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Por que Jesus aceitou ser sustentado

por mulheres?
18 de novembro de 2013Anderson Paz

“Depois disso Jesus ia passando pelas cidades e povoados proclamando as boas novas
do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele,  e também algumas mulheres que haviam
sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de quem
haviam saído sete demônios;  Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de
Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-los com os seus
bens” (Lucas 8:1-3).
Talvez você já tenha lido o relato de Lucas 8:1-3 e se perguntado: “Por que Jesus
aceitou ser sustentado pelas contribuições de mulheres?” Ou talvez sua pergunta tenha
sido ainda mais ampla: “Por que Jesus aceitou ser sustentado por contribuições?”
Afinal, ele não multiplicou pães por duas vezes e alimentou uma multidão de milhares
de pessoas? Ele não fez o milagre da pesca maravilhosa? Ele não fez Pedro achar uma
moeda na boca de um peixe para consegui pagar imposto? Diante de todo esse poder,
por que Jesus precisaria de contribuições?

Seguramente, ele não precisava de contribuição alguma. Contudo, ao permitir que


pessoas contribuíssem para o seu ministério, Jesus estava proporcionando uma
oportunidade para que essas pessoas expressassem sua gratidão, sua fé e sua
generosidade. O poder de Jesus era suficiente para sustentá-lo, mas o seu amor e seu
propósito em nos transformar nos concede a oportunidade de sermos gratos, generosos e
de exercitarmos nossa fé em Deus.

1. Uma expressão de gratidão –  Lucas registra que as mulheres que serviam a Jesus
com seus bens tinham uma característica em comum: elas haviam sido curadas de
enfermidades de libertas de espíritos malignos. Quando lemos esse registro, não há
como não perceber que contribuição dessas mulheres partia de um coração grato pela
libertação que haviam recebido. E Jesus de forma alguma limitaria essa expressão de
gratidão.
Curiosamente, no capítulo anterior (Lucas 7:36-50), é relatada a história de uma mulher
que ungiu com perfume os pés de Jesus. Ao olhos de alguns, essa oferta poderia parecer
desnecessária, uma excentricidade. Porém, o Mestre não apenas a recebe como também
destacou que a motivação da daquela  mulher era o seu amor e sua gratidão por saber
que havia sido muito perdoada (Lc. 7:36-50). Jesus não poderia impedir aquela mulher
de demonstrar seu coração grato.

2. Uma expressão de fé – O Antigo Testamento nos conta que, durante um período de
extrema seca em Israel, e após ter sido alimentado pelos corvos, o profeta Elias recebeu
a seguinte ordem do Senhor: “Vá imediatamente para a cidade de Sarepta de Sidom e
fique por lá. Ordenei a uma viúva daquele lugar que lhe forneça comida” (I Reis 17:9).
Contudo, em vez de levá-lo à casa de uma viúva rica, o Senhor conduziu o profeta à
casa de uma mulher que não tinha sequer um pedaço de pão, mas uma quantidade de
farinha e  azeite suficiente apenas para preparar a última refeição para si e seu filho, e
assim ambos morrerem. Contudo, aquela mulher creu na palavra, e tendo servido
primeiramente ao profeta, viu o azeite e a farinha se multiplicarem, garantindo assim o
alimento por muitos dias. Alguém poderia pensar que oferta da viúva de Sarepta ao
profeta Elias era uma loucura. Mas, na verdade, foi um ato de fé, uma expressão de
confiança no Deus que é poderoso para suprir qualquer necessidade. E,embora no
primeiro momento tenha servido ao profeta, a maior beneficiada pela oferta foi a própria
viúva.
No mesmo sentido, Paulo, ao agradecer pela oferta que havia recebido dos filipenses,
destaca que estes estavam sendo beneficiados pela oportunidade de ofertar: “Não que
eu esteja procurando ofertas, mas o que pode ser creditado na conta de vocês. Recebi
tudo, e o que tenho é mais que suficiente. Estou amplamente suprido, agora que recebi
de Epafrodito os donativos que vocês enviaram. Elas são uma oferta de aroma suave,
um sacrifício aceitável e agradável a Deus. O meu Deus suprirá todas as necessidades
de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus” (Filipenses 4:17-
19).

3. Uma expressão de generosidade – O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.


A avareza é idolatria. É só há uma forma de combater essa mal: pela prática da
generosidade. E gesta é uma prática necessária aos ricos e também aos pobres.
Sobre os ricos Paulo diz: “Ordene-lhes que pratiquem o bem, sejam ricos em boas
obras, generosos e prontos para repartir.
Dessa forma, eles acumularão um tesouro para si mesmos, um firme fundamento para
a era que há de vir, e assim alcançarão a verdadeira vida” (I Timóteo 6:18-19).
Acerca dos cristãos pobres da Macedônia que ofertaram em socorro dos irmãos da
Judéia, Paulo destaca: “No meio da mais severa tribulação, a grande alegria e a
extrema pobreza deles transbordaram em rica generosidade. Pois dou testemunho de
que eles deram tudo quanto podiam, e até além do que podiam. Por iniciativa
própria  eles nos suplicaram insistentemente o privilégio de participar da assistência
aos santos. E não somente fizeram o que esperávamos, mas entregaram-se
primeiramente a si mesmos ao Senhor e, depois, a nós, pela vontade de Deus” (II
Coríntios 8:2-5).
Portanto, diante do que foi exposto até aqui, podemos concluir que Jesus aceitou a
contribuição das mulheres em Lucas 8:1-3, não porque precisava, mas porque isso fazia
parte de sua obra transformadora naquelas vidas, dando-lhes uma oportunidade para
expressarem gratidão, fé e generosidade.

Da mesma forma, hoje, todas as vezes que contribuímos para a obra de


Deus, abençoamos o serviço da comunidade local em que congregamos, ou
simplesmente servimos um copo de água para um discípulo de Jesus, estamos
demonstrando ao Senhor nossa gratidão, nossa fé de que Ele é quem nos sustenta e que
nosso coração não está preso ao dinheiro.
“E se alguém der mesmo que seja apenas um copo de água fria a um destes
pequeninos, porque ele é meu discípulo, eu lhes asseguro que não perderá a sua
recompensa” (Mateus10:42).

Em Cristo,

Nós e o dinheiro: como lidar com ele?


Precisamos falar sobre dinheiro
A minha responsabilidade aqui não é a de um economista, nem de alguém que é capaz
de fazer um análise financeiro das bolsas. A minha responsabilidade é de um cristão que
influencia há pelo menos vinte anos a vida de vários outros cristãos, dentro e fora do
Brasil. Com isso não estou afirmando que sou imune ou isento a cultura do mundo pós
moderno, em seu estilo consumista de ser, porém, não estou disposto a me conformar
com o  presente século e nesta oportunidade convoco você a pensar sobre este tema
chamado dinheiro.

Nós vivemos num mundo que se sustenta na posse de bens. A identidade humana,
principalmente das novas gerações, já não já se fundamenta mais no falso conceito do
“eu sou o que faço”. A identidade pós moderna, buscou uma base ainda mais enganosa:
“eu sou o que tenho”. Possuir bens, é o estilo de vida do século XXI. O mundo anuncia
que a vida do homem consiste na abundância dos bens que ele possui. Quanto mais o
homem tem, mais feliz ele será. E esta mentira seduz as pessoas a se entregarem às suas
próprias cobiças e passarem a desejar o dinheiro para consumir, consumir e consumir.
As portas da sociedade só estão abertas para quem tem o poder de compra. Este espírito
tem transformado a sociedade. As relações humanas se transformaram em relações de
negócios. Os jogos de interesse aproximam as pessoas. As pessoas usam e se deixam ser
usadas para aumentarem os lucros e por conseqüência, os acessos aos bens. A lógica do
consumo sustenta o grande mercado em que se transformou a nossa sociedade. O lema é
consumir sempre e consumir muito. Quem não pode consumir está simplesmente
excluído do mercado de consumo. A tendência é que haja uma aproximação cada vez
maior daqueles que tem acesso ao consumo e por conseqüência o isolamento daqueles
excluídos, dos sem poder aquisitivo, também chamados “sobrantes.” As construções se
estabelecem de acordo com o seu poder aquisitivo. Cada vez mais os homens habitam
onde os demais de sua classe residem. Classe A com classe A, B com B e assim por
diante, até chegarmos as favelas.

Esta ciranda de consumo cria mecanismos de crédito fácil para que o consumidor não
deixe de comprar e possa tocar a roda do mercadão. Aumenta-se o número de parcelas,
aumenta-se prazo para começar a pagar. A ideia é facilitar o crédito para o consumidor.
Este crédito facilitado incentiva o consumo imediato. As instituições financeiras enviam
correspondências para os seus correntistas, dizendo que eles possuem um crédito
aprovado ou pré-aprovado, é só usar. Quando se acessa o caixa eletrônico para retirar
dinheiro, antes da opção do saque, já existe a opção para usar um crédito já aprovado, o
mesmo acontece quando se vai pagar uma conta pela internet, somos informados que
existe uma condição especial (só para este mês) de que se pague a conta em parcelas no
seu cartão de crédito. Consórcio, leasing, parcelamento, tudo isso para financiar o sonho
da casa própria, do carro zero, da viagem para o exterior. Etc.

Resultado de tudo isso: Várias pessoas movidas por suas cobiças caem em
endividamento. E o pior de tudo é que algumas destas dívidas são produzidas na
aquisição de bens que não são duráveis, de coisas que não se podem vender para pagar
as contas. Como por exemplo: Compras do mercado, roupas, viagens, etc.
A economia global é uma verdadeira armadilha fundamentada na ganância e avareza
universal. O dinheiro foi elevado à condição de um deus chamado Mamom. E este deus
rivaliza com o Único Deus Verdadeiro.

“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao


outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às
riquezas.” Mateus 6:24, RA. (Grifo do autor)

Como enfrentar esta situação?


A forma mais simples de responder a esta pergunta seria dizer: vamos ser espirituais de
verdade. Vamos parar de andar na carne e começar a viver no Espírito. Porém, não
querendo ser chamado de simplista e leviano, e também, levando-se em consideração
que a Palavra nos lava, vamos para o Texto Sagrado:

“De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos
trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que
nos vestir, estejamos contentes.” 1 Timóteo 6:6-8, RA.

Paulo escrevendo para o seu filho espiritual Timóteo, revela que existe uma grande
fonte de lucro na piedade com o contentamento. O que vem a ser isso?

A piedade, segundo a minha ótica, é a virtude que soma os valores cristãos legítimos. É
uma vida realmente voltada para o invisível celestial.

Paulo está dizendo que existe um grande lucro nesta virtude, mais que nos bens
materiais. Aliás, Jesus já havia dito que “a vida de um homem não consiste na
abundância dos bens que ele possui.” (Lc 12:15). Penso que a primeira resposta ao
dinheiro deve ser esta: “nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos
levar dele”. Uma vez que temos a clareza de que vamos sair deste mundo da mesma
forma que entramos nele, as riquezas desta terra tornam-se para nós apenas o meio para
realizar algumas coisas. O dinheiro e suas conquistas não valem mais do que a nossa
relação com Deus. A piedade faz eu escolher viver em paz na casa alugada ao invés de
viver sem paz na casa própria do endereço chique. Ela me leva a decidir andar de ônibus
e ter um bom nome do que andar de carro zero com o nome no SPC. O piedoso opta por
socorrer a um irmão necessitado ao invés de gastar consigo mesmo e assume um
relacionamento com as pessoas em detrimento dos seus bens.

A piedade é assim, ela nos liga mais a Deus e nos desliga das coisas deste mundo. Ela
prima pela paz, pelo bom nome, pelo socorro ao necessitado, pela comunhão. Por tudo
aquilo que não podemos comprar no Shopping Center. Ela soma valores como o amor,
alegria, amizade verdadeira.  Ela nos faz olhar para as coisas invisíveis e eternas e nos
anestesia para as coisas passageiras desta vida. É ela que nos faz valorizar uma amizade,
que nos faz ser gratos, que nos inclina à lavar aos pés dos irmão, a perdoar as ofensas e
as dívidas. É a piedade que nos faz sentir a dor do próximo. A piedade nos revela que
nós não somos o que fazemos, nem o que temos e muito menos aquilo que as pessoas
dizem que somos. É pela piedade que experimentamos ser quem de fato somos: filhos
do Deus Altíssimo em Jesus Cristo. A piedade é radicalmente oposta ao estilo
consumista deste mundo de coisas. Contentar-nos na piedade interior é lucro certo e
garantido. No final, iremos fazer as contas e dizer: “estamos lucrando com isso”.
Glórias a Deus!

Retornando a carta de Paulo a Timóteo, lemos no verso seguinte:

“Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.” 1 Timóteo 6:8, RA.

Alguém pode perguntar: “como viver contente no pouco?” Eu digo que precisamos
aprender o contentamento, pois isso se aprende. Precisamos aprender o contentamento
tanto na pobreza, quanto na riqueza, tanto na falta quanto na abundância e descobrir que
a nossa suficiência vem de Deus, que nos fortalece. O homem chamado Paulo que
escreveu esta carta ao seu discípulo amado Timóteo, já havia passado por esta lição e
aprendido na prática:

“Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e
qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em
todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de
abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece.” Filipenses 4:11-
13, RA.

Lendo a Wikipédia eu encontrei uma definição para contentamento muito interessante:


Contentamento – Não se pode classificar completamente o contentamento, mas se sabe
que pode-se liga-lo à uma expectativa “completa”. Satisfação interior que independe de
circunstância exterior.

Eu gostei desta definição porque ela se aproxima do pensamento apostólico.

“Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem
dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.” Hebreus 13:5, RA.

Aqui, o autor de aos Hebreus, diz que o oposto ao contentamento é a avareza, a


ganância proveniente do egoísmo. Penso que aqui estão as raízes, os motivos que irão
nortear o empreendimento, o combustível que vai mover o progresso, ou seja, a piedade
com contentamento empreende independente do que se tem ou do que ainda falta,
enquanto a ganância empreende para adquirir riquezas por entender que não se tem
ainda o suficiente. Quando alguém empreende por achar que não possui o suficiente,
dificilmente desfrutará daquilo que já se tem.

A partir do entendimento que alcançamos sobre as raízes, os motivos para empreender,


passamos então a próxima etapa quando Paulo em sua carta a Timóteo descreverá a
trajetória daquele que empreende movido tão somente pela ganância, pelo amor ao
dinheiro.

“Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos
descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na
destruição, pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males. Algumas pessoas, por
cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas com muitos
sofrimentos.”  1 Timóteo 6:9-10 (NVI)

Quando se empreende, a trajetória em algum momento revelará o verdadeiro


combustível, ou seja, qual é a motivação para se empreender. O caminho mostrará se a
motivação do amor ao dinheiro está presente no empreendedor.  Pois os que
empreendem por amor ao dinheiro, com o desejo de ficarem rico, “caem em tentação,
em armadilha e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a
mergulharem na ruína e na destruição.”

As tentações são muitas, as armadilhas se multiplicam a cada dia. Se um cristão nesta


jornada cair em tentação e ficar preso as armadilhas, a sua integridade será 
comprometida. Pois em sua cobiça, sacrifica a própria consciência, corrompendo-se por
interesses pode até se associar ao crime.  Isso, quando não se torna vítima de golpes que
lhe causam grandes perdas financeiras, pois no mundo não existe dinheiro fácil. Quando
surge uma oportunidade para enriquecer-se sem trabalhar, podes crer, ou é crime, ou é
golpe. É muito comum assistirmos em noticiários cristãos professos envolvidos em
escândalos envolvendo dinheiro.

Quando assistimos pessoas não cristãs navegando nesta correnteza, não estranhamos,
pois entendemos que eles seguem o seu próprio curso, encontramos tudo muito natural,
pois eles andam segundo a própria natureza carnal, porém, quando um cristão que já não
anda mais “segundo o curso deste mundo”, volta a servir ao dinheiro (Mamom),
podemos ter a certeza de que ele não poderá mais servir a Deus, pois Jesus disse que
não é possível servir a dois senhores. O fim deste caminho para o crente é: “Algumas
pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram a si mesmas
com muitos sofrimentos.”

Eu sei que quando consideramos a piedade com o contentamento e evitamos o


empreendimento movido pelo desejo de ser rico. uma pergunta pode surgir no cenário:
“Paulo não está indo contra ao que se propõe este livro? Não estaria ele combatendo ou
sabotando o espírito empreendedor do crente?”

Bem, a primeira coisa que devemos considerar é que haviam cristãos ricos nos dias de
Paulo. Inclusive, nesta carta de Paulo aos seu amado filho Timóteo, também há
recomendação acerca dos ricos.

“Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua
esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona
ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras,
generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido
fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida.” 1 Timóteo 6:17-
19, RA.

Antes de olhar para os recursos de um irmão mais abastado, atente para a sua vida. Faça
como o próprio Deus que olha para o homem antes de olhar para a sua oferta. Se
amamos os irmãos independente de sua classe social, consideraremos o seguinte acerca
dos ricos: Os problemas daqueles que alcançaram riquezas, são distintos e bem
pontuados por Paulo em sua carta a Timóteo; orgulho é o primeiro deles. Os ricos
tendem a pensar que suas riquezas são frutos da sua capacidade empreendedora. Caem
em ciladas quando consideram, por algum momento que seus bens foram conquistados
por seus próprios braços e que por isso são muito bons e estão muito acima daqueles
que nada conquistaram. Nabucodonosor caiu nesta armadilha. O povo no deserto foi
advertido para não entrar nesta arapuca.

“Não digas, pois, no teu coração: A minha força e o poder do meu braço me adquiriram
estas riquezas. Antes, te lembrarás do SENHOR, teu Deus, porque é ele o que te dá
força para adquirires riquezas; para confirmar a sua aliança, que, sob juramento,
prometeu a teus pais, como hoje se vê.” Deuteronômio 8:17, 18, RA.

Sempre que possível, anime o rico a ser grato, pois gratidão é a memória do coração e
só alguém que enxerga que tem recebido é capaz de agradecer. Se o rico conceber que
os seus bens são bênção do Senhor, será capaz de pedir a Deus o “pão nosso de cada
dia” e agradecer de coração pelas refeições.

O segundo ponto que Paulo assinalou a Timóteo, foi para que os ricos não depositassem
a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona
ricamente para nosso aprazimento. Os ricos também podem cair neste engano, ou seja,
considerarem suas riquezas estáveis, e assim colocarem nela suas esperanças ao invés
de confiarem apenas no Deus Vivo que nos dá força para adquirir riquezas, também
para o nosso aprazimento.

Lendo exortação de Paulo, considero que o apóstolo não se posiciona contra qualquer
que seja o empreendimento, mas adverte sobre o perigo dos enganos e das cobiças.
Posso afirmar que Paulo não era contra o espírito empreendedor do cristão, e que nos
aclara que a riqueza na vida de um homem é bênção de Deus. E sendo um dom de Deus,
deve haver uma contrapartida da nossa parte.

“tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja
segundo a proporção da fé; se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina
esmere-se no fazê-lo; ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com
liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria.”
Romanos 12:6-8, RA.

“O SENHOR empobrece e enriquece; abaixa e também exalta.” 1 Samuel 2:7, RA.

“A bênção do SENHOR enriquece, e, com ela, ele não traz desgosto.” Provérbios 10:22,
RA.

Se você é um cristão e recebeu do Senhor esta condição de adquirir riquezas, deve


empreender com a maior diligência e trabalhar com esmero e dedicação. Não se orgulhe
desta bênção e nem coloque a sua esperança na instabilidade dos seus bens. Atente a
instrução de Paulo a seu discípulo. Timóteo deveria animar os ricos a uma lista bem
interessante. Iniciando com a prática do bem, eles deveriam angariar um outro tipo de
riqueza e se tornarem: “ricos de boas obras”. O Apóstolo diz que eles deveriam ser
“generosos em dar e prontos a repartir”. E que o propósito de tal exortação é para que os
ricos “acumulassem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de
se apoderarem da verdadeira vida.”

Quem sabe, você tenha bens deste mundo e não tenha ouvidos para ouvir um “Timóteo”
lhe dar conselhos. Ou quem sabe ainda, o seu caso seja outro, por ser quem você é, sofra
preconceito dos irmãos mais modestos e não exista um “Timóteo” na sua vida para lhe
direcionar a ajudar.

Não ignoro que nós, os mais pobres, somos preconceituosos com vários irmãos mais
abastados. Penso que uma das nossas maiores dificuldades em nos relacionarmos com
irmãos ricos é a nossa falta de entendimento quanto aos ensinos de Jesus sobre essa
classe. Por exemplo: o Senhor disse que “dificilmente entrarão no reino de Deus os que
têm riquezas” e, a semelhança dos discípulos presentes, nós estranhamos estas palavras.
Também não é pra menos, em três dos quatro evangelhos, (Mateus, Marcos e Lucas), o
Senhor diz que “é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar
um rico no reino de Deus.” Alguns teólogos gladiaram-se para explicar o fundo da
agulha, quem sabe na tentativa de aliviar a entrada dos ricos no reino de Deus, mas o
fato é que os discípulos presentes consideram esta entrada impossível, dada a pergunta
que fizeram: “Sendo assim, quem pode ser salvo?” Contudo, olhar o contexto destes
dois eventos nós ajudará muito a entender o ensino, e compreender e ajudar os nossos
amados irmãos que adquiram riqueza nesta terra a caminharem com o Senhor.

“Então, Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão
no reino de Deus os que têm riquezas! Os discípulos estranharam estas palavras; mas
Jesus insistiu em dizer-lhes: Filhos, quão difícil é para os que confiam nas riquezas
entrar no reino de Deus!” Marcos 10:23, 24, RA. (grifo do autor)
Fica claro em Marcos que o problema dos ricos é justamente aquele assinalado por
Paulo a Timóteo – Quando eles confiam em suas riquezas. Isto deve ser realmente
muito difícil, ou seja, ter riquezas e não confiar nelas. Principalmente no presente século
quando contemplamos um sistema baseado no consumo.

Depois disso lemos:

“E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que
entrar um rico no reino de Deus. Ouvindo isto, os discípulos ficaram grandemente
maravilhados e disseram: Sendo assim, quem pode ser salvo? Jesus, fitando neles o
olhar, disse-lhes: Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível.”
Mateus 19:24-26, RA.
A pergunta dos apóstolos é muito interessante – Quem pode ser salvo? – Ela inclui tanto
a ricos quanto a pobres. Teólogos à parte, no fundo da agulha é impossível um camelo
passar. E isto estava tão claro para os discípulos que eles deduziram que além do rico, o
pobre também ficaria de fora. Eles concluíram que se considerassem realmente o que
disse Jesus, nem os pobres entrariam. Quem pode ser salvo? Eles perguntaram. A
resposta do Senhor Jesus foi ainda mais interessante do que a pergunta dos apóstolos.
“Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível.”

O nosso relacionamento com o dinheiro deve ser à semelhança de como os apóstolos


recebiam as ofertas:
“e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que
alguém tinha necessidade.” Atos 4:35, RA. (grifo do autor)
“como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos
apóstolos.” Atos 4:37, RA. (grifo do autor)
“mas, em acordo com sua mulher, reteve parte do preço e, levando o
restante, depositou-o aos pés dos apóstolos.” Atos 5:2, RA.
O dinheiro não deve estar na cabeça, nem no coração. Se o dinheiro é Mamom, logo, o
seu lugar é debaixo dos nossos pés.

“E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu
à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.”
Efésios 1:22, 23, RA.

Em Cristo,

Ansiedade: uma porta para a avareza


Quando lemos a Bíblia precisamos ter atenção para não cairmos numa armadilha: a de
analisarmos um versículo isolado de seu contexto. Além do risco de interpretações
equivocadas, essa armadilha também pode nos fazer perder um pouco da riqueza do que
o autor realmente disse. Um versículo que geralmente as pessoas não conseguem
compreender sua riqueza é o ensino de Jesus sobre a ansiedade, que para muitos começa
em Mateus 7:25. Porém, ao lermos esse versículo, temos que perceber que ele começa
com um “Por isso, vos digo:…”. 
“Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de
comer ou de beber, nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida
mais do que o alimento, e o corpo mais do que as vestes?” (Mateus 5:24).
Se ficarmos apenas no versículo 24, não veremos o motivo pelo qual não devemos ceder
à ansiedade. Afinal, o que é esse “Por isso” que abre o versículo? A resposta está
claramente evidenciada no versículo anterior: Não devemos andar ansiosos pelas coisas
desta vida pois não podemos servir a Deus e às riquezas. Se andarmos ansiosos pelas
nossas necessidades, uma hora vamos estar trocando a quem servirmos. Vamos terminar
em busca das riquezas. Preste atenção:
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao
outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às
riquezas. Por isso, vos digo: Não andeis ansiosos pela vossa vida…”
O que Jesus está dizendo que a ansiedade por suprir nossas necessidades legítimas
podem nos colocar à serviço do dinheiro. O ansioso corre o risco de se tornar um
avarento, pois colocará as suas necessidades acima do reino de Deus.

Talvez você ache isso exagerado. Como pode alguém ansioso se tornar um avarento?
Geralmente identificamos o avarento como o “mão de vaca”, o sovina, o cara que não
está disposto a usar seu dinheiro pra ajudar ninguém. Assim, avareza seria um “pecado
de gente rica”. Porém, a Bíblia associa a avareza não à riqueza, mas ao
descontentamento:
“Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele
disse: Não te deixarei, nem te desampararei” (Hebreus 13:5)
Portanto, sob a ótica bíblica, avareza não é pecado só de rico, mas é também de pobre,
pois o descontentamento se encontra em qualquer classe social.

E o caminho oposto ao da avareza e o caminho do contentamento. E por isso


percebemos a associação entre avareza e ansiedade, pois dificilmente o ansioso está
contente, satisfeito com o que tem.

“De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos
trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com
que nos vestir, estejamos contentes” (I Timóteo 6:7-9).
A ansiedade pelas necessidades legítimas promove o descontentamento, e esse abre a
porta pra avareza. O abismo na vida de um homem pode começar com a simples
ansiedade, que pode levá-lo a amar o dinheiro.

“Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas


concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e
perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça,
se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (I Timóteo 6:9-
10).
A ansiedade é resultado da falta de confiança no caráter de Deus, e ela nos deixa
suscetíveis à idolatria, a colocarmos outra coisa no lugar do Senhor em nossas vidas.
Quando a ansiedade é voltada para  coisas materiais, ela pode nos tornar idólatras pelo
dinheiro (avarento). Mas, acredito também que ela pode promover outras idolatrias.
Tudo depende da direção que ela nos impõe. Se a ansiedade se direciona à vida
sentimental, ela pode fazer de alguém um idólatra de um relacionamento ou de um
casamento.

E só há uma forma de combater a ansiedade: colocando as coisas em seu devido lugar, e


o Senhor acima de tudo. Ele deve ser a nossa prioridade. Fazer a Sua vontade e realizar
a Sua obra devem ser o nosso alimento (João 4:32). Devemos nos entregar totalmente
ao Reino de Deus, e viver a cada dia as palavras de Jesus:
“Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com
que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso
Pai celeste sabe que necessitais de todas elas;  buscai, pois, em primeiro lugar, o seu
reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:31-33).
Em Cristo,

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