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PALAVRA CULTO DE DOMINGO

23/04/2023

Tema: Nem frio nem quente

Texto Base: Ap 3:14-22

Introdução

Foi no ano 81 da Era Cristã que assumiu o governo de Roma o imperador Domiciano, um
homem perverso e cruel, ao ponto de ser chamado pelos os historiadores de o segundo
Nero.

Este homem foi o primeiro imperador de Roma a rogar para si o título de senhor e deus.

E a partir dele começa a se construir templos por todo o império para que o imperador fosse
adorado como uma divindade.

Foi esse imperador que deporta o apóstolo João para uma ilha vulcânica no Mar Egeu, a
ilha de Patmos. Que servia como uma espécie de asilo político onde as pessoas eram
enviadas para morrerem em trabalhos forçados e em solidão.

Vale destacar que quando João é deportado para esta ilha era um tempo de terrível
perseguição a igreja.

Onde os crentes eram jogados nas arenas, entregue as feras, queimados vivos ou
crucificados.

A essa altura todos os apóstolos com exceção de João já estavam mortos e todos pelo o
viés do martírio.

Era um tempo difícil e amargo para a igreja.

Certamente o propósito de Domiciano ao deportar João para a ilha de Patmos era calar a
sua voz.

Mas se o homem por mais cruel e poderoso que seja pode traçar seus planos, mas a
palavra final é de Deus, é a vontade soberana de Deus que prevalece.

Quem está no comando da história não são os governantes, os reis, quem comanda a
história é aquele que está assentado no alto e sublime trono.

Por isso quando João chega nesta ilha ele escreve em Apocalipse 1:9

“Eu, João, irmão e companheiro de vocês no sofrimento, no Reino e na perseverança em


Jesus, estava na ilha de Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus”.
João já havia entendido que ele não estava ali por conta da ordem de um homem ou por
causa da perseguição da igreja ou por tentarem calar a sua voz. Não, ele estava ali por
causa da Palavra de Deus.

João não veio para aquela ilha para cumprir a agenda do imperador, mas para cumprir a
agenda do Todo Poderoso.

Então por volta dos anos 55/56 o apóstolo Paulo passa 3 anos na cidade de Éfeso e a
mesma foi transformada/ impactada pela a Palavra de Deus.

Dessa forma, o apóstolo Paulo como um grande plantador de igreja, começa a plantar
igrejas nas cidades da província, tais como Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia,
Hierapolis, Colossos, Laodiceia entre outras.

E agora João está ali naquela ilha, Paulo já havia sido degolado, Pedro crucificado e João
começa a ouvir uma grande voz.

Ler Apocalipse 1:10-20

Os versos que lemos no início se trata da sétima igreja, a igreja de Laodiceia.

Essas igrejas ficavam na antiga Ásia Menor, hoje atual Turquia.

Se trata de 7 igrejas e 7 cartas endereçadas a cada uma.

Éfeso - a primeira igreja.


Abandonou o primeiro amor.

Esmirna - a segunda igreja.


A igreja perseguida.

Pérgamo - a terceira igreja.


A igreja fiel.

Tiatira - a quarta igreja.


A igreja relaxada.

Sardes - a quinta igreja.


A igreja morta.

Filadélfia - a sexta igreja.


A igreja missionária.

Laodiceia - a sétima igreja.


A igreja morna.

Não vou me ater as 6 primeiras igrejas, mas somente a sétima igreja, a igreja de Laodiceia.
De todas as cartas as Igrejas da Ásia, esta é a mais severa. Jesus não faz nenhum elogio à
igreja de Laodicéia. Praticamente as demais igrejas recebem exortações, mas também
elogios, mas Laodiceia não.

A cidade de Laodicéia foi fundada em 250 a.C., era uma cidade rica e opulenta. Laodicéia
era o lar dos milionários. Era uma importante cidade devido à sua localização, por ficar no
meio das grandes rotas comerciais.

Na cidade havia teatros, um estádio e um ginásio equipado com banhos. Era a cidade de
banqueiros e de transações comerciais.

A igreja tinha a cara da cidade. Em vez de transformar a cidade, a igreja tinha se


conformado a ela.

A igreja estava satisfeita com sua prosperidade, orgulhosa de seus membros ricos.

A 4 pontos sobre a cidade que merecem destaquem e que são citados por Jesus, entender
esses pontos é entender toda a plenitude das palavras de Jesus a Laodiceia.

A cidade de Laodicéia destacava-se por quatro características:

Em primeiro lugar, era um centro bancário e financeiro. Era uma das cidades mais ricas do
mundo. Lugar de muitos milionários. Em 61 d.C., foi devastada por um terremoto e
reconstruída sem aceitar ajuda do imperador. Os habitantes eram orgulhosos de sua
riqueza. A cidade era tão rica que não sentia necessidade de Deus.

Em segundo lugar, era um centro de indústria de tecidos. Em Laodiceia produzia-se uma lã


especial famosa no mundo inteiro. A cidade se orgulhava da roupa que produzia.

Em terceiro lugar, era um centro médico de importância. Ali havia uma escola de medicina
famosíssima. Fabricavam-se ali dois unguentos quase milagrosos para os ouvidos e os
olhos. O pó frígio para fabricar o colírio era o remédio mais importante produzido na cidade.
Esse colírio era exportado para todos os centros populosos do mundo.

Em quarto lugar, era um centro das águas térmicas. A região era formada por três cidades:
Colossos, Hierápolis e Laodicéia. Em Colossos ficavam as fontes de águas frias e em
Hierápolis havia uma fonte de água quente, que em seu curso sobre o planalto tornava-se
morna, e nesta condição fluía dos rochedos fronteiros a Laodicéia.

Tanto as águas quentes de Hierápolis, como as águas frias de Colossos eram terapêuticas,
mas as águas mornas de Laodiceia eram intragáveis.

Com essas informações vamos adentrar no texto e entender o que Deus quer falar conosco.

➡️ Conheço as tuas obras


Como fez com todas as 7 igrejas, Jesus expressa o seu conhecimento íntimo do estado real
da igreja em Laodicéia. Ele anda no meio dos candeeiros (1:13,20; 2:1).
Ele nos conhece verdadeiramente. Isso te assusta ou te conforta.

➡️ Nem és frio nem quente. És morno, estou a ponto de vomitar-te dar minha boca.
Sabe o que é interessante, diferentemente das outras igrejas, o problema da igreja de
Laodiceia não era teológico, nem moral. Não havia ali falsos mestres, nem heresias. Não há
na carta menção a hereges ou perseguidores.

O que faltava a igreja era fervor espiritual. A vida espiritual daqueles membros era morna,
apática, indiferente e pior nauseante.

A igreja era acomodada. O problema era apatia.

A cidade de Laodicéia estava localizada entre as cidades de Hierápolis e Colossos. Ambas


estas cidades eram conhecidas pelas águas puras que fluíam através delas. Hierápolis
tinha uma fonte quente que era considerada medicinal. Colossos era conhecida por suas
fontes frias e refrescantes da montanha. Laodicéia, por outro lado, tinha uma má reputação
quando se tratava de água. Era conhecida por sua água suja, morna, que os visitantes
cuspiam quase imediatamente após a degustação. Neste contexto, podemos ver que
ambas as águas, quente e fria eram consideradas boas, enquanto a água morna e suja de
Laodicéia não tinha valor.

Por isso, Jesus ciente de todo esse contexto, das águas quentes de Hierapolis e das águas
frias de Colossos, faz esse paralelo.

As águas termais/ quentes de Hierápolis ajudavam no tratamento de alguns problemas de


saúde. As águas frias de Colossos eram boas para beber. Mas as águas mornas de
Laodicéia basicamente não serviam para nada; só davam ânsia de vômito!

Esse não é um problema antigo, ultrapassado, infelizmente não. Dentro do estudo


escatológico, cada uma das 7 igrejas representa um estado da igreja, e a última igreja,
representa o último estado ao qual a igreja iria passar.

Infelizmente sofremos desse mesmo problema hoje: o problema da intensidade.

Há um rei que exemplifica isso. 2 Crônicas 25.1, 2 diz: Era Amazias da idade de vinte e
cinco anos quando começou a reinar e reinou vinte e nove anos em Jerusalém; sua mãe se
chamava Jeoadã, de Jerusalém. Fez ele o que era reto perante o SENHOR; não, porém,
com inteireza de coração.

Parece que muitos de nós se encaixam perfeitamente neste perfil que a Bíblia pinta do
jovem rei Amazias, pois fazemos “o que é reto perante o Senhor”, mas sem a intensidade,
“com inteireza de coração” ou, como Jesus diria, “de todo o teu coração, de toda a tua alma
e de todo o teu entendimento” (Mateus 22.37).
Frequentamos as reuniões da igreja, lemos a Bíblia, jejuamos, mas, mesmo assim, a
questão permanece: Estamos fazendo isso com intensidade? Estamos fazendo o que é reto
diante do Senhor, de todo coração?

Como temos servido a Deus? Com toda a nossa força, intelecto, com todo o nosso
coração? Ou temos estado meia boca, fazendo de qualquer jeito, da forma que dar?

São palavras duras, mas esse estado segundo Jesus é o estado do vômito.

Será que temos provocado náuseas ao nosso Senhor?

Como você se encontra hoje? Frio? Quente? Ou morno? Em cima do muro. Gosta de vir
aos cultos, de sentir a presença de Deus, mas se acha auto-suficiente, não quer renunciar a
uma vida de pecado, de prazeres mundanos.

E pior a carta é endereçada a pessoas que já eram cristãos, que triste aparentar ser uma
coisa e verdadeiramente não ser.

➡️ Pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma


Que erro grave quando fazemos uma leitura equivocada a nosso respeito.

A igreja de Laodiceia se achava rica e abastada e autossuficiente.

O auto engano é uma grande tragédia.

Laodiceia considerava-se rica e era pobre. A igreja era morna devido a ilusão que
alimentava a respeito de si mesma.

A religiosidade, a autossuficiência anda de mãos dadas com a mornidão.

As afirmações da própria igreja de Laodicéia não refletiam o verdadeiro estado dela. É fácil
dizer que está tudo bem na vida espiritual de uma igreja ou de uma pessoa, mas Jesus
sabe a verdade. Ele vê as obras e sonda os corações. A igreja de Laodicéia mentia para si
mesma, mas Jesus não foi enganado!

A auto-satisfação também é uma grande tragédia. A igreja de Laodicéia disse: "Não preciso
de cousa alguma".

A igreja não tinha consciência de sua condição.

A igreja de Laodiceia enfrentou a tragédia de não ser o que se projetou ser e ser o que
nunca se imaginou ser.

Ela estava orgulhosa do seu ouro, roupas e colírio, mas era pobre, nua e cega.
A congregação de Laodiceia fervilhava de frequentadores presunçosos. Ele diziam: Estou
rico e abastado e não preciso de cousa alguma. Os crentes eram ricos. Frequentavam as
altas rodas da sociedade. Eram influentes na cidade.

A cidade era um poderoso centro médico, bancário e comercial. O orgulho de Laodicéia era
contagioso. Os cristãos contraíram a epidemia da soberba. Os membros da igreja
tornaram-se convencidos e vaidosos.

Eles achavam que estavam indo maravilhosamente bem em sua vida religiosa. Mas Cristo
teve de acusá-los de cegos, mendigos e nus.

Mendigos apesar de seus bancos, cegos apesar de seus pós frígios e nus apesar de suas
fábricas de tecidos. São mendigos porque não têm como comprar o perdão de seus
pecados. São nus porque não têm roupas adequadas para se apresentarem diante de
Deus. São cegos porque não conseguem enxergar a sua pobreza espiritual.

Como temos estado de Deus? Cientes do nossa total dependência dEle ou com uma ideia
equivocada de nossa realidade espiritual.

Sabe o que Cristo gosta? De coração contritos, quebrantados, homens e mulheres que se
prostram, reconhecem que sem Ele nada somos, não podemos, nada temos.

Cuidado com a auto confiança, com autossuficiência, com o orgulho, a soberba.

Hoje é noite de se entregar diante do altar do Senhor, reconhecer a nossa pequenez, a


nossa total dependência dEle.

➡️ Aconselho-te que de mim compres


Jesus é realmente incrível, essa igreja que dava dEle náusea, uma igreja vomitante, mas
Ele desiste? De jeito nenhum, e mais, Ele pode dar ordens, mas prefere dar conselhos.

Filho, nosso Senhor é gentil, educado, Ele não vai lhe forçar a nada, mesmo ciente do seu
estado miserável, Ele de dar conselhos, se apresenta soluções, mudança de vida.

E eu tenho uma notícia maravilhosa para os miseráveis, para os cegos e nus.

Compre de Jesus, seus produtos são transformadores, e é de graça.

Estamos pobres, mas Cristo tem ouro. Estamos nus, mas Cristo tem roupas. Estamos
cegos, mas Cristo tem colírio para os seus olhos.

Só Cristo pode enriquecer nossa pobreza, vestir nossa nudez e curar a nossa cegueira.

Corra para Cristo, nada no mundo vai te saciar, só Ele tem as palavras de vida eterna.

➡️ Eu repreendo e disciplino a quantos amo


Cristo não desiste da igreja. Apesar da sua condição, Ele a ama. Antes de revelar o Seu
juízo (vomitar da sua boca) Ele demonstra a Sua misericórdia (repreendo e disciplino
aqueles que amo).

Disciplina é um ato de amor. A pedra precisa ser lapidada para brilhar. A uva precisa ser
prensada para produzir vinho.

Se a repreensão é porque já amor. A base da disciplina é o amor. Porque Ele ama,


disciplina. Porque ama chama ao arrependimento. Porque ama nos dá oportunidade de
recomeçar. Porque ama está disposto a perdoar-nos.

➡️ Sê, pois zeloso e arrepende-te


Arrepender-se é dar as costas a esse cristianismo de aparências, de faz de conta, de
mornidão.

É deixar de fazer as coisas meia boca, de todo jeito, e começar a se entregar de todo o
coração, com o todo o ser.

Não haverá hipócritas no céu.

Devemos vomitar essas coisas da nossa boca, do contrário, Ele nos vomitará. Devemos
trocar os anos de mornidão pelos anos de zelo.

➡️ Estou a porta e bato


Aqui comprovamos mais uma vez o estado miserável dessa igreja.

Jesus está a porta e bate! Então onde Ele esta? Pois é, do lado de fora!

Que triste situação, Cristo, o Senhor da igreja, está do lado de fora.

Mesmo diante dessa triste contestação, Ele nos faz um apelo pessoal. Um convite a um
relacionamento, não a uma religião, mais a um relacionamento, a ter com Ele comunhão.

A salvação é uma questão totalmente pessoal. Enquanto muitos batem a porta no rosto de
Jesus, Cristo vem visitar-nos. Coloca-se em frente da porta do nosso coração. Ele bate. Ele
deseja entrar. É uma visita do Amado da nossa alma.

Jesus bate através de circunstâncias e chama através da Sua Palavra.

Embora Cristo tenha todas as chaves, Ele prefere bater à porta.

De que maneira Ele bate? Através das Escrituras, de um sermão, de um hino, de um


acidente, de uma doença. É preciso ouvir a voz de Jesus.

O convite é para um relacionamento pessoal com Cristo. É um convite para cear.


O dono do Universo, bate a porta do seu coração hoje! Mais uma vez, de forma educada,
gentil, Ele nos convida a abrir a porta, a deixar Ele fazer morada, um convite a se entregar
por inteiro, por completo, sem restrições.

Qual será sua decisão essa noite?

Mais uma vez Ele te dar uma oportunidade, mais uma vez Ele bate a porta!

Ele bate, mas não força ninguém a abrir a porta. Ele chama, mas depende dos ouvintes
atender à voz dele. Ele respeita nosso livre arbítrio. Jesus oferece a salvação a todos, mas
cada pessoa toma a sua própria decisão.

Sabe uma das coisas mais bonitas que eu considero em uma pessoa, é ela reconhecer
suas falhas, seus erros.

Davi disse tira tudo de mim, mas não me afasta da tua presença.

Não importa minha posição, meu cargo, só fica comigo, não me vomita da tua presença.

É noite de reconhecermos diante de Deus nosso estado.

Como anda sua vida espiritual? Meia boca? Como anda sua leitura bíblica, sua vida íntima
e relacional com Deus?

Você está sendo zeloso ou relaxado? Está quente ou morno?

“Reconheça que você é pobre, infeliz, miserável, cego e nu!”.

Que sair da mornidão e viver uma vida de intensidade? O segredo é reconhecer seu estado.
Sua dependência de Deus.

Nós precisamos aprender a reconhecer quão pecadores somos.

Deus está a sua porta! A porta de um miserável e infeliz, pobre, cego e nu.

Ele está dizendo: Deixe-me entrar, porque vou cobrir a sua nudez, tenho colírio para os
seus olhos e muitas riquezas para você!

Só depois que reconhecermos nosso estado de limitação e miséria sem Jesus e abrirmos a
porta para o salvador de pecadores miseráveis é que faremos “o que é reto diante do
Senhor, de todo coração”.

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