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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS (PUC-GO)

DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA E TEOLOGIA


CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PEDAGOGIA BÍBLICA

PAULO ROBERTO GOMES

POR TRAS DAS PALAVRAS: CONTINUANDO A


PARÁBOLA DA PORTA

CIDADE DE GOIÁS-GO
2015
PAULO ROBERTO GOMES

POR TRAS DAS PALAVRAS: CONTINUANDO A


PARÁBOLA DA PORTA

Artigo apresentado ao programa de Pós-


Graduação Lato Sensu em Pedagogia Bíblica da
Pontifícia Universidade Católica de Goiás para a
obtenção do Grau de Especialista.

Orientadora: Professora Dra. Mercedes de


Budalles Diez.

CIDADE DE GOIÁS-GO
2015
PAULO ROBERTO GOMES

POR TRAS DAS PALAVRAS: A CONTINUAÇÃO DA


PARÁBOLA DA PORTA.

Artigo apresentado ao Programa de Pós


Graduação Lato Sensu em Pedagogia
Catequética da Universidade Católica de Goiás
para obtenção do Grau de Especialista,
apresentando em xx de Julho de 2015 e
aprovado com a nota xx (xxx).

BANCA EXAMINADORA

1. ____________________________________ (Presidente) ___________________


2. ____________________________________ (Membro) _____________________
3. ____________________________________ (Membro) _____________________
4

Dedicado a todos os que doam


o seu tempo e a sua vida para
ajudar aos simples a entrarem
pela porta da frente da Bíblia.
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POR TRAS DAS PALAVRAS: CONTINUANDO A PARÁBOLA DA PORTA

Paulo Roberto Gomes1*

RESUMO: O artigo em questão procura fazer um paralelo entre a Parábola da Porta,


de Carlos Mesters, publicada em 1974 com a realidade da leitura popular nos dias de
hoje. Procurando saber se a profecia ali proferida de haveriam homens de boa vontade
par auxiliarem os mais simples e desvalidos a perderem o medo de entrarem na casa
da Bíblia e eles mesmos fazerem a sua interpretação. Deseja ainda o artigo
demonstrar que entre as razões que por si só afastaram tanto os desvalidos quanto
os possíveis ajudantes no acesso estão duas questões importantes: a perda da fé
pela descoberta do que se chama segredos da Bíblia e a comodidade de trocar a
interpretação por publicações pedagógicas.

Palavras chave: Bíblia, Leitura Popular da Bíblia, Interpretação da Bíblia.

* Mestre em Economia, Especialista em Ciência Política, Bacharel em Economia, Bacharel em


História, Bacharel em Teologia e Pós-Graduando em Animação Bíblica da Pastoral pela Pontifícia
Universidade Católica de Goiás (PUC-GO).
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INTRODUÇÃO

A parábola da porta, (MESTERS, 1984) traz uma esperança futura de que


aquela casa tenha de novo uma porta de entrada pela frente e de que o mato não
tome conta, prejudicando tanto o acesso como também a possibilidade de vislumbrar
a existência de uma casa naquele local. A parábola tem a esperança de que a porta,
definitivamente, esteja na parte da frente da casa e deixe de oferecer acessos laterais
apenas aos que conhecem os atalhos. Fica ainda a esperança de que aquela casa
seja iluminada pelas luzes vindas da parte externa, pois como a mesma parábola faz
questão de recordar, a casa somente existe por que alguém a construiu e este ponto
é o final auspicioso daquela parábola: que os novos moradores-pesquisadores
daquela casa reconheçam que ela somente existe por que o povo a construiu.
O inconveniente do tempo que passou entre a parábola e hoje é perceber que
a profecia ali proclamada insiste em não se realizar confirmou
o que Mesters temia e previa: de que os mais simples reconheceriam apenas em
terceiros a capacidade de interpretar o que lhes pertencia. Medo maior seria o de falar
sobre assuntos cuja matéria fosse a sua própria fé visto que a Palavra de Deus
transmitida na Bíblia carrega valores intrínsecos: ela é indiscutível, é quase intocável.
O resultado deste processo de afastamento é uma quase total ignorância para
comparar a Palavra de Deus com a palavra que os homens alegam ser de Deus. Bíblia
e Palavra de Deus se tornaram sinônimos, são confundidas e consequentemente não
permitem discussões ou interpretações destes mais simples.

2 PALAVRA DE DEUS E BÍBLIA, VOZ DO POVO NO DIA-A-DIA

Com o Concílio Vaticano II novos ares sopraram sobre a Igreja pelo mundo e
mais especificamente na América Latina onde encontrou terreno fértil para florescer e
frutificar. Dentre seus frutos, o acesso à Bíblia, como instrumento de ensino e de
libertação e não mais como arma de controle e de coerção do pensamento. As
Sagradas Escrituras entraram no meio do povo pelas mãos da evangelização e não
mais numa mera catequização. Ao invés de falar, os evangelizadores pós Vaticano II
saíram para ouvir o povo. Agora, a Bíblia passou a ser memória histórica dos pobres
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ida da Igreja para o meio do povo resgatou o sentido destes, dando-lhes o caráter
teológico que havia sido esquecido, eliminado o caráter meramente social ou
econômico. Coube a esse retorno da Igreja, tendo em mãos as Escrituras, o privilégio
de redescobrir o autor original dessas, sem contudo ter que enfrentar a mazela
provocada pela pobreza, que gera ruptura entre classes num Continente
historicamente dominado pela opressão do poder e da economia. Esta Igreja que
retorna ao meio do povo precisou reapresentar Jesus como libertador de corpos e de
almas. Um Jesus que tinha uma mensagem presente com vistas ao futuro. Um Jesus
divino com necessidades humanas.
Neste novo cenário as Escrituras são redescobertas pelos simples, todavia
inexplicavelmente parece que estes são apenas os que estão longe do centro das
zonas urbanas. Isto causa conflito em ambos os lados, uma dicotomia na interpretação
sobre Jesus: no campo e nas periferias das cidades. Quando não se reconhece como
pobre, no sentido teológico, o homem deixa de aceitar até mesmo o jeito de Jesus
agir. Como destaca Richard (1987, p 22), os empobrecidos são os únicos que podem
evangelizar ou ser evangelizados. Tal como é destacado pelo Vaticano II, Deus falou
aos homens por intermédio destes e à sua maneira (DV 12) e que sendo assim, o seu
interprete precisa considerar neste diálogo, que parece estar distante, o gênero
literário. O mesmo Concílio aponta para questões, que parece que somente o povo
mais sensível compreende, que ao se comunicar com os homens, Deus é
contemporâneo do povo que escreve, portanto, ele se utiliza do sentir, do falar e do
narrar de acordo com o tempo (DV 12).
Isto resgata a história do povo e do texto e como lembra Richard, sendo as
Escrituras um texto, não só nos revela a Palavra de Deus, mas nos revela o onde e o
como Deus se nos revela hoje em nossa história. Fazendo um deslocamento no tempo
e no espaço, se o Deus do Antigo Testamento se manifesta pelos patriarcas e
profetas, no Novo Testamento é na pessoa de Jesus e somente depois na dos
discípulos, apóstolos e hagiógrafos. Com isto, Jesus é a própria Palavra, o Logos de
Deus, portanto a interpretação da Palavra para os mais simples passa a ser o
conhecimento da pessoa de Jesus.
Sicre (2010, p 17) se questiona sobre o pouco conhecimento que o povo tem
desses livros mesmo com o incentivo do Concílio Vaticano II na difusão da Bíblia. Ele
afirma que os católicos pouco ou nada sabem do Antigo Testamento, estando restritos
a poucas passagens dos textos. Para ele, a culpa disto ainda ocorrer não é da Igreja
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e sim por alguns motivos também válidos à nossa realidade que são o hábito da pouca
leitura, o cansaço após o dia de trabalho e o atrativo da televisão. Entretanto as causas
fundamentais quando o tema é Antigo Testamento é a baixa estima pelos seus livros,
a dificuldade de entendê-lo e os vários problemas de entendimento e compreensão
de ordem científica, histórica, moral e teológica que o Antigo Testamento traz à
mentalidade hodierna.
Estas considerações sobre o católico e o Antigo Testamento também valem
para o Novo e o ponto a destacar agora é quando se fala dos mais simples que
retornam à casa a partir do Vaticano II. O pouco conhecimento portanto dos dois
Testamentos deixavam o povo ao largo da sua própria história, consequentemente ao
largo da sua propriedade, longe da Bíblia. Desconhecendo os dois Testamentos,
desconhece-se também a Deus e por conseguinte ao Deus de Jesus Cristo. Nas
palavras de Richard (1987, p 29), compreender este Deus de Jesus é entrar em
choque com os poderes dominantes, é entrar em conflito num mundo infestado de
ídolos que são contra um Deus que liberta o oprimido. No tempo após o Vaticano II
este Deus que liberta é explícito na Teologia da Libertação presente na América Latina
e com ela, rebate nas muitas duvidosas e falsas interpretações, como se tal teologia
fosse a causa primária do homem ter humanizado em demasia Jesus e relegado a
sua divindade. Como se essa teologia estivesse apresentando algo de novo ao
homem que era a sua libertação de um sistema econômico opressor e de governos
em sua grande maioria ditatoriais, nada mais do que uma perfeita analogia com a
escravidão o Egito, com o exílio da Babilônia e por fim com a escravidão da morte.
Paralelos esses vividos pelos latinos na falta de saúde, de segurança, de emprego e
principalmente de liberdade, no seu sentido mais nítido. O efeito primordial da
Teologia da Libertação, todavia, nas palavras de Müller (2014, p 44), foi a capacidade
que o teólogo profissional teve de não se contrapor aos fiéis ou aos especialistas
quando o assunto é religião, mas sim redescobrir-se como discípulo ouvinte e aprendiz
diante do único Mestre da Palavra de Deus, qual seja, o próprio Cristo. Este
entendimento é quase um cumprimento da profecia de Mesters na sua parábola da
casa, a respeito dos pesquisadores da casa do povo. Verdadeiramente o que
acontece neste instante após o Vaticano II, com a colaboração da Teologia da
Libertação, representado pelas Comunidades de Base e por intermédio dos Círculos
Bíblicos é a reaproximação do povo de Deus com o seu Deus por intermédio da
Palavra que se materializa na vida deste povo. Se para Sicre há pouco conhecimento
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do povo espanhol no que concerne ao Antigo Testamento, para o nosso povo, o Novo
Testamento está sedimentado em sua maioria em algumas passagens históricas ou
morais, onde prevalecem as parábolas, como se tais representassem a essência da
Palavra feita carne, o Cristo Jesus. A grande descoberta é a do Deus desconhecido,
seja o de Isaias, que é um Deus que se esconde (Is 45, 15) seja o de Paulo, que está
apenas descrito num altar (At 17, 23) que pode ser feita pelo próprio povo a partir dos
textos, sem o medo enraizado pelo tempo e pelo poder de que os mais simples não
tem discernimento. Novamente nas palavras de Richard (1987, p 29), quanto mais
dominado se é, mais é necessário ter em mãos o texto bíblico a fim de deixar de ser
-
texto bíblico. Então, ao invés de se culpar uma teologia que tinha como premissa
básica resgatar o Jesus Libertador, precisa-se sim dar-lhe o benefício de preencher
uma lacuna e o de recuperar aquilo que tinha sido negado ao homem: conhecer Jesus.
Nas próprias palavras de Müller, a Teologia da Libertação não é uma socioteologia e
sim teologia em sentido estrito (MÜLLER, 2014, p 46), que ela não estará morta
enquanto as pessoas se deixarem instigar pelo agir libertador de Deus (MÜLLER,
2014, p 53). E, se havia alguma dúvida da validade de tal Teologia, é de João Paulo
a teologia da libertação é não só oportuna mas útil e
2. São os ares do Vaticano II soprando sobre o povo, mesmo quando este
ainda tem medo de conhecer o seu próprio Deus, mesmo quando tem medo de se
dirigir a ele sem intermediários.
O que o Vaticano II produz é um novo momento para os homens de boa
vontade e que vai além de trazer a Bíblia para o seu meio, é o de que existem várias
formas de leitura, como destaca Antoniazzi, uma leitura feita a partir do ponto de vista
da fé e outras científicas, do povo simples e expropriado e outra de ideologias que
precisam se afirmar e reafirmar (ANTONIAZZI, 1986, p 50). Como também Antoniazzi,
o Vaticano II, reafirma que as Sagradas Escrituras falam de modo humano para se
adaptar inteiramente à nossa natureza (DV 13). Neste contexto é que devem aparecer
entre os homens de boa vontade aqueles capazes de reunirem os mais simples, como
que a convidá-los a se reaproximarem da Bíblia, como sujeitos, como interpretes,
como donos da casa. Não há um detentor do direito de interpretar, há apenas um entre
os demais que serve de elo entre o povo e o texto. Alguém que mostra que este texto

2 JOÃO PAULO II. Carta à CNBB sobre a teologia da libertação, abr, 1986.
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não arde nas mãos, mas como para os caminhantes de Emaús, arde no coração. Será
nos círculos bíblicos que o povo se reunirá ao redor da Palavra e diferentemente das
homilias dominicais ou das salas de exegese, o povo fará a sua hermenêutica mesmo
sem saber o que isto significa. Das muitas cenas que os círculos bíblicos produziram
pelo Brasil à fora, Cavalcanti (2006, p. 11) lembra do povo se questionando o do
porque Deus ouviu o choro do filho de Agar e não o dos seus, que moram numa
invasão ou a história de Rosa, que ajuda e salva traficantes ou esposas de assassinos
nas enchentes do Rio de Janeiro, por ter em mente o profeta Elias que junto de outros
profetas de Javé, não dobraram seus joelhos diante de Baal. São estas histórias de
interpretação popular que provam que é a vida do povo a grande realização da
Palavra. É Cavalcanti (2006, p. 18) que nos recorda que quando os pobres leem a
Bíblia o fazem de diversas maneiras, contudo sem a necessidade de obter erudição
ou conhecimentos especializados, o que querem é respostas para seus problemas,
apenas querem encontrar Deus em suas vidas.
Junto a este cenário de círculos bíblicos e de agentes incentivadores do acesso
à Bíblia, produtos do Concílio Vaticano II, a América Latina contou com uma profusão
de publicações, que em alguns casos são denominadas como acadêmicas por serem
obras de institutos superiores de teologia, que via de regra cumpriram o seu papel.
Outras publicações de viés popular buscaram retratar o cotidiano dessa sociedade,
sedenta de informação e ansiosa por se fazer ouvir. Cadernos de estudos bíblicos, da
Editora Vozes, que mesmo católica, tem cunho ecumênico, produzidos por homens e
mulheres ligados ao povo, trazem regularmente experiências onde o agente e o sujeito
são geralmente os mesmos, o povo. Sua cara e sua voz ressoam em páginas de norte
a sul do país e do continente. Seus autores são de várias línguas e de confissões
religiosas distintas, mas cuja fonte é o mesmo Jesus. Lembremos ainda das
publicações do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI), que são subsídios populares
voltados para o povo, com um ingrediente a mais, a simplicidade e capacidade de
produzir material de apoio e de acompanhamento, sem destituir a participação popular
como o agente e sujeito. De outros pontos, porém mais restritos, contudo movidos
pela simplicidade de linguagem, destacam-se coleções de publicações das Paulinas
produzidas pelo Serviço de Animação Bíblica (SAB), que atendem a um público
história, a construção e a formação
dos livros sagrados. Todos são frutos do Espírito no Vaticano II.
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3 UM POVO QUE SE AFASTA DA BÍBLIA

Retornando às palavras de Sicre, o processo povo de se afastar das Escrituras


não pode ser atribuído à Igreja ou à ausência de materiais ou ferramentas com tais
propósitos. Talvez o seu argumento referente ao costume da leitura sim.
Particularmente parece que o outro fator indicado por ele, o da dificuldade de
entendimento que seja o mais latente. Todavia, pelo material, quase didático, que se
oferece há algumas décadas resta ainda identificar outros fatores para o
distanciamento ou mal uso da Bíblia pelos agentes de pastoral e pelos fiéis
propriamente dito.
Dois outros fatores são os causadores deste distanciamento, quando não fuga:
a manualização das escrituras e o medo de perder a fé. O primeiro provocado pela
comodidade que muitos têm em não buscar o entendimento de que a Palavra de Deus
é dinâmica e consequentemente anacrônica e que ajusta-se a todos os tempos e
todas as histórias humanas. O segundo é o receio de confirmar que as ciências
humanas modernas têm demonstrado de que a Bíblia nunca teve pretensão de ser
um tratado histórico ou científico e sim, um produto da relação de homens e mulheres
com Deus, tendo como ingrediente, a experiência destes homens e mulheres.
Completando ainda esta ideia, o homem ao afastar-se da Bíblia, afasta-se dos dois
testamentos, com o destaque de que realmente o Primeiro Testamento potencializa
aquilo que Sicre já há observado, que era a dificuldade provocada pelo período que
aquele Testamento tinha como cenário de atuação enquanto que para o segundo, o
título de dificuldade pertence ao texto do Apocalipse.
Com manualização das Escrituras se quer dizer a incapacidade que o povo
passou a ter de compreender a Bíblia sem que haja previamente uma explicação por
escrito, como que um roteiro. Situação semelhante àquela do povo durante uma missa
que não consegue mais prestar atenção nas leituras sem acompanhar nos folhetos
litúrgicos, uma vez que aquilo que por exceção era para ser apoio pedagógico, virou
regra. Falta percepção ao povo que o problema não está no fato do folheto existir ou
não, e sim no proclamador da palavra. De volta à manualização da Bíblia, transparece
aos agentes que o fato de existirem manuais que orientam como utilizá-la,
principalmente se sua fonte for a Igreja, editoras católicas ou personalidades que além
e conhecidas contem com o respeito da instituição e, infelizmente para os adeptos da
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manualização da Bíblia, os não leigos contam com a preferência e com um status de


credibilidade maior.

mas o grande problema intrínseco é a tácita decisão de não interpretar e


consequentemente não interligar a afirmação contida no manual com o cotidiano do
povo. Fica relegado para este o fato de que foi a Palavra que se fez carne e não
contrário, como na análise de Konings (2002

ela traz consequências. O que se tem que encarar desta afirmativa é que dentre estas
consequências estão a manifestação do Jesus humano com todas as suas mazelas,
evidentemente que exceto o pecado e se a Palavra se fez carne ela passa a ser levada
adiante, de várias maneiras e em vários estilos e por vários interlocutores. E dentro
deste contexto, para Konings, duas razões podem causar imperfeições na
transmissão e retransmissão da Palavra, que são os ruídos na comunicação. A
primeira é a própria comunicação humana que à sua maneira, seja escrita, copiada
ou impressa, causa ruídos, que vão deste a alteração do sentido como até mesmo a
omissão. A outra razão é de cunho mais profundo que é o fato de Jesus em pessoa
não estar mais entre nós, apenas a sua palavra consignada por escrito. É reservado
assim à manualização da Bíblia o benefício da inerrância, como se fosse a própria
Palavra pelo simples quesito que é a credibilidade da autoria, oriunda da instituição
Igreja, algumas vezes sem a experiência de ser povo.
Evidentemente que a manualização como até agora descrita não deve e nem
pode ser demonizada, mas certamente precisa ser meditada desde a sua fonte de
maneira que não fique tanto na normatização da Bíblia e que permita a esta a sua
capacidade fundamental que é a de falar por si só e de estar no meio do povo.
Contudo, serve de crítica a esta normatização da Bíblia não apenas aos seus
criadores, mas certamente aos seus utilizadores, pois que é seguramente mais fácil
obter algo já preparado e formatado, tendo apenas que adaptá-lo ao cotidiano, mesmo
quando recebe-se algo produzido num ambiente meramente acadêmico e urbano, que
será instrumento de trabalho no meio rural.
Do outro lado da questão do afastamento da Bíblia, está o medo de perder a fé
no instante que se manuseia e que se tem contato mais direto com texto. O receio de
entadas pelo
tempo, faz do povo um objeto a ser manobrado de acordo com interesses, sendo o
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principal, a permanência na ignorância. O que falta a este povo que se esconde do


acesso à Bíblia está explicado por Mesters (1984, p. 88) no momento que ele afirma
que a leitura e explicação do texto da Bíblia, se feitos dentro de um contexto correto e
que estejam enquadrados num pretexto também correto, ali nasce uma flor. No dizer
de Mesters, esta é uma flor sem defesa, pois questiona-se tudo a respeito de flores.
De tal maneira, a Bíblia, acessada pelo povo é invadida de perguntas. Nada mais
justo, uma vez que ela esteve tão ausente de seu meio, apenas em salas ou altares,
distante de quem a escreveu. Era apenas ouvida, agora é pronunciada, falada, vivida,
experimentada. Pela proposta de Mesters, essa flor obriga a repensar a opinião de
flores, caso contrário ela não desabrochará.
Como que complemento da manualização da Bíblia, o medo de perder a fé ao
se adentrar no mundo da Palavra não pode ficar restrito a um reinterpretar a Palavra.
Este raciocínio é incompleto. Metaforicamente Mesters (1984, p. 90) destaca que
conhecer o texto, na ação pastoral, é empurrar o carro em apenas uma das rodas, o
que causaria um simples girar em círculos, pois as outras rodas do carro estariam sem
movimento, simplesmente emperradas.
Entretanto, para saber se o processo de acesso à Bíblia está atendendo à
expectativa é necessário verificar se o povo passou a buscar pela sua libertação, se
luta pela justiça, se a sua vida em comum está mais humanizada, do contrário, a Bíblia
atuou apenas como um novo ídolo, sem oferecer pistas do reino de Deus. Com esta
análise, Mesters (1984, p. 108) vislumbra o efeito da leitura do Evangelho na vida do
povo e não da vida do povo. Mesmo que possa parecer apenas um trocadilho, isto

(MESTERS, 1984, p. 102).

4 RELER PARA NÃO PERDER A FÉ

A fé não se perde apenas pela procura da vivência da Bíblia ou na


reinterpretação do texto. A perda pode ocorrer no instante que o povo descobre que
ele é o autor e que é a sua vida que está retratada há três milênios e que somente
agora ele está descobrindo. Isto não é perder a fé, é releitura e é perder fé/crença
naquilo que antigamente se ouvia. Com a Ressalva feita por Dreher (2005, p. 5) de
que em termos comuns releitura significaria ler de novo, mas quando se trata do povo,
é reler algo que alguém já leu ou enquadrar esta leitura no seu tempo. Como por
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exemplo reler o êxodo do Egito a partir da realidade de um sem-terra às margens de


latifúndios, ou o texto da hemorroísa a partir das milhares de mulheres que recorrem
a clínicas clandestinas. Reler, não é reinterpretar mas sim ver e investigar com a cor
dos seus olhos e não com a dos outros (MESTERS, 1984, p. 91). Então, perder a fé
nestes casos não seria abandonar Jesus ou deixar de acreditar nele, mas abandonar
o Jesus que um dia lhe foi apresentado e deixar de acreditar naquilo que foi dito a
respeito dele. Tal se enquadra também para toda a Bíblia, afinal não se pode dizer
que se perde a fé quando se descobre que o relato da criação é feito em dois
momentos no Gênesis. A fé que se perde é a descrença em quem apenas pontuou a
criação da humanidade a partir da costela de Adão. Interessante que este mesmo
povo insiste em afirmar que é imagem e semelhança de Deus, conquanto ele não
sabe que esta afirmação bíblica está no primeiro relato da criação. Então, perder a fé
pode ser comparada apenas a duvidar da Bíblia no instante que algumas descobertas
são feitas. Isto, ao contrário, significa apenas redescobrir, quando não reler, com
outros olhos, com outras cores, em outros momentos e com novos expectadores. Se
mesmo assim alguém afirmar categoricamente que perdeu a fé a contar do instante
que releu a Bíblia, certamente o que ele perdeu não foi a fé, pois esta não estava
firmada na Palavra e sim em quem transmitiu alguma interpretação sobre ela.
É o ato de reler que afasta o medo de perder a fé e fortalece a compreensão
de que a Palavra de Deus, escrita na Bíblia pode muito bem ser utilizada por quem a
interpreta de acordo com o público que a ouve. Barros (2004, p. 17) num exercício da
Palavra com um grupo de trabalhadores rurais encena um momento onde o profeta é
apresentado ao povo para que este o compare com os profetas e o profetismo descrito
na Bíblia. Numa primeira cena, o profeta seria apenas alguém que leria a mão de outro
e afirmaria ser capaz de prever o futuro, na segunda cena, outro profeta se apresenta
a alguém afirmando saber que naquela casa há um doente e quando isto se confirma,
afirma que rezará para interceder pela saúde do doente. O terceiro profeta aparece
porque ouviu dizer que alguém queria expulsar o povo de suas terras. Uma vez
confirmada a história, este profeta conversa sobre as necessidades dos lavradores se
unirem para defenderem os seus direitos. Nesta breve encenação, em três atos
simples, o povo também simples releu a história dos profetas bíblicos e compreendeu
que mesmo o rezador, curava por obra de Deus, que o primeiro era um farsante e o
que terceiro entendia o povo. De tal interpretação ou releitura, o que sobrou da
conversa não foi o abandono da fé, mas o conhecimento de que a Bíblia escrevia
15

sobre coisas conhecidas do povo e que mesmo tendo sido escrita em outro tempo e
em outro país, lembrava a sua situação e o seu mundo atual. Vê-se que a fé não é
alterada pelo fato de reaproximar-se do texto bíblico, mas reatualizada pelo contato
direto com a vida. O medo de perder a fé é uma fuga do compromisso e uma acusação
que só poderia encontrar amparo naqueles que efetivamente não vinham vivendo na
vida a Bíblia da vida e sim uma Bíblia que tinha sido instrumentalizada para dominar.
Um dos grandes atributos da Bíblia, pelo menos propalado pelos povos que a
seguem, judeus e cristãos, é de que o Deus da Bíblia é o Deus da liberdade, da justiça
e da misericórdia. Ressalvando-se que estes títulos vem da boca de seu filho
unigênito, Jesus. Ressalvando-se ainda que somente é unigênito para os cristãos.
Quando o assunto é Antigo Testamento, lá parece que se encontra apenas um Deus
ciumento, vingativo e que castiga quem não lhe obedece. O povo parece não recordar
as passagens onde este Deus é misericordioso, piedoso, bondoso e amoroso. Os
primeiros atributos são humanos demais para não serem percebidos e prevalecerem
e os segundos, divinos demais para serem notados. As muitas passagens da
misericórdia de Deus parecem diluir-se e o povo não recorda do ato criador de homem
e de mulher, da salvação da humanidade diante do dilúvio, da salvação da família
diante do pecado de Sodoma, da religião do Deus único ao poupar Isaque, da acolhida
a Raab com toda a sua família por protegerem os enviados israelitas. Prevalece o
dilúvio e o fim da humanidade pela desobediência e pelo pecado. Sobressai a
obediência de Abraão, a destruição de Sodoma onde já não havia mais nenhum justo
e a invasão de Jericó.
Este tipo de recordação de algumas passagens bíblicas, enquadram Deus num
arquétipo vingativo e ciumento e, com certeza, num Deus que castiga, sendo por
conseguinte a imagem do Deus do Primeiro Testamento que primeiro vem à memória
do povo que estava afastado da Bíblia, porque foi este o Deus que infelizmente foi
transmitido a este povo. Mesmo o Deus de Jesus Cristo, todo amor e caridade, parece
que somente é recordado esporadicamente, pois que a expulsão dos vendilhões do
templo é uma das passagens mais recordadas, com o intuito de destacar o
comportamento agressivo daquele Jesus. Percebe-se então que o povo tende em
muitos momentos a realçar a característica divina da fúria. Não sabe este povo
contudo que estas características são estereótipos meramente humanos e não
divinos, o que reforça a construção do Deus do Antigo Testamento a partir do olhar
humano e o Jesus a partir da sua condição humana.
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Se o povo sozinho não consegue reler e redescobrir o verdadeiro Deus chega


o momento dele ser ajudado e esta ajuda não é sinônimo de pegar o povo pela mão,
mas sim de colocar em suas mãos a Bíblia e comparando as vidas daquela época em
que ela foi escrita e a vida que este povo está vivendo. Descortinar a este povo o
quanto de tempo ele perdeu pelo medo de entrar na Bíblia. Tempo inclusive em
perceber o quão são iguais os homens e as mulheres e que a diferença entre ambos
foi colocada em circunstâncias históricas, apoiadas na Bíblia, mas apoiadas apenas
em textos soltos e que no instante que houver a releitura, estas diferenças
desaparecerão e será percebido que para o Criador, homem e mulher foram feitos à
sua imagem e semelhança, como no primeiro relato da criação.
Ao falar sobre mulher, uma das novidades que a reaproximação do povo faz
com a Bíblia é a de perceber que as leituras antigas e intencionais de que havia nas
Escrituras uma tendência exclusivista para o homem, foi algo que ruiu e que tem
produzido com o tempo uma nova dinâmica na leitura para decifrar a participação
feminina ao longo dos textos sagrados. De mulher responsável pela entrada do
pecado no mundo, provocada pela aceitação e depois oferecimento do fruto do jardim,
a mulher do Gênesis, recebeu como maldição o de que seus desejos a impeliriam até
o homem (Gn 3, 16) e com isto ela seria dominada por ele. Um texto que certamente
serviu para a subjugação de infinitas gerações até hoje. Todavia, a mesma Bíblia,
quando relida traz à tona outra passagem, tão canônica quanto o Gênesis e que
declara que o desejo do homem amado o traz até a mulher (Ct 7, 11), numa escrita
mais do que humana que deixa transparecer que o desejo sensual não é exclusividade
de uma das partes e que ambos são movidos pela paixão. São estas descobertas que
desencadeiam a necessidade do povo se reapropriar daquilo que sempre foi seu,
como maneira de reler e redescobrir. Que seja no redescobrir a autoria humana da
Bíblia, que seja na participação de todos, homens, mulheres e crianças.
Nas palavras de Lopes (2010, P. 6) mulheres contadoras de histórias é uma
tradição antiga, tanto no povo bíblico, quanto no povo ao nosso redor e exemplos
dentro das escrituras estão espalhados, seja o caso de Rute e de sua sogra Noemi,
sejam de tantas outras, que de tão importantes estão relacionadas também na
genealogia de Jesus, relatada pelo evangelista Mateus, que ali recorda Tamar, Raab,
Rute, Betsabéia nas entre linhas e Maria. Para LOPES, no livro de Rute, as decisões
e o planejamento futuro são tomados por duas mulheres. São elas as detentoras dos
seus destinos. Esta revisão da participação da mulher na Bíblia desemboca numa
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sociedade onde a mulher é ultrajada e violentada, física, emocional e espiritualmente.


A revisão de uma vida a partir da Bíblia, em nada tem com o perder a fé. Longe disto,
recoloca a mulher no lugar do qual foi retirada pela sociedade e que infelizmente teve
o apoio em muitas homilias e sermões ao longo da história. Nas palavras de Machado
(2007, p 31) de que sexo são noções de aspectos físicos e biológicos, enquanto o
gênero tem a ver com sexo social é um discernimento e resgata a discussão não de
importância e sim das diferenças das características entre homem e mulher o que
equivocadamente além de diferenciar, divide a ambos em coisas de homem e coisas
de mulher. Trata-se de uma discussão que apenas reforça as diferenças. Para
Machado (2007, p 37) é Jesus que vai realmente provocar uma revolução nesta
maneira de pensar como na passagem da mulher que é pega em flagrante adultério
(Jo 7, 53 8, 11). Machado pede para adentrar e mergulhar no texto, em suas
entrelinhas, por trás das palavras, levantar suspeitas e garimpar. Para ela, retirando o
que sempre se tem falado sobre a saída dos homens, desde os mais velhos
demonstra não apenas que eles tinham pecado, mas que efetivamente nenhum tinha
sido testemunha do adultério, visto que a pena capital somente seria aplicada se tais
existissem. Mas, o que Machado ainda pede para que garimpemos no texto, é a
postura corporal da mulher e de Jesus. Ambos estão abaixados, num mesmo nível,
ela não era adúltera, pois se o fosse e estive sendo alvo de violência sexual com o
homem que não aparece no texto certamente teria agido como a regra exigia que era
de gritar por socorro (Dt 22, 23-24). Nas entrelinhas está provavelmente um ato
consensual entre esta mulher e o seu amante, por desejo e amor, uma decisão pura
e intrinsecamente humana e onde a vontade daquela mulher deve ter prevalecido
diante daqueles homens que a trouxeram para lapidar.
Este reler deste texto tão conhecido, abre a Bíblia para que o povo perceba que
muitas interpretações até hoje serviram apenas para ratificar um pensamento
dominante e no instante que o povo o relê, as nuvens se dissipam e a Bíblia retorna
para o seu meio.

CONCLUSÃO

O reencontro do povo com a sua obra literária, a Bíblia, reproduz o contato do


inspirador sagrado com o redator humano e deste reencontro a recontagem de
histórias passadas, vividas e revividas todos os dias em todos os rincões deste mundo.
18

Retornando a Mesters (1984, p. 19) e à sua parábola que desejou lá no passado que
o povo reencontrasse a porta da frente para religar a casa com a rua e vice versa.
Sonho e esperança de reencontro, visto que a casa deveria ter sempre a porta aberta
para que todos entrassem e tomassem seus lugares e contassem suas histórias.
Sem dúvidas o Vaticano II e a Igreja da América Latina lutaram e ainda lutam
para manter esta porta aberta, sem receios de perder a fé ou de se perderem nas
interpretações ou ainda de provocarem a perda de fé do povo. Longe disto, o tempo
tem mostrado que ambos produziram muito material de encorajamento para este povo
sedento e ansioso por forças divinas para que o protegessem e encorajassem contra
as opressões diárias. Mais do que fortificar a fé desse povo caminhante, foram ações
corajosas dos últimos cinquenta anos, impulsionadas pelos ares do concílio que na
realidade não mostravam coisas novas, apenas desvelavam, como que um
movimento apocalíptico que não está do lado de quem conduz a história, longe disto,
está ao lado do desvalido, do oprimido, daquele que está perdido, esmagado por uma
história oficial e compromissada (MESTERS e OROFINO, 2003, p. 20).
Este povo quer continuar a crer e o que se espera dos agentes de pastoral e
líderes é que os deixem acessar a Bíblia e deixem-na em seu meio. O povo
literalmente sabe o que faz e o que quer e não são os agentes de pastoral que tem o
crivo de selecionar ou de permitir o que o povo pode ler ou interpretar. Esses agentes
precisam compreender que o povo interpreta-se a si mesmo e como a Bíblia é o
próprio povo, é auto interpretação. Os medos e os receios dos agentes de que o povo
descubra as coisas da Bíblia ou que este a interprete nada tem a ver com a fidelidade
ao texto ou ao depósito fiel que é da Igreja. Este medo é censura e apropriação e tais
condições, desde a manifestação do filho de Deus não são mais toleradas. O povo
não perde a fé, ela a fortifica, o agente pode perdê-la somente se nunca a viveu, se
somente a imaginou. O povo deve sim perder a fé naquilo que lhe foi obrigado a
acreditar. Ele necessita resgatar a fé naquilo que sempre foi seu e entrar pela porta
da frente da sua casa, tomar seu lugar e vislumbrar a sua história, a sua obra.
REFERÊNCIAS

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vida, nº 14, 2004

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8, 11. Petrópolis: Ed. Vozes, Estudos Bíblicos 96, 2007.

MESTERS, C e OROFINO, F. Apocalipse de São João: a teimosia da fé dos


pequenos. Petrópolis: Ed. Vozes, 2003.

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