Introdução: O livro do Apocalipse foi escrito, como afirma a tradição cristã, por João na ilha de Patmos onde ficou exilado por conta das profundas perseguições do Imperador Romano Domiciano no fim do século I (90-96 D.c).
+ O livro do Apocalipse foi escrito para as igrejas, logo, é um livro com
forte apelo eclesiológico. O livro em seu início é enfático em nos mostrar que Cristo está no meio das comunidades avaliando, exortando, aprovando, reprovando, abençoando e guiando (Ler: Ap 1.20 – sete estrelas demonstra controle, soberania, domínio de Jesus sobre as Igrejas – Moeda circulante nos tempos de João com o filho do imperador Domiciano divinizado com 7 estrelas nas mãos). + As 7 igrejas da Ásia menor não foram apenas igrejas na história, mas são representações (fotografias) de momentos diferentes que nós podemos viver coletivamente ou individualmente em nossa carreira cristã. (Fotografias tem o poder de nos mostrar momentos diversos da vida). 1) Igreja de Éfeso (Cultivava a doutrina, mas faltava amor) (2.1-7) + Características: Éfeso era a principal cidade da Ásia pois tinha o porto marítimo mais importante dos tempos do NT. Tinha um imponente templo pagão destinado a deusa romana Diana (Artemis para os gregos). Éfeso era o centro de todos os tipos de práticas supersticiosas e artes mágicas (At 19.19). + Elogio: Lutaram fielmente contra os falsos mestres e apóstolos do seu tempo, eram fiéis a sã doutrina (vers. 2 e 6), trabalharam incansavelmente mesmo em meio a muitas dificuldades (vers. 3). + Reprovação: A igreja perdeu o primeiro amor, cultivou doutrina sem amor, era trabalhadora, mas sem amor, tinha teologia, mas sem amor, era eticamente correta, mas sem amor, tinha luz na mente, mas não tinha fogo no coração. (vers.4-5). Paulo nos exorta em I Co 13 que mesmo com muitos dons e sacrifícios beneficentes, se não for regado de amor, para nada serve. 2) Igreja de Esmirna (Era pobre na perspectiva humana, e rica na perspectiva céu) (2.8-11) + Características: Esmirna era uma cidade rica assim como Éfeso e disputou com ela durante muito tempo o status econômico do Império Romano antigo. Era bastante conhecida pela sua beleza na época. + Elogio: Ficou firme nas profundas tribulações que passaram e são confortados por Jesus pelas tribulações que hão de passar, viviam numa cidade rica, mas ficaram pobres por conta do confisco dos bens feito pelos romanos aos cristãos (vers. 9-10) = possuía raiz = Ipês possuem raízes muito profundas que alcançam o mesmo tamanho da árvore. São árvores fortes e bonitas (Sl 1. 1-3). + Reprovação: Não teve. 3) Igreja de Pérgamo (Não negou a fé, mas negou a sã doutrina) (2.12-17) + Características: Pérgamo não era tão importante economicamente como Éfeso e Esmirna, entretanto, era um centro político e religioso importante para Roma. Foi a primeira cidade da Ásia que incentivou abertamente o culto ao imperador romano no ano 29 a.C ao imperado Augusto, tbm havia um templo dedicado a Zeus, além de ter sido o centro do culto a Asclépio, o deus-serpente das curas, por isso a declaração de Jesus “trono de Satanás”(vers.13). + Elogio: Não negaram a fé em Jesus mesmo num ambiente cultural e religioso tão desfavorável e não se afastaram de suas comunidades de fé, mesmo sendo testemunhas de um martírio de Antipas provavelmente por conta da negação ao culto imperial (vers.13). + Reprovação: Se renderam a falsos ensinos que acreditavam que a imoralidade sexual e o culto a outros deuses era algo normal e sem relevância no que tange a comunhão com Deus (Doutrina de Balaão e os Nicolaítas = linhas teológicas ensinadas por falsos mestres que aceitavam certos pecados como normais). = O famoso “tem nada a ver, o que q tem, o importante é ser feliz....” = o mote da pós-modernidade carregada pela filosofia humanista centrada no eu e no bem-estar a qualquer custo. 4) Igreja de Tiatira (Em crescimento, porém tolerando falsos profetas) (2. 18-29) + Características: Dentre todas as cidades das igrejas da Ásia menor Tiatira era a que gozava de menor prestígio econômico, político e religioso. Ela apenas possuía um pequeno destaque comercial por conta de corporações que haviam ali de vários itens da época como a púrpura. + Elogio: Pela ideia que o texto fornece era uma igreja que estava crescendo no serviço e no amor cristão, pois “as últimas obras eram maiores que as primeiras” (vers.19). Provavelmente estavam experimentando um pequeno avivamento. + Reprovação: Toleravam falsos profetas ao invés de repreendê-los. A referência a rainha do AT Jezabel (vers.20) talvez seja simbólica para representar uma atividade profética naquela cidade que corrompia a sã doutrina de Cristo. Uma igreja sadia avalia as manifestações do Espírito Santo e o crivo dessa análise não é a experiência pessoal, mas as Escrituras Sagradas. 5) Igreja de Sardes (Tem nome de que vives, mas está morta) (3. 1-6) + Características: A cidade de Sardes já tinha sido uma importante cidade, porém estava em decadência econômica e política na época de João. De positivo apenas possuía diversas estradas romanas grandes e um centro industrial de produtos de lã e tinturaria. + Elogio: Havia um remanescente fiel a Deus naquela igreja que numa perspectiva geral estava sendo reprovada por Jesus em todos os aspectos espirituais (vers.4). Alguns poucos fiéis permaneceram na igreja de Sardes como na metáfora dos rabiscos de azeitonas na Oliveira quando profundamente sacudida pelas invasões estrangeiras como castigo pelo pecado do antigo Israel (Is 17.6). + Reprovação: Era uma igreja que gozava de uma reputação exemplar, era conhecida por grandes feitos no passado, “tens nome de que vives, e está morto” = Vivia um “zumbizismo espiritual”. O pedido de Jesus parecia simples: “Sê vigilante...” (vers. 2), mas havia uma razão histórica para essa exortação visto que a cidade quase foi tomada por 2 vezes por inimigos estrangeiros por falta de vigilância de seus guardadores. (Cuidado para não acabar como Sansão que teve um início promissor e acabou como perdedor, talvez seja melhor ser como Paulo que iniciou mal como perseguidor, mas terminou bem como vencedor “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé” II Tm 4.7). 6) Igreja de Filadélfia (Pequena e não popular, mas fiel) (3. 7-13) + Características: Filadélfia era a cidade mais jovem dentre todas as 7 mencionadas por João. O principal culto era ao deus Dionísio e o grande problema para a igreja não eram os romanos nesta cidade, mas sim os judeus habitantes ali. + Elogio: Assim como Esmirna não recebeu nenhuma reprovação, era uma igreja com pouca reputação, mas fiel a Cristo (vers.8). Os judeus foram o grande empecilho desta igreja, pois afirmavam ter a verdadeira identidade do verdadeiro Israel e descendência de Davi, entretanto, Jesus contrapõe isso quando diz que tem a “chave de Davi” (vers.7) e que abrira as portas do Reino a igreja de Filadélfia (vers.8), contradizendo ao ensino dos judeus daquele lugar. + Reprovação: Não teve. 7) Igreja de Laodiceia (Nem fria e nem quente, porém morna) (3. 14- 22) + Características: Laodiceia ficava no entroncamento de 3 estradas importantes, logo, essa localização estratégica serviu para que cidade se tornasse um centro bancário e industrial de destaque na época do NT. Era famosa tbm pela produção de tecidos, pela escola de medicina para tratamento dos ouvidos e pelo “pó frígio” usado para fabricar colírio. Paulo chegou escrever uma carta para essa Igreja, porém essa se perdeu (Cl 4.16). + Elogio: Assim como Sardes não teve nenhum elogio, o interessante é que estas duas cidades são as únicas das 7 que se tornaram completamente desabitadas nos tempos modernos. + Reprovação: Laodiceia era muito parecida com Sardes, sendo que esta última ainda tinha um remanescente fiel, Laodiceia foi totalmente tomada pela indiferença e mornidão espiritual. Provavelmente, muitos dos membros da igreja participavam ativamente da alta cúpula da sociedade e essa riqueza e posição social talvez tenha esfriado a fé deles. (vers.16-17). O interessante que a mensagem de Jesus possui trocadilhos que serviram de exortação a igreja (vers. 18 – Comprar ouro e eles eram ricos / roupas brancas pra vestir e eram grandes produtores de tecidos / ungir-se de colírio sendo que eram produtores do “pó frígio” que ajudavam os cegos). Mas Jesus nunca os deixou de amar (vers.19). CONCLUSÃO Jesus ainda possui as 7 estrelas nas mãos (Domínio) e ainda passeia pelas igrejas, Ele nunca está fora, sempre está dentro, aprovando ou reprovando, mas sempre está conosco para nos guiar e nos pastorear até a sua Grande vinda!