A conquista de Jerusalém por Nabucodonozor realizou-se em 3
fases ao longo de 20 anos. Nas duas primeiras fases o melhor do povo foi levado para o exílio na Babilónia. Entre os melhores do povo foram levados Daniel e Ezequiel.
A estratégia dos Babilónios relativamente aos cativos era
diferente da dos Assírios, que antes tinham levado Israel cativo. Os Assírios exilavam o povo duma terra conquistada e repovoavam a terra com estrangeiros. Os Babilónios só removiam a nobreza, os sábios, os artesãos e os mais fortes fisicamente. Deixavam os pobres e os mais fracos para governar a terra, deste modo, ganhavam a confiança dos que ficavam ao promove-los a posições de autoridade.
O melhor do povo foi levado com a finalidade de engrandecer
a Babilónia. Assim, Daniel e os seus amigos foram inscritos num curso de governo para futuros líderes da grande Babilónia.
Inicialmente, a vida dos cativos não era nada agradável.
Tirados da sua pátria e levados em cadeias para a Babilónia, contra a sua vontade, não era fácil. Mas, na Babilónia não foram mal tratados, deram-lhes liberdade para viver, deram- lhes casas para habitar e empregos. Os judeus encontraram uma realidade diferente da sua pátria. Os caldeus falavam aramaico e tinham costumes e hábitos de vida diferentes e adoravam deuses pagãos.
Mas, o Senhor continuava a falar com o seu povo. Enquanto
Jeremias profetizava em Jerusalém, Ezequiel profetizava no cativeiro. Ambos anunciaram que os Babilónios iam voltar para destruir a cidade de Jerusalém e o Templo, para causar ainda mais sofrimento. Certos falsos profetas, tanto em Jerusalém como na Babilónia, insistiram que a cidade de Jerusalém não iria padecer mais. Anunciaram aos exilados que o exílio não ia durar e que em breve todos iam volta à sua pátria.
Embora vivesse em Jerusalém, Jeremias estava preocupado
com os exilados, porque o futuro de Israel dependia da sobrevivência deles. Jeremias entendeu que, o maior perigo que os exilados enfrentavam era a assimilação dos valores da sociedade Babilónica. De facto, o propósito dos Babilónios ao levar o povo Judaico para lá, era promover a assimilação da cultura caldeia.
Era o seu objectivo que os exilados deixassem de ser Judeus e
se tornassem Babilónios, abraçando a sua cultura e religião. Foi por isso que deram um nome babilónico a cada exilado. O Senhor e Jeremias estavam preocupados com o facto do povo Judaico se identificar com a cultura e a religião da Babilónia, ao ponto de perder a sua identidade judaica.
Historicamente sabe-se que outras nações ainda mais
numerosas e poderosas do que Israel desapareceram fora da sua pátria ao perder a sua identidade. A igreja enfrenta este problema hoje. Existem pressões sócio culturais que vêm sobre nós para nos converter e conformar à mentalidade do mundo, no qual vivemos. Porém, como servos de Deus, somos chamados para fielmente servir o Senhor, e como povo, estamos firmemente identificados com o Senhor.
Felizmente, durante o exílio muitos Judeus reconheceram o
seu erro ao não darem ouvidos à voz do profeta Jeremias. Tudo o que o profeta anunciou aconteceu. Por isso, entenderam que, de facto, era profeta do Senhor. Assim, pediram a Jeremias que os aconselhasse, de forma que, soubessem comportar-se na Babilónia. A situação da igreja, que hoje está no mundo, é semelhante à do povo judeu na Babilónia. Assim, como os judeus precisavam saber como se deviam comportar, nós hoje também precisamos saber, como nos devemos comportar nesta sociedade ímpia e pagã. Deste modo, Jeremias escreveu uma carta aos exilados. É interessante que, a carta não contem ideias e opiniões de Jeremias. De facto, a carta não é de Jeremias, apenas a escreveu. O autor da carta é o Senhor. Por isso, a carta começa com as palavras: “…Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel…” Jeremias 29:4, e acaba com as palavras, “…assim diz o Senhor...” Jeremias 29:32. Do mesmo modo a Bíblia é a carta de Deus aos homens, embora tivesse usado muitos profetas para a escrever.
O Senhor queria que os exilados soubessem que não estavam
cativos por acaso, não estavam cativos por mérito de Nebucadonozor. O Senhor queria que entendessem que o Deus de Israel é o Senhor da história e que estavam cativos porque o Senhor o permitiu. O povo judeu estava onde o Senhor queria que estivesse. Como é importante saber que o Senhor tem um projecto para as nossas vidas e que nada nos acontece por acaso! Jeremias 29:4
O Senhor aconselhou o povo no exílio. Tinham que viver para
o Senhor onde estavam. Como estrangeiros, não podiam viver isolados da sociedade. Tinham que controlar o desejo e o sonho do Senhor os visitar e de regressarem à sua pátria. Tinham que ganhar o pão. Tinham que viver como bons cidadãos, demonstrando aos seus vizinhos pagãos um modo de vida totalmente diferente. Tinham que dar bom testemunho. Tinham de vencer a raiva por não estar na sua pátria. Tinham que orar pela paz da Babilónia. Do mesmo modo, a igreja não pode viver isolada da sociedade. Temos de ganhar o pão e viver como bons cidadãos, demonstrando uma vida diferente dos outros. Temos que ser sal no mundo. A nossa presença tem de fazer a diferença. Jeremias 29:5-7 O Senhor quis mostrar aos exilados que a finalidade do cativeiro era abençoar as suas vidas. No texto, o Senhor informa o povo que ficaria cativo durante 70 anos na Babilónia (Jeremias 25:12).
Nesta secção da carta o Senhor revelou que não estava contra
o seu povo. Foram levados para o cativeiro devido à sua idolatria e o seu modo de vida pagão. Mas, o Senhor desejava abençoá-los. O nosso Deus é bom. Quer sempre abençoar- nos. Ele é por nós. Se vivemos sem a bênção do Senhor a culpa é nossa.
O Senhor fez uma promessa maravilhosa aos exilados: “Um
dia no futuro ele mesmo os visitaria e trá-los-ia à sua pátria, Israel.” De igual modo, o Senhor prometeu-nos que um dia virá para buscar a sua igreja e a levará à sua partia no céu.
O Senhor explica-lhes que voltaria para os buscar quando o
buscassem de todo o coração, desejando conhece-lo perto e dispostos a obedecer-lhe em tudo. O Senhor também só voltará para buscar o seu povo, a igreja, quando o buscar de todo o coração, desejando conhecê-lo acima de tudo, estando disposto a deixar o Espírito Santo moldar as suas vidas como o Senhor deseja. “Maranata.” Jeremias 29:10-14
Ao longo da história sempre houve servos que, devido à sua
devoção ao Senhor e ao amor pelos outros, trabalharam para melhorar a vida social do homem. Onde quer que fossem lutavam e melhoravam as condições de vida dos mais desfavorecidos, como os sem abrigo, os pobres e as vítimas de injustiça. Construíram hospitais, fundaram orfanatos e criaram escolas. Estiveram envolvidos na reforma prisional, na abolição da escravatura e nas condições laborais de trabalhadores em fábricas e em minas. Estas pessoas viveram como sal e como luz nas suas gerações. Não podemos impedir que o amor de Cristo em nós transborde para os outros. Temos que oferecer a esperança que nos conduz à vida eterna, o Senhor Jesus e viver eternamente na sua presença. O Senhor aconselhou os exilados a casarem-se e a terem filhos. Era importante valorizar a vida familiar e transmitir a sua herança aos filhos. Tinham que mostrar aos vizinhos como os servos do Senhor vivem. Este também é o nosso dever.
Os exilados ficaram contentes com a carta de Jeremias.
Começaram a construir uma nova vida na Babilónia. Passados 70 anos havia cerca de um milhão de Judeus na Babilónia. Doze anos depois da destruição do Templo e da cidade de Jerusalém, os Judeus na Babilónia construíram sinagogas por toda a Babilónia. Adoravam o Senhor, liam as Escrituras e eram ensinados na lei acerca de como haviam de viver para Deus. Deste modo, sobreviveram ao exílio e não foram assimilados pela cultura e religião da Babilónia. De igual modo, a igreja fiel tem sido edificada por todo o mundo e o nome do Senhor cultuado, no corpo, o Senhor fala connosco pela sua palavra e recebemos o ensino necessário para viver servindo o Senhor (Hebreus 10:25).