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ACADEMIA DE MOISÉS

AZAMRA
& FILHA DO REI

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INTRODUÇÃO
Apresentamos aqui dois aspectos do Rebe Nachman
de Breslev (4 de Abril de 1772 - 16 de Outubro 1810).
Primeiramente uma de suas famosas estórias, que
encantam com contos de tempos imemoriais, com
suas princesas, gigantes e outras maravilhas –
ao mesmo tempo que contém em suas alegorias
segredos profundos da Torá . Depois trazemos a
Torá 282 do Likutey Moharan, "Azamra", com sua
mensagem de alegria e esperança.

1
SOBRE O

R EB E N A CHM A N
DE B R E S L E V
Em sua curta vida, Rebe Nachman alcançou muito

reconhecimento como sábio e líder espiritual, e é

considerado uma figura chave na história do chassidismo.

Eis alguns de seus ensinamentos de forma resumida:

Cada chassid deve “procurar o tsadic” dentro de si

mesmo. Todo judeu tem o potencial de se tornar um tsadic.

Os sábios da Torá, os tsadikim, beneficiam a comunidade

por meio de suas mitsvot. No entanto, eles não têm o poder

de “absolver” um chassid de seus pecados – e o chassid deve

orar somente a D’us, e não ao Rebe.

Em sua juventude ele enfatizava

a prática do jejum e autopunição

como o meio mais eficaz de

arrependimento. Nos anos posteriores,

no en-tanto, ele abandonou esse

ensinamento, porque sentia que

eles poderiam levar à depressão e

à tristeza. Ele passou a recomendar

que seus seguido-res escolhessem

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uma mitsvá “pessoal”, sendo rigorosos nela – e cumprirem

as demais mitsvot com o nível normal de cuidados.

Ele pedia a todos, que procurassem seus pontos positivos, e os

dos demais, para abordar a vida em um estado de felicidade

contínua. Se al-guém não consegue encontrar “pontos positivos”

em si mesmo, ele precisa reavaliar seus atos. Se imaginar que

seus atos foram movidos por motivos ocultos ou pensamentos

impróprios, ainda assim deve procurar os aspec-tos positivos

dentro deles. E, se ele não encontrar nenhum ponto positivo,

deve ao menos estar feliz por ser judeu! Isso é uma dádiva Divina.

Ele colocava grande ênfase em viver com fé, simplicidade e

alegria. En-corajava seus seguidores a bater palmas, cantar

e dançar durante ou após suas orações, trazendo-os para um

relacionamento mais próximo com D’us.

Enfatizava a importância da aprendizagem intelectual

contínua dos ensinamentos da Torá. Seus discípulos estavam

totalmente familiarizados com todos os textos clássicos do

judaísmo, incluindo o Talmud e seus co-mentários, o Midrash

e o Shulchan Aruch.

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PARTE 1

A FILH A D O REI
Ele (Rebe Nachman) ergueu a
voz e disse: "Durante o caminho
eu contei uma estória e todos
que a escutaram tiveram um
pensamento de arrependimento.
A estória é a seguinte":

Havia uma vez um rei. Ele tinha


seis filhos e uma filha.

A filha era muito preciosa


aos seus olhos. Ele a amava
excepcionalmente e maravilhava-
se na sua presença.

Uma vez, quando estavam juntos


num certo dia, ele se zangou com
ela e as palavras "Possa o não-
bom levá-la embora" escaparam
de sua boca.
Durante o caminho
À noite ela foi para o quarto e eu contei uma
na manhã seguinte ninguém estória e todos que
sabia onde estava. O pai ficou a escutaram tiveram
desesperado e saiu a procurá-la
um pensamento de
por todos os lugares. O vice-rei,
vendo tamanha aflição, levantou- arrependimento
se e pediu ao rei que lhe fosse
entregue um servo, um cavalo e
dinheiro para as despesas, e saiu
à procura dela. Ele procurou muito

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por ela, durante muito tempo, (Agora Rebe Nachman relata como o vice-rei
procurou até encontrá-la.)

O vice-rei viajou por muito tempo, procurando por ela em todos os lugares:
desertos, campos e florestas. E procurou por ela durante muito tempo. Ele
seguia pelo deserto, quando viu um atalho, um caminho para o lado. Ele
ponderou muito e decidiu: "Visto que tenho caminhado durante tanto tempo
no deserto e não a encontrei, seguirei por este caminho. Talvez encontre
uma povoação". E caminhou por muito tempo.

Então encontrou um castelo e várias legiões de soldados à sua volta. O


castelo era muito bonito e as legiões estavam à sua volta em perfeita
ordem, dando-lhe um ar digno e uma aparência imponente. Ele receou que
os soldados não o deixassem entrar. O vice-rei pensou consigo mesmo: "Vou
em frente e tentarei entrar". Deixou o cavalo para trás e seguiu para o castelo.
Permitiram-lhe entrar e nada fizeram para impedi-lo. Sem ser interrogado,
caminhou de sala em sala. Chegou ao salão real, onde viu o rei sentado
com sua coroa, e havia vários grupos de soldados à sua volta. Havia vários
instrumentistas diante dele – era algo muito agradável e bonito.

Nem o rei ou qualquer outro naquela sala fez-lhe qualquer tipo de pergunta.
Ele viu iguarias e boa comida na sala, foi lá e comeu. Depois se sentou num
canto para ver o que aconteceria ali.

Ele viu que o rei ordenou trazerem a rainha e foram buscá-la. Houve grande
comoção e muita alegria. A banda tocava e cantava intensamente enquanto
a rainha entrava. Um trono foi colocado para ela e ela se sentou ao lado do
rei. Era a filha do rei mencionada antes, e o vice-rei, ao vê-la, reconheceu-a.

A rainha olhou ao redor, viu alguém sentado num canto e o reconheceu.


Ela se levantou de seu trono e foi falar com ele. Ela perguntou: "Você me
conhece?" Ele respondeu: "Sim, conheço. Você é a filha do rei que estava
perdida”. Então ele perguntou: "Como você chegou até aqui?" Ela respondeu:
"Porque meu pai manifestou-se com as palavras: 'que o não-bom possa
levá-la embora', e aqui é o lugar que não é bom". Então ele relatou-lhe como

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seu pai estava muito abalado e como a tem procurado durante muitos anos.

Ele perguntou: "Como posso tirá-la daqui?" Ela respondeu: "É impossível
tirar-me daqui, a não ser que escolha um lugar para ficar por um ano, e
durante este ano você tem de ansiar por tirar-me daqui. Toda vez que tiver
um tempo livre, deve ocupá-lo com essa vontade, e desejar e ter esperança
de tirar-me daqui. E também deve jejuar. E no último dia do ano, deve jejuar
e não dormir durante um período de 24 horas”.

O vice-rei retirou-se e assim o fez. No final do ano, no último dia, ele jejuou e
não dormiu, levantou-se e foi até lá (ter com a filha do rei, com o propósito
de tirá-la do castelo). Ele reparou numa árvore, na qual cresciam maçãs
muito bonitas. Elas se tornaram desejáveis aos seus olhos e ele foi e comeu.
Assim que comeu a maçã, imediatamente caiu, foi tomado por um sono
profundo e dormiu por muito tempo. O servo tentou acordá-lo, mas não
conseguiu despertá-lo.

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Depois de muito tempo, acordou.
Ele perguntou ao servo: "Onde no
mundo estou?" Ele contou toda
a história e disse: "Você esteve
dormindo por muito tempo. Na
verdade, foram muitos os anos em
que você esteve adormecido e eu
me alimentei com frutas”. O vice-
rei ficou muito transtornado. Ele foi
até o castelo e encontrou a filha
do rei. Ela se lamentou muito com
ele e demonstrou muita angústia.
"Por causa de um dia você perdeu
tudo (em outras palavras, porque
você não conseguiu se controlar
por um dia e comeu a maçã,
você perdeu tudo), pois se tivesse
vindo naquele dia, teria me tirado
daqui. É verdade que é difícil não
comer, especialmente no último
dia - quando a tentação se torna "Você foi convencido de
muito forte (isto foi o que a filha
algo sem sentido algum,
do rei disse a ele, e agora ela iria
tornar a proibição mais leve, e não pois isso com certeza
seria proibido a ele comer, visto não existe!" Ele começou
que era algo difícil de obedecer). a chorar amargamente
Sendo assim, você deve escolher
(o vice-rei chorava
novamente um lugar e deve ficar
lá também durante um ano. No
muito) e disse: "Com
último dia poderá comer; apenas certeza tem de existir,
não poderá dormir e não poderá tem de ser possível
beber vinho para não cair no encontrar em algum
sono. A coisa mais importante é
lugar!"
evitar dormir." Ele foi e assim fez.

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No último dia, quando voltava para lá, ele viu uma nascente. A cor da nascente
era vermelha e o cheiro era de vinho. Ele perguntou ao servo: "Você viu?
Isto é uma nascente (que deveria ter água), mas sua cor é vermelha e seu
cheiro é de vinho!" Ele foi e provou da nascente. Imediatamente desfaleceu
e dormiu por muitos anos, 70 anos. Durante este tempo várias legiões de
soldados passaram com vagões de equipamentos.

O servo se escondeu dos soldados. Depois passou uma carruagem coberta


e lá dentro ia a filha do rei. Ela parou perto dele, desceu e sentou-se ao
lado dele. Ela o reconheceu. Ela o sacudiu fortemente para despertá-lo,
mas ele não podia ser acordado. Ela começou a se lamentar e disse: "Tanto
você lutou e se esforçou durante tantos anos, privando-se e trabalhando
arduamente para me tirar daqui, e neste dia, quando isso deveria acontecer,
você infelizmente perdeu a oportunidade." Ela chorou muito por tudo isso e
disse: "Lamento muito, por você e por mim. Eu tenho estado aqui durante
tanto tempo e não posso sair". Depois ela tirou o lenço da cabeça, escreveu
nele com suas lágrimas e o colocou junto dele. Ela levantou-se, entrou na
carruagem e partiu.

Tempos depois o vice-rei acordou e perguntou ao servo: "Onde no mundo


estou?" Ele contou toda a história, como várias legiões de soldados haviam
passado e depois uma carruagem tinha estado ali e que a filha do rei havia
chorado por ele e dito: "Lamento muito por você e por mim…", etc (tal como
relatado antes). Nesse ínterim, ele olhou e notou que havia um lenço caído
ao seu lado e perguntou: "De onde veio isso?" O servo respondeu: "A filha do
rei o deixou e escreveu nele com suas próprias lágrimas".

O vice-rei pegou o lenço e o colocou contra o sol. Ele começou a ver as letras
e leu o que lá estava escrito: as lamentações dela e os seus gritos, e que
agora não estava mais naquele castelo (que foi mencionado antes), e que
ele deveria procurar uma montanha dourada e um castelo de pérolas. "Lá
você me encontrará".

Então ele (o vice-rei) deixou o servo para trás e foi sozinho procurá-la. Ele
procurou-a por muitos anos. Logo concluiu que numa área povoada não

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iria encontrar uma montanha dourada e um castelo de pérolas, pois ele era
perito em mapas do mundo. "Eu irei pelos desertos e procurarei lá". Ele foi e
procurou por ela nos desertos durante muitos anos.

Depois de muito tempo, viu um homem muito grande, cujo tamanho não
podia ser considerado humano. Ele carregava uma enorme árvore. Numa
área povoada, tal árvore era impossível de ser encontrada. O gigante
perguntou-lhe: "Quem é você?" Ele respondeu: "Eu sou um humano". O
gigante ficou maravilhado e disse: "Tenho estado por muito tempo no deserto
e nunca tinha visto um ser humano por aqui antes!" O vice-rei relatou toda
a história e que procurava a montanha dourada e o castelo de pérolas. O
gigante respondeu: "Com certeza tais coisas não existem". Ele tentou fazê-
lo desistir da ideia, desencorajando-o e dizendo: "Você foi convencido de
algo sem sentido algum, pois isso com certeza não existe!" Ele começou a
chorar amargamente (o vice-rei chorava muito) e disse: "Com certeza tem
de existir, tem de ser possível encontrar em algum lugar!" Ele o dissuadiu (o
gigante o desencorajou) dizendo: "Você foi convencido de algo sem sentido".
E ele (o vice-rei) disse: "Definitivamente tem de existir em algum lugar".

O gigante disse: "Em minha opinião isto é ridículo, mas como você está
obstinado, tentarei ajudá-lo. Eu estou no comando de todos os animais. Vou
chamar todos - eles correm por todo o mundo - talvez um deles conheça
essa montanha e o castelo".

Ele chamou todos os animais selvagens, desde o menor ao maior, e lhes


perguntou sobre a montanha e o castelo. Todos responderam que não
tinham visto tal coisa. O gigante disse: "Vê, foi lhe contado algo sem sentido.
Se quiser dar-me ouvidos, volte para trás. Com certeza nunca irá encontrar
tais coisas, pois não existem em parte alguma do mundo". E o vice-rei
teimosamente insistia e dizia: "Com certeza existem!".

O gigante disse ao vice-rei: "Olhe, eu tenho um irmão mais à frente no deserto


que está no comando de todas as aves. Talvez elas saibam, já que voam
alto. Talvez elas tenham visto essa montanha e o castelo. Vá até ele e diga
que eu o enviei".

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Ele procurou durante muitos anos, até que encontrou um homem muito
grande, que também carregava uma árvore muito grande e que o questionou
como o primeiro. Ele (o vice-rei) respondeu, contando-lhe toda a história,
e que o seu irmão o havia enviado a ele. E também ele (o irmão) tentou
desencorajá-lo visto que era óbvio que tais coisas não existiam, e o vice-rei
argumentou que certamente existiam. Ele disse (o segundo gigante disse ao
vice-rei): "Eu estou no comando de todas as aves. Vou convocá-las, talvez
elas saibam". Ele chamou todas as aves e perguntou a elas, desde a menor
até a maior. Elas responderam que não conheciam aquela montanha
com o castelo. Ele disse: "Não está vendo? Isso com certeza não existe em
parte alguma do mundo! Se quiser dar-me ouvidos, volte para casa, pois
claramente tais coisas não existem!" E ele (o vice-rei) insistiu, dizendo:
"Isso com certeza existe em alguma parte do mundo!". Ele disse (o segundo
gigante disse ao vice-rei): "Mais à frente, no deserto, está o meu outro irmão.
Ele está no comando de todos os ventos e eles percorrem o mundo todo.
Talvez eles conheçam".

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Ele procurou durante muitos anos e encontrou um gigante que carregava
uma árvore muito grande, que também o questionou. Ele respondeu
contando-lhe toda a história. Esta pessoa também o tentou desencorajar e
o vice-rei argumentou com ele também. Ele lhe disse (este terceiro homem
ao vice-rei) que ia fazer-lhe um favor, que chamaria todos os ventos e lhes
perguntaria. Então chamou todos os ventos e eles vieram. Ele perguntou a
todos, mas nenhum deles sabia da montanha com o castelo. Ele disse ao
vice-rei: "Você não consegue ver que lhe contaram algo sem sentido?" O
vice-rei começou a chorar profusamente e disse: "Eu tenho certeza de que
existe!".

Enquanto conversavam, ele reparou que outro vento havia chegado. O


comandante, muito zangado, perguntou: "Por que chegou tão tarde? Não
ordenei que todos viessem? Por que você não veio com eles?" Respondeu
o vento: "Eu me atrasei porque tive de transportar a filha do rei para uma
montanha dourada com um castelo de pérolas". Ele ficou radiante (o vice-
rei se encheu de alegria, pois finalmente ouviu o que tanto desejava).

O comandante dos ventos perguntou ao vento: "O que é valioso naquele


local? (que coisas são consideradas preciosas e importantes por lá?)" Ele
respondeu: "Lá tudo é valioso!" O comandante dos ventos voltou-se para o
vice-rei e disse: "Visto que a tem procurado durante tanto tempo e investido
tantos esforços, você não pode deixar tudo se perder por falta de dinheiro.
Vou lhe dar um recipiente e sempre que colocar sua mão lá dentro, receberá
dinheiro". Ele ordenou ao vento que o levasse (o vice-rei) até o local. O vento
tempestuoso veio e o levou até lá, deixando-o no portão.

Batalhões de soldados estavam ali e não o deixaram entrar na cidade.


Então ele pôs a mão dentro do recipiente, tirou dinheiro para suborná-
los e entrou na cidade. A cidade era linda e ele foi ter com uma pessoa
muito rica que tinha uma pensão, e alugou um quarto com comida. Ele
precisava ficar por ali algum tempo, porque seria necessário usar de
sabedoria e inteligência para estruturar um plano de como levá-la dali.
(Como ele a tirou de lá, o Rebe não contou). No final, ele a tirou de lá.

Amen Selá!

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PARTE 2

A ZAMR A
Saiba, é necessário julgar todas
as pessoas favoravelmente.
Mesmo alguém que é
completamente perverso, é
necessário procurar e encontrar
nele um pouco de bom, que
nesse pouco ele não seja
perverso. E ao se encontrar nele
um pouco de bom e o julgar
favoravelmente, esta pessoa
é realmente elevada ao lado
meritoso da balança, e isso pode
fazê-lo retornar em Teshuvá
(arrependimento).

Este é um aspecto de (Salmos


37:10) "E mais um pouco e
não haverá uma pessoa
perversa; você irá contemplar
seu lugar e ela não estará lá".
Este versículo nos ensina a
Saiba, é necessário
julgar todos favoravelmente; e julgar todas as pessoas
mesmo que veja que a pessoa é favoravelmente.
completamente perversa, ainda
assim deve procurar e buscar
encontrar nela um pouco de
bom, em que nisso ela não
seja perversa. E isto é: "E mais
um pouco e não haverá uma
pessoa perversa" - você precisa
procurar nela mais um pouco

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de bom que possua, em que nisso ela não seja perversa. Pois mesmo sendo
perversa, como é possível que não haja nela um pouco de bom, como é
possível que não tenha feito uma mitsvá ou uma boa ação em sua vida?
E encontrando nela um pouco de bom em que nisso não seja perversa e
julgando-a favoravelmente, você a eleva da dimensão da culpa para a
dimensão do mérito, até que assim retornará em Teshuvá (arrependimento).

E isto é: "E mais um pouco e não haverá uma pessoa perversa", pois quando
você encontra no perverso mais um pouco de bom em que nisso ele não
é perverso, "e você irá contemplar seu lugar e ela não estará lá". Ou seja:
quando você contemplar e observar seu lugar e nível, ele não estará mais lá
em seu lugar inicial, pois encontrando nele mais um pouco de bom, algum
ponto positivo, e o julgando favoravelmente, ele é movido da dimensão de
culpa para a dimensão de mérito. E isto é: "e você irá contemplar seu lugar
e ela não estará lá", como explicado acima, e entenda isso.

Da mesma forma, o indivíduo deve encontrar um ponto bom em si mesmo.


É sabido que a pessoa deve cuidar-se de estar sempre alegre e afastar por
completo a tristeza (como já foi explicado várias vezes por nós). E mesmo se
começar a inspecionar-se e constatar que não possui nada de bom e que
está repleto de falhas, e com isso as forças do mal desejam fazê-lo cair em
tristeza e depressão, D’us nos livre – mesmo assim ele não deve abalar-se
com isso. Ao contrário, a pessoa deve procurar até que encontre em si um
pouco de bom. Pois como é possível que não fez em sua vida alguma mitsvá
ou boa ação?

E mesmo se quando ela começar a examinar esta coisa boa perceber que
há muitas falhas e é imperfeito, ou seja, a pessoa constatar que a mitsvá
e a ação sagrada em si que teve o mérito de executar está repleta de
interesses próprios, pensamentos externos e vários defeitos, ainda assim,
como é possível que não haja nessa mitsvá ou ação sagrada algo de bom?
De qualquer forma, apesar disso seguramente houve algum ponto positivo
na mitsvá e boa ação que fez.

A pessoa deve procurar e buscar até que encontre em si um pouco de bom


para se revitalizar e atingir a alegria. Através que procura e encontra em si

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um pouco de bom restante, ela sai da dimensão da culpa para a dimensão
do mérito, tornando-se capaz de se arrepender em um aspecto de "E
mais um pouco e não haverá uma pessoa perversa; você irá contemplar
seu lugar e ela não estará lá", como mencionado. Em outras palavras:
assim como é necessário julgar os outros favoravelmente, até mesmo os
perversos, e encontrar neles alguns pontos positivos – o que os moverá da
dimensão da culpa para a dimensão do mérito, em um aspecto de "E mais
um pouco ... e você irá contemplar" - assim também a pessoa deve julgar a
si mesma favoravelmente e encontrar em si algum ponto positivo restante
para fortalecer-se e não cair totalmente, D’us nos livre. Pelo contrário, deve
revitalizar-se e alegrar sua alma com o pouco de bom que encontrou em
si, ou seja: o mérito que teve de fazer uma mitsvá ou boa ação. Então, deve
continuar procurando até encontrar em si outra coisa boa. E mesmo se
igualmente estiver misturada com bastante impureza, ainda assim deve
retirar de lá algum ponto positivo. Deste modo, deve seguir procurando e
juntando pontos positivos adicionais.

Desta forma são criadas melodias; trata-se do aspecto de tocar um


instrumento musical, que corresponde a retirar o bom espírito do espírito
quebrado, depressão (como explicado no discurso "E foi ao fim", Torá 54,
no Likutey Moharan). [Em resumo: como é sabido, a música sagrada é algo
extremamente elevado e a melodia é feita basicamente da separação do
bom do ruim; separando e colhendo os pontos positivos de dentro do mal,
são feitas melodias e canções. (Estudar a fonte acima)].

Portanto, ao não se deixar abalar, mas revitalizando-se através de procurar


e buscar até encontrar em si alguns pontos positivos, colhendo e separando
esses pontos positivos de dentro do ruim e impuro que há nela, através disso
são feitas melodias. Então ela pode rezar, cantar e agradecer a D’us.

Pois é sabido que quando a pessoa se abala por causa de sua materialidade
e más ações, e percebe que está extremamente afastada da santidade,
na maioria das vezes ela não consegue sequer rezar. Ela não pode nem
abrir sua boca por causa da grande tristeza, depressão e abatimento que
recaem sobre ela ao verificar quão distante está de D’us. Porém quando

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se revitaliza utilizando-se do
conselho acima (ou seja: mesmo
sabendo que possui más ações
e muitos pecados e que está
extremamente afastada de D’us,
ainda assim procura e busca
até que encontra em si alguns
pontos positivos, revitalizando-se
e alegrando-se com isso – pois
certamente é correto a pessoa
se alegrar demasiadamente
com cada ponto positivo da
santidade de Israel que encontra
em si) ela consegue rezar,
cantar e agradecer a D’us.
Este é um aspecto de (Salmos
146:2): "Cantarei ao meu D’us
com o pouco que me resta";
especificamente "com o pouco
que me resta", com o ponto
positivo que ainda encontro em A principal causa do
mim, um aspecto de “E mais um
afastamento da maioria
pouco e não haverá uma pessoa
perversa", como explicado acima. das pessoas que estão
Por meio deste ponto positivo afastadas de D'us é a
poderei cantar e agradecer depressão e a tristeza
a D’us. E isto é “Cantarei ...” –
pois caem em seu
especificamente "Cantarei ...", ou
seja, cânticos e melodias feitos
autoconceito ao verem
através da coleção dos pontos o tamanho do dano que
positivos, como explicado acima. seus atos causaram,
[Rebe Nachman, de abençoada cada um de acordo
memória, alertou muito para
com o que conhece de
vivermos com esta lição, pois
é um fundamento básico para suas mágoas e dores.
todos os que querem aproximar-

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se de D'us e para que não percam o seu Mundo Vindouro por completo. A
principal causa do afastamento da maioria das pessoas que estão afastadas
de D'us é a depressão e a tristeza, pois caem em seu autoconceito ao verem
o tamanho do dano que seus atos causaram, cada um de acordo com o que
conhece de suas mágoas e dores. Aí ficam desenganadas e a maioria desiste
por completo. Consequentemente não rezam com nenhuma concentração
e não fazem nem aquilo que ainda poderiam fazer.]

Isto é algo que a pessoa deve entender muito bem. Todas as quedas na
autoestima, mesmo que pelas más ações que tenha praticado, e a tristeza
e depressão que se seguem são puramente obra das forças do mal, que
enfraquecem sua mente para que caia por completo, D'us nos livre. Por
isso a pessoa deve estar determinada a viver com esta lição, procurando
e buscando em si a todo momento um pouco de bom e pontos positivos,
etc, como mencionado anteriormente. Desta maneira ela se revitalizará e
aguardará sua salvação, e poderá rezar, cantar e agradecer a D'us num
aspecto de "Cantarei ao meu D'us com o pouco que me resta". Assim
conseguirá retornar de verdade a D'us, como mencionado.

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E saiba que quem consegue criar essas melodias, ou seja, colher os pontos
positivos de cada um de Israel - inclusive dos pecadores, como mencionado
- poderá rezar diante do púlpito (guiar a reza, ser chazan). Aquele que reza
diante do púlpito é chamado sheliach tzibur (enviado da congregação) e
ele deve ser enviado por toda a congregação, ou seja: precisa colher todos
os pontos positivos que existem em cada um dos congregantes. Todos os
pontos positivos devem incluir-se nele, e ele deve erguer-se e rezar com
todo esse bem – isto significa sheliach tzibur (enviado da congregação). É
necessário que ele possua um aspecto elevado e que através deste aspecto
todos os pontos irão desejá-lo e se incluirão nele.

Quem consegue criar as melodias mencionadas acima - ou seja, consegue


julgar todos favoravelmente, mesmo os frívolos e pecadores, pois persiste
em procurar e buscar encontrar em todas as pessoas pontos positivos - este
Tzadik (justo, sábio) que se encontra neste nível pode ser chazan e sheliach
tzibur, rezar diante do púlpito. Ele tem esse aspecto que é necessário a um
sheliach tzibur verdadeiramente apropriado, que todos os pontos positivos
o desejam e são inclusos nele, pois ele consegue colher todos os pontos
positivos que existem em cada um de Israel, mesmo dos pecadores de Israel.

E saiba, em cada geração há um pastor (líder) e ele é um aspecto de Moshe,


que é conhecido como o "fiel pastor". Este pastor faz um Santuário (Mishkan).
E saiba, as crianças que estudam a Torá junto ao rabino recebem seu hálito
imaculado desse Santuário. Por isso, quando a criança começa a ler e
entrar no estudo da Torá, ela começa de Vaikrá (E Ele chamou) el Moshe,
que possui uma letra Aleph diminuída. Vaikrá fala sobre o fim da construção
do Santuário, quando D'us chamou Moshe e começou a falar com ele de
dentro do Santuário. Por isso, ali (Vaikrá) começam as crianças, pois de lá
(do Santuário) recebem seu hálito e de lá começam a ler e entrar no estudo
da Torá.

E saiba, cada um dos Tzadikim da geração é um aspecto de pastor, pois em


cada um há uma característica de Moshe. Cada um deles, de acordo com
seu aspecto, faz um tipo de Santuário, que de lá recebem as crianças seu
hálito. Conforme o aspecto de cada um, de acordo com o tipo de Santuário

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que faz, assim ele terá crianças que recebem seu hálito de lá. Portanto cada
um dos Tzadikim da geração possui certo número de crianças que recebem
dele seu hálito, cada um de acordo com seu aspecto. Este é o significado
do que disseram nossos Sábios, de abençoada memória (Talmud Shabat
33b): "As crianças são arrebatadas pelo pecado da geração, como está
escrito (Cântico dos Cânticos 1:8): 'E pastoreie suas jovens cabras junto às
tendas (mishkenot) dos pastores' - (as crianças) são tomadas como penhor
(mitmashkenin) no lugar dos pastores". "Junto às tendas (mishkenot) dos
pastores" significa que elas recebem seu hálito dos mishkanot dos pastores,
que são os Tzadikim da geração, pois cada um faz um Santuário (mishkan).
jovens cabras junto às tendas (mishkenot) dos pastores' - (as crianças) são
tomadas como penhor (mitmashkenin) no lugar dos pastores". "Junto às
tendas (mishkenot) dos pastores" significa que elas recebem seu hálito dos
mishkanot dos pastores, que são os Tzadikim da geração, pois cada um faz
um Santuário (mishkan).

Entretanto, saber tudo isso, ou seja: saber de cada Tzadik, quais crianças
são associadas a ele e quanto recebem dele, saber todos os aspectos que
existem nisso e a geração que virá delas até o final dos tempos - saiba que
quem consegue fazer as melodias mencionadas anteriormente pode saber
tudo isso. Este é o segredo do que disseram nossos Sábios, de abençoada
memória, na Mishná (Shabat 11a – em relação à proibição de ler sozinho
à luz de velas no Shabat, para evitar que mova a vela): "Em verdade, eles
disseram, o chazan observa onde as crianças estão lendo". O chazan - ou
seja, quem pode fazer as melodias mencionadas, pois ele pode ser chazan
e sheliach tzibur e rezar diante do púlpito - observa e sabe onde as crianças
estão lendo, ou seja: de qual Tzadik elas recebem seu hálito, que através
dele elas leem e entram no estudo da Torá.

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Nossa missão é gerar impacto positivo na


vida de pessoas em todo o mundo através
do ensino das escrituras judaicas.

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