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Meditar na Palavra de Deus

A vida da igreja

Olten
Índice

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A igreja é o edifício de Deus
N.º Nome Passagem Pág
1 A igreja é o edifício de Deus Mt 16 3
2 A igreja apostólica é o modelo At 14:21-23 6
3 A igreja é o novo povo de Deus 1 Pe 2:9-10 9
4 A igreja é o corpo de Cristo 1 Co 12:12, 27 12
5 A igreja onde todos contam Gl 3:26-29 15
6 A igreja composta de discípulos Mt 16:24-25 18
7 A igreja cheia do Espírito Santo At 2:4 21
8 A igreja disposta a aprender At 13:1-3 24
9 A obra do Espírito Santo 1 Co 15:58 27
10 A igreja onde todos evangelizam At 8:4 30
11 A igreja e os dons espirituais 1 Ts 5:19-21 33
12 A igreja imparável At 9:31 37
13 A igreja e a sua mensagem Jo 12:20-23, 32 40
14 A igreja e as obras Rm 3:20-24; 4:4-8 43
15 A igreja e o guardar da Lei de Moisés Gl 5:1, 13-14 46
16 A alegria da igreja At 13:52 49
17 A igreja Santa 1 Pe 1:14-16 52
18 A oração na vida da igreja At 1:9-14 55
19 A igreja submissa Ef 5:15-21 58
20 A igreja e a adoração 1 Co 14:26 62
21 A igreja e as diferenças culturais 1 Co 9:19-23 65

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Texto base: Mateus 161
O Senhor ama cada um de nós, interessa-se e preocupa-se connosco. Por
isso, morreu por nós, derramando o seu precioso sangue em nosso favor Ef
5:4. Mas hoje, o grande propósito do Senhor é edificar a sua igreja Mt 16:18.

Infelizmente, nos nossos dias, para a maioria das pessoas, a igreja não tem
nenhuma importância sendo vista como uma relíquia do passado.

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“E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os
homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos
profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não
revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta
pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; E eu te darei as chaves do
reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado
nos céus. Então mandou aos seus discípulos que a ninguém dissessem que ele era Jesus o Cristo.”
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A maioria não entende que em cada geração existe duas igrejas vivendo
lado a lado: uma verdadeira, outra falsa. No livro de Cantares vemos
profeticamente a igreja verdadeira Ct 1:2-4; 2:3-13, 16, 17 e a igreja falsa Ct 5:2-8.

A igreja verdadeira vive para agradar ao Senhor, a falsa preocupa-se em


agradar o homem Atos 4:19. A igreja verdadeira valoriza a presença do Senhor,
a falsa valoriza os rituais, as cerimónias e as tradições. A igreja verdadeira
tem prazer na palavra do Senhor e alegra-se em ouvir a voz do Senhor.
Mas, a igreja falsa confia na razão humana e na filosofia.

A igreja verdadeira é o edifício de Deus, composta por todos os que


nasceram do Espírito, aceitando Jesus como Salvador e Senhor. Por isso,
não frequentam a igreja, são a igreja.

Jesus disse: “Edificarei a minha igreja.” Jesus é a pedra viva, rejeitada


pelos homens, mas preciosa para o Pai. Jesus é o fundamento da igreja. Se
confiamos Nele, então somos pedras vivas na construção do edifício de
Deus, a igreja 1 Pe 2:4-5.

O livro de Atos mostra-nos que a edificação da igreja começou nos dias dos
apóstolos. As últimas palavras dos Evangelhos relatam que um pequeno
número de Judeus, em Jerusalém, centro de cultura judaica, falava acerca
do reino.

Na carta aos Romanos, Paulo escreve para um grupo de Cristãos em Roma,


o centro da cultura gentílica. Obviamente, o que aconteceu entre os
Evangelhos e a carta aos Romanos está relatado em Atos.

A igreja nasceu quando o Espírito Santo veio sobre os discípulos. Os atos


poderosos do Espírito Santo realizados através dos discípulos, levaram ao
conhecimento do Senhor como o Deus vivo que está presente na vida
daqueles que temem o seu nome. Assim surgiu a verdadeira igreja.

Através da pregação do Evangelho, muitas pessoas encontraram em Jesus


um novo modo de viver. A igreja abalou o mundo naquele tempo Atos 17:6.

Contudo, lemos nas epístolas que a igreja apostólica não foi perfeita.
Houve contendas entre irmãos Atos 6:1, irmãos falsos Atos 5:1-13, etc. Por isso,
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devemos ser humildes e com arrependimento devemos andar na luz. Assim,
o sangue de Jesus nos purifica de todos os pecados 1 João 1:7. Como resultado,
o Senhor considera-nos a igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, mas santa
e irrepreensível Ef 5:27.

A igreja apostólica do ponto de visto humano não foi perfeita, mas foi
muito usada pelo Senhor. O Senhor também quer usar-nos nesta hora. É um
privilégio fazer parte do corpo de Cristo e participar na obra maravilhosa
que o Senhor está a fazer em nós e através de nós, pelo seu Espírito.

Índice
A igreja apostólica é o modelo

5
Texto base: Atos 14:21-232
Nos nossos dias existem muitas igrejas com características diferentes.
Igrejas para todos os gostos. Igrejas tradicionais, carismáticas,
messiânicas, etc. Estes modelos levam-nos a perguntar se a estrutura da
igreja tem importância e se existe uma maneira correta de organização.

Quando o Senhor instruiu Moisés a construir o tabernáculo, deu-lhe o


modelo com todos os seus pormenores. Moisés recebeu ordem para edificar
o tabernáculo conforme o modelo recebido Êx 25:40. O Senhor não permitiu
que mudasse nada, nem mesmo o mínimo detalhe.

Porém, o tabernáculo era apenas uma sombra de uma maior realidade no


céu Hb 8:5. Mesmo assim, o relato do tabernáculo é maior do que o relato da
criação. O Senhor preocupou-se tanto com a edificação e funcionamento do
tabernáculo, seria estranho não se preocupar com a edificação e a maneira
de agir da sua igreja.

A igreja apostólica não foi uma igreja perfeita, mas naquilo que agradou ao
Senhor serve de modelo. Tal como o tabernáculo foi edificado e passou a
funcionar conforme o modelo do Senhor, também a igreja de Cristo hoje
tem de ser edificada e agir conforme o modelo apostólico do livro de Atos.

No livro de Atos, o Senhor Jesus é na prática a cabeça a igreja. Por isso,


devemos permitir que o Senhor Jesus dirija todas as nossas ações.

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“E, depois de anunciar o evangelho naquela cidade e de fazer muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio
e Antioquia, renovando o ânimo dos discípulos, exortando-os a perseverar na fé, dizendo que em meio a muitas
tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus. E, nomeando-lhes presbíteros em cada igreja e orando
com jejuns, consagraram-nos ao Senhor em quem haviam crido.”
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Assim, não devemos estar preocupados com orientações de homens, nem
com aparências ou com a construção de um império mundial. O que nos
interessa é a expansão do reino de Deus e tudo o que Jesus nos revela,
através da sua palavra.

Desde modo, somos perfeitamente organizados no Espírito, onde cada um


de nós desempenha uma função específica, num lugar específico. Sobre
nós, o Senhor derrama poder, dons espirituais 1 Co 12 e amor 1 Co 13. À luz da
palavra do Senhor, é também importante haver ordem na forma como
reunimos, para partilhar a palavra, louvar e adorar o Senhor 1 Co 14.

Seguindo o modelo dos apóstolos:

 Devemos viver para agradar ao Senhor e não aos homens, dependendo


totalmente do Senhor e valorizando a revelação 1 Co 2:9-16.

 Devemos viver consagrados ao Senhor, cheios do Espírito Santo,


valorizando o sangue de Jesus 1 Pe 1:19; Ap 12:11.

 Devemos odiar a idolatria Ex 20:4; Dt 7:25-26; 1 Jo 5:21 e dar importância á


doutrina bíblica At 2:42; 17:11.

 Devemos temer ao Senhor, ter reverência e ordem nas nossas reuniões 1


Co 14:40; Hc 2:20.

 Devemos viver à luz da eternidade Mt 6:20 , evangelizar e estar preparados


para a vinda de Jesus 1 Jo 3:3.

Infelizmente ao longo da história da igreja houve desvios no modelo


apostólico. Como resultado a igreja viveu vazio espiritual, frieza espiritual,
confusão e apostasia. Mas a história mostra que quando um grupo de
irmãos (igreja) busca o Senhor de todo o coração, Jesus faz-se presente no
seu meio. Essa foi a experiência da igreja apostólica.

O Senhor, através do seu Espírito, o qual habita em nós, quer renovar o


nosso ser e fazer crescer o seu rebanho.

Índice
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A igreja é o novo povo de Deus

Texto base: 1 Pe 2:9-103


No VT vemos que a nação de Israel é o povo de Deus. De todas as nações,
Israel foi escolhida para ser um povo santo e para testemunhar do Senhor Dt
7:6-7. Porém, ao desobedecer, Israel falhou. Rejeitou os profetas, rejeitou

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“Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, para que
anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz. Antigamente, não éreis
povo; agora, sois povo de Deus; não tínheis recebido misericórdia; agora, recebestes misericórdia.”
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Jesus, o Filho de Deus, ao qual entregou nas mãos dos Romanos para ser
crucificado. Mas apesar da desobediência, o Senhor, através de Israel, deu
ao mundo as escrituras e Jesus, o Salvador.

No NT vemos que a igreja é o novo povo de Deus. A igreja surgiu quando


o prometido Espírito Santo veio sobre os discípulos no templo, em
Jerusalém, no dia da festa de Pentecostes. Naquele dia a igreja nasceu.

Nesse dia houve muitas manifestações sobrenaturais no templo: o som dum


vento impetuoso, as línguas de fogo e o louvor espontâneo pelo uso do dom
de línguas. Naquela hora, o Espírito Santo veio sobre os 120 discípulos e
algo novo aconteceu.

No passado, o Espírito Santo veio sobre certas pessoas para capacitá-las em


determinadas funções. Porém, o Espírito Santo ao encher os discípulos
naquele dia, congregou-os para formar um organismo novo e vivo. Cada
um dos discípulos passou a ser uma parte do novo povo de Deus, a igreja.

Agora, a igreja seria formada por irmãos de todo o mundo, como Jesus
profetizou Jo 10:16. Os dois pães de trigo com fermento que eram oferecidos
ao Senhor na festa de Pentecostes, representavam o novo povo de Deus,
composto por judeus e gentios Lv 23:15-17.

Há quem pense que a igreja foi a solução de última hora de Deus para a
humanidade. Pensam que Deus mudou de planos, criando a igreja, porque
os Judeus rejeitaram Jesus como Messias e Rei. Está errado!
A igreja é eternamente a manifestação da vontade e do coração de Deus
para o mundo Éf 1:4-5.

Jesus foi apresentado a Israel como o Messias servo sofredor. Israel não
entendeu porque esperava um Messias Rei libertador. Assim, rejeitou
Jesus. Porém, os judeus que aceitaram Jesus como Salvador e Senhor,
passaram a ser uma parte do novo povo de Deus, a igreja.

Este facto, não significa que o Senhor rejeitou Israel para sempre em favor
da igreja ou que a igreja é o novo Israel. Um dia no futuro, os olhos dos
Judeus serão abertos e reconhecerão Jesus como o Messias que rejeitaram e

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lamentarão muito. Naquele dia o Senhor vai voltar a abençoar o povo de
Israel.

Muitos séculos antes, no dia de Pentecostes, o Senhor fez uma aliança com
Israel, dando-lhe a lei escrita em tábuas de pedra. Mas, depois de Jesus
subir ao céu, na festa de Pentecostes, que celebrava a receção da lei, o
Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos.

Ao derramar o seu Espírito, o Senhor estabeleceu uma nova aliança, um


Novo Concerto, com os seus discípulos. A lei de Deus foi escrita nos seus
corações dando-lhes o poder para viver uma vida nova Jr 31:33-34. Uma vida
semelhante à do Senhor Jesus Rm 8:29.

Além de receber a nova aliança a igreja recebeu também uma nova


esperança. Esta nova esperança é que Jesus vai voltar para nos levar.
Somos o seu corpo, a sua noiva, estaremos com o Senhor para todo o
sempre At 3:21; Tt 2:13.

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A igreja é o corpo de Cristo

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Texto base: 1 Co 12:12, 274
Lucas escreveu o seu Evangelho para contar a vida e o ministério de Jesus.
A seguir, escreveu o livro de Atos para relatar o início da igreja. Mas
curiosamente, iniciou o livro de Atos com as palavras: “Fiz o primeiro
tratado… acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar
até ao dia em foi levado ao céu Atos 1:1-2.” Assim, concluímos que o
ministério de Jesus tem duas partes: uma já está completa e a outra está em
andamento, ainda não terminou.

Para realizar a primeira parte do seu ministério, Jesus, o Filho de Deus, por
amor de nós, voluntariamente, deixou a glória, tomou um corpo humano Hb
10:5 e limitou-se como nós. Só podia estar num lugar em cada momento.

Nesta parte do seu ministério Jesus completou a obra de redenção,


morrendo na cruz como o Cordeiro de Deus. Esta obra não precisa de ser
repetida. Foi realizada uma vez para sempre, uma vez para todos Hb 9:25-28;
10:12-14.

Depois, Jesus ressurgiu dos mortos e ascendeu ao céu, como homem, num
corpo humano, só podendo estar num lugar em cada momento, mesmo
estando glorificado. O que foi surpreendente para os anjos. A seguir, foi

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“Porque, assim como o corpo é uma só unidade e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, ainda
que muitos, formam um só corpo, assim também acontece com relação a Cristo. Vós sois o corpo de Cristo e,
individualmente, membros desse corpo.”
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coroado e assentou-se no trono para assumir o governo do mundo Hb 1:3.
Jesus está levando a história ao seu desfeche final. Mas por amor de nós,
Jesus limitou-se fisicamente por toda a eternidade.

Para realizar a segunda parte do seu ministério, na terra, Jesus, que agora
mora no céu, precisava dum novo corpo. O seu novo corpo é a sua igreja 1
Co 12:27.

Com o derramamento do Espírito Santo e a criação da sua igreja, o


ministério de Jesus entrou na segunda parte. A partir da experiência do
Pentecostes, Jesus gerou na terra um corpo que não está limitado a um
lugar em cada momento, mas é formado por servos espalhados por todo o
mundo.
Facto que permite ao Senhor operar em muitos lugares ao mesmo tempo,
através do Espírito Santo em nós. Assim hoje, Jesus está presente entre nós.

Claramente, o Espírito Santo é o responsável pela ligação do corpo de


Cristo, a igreja, que está na terra, com a Cabeça do corpo, Jesus, que está
no céu.

Jesus subiu ao céu, depois de ter completado a sua obra de redenção. No


céu foi recebido com honra e glória e coroado Rei dos reis e Senhor dos
senhores. Contudo, Jesus não abandonou os seus. Por isso, derramou o
Espírito Santo sobre os seus discípulos para gerar o seu novo Corpo na
terra.

Hoje, através do Espírito Santo, existe uma ligação eterna entre a Cabeça e
o corpo, isto é, entre o Senhor Jesus e sua amada igreja Jo 14:16, 26; 16:7.

A igreja não existe para fazer o seu próprio programa. Para ser membro do
corpo de Cristo, cada servo do Senhor deve viver na dependência de Jesus,
a Cabeça. É necessário entender que o Senhor conta connosco para realizar
a sua vontade no meio da humanidade. Assim, devemos submissão em
todas as coisas ao Senhor. Submissos a Cristo, nós como igreja, agimos
com toda a autoridade e nada nos pode deter 2 Co 5:20.

Que grande dignidade o Senhor nos dá, ao nos deixar fazer parte da sua
igreja. Não somos membros de uma associação humana ou de um clube.
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Somos membros do corpo de Cristo, do Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Pelo que, com grande dignidade e honra, representamos o Senhor Jesus,
onde quer que estejamos. Por isso, é importante que nos comportemos
dignos da vocação para a qual fomos chamados Ef 4:1.

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A igreja onde todos contam

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Texto base: Gl 3:26-295
No tempo da igreja apostólica havia muita discriminação no meio de uma
sociedade fragmentada. Contudo, na igreja não existia discriminação. Cada
crente era valorizado Gl 3:28; 1 Co 12:13. Embora existissem diferentes classes
sociais, culturas e faixas etárias, os irmãos consideravam-se uns aos outros
como pertencentes da mesma família, a família de Deus Atos 15:36; Fp 16. Por
isso, cada irmão sentia-se digno em Cristo Jesus, o Senhor.

Nas cartas de Paulo vemos como o apóstolo estimava os seus irmãos na fé.
Paulo sempre terminava as suas cartas saudando a muitos irmãos que
conhecia. Na carta à igreja de Roma, Paulo menciona o nome de 33 irmãos.

Em cada igreja, cada irmão era considerado indispensável. Paulo usou o


exemplo do corpo humano para explicar que todos os membros do corpo de
Cristo têm a sua função e nenhum deles pode ser desprezado 1 Co 12:14-26. Na
carta aos Romanos, Paulo louva o trabalho de servos que não eram
considerados importantes Rm 16:3-15.

O Senhor chamou cada um de nós, dando-nos dádivas naturais e espirituais


para que o sirvamos como igreja. Jesus tem um lugar especial para cada um
de nós no seu corpo e uma função que só nós podemos desempenhar. O
Senhor sempre nos coloca em pé de igualdade. Nenhum irmão é mais
importante entre os outros. Somos apenas servos 2 Co 4:5.

Na igreja apostólica todos se sentiam amados. Este amor era demonstrado


quando os irmãos se cumprimentavam com o beijo santo Rm 16:16; 1 Co 16:20.
Assim, podemos imaginar o quão revolucionário este gesto era para
pessoas de diferentes origens e classes sociais. Mas, este amor não era
apenas sentimental. Era o mesmo amor com que Jesus nos amou, ao morrer
por nós.

Quando eram questionados acerca deste amor, diziam: “Nós amamos


porque Jesus nos amou primeiro 1 Jo 4:19.” Este amor era sacrificial. Por isso,
todos se preocupavam pelo bem-estar uns dos outros Rm 12:15.

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“Pois todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos vós que em Cristo fostes batizados vos
revestistes de Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, porque
todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão e herdeiros conforme
a promessa.”
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Como demonstração deste amor, os irmãos ricos compartilhavam os seus
bens com os irmãos mais pobres, alguns dos quais eram escravos Atos 2:44-45.
Cada Domingo havia uma festa de amor na igreja, antes da ceia do Senhor.
Nela cada irmão trazia o que pudesse. Para alguns irmãos mais pobres, era
a melhor refeição da semana. Os pagãos vizinhos diziam: “Vejam como os
crentes se amam.” Por viver em amor a igreja mostrava que Jesus vivia.

Com o passar do tempo, os apóstolos escreveram às igrejas, encorajando-as


a continuar vivendo este amor, no qual, os irmãos deviam amar-se uns aos
outros.

Hoje, devemos aceitar o nosso irmão Rm 15:7. Esta aceitação manifesta-se na


medida em que nos perdoamos uns aos outros. Devemos carregar os fardos
uns dos outros 1 Co 12:25-26; Gl 6:2.

Hoje, devemos nos encorajar uns aos outros e nos edificar uns aos outros,
na fé 1 Ts 5:11. Devemos cuidar uns dos outros Rm 12:10 e servir uns aos outros Gl
5:13; 1 Pe 4:10.

Se nos amamos uns aos outros, então as pessoas à nossa volta serão
confrontadas com a realidade do Cristo vivo que se faz presente no nosso
meio.

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A igreja composta de discípulos

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Texto base: Mt 16:24-256
A igreja apostólica era composta de discípulos. Esse era e é o grande
segredo do novo povo de Deus. Por vezes, esquecemos deste facto. Lucas,
que escreveu o livro de Atos, usou a palavra discípulo mais do que
qualquer outra palavra para identificar os crentes em Cristo Atos 6:1, 7; 9:10, 36;
11:26.

Jesus sempre quis que a sua igreja fosse composta de discípulos. Por isso,
comissionou-os para pregar o Evangelho por todo o mundo. O objetivo era
fazer mais discípulos Mc 16:15; Mt 28:19.

Mas, o que é ser discípulo? O discípulo é aquele que segue o seu mestre e
procura ser igual a ele. Ser discípulo de Jesus é ser moldado pelo Espírito
conforme a semelhança de Jesus. É viver como Jesus viveu.

6
“Então Jesus disse aos discípulos: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e
siga-me. Pois quem quiser preservar sua vida, irá perdê-la; mas quem perder a vida por minha causa, este a
preservará.”
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Para ser discípulo há um preço a pagar. É o preço do compromisso com
Jesus. É um preço alto, Jesus disse: “Se alguém vier a mim, e amar pai e
mãe, mulher e filhos, irmãos e irmãs, e até a própria vida mais do que a
mim, não pode ser meu discípulo. Quem não leva a sua cruz e não me
segue, não pode ser meu discípulo Lc 14:26-27.”

Esse preço alto não significa que devemos comprar a nossa salvação. Jesus
pagou o preço total quando morreu por nós na cruz. Não temos de pagar
nada.

Porém, seguir Jesus Cristo como discípulo implica pagar um preço:

1. Amar Jesus acima de tudo, como o nosso maior tesouro Mt 10:37; Lc 14:26.
Nada nem ninguém pode impedir-nos de seguir Jesus. Quão grande
recompensa Jesus nos oferece Mc 10:29-30.

2. Testemunhar de Jesus sem nos envergonharmos. Jesus não se


envergonhou de nós quando sofreu na cruz Mt 10:32.
3. Negar a nós mesmos Mt 16:24. Significa que devemos dizer não a nós
próprios. Significa estar preparado para deixar tudo por amor a Cristo, o
qual deixou tudo, no céu, por nós 2 Co 8:9.

4. Levar a nossa cruz Mt 10:38. A cruz era o símbolo da morte. Carregar a


cruz é morrer para os nossos projetos e ambições. Jesus tomou a cruz e
negou todos os seus direitos por amor de nós Lc 22:42.

Tomar a cruz é estar disposto a dar a vida por amor a Jesus, é valorizar o
pagamento realizado no calvário em favor da eterna divida que tínhamos
com Deus. Se Jesus deu a sua vida por amor de nós, porque não
deveríamos também estar dispostos a dar a nossa vida por amor de Cristo?
Jesus disse: “Quem perder a vida por amor de mim achá-la-á Mt 16:25.”

Ao longo da história milhares de discípulos deram a vida por Jesus Hb 11:35-40.


Na hora da aflição, Deus deu-lhes graça para a suportar a tortura e a morte.

Ainda hoje há lugares no mundo, especialmente em países muçulmanos,


como a Somália, o Iraque, a Árabia Saudita, Índia e outros países, onde
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discípulos de Jesus enfrentam uma perseguição severa. Vivem sabendo que
hoje pode ser o seu último dia. Consideram uma grande honra servir Jesus
mesmo que o preço a pagar seja a sua vida. De fato, tem havido mais
mártires pela fé nos nossos dias de que em toda a história.

A igreja apostólica prosperou porque os discípulos de Jesus procuraram


fazer discípulos. Não se contentaram em ganhar adeptos ou crentes sem
qualquer compromisso. Esta igreja é um modelo para nós. Se queremos
servir o Senhor na nossa geração, então devemos a cada dia ser o discípulo
que Jesus deseja que sejamos.

Índice
A igreja cheia do Espírito Santo

18
Texto base: At 2:47
Quando aceitamos a palavra de Deus e confiamos em Jesus como o nosso
Salvador, o Espírito Santo começa a agir em nós e nascemos de novo.
Tornamo-nos filhos de Deus. O Espírito Santo passa a habitar em nós e
tornamo-nos o templo do Deus vivo 1 Co 6:19.

É o Espírito Santo que produz esta nova vida em nós, o qual habita em nós,
é o Espírito de vida, de verdade, de santidade e de poder Jo 16:13; Rm 1:4; 2 Tm 1:7.

Contudo, o Senhor quer que vivamos cheios do Espírito Santo. Paulo


escreveu à igreja: “Sede cheios do Espírito Santo Ef 5:18.” A palavra grega
traduzida por cheios, diz respeito a uma esponja totalmente saturada de água.
Estar cheio do Espírito é ter uma porção de Cristo de maneira que não dá
para conter mais. Assim, ficamos totalmente dominados pelo Espírito Santo.

Como podemos viver cheios do Espírito Santo? Viver cheios do Espírito


Santo implica uma vida de submissão diante do Senhor, ao ponto de nos
esvaziarmos de nós próprios. Desta forma, o Senhor derrama o seu Espírito
sobre nós, batizando-nos com o Espírito Santo.

No dia de Pentecostes, os discípulos de Jesus foram batizados com o Espírito


Santo e ficaram cheios do Espírito At 2:4. No livro de Atos, em varias ocasiões,
vemos os discípulos cheios do Espírito Santo e agindo com poder no nome
do Senhor At 4:8, 31; 6:3; 8:14-17; 9:17-19; 10:44-45; 13:9; 19:6.

É importante viver cheio do Espírito Santo. Porquê?

1.Vivemos mais perto do Senhor. Jesus passa a ser a grande realidade na


nossa vida. Vivemos verdadeiramente o amor do Senhor por nós. Ouvimos

7
“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes
concedia que falassem.”
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a voz do Senhor com mais clareza. Perto do Senhor, vemos o perigo do
ocultismo At 19:19; Lv 19:31; 20:27.
2. Tornamo-nos santos. Através da palavra, o Espírito Santo mostra o
estilo de vida que devemos ter, separados de tudo o que desagrada a Deus.
O Espírito Santo dá-nos o poder para nos libertarmos de hábitos e vícios
que nos prejudicam. O Espírito Santo transforma a nossa vida no sentido de
não praticar as obras da carne Gl 5:19-21. Submissos ao Senhor, começamos a
produzir os frutos do Espírito Santo Gl 5:22-23.

3. Evangelizamos com poder, testemunhando de uma vida transformada


por Cristo. Sem Jesus nada podemos fazer Lc 24:45-49; At 1:4-8. O Senhor atua em
nós através do Espírito Santo, o qual nos capacita para anunciar a palavra
por toda a parte.

O Senhor Jesus confirmou a sua palavra com sinais Mc 16:20. Pedro anunciou
Jesus e três mil almas se converteram. A pregação de Filipe foi
acompanhada com sinais milagrosos At 8:6-8. Evangelizar não é apenas
comunicar informação. Não é vender um produto. Evangelizar é ser
testemunha daquilo que o Senhor está a fazer na nossa vida. Simplesmente
falamos e o Espírito Santo faz o resto.

4. Preparamo-nos para a vinda de Jesus. Jesus contou a história das 10


virgens esperando a chegado do noivo Mt 25:1-13. Cinco tinham as suas
candeias acesas e cinco tinham as suas candeias apagadas. Devemos viver
constantemente em obediência ao Senhor para que sejamos cheios do
Espírito Santo. Assim, a nossa candeia estará acesa quando Jesus, o noivo,
voltar.

Índice
A igreja disposta a aprender

20
Texto base: At 13:1-38
Uma das características que mais se destacava na vida do Senhor Jesus era
a sua disposição para aprender. Algumas pessoas não querem ser
ensinadas, acham que sabem tudo. Enquanto criança e jovem, Jesus
aprendeu com os outros Lc 2:46. A cada dia aprendia com o Pai celestial
ouvindo com atenção tudo o que lhe dizia Is 50:4.

8
“Havia na igreja de Antioquia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, por sobrenome Níger, Lúcio de Cirene,
Manaém, colaço de Herodes, o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo:
Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo
sobre eles as mãos, os despediram.”
21
A igreja apostólica também estava disposta a aprender. Vemos isto na
igreja de Antioquia, na Síria, onde 5 irmãos de nacionalidades diferentes
submeteram-se ao Senhor, deixando o Espírito Santo mostrar que estava na
hora de avançar para evangelizar as nações. Coletivamente a igreja estava
disposta a aprender deixando o Espírito Santo guiá-la a toda a verdade Jo
16:13.

Vemos isto no caso do apóstolo Pedro, o qual era preconceituoso para com
os gentios, considerando-os impuros. Pedro achava que Deus estava apenas
interessado nos judeus. Mas um dia, Pedro estava com fome, quando o
Senhor lhe mostrou numa visão um lençol cheio de animais impuros que
descia do céu. Ao mesmo tempo, o Senhor disse-lhe para matar e comer
dos animais. Pedro ficou em estado de choque.

Como podia Pedro comer animais considerados impuros à luz da Lei?


Enquanto refletia sobre a visão, chegaram alguns gentios, que considerava
impuros, os quais o convidaram para ir a Cesareia, à casa do seu mestre,
onde um grupo de pessoas estava à espera para ouvir o Evangelho. Logo
Pedro entendeu que o convite vinha do Senhor, acompanhou os homens e
entrou da casa de Cornélio, um gentio. Pedro, antes da visão, nunca teria
entrado na casa de um homem gentio.

Já na casa de Cornélio, ao começar a falar de Jesus, o Espírito Santo caiu


sobre os gentios que estavam presentes.
Paulo, quando se converteu, pensou que seria usado no sentido de alcançar
Judeus para Jesus. Paulo amava o seu povo profundamente, mas,
erradamente, estava convencido que devido ao seu passado judaico e ao seu
conhecimento das Escrituras Hebraicas, ganharia muitos Judeus para
Cristo.

Porém, Paulo estava disposto a aprender At 9:15. Alguns anos mais tarde, o
Senhor falou com Paulo numa visão, no templo, dizendo-lhe: “…Apressa-
te e sai logo de Jerusalém; porque não aceitarão (os judeus) o teu
testemunho a respeito de mim (o Senhor)… “Vai, porque eu (o Senhor) te
(Paulo) enviarei para longe, aos gentios At 22:18, 21.” Paulo entendeu que era
esta a vontade do Senhor para a sua vida. Depois, foi muito usado para
espalhar o Evangelho entre os Gentios Rm 11:13.

22
Na igreja apostólica destacavam-se Pedro, Paulo e Apolo 1 Co 1:12. Apolo era
mestre de Alexandria, Egito. Ao chegar a Éfeso, falava bem de Jesus, mas
o seu entendimento das Escrituras era limitado. Porém, Áquila e Priscila
convidaram-no para ir à sua casa e ao longo de várias reuniões ensinavam
Apolo acerca das escrituras. Apolo estava disposto a aprender At 18:26.

Individualmente, cada irmão, na igreja, estava disposto a aprender no


sentido de ser transformado mais e mais em semelhança do Senhor Jesus.
Assim sendo, Pedro, que por natureza era impulsivo, deixou de o ser. João,
conhecido como filho de trovão Mc 3:16-17, numa ocasião com o seu irmão
Tiago quis que o Senhor destruísse os habitantes de uma aldeia em
Samaria, só porque rejeitaram o Senhor Lc 9:53-57. Esse João transformou-se
no apóstolo de amor.

E nós? Achamos que sabemos tudo ou estamos dispostos a aprender? Se


estamos dispostos a aprender, o Senhor vai dirigir a nossa vida para honra e
glória do seu nome.

Índice
A obra do Espírito Santo

23
Texto base: 1 Co 15:589
A obra do Espírito Santo começou no dia de Pentecostes quando o Espírito
foi derramado sobre a igreja. Por um lado, o Espírito atua em cada um de
nós, com o objetivo de nos transformar segundo a imagem do Senhor Jesus
Rm 8:29. Por outro lado, o Espírito atua sobre a igreja com a finalidade de
conquistar um povo fiel ao Senhor.

A igreja apostólica foi recebendo pouco a pouco revelação do Espírito, à


medida da sua necessidade. Por vezes, o Espírito corrigia preconceitos
errados At 10:34, outras vezes capacitava a igreja com poder para evangelizar.
A obra avançava porque os discípulos estavam dispostos a aprender.

O Espírito Santo veio para nos conduzir à verdade Jo 16:13. Depois da vinda
do Espírito, os discípulos, orando e jejuando, esperavam no Senhor para
lhes revelar a sua vontade.

No livro de Atos vemos como o Espírito Santo orientou todas as atividades


da igreja, tomando sempre a iniciativa. Por exemplo:

1. O Espírito enviou Filipe, que evangelizava em Samaria, para ir ter com


um homem a sul de Jerusalém, mesmo sabendo que Pedro e João estavam
naquela área At 8:25-26. Filipe aprendeu que o Senhor se interessa por cada um
de nós.
9
“Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre atuantes na obra do Senhor, sabendo que
nele o vosso trabalho não é inútil.”
24
2. O mesmo Espírito levou Pedro, de Jope até Cesareia para se encontrar
com Cornélio, um centurião romano, sabendo que Filipe estava próximo At
10:1-10. O Senhor quis que Pedro experimentasse a sua maravilhosa graça
sendo derramada sobre os gentios.

3. Pelo seu Espírito, o Senhor enviou Ananias para assistir Saulo, três dias
depois de entrar cego na cidade de Damasco At 9:10-16. O Senhor podia ter
chamado Tiago de Jerusalém, mas preferiu que fosse um dos irmãos
perseguidos por Saulo.
4. O Espírito Santo proibiu Paulo de entrar na Ásia Menor, durante a sua
segunda viagem missionária, mas, na terceira viagem missionária, no
tempo apropriado, o mesmo Espírito enviou Paulo para evangelizar a Ásia
Menor At 16:6-7; 19: 22. No livro de Apocalipse vemos que pelo menos 7 igrejas
foram fundadas na Ásia Menor.

O Espírito Santo, ao encher com poder os discípulos para evangelizar, fez


de cobardes, homens corajosos. Depois de terem sido prisioneiros por
falarem de Jesus, Pedro e João oraram para ter ainda mais coragem de
evangelizar At 4:29-30.

À medida que os discípulos pregavam a palavra, o Senhor confirmava-a,


convencendo as pessoas do pecado e dava nova vida àqueles que o
aceitavam, através da sua palavra 1 Pe 1:23; At 2:37-41; 11:19-21; 14:1-3.

Toda a ênfase do livro de Atos é sobre o agir do Espírito Santo na vida da


igreja. Irmãos obedientes eram usados na obra do Espírito Santo, mas era o
Espírito que os guiava, os enchia de poder e que lhes comunicava vida. O
Espírito Santo sempre usa o homem certo ou a mulher certa, no lugar certo,
no momento certo, para falar a palavra certa à pessoa certa.

Se queremos continuar a conhecer esta obra temos que nos pôr à disposição
do Espírito Santo. Assim, somos instrumentos de Deus, para ir e fazer tudo
quanto o Senhor quiser.

25
Índice
A igreja onde todos evangelizam

26
Texto base: At 8:410
Antes de deixar os discípulos, Jesus comissionou-os para levar o Evangelho
por todo o mundo, começando em Jerusalém, Judeia, Samaria e até aos
confins da terra Atos 1:8. Estes discípulos não foram escolhidos por Jesus por
terem qualidades especiais. Pedro negou Jesus. Tiago e João queriam
destruir uma aldeia com fogo porque as pessoas rejeitaram o evangelho.
Judas Iscariotes traiu Jesus. Todos fugiram quando Jesus foi preso.

Tal como nós, todos os discípulos pertenciam a uma sociedade composta


de pessoas normais que necessitavam o poder do Espírito Santo para
evangelizar.

O livro de Atos relata a atividade evangelística da igreja e dá ênfase aos


apóstolos Pedro e Paulo. Porém, vemos em Atos que toda a igreja estava
envolvida na evangelização. A evangelização começou em Jerusalém. Por
esta altura, os seguidores de Jesus, acomodados em Jerusalém, não viram a
urgência de deixar a cidade.

Mas, para que o evangelho fosse espalhado pelo mundo, foi necessário o
Senhor permitir uma perseguição severa a todos os seus apóstolos, de
maneira a dispersá-los por toda a parte. Com a perseguição o povo foi
obrigado a deixar as suas casa e empregos em Jerusalém para viverem
como refugiados na Judeia, Samaria e por todos os lugares a onde
chegavam.

Estes refugiados eram diferentes dos outros refugiados. Ao chegar a terras


distantes não se queixaram da sua sorte. Antes onde quer que andaram com
alegria falaram de Jesus e anunciaram a palavra de Deus Atos 8:4; 1 Pe 3:15. Tendo
perdido a maior parte dos seus bens falavam do seu mais precioso bem, o
Senhor Jesus. Sabiam que ninguém lhes podia roubar Jesus Cristo dos seus
corações. Por isso, eram ouvidos pelas pessoas por onde passavam.

Os irmãos perseguidos, chegaram a Fenícia, Chipre e a Antioquia da Síria


Atos 11:1. No princípio, testemunharam aos compatriotas Judeus, mas após
algum tempo, anunciaram Jesus aos gregos, que eram gentios. O Senhor
estava com os irmãos, a sua igreja, e muitos Gregos creram em Jesus e se

10
“Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra.”
27
converteram Atos 11:21 . A promessa do Senhor a Abraão estava-se cumprindo
Gn 12: 2-3; Gl 3:13-14 .

Algum tempo depois, o apóstolo Paulo começou as suas viagens


missionárias. Por onde quer que passou, pessoas se convertiam e se
tornavam discípulos. Não sabemos os nomes de muitos deles, mas foram
eles e não Paulo, que fizeram a maior parte da evangelização.

Por exemplo: os discípulos, na Antioquia da Pisídia, evangelizaram as


regiões vizinhas Atos 13:48-49; Paulo esteve em Éfeso durante 2 anos, fazendo
discípulos e ensinando-os, como resultado, toda a Asia (atual Turquia) foi
evangelizada Atos 19:8-10; os discípulos em Tessalónica, também anunciaram
Jesus por toda a Macedónia e a Acaia 1 Ts 1:8-10.

O livro de Atos regista o espalhar do Evangelho na era apostólica, mas é


um livro incompleto porque a Grande Comissão não terminou naquela
altura, mas tem continuado ao longo da história da igreja e continua hoje
com a nossa geração. Que possamos ser contados entre aqueles que
proclamam o evangelho nos nossos dias. Assim, muitos ainda se salvarão e
o nome do Senhor será glorificado.

Índice
A igreja e os dons espirituais

28
Texto base: 1 Ts 5:19-2111
O Espírito Santo foi derramado para que a igreja pudesse com poder
executar toda a vontade do Senhor na terra. Hoje, através do Espírito Santo,
o Senhor revela-se ao seu povo principalmente pela palavra escrita, depois
pelos dons espirituais e de muitas outras maneiras, como por exemplo: o
ministério dos anjos.

Neste estudo, falaremos em particular dos dons espirituais escritos pelo


apóstolo Paulo à igreja de Corinto 1 Co 12:7-10. Que dons são estes?

1. Palavra da sabedoria. Através deste dom, o Senhor revela a sua vontade


ao seu povo. Foi usado na escolha dos diáconos At 6:1-6, na separação de
Paulo e Barnabé para a obra de evangelização At 13:1-3, na decisão tomada no
conselho de Jerusalém At 15:25-29.

11
“Não apagueis o Espírito. Não desprezeis as profecias; julgai todas as coisas, retende o que é bom.”
29
2. Palavra do conhecimento. Manifesta-se através de sonhos, visões e
revelações. Não é o dom de todo o conhecimento. Só o Senhor sabe de
tudo. Através deste dom, o Senhor revela o que nos está escondido e é
essencial.

Por exemplo, a seguir à conversão de Saulo, o Senhor mostrou-lhe através


de uma visão que um homem chamado Ananias viria até ele e oraria por ele
para recuperar a vista. Também numa visão, o Senhor disse a Ananias onde
estava Saulo e instruiu-o para ajudá-lo At 9:10-16.

Na segunda viagem missionária de Paulo, numa visão, o Senhor mostrou-


lhe que deveria ir para a Macedónia e não para a Ásia Menor At 16:9-10.
Noutra ocasião, estava Paulo no templo em Jerusalém e o Senhor numa
visão disse-lhe para deixar Jerusalém porque o enviaria para longe, para os
gentios At 22:17-21.

3. Fé. A fé está sempre presente na realização de curas e milagres. A fé foi


usada como dom, por exemplo, quando a igreja orou pela libertação de
Pedro que estava na prisão At 12:1-11.

4. Dons de curar. Os dons de curar foram usados em várias ocasiões na


igreja apostólica. Pedro e João curaram o mendigo aleijado no templo At 3:1-8.
Filipe foi usado para libertar muitos de espíritos malignos e curar outros em
Samaria At 8:5-8. Paulo curou um homem aleijado desde o nascimento em
Listra At 14:8. Na cidade de Filipos, Paulo libertou uma jovem de um espírito
maligno At 16:16-18.

5. Realização de milagres. Pedro orou e uma mulher chamada Dorcas


ressurgiu da morte At 9: 36-42. Paulo também levantou um jovem da morte At
20:9-12. Em Éfeso, por intermédio de Paulo, Deus fazia milagres
extraordinários, de tal forma que lenços e panos que haviam tocado nele
eram levados aos doentes. E as doenças os deixavam, e os espíritos
malignos saíam deles At 19:11-12.

6. Profecia. Vemos este dom em ação, por exemplo, quando o profeta


Ágabo previu que uma terrível fome viria sobre todo o Império Romano At
11:28. Esta fome aconteceu no tempo do imperador Cláudio César.

30
7. Discernimento dos espíritos. Este dom diz respeito à capacidade dada
pelo Espírito Santo para entender e captar o que está por de trás, ou qual é a
origem de certos acontecimentos. Por exemplo: Jesus percebeu que
espíritos malignos estavam na origem da tempestade que sobreveio sobre si
e os seus discípulos numa das travessias do mar da galileia Lc 8:22-25; Mt 8:23-27; Mc
4:35-41. Por isso, ao repreender o vento e o mar, estava de facto a repreender
espíritos malignos.
Noutra ocasião, Ananias e Safira mentiram a Pedro relativamente à venda
de uma propriedade, ocultando dos apóstolos uma parte do valor da venda
At 5:1-4. Usado em discernimento, Pedro soube que Satanás estava na origem
deste problema.

8. Variedade de línguas e interpretação das mesmas. O Espírito Santo


concede a determinados irmãos que revelem as grandezas de Deus através
destes dons. Por isso, estes dons surgem ligados ao louvor e à adoração do
nome do Senhor quando a igreja reúne At 2:1-12; 1 Co 14:26-28.

O Senhor, através do seu Espírito, quer edificar a sua igreja. Para tal, usa a
sua palavra, os dons espirituais e muitos outros meios 1 Ts 5:19-21.
Infelizmente, se negligenciamos a palavra do Senhor, que é experiência de
vida, não podemos ser usados nos dons espirituais.

Vamos valorizar a palavra do Senhor e a sua vontade, para que, através do


Espírito Santo, sejamos ricamente usados com poder, para a honra e a
glória de Deus.

31
Índice

A igreja imparável

32
Texto base: At 9:3112
A igreja apostólica entendeu que pregar Cristo era mais importante do que
perder tempo a protestar contra a escravatura ou contra a brutalidade do
governo romano Rm 1:17. Por isso, perante muitas dificuldades e muita
oposição, a igreja anunciava o evangelho no poder do Espírito Santo.

O livro de Atos revela as atividades do Espírito Santo através da igreja.


Lucas escreveu este livro para um oficial romano muito influente chamado
Teófilo. Nesta altura, a igreja estava sob ataque severo e o apóstolo Paulo
estava em Roma a aguardar julgamento perante César por pregar o
evangelho.

Face às difíceis circunstâncias, Lucas apresenta provas em defesa do


evangelho. Mostra que o evangelho é um instrumento para o bem da
sociedade e que Paulo é um bom cidadão romano.

Ao longo do livro de atos, o progresso bem-sucedido do evangelho, através


da igreja, é relatado em intervalos que nos permitem dividir o livro em
secções:

1.ª O Nascimento da igreja em Jerusalém. Esta secção termina com as


palavras: “…Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que
iam sendo salvos At 2:47.”

2.ª O crescimento da igreja em Jerusalém. Esta secção termina com as


palavras: "Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o
número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé At
6:7.”

3.ª A propagação da igreja para além de Jerusalém. Esta secção apresenta-


nos Saulo, a sua conversão e a sua estadia na cidade de Tarso, termina com
as palavras: "A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judeia, Galileia e
Samaria, edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto
do Espírito Santo, crescia em número At 9:31.”

12
“A igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judeia, Galileia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor
do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo, crescia em número.”
33
4.ª Envolvimento de Pedro na missão aos gentios. Esta secção é concluída
com as palavras: "Entretanto, a palavra do Senhor crescia e se
multiplicava At 12:24.”

5.ª O início da primeira viagem missionária de Paulo. Esta secção termina


com as palavras: "E divulgava-se a palavra do Senhor por toda aquela
região At 13:49.”

6.ª A conclusão da primeira viagem missionária. Esta secção é concluída


com as palavras: "Assim, as igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia,
aumentavam em número At 16:5.”

7.ª A Segunda e a terceira viagem missionária de Paulo. Esta secção


termina com as palavras: "Assim, a palavra do Senhor crescia e prevalecia
poderosamente At 19:20.”

8.ª Paulo regresso a Jerusalém e depois viaja para Roma. Esta secção
explica que Paulo, embora estivesse inocente, acreditava que conseguiria
um julgamento mais justo de César do que dos seus compatriotas judeus.
Descreve a sua viagem a Roma e como escapou de um naufrágio. Os
pagãos acreditavam que aqueles que escapavam de um naufrágio eram
inocentes. Relata a prisão de Paulo em Roma, por dois anos At 28:30 e termina
com as palavras: “Pregando o reino de Deus, e, com toda a intrepidez, sem
impedimento algum, ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo
At 28:31.”

Nestas oito secções vemos a irresistível propagação da palavra de Deus e o


crescimento da igreja. A conclusão que retiramos das provas apresentadas
no Livro dos Atos é que nada pode impedir o progresso de uma igreja cheia
do Espírito Santo. É esta a nossa experiência?

Índice
A igreja e a sua mensagem

34
Texto base: Jo 12:20-23, 3213
O Senhor Jesus encarregou os discípulos de pregar o evangelho por todo o
mundo, as boas novas de salvação. Mas, primeiro deviam esperar a vinda
do Espírito Santo para serem capacitados com poder, e depois,
testemunhar.

O Espírito Santo viria também para glorificar e exaltar o Senhor Jo 16:14.


Enquanto o Pai glorificava o nome do Senhor Jesus no céu, o Espírito

13
“Entre os que tinham subido à festa para adorar estavam alguns gregos. Eles se dirigiram a Filipe, que era
de Betsaida da Galileia, e pediram-lhe: Senhor, queremos ver Jesus. Filipe foi dizê-lo a André, e os dois
avisaram Jesus. Jesus lhes respondeu: Chegou a hora de ser glorificado o Filho do homem… E eu, quando for
levantado da terra, atrairei todos a mim.”
35
Santo glorificava-o na terra, através da nossa vida. Pelo mesmo Espírito,
Jesus é nos revelado, principalmente na palavra.

Em primeiro lugar, através da palavra, o Espírito Santo glorifica o nome do


Senhor, porque anuncia-nos tudo o que recebeu de Jesus Jo 16:13-15. Por isso,
se queremos ser participantes de tudo o que Jesus nos dá, devemos ler,
estudar, meditar com fervor na palavra do Senhor, a Bíblia e deixar que o
Espírito Santo nos conduza a toda a verdade, a qual é Jesus Cristo.

Em segundo lugar, para glorificar o nome de Jesus através da nossa vida, o


Espírito Santo enche-nos do seu poder para com ousadia falarmos de Jesus
aos outros. Foi o que aconteceu na pregação no dia de Pentecostes. A igreja
anunciava Jesus como:

 Cordeiro. Os homens mataram-no, mas a sua morte não foi por acaso.
Cristo sofreu e morreu pelos nossos pecados segundo a vontade eterna de
Deus Pai At 2:23.

 Exaltado. Deus ressuscitou-o e exaltou-o grandemente At 2:33.

 Salvador do Mundo. Só no nome de Jesus Cristo encontramos salvação


At 4:11-12.

 Libertador. Pela sua morte, Jesus quebrou o poder de Satanás sobre nós
Hb 2:14; Cl 2:15.

 O Senhor. Jesus é o Senhor por natureza e tornou-se o Senhor por


conquista At 2:36.

 Sumo-sacerdote. Jesus intercede por nós perante Deus Pai Hb 7:25; Rm 8:34.

 Governador. Deus Pai entregou-lhe a responsabilidade de implementar


tudo o que designou para a humanidade, conduzindo a história ao seu
destino final At 2:35.

 Noivo. Um dia virá buscar a sua noiva, a igreja da qual é a Cabeça 1 Ts


4:13-18.

36
 Rei. Jesus voltará em grande poder e glória para estabelecer o seu reino
na terra Mt 24:30.

 Juiz. Um dia, o Senhor julgará o mundo At 10:42; 17:30-31.

Em terceiro lugar, ao glorificar Jesus pela palavra pregada, a qual fala dos
atos poderosos do Senhor Jesus, o Espírito atraia as pessoas a Cristo, o qual
disse aos discípulos: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a
mim Jo 12:32.”

Assim à medida que falamos de Jesus aos outros, o Espírito Santo


testemunha também de Cristo com sinais e maravilhas Jo 15:26-27. Além disso,
o Espírito Santo abre mentes fechadas, quebra corações duros e convence
as pessoas do seu pecado Jo 16:8. Através de nós, o Espírito Santo leva
pessoas ao arrependimento e à fé em Jesus. Para todos os que aceitam o
evangelho há salvação, mas, os que rejeitam encontram dureza de coração e
condenação.

Em quarto lugar, ao glorificar o nome Jesus, através do evangelho, o


Espírito Santo gera nova vida a todos os que creem. Com novas vidas
podemos testemunhar de Cristo.
Índice
A igreja e as obras

37
Texto base: Rm 3:20-24; 4:4-814
A igreja apostólica entendeu que somos salvos apenas pela graça, através
da fé no Senhor Jesus, só assim, somos justificados por Deus. Ser
justificado é o oposto de ser condenado. Significa ser declarado justo ou
inocente.

Como pode Deus declarar cada um de nós justos, uma vez que não o
somos? Através do evangelho, Deus age como o nosso grande contabilista,
debita o nosso pecado e credita a justiça a todos nós. Embora sejamos
pecadores culpados, sem qualquer mérito ou obras, porque cremos no
Senhor Jesus, Deus declara-nos justos ou inocentes Rm 3:21-22.

Deus aceita-nos como se nunca tivéssemos pecado e Deus pode faze-lo sem
deixar de ser justo, porque Jesus sofreu as consequências dos nossos
pecados Rm 3:23-26. Este ato de Deus não faz pecadores como nós justos, mas
declara-nos justos.

No tempo da igreja apostólica, esta doutrina foi atacada por alguns crentes
judaicos, da igreja em Jerusalém. Eles ouviram que os gentios, em
Antioquia, na Síria, confiaram em Jesus como Salvador, então foram lá e
insistiram para que os irmãos gentios fossem circuncidados e para que
guardassem a lei. Caso contrário, não podiam ser salvos.
14
“Porque ninguém será justificado diante dele pelas obras da lei; pois pela lei vem o pleno conhecimento do
pecado. Mas agora a justiça de Deus se manifestou, sem a lei, atestada pela Lei e pelos Profetas; isto é, a justiça
de Deus por meio da fé em Jesus Cristo para todos os que creem; pois não há distinção. Porque todos pecaram
e estão destituídos da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, por meio da redenção
que há em Cristo Jesus…

…Ora, o salário daquele que trabalha não lhe é atribuído como favor, mas como dívida. Contudo, ao que não
trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, sua fé lhe é atribuída como justiça. Assim também Davi fala da
bem-aventurança do homem a quem Deus atribui a justiça sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles
cujas iniquidades são perdoadas, cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor nunca
atribuirá o pecado.”
38
Paulo e Barnabé opuseram-se e o assunto foi tratado no primeiro concílio
da igreja em Jerusalém At 15:1-4. Nessa reunião, o Espírito Santo mostrou que
tanto os judeus como os gentios, são salvos pela fé e não pelas obras da
Lei.

A igreja católica, através dos séculos, também atacou esta doutrina e a


bíblia em geral, de tal maneira que, no século 16 poucos conheciam a
palavra de Deus. Então, o Senhor revelou a doutrina da justificação pela fé
a monge e estudioso chamado Martinho Lutero. Durante anos Lutero
procurou servir a Deus através de rezas, jejuns, castigo corporal, leitura e
estudo da Bíblia na língua original grega. Mas não estava feliz. Em vez de
amar, odiava Deus, porque quando lia que no evangelho se revela a justiça
de Deus Rm 1:17, Lutero entendia que Deus tratava os homens com
severidade, devido aos seus pecados. Lutero considerava que Deus era
injusto. Mas um dia tudo mudou. A certa altura, entendeu que a justiça de
Deus revelada no evangelho, fala da maneira como Deus declara justos os
pecadores que depositam a sua fé em Jesus. Ao redescobrir esta verdade,
Lutero viu a porta do Paraíso aberta, passando a olhar para a Bíblia como
fonte de toda a verdade.

Através da doutrina da justificação pela fé em Jesus, deu-se a Reforma


Protestante na Europa, na qual, muitas pessoas encontraram com alegria a
salvação pela graça através da fé e sem qualquer recurso aos méritos
humanos ou às boas obras. Incrível que pareça esta doutrina passado dois
séculos foi novamente esquecida. Mas o Senhor levantou John Wesley e
George Whitefield para a anunciar de novo.

Somos salvos pela graça por meio da fé, sem as obras Ef 2:8-9. A fé que salva
é viva, porque está edificada sobre a obra perfeita que o Senhor Jesus
consumou na cruz. A fé viva cresce e fica cada vez mais forte. Foi por isso
que, Paulo, ao declarar que a justiça de Deus é revelada no evangelho,
acrescenta: “…de fé em fé Rm 1:17.”

A fé que nos salva não é gerada por nós, mas pelo Espírito Santo, o qual
testifica do nosso Salvador, Jesus Cristo. A nossa parte é abrir o coração
para receber esta fé.

39
Concluindo, não somos salvos pelas boas obras, mas somos salvos para
fazer boas obras. Por isso, depois de mostrar que a salvação vem pela
graça, mediante a fé em Jesus, Paulo acrescenta: “Pois fomos feitos por
ele, criados em Cristo Jesus para as boas obras, previamente preparadas
por Deus para que andássemos nelas Ef 2:10.”
Índice
A igreja e o guardar da Lei de Moisés

40
Texto base: Gl 5:1, 13-1415
Nós, como igreja de Jesus Cristo, devemos agradar o Senhor em tudo o que
pensamos, dizemos ou fazemos. Mas, alguns irmãos acham que não é
suficiente. Concordam que não somos salvos pela Lei, mas dizem que para
agradar a Deus devemos guardar certas partes da Lei de Moisés. O que diz
a Bíblia a este respeito?

Moisés recebeu a Lei de Deus no Monte Sinai, a qual era superior a todas
as outras leis que existiam no Médio Oriente. Esta Lei foi dada a Israel Dt 6:4-
6. Mas, pela Lei, o povo não conseguiu continuamente glorificar o Senhor e
ter prazer nele. Israel era um povo profundamente afetado por valores,
atitudes e ações pagãos por ter vivido e sofrido como escravos numa
sociedade corrupta. Por exemplo, para limitar a vingança o Senhor disse-
lhes: “olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé Êx 21:24.”

A Lei de Moisés alcançou o seu propósito ao longo de gerações. Esse


propósito era mostrar a nossa incapacidade de atingir a perfeição, sem
pecado, de maneira que, fossemos conduzidos ao único digno, perfeito e
completamente aceite por Deus, Jesus Cristo, o Senhor Mt 5:38-41. Em Jesus,
os nossos pecados são anulados e gozamos a bendita esperança de uma
vida perfeita.

Assim, Deus deu a Lei para mais tarde revelar o seu amor e a sua rica
graça. Por isso, não faz sentido guardar as festas judaicas, as leias de dieta
ligadas à pureza do Templo ou guardar o Sábado, porque tudo isto, eram
sombras imperfeitas de uma realidade perfeita, a qual é Jesus Cristo.
Somente a Jesus importa louvar, adorar e servir.

Os profetas de Israel disseram que um dia Deus ia estabelecer com o seu


povo uma nova e melhor aliança Jr 31; Ez 36. A Lei de Moisés foi apenas uma
medida temporária até que chegasse a Nova Aliança Cl 2:16-17; Hb 9:10.
Hoje, vivemos a Nova Aliança estabelecida por Cristo. Agora, a Velha
Aliança perdeu a validade Hb 8:13.

15
“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Portanto, permanecei firmes e não vos sujeiteis novamente a
um jugo de escravidão… Irmãos, fostes chamados para a liberdade. Mas não useis da liberdade como pretexto
para a carne; antes, sede servos uns dos outros pelo amor. Pois toda a lei se resume numa só ordenança, a
saber: Amarás ao próximo como a ti mesmo.”
41
A Lei dada a Moisés não se tornou sem validade por ser má. Por exemplo,
as proibições contra o roubo, o adultério e a idolatria continuam a ser
praticadas Rm 7:12. A Lei foi dada para nos conduzir à Salvação, a qual só
existe em Cristo Jesus, nosso Senhor Gl 3:24. Assim, na plenitude dos tempos,
Jesus manifestou-se não só para cumprir toda a Lei antiga, mas
essencialmente, para nos deixar uma Lei melhor, superior Hb 7:12.

A Lei de Moisés foi escrita em tábuas de pedra. Na Nova Aliança a Lei de


Deus está escrita nos nossos corações Jr 31:33. Hoje, no poder do Espírito
Santo, vivemos a vida que agrada a Deus: podemos controlar a língua; o
ódio; a inveja; os desejos descontrolados da carne; podemos amar e perdoar
os nossos inimigos…

Existem duas posições extremas que devemos evitar. Uma é viver sem lei,
fazendo tudo que queremos sem pensar em honrar ao Senhor. A outra é
permitir que sejamos escravizados por legalismos, regras e normas tais
como o guardar do Sábado e o abster das certas comidas. As regras e
normas têm tendência para entrar na vida dos irmãos, sem que demos conta
delas, até que sejamos completamente escravizados por elas.

Concluímos que em Cristo Jesus temos liberdade Gl 5:1 . Não devemos


permitir que nada nos roube esta liberdade.

Índice
A alegria da igreja

42
Texto base: At 13:5216
A igreja apostólica não vivia desanimada e triste. Porém, a alegria que
sentia, não era causada porque tudo corria bem dia-a-pós-dia. Até porque, a
passagem que antecede este verso, mostra os discípulos enfrentando uma
grande perseguição. A alegria que gozavam era causada por um viver na
presença do Senhor.

Qualquer pessoa pode sentir-se feliz quando tudo corre bem. Apenas os
crentes fiéis ao Senhor podem ter alegria na adversidade. Mesmo no VT,
todos os fiéis foram felizes na hora da dificuldade Sl 68:3; 89:15-16; 118:24. Contudo,
foi durante o tempo dos apóstolos que a bíblia registrou esta realidade com
mais pormenores.

16
“Os discípulos, porém, transbordavam de alegria e do Espírito Santo.”
43
Por exemplo: Os apóstolos Paulo e Silas estavam na prisão de Filipos,
Macedônia, por falarem das boas novas de salvação em Jesus. Apanharam
muitos açoites com varas, e depois, foram lançados no cárcere interior da
prisão, onde ficaram com os pés presos num tronco de madeira. Não estavam
nada confortáveis e as chagas incomodavam muito, não conseguiam dormir.
Mas estavam alegres! Oravam e cantavam louvores e os outros presos, desde
modo, ouviram o Evangelho.

Noutra ocasião, quando Paulo estava preso numa casa alugada em Roma, por
Cristo, não tinha liberdade para percorrer a cidade de Roma e evangelizar
como tinha imaginado, porém, estava alegre. Preso, escreveu cartas às
igrejas para encorajar os irmãos a continuar no Senhor.

A carta aos Filipenses é notável, o tema é a alegria no Senhor. Paulo


confessa aos irmãos que não está desanimado. Pelo contrário, estava sempre
se regozijando no Senhor Fp 1:3, 4, 18; 2:17; 4:9. Sob circunstâncias difíceis, Paulo
não só estava alegre, como escreveu aos irmãos de Filipos, encorajando-os a
se regozijarem no Senhor Fp 4:4.

O Senhor deseja ver sempre em nós a verdadeira alegria, que só Jesus


oferece. É possível viver sempre alegre? A resposta é sim:

1. Podemos viver alegres porque a nossa felicidade não depende das


circunstâncias. Mesmo no meio das provas, podemos viver felizes. Porque
sabemos que o Senhor reina e não permite que soframos além das nossas
forças. Em cada prova recebemos a graça que precisamos 1 Co 10:13.

2. Podemos alcançar alegria através do conhecimento de Jesus Cristo.


Quanto mais conhecemos o Senhor presente mais alegres somos Jo 20:19-20. Por
isso, podemos confiar em Jesus sabendo que nunca nos abandonará Rm 8:38-39.

3. Podemos viver felizes porque o Senhor cumpre as suas promessas. Deus


tem um plano maravilhoso para nós e não vai falhar Jr 29:11. A alegria vem
quando confiamos nas promessas de Deus Rm 15:13.

4. Podemos viver alegres porque a nossa esperança é Jesus. Jesus vai


voltar! Temos uma herança maravilhosa e um futuro glorioso Rm 5:2. Se

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sofremos aqui, na terra, um dia seremos compensados. Se sofremos com
Jesus, um dia, com Jesus reinaremos.

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A igreja Santa

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Texto base: 1 Pe 1:14-1617
O Senhor, o nosso Deus, é santo. É chamado o santo de Israel. O que
significa dizer o Senhor é santo?

Em primeiro lugar significa que o Senhor é distinto ou separado do


universo que criou; em segundo lugar, significa que é moralmente perfeito,
sendo separado de qualquer imperfeição ou impureza. Por isso, lemos:
“Não há santo como o Senhor; porque não há outro além de ti 1 Sm 2:2…”

O Senhor chamou Israel de entre os povos para ser santo, tal como os
objetos no Templo também eram. Porque tudo o que Deus separa e
consagra para o seu serviço, é santo Êx 19:6. Que privilégio é pertencer ao
povo do Senhor! Nós como igreja do Senhor, temos este privilégio. Somos
santos porque somos separados e consagrados para servir ao Senhor.

A palavra grega traduzida por igreja significa chamado para fora. O


Senhor chamou-nos para fora do mundo, da sociedade corrupta e separou-
nos para sermos a sua propriedade exclusiva, para anunciar as grandezas de
Deus, o qual nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz 1 Pe 2:9.

No passado para escapar do mundo, alguns entraram em mosteiros e


conventos cercados com muralhas altas. Outros procuravam o isolamento
vivendo em cima de plataformas apoiados sobre pilares. Não é o propósito
do Senhor que vivamos isolados das outras pessoas. Estamos no mundo,
mas não pertencemos ao mundo!

Israel foi chamado para ser um povo santo e para dar testemunho do Deus
vivo às outras nações. De igual modo, fomos chamados para brilhar como

17
“Como filhos obedientes, não vos amoldeis aos desejos que tínheis em tempos passados na vossa ignorância.
Mas sede vós também santos em todo vosso procedimento, assim como é santo aquele que vos chamou, pois está
escrito: Sereis santos, porque eu sou santo.”
46
luzes na escuridão, para partilhar Cristo com as pessoas à nossa volta,
oferecendo-lhes esperança.

A única forma de Israel testemunhar do Deus vivo, era através de um estilo


de vida santo, de uma mentalidade diferente da mentalidade das nações
vizinhas. Uma vez que, Israel devia ao Senhor um modo de pensar
moldado pela sua palavra Lv 20:26; Dt 28:9.

De igual modo, só podemos testemunhar se vivemos em santidade, com


uma mentalidade moldada pela palavra do Senhor, diferente da
mentalidade do mundo. Caso contrário, as pessoas à nossa volta, vão dizer,
com razão, que somos hipócritas.

É por isso que Pedro, cheio do Espírito nos exorta: “Como filhos da
obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na
vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou,
tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento,
porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo 1 Pe 14-16.” Assim, é
importante praticar a palavra do Senhor no dia-a-dia: “Portanto, seja
comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para
a glória de Deus 1 Co 10:31.”

A santidade não é uma capa usada para esconder a podridão espiritual. A


santidade é atraente! A igreja apostólica entendeu a importância da
santidade verdadeira, que é atraente.

O nosso Deus é atraente, Jesus é atraente! Que possamos, através da nossa


vida, refletir a beleza da santidade de Jesus e adorá-lo Sl 29:2; 96:9. Que
possamos desta maneira, atrair os outros à nossa volta para também
poderem desfrutar do Senhor Jesus.

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A oração na vida da igreja

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Texto base: At 1:9-1418
Após o Senhor Jesus ter subido ao céu, os discípulos esperaram em oração
até que o Espírito Santo fosse derramado, no dia de Pentecostes,
capacitando-os com poder para dar continuidade ao ministério do Senhor
Jesus Atos 1:14.

A igreja apostólica vivia numa atmosfera de oração. Mesmo depois de


receberem o Espírito Santo, não deixaram de orar. O Senhor Jesus, também
18
“Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. E,
estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram
ao lado deles e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre
vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir. Então, voltaram para Jerusalém, do monte chamado
Olival, que dista daquela cidade tanto como a jornada de um sábado. Quando ali entraram, subiram para o
cenáculo onde se reuniam Pedro, João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu,
Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago. Todos estes perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, com
Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele.”
48
não deixou de orar, depois que foi batizado com o Espírito Santo. Agora,
Jesus, no céu, continua intercedendo por nós. Assim, os irmãos oravam
continuamente ao Senhor porque sabiam que sem a ajuda do Senhor não
podiam fazer nada Jo 15:5. Mais tarde, Paulo, também exortou a igreja a orar 1
Ts 5:17.

Inicialmente, a palavra leva-nos a entender que os irmãos seguiram a


prática dos judeus, orando 3 vezes por dia: às 9 horas da manhã, ao meio-
dia e às 3 horas da tarde. Por exemplo, às 3 horas da tarde, Pedro e João
subiram juntos ao templo para orar Atos 3:1.

Mais tarde vemos que a oração era praticada continuamente por toda a
igreja apostólica. Por isso, fortalecidos pela oração, os irmãos enfrentaram
a perseguição, o sofrimento físico, a confiscação dos seus bens e a prisão.

Pedro e João foram ameaçados pelas autoridades judaicas para parar de


falar sobre Jesus, mas a igreja encontrava-se reunida em oração. Não
oraram para que deixassem de ser perseguidos, mas para o Senhor os
fortalecer, de maneira que, anunciassem a palavra com ousadia e
realizassem sinais e maravilhas no nome de Jesus At 4:29-30.

As orações dirigidas a Deus, iam ao encontro de servir dignamente o


Senhor Jesus. Ao terminarem de orar, o Senhor fez tremer o lugar onde
oravam, mostrando que os ouvira. E todos se encheram do Espírito Santo At
4:31.
Depois de Saulo se encontrar com Jesus Cristo, entendeu que o Senhor
vivia. Logo, foi levado para Damasco, onde permaneceu na casa de Judas.
Após três dias, o Senhor chamou Ananias para visitá-lo em resposta à
oração de Saulo At 9:11.

Antes, Saulo, havia orado muito, mas, contra a vontade de Deus. Orou pela
destruição da igreja e para que o nome Jesus fosse aniquilado. Agora, Saulo
encontrou o Senhor e orou de acordo com a sua vontade. Foi por isso, que
Ananias foi enviada para o ajudá-lo.

Quando prenderam Pedro, com o objetivo de matá-lo, a igreja orou por ele
sem cessar At 12:5. O Senhor ouviu o grito do seu povo e enviou um anjo para
libertar Pedro da prisão At 5:6-11.
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Respondendo às nossas orações, o Senhor permite-nos ver a sua estratégia
para tocar e mudar o mundo. Deus podia decidir fazer tudo sozinho, mas
através da oração, graciosamente, permite-nos fazer parte do seu mover. Na
verdade, o Senhor, que é soberano, sempre espera ver em nós maturidade
espiritual, para que, orando nós, ele possa agir.

Através da oração, cooperamos com o Senhor no mover da sua soberana


vontade. O que poderia ser mais importante. Não deixemos de levantar a
nossa voz em oração ao Senhor!

Índice
A igreja submissa

50
Texto base: Ef 5:15-2119
É importante lembrar que o sangue de Jesus, por um lado redimiu os nossos
pecados, mas por outro lado, comprou-nos, logo não pertencemos a nós
próprios, mas ao Senhor. Pertencemos a Cristo para servi-lo e agradá-lo.

Como membros do corpo de Cristo, do qual Jesus é a cabeça, somos


nutridos e abençoados através do Espírito Santo, que flui em nós. No
entanto, só é possível agradar ao Senhor se lhe somos submissos, fazendo-
lhe toda a sua vontade. Esta submissão deve ser evidente no nosso estilo de
vida e comportamento diário.

Vemos esta submissão na vida da igreja apostólica.

1. A igreja submissa ao Senhor. Pedro foi preso por servir o Senhor,


acorrentado entre dois soldados, enfrentou a pena de morte, a qual viria
pela manhã At 12:6. Contudo, Pedro dormiu profundamente porque descansou
no Senhor, ao qual era submisso. O que mais importava era obedecer à
vontade do Senhor. Quando Paulo teve a visão do homem da Macedónia
pedindo ajuda, obedeceu imediatamente, viajando para lá At 16:9-10.

2. A igreja submissa aos apóstolos e aos presbíteros. Quando os apóstolos


e os presbíteros, com toda a igreja de Jerusalém enviaram uma carta à

19
“Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque
os dias são maus. Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do
Senhor. E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós
com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças
por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de
Cristo.”
51
igreja em Antioquia, na Síria, com as orientações do Espírito Santo, todos
aceitaram de bom grado At 15:30-31.

3. A igreja submissa aos líderes locais que o Senhor usa Hb 13:17. O trabalho
daqueles que o Senhor usa para pastorear o seu rebanho local é zelar pela
prática da palavra do Senhor, exortar o povo para não ser somente ouvinte,
mas também praticante, edificando assim sobre a rocha, a qual é Cristo.
Fazendo assim, a igreja ouve a voz do Senhor e segue-o.

4. A igreja submissa às autoridades 1 Pe 2:13-15, 18-21.

5. A igreja submissa na família Ef 5:21-6:4. Sermos submissos uns aos outros é


colocar os interesses dos outros à frente dos nossos próprios interesses. A
esposa deve submeter-se ao seu marido e o marido, deve amar a sua esposa
e dar a sua vida por ela se for necessário. Pois, foi assim, que Cristo amou a
sua igreja. As crianças devem ser submissas aos pais, honrando-os e
obedecendo-lhes.

6. A igreja submissa internamente Ef 5:21. Paulo era submisso aos irmãos,


compadecendo-se das suas necessidades. Para encorajar os irmãos a
continuar na fé, Paulo enfrentou grandes dificuldades. Mesmo depois de ter
sido maltratado em Antioquia, Icónio e Listra, ao ponto de quase morrer,
Paulo regressou lá, pouco tempo depois, para encorajar os discípulos At 14:21-
22.

Lucas era submisso ao seu amigo e companheiro de viagem Paulo. Lucas


esteve presente em grande parte do tempo em que Paulo viajou pelo
império romano At 20:5-16; 21:1-18; 27:1-27. Esteve com Paulo durante o período em
que esteve preso em Roma, aguardando julgamento. Também esteve com
Paulo alguns anos mais tarde, quando Paulo estava na sua segunda prisão,
enfrentando a sentença de morte 2 Tm 4:11.

Como é que Lucas conseguiu estar tão perto do Paulo? A lei romana
permitia que um homem, na situação de Paulo, pudesse levar consigo dois
escravos pessoais como seus assistentes. Para acompanhar Paulo a Roma,
inscreveu-se como escravo de Paulo. Pensou nos interesses de Paulo, não
nos seus.

52
7. A igreja submissa a outros de fora. Para os judeus, Paulo tornou-se
como um judeu. Isto significava que, durante as suas viagens, nas quais era
acompanhado por judeus At 16:1-3, observava as regras de alimentação
judaica. Para não ofender os judeus, concordou em juntar-se aos ritos de
purificação judaica At 21:20-26. Para os gentios tornou-se um deles. Isto
significava que, quando vivia com os gentios, não insistia nos costumes
judaicos. O seu objetivo primordial era conquistar outros para Cristo.

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53
A igreja e a adoração

Texto base: 1 Co 14:2620


O Senhor chamou Israel para se revelar como único Deus, vivo e
verdadeiro. O povo, acampado à volta do tabernáculo, adorava o Senhor, o
qual manifestava a sua presença em forma de coluna de nuvem, de dia, e

20
“Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele,
outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação.”
54
coluna de fogo, de noite. O mesmo Deus, revelava a sua glória, quando
uma nuvem enchia todo o tabernáculo. O tabernáculo era a habitação do
próprio Deus no meio do seu povo, Israel.

Nós, como igreja, somos o novo tabernáculo do Deus vivo. Como tal, pelo
Espírito Santo, o Senhor Jesus habita no nosso coração. Hoje, não
precisamos de tradições, nem de rituais ou cerimónias para adorar o
Senhor. Precisamos ser transformados pela palavra, através do Espírito,
para que, com uma nova vida, sejamos gratos, louvemos e adoremos o
nome do Senhor.

É claro que podíamos adorar o Senhor sempre sozinhos, em casa, no


parque, à beira-mar, ou em qualquer lugar, pois Deus está em todo o lado.
Porém, Israel entendeu a importância de cultuar o Senhor como um povo
congregado, junto e reunido num mesmo lugar. A igreja apostólica também
entendeu Hb 10:25.

E nós? O Senhor prometeu-nos que não nos desampararia e sempre que


reuníssemos com os irmãos para o cultuar, adorando o seu nome, Jesus se
revelaria no nosso meio Mt 18:20. Por isso, é extremamente importante
continuar a reunir, no nome do Senhor Jesus, todos juntos, como um só
corpo, expressando a nossa gratidão, louvor e adoração a Jesus, o único que
é digno.

A igreja apostólica, que no início era essencialmente judaica, reuniu-se nas


cortes do Templo em Jerusalém para louvar o Senhor Lc 24:53. Também
reuniam nas suas casas para partir pão. O partir do pão refere-se à Ceia do
Senhor, indicando que partilhavam as suas refeições, comendo juntos At 2:46;
5:42.
À medida que a igreja se espalhava, as reuniões nas casas dos irmãos
tornaram-se a norma. Há muitas referências a esta prática Rm 16:3-5; At 12:12; 16:13-
15, 40; 17:7. Nesta altura, os irmãos em Cristo Jesus, costumavam reunir para
cultuar o nome do Senhor, ao domingo, primeiro dia da semana, o dia da
ressurreição de Jesus At 20:7.

Como a maioria dos crentes estava familiarizada com o culto na sinagoga,


que se encontravam um pouco por todo o Império, os irmãos, ao reunirem
nas casas uns dos outros, mantiveram a forma de culto da sinagoga: a
55
leitura e exposição das Escrituras, a oração, o canto de salmos e cânticos
espirituais. Hoje, valorizamos o louvor porque a palavra revela-nos o culto
que é dado ao Senhor no céu Ap 5:9-14. Contudo, devemos viver na
dependência do Senhor, o qual certamente nos fará alcançar o culto que
deseja receber.

A adoração que o Senhor quer ver na igreja, é o fruto do Espírito Santo,


derramado sobre nós. Só assim, podemos adorar o Senhor em espírito e em
verdade Jo 4:23-24. À medida que o Espírito se move entre nós, o Senhor
revela a sua vontade pela palavra, dá-nos profecias, canções espirituais,
línguas e interpretação. O Senhor concede-nos tudo isto em função das
nossas necessidades, visando a nossa edificação 1 Co 12:11; 14:26.

O Espírito Santo, ao mover-se no nosso meio, toca as nossas mentes e os


nossos corações, durante a reunião. O mesmo Espírito, lembra-nos da
pessoa exaltada e maravilhosa que o Senhor Jesus é e de tudo que que
realizou por amor de nós. Tal como o livro de apocalipse revela, devemos
adorar o Senhor, cheios de alegria, gratidão e louvor Ap 5:9-14; At 2:46-47.

Hoje somos privilegiados porque somos chamados para adorar o Senhor


Jesus 1 Pe 2:4-5. Que a nossa adoração seja dirigida exclusivamente a Jesus, o
único que é digno de ser adorado!
Índice
A igreja e as diferenças culturais

56
Texto base: 1 Co 9:19-2321
Cada cultura tem certas crenças, valores, tradições e práticas. As diferenças
culturais muitas vezes dificultam o bem-estar entre os irmãos, a igreja. A
igreja apostólica reconheceu que existiam diferenças culturais e aprendeu a
lidar com elas.

Vemos essas diferenças na evangelização. A igreja anunciou o mesmo


Evangelho tanto para judeus como para gentios. Porém, os irmãos que
evangelizaram, tiveram em conta a cultura das pessoas com quem estavam
a lidar. Assim, para os judeus começaram com Moisés e os profetas
hebraicos, mas para os gentios começaram a falar da responsabilidade de
todos os homens perante o único Deus.

Ao evangelizar, os discípulos adaptavam o seu modo de viver para não


ofender os seus ouvintes. Paul era exemplo dessa realidade: “…Fiz-me
tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns 1 Co
9:19-23…”

Houve muitos fracassos na tentativa de evangelizar por causa de erros


culturais dos missionários que não distinguiram o que é cultural do que é
21
“Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. Procedi,
para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu
mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem
lei, como se eu mesmo o fosse não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os
que vivem fora do regime da lei. Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo
para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim
de me tornar cooperador com ele.”
57
bíblico. Por vezes, tentavam impor os costumes culturais ocidentais a uma
igreja fora das fronteiras ocidentais. Em vez de impor usos e costumes,
deviam pregar o evangelho e aceitar a cultura local em tudo o que não
constituísse uma ofensa ao Senhor. Desde que o governo indiano restringiu
a atividade missionária estrangeira, a igreja na Índia, livre da escravidão da
cultura ocidental, tornou-se eficaz e o evangelho espalhou-se por todo país.

Vemos também como a Igreja Apostólica lidou com as diferenças culturais


na vida dos irmãos. Inicialmente, a igreja era composta apenas por judeus,
mas quando os gentios aceitaram o Evangelho, a igreja tornou-se composta
por judeus e gentios. A cultura judaica e a cultura gentia não eram
compatíveis. Os judeus continuaram guardando o sábado e as festas
judaicos e mantiveram regras de alimentação rigorosas.
Como podiam os gentios, de cultura pagã, conviver com os judeus, cuja
cultura era totalmente oposta?

Alguns judeus acharam que os gentios deviam desistir da sua cultura e


tornar-se judeus, mantendo a Lei, antes de poderem fazer parte da igreja. O
Conselho de Jerusalém, composto pelos apóstolos, pelos presbíteros e por
toda a igreja, aconselhou que os crentes gentios não devem ser forçados a
manter a Lei judaica, uma vez que, a Lei era desnecessária para a Salvação
At 15.

Até Pedro declarou que, nem mesmo os judeus foram salvos para viver a
Velha Aliança, onde a Lei importava praticar. A igreja apostólica viu assim
que, a cultura judaica não era essencial ao evangelho, viu também que, era
urgente e necessário libertar o evangelho dos laços culturais, tornando-o na
mensagem universal de salvação para todos os homens.

Os crentes gentios foram informados de que podiam seguir livremente a


sua cultura, desde que, os seus usos e costumes não os levassem a pecar.
Além disso, foram ensinados a ser tolerantes face aos crentes judeus
espiritualmente imaturos.

Os crentes judeus na igreja, por outro lado, não foram forçados a desistir de
cumprir a lei, desde que entendessem que isso não contribuía de forma
alguma para a sua salvação. O que importava era que não se considerassem
moralmente superiores aos seus irmãos gentios.
58
Assim, nem judeus nem gentios foram obrigados a abandonar as suas
culturas para fazerem parte da igreja. No entanto, uma vez que ambos
deveriam viver e adorar em harmonia e unidade, cada um devia tolerar as
sensibilidades culturais do outro. Esta é uma verdade universal para todos
os tempos. A unidade entre os irmãos é um milagre que devemos preservar.
Índice

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