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O Ketôret era uma oferenda de incenso composta poronze especiarias moídas, que era

queimada diariamente no Templo Sagrado deJerusalém uma vez pela manhã e outra vez à
tarde.

O Ketôret é mais apreciado por Deus que todas asoutras oferendas. Isto porque ele
não vem expiar nenhuma transgressão ou falta,como as outras oferendas. Ele era
trazido para aumentar a “satisfação” Divina,pois é como se alegrasse o coração do
Eterno, retirando a cólera e os mausveredictos do mundo, conforme está escrito:
“Óleo e incenso alegrarão ocoração”[1].

O Ketôret é é ainda mais querido porque nenhuma partedele está relacionada à “Sitrá
Achará” (o “Outro Lado”), que foge delepor este ser integralmente dedicado a
Deus[2].

Uma vez que o Ketôret vem alegrar o Eterno, estaoferenda liga o Povo de Israel a
Ele. Por isso, a palavra hebraica para incensoé “ketôret”, que significa “ligação”
em aramaico (assim como “kêsher”,em hebraico[3]).

O Rabino Shim´on bar Yochai zt”l, autor do ZôharHacadosh, obra fundamental da


sabedoria judaica, acessível somente aos maiseruditos, descreve a importância e o
poder do Ketôret. Em ParashatVayerá consta:

“Disse Rabi Pinechás: ´Certa vez, estava andando nocaminho quando encontrei o
Profeta Eliyáhu, zachur latov. Pedi a ele: ´Porfavor, meu senhor, ensine-me algo
que seja bom e útil a todos´. Então ele dissea mim: ´Quando, Deus não permita,
existe um mau decreto e todos os anjos vêmargumentar contra o indivíduo, se as
pessoas lerem a ordem das oferendasregistradas na Torá com intenção e compreensão,
todos advogarão em seufavor perante Deus. Ainda por cima, quando existir alguma
epidemia, Deus noslivre e guarde, há um pacto e uma proclamação Celestial que diz:
´Se os membrosde Israel se congregarem nas sinagogas e casas de estudo da Torá e
leremcom intenção e vontade a ordem da oferenda do Ketôret, o decreto daepidemia
será anulado´.´´”

Ainda no Zôhar Chadash sobre Shir Hashirimconsta: “Isto é um decreto perante Deus:
Todo aquele que lê com atenção tododia a ordem da oferenda do Ketôret será salvo de
todo mal, depensamentos ruins, de ajuizamentos desfavoráveis ou de morte; e não
seráatingido por nenhum agente ruim naquele dia, sendo imprescindível
colocarespecial intenção.”

Prossegue Rabi Shim´on: “Se as pessoas soubessemquão importante é a ordem do


Ketôret perante Deus, fariam de cadapalavra do texto uma coroa de ouro e a
colocariam sobre suas cabeças. E quem seesforça em compreender e colocar intenção
nessa oferenda todo dia, terá suarecompensa nesse mundo e no Mundo Vindouro,
afastará sentença de morte de si ede todo o mundo, será salvo de todo tipo de
julgamentos e agentes ruins, doveredicto do Guehinam e do jugo de outros povos”.

Essas referências deixam claro o significado da grandeoportunidade que nossos


sábios de abençoada memória deram a cada um de nós, derecitar a leitura do Ketôret
diariamente, no início da reza de Shacharit, ao finalizá-la e ainda no início da
reza de Minchá, revertendo assimtodos os benefícios e enormes vantagens para todos
os integrantes de nossasfamílias, para a Kehilá Kedoshá e para todo o mundo.

Tradução do Pitum Haketôret(Incenso)[4]

Atá hu - Tu és Hashem, nosso Deus, diantede Quem nossos antepassados queimavam o


incenso de especiarias[5], no tempo em que oTemplo Sagrado existia, conforme lhes
ordenaste por intermédio de Moshê, Teuprofeta, conforme está escrito na Tua Torá:

Vayômer - “E disse Hashem a Moshê: ‘Tomapara ti especiarias – seiva de bálsamo,


cravo e gálbano, especiarias e olíbanopuro – cada uma de igual peso. E faze delas
incenso, um composto, uma obra deperfumista, bem misturado, puro e sagrado. E mói-o
fino e põe parte dele diantedo Testemunho, na Tenda da Reunião, onde Me encontrarei
(para falar) contigo; omais santo dos santos (oferecimentos) seja (a oferenda do
incenso) para vós.’”E (também) foi dito: “Que Aharon faça queimar sobre ele (o
altar) incenso deespeciarias; cada e todas as manhãs, quando limpar as lâmpadas,
deveráqueimá-lo. E (também) ao acender Aharon as lâmpadas, à tarde, deverá queimá-
lo;(uma oferenda de) incenso diário, diante de Hashem, por todas as
vossasgerações.”

Tanu rabanan - Os Rabinos ensinaram: Comoera feita a preparação do incenso?


Trezentos e sessenta e oito manim(singular“manê”), ele continha[6]:trezentos e
sessenta e cinco dos quais correspondentes ao número de dias do anosolar – um manê
para cada dia[7]– metade dele (oferecido) pela manhã e metade dele à tarde; e três
manimrestantes, dos quais o sumo sacerdote trazia em seus (dois) punhos (para
dentrodo Santo dos Santos) no Yom Kipur[8].E eram recolocados (os três manim) no
almofariz na véspera do YomKipur, para cumprir o preceito de “extremamente fino”. E
havia onzeespeciarias nele e elas são:

É correto contar as onze especiarias nos dedos da mãodireita[9]: (1)Bálsamo, (2)


cravo, (3) gálbano e (4) olíbano, o peso de setenta manê cada; (5)mirra, (6)
cássia, (7) espiga nardo e (8) açafrão, o peso de cada uma dedezesseis manê. (9) O
costo, doze, (10) a casca de planta aromática, três (manê),(11) canela, nove
(manê).

(Ele acrescentava também) lixívia (sabão) de carshiná[10], nove cabin,vinho do


Chipre, três sein e três cabin[11]. E se nãoencontrar vinho do Chipre, que seja
trazido vinho branco velho; um quarto (deum cav) de sal de Sodoma[12]e uma diminuta
quantidade de maalê ashan. Rabi Natan, o babilônio,disse: “(Ele acrescentava)
também uma pequena quantidade de resina do Jordão.Se acrescentou a ela
mel[13],ficou inválida. E se omitiu qualquer uma das especiarias, é passível da
pena demorte.

Raban Shim’on - Rabi Shim’on, filhode Gamliel, diz: que o bálsamo é a seiva que
goteja das árvores de bálsamo. Epara que se emprega lixívia (sabão) de carshiná?
Para friccionar (lustrar) ocravo, para que fique belo. Para que se emprega o vinho
de Chipre? Paraimpregnar os cravos, a fim de que (o cheiro) seja intenso. Mas não
será “mêragláyim”[14]maisapropriado para isto? Entretanto, não se traz “mê
ragláyim” ao Templopor causa da honra[15].

Tanyá - Foi ensinado: Rabi Natan disse:“Quando (o cohen) pilava, dizia[16]‘pila-o


muito fino, muito fino pila-o’, porque a voz (humana) é benéfica paraas
especiarias. Se misturou somente a metade (da quantidade exigida)[17], era válido,
masquanto a um terço ou um quarto, não temos tradição (não sabemos se o ketôreté
válido ou não).

Rabi Yehudá diz, esta é a regra: se (foicomposta) em sua proporção correta, então é
válida a metade (da quantidade);mas se omitiu alguma das especiarias, é passível da
pena de morte.

Tanê var Capará - Bar Capará ensinou: uma veza cada sessenta ou setenta anos
acumulavam-se as sobras à metade do total(requerido por ano)[18].E também ensinou
Bar Capará: se acrescentasse a ele (ao incenso) uma mínimaquantidade[19]demel,
ninguém poderia suportar seu (delicioso) aroma. Por que (então) não semistura mel a
ele? Porque a Torá ordenou: “Pois qualquer fermento ou melnão podereis queimar como
oferta feita no fogo, a Hashem”.

Hashem Tsevaot - Hashem dos Exércitosestá conosco, nossa força e nosso refúgio, é o
Deus de Yaacov, sela. Ó Hashemdos Exércitos! Feliz é o homem que confia em Ti. Ó
Hashem, salva-nos!Que o Rei nos responda no dia em que nós chamarmos. Que sejam
agradáveis a Hashemas oferendas de Yehudá e Yerushaláyim, como nos dias de outrora
ecomo nos anos primevos.

[1] Midrash Tanchuma, ParashatTetsavê, 15;BereshitRabá 18:8 e Zôhar Vayicrá 11a. As


palavras da Guemará (Yomá 44a) sobreo fato de o Ketoret expiar a maledicência são
comentadas no livro MizahavUmipaz, do mesmo autor, que trata extensivamente dos
assuntos abordados aqui (apartir daqui, chamado simplesmente de “Livro”).

[2]Zôhar Chadash sobre Shir Hashirim, 68a

[3]Zôhar Vayikrá 14a

[4]Está escrito no Zôhar (Vayac’hel) que háum decreto do Criador que aquele que lê
e estuda sobre o incenso oferecido noTemplo, será protegido de todo o mal do mundo
e de nenhum jeito seráprejudicado naquele dia.

[5]Interessante notar que esta prece é umaintrodução à seção que trata dos
componentes da oferenda de incenso, porém nãohá uma introdução semelhante à seção
da oferenda Tamid. Isto porque ao recitara seção de oferenda Tamid nós temos a
intenção de substituir a verdadeiraoferenda, baseado no versículo de Hoshea (14:3)
“unshalemá farim sefatênu” –que compensemos (oferendas de) touros com nossos lábios
(isto é, por intermédiode nossas preces).

Entretanto,temos um certo receio em recitar o trecho que trata do incenso com a


mesmaintenção, pois há uma lei muito rígida, que se um indivíduo omitir um
doscomponenetes que fazem parte do incenso, ele será passível da pena de
morte.Portanto, pela preocupação que podemos inadvertidamente omitir uma
dasespeciarias, não recitamos esta passagem como sendo uma substituição daoferenda
de incenso propriamente dita. Nós a recitamos somente como umalembrança da oferenda
de incenso, que era feita pelos nossos antepassados (OdYossef Chay).

[6]O peso total das especiarias contidas naoferenda de incenso, para o ano todo,
era de 368 manim (singular: manê).

[7]A cada dia um total de um manê eraqueimado no Mizbêach Hapenimi (altar interno).

[8]No Yom Kipur o cohen gadol (sumosacerdote) trazia o incenso para dentro do
Côdesh Hacodashim (Santo dos Santos– o lugar mais sagrado dentro do Templo, onde o
cohen gadol, e apenas ele,podia entrar somente no dia do Yom Kipur).

[9]Contar os ingredientes nos dedosdemonstra a importância que é atribuída a cada


um deles. É também uma ajudapara a concentração.

[10]O restante dos ingredientes, começandode borit carshiná (lixívia de carshiná)


não estão incluídos na soma dasespeciarias. Seu propósito era somente realçar o
incenso.

[11]Uma seá é equivalente a seis cabin(singular: cav). Conseqüentemente, 21 cabin.

[12]Isto é, sal do Yam Hamêlach (Mar Morto).

[13]Ou qualquer substância doce.

[14]Mê ragláyim é traduzida literalmentecomo “águas dos pés” e refere-se à urina. O


Col Bô, entretanto, traduz mêragláyim como águas de uma nascente chamada Ragláyim.

[15]De acordo com Col Bô (veja comentárioanterior) era falta de respeito trazer
águas da nascente Ragláyim para dentrodo Templo, pois as pessoas entravam com seus
pés dentro da água e costumavamlavar roupas ali.

[16]O supervisor dizia a quem moía asespeciarias.

[17]184 manim em vez de 368.

[18]Conforme mencionado acima, três manim deincenso eram postos de lado para a
oferenda de incenso no Yom Kipur. Destestrês manim, o cohen gadol usava somente
dois punhados e deixava sobras. Asquantidades que sobravam acumulavam-se todos os
anos, e após 60 ou 70 anos,dependendo do tamanho do punho dos cohanim, elas eram
suficientes para a metadeda exigência anual. Quando isto ocorria, os cohanim
misturavam somente metadeda exigência anual para completar o necessário.

[19]Um cortov é equivalente a 1/64 de umlog, mas aqui representa uma medida
diminuta.

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