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11º Ano – CURSOS PROFISSIONAIS – Teste Módulo 4

Nome ___________________________________________Nº _______ Classificação ________

Grupo I (100 pontos)

ACTO PRIMEIRO

Câmara antiga, ornada com todo o luxo e caprichosa elegância portuguesa dos princípios do século
dezassete .Porcelanas, xarões, sedas, flores, etc. No fundo, duas grandes janelas rasgadas, dando para um
eirado que olha sobre o Tejo, e donde se vê toda Lisboa; entre as janelas o retrato, em corpo inteiro, de um
cavaleiro moço, vestido de preto, com a cruz branca de noviço de S. João de Jerusalém. Defronte e para a boca
da cena um bufete pequeno, coberto de rico pano de veludo verde franjado de prata; sobre o bufete alguns
livros, obras de tapeçaria meias feitas e um vaso da China de colo alto, com flores. Algumas cadeiras antigas,
tamboretes rasos, contadores. Da direita do espectador, porta de comunicação para o interior da casa, outra da
esquerda para o exterior. É no fim da tarde.

CENA I

Madalena só, sentada junto à banca, os pés sobre uma grande almofada, um livro aberto no regaço, e as mãos
cruzadas sobre ele, como quem descaiu da leitura na meditação.

Madalena (repetindo maquinalmente e devagar o que acaba de ler)

«Naquele engano d'alma ledo e cego


Que a fortuna não deixa durar muito...»

Com paz e alegria d'alma... um engano, um engano de poucos instantes que seja... deve de ser a
felicidade suprema neste mundo. E que importa que o não deixe durar muito a fortuna? Viveu-se, pode-se
morrer. Mas eu!... (pausa) Oh! que o não saiba ele ao menos, que não suspeite o estado em que eu vivo... este
medo, estes contínuos terrores, que ainda me não deixaram gozar um só momento de toda a imensa felicidade
que me dava o seu amor. Oh! que amor, que felicidade... que desgraça a minha! (Torna a descair em profunda
meditação: silêncio breve.)

Frei Luís de Sousa, Almeida Garrett

1. Identifica o episódio que Madalena estava a ler e a obra a que pertence. (15+5)

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2. Que significado dás à presença deste livro e desses versos no momento inicial de “Frei Luís de Sousa”?
(20+5)

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3. Indica o estado psicológico da personagem, referindo alguns elementos do discurso que nos permitem
fazer essa caracterização. (25+5)

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4. Madalena pensa em duas pessoas. Identifica-as e refere os sentimentos que cada uma delas provoca na
personagem. (20+5)

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Grupo II (50 pontos)

Lê o excerto com muita atenção:


[…] Mas já que estamos nas covas do mar, antes que saiamos dela, temos lá o irmão polvo, contra o qual têm
suas queixas, e grandes, não menos que S. Basílio e Santo Ambrósio. O polvo com aquele seu capelo(1) na
cabeça parece um monge; com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela; com aquele não ter osso
nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão. E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta
5 hipocrisia tão santa, testemunham constantemente os dois grandes Doutores da Igreja latina e grega que o dito
polvo é o maior traidor do mar. Consiste esta traição do polvo primeiramente em se vestir ou pintar das
mesmas cores de todas aquelas cores a que está pegado. As cores que no camaleão são gala, no polvo são
malícia; as figuras, que em Proteu(2) são fábula, no polvo são verdade e artifício. Se está nos limos, faz-se verde;
se está na areia, faz-se branco; se está no lodo, faz-se pardo; e se está em alguma pedra, como mais
10 ordinariamente costuma estar, faz-se da cor da mesma pedra. E daqui que sucede? Sucede que outro peixe,
inocente da traição, vai passando desacautelado, e o salteador que está de emboscada dentro do seu próprio
engano, lança-lhe os braços de repente, e fá-lo prisioneiro. Fizera mais Judas? Não fizera mais, porque nem fez
tanto. Judas abraçou a Cristo, mas outros o prenderam; o polvo é o que abraça e mais o que prende. Judas com
os braços fez o sinal, e o polvo dos próprios braços faz as cordas. Judas é verdade que foi traidor, mas com
15 lanternas diante; traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras. O polvo, escurecendo-se a si, tira
a vista aos outros e a primeira traição e roubo que faz é a luz, para que não distinga as cores. Vê, peixe
aleivoso(3) e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação já é menos traidor!
Pe. António Vieira, Sermão de Santo António (Cap. V)

(1) Capuz; (2) Deus marinho da mitologia grega que tinha o poder de se metamorfosear; (3) perverso; perigoso.
Identifica a alínea que completa, adequadamente, o sentido das frases. (5*10)

1. O excerto apresentado situa-se…


a) Na exposição/confirmação, capítulo V, repreensões em particular.
b) Na exposição/confirmação, capítulo IV, repreensões em geral.
c) Na exposição/confirmação, capítulo III, louvores em particular.

2. No início do capítulo II, Vieira refere que os peixes têm duas virtudes:
a) ouvem muito e falam pouco;
b) ouvem e não falam;
c) ouvem pouco e falam muito.

3. Vieira divide o seu sermão em duas partes:


a) na 1.ª ouve os colonos e na 2.ª repreende os índios;
b) na 1.ª louva as virtudes dos peixes e na 2.ª repreende os seus vícios;
c) na 1.ª louva os Jesuítas e na 2.ª repreende os índios.

4. Os peixes corporizam…
a) as virtudes dos homens de S. Luís do Maranhão;
b) os defeitos/vícios dos homens de S. Luís do Maranhão;
c) as virtudes e os defeitos dos homens de S. Luís do Maranhão.

5. Representam as virtudes dos peixes...


a) a rémora, o torpedo, o quatro-olhos, o Peixe de Tobias;
b) a rémora, o quatro-olhos, o polvo, o pegador;
c) o polvo, o pegador, o voador, o roncador.

6. Representam os defeitos/vícios dos peixes…


a) a rémora, o quatro-olhos, o polvo, o pegador;
b) o polvo, o pegador, o voador, o roncador;
c) a rémora, o torpedo, o quatro-olhos, o Peixe de Tobias.

7. o constituinte sublinhado na frase: “O polvo com aquele seu capelo na cabeça parece um monge”,
(l.2) desempenha a função sintática de…

a) complemento direto
b) predicativo do sujeito
c) complemento oblíquo

8. os constituintes sublinhados na frase: “…o salteador que está de emboscada dentro do seu próprio
engano, lança-lhe os braços de repente” (l.11), desempenham a funções sintáticas de…
a) complemento indireto e complementos direto
b) complemento direto e complementos indireto
c) complemento oblíquo e complementos direto

9. “a primeira traição e roubo que faz é a luz, para que não distinga as cores.” (l.16) A oração sublinhada
na frase é uma…
a) Oração subordinada adverbial final
b) Oração subordinada adverbial causal
c) Oração subordinada substantiva completiva

10. “Se está nos limos, faz-se verde” (l.8) A oração sublinhada na frase é uma…
a) Oração subordinada adverbial temporal
b) Oração subordinada adverbial condicional
c) Oração subordinada adverbial final
Grupo III (50 pontos)

Escrita
Redige um texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de 150 e um máximo de 220 palavras, sobre
o respeito pelos direitos humanos na atualidade. Para fundamentares o teu ponto de vista, recorre a dois
argumentos, ilustrando cada um deles com um exemplo significativo.

Não te esqueças de planificar previamente o teu texto e de o rever. Deves ter em conta as marcas
específicas deste género textual.

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Bom trabalho!

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