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A carta aos exilados

Texto base: Jeremias 29

A conquista de Jerusalém por Nabucodonozor realizou-se em 3


fases ao longo de 20 anos. Nas duas primeiras fases o melhor
do povo foi levado para o exílio na Babilónia. Entre os
melhores do povo foram levados Daniel e Ezequiel.

A estratégia dos Babilónios relativamente aos cativos era


diferente da dos Assírios, que antes tinham levado Israel
cativo. Os Assírios exilavam o povo duma terra conquistada e
repovoavam a terra com estrangeiros. Os Babilónios só
removiam a nobreza, os sábios, os artesãos e os mais fortes
fisicamente. Deixavam os pobres e os mais fracos para
governar a terra, deste modo, ganhavam a confiança dos que
ficavam ao promove-los a posições de autoridade.

O melhor do povo foi levado com a finalidade de engrandecer


a Babilónia. Assim, Daniel e os seus amigos foram inscritos
num curso de governo para futuros líderes da grande
Babilónia.

Inicialmente, a vida dos cativos não era nada agradável.


Tirados da sua pátria e levados em cadeias para a Babilónia,
contra a sua vontade, não era fácil. Mas, na Babilónia não
foram mal tratados, deram-lhes liberdade para viver, deram-
lhes casas para habitar e empregos. Os judeus encontraram
uma realidade diferente da sua pátria. Os caldeus falavam
aramaico e tinham costumes e hábitos de vida diferentes e
adoravam deuses pagãos.

Mas, o Senhor continuava a falar com o seu povo. Enquanto


Jeremias profetizava em Jerusalém, Ezequiel profetizava no
cativeiro. Ambos anunciaram que os Babilónios iam voltar
para destruir a cidade de Jerusalém e o Templo, para causar
ainda mais sofrimento. Certos falsos profetas, tanto em
Jerusalém como na Babilónia, insistiram que a cidade de
Jerusalém não iria padecer mais. Anunciaram aos exilados que
o exílio não ia durar e que em breve todos iam volta à sua
pátria.

Embora vivesse em Jerusalém, Jeremias estava preocupado


com os exilados, porque o futuro de Israel dependia da
sobrevivência deles. Jeremias entendeu que, o maior perigo
que os exilados enfrentavam era a assimilação dos valores da
sociedade Babilónica. De facto, o propósito dos Babilónios ao
levar o povo Judaico para lá, era promover a assimilação da
cultura caldeia.

Era o seu objectivo que os exilados deixassem de ser Judeus e


se tornassem Babilónios, abraçando a sua cultura e religião.
Foi por isso que deram um nome babilónico a cada exilado. O
Senhor e Jeremias estavam preocupados com o facto do povo
Judaico se identificar com a cultura e a religião da Babilónia,
ao ponto de perder a sua identidade judaica.

Historicamente sabe-se que outras nações ainda mais


numerosas e poderosas do que Israel desapareceram fora da
sua pátria ao perder a sua identidade. A igreja enfrenta este
problema hoje. Existem pressões sócio culturais que vêm
sobre nós para nos converter e conformar à mentalidade do
mundo, no qual vivemos. Porém, como servos de Deus, somos
chamados para fielmente servir o Senhor, e como povo,
estamos firmemente identificados com o Senhor.

Felizmente, durante o exílio muitos Judeus reconheceram o


seu erro ao não darem ouvidos à voz do profeta Jeremias.
Tudo o que o profeta anunciou aconteceu. Por isso,
entenderam que, de facto, era profeta do Senhor. Assim,
pediram a Jeremias que os aconselhasse, de forma que,
soubessem comportar-se na Babilónia. A situação da igreja,
que hoje está no mundo, é semelhante à do povo judeu na
Babilónia. Assim, como os judeus precisavam saber como se
deviam comportar, nós hoje também precisamos saber, como
nos devemos comportar nesta sociedade ímpia e pagã.
Deste modo, Jeremias escreveu uma carta aos exilados. É
interessante que, a carta não contem ideias e opiniões de
Jeremias. De facto, a carta não é de Jeremias, apenas a
escreveu. O autor da carta é o Senhor. Por isso, a carta
começa com as palavras: “…Assim diz o Senhor dos exércitos,
o Deus de Israel…” Jeremias 29:4, e acaba com as palavras,
“…assim diz o Senhor...” Jeremias 29:32. Do mesmo modo a
Bíblia é a carta de Deus aos homens, embora tivesse usado
muitos profetas para a escrever.

O Senhor queria que os exilados soubessem que não estavam


cativos por acaso, não estavam cativos por mérito de
Nebucadonozor. O Senhor queria que entendessem que o
Deus de Israel é o Senhor da história e que estavam cativos
porque o Senhor o permitiu. O povo judeu estava onde o
Senhor queria que estivesse. Como é importante saber que o
Senhor tem um projecto para as nossas vidas e que nada nos
acontece por acaso!
Jeremias 29:4

O Senhor aconselhou o povo no exílio. Tinham que viver para


o Senhor onde estavam. Como estrangeiros, não podiam viver
isolados da sociedade. Tinham que controlar o desejo e o
sonho do Senhor os visitar e de regressarem à sua pátria.
Tinham que ganhar o pão. Tinham que viver como bons
cidadãos, demonstrando aos seus vizinhos pagãos um modo
de vida totalmente diferente. Tinham que dar bom
testemunho. Tinham de vencer a raiva por não estar na sua
pátria. Tinham que orar pela paz da Babilónia. Do mesmo
modo, a igreja não pode viver isolada da sociedade. Temos de
ganhar o pão e viver como bons cidadãos, demonstrando uma
vida diferente dos outros. Temos que ser sal no mundo. A
nossa presença tem de fazer a diferença.
Jeremias 29:5-7
O Senhor quis mostrar aos exilados que a finalidade do
cativeiro era abençoar as suas vidas. No texto, o Senhor
informa o povo que ficaria cativo durante 70 anos na Babilónia
(Jeremias 25:12).

Nesta secção da carta o Senhor revelou que não estava contra


o seu povo. Foram levados para o cativeiro devido à sua
idolatria e o seu modo de vida pagão. Mas, o Senhor desejava
abençoá-los. O nosso Deus é bom. Quer sempre abençoar-
nos. Ele é por nós. Se vivemos sem a bênção do Senhor a
culpa é nossa.

O Senhor fez uma promessa maravilhosa aos exilados: “Um


dia no futuro ele mesmo os visitaria e trá-los-ia à sua pátria,
Israel.” De igual modo, o Senhor prometeu-nos que um dia
virá para buscar a sua igreja e a levará à sua partia no céu.

O Senhor explica-lhes que voltaria para os buscar quando o


buscassem de todo o coração, desejando conhece-lo perto e
dispostos a obedecer-lhe em tudo. O Senhor também só
voltará para buscar o seu povo, a igreja, quando o buscar de
todo o coração, desejando conhecê-lo acima de tudo, estando
disposto a deixar o Espírito Santo moldar as suas vidas como
o Senhor deseja. “Maranata.”
Jeremias 29:10-14

Ao longo da história sempre houve servos que, devido à sua


devoção ao Senhor e ao amor pelos outros, trabalharam para
melhorar a vida social do homem. Onde quer que fossem
lutavam e melhoravam as condições de vida dos mais
desfavorecidos, como os sem abrigo, os pobres e as vítimas
de injustiça. Construíram hospitais, fundaram orfanatos e
criaram escolas. Estiveram envolvidos na reforma prisional, na
abolição da escravatura e nas condições laborais de
trabalhadores em fábricas e em minas. Estas pessoas viveram
como sal e como luz nas suas gerações. Não podemos impedir
que o amor de Cristo em nós transborde para os outros.
Temos que oferecer a esperança que nos conduz à vida
eterna, o Senhor Jesus e viver eternamente na sua presença.
O Senhor aconselhou os exilados a casarem-se e a terem
filhos. Era importante valorizar a vida familiar e transmitir a
sua herança aos filhos. Tinham que mostrar aos vizinhos como
os servos do Senhor vivem. Este também é o nosso dever.

Os exilados ficaram contentes com a carta de Jeremias.


Começaram a construir uma nova vida na Babilónia. Passados
70 anos havia cerca de um milhão de Judeus na Babilónia.
Doze anos depois da destruição do Templo e da cidade de
Jerusalém, os Judeus na Babilónia construíram sinagogas por
toda a Babilónia. Adoravam o Senhor, liam as Escrituras e
eram ensinados na lei acerca de como haviam de viver para
Deus. Deste modo, sobreviveram ao exílio e não foram
assimilados pela cultura e religião da Babilónia. De igual
modo, a igreja fiel tem sido edificada por todo o mundo e o
nome do Senhor cultuado, no corpo, o Senhor fala connosco
pela sua palavra e recebemos o ensino necessário para viver
servindo o Senhor (Hebreus 10:25).

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