retos, leis
verdadeiras, estatutos e mandamentos bons”.
A Revelação de Deus na História
A revelação de Deus na história de Israel é algo constante e patente. Ele atesta o favor divino,
bem como sua provisão com o povo que para si Ele escolheu. Milagres, tais como os relatados
no Êxodo, ou a fuga do exército assírio diante da Jerusalém no ano 701 a.C., eram prova da
intervenção direta de Deus confundindo os inimigos do seu povo. (Esta intervenção era posta
com tão grande realismo, que os próprios fenômenos da natureza lhe estavam sujeitos): a
parada do sol por Josué (Js 10.12), e o recuo da sombra como evidência da disposição e decisão
divina de curar o rei Ezequias (Is 38.8), mostram ate que ponto aprove a Deus revelar-se ao povo
que Ele mesmo escolheu para si.

a. Relação e Revelação
O fundamento da atitude religiosa era a aliança que Deus estabelecera entre si e a descendência
de Abraão (Gn17). Esta aliança foi uma imposição real mediante a qual Deus se comprometeu,
perante os descendentes de Abraão, a ser o Deus deles, dessa maneira dispondo-os invocá-lo
como o Senhor Todo-poderoso. O fato de Deus tornar conhecido o Seu Nome (Jeová), foi um
testemunho da amistosidade do seu relacionamento com Israel. O nome até certo ponto, significa
tudo quanto uma pessoa é, pelo que, quando Deus disse aos israelitas qual é o Seu nome, isso
assinalou o fato que, conforme Ele era, em todo o seu poder e gloria, estava se comprometendo
a cuidar do bem -estar deles.
Lendo Gênesis 15, vemos as bases da aliança de Deus com o Seu povo Israel, através do seu
ancestral, o patriarca maior, Abraão. O citado capítulo registra a “aliança de sangue” (o contrato
social mais obrigatório naquela época) e suas circunstâncias peculiares. Registra que Abraão
caiu em sono profundo e que Deus, o Pai, como um fogareiro fumegante, e Deus o Filho
representado pela tocha de fogo, passaram entre as metades dos animais sacrificados que
estavam no solo. Este era o selo da cerimônia. De modo geral, ambas as partes de um contrato
teriam de passar entre os animais divididos, significando que cada uma delas aceitava as
obrigações que lhe eram impostas e as cumpririam. O fato de Deus Pai e Filho agirem nessa
cerimônia significativa constitui uma afirmação clara, naquela altura, quanto às intenções de
cumprir suas promessas, sem levar em consideração o que Abraão e os seus descendentes
pudessem fazer! Desse modo, o contrato normal de aliança tomou o aspecto de uma aliança de
juramento. Deus tomou e confirmou uma decisão de escolher a Israel e faze-lo povo Seu,
decisão que não seria modificado por coisa alguma que o homem fizesse ou deixasse de fazer,
porque Jesus que ali estava representado pela tocha de fogo um dia se humanizaria e faria uma
aliança eterna entre Deus e o homem, pois Jesus como representante do homem foi fiel a Deus
sem nunca transgredir um único mandamento do Pai. E como nós sabemos Cristo que era da
descendência de Abraão e, portanto israelita veio revelar a salvação a todas as nações do
mundo. Por conseguinte, Deus continuou revelando-se à comunidade de Israel através de Suas
palavras, de leis e de promessa que ainda se cumprirão principalmente no reino milenial.
A principal ênfase da revelação de Deus a Israel recai sobre a sua fidelidade à aliança feita com
Abraão, Sua paciência e misericórdia, e Sua lealdade aos Seus próprios propósitos. “Quando
Deus Fez a promessa a Abraão, visto que não tinha ninguém superior por quem jurar, jurou por si
mesmo, dizendo: Certamente te abençoarei, e te multiplicarei”(Hb.6.13-14).
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3. Deus revelado aos profetas.


O homem jamais conhecera a Deus, a não ser que Deus mesmo opere nesse sentido. O fato da
revelação de Deus é expresso com o auxilio dos seguintes termos: Deus se revela (Gn 35.7-13);
Deus se deixa ver (Gn 12.7); Deus torna conhecida a Sua vontade e, também Deus fala, fato
atestado pela tão conhecida expressão bíblica: “Assim diz o Senhor”.

4. Resumo da Teologia e da piedade.


Deus se dá a conhecer ao homem e o homem deve com temor, humildade e obediência buscar
conhecer a Deus. Este conhecimento comunicado por Deus a respeito de Si mesmo ao homem é
único em seu objetivo, e diversificado por causa dos meios empregados, pois, sendo Deus o
Senhor de tudo e de todos, Ele revela-se com bem lhe aprouver através da criação.

1. A Quem Deus se Revela.


Geralmente a revelação de Deus está reservada primeiramente aos seus escolhidos, que o
buscam, que o servem e andam em comunhão com Ele. Jesus disse: “ Aquele que tem os seus
mandamento e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama, será amado por meu
pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele” ( Jo 14.21). Davi escreveu que “o segredo do
Senhor é para os que o temem” (Sl 25.14- ARC) Essa revelação divina está condicionado às
limitações e ao suportável pelo homem. Moises pode ver a Deus, apenas mediante determinadas
condições (Ex 33.17-23).
Muitos profetas do Antigo Testamento registraram a experiência de um contato pessoal com a
revelação de Deus. Dentre eles se destacam Isaias, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Amós. Também
no Novo Testamento João na ilha de Patmos.
 Isaias – “ No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e
sublime trono...” (Is 6.1)
 Jeremias – “ De longe se me deixou ver o Senhor, dizendo:com amor eterno eu te amei,
por isso com benignidade te atrai”(Jr. 31.3).

 Ezequiel – “Por cima do firmamento que estava sobre as suas cabeças, havia algo
semelhante a um trono, com uma safira; sobre esta espécie de trono estava sentada
uma figura semelhante a um homem. Vi-a como metal brilhante, com fogo ao redor dela,
desde os seus lombos, e daí para cima; e desde o seus lombos daí para baixo, vi-a
como fogo e um resplendor ao redor dela. Como aspecto do arco que aparece na
nuvem em dia de chuva, assim era o resplendor em redor. Esta era a aparência da
gloria do Senhor; vendo isto cai com o rosto em terra...”(Ez 1.26-28).

 Daniel – “ Levantei os olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho, cujos os ombros
estavam cingidos de ouro puro de Ufaz, o seu corpo era como berilo, o seu rosto como
relâmpago, os seus olhos com tochas de fogo, os seus braços e os seus pés brilhavam
como bronze polido, e a voz das sua palavras como o estrondo de muitas gente” (Dn
10.5-6).

 Amós – “Vi o Senhor, que estava em pé junto ao altar” (Am 9.11).

 João – “E logo fui arrebatado em espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um
assentado sobre o trono. E o que estava assentado era, na aparência, semelhante à
pedra de jaspe e de sardônica; ce o arco celeste estava ao redor do trono e era
semelhante à esmeralda”. (Ap 4.3-4).

5. A Revelação Divina Através da Palavra.


Escreveu o profeta Amós que “o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu
segredo aos seus servos, os profetas”(Am 3.7). Aos profetas Deus manifestou seus segredos
não só pelo que lhes deu a ver, mas também pelas palavras que lhes comunicou. A palavra é o
sinal característico do ministério profético (Jr 18.18).
Samuel e Elias, dentre os primeiros profetas, aparecem como homens da palavra na sua boca,
nos seus ouvidos (Is5. 9). O profeta tem ingresso no conselho de Deus (Jr23. 18-22). Quando o
profeta recebia a revelação de Deus, tinha plena consciência de que Deus o tomava naquele
momento para isso. Ele sabia que não era uma força ou inspiração que o tomava, mas uma
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pessoa viva, real e divina -Deus. Exemplos disso temos em Ezequiel 11.5; 2 Samuel 23.2 e
Isaias 52.15.

6. Deus revelado aos Apóstolos.


No Novo Testamento, Cristo é a suprema revelação de Deus, seguindo dos apóstolos e
escritores que prosseguiram recebendo e transmitindo essa revelação até Apocalipse. Cristo e os
apóstolos são o cumprimento da figura de Moises e dos profetas do Antigo Testamento como
mediadores da revelação divina.

7. Cristo, a Revelação Plena e Visível de Deus.


Cristo é a maior revelação de Deus ao homem, Os apóstolos os primeiros a andar com Cristo,
receberam em primeira mão o impacto inicial da revelação divina em pessoa. João o apostolo
amado, que pelo Espírito apresenta Cristo com Deus encarnado,escreveu:

 “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. (Jo 1.1).

 “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do
Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.(Jo 1.14).

 “O que era desde o principio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos
próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, com respeito ao verbo
da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dele damos testemunho e vo-la
anunciamos a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifesta), o que temos visto
e ouvido anunciamos também a vos outro, para que vos igualmente mantenhais
comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.
Estas cousas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa”(1Jo 1.1-4).

8. Especial Revelação a Paulo.


O apostolo Paulo, a quem Deus confiou grande parte da revelação divina do Novo Testamento,
não foi contado com os doze, mas recebeu de Deus profundas revelações, entre as quais
destacamos as que se acham contidas em Colossenses 1.26-27 e Gálatas 1.11-12:

 “o ministério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora,todavia, se


manifestou aos seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da
gloria deste ministério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da gloria”.

 “Faço-vos, porém, saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo o
homem; porque eu não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas mediante revelação
de Jesus Cristo”.

9. Revelação transformadora.
Foi esta revelação recebida da parte de Deus que fez dos apóstolos aquilo que eles foram:
diferentes, humildes, fervorosos, poderosos, destemidos e vitoriosos. Para os apóstolos,
Deus em Cristo estava sempre presente entre eles, poderoso, triunfante, conduzindo a sua
causa sucessivos triunfos. Possuídos desta revelação, eles escreveram o Novo Testamento,
pregaram o Novo Testamento, viveram o Novo Testamento, e morreram pelo Novo
Testamento. Suas vidas frágeis, porém vitoriosas; seus hábitos diferentes, porem santos;
seus caminhos vigiados e ameaçados pelas autoridades, porem guardados por anjos, são
ainda hoje um exemplo para aqueles que renunciaram o mundo e se decidiram viver para
Deus.
Pela visão que eles tiveram de Deus, os apóstolos foram mudados de frágeis pigmeus em
valentes bandeirantes da fé, decididos a mudar o mundo.

10. Deus revelado a Igreja.


Sobre a revelação de Deus nestes últimos dias à igreja, diz a palavra de Deus na Epistola
aos Hebreus: versículo 1. 1-2: “Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de
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muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho, a
quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo”.

1. O Agente Revelador de Deus à Igreja


Quando Jesus falava aos seus discípulos e apóstolos, da necessidade de ausentar-se
fisicamente dentre eles, disse que sua ausência seria ocupada pelo agente revelador do Pai
e do Filho, o Espírito Santo. Quando a isto, prometeu Jesus: “Eu rogarei ao Pai, e Ele vos
Dara outro Consolador... o Espírito da verdade...” (Jo 14.16-17). “Mas o Consolador, o
Espírito Santo, a quem o Pai enviara em meu nome, esse vos ensinara todas as cousas e
vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” (Jo 14.26). “ Quando vier, porém, o Espírito da
verdade, ele vos guiara a toda verdade; porque não falara por si mesmo, mas dirá tudo o que
tiver ouvido, e vos anunciara as cousas que hão de vir. Ele me Glorificara porque há de
receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar”(Jo 16.13-15).
O Espírito Santo jamais fala de si mesmo, mas comunica aos Santos aquilo que o Filho quer
revelar.

2. Revelando o Ministério de Beneplácito de Deus.


Paulo declara que o “ministério” (segredo) do “beneplácito” de Deus, visando a salvação da
igreja e restauração da humanidade caída, por meio de Cristo, foi agora revelado, depois de
haver sido mantido oculto até o tempo da encarnação do verbo Divino: (Rm 16.25-26, 1Co2.
7-10 e Ef 1.9;3.3-11).

As origens da Igreja estão no eterno passado, conforme o propósito de Deus, mas a sua
razão de ser e de existir no mundo é claramente mostrada na revelação de Deus sobre ela.
Deus destinou-lhe a responsabilidade, que em suma é:
a) Ser aqui um lugar de habitação de Deus. (Ef 2.20-22,1 Co3. 16).
b) Dar testemunho da verdade. (1Tm 3.15).
c) Tornar conhecida a multiforme sabedoria de Deus. (Ef 3.10).
d) Dar eterna gloria a Deus. (Ef 3. 10-21).
e) Edificar seus membros. (Ef4. 11-13).
f) Disciplinar seus membros. (Mt 18.15-17).
g) Evangelizar o mundo.(Mt 28.18-20).

3. Uma Maior Revelação.


Se grande foi a revelação dada por Deus a Israel, através da lei, na pessoa de Moises, maior
é a revelação de Deus através de Cristo, comunicada pelo Espírito Santo a Igreja. A
revelação divina confiada a Israel, deveria ser o ponto de partida para que aquele povo desse
testemunho de Deus as demais nações da terra; mas Israel falhou na sua vocação. A
revelação de Deus á sua Igreja, capacita-a a dar testemunho da grandeza de Deus, não só
aos homens, mas também aos principados e potestades nos lugares celestiais (Ef 3.10). A
marcha triunfal de igreja, como coluna e baluarte da verdade, é mais uma prova indiscutível
da que Deus existe e se compraz em se dar a conhecer aos filhos do homem.
Teologia Sistemática - 12 -

5. A NATUREZA DE DEUS

Quando falamos em essência de Deus, queremos significar tudo o que é essencial ao Seu Ser
como Deus, isto é, essência e atributos.

1) Essência de Deus:
Deus é uma essência espiritual: Deus na sua essência é puro espírito, sem a presença de
matéria (Jo.4:24).

2) Atributos de Deus:
Sua essência é Espírito e Seus atributos são as qualidades ou propriedades dessa essência.
Atributos são a manifestação do Ser de Deus.

Classificação dos atributos:


A) Naturais e Morais:
Em primeiro lugar, definiremos o conceito “atributo” citando A. H. Strong: “Os atributos de Deus
são aquelas características que distinguem a natureza divina e ao mesmo tempo são
inseparáveis da idéia de Deus, e que constituem o fundamento para suas variadas
manifestações a suas criaturas”. Deve-se levar em conta que esses atributos, que nos ajudam a
pensar em Deus, nos dão conta da totalidade do seu ser divino.

1) Atributos Naturais:
Segundo Conner, os atributos naturais são os “que não têm nenhuma relação, de nenhum modo,
com o caráter moral de Deus”. Isso significa que Deus é um ser moral e que tem atributos que
revelam essa verdade, mas, além disso, tem outros atributos que não entram nesta categoria.
São os atributos que Conner denomina naturais. Seguiremos aqui a maneira de Hammond tratar
o assunto:
a . Infinitude: Deus é um ser sem limitações. “A santidade infinita e o amor infinito não são
qualidades infinitas de santidade e de amor, mas sim a santidade e o amor que são
qualitativamente livres de toda limitação e defeitos”.
b. Espiritualidade: Deus, sendo Espírito, é incorpóreo, invisível, sem substância material, sem
partes ou paixões físicas e, portanto, é livre de todas as limitações temporais (Jo.4:24; Dt.4:15-
19,23; Hb.12:9; Is.40:25; Lc.24:39; Cl.1:15; ITm.1:17; IICo.3:17)

3) Personalidade: Uma definição mais precisa é que Deus é um “Espírito pessoal e livre”
Como pessoa, Deus está próximo do homem, e, de acordo com Conner, a personalidade de
Deus é o antecedente da encarnação de Deus em Jesus Cristo. Quando falamos em Deus como
pessoa, estamos usando este último termo num sentido deferente do que tem na moderna
psicologia. A liberdade é um elemento de sua personalidade; a Bíblia ensina que Deus, para criar
o mundo e para redimir o homem, não teve nenhuma motivação de fora de si mesmo: “Segundo
o conselho de sua vontade” (Ef 1.11). Vejamos os três elementos básicos de personalidade
em relação a Deus.
a) Volição ou vontade = querer (Is.46:10; Ap.4:11).
b) Razão ou intelecto = pensar (Is.14:24; Sl.92:5; Is.55:8).
c) Emoção ou sensibilidade = sentir (Gn.6:6, Dt.6:15; Pv.6:16; Tg.4:5).

4. Os nomes de Deus. Nomes Primários de Deus no Antigo Testamento.


O nome no Antigo Testamento geralmente estava legado ao caráter da pessoa, e não é diferente
com Deus, cada nome de Deus nas paginas sagradas do livro santo revela seu caráter, sua
dignidade e seu poder. Aleluia.

1) Jeová (Yahweh): A palavra original (que se pronuncia Yahweh ou Yawé) é formada pelas
consoantes YHVH ou YHWH, com as vogais incorporadas no texto massorético de uma palavra
Teologia Sistemática - 13 -
distinta, Adonai (meu Senhor). Em seu sentido etimológico, é a terceira pessoa do singular
imperfeito do verbo havá (ou hayá), que significa "ser". Os antigos intérpretes explicam o verbo
de forma abstrata e metafísica, significando algo que aproximadamente afirmaria: "Eu sou o que
sou" o que existe de uma forma absoluta. Esse nome (Jeová), foi criado pelos judeus, através
das combinações das vogais de Adonai (Meu Senhor) com as consoantes YHWH, e o resultado
foi Jeová. Tal forma só começou a aparecer no século XII d.C. Mas nunca aparece, com essa
forma no original hebraico. Antes disso, cada vez que aparecia o tetragrama os judeus
pronunciavam Adonai.

a. Significado - O Auto-Existente (“Eu Sou o Que Sou” Ex 3.14).


b. Características - É o nome do relacionamento entre o verdadeiro Deus e Seu povo, e,
quando usado, enfatiza a santidade de Deus, o Seu ódio pelo pecado e amor aos pecadores.

2) Elohim:
a. Significado – Deus Criador . É uma palavra genérica usada para falsos deuses e também
para o verdadeiro Deus. É um substantivo plural, o chamado plural majestático. O plural permite
a revelação subseqüente da Trindade no N.T., mas não ensina a Trindade propriamente dita.
3) Adonai:
a. Significado - Senhor, Mestre. Usado pelos homens de Deus, e indica o relacionamento
senhor-servo,

b) Nomes Compostos de Deus no Antigo Testamento.


1) Com El:
A. El Elyon - traduzido por Altíssimo (Is 14.13,14).
B. El Roi - O Forte que Vê (Gn 16.13).
C. El Shaddai - Deus Todo-Poderoso (Gn 17.1-20).
D. El Olam - O Eterno Deus (Is 40.28).

2. Vejamos o no Jeová com algumas combinações dos principais nomes de Deus.


1. Jeová Jireh : ( O Senhor Proverá).
“ Então, levantou Abraão os seus olhos e olhou, e eis um carneiro detrás dele, travado pelas
suas pontas num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar
de seu filho. E chamou Abraão o nome daquele lugar o SENHOR proverá; donde se diz até ao
dia de hoje: No monte do SENHOR se proverá”.( Gn 22.13-14).
Esse nome revela providencia pessoal. Esse foi o nome dado por Abraão no lugar onde ele
sacrificara o carneiro fornecido por Deus em lugar de seu filho Isaque. Deus proverá, é uma
expressão profética da providência divina de um sacrifício substituto, um carneiro (v. 13). O
cumprimento pleno da declaração de Abraão realiza-se quando Deus provê seu Filho Unigênito
para ser o sacrifício expiador no Calvário, para a redenção da humanidade. Daí, o próprio Pai
celestial fez aquilo que Ele determinou que Abraão fizesse (Jo 3.16; Rm 5.8-10; 8.32).
Aprendemos da prova de Abraão que:
1) Deus às vezes prova a fé de seus filhos (1 Pe 1.6,7; Hb 11.35). Tal prova deve ser
considerada uma honra no reino de Deus (1 Pe 4.12-14).
2) O crente deve confiar em Deus, que Ele estará presente, concederá sua graça e tudo
quanto for necessário, em qualquer circunstância dentro da vontade divina (Sl 46.1-23; 2
Co 9.8; Ef 3.20).
3) Deus constantemente realiza seu propósito redentor, restaurador, através da morte de
uma visão; ou seja, Ele pode deixar acontecer em nossa vida, coisas que parecem
destruir nossas esperanças e sonhos (17.15-17; 22.1-12; 37.5-7,28; Mc 14.43-50;
15.25,37).
4) Depois de uma provação da fé, Deus confirmará, fortalecerá, estabelecerá e
recompensará o crente (vv. 16-18; 1 Pe 5.10).
5) Para se achar a verdadeira vida em Deus é preciso sacrificar tudo quanto Ele requer (Mt
10.37-39; 16.24,25; Jo 12.25).
6) Depois de um teste de sofrimento e de fé, o resultado final da parte do Senhor para com o
crente é que Ele é muito misericordioso e piedoso (Tg 5.11).
2. Jeová Nissi – (O Senhor é minha bandeira).
“E Moisés edificou um altar e chamou o seu nome: O SENHOR é minha bandeira”.(Ex 17.15).
Teologia Sistemática - 14 -
As bandeiras também chamadas de estandartes, insígnias, são penduradas, por um de seus
lados, numa haste, mastro ou pau, através, às vezes, de uma corda.. Esse nome foi dado por
Moises ao altar que ele erigiu em memória a Deus pele derrota imposta aos Amalequitas por
Israel, sob o comando de Josué, em Refidim. Deus é aqui revelado como o Àquele que nos
conduz contra o inimigo e em cujo nome somos mais que venceres. A ênfase aqui é que o povo
deveria concentrar-se ao redor de Jeová seu líder, como o exercito se concentra em redor de sua
bandeira.

3. Jeová Shalom – (O Senhor é paz).


“Então, Gideão edificou ali um altar ao SENHOR e lhe chamou SENHOR É Paz; e ainda até ao
dia de hoje está em Ofra dos abiezritas”. (Jz 6.24).
Esse nome revela Deus como aquele que concede paz pessoal.Esse nome foi dado por Gideão
ao altar que ele erigiu em Ofra, fazendo assim alusão à palavra que o Senhor lhe tinha dirigido:
“Paz seja contigo!”. O Senhor Jesus disse aos seus discípulos: ‘Deixo-vos a paz, a minha paz
vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se
atemorize”.(Jo 14.26). Crendo em Deus e no Senhor Jesus, para alcançar a vitória, em todas as
lutas de nossa vida, encontraremos o segredo da verdadeira paz.

4.D. Jeová Sabbaoth – (O Senhor dos Exércitos).


“Subia, pois, este homem da sua cidade de ano em ano a adorar e a sacrificar ao SENHOR dos
Exércitos, em Siló; e estavam ali os sacerdotes em Siló; e estavam ali os sacerdotes do
SENHOR, Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli”.(I Sm 1.3).
Esse nome revela liderança pessoal de Deus sobre todas as coisas criadas sejam exércitos de
homens, estrelas ou anjos, os quais em separado ou juntos, formam o exercito de Jeová. O
significado geral do termo está na concepção da Onipotência de Deus.

5. Jeová Micadiskim – (O Senhor que te santifica).


“Tu, pois, fala aos filhos de Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados, porquanto
isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o SENHOR,
que vos santifica”.( Ex 31.13).
Esse nome revela purificação pessoal. Apresenta Deus no aspecto primordial dentro da obra
salvadora e remidora. O povo de Deus deve ser santo, diferente e separado do mundo, a fim de
pertencer exclusivamente a Deus.

6. Jeová Raah – (O Senhor é o meu Pastor).


“O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará”. (Sl 23.1; 95.7).
Mediante uma metáfora freqüentemente empregada no AT, Deus é comparado aqui a um pastor,
ilustrando isso o seu grande amor por seu povo. O próprio Senhor Jesus empregou a mesma
metáfora para expressar seu relacionamento com os seus (Jo 10.11-16; cf. Hb 13.20; 1 Pe 5.4).
Duas verdades destacam-se aqui:
1) Deus, através de Cristo e do Espírito Santo, está tão afeiçoado a cada um de seus filhos,
que Ele deseja amar, cuidar, proteger, guiar e estar perto desses filhos, como o bom
pastor cuida das suas ovelhas ( Jo 10.11,14 ).
2) Os crentes são as ovelhas do Senhor. Pertencemos a Ele e somos alvo especial do seu
amor e atenção. Embora todos nós andamos desgarrados como ovelhas (Is 53.6), o
Senhor nos redimiu com seu sangue derramado (1 Pe 1.18,19), e agora somos dEle.
Como suas ovelhas, podemos lançar mão das promessas desse salmo quando
atendemos a sua voz e o seguimos (Jo 10.3-5; 10.28 ).

7. Jeová Tsidequenu – (O Senhor justiça nossa).


“Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este será o nome com que o
nomearão:O SENHOR, Justiça Nossa”.(Jr 23.6).
Esse nome revela Deus como justiça pessoal, e aponta para a justificação não pelas obras de lei,
mas sim pela obra redentora de Jesus Cristo, que foi feito por Deus justiça nossa: “Mas vós sois
dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e
redenção”.(Co 1:3).
Teologia Sistemática - 15 -
8. Jeová Ellion (O Senhor Altíssimo).
“Pois tu, SENHOR, és o Altíssimo em toda a terra; muito mais elevado que todos os deuses”. (Sl
97.9).
Esse nome revela preeminência pessoal. Deus aqui é apresentado, como aquele que ocupa a
liderança do Universo, como Deus dos deuses. O Deus que esta acima de tudo, e controlas
dadas as coisas, pela sua supremacia e soberania. Ele é o Deus transcendental.

9. Jeová Ropeca – (O Senhor que te Sara).


“E disse: Se ouvires atento a voz do SENHOR, teu Deus, e fizeres o que é reto diante de seus
olhos, e inclinares os teus ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos,
nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque eu sou o SENHOR, que
te sara”. (Ex 15.26).
Esse nome revela preservação pessoal. O termo “ropeca” pode ser traduzido também “Eu sou o
Senhor teu Médico”. O sentido da palavra é reparar como se reconstrói um edifício, curar como
se restaura a saúde de uma pessoa enferma. Isaias inicia o capitulo da Redenção com a
pergunta: “Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do SENHOR?”
(Is 53.1) E a pregação continua, que ele levou nossos pecados e nossas enfermidades; pois
pelas suas pisaduras fomos sarados. Essa promessa revela que o desejo primordial de Deus é
curar o seu povo, e não lhe infligir doenças e enfermidades (23.25; Dt 7.15; Sl 103.3; 107.20).

10. Jeová Shammah – (O Senhor que está presente).


“... E o nome da cidade desde aquele dia será: O SENHOR Está Ali. (Ez 48.35)”.
Esse nome revela presença pessoal. O livro de Ezequiel termina com a grande promessa de que,
um dia, Deus que um dia havia se afastado de sua cidade por causa dos pecados do seu povo,
no milênio habitará eternamente com seu povo; promessa esta repetida em Ap 21.3: “Eis aqui o
tabenáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará” . A maior bênção para nós, como
povo de Deus, é termos Deus em nosso meio; esta é a essência da alegria e da felicidade.

5) O relacionamento de Deus como Pai.


A) Deus como Pai:
Pai de toda a criação (At 17.29). Pai da nação de Israel (Ex 4.22).
Pai do Senhor Jesus Cristo (Mt 3.17). Pai dos crentes em Cristo (Gl 3.26).

6. Eternidade.
“Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a
eternidade, tu és Deus. (Sl 90.2)”.

“Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade e cujo nome é Santo: Em um alto
e santo lugar habito... (Is 57.15)”.
Estes versículos mostram claramente a existência do Deus eterno, que não tem começo nem fim,
do hebraico “El-Olam” (Deus Eterno). Em primeiro lugar, isto significa que Ele não está sujeito
ao tempo, e é infindável no tempo (Gn 21.33; Jó
10.5; 36.26). Em segundo lugar, embora Deus exista num tipo de eterno presente, em termos de
continuidade, e não de intemporalidade, Ele conhece o passado como passado, o presente como
presente e o futuro como futuro, Ele vivencia o nosso tempo por amor a nós, Vejamos está
revelação:
“E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante
do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações
dos santos”.(Ap 5.8) Ver também (Ap 4.2-4).

“E veio outro anjo e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito
incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do
trono. E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante
de Deus E o anjo tomou o incensário, e o encheu do fogo do altar, e o lançou sobre a terra; e
houve depois vozes, e trovões, e relâmpagos, e terremotos”.(Ap 8.3-5)
Embora Deus habite na eternidade, Ele vivencia o nosso tempo, que está representado pelos 24
anciãos, que estão em volta do seu trono de gloria. As nossas orações sobem como incenso, e
estão sempre em memória diante do trono de Deus, que há seu tempo nos responderá:
Teologia Sistemática - 16 -

“Suba a minha oração perante a tua face como incenso, e seja o levantar das minhas mãos
como o sacrifício da tarde”. (Sl 141.2).

7. Infinidade ou Perfeição: É o atributo pelo qual Deus é isento de toda e qualquer limitação em
seu Ser e em seus atributos (Jó.11:7-10; Mt.5:48). A infinidade de Deus se contrasta com o
mundo finito em sua relação tempo-espaço.

8. Imensidão: A infinidade de Deus em relação ao espaço é denominada imensidão ou


imensidade. Deus é imenso Grande ou Majestoso: (Jó.36:5,26; Jó.37:22,23; Jr.22:18; Sl.145:3).
Imensidão é a perfeição de Deus pela qual Ele transcende (ultrapassa) todas as limitações
espaciais e, contudo está presente em todos os pontos do espaço com todo o seu Ser pessoal
(não é panteísmo). A imensidão de Deus é intensiva e não extensiva, isto é, não significa
extensão ilimitada no espaço, como no panteísmo. A imensidão de Deus é transcendente no
espaço (intramundano ou imanente = dentro do mundo - Sl.139:7-12; Jr.23:23,24) e fora do
espaço (supramundano = acima do mundo; extramundano = além do mundo; emanente = fora do
mundo - IRs.8:27; Is.57:15).

9. Onipresença: É quase sinônimo de imensidão: A imensidade denota a transcendência no


espaço enquanto que a onipresença denota a imanência no espaço. Deus é imanente em todas
as Suas criaturas e em toda a criação. A imanência não deve ser confundida com o panteísmo
(tudo é Deus) ou com o deísmo que ensina que Deus está presente no mundo apenas com seu
poder e não com a essência e natureza de seu Ser e que age sobre o mundo à distância. Deus
ocupa o espaço repetitivamente porque preenche todo o espaço e não está ausente em
nenhuma parte dele, mas tampouco está mais presente numa parte que noutra (Sl.139:11,12).
Deus ocupa o espaço variavelmente porque Ele não habita na terra do mesmo modo que habita
no céu, nem nos homens, ou na igreja como habita em Cristo (Is.66:1; At.17:27,28); Compare
(Ef.1:23 com Cl.2:9).

10. Imutabilidade: É o atributo pelo qual não encontramos nenhuma mudança em Deus, em sua
natureza, em seus atributos e em seu conselho.
a) A "base" para a imutabilidade de Deus: É Sua simplicidade, eternidade, auto-existência e
perfeição. Simplicidade porque sendo Deus uma substância simples, indivisível, sem mistura,
não está sujeito a variação (Tg.1:17). Eternidade porque Deus não está sujeito às variações e
circunstâncias do tempo, por isso Ele não muda (Sl.102:26,27; Hb.1:12 e 13:8). Auto-existência
porque uma vez que Deus não é causado, mas existe em Si mesmo, então Ele tem que existir da
forma como existe, portanto sempre o mesmo (Ex.3:14). E perfeição porque toda mudança tem
que ser para melhor ou pior e sendo Deus absolutamente perfeito jamais poderá ser mais sábio,
mais santo, mais justo, mais misericordioso, e nem menos. Por isso Deus é imutável como a
rocha (Dt.32:4).

1) Imutabilidade não significa imobilidade: Nosso Deus é um Deus de ação (Is.43:13).

2) Imutabilidade implica em não arrependimento: Alguns versículos falam de Deus como se


Ele se arrependesse (Ex.32:14, IISm.24:16, Jr.18:8; Jl.2:13). Trata-se de antropomorfismo
(Nm.23:19; Rm.11:29; ISm.15:29; Sl.110:4).

3) Imutabilidade de Deus em Sua natureza: Deus é perfeito em sua natureza por isso não
muda nem para melhor nem para pior (Ml.3:6).

4) Imutabilidade de Deus em Seus atributos: Deus é imutável em suas promessas (IRs.8:56;


IICo.1:20); em sua misericórdia (Sl.103:17; Is.54:10); em sua justiça (Ez.8:18); em seu amor
(Gn.18:25,26).

5) Imutabilidade de Deus em Seu conselho: Deus planejou os fatos conforme a sua vontade e
decretou que este plano seja concretizado. Nada poderá se opor à sua vontade. O próprio Deus
jamais mudará de opinião, mas fará conforme seu plano predeterminado (Is.46:9,10; Sl.33:11;
Hb.6:17).
Teologia Sistemática - 17 -
11. Onisciência: Atributo pelo qual Deus, de maneira inteiramente única, conhece-se a Si próprio
e a todas as coisas possíveis e reais num só ato eterno e simples. O conhecimento de Deus tem
suas características:

a) É arquétipo: Deus conhece o universo como ele existe em Sua própria idéia anterior à sua
existência como realidade finita no tempo e no espaço; e este conhecimento não é obtido de fora,
como o nosso (Rm.11:33,34).

b) É inato e imediato: Não resulta de observação ou de processo de raciocínio (Jó.37:16)

c) É simultâneo: Não é sucessivo, pois Deus conhece as coisas de uma vez em sua totalidade,
e não de forma fragmentada uma após outra (Is.40:28).

d) É completo: Deus não conhece apenas parcialmente, mas plenamente consciente (Sl.147:5).

e) Conhecimento necessário: Conhecimento que Deus tem de Si mesmo e de todas as coisas


possíveis, um conhecimento que repousa na consciência de sua onipotência. É chamado
necessário porque não é determinado por uma ação da vontade divina. (Por exemplo: O
conhecimento do mal é um conhecimento necessário porque não é da vontade de Deus que o
mal lhe seja conhecido (Hc.1:13) Deus não pode nem quer ver o mal, mas o conhece, não por
experiência, que envolve uma ação de Sua vontade, mas sim por simples inteligência, por ser ato
do intelecto divino (veja IICo.5:21 ).

f) Conhecimento livre: É aquele que Deus tem de todas as coisas reais, isto é, das coisas que
existiram no passado, que existem no presente e existirão no futuro. É também chamado visionis,
isto é, conhecimento de vista.

g) Presciência: Significa conhecimento prévio; conhecimento de antemão. Como Deus pode


conhecer previamente as ações livres dos homens? Deus decretou todas as coisas, e as
decretou com suas causas e condições na exata ordem em que ocorrem, portanto sua
presciência de coisas contingentes (ISm.23:12; IIRs.13:19; Jr.38:17-20; Ez.3:6 e Mt.11:21) apoia-
se em seu decreto. Deus não originou o mal mas o conheceu nas ações livres do homem
(conhecimento necessário), o decretou e preconheceu os homens. Portanto a ordem é:
conhecimento necessário, decreto, presciência. A presciência de Deus é muito mais do que
saber o que vai acontecer no futuro, e seu uso no N.T. é empregado como na LXX que inclui Sua
escolha efetiva (Nm.16:5; Jz.9:6; Am.3:2). Veja Rm.8:29; IPe.1:2; Gl.4:9. Como se processou o
conhecimento necessário de Deus nas livres ações dos homens antes mesmo que Ele as
decretasse? A liberdade humana não é uma coisa inteiramente indeterminada, solta no ar, que
pende numa ou noutra direção, mas é determinada por nossas próprias considerações
intelectuais e caráter. (auto-determinação racional). Liberdade não é arbitrariedade e em toda
ação racional há um porquê, uma razão que decide a ação. Portanto o homem verdadeiramente
livre não é o homem incerto e imprevisível, mas o homem seguro. A liberdade tem suas leis - leis
espirituais - e a Mente Onisciente sabe quais são. Em resumo, a presciência é um conhecimento
livre e, logicamente procede do decreto, “... segundo o decreto sua vontade” (Ef.1:11).

h) Sabedoria: A sabedoria de Deus é a Sua inteligência como manifestada na adaptação de


meios e fins. Deus sempre busca os melhores fins e os melhores meios possíveis para a
consecução dos seus propósitos. H.B. Smith define a sabedoria de Deus como o Seu atributo
através do qual Ele produz os melhores resultados possíveis com os melhores meios possíveis.
Uma definição ainda melhor há de incluir a glorificação de Deus: Sabedoria é a perfeição de
Deus pela qual Ele aplica o seu conhecimento à consecução dos seus fins de um modo que o
glorifica o máximo (Rm.ll:33-36; Ef.1:11,12; Cl.1:16). Encontramos a sabedoria de Deus na
criação (Sl.19:1-7; Sl.104), na redenção (ICo.2:7; Ef.3:10) .

12. Onipotência: É o atributo pelo qual encontramos em Deus o poder ilimitado para fazer
qualquer coisa que Ele queira.
A onipotência de Deus não significa o exercício para fazer aquilo que é incoerente com a
natureza das coisas, como, por exemplo, fazer que um fato do passado não tenha acontecido, ou
traçar entre dois pontos uma linha mais curta do que uma reta. Deus possui todo o poder que é
Teologia Sistemática - 18 -
coerente com Sua perfeição infinita, todo o poder para fazer tudo aquilo que é digno dEle. O
poder de Deus é distinguido de duas maneiras: Potentia Dei absoluta = absoluto poder de Deus e
potentia Dei ordinata = poder ordenado de Deus. Hodge e Shedd definem o poder absoluto de
Deus como a eficiência divina, exercida sem a intervenção de causas secundárias, e o poder
ordenado como a eficiência de Deus, exercida pela ordenada operação de causas secundárias.
Chanock define o poder absoluto como aquele pelo qual Deus é capaz de fazer o que Ele não
fará, mas que tem possibilidade de ser feito, e o poder ordenado como o poder pelo qual Deus
faz o que decretou fazer, isto é, o que Ele ordenou ou marcou para ser posto em exercício; os
quais não são poderes distintos, mas um e o mesmo poder. O seu poder ordenado é parte do
seu poder absoluto, pois se Ele não tivesse poder para fazer tudo que pudesse desejar, não teria
poder para fazer tudo o que Ele deseja. Podemos, portanto, definir o poder ordenado de Deus
como a perfeição pela qual Ele, mediante o simples exercício de Sua vontade, pode realizar tudo
quanto está presente em Sua vontade ou conselho. E' óbvio, porém, que Deus pode realizar
coisas que a Sua vontade não desejou realizar (Gn.18:14; Jr.32:27; Zc.8:6; Mt.3:9; Mt.26:53).
Entretanto há muitas coisas que Deus não pode realizar. Ele não pode mentir, pecar, mudar ou
negar-se a Si mesmo (Nm.23:19; ISm.15:29; IITm.2:13; Hb.6:18; Tg.1:13,17; Hb.1:13; Tt.1:3), isto
porque não há poder absoluto em Deus, divorciado de Sua perfeições, e em virtude do qual Ele
pudesse fazer todo tipo de coisas contraditórias entre Si (Jó.11:7). Deus faz somente aquilo que
quer fazer (Sl.115:3; Sl.135:6).

a) El-Shadai: A onipotência de Deus se expressa no nome hebraico El-Shaddai traduzido por


Todo-Poderoso (Gn.17:1; Ex.6:3; Jó.37:23 etc).

b) Em todas as coisas: A onipotência de Deus abrange todas as coisas (ICr.29:12), o domínio


sobre a natureza (Sl.107:25-29; Sl.33:6-9; Is.40:26; Jr.32:17; Rm.1:20), o domínio sobre a
experiência humana (Sl.91:1; Dn.4:19-37; Ex.7:1-5; Tg.4:12-15; Pv.21:1; Jó.9:12; ), o domínio
sobre as regiões celestiais (Dn.4:35; Hb.1:13,14; Jó.1:12; Jó 2:6).

c) Na criação, na providência e na redenção: Deus manifestou o seu poder na criação


(Rm.4:17; Is.44:24), nas obras da providência (ICr.29:11,12) e na redenção (Rm.1:16; ICo.1:24).

13) Soberania ou Supremacia: Atributo pelo qual Deus possui completa autoridade sobre todas
as coisas criadas, determinando-lhe o fim que desejar (Gn.14:19; Ne.9:6; Ex.18:11; Dt.10:14,17;
ICr.29:11; IICr.20:6; Jr.27:5; At.17:24-26; Jd.4; Sl.22:28; 47:2,3,8; 50:10-12; 95:3-5; 135:5;
145:11-13; Ap.19:6).
a) Vontade ou Auto-determinação: A perfeição de Deus pela qual Ele, num ato sumamente
simples, dirige-se à Si mesmo como o Sumo Bem (deleita-se em Si mesmo como tal) e às Suas
criaturas por amor do Seu nome (Is.48:9,11,14; Ez.20:9,14,22,44; Ez.36:21-23).
À vontade de Deus recebe variadas classificações, pois à ela são aplicadas diferentes palavras
hebraicas (chaphets, tsebhu, ratson) e gregas (boule, thelema).

b. Vontade Preceptiva: Na qual Deus estabeleceu preceitos morais para reger a vida de Suas
criaturas racionais. Esta vontade pode ser desobedecida com freqüência (At.13:22; IJo.2:17;
Dt.8:20).

c. Vontade Decretória: Pela qual Deus projeta ou decreta tudo o que virá a acontecer, quer
pretenda realizá-lo causativamente, quer permita que venha a ocorrer por meio da livre ação de
suas criaturas (At.2:23; Is.46:9-11). A vontade decretória é sempre obedecida.
A vontade decretória e a vontade preceptiva relacionam-se ao propósito em realizar algo.

d. Vontade de Eudokia: Na qual Deus deleita-se com prazer em realizar um fato e com desejo
de ver alguma coisa feita. Esta vontade, embora não se relacione com o propósito de fazer algo,
mas sim com o prazer de fazer algo, contudo corresponde àquilo que será realizado com certeza,
tal como acontece com a vontade decretória (Sl.115:3; Is.44:28; Is.55:11).

e. Vontade de Eurestia: Na qual Deus deleita-se com prazer ao vê-la cumprida por Suas
criaturas. Esta vontade abrange aquilo que a Deus apraz que Suas criaturas façam, mas que
pode ser desobedecido, tal como acontece com a vontade preceptiva (Is.65:12).
Teologia Sistemática - 19 -
A vontade de eudokia não se refere somente ao bem, e nela não está sempre presente o
elemento de deleite (Mt.11:26). À vontade de eudokia e a vontade de eurestia relaciona-se ao
prazer em realizar algo.

f. Vontade de Beneplacitum: Também chamada Vontade Secreta. Abrange todo o conselho


secreto e oculto de Deus. Quando esta vontade nos é revelada, ela torna-se Vontade Revelada.
A distinção entre a vontade de beneplacitum e a vontade revelada encontra-se em
Deuteronomio.29:29.
A vontade secreta é mencionada em Sl.115:3; Dn.4:17,25,32,35; Rm.9:18,19; Rm.11:33,34;
Ef.1:5,9,11, enquanto que a vontade revelada é mencionada em Mt.7:21; Mt.12:50; Jo.4:34;
Jo.7:17; Rm.12:2). Esta vontade está mui perto de nós (Dt.30:14; Rm.10:8). A vontade secreta de
Deus pertence a todas as coisas que Ele quer efetuar ou permitir, tal como acontece na vontade
decretória, sendo, portanto, absolutamente fixa e irrevogável.

14. Liberdade: A perfeição de Deus no exercício de Sua vontade. Deus age necessária e
livremente. Assim como há conhecimento necessário e conhecimento livre, há também uma
vontade necessária e uma vontade livre. Na vontade necessária Deus não está sob nenhuma
compulsão, mas age de acordo com a lei do Seu Ser, pois Ele necessariamente quer a Si próprio
e quer a Sua natureza santa. Deus necessariamente se ama a Si próprio e Suas perfeições. As
Suas criaturas são objetos de Sua vontade livre, pois Deus determina voluntariamente o que e
quem Ele criará; e os tempos, lugares e circunstâncias de suas vidas. Ele traça as veredas de
todas as Suas criaturas, determina o seu destino e as utiliza para Seus propósitos (Jó.ll:10;
Jó.23:13,14; Jó.33:13. Pv.16:4; Pv.21:1; Is.10:15; Is.29:16; Is.45:9 ).

2) Atributos Morais.
1) Santidade: É a perfeição de Deus, em virtude da qual Ele eternamente quer manter e
mantém a Sua excelência moral, aborrece o pecado, e exige pureza moral em suas
criaturas. Ser Santo vem do hebraico Kadash que significa cortar ou separar. Neste
sentido também a mesma idéia esta contida no Novo testamento, porém utiliza as
palavras gregas hagiazo e hagios.

Depoimento Bíblico quanto à santidade de Deus.


 “Ó SENHOR, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu, glorificado em
santidade, terrível em louvores, operando maravilhas?” ( Ex 15.11).
 “Porque eu sou o SENHOR, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso
Deus, e para que sejais santos; porque eu sou santo”.( Lv 11.45).

 “Justo é o SENHOR em todos os seus caminhos e santo em todas as suas obras”.(Sl


145.17).

 “E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos
Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória”. (Is 6.4).

 “E os quatro animais tinham, cada um, respectivamente, seis asas e, ao redor e por
dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo:
Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, que era, e que é, e que há de
vir”.(Ap 4.8).

a) Significado da santidade de Deus.


A santidade de Deus significa a Sua absoluta pureza moral. Indica que Ele não pode pecar, nem
tolerar o pecado. Na Sua santidade, Deus arboresce o pecado, ainda que ame o pecador. Uma
vez que o sentido original da palavra “santo” é “separado”, em que sentido está Deus
separado de alguém ou de algo? Ele está separado do homem quanto ao espaço; Ele está no
céu, e o homem na terra. Ele está separado do homem quanto a natureza e caráter; Ele é
perfeito, o homem imperfeito; Ele é divino, o homem humano e carnal; Ele é moralmente perfeito,
o homem pecaminoso. Podemos destacar ainda a santidade de Deus sob dois diferentes
aspectos, que podem ser, positiva ou negativa (Hb.1:9;Am.5:15; Rm.12:9).
Teologia Sistemática - 20 -
I) Santidade Positiva: Expressa excelência moral de Deus na qual Ele é absolutamente perfeito,
puro e íntegro em Sua natureza e Seu caráter (IJo.1:5; Is.57:15; IPe.1:15,16; Hc.1:13). A
santidade positiva é amor ao bem.

II) Santidade Negativa: Significa que Deus é inteiramente separado de tudo quanto é mal e de
tudo quanto o aborrece (Lv.11:43-45; Dt.23:14; Jó.34:10; Pv.15:9,26; Is.59:1,2; Lc.20:26; Hc.
1:13; Pv.6:16-19; Dt.25:16; Sl.5:4-6). A santidade negativa é ódio ao mal.

2) Retidão: Também chamada justiça absoluta, é a retidão da natureza divina, em virtude da


qual Ele é infinitamente Reto em Si mesmo (santidade legislativa). Sl.145:17; Jr.12:1; Jo.17:25;
Sl.116:5; Ed.9:15.

3) Justiça: Também chamada justiça relativa, é a execução da retidão ou a expressão da justiça


absoluta (santidade judicial). Strong a chama de santidade transitiva. A retidão é a fonte da
Santidade de Deus, a justiça é a demonstração de Sua santidade.
A justiça de Deus pode ser retributiva e remunerativa. A justiça retributiva se divide em punitiva e
corretiva. A justiça punitiva é aquela pela qual Deus pune os pecadores pela transgressão de
Suas leis. Esta justiça de Deus exige a execução das penalidades impostas por Suas leis
(Sl.3:5;11:4-7 Dt.32:4; Dn.9:12,14; Ex.9:23-27;34:7). A justiça corretiva é aquela pela qual Deus
"pune" Seus filhos para corrigi-los (Hb.12:6,7). Aqueles que não são Seus filhos, Deus pune
como um Juiz Severo (Rm.11:22; Hb.10:31), mas aos Seus filhos, Deus "pune" (corrige) como
um Pai Amoroso (Jr.10:24;30:11;46:28; Sl.89:30-33; ICr.21:13) A justiça remunerativa é aquela
pela qual Deus recompensa, com Suas bênçãos, aos homens pela obediência de Suas leis
(Hb.6:10; IITm.4:8; ICo.4:5;3:11-15; Rm.2:6-10; IIJo.8).

4) Ira: Esta deve ser considerada como um aspecto negativo da santidade de Deus, pois em Sua
ira Deus aborrece o pecado e odeia tudo quanto contraria Sua santidade (Dt.32:39-41; Rm.11:22;
Sl.95:11; Dt.1:34-37; Sl.95:11). Podemos, então, dizer que a ira é a manifestação da santidade
negativa de Deus (Rm.1:18; IITs.1:5-10; Rm.5:9 etc). A ira é também designada de severidade
(Rm.11:22).

5) Bondade: É uma concepção genérica incluindo diversas variedades que se distinguem de


acordo com os seus objetos. Bondade é perfeição absoluta e felicidade perfeita em Si mesmo
(Mc.10:18; Lc.18:18,19; Sl.33:5; Sl.119:68; Sl.107:8; Na.1:7). A bondade implica na disposição de
transmitir felicidade.

6) Benevolência: É a bondade de Deus para com Suas criaturas em geral. E' a perfeição de
Deus que O leva a tratar benévola e generosamente todas as Suas criaturas (Sl.145:9,15,16;
Sl.36:6;104:21; Mt.5:45;6:26; Lc.6:35; At.14:17). Thiessen define benevolência como a afeição
que Deus sente e manifesta para com Suas criaturas sensíveis e racionais. Ela resulta do fato de
que a criatura é obra Sua; Ele não pode odiar qualquer coisa que tenha feito (Jó.14:15) mas
apenas àquilo que foi acrescentado à Sua obra, que é o pecado (Ec.7:29).

7) Beneficência: Enquanto que a benevolência é a bondade de Deus considerada em sua


intenção ou disposição, a beneficência é a bondade em ação, quando seus atributos são
conferidos.

8) Complacência: É a aprovação às boas ações ou disposições. É aquilo em Deus que aprova


todas as Suas próprias perfeições como também aquilo que se conforma com Ele (Sl.35:27;
Sl.51:6; Is.42:1; Mt.3:17; Hb.13:16).

9) Longanimidade ou Paciência: O hebraico emprega a palavra erek'aph que significa grande


de rosto e daí também lento para a ira. O grego emprega makrothymia que significa ira longe.
Portanto longanimidade é o aspecto da bondade de Deus em virtude do qual Ele tolera os
pecadores, a despeito de sua prolongada desobediência. A longanimidade revela-se no
adiamento do merecido julgamento (Ex.34:6; Sl.86:15; Rm.2:4; Rm.9:22; IPe.3:20; IIPe.3:15)

10) Misericórdia: Também expressa pelos sinônimos compaixão, compassividade, piedade,


benignidade, clemência e generosidade. No hebraico usa-se as palavras chesed e racham e no
Teologia Sistemática - 21 -
grego eleos. É a bondade de Deus demonstrada para com os que se acham na miséria ou na
desgraça, independentemente dos seus méritos (Dt.5:10; Sl.57:10; Sl.86:5; ICr.16:34; IICr.7:6;
Sl.116:5; Sl.136; Ed.3:11; Sl.145:9; Ez.18:23,32; Ex.33:11; Lc.6:35; Sl.143:12; Jó 6:14).
A paciência difere da misericórdia apenas na consideração formal do objeto, pois a misericórdia
considera a criatura como infeliz, a paciência considera a criatura como criminosa; a misericórdia
tem pena do ser humano em sua infelicidade, a paciência tolera o pecado que gerou a
infelicidade. A infelicidade e sofrimento deriva-se de um justo desagrado divino, portanto exercer
misericórdia é o ato divino de livrar o pecador do sofrimento pelo qual ele justamente e
merecidamente deveria passar, como conseqüência do desagrado divino.

11) Graça: É a bondade de Deus exercida em prol da pessoa indigna. Portanto graça é o ato
divino de conceder ao pecador toda a bondade de Deus a qual ele não merece receber
(Ex.33:19).
Na misericórdia Deus suspende o sofrimento merecido, na graça Deus concede bênçãos não
merecidas. Todo pecador merece ir para o inferno; assim Deus exerce Sua misericórdia livrando
o pecador da condenação. Nenhum pecador merece ir para o paraíso; assim Deus exerce a Sua
graça doando ao pecador o privilégio de ir gratuitamente para o paraíso.
Essa diferença entre misericórdia e graça é notada em relação aos anjos que não caíram. Deus
nunca exerceu misericórdia para com eles, posto que jamais tiveram necessidade dela, pois não
pecaram, nem ficaram debaixo dos efeitos da maldição. Todavia eles são objetos da livre e
soberana graça de Deus pela qual foram eleitos (ITm.5:21) e preservados eternamente de
pecado e colocados em posição de honra (Dn.7:10; IPe.3:22).

12) Amor: A perfeição da natureza divina pela qual Ele é continuamente impelido a se
comunicar. É, entretanto, não apenas um impulso emocional, mas uma afeição racional e
voluntária, sendo fundamentada na verdade e santidade e no exercício da livre escolha. Este
amor encontra seus objetos primários nas diversas Pessoas da Trindade. Assim, o universo e o
homem são desnecessários para o exercício do amor de Deus. Amor é, portanto, a perfeição de
Deus pela qual Ele é movido eternamente à Sua própria comunicação. Ele ama a Si mesmo,
Suas virtudes, Sua obra e Seus dons.

13) Verdade: É a consonância daquilo que é asseverado com o que pensa a Pessoa que fez a
asseveração. Neste sentido a verdade é um atributo exclusivamente divino, pois com freqüência
os homens erram nos testemunhos que prestam, simplesmente por estarem equivocados a
respeito dos fatos, ou então por pura incapacidade fracassam em promessas que fizeram com
honestas intenções. Mas a onisciência de Deus impede que Ele chegue a cometer qualquer
equívoco, e a Sua onipotência e imutabilidade asseguram o cumprimento de Suas intenções
(Dt.32:4; Sl.119:142; Jo.8:26; Rm.3:4; Tt.1:2; Nm.23:19; Hb.6:18; Ap.3:7; Jo.17:3; IJo.5:20;
Jr.10:10; Jo.3:33; ITs.1:9; Ap.6:10; Sl.31:5; Jr.5:3; Is.25:1). Ao exercê-la para com a criatura, a
verdade de Deus é conhecida como sua veracidade e fidelidade.

14) Veracidade: Consiste nas declarações que Deus faz a respeito das coisas, conforme elas
são, e se relaciona com o que Ele revelou sobre Si mesmo. A veracidade fundamenta-se na
onisciência de Deus.

15) Fidelidade: Consiste no exato cumprimento de Suas promessas ou ameaças. A fidelidade


fundamenta-se na Sua onipotência e imutabilidade (Dt.7:9; Sl.36:5; ICo.1:9; Hb.10:23; Dt.4:24;
IITm.2:13; Sl.89:8; Lm.3:23; Sl.119:138; Sl.119:75; Sl.89:32,33; ITs.5:24; IPe.4:19; Hb.10:23).
Teologia Sistemática - 22 -

6. A TRINDADE DIVINA

A palavra trindade não consta da Bíblia, mas o conceito de um Deus trinitário, sim. Este conceito
está em toda Bíblia mais, principalmente aparece claramente no Novo Testamento. A doutrina da
trindade não é uma sociedade de três deuses como querem alguns erroneamente interpretar, ou
uma especulação complicada que tenha surgido na mente de teólogos ociosos, mas é o esforço
de explicar com conceitos adequados aquilo que se constitui uma experiência diária e misteriosa
apresentada na Bíblia e vivida na igreja primitiva.

a) Unidade de Ser: Há no Ser divino apenas uma essência indivisível, porém, que se manifesta
em três substancias. Bekhof cita o conceito de Shedd sobre este assunto quando diz:

“O termo essência descreve Deus como uma soma total de infinitas perfeições; o termo
substância o descreve como fundamento de infinitas atividades”.

Deus é um em sua natureza constitucional. A palavra hebraica que significa um no sentido


absoluto é yacheed (Gn.22:2), isto é, uma unidade numérica simples. Essa palavra não é
empregada para expressar a unidade da divindade. A unidade da divindade é ensinada nas
palavras de Jesus: Eu e o Pai somos um. (Jo.10:30). Jesus está falando da unidade da essência
e não de unidade de propósito. (Jo.17:11,21-23, IJo.5:7)

b) Trindade de Personalidades na Divindade: Em Deus há três pessoas ou substancias: Pai,


Filho e Espírito Santo. A palavra hebraica que significa um no sentido de único é echad que se
refere a uma unidade composta. Esta palavra é empregada para expressar a unidade da
divindade. Esta palavra é usada em: (Dt.6:4; Gn.2:24 e Zc.14:9; Gl.3:20; Ef.4:6). Aqui devemos
esclarecer as palavras pessoa e substancia. Pessoa na linguagem comum e diária indica um
individuo racional e moral com consciência de ser distinto de outros. Ao nos referirmos a Deus
como pessoa, não afirmamos que nele haja “três indivíduos” separado do outro, mas somente
distinções de pessoas de um mesmo ser, dentro da essência divina, que é geneticamente e
numericamente uma só. Entre as pessoas da divindade há relações “eu-tu-ele”, sem deixar de
ser Deus uma mesma realidade. Para confirmar essa realidade Berkhof cita os seguintes textos:
(Mt 3.16; 4.1; 1 Co 1.18; 316;5 20-22; Gl 4.4 e Ef 5.20). A essência de Deus não fragmentada,
pertence por igual a cada uma das três pessoas.

“Isso significa que a essência divina não está dividida entre as três pessoas, e sim que está
plenamente, com todas as suas perfeições em cada uma das pessoas... Por conseguinte, não
pode haver subordinação no que respeita ao ser de uma pessoa da divindade a outra”.

Podemos ainda citar muitas coisas físicas que formam uma unidade composta, entre elas,
destacamos: A eletricidade (Três manifestações), o átomo (três partículas), a água (três estados)
o homem (três entidades), etc.
Outra coisa que queremos destacar, é que, quando usamos a palavra substância queremos
evitar o termo existência, que indicaria naturezas separadas. O que seria um grande erro de
interpretação a luz de Jo 14.16, onde Jesus diz, que: rogaria ao Pai para que mandasse outro
Consolador. O termo grego para “outro” é, allon, significando “outro da mesma espécie”, e não
heteros, que significa outro, mas de espécie diferente.
Concluindo, o Pai entra com os nomes na divindade (Ex 4.14), o Filho entra com o corpo (Cl 2.9)
e o Espírito Santo entra com a união entre o Pai e o Filho (Ef 4.3-5;1Co 10.11). Os nomes de
Deus pertencem as três pessoas da divindade, inclusive ao Senhor Jesus, ou seja, o Pai é Deus,
o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus, e só existe um Deus, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor
e o Espírito Santo é Senhor, é só existe um Senhor (Ef 4.5). O Pai é Jeová, (Ex 3.14), o Filho é
Jeová (Jo 8.58) e o Espírito Santo é Jeová (II Co 3.18) e só existe um Jeová. (Ef 4.5). O Pai é
digno de Gloria, o Filho é digno de Gloria e o Espírito Santo, porém, só glorificamos a um ser que
é Deus. Embora seja difícil de entender este mistério que sobrepuja a compreensão do homem
ele nos ajuda a ver como Deus pode ser independente do universo e, não obstante ser um Deus
de amor cuja existência é a garantia do bem estar de suas criaturas que são suas imagem e
semelhança .
Teologia Sistemática - 23 -

7. TEXTOS TRINITÁRIOS NO NOVO TESTAMENTO


Passaremos agora a estudar alguns textos no Novo Testamento que são os mais importantes,
em relação a crença trinitariana da Divindade.
 “ E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o
Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia:
Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”.(Mt 3.16-17). Aqui aparece o “Filho
amado”, que, por cumprir “toda a justiça”, submete-se ao batismo de João; o Pai, cuja voz se
escuta, vinda dos céus; o Espírito Santo, “que descia como pomba” e vinha sobre Jesus. O
comentário de Bonnet –Schoreder explica isto da seguinte maneira: “ No batismo de Jesus
aparece, pela primeira vez, a Trindade divina: O Pai e seu testemunho; o Filho que se entrega
para sua obra; e o Espírito Santo que o consagra para ela.”

 “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do


Espírito Santo”.(Mt 28.19). Não pode haver dúvida nenhuma a respeito do significado plenário
trinitário contido nesta fórmula de batismo recomendada no Evangelho, onde as pessoas da
divindade aparecem em plano de completa unidade e qualidade de essência. Pai, Filho e
Espírito Santo são, de algum modo, distintos, mas ao mesmo tempo, iguais em dignidade.

 “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo (Espírito Santo). E há


diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo (Senhor Jesus). E há diversidade de
operações, mas é o mesmo Deus (Deus o Pai) que opera tudo em todos”.(1Co 12.406).
Aqui se menciona a capacidade que a igreja recebe para cumprir sua missão no mundo. Trata-se
dos dons do Espírito, do “ministério”, que o Senhor outorga e das “operações de Deus Pai em
todos”.

 “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam
com vós todos. Amém!” (2 Co 13.13). A bênção impetrada por Paulo dá testemunho da crença
na Trindade, mantida pela igreja do NT. Paulo ora para que os coríntos tenham continuamente
a experiência da graça de Cristo, i.e., da sua presença, poder, misericórdia e consolo; do amor
paternal de Deus Pai, com todas as suas bênçãos e da comunhão cada vez mais profunda
com o Espírito Santo. Sendo essa tríplice realidade uma bênção sempre presente em nossa
vida, nossa salvação está garantida.

 “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da


vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é
sobre todos, e por todos, e em todos”.(Ef 4.4-6). Nesta passagem o Apóstolo trata de motivar os
leitores para que haja neles “solicitude” pela unidade da igreja, o que deve ser preocupação de
cada um dos seus membros. Ao referir-se ao fundamento da unidade que deve haver na igreja,
ele menciona as três pessoas da divindade: o Espírito Santo (v4); o Senhor Jesus Cristo (v5);
Deus o Pai (v6). Com estes conceitos da unidade trina e una da divindade, há na igreja razão
fundamental para mostrar preocupação por unidade.

 “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e


aspersão do sangue de Jesus Cristo: graça e paz vos sejam multiplicadas”.(1 Pe 1.2).
Novamente aparecem as três pessoas da divindade em um contexto que se refere à salvação.
A eleição é do Pai; o meio é Jesus Cristo (seu sangue); a santificação corresponde ao Espírito.

 “E os quatro animais tinham, cada um, respectivamente, seis asas e, ao redor e por dentro,
estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo,
Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, que era, e que é, e que há de vir”.(Ap 4.8). Aqui
aparecem os querubins diante do trono de Deus em pleno louvor e adoração. Seu louvor é
dirigido ao Deus trino: “Santo (O Pai), Santo (O Filho), Santo (O Espírito Santo)”.
Observação final: Não mencionamos estes textos (e há ainda outros) para apenas provar uma
tese, mas sim para confirmar que no Novo Testamento estão os elementos fundamentais da
doutrina.
Teologia Sistemática - 24 -
8. O DEUS CRIADOR

A fé da Igreja em relação á criação do mundo se expressa no primeiro artigo do credo dos


Apóstolos, ou confissão de Fé Apostólica, que diz: “Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador
do céu e da terra”. De acordo com esta declaração de fé, Deus, por meio do seu todo-suficiente
poder, criou o universo do nada.
Em sentido estrito da palavra, “criação” pode ser definida como aquele ato livre de Deus, por
meio do qual, segundo o conselho de Sua soberana vontade e para Sua própria glória, no
principio produziu todo o Universo visível e invisível, sem o uso de matéria preexistente e assim
lhe deu existência distinta da Sua própria existência.

1. Definição da criação de Deus segundo a Escritura,


a. A criação é um ato do Deus Trino. A Escritura nos ensina que Deus Trino é o auto da
criação, (Gn 1.1; Is 40.12; 44.24; 45.12), e isto o distingue dos ídolos (Sl 96.5; Is 37.16; Jr
10.11,12). Apesar do Pai se destacar como o autor da obra da criação (1 Co 8.6), a Bíblia
indica-a também como obra do Filho e do Espírito Santo.
A participação do Filho na obra da criação está indicada em João 1.3; 1 Coríntios 8.6 e
Colossenses 1.15-17, e a atividade do Espírito Santo a ela relacionada, se encontra expressa
em Gênesis 1.2: Jô 26.13; Salmo 104.30; e Isaias 40.12,13. A segunda e a terceira Pessoa da
Trindade não são poderes dependentes ou meros intermediários, pelo contrário, eles estão
unidos com o Pai na obra da criação. A obra da criação não se dividiu entre três pessoas
individualmente. Todas as coisas são imanentes do Pai, por meio do Filho, e no Espírito Santo.
Posto que o Pai tomou a iniciativa da obra da criação, com freqüência se lhe atribui isso
somente a Ele.

b. A criação é um ato Livre de Deus. Existem algumas tendências prevalecentes segundo as


quais a criação é um ato necessário de Deus mais que um ato livre, determinado por sua
soberana vontade. Afirmar que a criação é um ato necessário de Deus é o mesmo que afirmar
que a criação é tão eterna como aquelas obras imanentes de Deus. Qualquer necessidade
que se atribua às obras de Deus, tem que ser uma necessidade condicionada pelo decreto
divino e da constituição resultante dessas coisas. Tem que ser necessidade dependente da
soberana vontade de Deus, e, portanto, uma necessidade no sentido absoluto da palavra. A
Bíblia ensina que Deus criou todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade (Ef 1.11; Ap
4.11), e que Ele é por si mesmo suficiente, não dependendo de suas criaturas em nenhum
sentido ( Jó 22.2,3; At 17.25).

c. A Criação é um ato Temporal de Deus. A Bíblia começa com a mui conhecida declaração:
“no principio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). O grande significado desta afirmação
repousa sobre o ensino de que o mundo teve um principio. A Escritura também fala deste
começo noutros lugares (Mt 19.4,8; Mc 10.6; Hb 1.10). Também está claramente implícito que
o mundo teve um começo, em passagens como Salmo 90.2: “Antes que os montes nascessem
e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus” e no Salmo 102.25:
“Em tempos remotos lançastes os fundamentos da terra; e os céus são obras das tuas mãos”.

2. A criação do mundo Espiritual.


Os anjos existem? São eles seres reais? Estas perguntas têm sido feitas por diferentes pessoas
em diferentes lugares. Evidentemente os anjos existem, e o que eles são e fazem está
mostrado no decorrer de todo o registro das Escrituras.
Depoimento Bíblico:
 “Só tu és Senhor; tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo
quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há, e tu os guardas com vida a todos; e o
exército dos céus te adora.” (Ne 9.6).

 “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e
invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo
foi criado por ele e para ele.”(Cl 1.16).
Expressões tais como: “Exércitos dos Céus”, “soberanias”, “principados. e “potestades” são
geralmente aplicadas na Bíblia aos anjos.
Teologia Sistemática - 25 -

1. Quando os anjos foram criados?


A Bíblia não dá uma data especifica quanto ao tempo em que os anjos foram criados. O que a
Bíblia, de forma inferente, nos da a entender é que os anjos foram criados por Deus num
princípio remotíssimo, quando Ele criou os céus. Quando foi esse principio ninguém jamais foi
capaz de descobrir. (Dt 29.29). Do meio do redemoinho Deus pergunta a Jó : “Onde estavas tu,
quando eu lançava os fundamentos da terra...quando as estrelas da alva juntamente
alegremente cantavam. E rejubilavam todos os filhos de Deus?” (Jó 38.4,7).

2. Os anjos são numerosos:


Em Hebreus 12.22 os anjos são indicados como uma companhia inumerável, literalmente
miríade. Vejamos alguns versículos que confirmam esta afirmação:
 “Acaso têm número os seus exércitos”(Jó 25.3).
 “Disse, pois: O Senhor veio de Sinai, e lhes subiu de Seir; resplandeceu desde o monte
Parã, e veio com dez milhares de santos; à sua direita havia para eles o fogo da lei.”(Dt
33.2).
 “E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e
era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares,”.

3. São seres espirituais:


Eles são descritos como espíritos, porém o fato de os anjos serem espíritos, não significa que
eles não possuam um corpo. Se os anjos são espíritos, então eles possuem corpos espirituais:
“Semeia-se corpo animal, é ressuscita corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo
espiritual.” (1 Co 15.44).

4. São seres imortais:


Os anjos não estão sujeitos à dissolução: nunca morrem. A imortalidade dos anjos se deriva de
Deus e depende de Sua vontade. Os anjos são isentos da morte, porque assim Deus os fez. (
Lc.20:35,36 ).

5. Não se reproduzem conforme a sua espécie:


As escrituras ensinam que os anjos não se reproduzem, porque não são uma raça mais uma
companhia. : “Na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; serão como os anjos
de Deus no céu” (Mt 22.30).

6. São seres poderosos:


Dotados de poder sobre-humano “Bendizei ao Senhor, todos os seus anjos, vós que excedeis em
força, que guardais os seus mandamentos, obedecendo à voz da sua palavra”.( Sl.103:20). São
uma classe de seres criados superiores aos homens (Sl.8:5; Hb.2:10 ). Contudo, esse poder tem
seus limites estabelecidos, não são Onipotentes (IITs.1:7). Veja a demonstração de poder dos
anjos: (At.5:19; 12:7,23; Mt.28.2).

7. São seres que habitam nos céus onde louvam e adoram a Deus:
“Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus
jubilavam?(Jó 38.7; Cl 2.18a ; ver também Ap 19.10; 22.9).

8. Os anjos são seres pessoais:


A maioria dos estudiosos da Bíblia são de opinião que os anjos de Deus são mais sábios e
inteligentes do que os homens, a história de Israel prova isto desde os dias de Abraão. Tanto no
Antigo como no Novo testamento vemos freqüentemente a atuação dos anjos, não somente
como seres poderosos, mas também como inteligentes e pessoais. A crendice popular de que os
anjos são seres impessoais, não tem apoio bíblico. Sem duvida os anjos foram criados espíritos
com personalidade, tendo vontade própria e inteligência, cujo conhecimento é superior ao dos
homens e teve início na sua origem, (2 Sm 14.17-20; Sl 8.5; Ez 28.1-5), como o homem antes
da queda. (Gn 2.19).

9. São seres velozes:


“Estando eu, digo falando na oração, o varão Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao
princípio, veio voando rapidamente...” (Dn 9.21a). A arte da idade medieval apegou-se à narrativa
Teologia Sistemática - 26 -
que está em destaque, como fundamento para a imposição de asas em todos os seres
angelicais.

10. São filhos de Deus:


Os anjos são chamados "Filhos de Deus" no Velho Testamento nas referências de Jó 1:6; 2:1;
38:7, etc. Porém, deve ser observado, que, apesar de serem assim chamados, os homens
também o foram ( Lc.3:38; Jo.1:12; I Jo.5:1-2 ). A palavra original é "Benai-Elohim” = Filhos de
Deus.

3. A Criação do mundo material.


No principio criou Deus os céus e a terras (Gn 1.1)
No primeiro versículo de Gênesis, Moises exprime em resumo a obra criadora de Deus, que vem
detalhadamente exposta nos versículos seguintes. É o dogma fundamental da verdadeira
religião, oposto a todos os falsos sistemas filosóficos e a todas as falsas religiões.
O mundo não é eterno, - foi criado. E a harmonia da criação está a nos dizer; antes dela houve
um poder dinâmico que a gerou, e, portanto, esta coisa - o mundo- teve um principio. O ser que
gerou, é o eterno Deus. Em João 1.1 lemos: “No princípio era o verbo, e o verbo estava com
Deus e o verbo era Deus”. O apostolo confirma Genesis1. 1: “No princípio...Deus”. Então
Deus foi o princípio, a causa primaria de tudo o que existe.
a. A Semana da Recriação.
Prosseguindo no seu relato, Moises descreve as diferentes fases da ação divina durante a
semana da recriação, num período de seis dias, dos quais, três para a formação dos espaços
habitáveis e outros três para a obra do povoamento.

1 Dia – “Disse Deus: Haja luz; e houve luz”(Gn1.3). Como divino artesão Deus começa por
iluminar o seu campo de ação. Não se trabalha no escuro porque, sem a luz - condição
fundamental de toda a obra (cientificamente provado), tudo é confuso. No plano natural das
coisas, a luz procede da vibração. O versículo 3 de Gênesis revela a relação entre o movimento
do Espírito sobre a matéria inerte e o efeito nela produzida.

2 Dia – “E chamou Deus ao firmamento Céus”(Gn1.6-8). Firmamento ou expansão foi como


Deus denominou o segundo elemento criado; foi a separação da matéria gasosa da qual surgira
a luz. O que Deus chama de “expansão” ou “ céus”, não significa simplesmente a atmosfera à
volta da terra não, mas a “grande câmara” universal onde o sol, e as estrelas se localizam.

3 Dia – Aparecimento da terra firme (Gn1.9-13). Neste o movimento está ligado á gravitação
envolvendo tudo e todas as demais forças que começam a concentrar a matéria debaixo do
firmamento à volta dos inúmeros centros. Um dos quais passa a ser o nosso globo. Por outro
lado e quase paralelamente, outro trabalho se vem desenvolvendo no terceiro dia: o surgimento
das plantas (vv.1,12). Para que a terra pudesse receber seus habitantes, Deus cria as plantas,
com suas inúmeras finalidades.

4 Dia – A organização do sistema solar (Gn 1.14-19). Este período assinala a organização do
sistema solar por nos conhecido. Nesse primitivo tratado de astronomia, ditados pelo Senhor a
Moises, surgem o sol, a lua e as estrelas. A função dos dois astros reis – sol e lua, é controlar o
dia e a noite, respectivamente. O sol regula dias e anos; e lua, semanas e meses; e as estrelas,
as estações.

5 Dia – O surgimento da fauna marinha (Gn 1.20-23). Neste quinto dia surgem os pequenos e
grandes peixes, como também todas as variedades de aves. Os animais do ar em geral, e do
mar, tem muita semelhança. Há muitas aves que vivem também na água.

6 Dia – A criação dos animais terrestres (Gn 1.24-26). À semelhança dos demais animais, estes
também foram criados por Deus. Esses seres nasceram na terra e nela vivem. Divide-se em
quatro grupos distintos:
 Gado ou animais domésticos;
 Feras ou animais selvagens,
 Répteis, que se arrastam pelo solo, e;
Teologia Sistemática - 27 -
 O homem imagem e semelhança de Deus.

8) PODEMOS CONHECER A DEUS.


Falando ao Israel dos seus dias, e aos crentes de todas as épocas, diz o profeta Oséias:
“Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor: como a alva a sua vinda é certa; e ele
descera sobre nos como a chuva, como chuva serôdia que regra a terra”(Os 6.3). Numa analise
mais cuidadosa deste texto do livro do profeta Oséias, concluímos que:
a) É IMPERIOSO CONHECERMOS O SENHOR. “Conheçamos” note que o verbo”
conhecer” vem na forma imperativa ou de mandamento, mostrando ser dever do homem,
e principalmente do crente, de conhecer o Senhor. Fechar a porta do conhecimento de
Deus anula a possibilidade do homem vir a conhecer a vontade divina para a sua própria
vida, e isto é muito perigoso.
b) O CONHECIMENTO DO SENHOR É PROGRESSIVO. “Prossigamos em conhecer o
Senhor”. Devemos desvencilharmo-nos das amarras da imaturidade espiritual, passando
da fase dos rudimentos da doutrina, para a fase em que ela se mostra mais madura e
substanciosa. É isto que Pedro chama de crescimento na graça e no conhecimento do
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (2 Pe 3.18).
c) O NOSSO ESFORÇO DE CONHECER MELHOR A DEUS SERÁ RECOMPENSADO.
“Como a alva a sua vinda é certa; e ele descera sobre nos como a chuva, como a chuva
serôdia que rega a terra”. Apesar da garantia bíblica de que Deus se deixara achar por
aquele que o buscar de todo o coração (Jr 29.13), não poucos tem laborado no erro de
conhecer pouco a Deus, enquanto que outros laboram em erro pior, o de conhecê-lo de
forma distorcida. O fato de conhecermos só em parte (1 Co 13.9), não nos desobriga da
responsabilidade de conhecer a Deus hoje melhor do que o conhecíamos ontem.

d) Por fim, Deus se revela através de sua palavra pelo seu Espírito que em nós habita, que
por sua vez nos apresenta Jesus Cristo que é a própria imagem do Deus invisível. (Hb
1.2-3).

9) A ADORAÇÃO A DEUS.
“E Esdras abriu o livro perante os olhos de todo o povo; porque estava acima de todo o povo; e,
abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé. E Esdras louvou o SENHOR, o grande Deus; e todo o
povo respondeu: Amém! Amém!, levantando as mãos; e inclinaram-se e adoraram o SENHOR,
com o rosto em terra.”
A adoração consiste nos atos e atitudes que reverenciam e honram à majestade do grande Deus
do céu e da terra. Sendo assim, a adoração concentra-se em Deus, e não no ser humano. No
culto cristão, nós nos acercamos de Deus em gratidão por aquilo que Ele tem feito por nós em
Cristo e através do Espírito Santo. A adoração requer o exercício da fé e o reconhecimento de
que Ele é nosso Deus e Senhor.
O ser humano adora a Deus desde o inicio da história. Adão e Eva tinham comunhão regular
com Deus no jardim do Éden (cf. Gn 3.8). Caim e Abel trouxeram a Deus oferendas (hb. minhah,
termo também traduzido por “tributo” ou dádiva”) de vegetais e de animais (Gn 4.3,4). Os
descendentes de Sete invocavam “o nome do SENHOR” (Gn 4.26). Noé construiu um altar ao
Senhor para oferecer holocaustos depois do dilúvio (Gn 8.20). Abraão assinalou a passagem da
terra prometida com altares para oferecer holocaustos ao Senhor (Gn 12.7,8; 13.4, 18; 22.9) e
falou intimamente com Ele (Gn 18.23-33). Somente depois do êxodo, quando o Tabernáculo foi
construído, é que a adoração pública tornou-se formal. A partir de então, sacrifícios regulares
passaram a ser oferecidos diariamente, e especialmente no sábado, e Deus estabeleceu várias
festas sagradas anuais como ocasiões de culto público dos israelitas (Êx 23.14-17; Dt 12; 16). O
culto a Deus foi posteriormente centralizado no templo de Jerusalém. A adoração na igreja
primitiva era prestada tanto no templo de Jerusalém quanto em casas particulares (At 2.46,47).
Fora de Jerusalém, os cristãos prestavam cultos a Deus nas sinagogas, enquanto isso lhes foi
permitido. Quando lhes foi proibido utilizá-las, passaram a cultuar a Deus noutros lugares,
geralmente em casas particulares (At 18.7; Rm 16.5), mas, às vezes, em salões públicos (At
19.9,10).

1. Manifestações da adoração cristã.


Dois princípios-chaves norteiam a adoração cristã. A verdadeira adoração é a que é prestada
em espírito e verdade ( Jo 4.23 ), isto é, a adoração deve ser oferecida à altura da revelação que
Teologia Sistemática - 28 -
Deus fez de si mesmo no Filho ( Jo 14.6). Por sua vez, ela envolve o espírito humano, e não
apenas a mente, e também com as manifestações do Espírito Santo (1Co 12.7-12). A prática da
adoração cristã deve corresponder ao padrão do NT para a igreja ( At 7.44). Os crentes atuais
devem desejar, buscar e esperar, como norma para a igreja, todos os elementos constantes da
prática da adoração vista no NT. Além disso, a exortação que tem a igreja é oferecer “sempre,
por ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome” (Hb
13.15), e a oferecer nossos corpos como “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12.1).
Louvar a Deus é essencial à adoração cristã. O louvor era um elemento-chave na adoração de
Israel a Deus ( Sl 100.4; 106.1; 111.1), bem como na adoração cristã primitiva (At 2.46,47; 16.25;
Rm 15.10,11; Hb 2.12). Uma maneira autêntica de louvar a Deus é cantar salmos, hinos e
cânticos espirituais. O AT está repleto de exortações sobre como cantar ao Senhor ( Sl 95.1;
96.1,2) A igreja do NT era um povo que cantava (1Co 14.15; Ef 5.19). Os cânticos dos cristãos
eram cantados, ou com a mente (Isto é num idioma humano conhecido) ou com o espírito (isto
é, em línguas; 1Co 14.15). Em nenhuma circunstância os cânticos eram executados como
passatempo. Outro elemento importante na adoração é buscar a face de Deus em oração. Os
santos do AT comunicavam-se constantemente com Deus através da oração ( Gn 20.17; 1Sm
8.6; 2 Sm 7.27; Dn 9.3-19). Os apóstolos oravam constantemente depois de Jesus subir ao céu
(At 1.14), e a oração tornou-se parte regular da adoração cristã coletiva (At 2.42; 20.36; 1Ts
5.17). Essas orações eram, às vezes, por eles mesmos (At 4.24-30); outras vezes eram orações
intercessórias por outras pessoas ( At 12.5; Rm 15.30-32; Ef 6.18). Em todo tempo a oração do
crente deve ser acompanhada de ações de graças a Deus (Ef 5.20; Fp 4.6; Cl 3.15,17; 1Ts
5.17,18).

2. Empecilhos a verdadeira adoração.


O simples fato das pessoas se dizerem crentes realizarem um culto, não é nenhuma garantia de
que haja aí verdadeira adoração, nem que Deus aceite seu louvor e ouça suas orações. Se a
adoração a Deus é mera formalidade, somente externa, e se o coração do povo de Deus está
longe dEle, tal adoração não será aceita por Ele. Cristo repreendeu severamente os fariseus por
sua hipocrisia; eles observavam a lei de Deus por legalismo, enquanto seus corações estavam
longe dEle (Mt 15.7-9; 23.23-28; Mc 7.5-7). Note a censura semelhante que Ele dirigiu à igreja de
Éfeso, que adorava o Senhor mas já não o amava plenamente (Ap 2.1-5). Outro impedimento à
verdadeira adoração é um modo de vida comprometido com o mundanismo, pecado e
imoralidade. Deus recusou os sacrifícios do rei Saul porque este desobedeceu ao seu
mandamento (1Sm 15.1-23). Isaías repreendeu severamente o povo de Deus como “nação
pecadora... povo carregado da iniqüidade da semente de malignos” (Is 1.4); ao mesmo tempo,
porém esse mesmo povo oferecia sacrifícios a Deus e comemorava seus dias santos. Por isso, o
Senhor declarou através de Isaías: “As vossas festas da lua nova, e as vossas solenidades, as
aborrece a minha alma; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer. Pelo que, quando
estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as
ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue” (Is 1.14,15). Semelhantemente, na igreja
do NT, Jesus conclamou os adoradores em Sardes a se despertarem, porque “não achei as tuas
obras perfeitas diante de Deus” (Ap 3.2). Da mesma maneira, Tiago indica que Deus não
atenderá as orações egoístas daqueles que não se separam do mundo (Tg 4.1-5). O povo de
Deus só pode ter certeza que Deus estará presente à sua adoração e a aceitará, quando esse
povo tiver mãos limpas e coração puro (Sl 24.3,4; Tg 4.8).
Amem.
Teologia Sistemática - 29 -

BIBLIOGRÁFIA

Bíblia de Estudo Pentecostal, Bíblia Vida Nova, Hortan, Stanley M. Teologia Sistemática - Uma
Perspectiva Pentecostal. 7 Ed Rio de Janeiro: CPAD, 2002; Perlmam, Myer. Conhecendo as
Doutrinas da Bíblia. 1 Ed São Paulo: Vida 1970;A doutrina de Deus, ETAAD, Elemento de
Teologia Cristã, Ureta Floreal, Ed Juerp.

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É proibida a reprodução total ou parcial deste material, por quaisquer meios ou sistemas, quer a
título gratuito ou lucrativo, sem a autorização prévia por escrito da entidade. A violação dos direitos
autorais está sujeita às penalidades legas, civil e penal- ARTIGO 184 DO CÓGIGO PENAL.
Teologia Sistemática - 30 -
Professor.................................................................................

Nota
Prova de Teologia Sistemática
Bacharel

(NOME LEGÍVEL)

Aluno (a):...........................................................................................................................................data................/................./....................
(Marque um X na alternativa correta)

1. Sobre a Teologia Natural:


Estuda fatos que se referem a Deus e Seu universo que se encontra revelado na natureza.
 Certo
 Errado

2. Sobre a Teologia Bíblica:


Investiga a verdade de Deus e o Seu universo no seu desenvolvimento divinamente ordenado e no
seu ambiente histórico conforme apresentados nos diversos livros da Bíblia. A teologia bíblica é a
exposição do conteúdo doutrinário e ético da Bíblia, conforme originalmente revelada. A teologia
bíblica extrai o seu material exclusivamente da Bíblia.
 Certo
 Errado

3. Sobre a Teologia Exegética:


Não se preocupa com o Estudo o Texto Sagrado e assuntos relacionados, através do estudo
das línguas originais, da arqueologia bíblica, da hermenêutica bíblica e da teologia bíblica.
 Errado
 Certo

4. Sobre o Panteísmo:
O panteísmo ensina que no Universo, Deus é tudo e tudo é Deus. Deus é não só parte do Universo,
Ele é o próprio Universo. O hinduismo é adepto deste falso conceito de Deus. A Bíblia deixa bem
claro que Deus é o Criador do Universo e independente dele.(Sl 24. 1.4).
 Certo
 Errado

5. Sobre o materialismo:
O materialismo declara que a única realidade é a matéria. Essa concepção passou a ser
denominada “marxismo” Marx, foi o fundador do ateísmo cientifico, segundo ele o homem é apenas
matéria, um animal apenas, por isso não terá que prestar conta de seus atos a ninguém. Ele
ensinava que os diferentes comportamentos físicos e psíquicos humanos, são simplesmente
movimentos da matéria, não admitia a existência das coisas espirituais, inclusive de Deus. Ou seja
tudo é matéria.
 Certo
 Errado

Observação: Só existe uma alternativa correta em cada questão, e cada questão vale 2 Pontos.

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