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reprodução por qualquer meio, salvo em breves citações, com indicação da fonte.
Todas as citações bíblicas foram retiradas da versão Almeida Século 21, salvo quando identi cada outra
versão.
Carvalho, Diogo
Relacionamento discipulador / Diogo Carvalho - 2ed.- Rio de Janeiro: JMN, 2016.
152p.
1. Discipulado. 2.Vida cristã. 3. Jesus Cristo ---- Relações sociais. 4. Pequenos Grupos na Igreja. I.
Junta de Missões Nacionais. II. Título.
CDD 248
Índice para catálogo sistemático:
1.Igreja: Grande Comissão: 266.028
2. Pequenos Grupos na Igreja : 254.5
Capa
Apresentação
Prefácio
1ª Parte: Revendo Conceitos sobre Discipulado
1 – Precisamos Ser Claros e Específicos
2 – O Que Significa Fazer Discípulos?
3 – Não Apenas a Ordem Mas Também a Estratégia
4 – Mais que Um Programa: Um Jeito de Ser
2ª Parte: Discipulado Moderno X Discipulado de Jesus
5 – Quem é o Discípulo?
6 – Onde Começa o Relacionamento Discipulador
7 – Relacionamento: A Essência do Discipulado
8 – O Poder do Zelo e da Intercessão
9 – Ensinando Para Transformar
10 – Solicitação de Contas: Encorajamento para Avançar Sempre
11 – Relacionamento Discipulador Um a Um e em Pequenos Grupos
Multiplicadores
12 – O Objetivo do Relacionamento Discipulador
13 – Quem Pode Discipular?
Conclusão
Referências Bibliográficas
Apresentação
Se você deseja se tornar alguém imitável, você está com o livro certo em suas
mãos. Fazer discípulos é muito mais do que a transmissão de conhecimento: é
o compartilhar verdade e vida enquanto caminhamos com pessoas com que
Deus nos presenteou para amar e cuidar. Mais do que palavras, o que você vai
encontrar aqui é a transmissão de verdade e de vida.
Relacionamento Discipulador: uma teologia da vida discipular é fruto de uma
profunda pesquisa bíblica realizada pelo meu amigo Pr. Diogo Carvalho,
discipulador e líder comprometido com as Escrituras, e um homem que com
muita facilidade atrai discípulos para um estilo bíblico de vida. Já há algum
tempo leio muita coisa sobre discipulado e pequenos grupos, mas
Relacionamento Discipulador traz muitas respostas que ainda não tinha tido a
oportunidade de ler em outras obras. Preencher uma importante lacuna dentro
da visão de Igreja Multiplicadora, este livro aprofunda o assunto e demostra o
que é de fato o relacionamento discipulador e qual é a sua fundamentação
bíblica.
De maneira muito relevante, somos desa ados a, antes de fazer discípulos, ser
discípulos, nos tornando pessoas imitáveis e frutíferas pela ação do Espírito
Santo em nós. Como bem apresentando nas páginas desta obra, precisamos sair
da condição de estar seguindo a Jesus no meio da multidão para um estágio
mais próximo do Mestre, ou seja, para sermos alguém que verdadeiramente
tem o caráter de Cristo e o segue em suas atitudes e palavras.
Relacionamento Discipulador é fruto de alguém que ama a Palavra de Deus e
ama pessoas. Muito além da teoria, tenho visto o autor a cada dia vivenciar
com os seus discípulos o que ele agora nos abençoa e compartilha através destes
escritos. Louvo a Deus pela vida do Pr. Diogo. Sou grato por todos os
momentos que partilhamos nos últimos três anos. A cada descoberta, a cada
insight e a cada experiência compartilhada sobre o crescimento de seus
discípulos, ele tem me ensinado mais e mais a amar a Deus e ao próximo.
Poderia escrever muito mais. No entanto, estou mais ansioso é que você passe
logo a desfrutar de tudo que receberá nas próximas páginas. Prepare-se para
crescer como um discipulador, que ama a Jesus e deseja se tornar alguém
imitável!
Em Cristo, esperança nossa!
Fabrício Freitas
Gerente de Evangelismo
Prefácio
Colocando em Prática
1. Vamos dar uma olhada em sua agenda semanal. Imagino que ela
contenha muitos apontamentos de compromissos com reuniões,
atividades e eventos. Mas, quantas vezes ocorre o nome de pessoas? O
que isso está querendo dizer? Que espaços você encontrou vagos em sua
agenda e que poderiam ser dedicados a pessoas?
2. Qual é o seu conceito de discipulado? Tente ser o mais especí co
possível. Quanto tempo custa? Como e quando ele acontece? Com
quem ele é desenvolvido? Quem está preparado para discipular outra
pessoa? Qual é o seu objetivo? Como você sabe que esse objetivo está
sendo cumprido na vida de um discípulo?
3. Re ita sobre o que os membros de sua igreja estão pensando quando
você os exorta a fazer discípulos. Eles estão sendo estimulados a
discipular baseados no discipulado que estão recebendo? Se não, o que
é preciso fazer para mudar esse cenário?
[4] Desnecessário abordar a questão gramatical do “ide” – se imperativo, particípio ou gerúndio -, uma
vez que não faz nenhum sentido, em qualquer hipótese, retirar a intencionalidade do “ide” se o público-
alvo da ordem foi “todas as nações”. Não há nenhum indicativo contextual de que, para os discípulos, viver
a sua vida normal poderia signi car ir até os con ns da terra.
[5] Hermenêutica é a área da Teologia que estuda como interpretar a Bíblia corretamente.
[6] Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira, Artigo 5.
[7] O livro Igreja Multiplicadora: cinco princípios bíblicos para crescimento de ne o relacionamento
discipulador como “o relacionamento intencional de um discípulo com uma pessoa visando torná-la outro
discípulo” (p. 72).
[8] A Declaração Doutrinária da CBB a rma, em seu item VI: “A salvação do crente é eterna. Os salvos
perseveram em Cristo e estão guardados pelo poder de Deus. Nenhuma força ou circunstância tem poder para
separar o crente do amor de Deus em Cristo Jesus. O novo nascimento, o perdão, a justi cação, a adoção como
lhos de Deus, a eleição e o dom do Espírito Santo asseguram aos salvos a permanência na graça da salvação.”
3
Esperamos que esse não seja o retrato de nossa igreja e nosso ministério. Mas,
se for, temos que reconhecer que, ao contrário de Jesus, gastamos todo o nosso
foco e energia em ações voltadas a atender a multidão em vez de prepararmos
um pequeno grupo de líderes que se multipliquem.
Queremos alcançar muitos de uma vez só. O clamor da multidão que sofre à
nossa volta é muito grande. Jesus se compadeceu dela! Nós também devemos
nos compadecer! Mas, quando o Senhor quis garantir que seu evangelho
chegasse às próximas gerações e até os con ns da terra, seu alvo não foi a
multidão, nem seu método a pregação de massa, a cura ou a multiplicação dos
pães. O seu alvo foi um grupo de homens e a sua estratégia foi o
relacionamento discipulador. Por isso, Ele fez menção intencional a essa mesma
estratégia: fazer discípulos.
Robert Coleman a rma com acerto que “a Grande Comissão não é um
chamado para um novo plano de ação, mas o desenvolvimento do próprio método
de missão de Jesus”.[10] Ele também nos ensina:
Os homens foram o Seu método. Tudo começou por Jesus chamar alguns poucos homens para segui-
lo. Isso revelou imediatamente a direção que sua estratégia evangelística ia tomar. Sua preocupação não
foi com programas para alcançar as multidões mas com homens a quem as multidões seguiriam. Tão
marcante quanto de fato é, Jesus começou a reunir esses homens antes de ter organizado uma
campanha evangelística ou até mesmo pregado um sermão público. Homens eram para ser o seu
método de conquistar o mundo para Deus.
Jesus nos deu uma missão que não será O discipulado é para
completada somente por meio de eventos gerar liberação para
de evangelização ou ação social de massa.
O célebre evangelista Billy Graham admitiu
multiplicação, e não
certa vez: “Cruzadas em massa, nas quais eu dependência.
acredito e às quais eu dediquei minha vida,
nunca completarão a Grande Comissão; mas o ministério um a um o fará”.[11] Ele
assumiu isso depois de ser convencido da importância do discipulado por
Dawson Trotman, fundador dos Navegadores, a partir de 2ª Timóteo 2.2 (“O
que ouviste de mim, diante de muitas testemunhas, transmite a homens éis e aptos
para também ensinarem a outros”). Graham se referiu a esse versículo como
sendo “algo próximo de uma fórmula matemática para a propagação do evangelho
e o crescimento da igreja”.[12]
Na década de 50, Trotman foi convidado por Graham para ajudá-lo no
acompanhamento dos milhares de decididos em suas cruzadas. A partir de
então, eles se tornaram grandes amigos, a ponto de o evangelista ter pregado
em seu funeral. O movimento dos Navegadores in uenciou tanto os batistas
americanos que chegou até nós, batistas brasileiros, por intermédio dos
preciosos livros de Waylon Moore publicados pela JUERP: Integração Segundo
o Novo Testamento (1976) e Multiplicando Discípulos (1983). Jesus não apenas
nos deu a ordem. Ele nos exempli cou como fazer.
Nós Fazemos Discípulos de Quem?
Essa é uma pergunta-chave, que precisa ser respondida com muita cautela.
Todos nós já tivemos conhecimento de situações em que, em nome do
discipulado, estabeleceu-se uma relação de dependência, controle e submissão
cega que trouxe grandes prejuízos. Mas isso não acontece por acaso. Algumas
versões de discipulado partem de uma teologia que, suprimindo o sacerdócio
universal do crente, apresenta a palavra nal do discipulador como a principal
forma de Deus falar hoje em dia.
Como batistas, nós cremos rmemente que a Escritura é o principal meio
pelo qual Deus fala ao coração do ser humano, e que toda orientação que um
cristão pode oferecer a outro deve estar fundamentada nela. No decorrer dos
próximos capítulos, vamos deixar cada vez mais nítido que o discipulado é para
gerar liberação para multiplicação, e não dependência. O nosso chamado é
para fazermos discípulos que serão enviados, e não que permanecerão debaixo
de nossas asas para sempre.
O alvo do discipulado é Cristo. O
Por mais paradoxal que
discipulado se trata dele. É com Ele que
devemos nos parecer no nal das contas. pareça, a missão que
Qualquer pessoa que queira começar a Cristo nos entregou é
fazer discípulos, mas não sendo ela mesma para ser cumprida por
uma discípula de Jesus, poderá realizar meio de produzirmos os
muitas coisas, menos a Grande Comissão, nossos próprios
pois a Grande Comissão trata da
discípulos dele.
multiplicação de discípulos de Jesus, não de
qualquer pessoa.
Apesar de tudo isso, não devemos responder à pergunta que intitula esta
seção apenas sob o ponto de vista da rejeição do erro teológico. Ainda há
muitos tesouros sobre o discipulado que precisamos escavar. Por mais que
refutar o engano seja importante, fazer isso por si só não signi ca que
estejamos cumprindo a Grande Comissão. A ordem de Cristo exige de nós
uma atitude ativa, e não passiva. Não a cumpriremos por meio do que
deixarmos de fazer (o erro), mas pelo que zermos (o acerto). Então, nossa
abordagem do fazer discípulos deve estar isenta de preconceitos que nos
impeçam de compreender e praticar o que isso realmente signi ca.
Com isso em mente, quero propor que, se admitirmos que o Senhor Jesus
nos ordenou reproduzir com outros o que Ele mesmo fez com aqueles doze
homens, então a Grande Comissão nos obriga a fazer discípulos não apenas
dele, mas também de nós (à medida que somos discípulos dele). Por mais
paradoxal que pareça, a missão que Cristo nos entregou é para ser cumprida
por meio de produzirmos os nossos próprios discípulos dele.
Quando Jesus se despediu de seus discípulos e os incumbiu de ensinar novas
pessoas, Ele estava nomeando todos eles como discipuladores. Desde então e
até os dias de hoje, Ele não vai descer do céu para fazer novos discípulos. Agora
isso compete a nós, sob o poder do Espírito Santo. Se zermos discípulos
apenas de Cristo, e não de nós, então não estaremos discipulando, pois o
sujeito ativo do fazer discípulos na Grande Comissão somos nós, e não Ele.
Com tudo isso, não estamos querendo dizer que o objetivo nal do
discipulado é levar alguém a parecer-se conosco. Se for assim, o discipulado
terá um alvo muito medíocre. A nalidade do discipulado é produzir um
imitador de Cristo, o que será obtido, contudo, por meio de um processo de
aperfeiçoamento gradual. Nesse processo, o discípulo começa imitando outro
discípulo, porém com o objetivo de ultrapassá-lo, pois a perfeição almejada,
que tem Cristo como parâmetro, sempre estará além da nossa capacidade de
modelar. O referencial sempre será Cristo, mas se nós o seguimos, o discípulo
poderá nos seguir.
Por que será que recusamos tanto a ideia de termos os nossos discípulos de
Cristo? Uma parte da resposta já foi dada, e se refere à nossa rejeição quanto a
determinados movimentos mais recentes de discipulado que destoam do
padrão bíblico. Mas, antes mesmo que tais movimentos surgissem, nós
também não aceitávamos a ideia de que um discípulo genuíno de Cristo
pudesse ter discípulos, ainda que por meio de um relacionamento saudável
teologicamente. Nós até admitimos que o discipulado pressupõe um
discipulador de um lado e um discípulo de outro, mas chamamos esse
discípulo de “discipulando”, “pupilo”, “mentoreado” ou até de “catecúmeno”,
menos de discípulo.
Creio que a principal razão pela qual não gostamos de ter discípulos está na
nossa forma histórica de enxergar o fazer discípulos apenas como uma meta
( m) da evangelização, e não como um processo (meio) de aperfeiçoamento de
discípulos para a multiplicação. Vamos tentar re etir sobre isso um pouco
mais. Para muitos de nós, fazer discípulos tem sido nada mais do que obter
convertidos. Por esse pensamento, quando Jesus nos deu a Grande Comissão a
sua intenção seria basicamente que buscássemos pessoas perdidas para a
salvação. A ênfase da missão seria na evangelização e no resultado dela.
Primeiro, pregamos o evangelho e, quando uma pessoa decide aceitar Jesus
como salvador, temos feito mais um discípulo dele.
Quem vê a Grande Comissão dessa forma geralmente ressalta Marcos 16.15:
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura”, mas
nem tanto Mateus 28.19: “Ide, fazei discípulos”. Quero propor chamar essa
compreensão do fazer discípulos de a abordagem do bornal vazio. Bornal é a
bolsa onde o semeador carrega as suas sementes, as quais vai deixando cair pelo
campo a m de que germinem por conta própria. O objetivo do semeador é
voltar para a casa ao nal do dia com o bornal vazio das sementes que carregou
para espalhar.
Para um cristão com foco na semeadura, voltar com alguma semente não
lançada signi ca contribuir, por omissão, para que mais uma pessoa se perca
para sempre. Uma amostra dessa visão pode ser lida no impactante livro de
Mark Cahill, Evangelismo: uma coisa que você não pode fazer no céu:
Se eu desse uma festa de aniversário para você na qual cada convidado fosse receber 100 mil dólares em
dinheiro vivo e uma Mercedes conversível, e eu lhe desse cinquenta entradas para a festa, quantas
pessoas você teria nessa festa? Sem dúvida, teria cinquenta pessoas. De fato, se você percebesse que
tinha uma entrada sobrando e visse uma pessoa que mora na rua, você daria a ela a entrada que estava
sobrando. Isso não se parece com o que Deus tem feito por nós? Ele nos tem dado um bolso cheio de
entradas, e é responsabilidade nossa entregar um convite após o outro para um lugar chamado céu. (...)
Você tem ideia de quantos crentes vão morrer e estar diante de Deus com um bolso cheio de entradas
para o céu? Você tinha todas essas entradas para o céu. Você poderia ter dado essas entradas a qualquer
pessoa que quisesse, mas morreu com o bolso cheio delas.[13]
Com certeza, existe algo de bíblico nesse entendimento. Paulo parece pensar
assim ao insistir com Timóteo: “Eu te exorto diante de Deus e de Cristo Jesus, que
há de julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e pelo seu reino, prega a palavra,
insiste a tempo e fora de tempo, aconselha, repreende e exorta com toda paciência e
ensino” (2Tm 4.1,2). Nesse texto, o apóstolo coloca sob perspectiva o juízo de
Deus a que todos os homens estariam sujeitos, inclusive o próprio evangelista
quanto à sua diligência no trabalho. Poucos versículos depois (v. 5), ele apela ao
jovem pastor: “Faze a obra de um evangelista”. Em outra passagem, ele diz: “Sou
devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. (...)
Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de
todo aquele que crê; primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1.14,16). Ainda:
“Desse modo, esforcei-me por anunciar o evangelho não onde Cristo já havia sido
proclamado (...)” (Rm 15.20). Para não citar outras passagens, como Rm
10.10-17, em que ele sustenta a necessidade de proclamação do evangelho a
todas as pessoas, pois “a fé vem pelo ouvir”. Para Paulo, a pregação do evangelho
era sempre necessária e emergencial.
Sem dúvida, a nossa missão inclui anunciar Jesus Cristo a todas as pessoas ao
redor do mundo. Ele mesmo disse, no que poderíamos chamar de a Grande
Comissão no Evangelho de Lucas: “Está escrito que o Cristo sofreria, e ao terceiro
dia ressuscitaria dentre os mortos; e que em seu nome se pregaria o arrependimento
para perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém” (Lc
24.46,47).
Os evangelistas da abordagem do bornal vazio têm trazido uma
enormecontribuição no sentido de nos despertar para a obra de evangelização
local e mundial. Eles são muito críticos quanto à omissão da igreja no
cumprimento da Grande Comissão, ainda que a tenham particularmente à luz
de Marcos 16.15 e Lucas 24.46 e 47. O chamado à evangelização é uma voz
constante a nos incomodar para que saiamos do nosso conforto atrás de pessoas
a m de lhes anunciar o evangelho.
A questão não é se a nossa missão inclui
A Grande Comissão é
semear o evangelho, mas se ela se resume a
isso. A Grande Comissão termina quando algo que se implementa
esvaziamos o saco de sementes? Temo dizer via relacionamentos.
que não. Deixe-me demonstrar o que tudo isso tem a ver com a pergunta: “Nós
fazemos discípulos de quem?”. Bem, se nossa visão de fazer discípulos se limita a
obter convertidos, então os novos discípulos não têm a necessidade de se
relacionar com mais ninguém além de Jesus. Poderíamos fazer discípulos até
pelo rádio ou pela televisão.
Tudo bem que podemos evangelizar em um encontro eventual e ninguém
discute a validade dos meios de comunicação para propagação do evangelho.
Mas fazer discípulos é muito mais do que isso; não é algo que se faça a distância.
Como dizia Dawson Trotman, “você pode levar uma pessoa a Cristo em entre
vinte minutos e duas horas, mas leva vinte semanas a dois anos para dar-lhe o
acompanhamento adequado”.[14]
“Olhe para Cristo e não para mim” é o que costumamos dizer. É claro que
Cristo é o nosso modelo maior, o nosso alvo. Porém, algumas vezes usamos essa
frase só para nos esquivar de discipular alguém que provavelmente quer ver em
nós um exemplo do que é ser um verdadeiro discípulo. Até estranhamos as
reivindicações paulinas de que os irmãos deveriam ser seus imitadores.[15]
Ficamos a ponto de considerá-las arrogantes.
Precisamos fazer discípulos de Jesus, sim, no sentido de levar pessoas ao
arrependimento e à fé nele a m de que sejam salvas, mas também precisamos
fazer discípulos de nós, o que signi ca desenvolver com elas relacionamentos
de cuidado, ensino e aperfeiçoamento, para que também essas pessoas sejam
levadas à multiplicação. Isso é o que chamamos de relacionamento discipulador.
Não poderemos desenvolver esse tipo de relacionamento se não estivermos
abertos a ter discípulos.
É da essência do discipulado seguir alguém. Todo discípulo precisa de um
discipulador por perto, alguém que lhe sirva de referencial, de modelo. Ao
plantar o discipulado como núcleo da Grande Comissão em Mateus 28.18-20,
Jesus foi intencional em demonstrar que o caminho para o aperfeiçoamento do
discípulo passa por aprender com outro discípulo.
A Grande Comissão é algo que se implementa via relacionamentos. Ela
acontece pela in uência de um discípulo em outro, pessoa a pessoa, geração a
geração, até chegar a todas as nações. Quanto à salvação, o discípulo é de
Cristo, pois quem salva é Ele. Quanto ao relacionamento discipulador, o
discípulo é nosso, pois quem discipula somos nós. Não se choque com os
pronomes. Eles dão uma falsa ideia de posse. Mas o sentido não é esse. Na
verdade, eu entendo e respeito a sua opção de não chamar os seus discípulos de
seus, se for o caso. Você pode chamá-los de “discipulandos”, por exemplo.
Contudo, certi que-se de que esteja desenvolvendo com eles o relacionamento
discipulador conforme modelado por Jesus. Desenvolveremos melhor essa ideia
quando cuidarmos de como era desenvolvido o discipulado nos dias do Novo
Testamento e como ele pode acontecer hoje.
Colocando em Prática
1. Vamos analisar as suas ações estratégicas como pastor ou líder. Quanto
tempo você tem empregado em servir à multidão (mesmo os membros
em geral) em contrapartida ao tempo investido em relacionamento e
treinamento de novos líderes? Compare tudo isso com a estratégia
discipular de Jesus. A que conclusões você pode chegar a partir dessa
comparação?
2. Re ita sobre o conselho de Paulo a Timóteo em 2ªTimóteo 2.2. Faça
uma lista das ações estratégicas desenvolvidas nos últimos 30 dias e que
estão relacionadas a esse versículo. Como você pode ser mais
intencional a partir de hoje para que esse verso seja uma realidade em
seu ministério?
3. Que sentimento vem ao seu coração quando pensa que deve fazer
discípulos de você e não apenas de Cristo? Você se sente encorajado ou
desanimado? Quais as barreiras que você consegue enxergar para ver
isso acontecer em sua vida?
[9] Era perfeitamente possível Jesus continuar mestre de seus discípulos mesmo depois de deixá-los. Por
exemplo, havia os discípulos dos fariseus (Mc 2.18, Lc 5.22), mas estes, em certa ocasião, se intitularam
discípulos de Moisés, já morto (Jo 9.28). De um ponto de vista, os fariseus eram discípulos de Moisés,
pois preservavam e difundiam seus ensinamentos. De outro, também tinham seus próprios discípulos,
seguidores.
[10] A formação de um discípulo, p. 9. Coleman assina a introdução deste livro.
[11] Discipleship, p. 28 (tradução livre do autor).
[12] Discipleship, p. 28 (tradução livre do autor).
[13] Evangelismo: uma coisa que você não pode fazer no céu, p. 165-166.
[14] CLINTON, J. Robert. Etapas na Vida de Um Líder. p. 50.
[15] 1Co 4.16, 11.1, Fp 3.17, 1Ts 1.6 e 2Ts 3.7.
4
Por suas epístolas, vemos também que Paulo sempre esteve disposto a
consumir a sua vida em cuidado dos novos discípulos. Talvez o texto mais
signi cativo esteja registrado em 1ª Tessalonicenses 2.8, quando diz: “Assim,
devido ao grande afeto por vós, estávamos preparados a dar-vos de boa vontade não
somente o evangelho de Deus, mas também a própria vida, visto que vos tornastes
muito amados para nós”. Paulo sabia que deveria transmitir àqueles novos
irmãos não somente a Palavra de Deus, mas tudo que ele era. Poderíamos
relatar vários outros textos em que Paulo manifesta seu amor paternal pelas
igrejas que estavam nascendo e pelos seus discípulos, como Timóteo e Tito, a
quem chamou de lhos (1Tm 1.2,18; Tt 1.4).
De forma intencional, Jesus in uenciou vidas que multiplicaram essa
in uência em outras vidas. Liderou homens que viraram líderes. Os discípulos
entenderam e praticaram isso. Nós precisamos fazer o mesmo. Comecemos a
fazer discípulos agora mesmo.
Colocando em Prática
1. Em sua igreja há ministérios separados de evangelismo e de
discipulado? Como os membros em geral têm visto a sua
responsabilidade com esses dois aspectos da missão? Que ações você
pode começar a fazer para ensiná-los a enxergar a Grande Comissão por
completo?
2. Proclamação e cuidado devem andar de mãos dadas. Qual dos dois tem
recebido maior ênfase no seu ministério? Como você pode fazer para
equilibrá-los em uma evangelização discipuladora?
3. Relacionamento discipulador envolve liderança, in uência. Tome um
tempo para anotar os nomes das pessoas que você sente que tem
in uenciado de perto. Encontre espaço em sua agenda semanal para
fazer isso ainda mais intencionalmente.
Quem é o Discípulo?
Essa lista não está completa. Com certeza, há outras formas de seguir alguém
em nossa cultura hoje em dia. De toda forma, ainda hoje é necessário, para que
um relacionamento discipulador realmente aconteça, que o discípulo passe
tempo com o seu discipulador, ouça suas lições, acompanhe os seus passos e
visualize a sua conduta para aprender com seu exemplo. Esse seguimento,
assim como nos dias de Jesus, continua relacionado com admiração e vontade
de estar junto de alguém para aprender com ele.
Aprendi muitas coisas com esse exercício, principalmente que muitos dos
valores que eu anotei ali são mais ideais do que reais, infelizmente. Como
preciso melhorar nas coisas que eu mesmo declaro valorizar! Fazer aquela lista
também me chamou a atenção para a estreita relação que há entre os nossos
valores e o que estamos transmitindo dentro do relacionamento discipulador.
Inevitavelmente, os nossos discípulos passarão a absorver os nossos valores, um
a um. Isso não vai acontecer de uma hora para outra, mas gradativamente, à
medida que eles copiarem as nossas ações, essas ações se transformarem em
hábitos e esses hábitos solidi carem valores.
Mas, para isso, os nossos valores precisam
Em um relacionamento
ser reais, e não apenas ideais. Por exemplo,
consideremos a oração. É muito simples discipulador, somente
escrevermos “Eu valorizo a oração”. Mas, valores reais serão
será que temos realmente o hábito de orar? transmitidos ao
Quantas ações se voltam para a expressão discípulo.
desse valor no nosso dia a dia? Nós não
transmitiremos aos nossos discípulos o valor da oração somente falando que ela
é importante. Eles precisarão ver em nós ações concretas voltadas para a oração.
Em um relacionamento discipulador, somente valores reais serão transmitidos
ao discípulo. Se dissermos que alguma atitude é importante, mas nem ao
menos nos esforçamos para colocá-la em prática, também estaremos
transmitindo um valor, mas, nesse caso, será algo parecido com: “Eu valorizo o
discurso, mas não a prática”.
Vale reforçar que cada pessoa é única e singularmente dotada de talentos e
dons espirituais distribuídos pelos Espírito Santo como Ele quer (1Co 12.11).
Por mais que alguém venha a imitar as nossas ações e hábitos e se apropriar de
nossos valores, esses valores terão formas diferentes de se manifestar. Precisamos
respeitar e valorizar o jeito especial de ser de cada um de nossos discípulos, sem
querer formatá-los ao nosso.
Colocando em Prática
1. Faça uma análise sincera em sua vida à luz do fruto do Espírito (Gl
5.22). Em que aspectos você tem se destacado a ponto de ser um
exemplo para as pessoas em redor? Em que aspectos você precisa
melhorar?
2. Você consegue notar alguma pessoa que tem demonstrado o interesse
de segui-lo? Que ações você pode tomar para ir ao encontro desse
interesse e transformá-lo em um relacionamento discipulador?
3. Existe algo em sua vida que precise ser consertado para que não sirva de
escândalo para as pessoas que você in uencia? Tome a decisão agora
mesmo de se arrepender e abandonar isso.
Em Mateus 3.17[41], vemos que, quando Jesus foi batizado, “uma voz do céu
disse: Este é o meu Filho amado, de quem me agrado”. Deus certi cou aos
ouvidos de todos a sua identi cação íntima com Jesus. Se havia alguém ali com
o coração quebrantado e disposto a estar próximo de Deus, certamente deve ter
se impressionado com esse testemunho e se interessado em conhecer mais de
Jesus.
Não apenas isso, João Batista também
Se andamos com Deus e
testemunhou de Jesus ao exaltá-lo como “o
Cordeiro de Deus”. Veja a narrativa de João as pessoas
1.35-37: “No dia seguinte, João estava ali testemunharem isso,
outra vez, com dois de seus discípulos, e, sempre haverá quem
olhando para Jesus, que por ali passava, disse: queira andar conosco.
Este é o Cordeiro de Deus! Os dois discípulos
ouviram-no dizer isso e passaram a seguir Jesus”. Graças ao reconhecimento de
João, Jesus ganhou os seus primeiros candidatos a discípulos. Ele não fez
promoção pessoal. Simplesmente teve boas referências de quem o conhecia.
O resumo do que Jesus tinha de atraente para ser seguido pode ser ouvido da
boca de dois de seus discípulos em Lucas 24.19: “Jesus, o Nazareno, que foi
profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo”. Esse
testemunho sobre Jesus era o que os seus discípulos poderiam dizer a um
estranho. Sabemos que só depois eles reconheceram que falavam com o próprio
Senhor. O que um amigo seu poderia testemunhar de você a alguém que lhe
perguntasse a seu respeito?
Se andamos com Deus e as pessoas testemunharem isso, sempre haverá quem
queira andar conosco. O nosso estilo de vida como cristãos está intimamente
ligado ao discipulado. A nossa capacidade de fazer discípulos depende do que
alguém que conviva conosco possa dizer sobre nós. Para uma grande
multiplicação de discípulos, precisamos de um exército de cristãos que sejam
poderosos em obras e palavras diante de Deus e das pessoas em volta.
Em Marcos 1.14-17, vemos que “depois que João foi preso, Jesus foi para a
Galileia, pregando o evangelho de Deus e dizendo: Completou-se o tempo, e o reino
de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho”. Vemos nesse texto
que Jesus tinha uma mensagem que desa ava as pessoas a darem mais um passo
na direção de Deus. Se havia alguém com a percepção de que o mundo estava
em trevas e que precisava de Deus, esse alguém veria na mensagem de Jesus
uma saída viável. A verdade teológica que fundamentou o convite para o
discipulado de Jesus foi a de que a entrada no Reino de Deus é pela via do
arrependimento. Se alguém quisesse se livrar da ira vindoura, como dizia João
Batista[44], - e ele tinha seguidores para esse discurso - deveria se arrepender e
se voltar para Deus.
Veja como essa mensagem introduziu o convite especí co para o
relacionamento discipulador na narrativa de Mateus 4.17-22:
Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão,
os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores; E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos
farei pescadores de homens. Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no. E, adiantando-se dali, viu
outros dois irmãos, Tiago, lho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com seu pai, Zebedeu,
consertando as redes; E chamou-os; eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.
Percebemos pelo texto que, até então, Pedro ainda não tinha deixado tudo
para se tornar um discípulo de Jesus. Ele já chamava Jesus de mestre, cedia o
seu barco como palanque e estava até disposto a obedecer às suas orientações,
mesmo que elas não zessem sentido (v. 5), mas ainda estava pescando peixes.
Ele ainda não tinha abraçado a decisão radical do discipulado. Jesus já tinha
conquistado o reconhecimento de Pedro quanto à sua condição de mestre e a sua
palavra já gozava de credibilidade.
Mas Jesus não se contentou com isso. Ele queria mais. Queria transformar
seus discípulos em pescadores de homens. Queria tirá-los de seus mundos e
trazê-los para o seu; fazê-los mudar de mente e interesse, passando a considerar
a missão de Jesus (pescar homens), e não a missão deles (pescar peixes), a coisa
mais importante na vida. Jesus queria que passassem a andar com Ele,
tornando-se de fato seus discípulos. Ainda não havia relacionamento
discipulador, a não ser na intencionalidade de Jesus.
Para nós, hoje, desfrutar de reconhecimento e credibilidade diante das pessoas é
tido quase como uma necessidade do ego. Mas, para Jesus, foi algo natural que
Ele canalizou para o alistamento de discípulos em um relacionamento
discipulador. Se gozarmos de algum prestígio diante das pessoas, o m de tudo
não será tirarmos vantagens pessoais ou enchermos nossas paredes de placas ou
diplomas, mas convergirmos essa condição para aquilo que é a nossa principal
vocação. Estamos em busca de discípulos; não de sucesso.
Mas, qual foi a estratégia de Jesus para trazer os discípulos em potencial para
dentro da sua missão de “pescar homens”? A resposta é surpreendente. Jesus
não procurou convencer aqueles homens de que a pescaria normal era uma
coisa errada ou que não merecia todo aquele investimento de tempo e de vida.
Pelo contrário, Jesus entrou no universo da pescaria e abençoou os seus
discípulos lá. Ele não buscou trazê-los para o seu mundo antes de visitar o
mundo deles com amor, respeito e valorização. Jesus realizou um milagre
naquilo que era o mais importante para Pedro a m de trazer Pedro para o que
era mais importante para Jesus.
Valorizar o mundo dos discípulos é um princípio perfeitamente praticável em
nossos dias. Por exemplo, tenho um discípulo que pratica tiro com arco e
echa. No início de nossa caminhada, tirei um sábado para ir a uma
competição torcer por ele. Dirigi por mais de 30 quilômetros só para sentar na
arquibancada ao lado de sua família. Outro discípulo em potencial é artista
plástico, dá aulas de desenho e faz gra tes. Uma de minhas primeiras ações foi
ir até o seu estúdio e elogiar o seu trabalho. Nunca reparei tanto nessa bela
expressão cultural como tenho feito desde que o conheci. Nós não
conseguiremos fazer discípulos se não estivermos dispostos a experimentar – e
apreciar! – lugares, estilos, hobbies e até comidas diferentes, en m, a valorizar o
que os nossos discípulos valorizam.
Portanto, procure abençoar o seu discípulo em seu próprio meio. Entristeça-
se com o seu discípulo quando o seu professor de arco e echa falecer e se
alegre quando a sua nova exposição de arte for inaugurada. Celebre as vitórias
de seu discípulo e ofereça o seu ombro nas derrotas. Quando você entra na
vida do discípulo, as vitórias e derrotas dele serão também suas. Aos poucos, as
suas também passarão a ser dele.
Como vimos em Lucas 5, Jesus operou um milagre em favor de Pedro. Se
não podemos realizar um milagre, podemos recorrer a quem pode. Ore para
que as pessoas que você está discipulando, ou desejando discipular, sejam
abençoadas naquilo que é importante para elas, sua pro ssão, sua família, seus
afazeres do dia a dia. Pergunte-lhes quais são os seus pedidos de oração e se
comprometa a interceder por eles. Seja uma bênção para as pessoas dentro do
mundo delas!
Quando entendermos que uma pessoa pode uma vez manifestar o desejo de
seguir a Cristo e não perseverar nessa intenção, então poderemos tratar com
mais maturidade os resultados de nossas ações evangelísticas. Passaremos a
registrar as decisões sabendo que não signi cam necessariamente conversões. E,
quando essas pessoas decididas não forem batizadas meses depois, isso não
signi cará que perderam a salvação, mas que provavelmente nunca foram salvas
e que ainda podem ser alvo de um relacionamento discipulador mais efetivo,
dependendo do interesse delas.
Colocando em Prática
1. Como anda seu testemunho? As pessoas em volta reconhecem em você
uma pessoa que anda com Deus? Se alguém buscasse informações a seu
respeito com parentes, amigos e colegas de trabalho, o que ouviria
deles?
2. Pense em fazer um jantar em sua casa e convidar alguém diferente,
talvez um vizinho ou um colega de trabalho, de quem você tenha a
intencionalidade de fazer um discípulo.
3. Experimente começar a orar pela salvação de 5 pessoas que você
percebe que o respeitam como cristão. Use um cartão Alvo de Oração.
Depois, busque em Deus uma oportunidade para conversar sobre
assuntos espirituais. Aborde essas pessoas com as perguntas sugeridas,
ou outras que possam aguçar a sua necessidade de se arrepender e se
voltar para Deus. Se a resposta for positiva, convide-as para andar mais
perto de você.
4. Re ita um pouco sobre o que você sabe sobre a pessoa que você quer
discipular ou esteja discipulando. O que ela gosta de fazer? Qual é o seu
hobby? Quais são os seus lugares e comidas preferidos? O que você pode
fazer para entrar ainda mais no mundo dessa pessoa e ser uma bênção
lá?
5. Se você é o pastor da igreja, faça um estudo sobre o signi cado de
salvação à luz da Declaração Doutrinária da Convenção Batista
Brasileira. Ensine a sua igreja o que é uma verdadeira conversão e a
necessidade de desenvolver relacionamentos discipuladores com as
pessoas interessadas em seguir a Cristo.
Relacionamento: A Essência do
Discipulado
Aos tessalonicenses Paulo declara que, pelo muito amor que sentia por
aqueles discípulos, ele se propôs comunicar-lhes não apenas o evangelho, mas a
sua própria vida (1Ts 2.8). A comunicação do evangelho é essencial para um
discipulado bíblico e frutífero, mas não é só disso que ele se trata. Um material
de ensino vai ajudar, mas nada substitui a in uência de uma vida em outra em
matéria de relacionamento discipulador.
Permita-me antecipar uma aplicação. A decisão de começar a fazer discípulos
precisa ser bem planejada. Não podemos chamar alguém para ser nosso
discípulo e ao mesmo tempo achar que a nossa vida continuará a mesma, ou
que bastará dedicarmos uma hora por semana durante alguns meses. Um
relacionamento discipulador não diz respeito a um programa, mas a uma
pessoa. Quem começa um relacionamento discipulador não ganha apenas uma
responsabilidade; ganha um amigo.
O que se segue à terceira história são as conhecidas três vezes em que Jesus
perguntou a Pedro se este o amava. Cada uma dessas passagens nos mostra um
padrão de três elementos:
Por que uma refeição? O que comida tem a ver com relacionamento? Vamos
tentar entrar naquele contexto. Os discípulos, tinham decepcionado Jesus. O
Mestre se foi, mas a culpa cou. Agora, Ele reapareceu. Muitas coisas devem ter
passado na mente dos discípulos, do tipo: “Será que Ele vai nos aceitar de
novo?”
E como Jesus provou que estava tudo bem? ...que Ele não guardou mágoas?
Dividindo uma refeição. “Ele se assentou conosco à mesa, como nos velhos
tempos! Ele não desistiu de nós! Ele ainda nos ama!” Durante o compartilhar
do alimento, a amizade é restaurada, o perdão é demonstrado, o
relacionamento discipulador é renovado.
Sentar-se à mesa juntos – e quase sempre
Sentar-se à mesa juntos
pagar a conta – é uma das demonstrações
mais valiosas que o discipulador pode dar – e quase sempre pagar
ao discípulo de que o investimento feito a conta – é uma das
em sua vida está valendo a pena. A cada demonstrações mais
refeição compartilhada, o discipulador está valiosas que o
dizendo que o relacionamento discipulador discipulador pode dar
tem sido uma bênção também para ele; que
ao discípulo de que o
acredita no discípulo, que passar tempo
com ele não é uma coisa qualquer. investimento feito em
Precisamos fazer de cada refeição com sua vida está valendo a
nossos discípulos um momento especial de pena.
renovação e consolidação do compromisso
discipular.
Colocando em Prática
1. Volte ao acróstico RAÍZES. Faça o seguinte exercício: Atribua aos
relacionamentos discipuladores que você está desenvolvendo uma nota
de 1 a 10 em cada um dos elementos. Em que elementos você está bem
e em quais precisa melhorar? Medite sobre como você pode reverter os
possíveis pontos fracos.
2. Programe uma refeição com seus discípulos, um por vez. Tire um
tempo com ele para conversar sobre a vida, sem o compromisso de
estudar qualquer material. Esse deverá ser um momento para contarem
histórias e darem boas risadas juntos.
3. Re ita consigo: “Eu estou preparado para a decepção?” Ore ao Senhor
pedindo que lhe dê forças, sabedoria e sobriedade para reagir como
Jesus caso sofra alguma frustração no relacionamento com um de seus
discípulos.
[50] Este acróstico é apresentado nas páginas 78 a 81 do livro Igreja Multiplicadora: cinco princípios
bíblicos para crescimento.
[51] A formação de um discípulo, p. 105.
[52] Multiplique: discípulos que fazem discípulos, p. 10.
[53] A formação de um discípulo, p. 106.
[54] Cf. Mc 14.33.
[55] Cf. Mt 26.40.
[56] Cf. Mc 14.47 e Lc 22.49,50.
[57] Cf. Mt 14.12.
[58] Lc 23.51-60, Jo 19.38,39.
[59] Lc 5.29, Mc 3.20, 7.3, etc.
[60] Cf. Lc 22.14.
[61] Ex 12.21: “Então Moisés chamou todos os anciãos de Israel e disse-lhes: Ide, escolhei os cordeiros segundo
as vossas famílias e sacri cai a Páscoa”.
[62] No início de seu ministério, Jesus dividiu atenção entre os discípulos, sua mãe e seus irmãos (Jo 2.1 e
12). Aos poucos, a amizade com os discípulos foi ganhando força e superou o convívio com seus
familiares.
8
Jesus declarou que a Palavra que transmitiu aos discípulos não era dele
mesmo, mas recebida do Pai: “Porque lhes transmiti as palavras que tu me deste, e
eles as acolheram e verdadeiramente reconheceram que vim de ti e creram que tu
me enviaste” (v. 8). Tudo aquilo que podemos transmitir de bom para os nossos
discípulos vem da graça de Deus, e não de nós mesmos, de nossa inteligência
ou nossas opiniões. Ao conversar com Deus sobre os nossos discípulos,
devemos sempre atribuir a Ele o mérito quando eles estiverem crescendo no
conhecimento e prática da Palavra. Isso também nos ajudará a car alertas
quanto à nossa responsabilidade de sermos éis à Escritura, nada ensinando em
desacordo com ela.
Jesus suplicou ao Pai: “Não estarei mais no mundo; mas eles estão no mundo, e
eu vou para ti. Pai santo, guarda-os no teu nome que me deste, para que sejam um,
assim como nós” (v. 11). E também: “Não rogo que os tires do mundo, mas que os
guardes do Maligno” (v. 15). Jesus sabia que só o Pai poderia guardá-los contra
as investidas do mal, que atentariam mais do que em qualquer outra época
contra a vida deles, seus relacionamentos e seus ministérios.
Em outra passagem, Jesus reportou a Pedro que havia intercedido ao Pai por
ele: “Simão, Simão, Satanás vos pediu para peneirá-los como trigo; mas eu roguei
por ti, para que a tua fé não esmoreça; e, quando te converteres, fortalece teus
irmãos” (Jo 22.31,32). Como seres humanos frágeis que somos, nós não
teremos a mínima condição de proteger os nossos discípulos da ação do
maligno sem a ajuda de Deus. Precisamos fazer como Jesus: clamar ao Pai para
que os livre das armadilhas mortais do inimigo.
Jesus orou para que os discípulos tivessem alegria: “Mas agora vou para ti. E
digo isso enquanto estou no mundo, para que eles tenham a minha alegria em
plenitude” (v. 13). Ele estava prestes a se despedir e sabia que cariam abatidos.
Mas Ele mesmo não estava desanimado. Ele se referiu à “minha alegria”. O que
Ele desejava era que essa alegria contagiasse os seus discípulos. Como Jesus
pôde encontrar alegria naquela situação? Como poderia fazer com que os seus
discípulos sentissem o mesmo? A resposta foi, mais uma vez: só com exemplo e
oração. E deu certo! Lucas 24.51 e 52 mostra que, quando Jesus foi elevado ao
céu, os discípulos “voltaram com grande alegria para Jerusalém”. Devemos
cultivar a alegria do Espírito na presença dos discípulos e interceder ao Pai que
eles sejam contagiados pelo mesmo ânimo, ainda que durante situações difíceis.
Colocando em Prática
1. Tente se lembrar: Algum de seus discípulos compartilhou recentemente
alguma necessidade? Havia alguma providência ao seu alcance que você
ainda não tomou? Tire um tempo ainda esta semana para agir nesse
sentido. Depois, comunique ao seu discípulo a sua providência e
rea rme o seu compromisso de ajudá-lo.
2. Quanto tempo você tem passado em intercessão por seus discípulos e
suas famílias? Quando você ora por eles, quais têm sido os seus
pedidos? Experimente praticar cada uma das abordagens de intercessão
exempli cadas por Jesus em João 17.
3. Você tem conhecimento de alguém em cuja vida os seus discípulos
estão investindo? A partir de hoje, comece a interceder por cada um dos
discípulos dos seus discípulos.
[63] Os discípulos demonstraram a mesma preocupação com Jesus em João 4.31, quando lhe rogaram:
“Rabi, come”.
[64] Cf. Mt 8.14ss.
[65] Cf. Lc 6.1-3.
[66] Cf. Mc 10.35ss.
[67] A formação de um discípulo, p. 112.
[68] Discipleship, p. 54 (tradução livre do autor).
[69] Paixão pelas Almas, p. 46.
[70] Bíblia de Estudo MacArthur, p. 1.423.
[71] Multiplicando discípulos, p. 70.
9
Jesus foi mestre em ensinar por meio do exemplo. Vamos destacar algumas
preciosas lições dele ministradas por meio de seu jeito de ser e viver, gestos e
atitudes.
Jesus constantemente se retirava para orar, e nem sempre se preocupava em
fazê-lo secretamente. Em Lucas 22.39-41[78], lemos que: “Então Jesus saiu e,
conforme o seu costume, foi para o monte das Oliveiras; e os discípulos o seguiram.
Ali chegando, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação. E afastou-se deles
a uma curta distância; e, ajoelhando-se, orava”. Aliás, a própria oração de João
17 parece ter sido proferida em voz alta na companhia dos discípulos: “Depois
de falar essas coisas, Jesus levantou os olhos ao céu e disse” (v. 1). Desta forma,
Jesus estava ensinando aos seus discípulos e a nós hoje sobre a importância de
cuidarmos da nossa vida de oração, a m de sermos um exemplo para os nossos
seguidores. Não foi surpresa que eles lhe tenham pedido que os ensinasse a orar
(Lc 11.1).
No capítulo 4 de João, a Bíblia relata o encontro de Jesus com a mulher
samaritana, que ocorreu enquanto os seus discípulos haviam ido à cidade
comprar comida (v. 8). Quando eles retornaram e lhe rogaram que comesse (v.
31), Jesus respondeu: “Tenho uma comida para comer que não conheceis” (v. 32).
E completou: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e
completar a sua obra”. O texto não diz, mas é provável que Ele não se tenha
alimentado em seguida. Sendo assim, o fato de que Jesus não comeu tornou o
seu ensino ainda mais impactante. Uma coisa seria Ele ter ensinado aquilo
enquanto comia; outra coisa seria de jejum. Os discípulos devem ter cado
impressionados. Não foi força de expressão! Fazer a vontade de Deus era
realmente mais importante do que almoçar.
Uma das histórias mais belas de exemplo de Jesus está narrada em João 13, a
partir do verso 3, no chamado lava-pés:
Sabendo que o Pai lhe entregara tudo nas mãos e que viera de Deus, e para Deus estava voltando, Jesus
levantou-se da mesa, tirou o manto e, pegando uma toalha, colocou-a em volta da cintura. Em seguida,
colocou água em uma bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha que
trazia em volta da cintura. Aproximando-se de Simão Pedro, este lhe disse: Senhor, tu lavarás os meus
pés? Jesus lhe respondeu: Agora não compreendes o que eu faço, mas depois entenderás.
Depois de terminar, Jesus explicou o signi cado daquele gesto (v. 12-15):
Tendo-lhes lavado os pés, tomou o manto, voltou a sentar-se à mesa e perguntoulhes: Entendeis o que
vos z? Vós me chamais Mestre e Senhor; e fazeis bem, pois eu o sou. Se eu, Senhor e Mestre, lavei os
vossos pés, também deveis lavar os pés uns dos outros. Pois eu vos dei exemplo, para que façais também
o mesmo.
Em Lucas 22.27, Jesus já tinha dito: “Pois quem é maior? Quem está à mesa ou
quem serve? Não é quem está à mesa? Eu, porém, estou entre vós como quem serve”.
Em Mateus 20.26-28[79], Ele também declarou: “Quem quiser tornar-se
poderoso entre vós, seja esse o que vos sirva; e quem entre vós quiser ser o primeiro,
será vosso servo, a exemplo do Filho do homem, que não veio para ser servido, mas
para servir e para dar a vida em resgate de muitos”. Porém, se não bastassem tais
palavras, a maneira com que Jesus se humilhou diante dos seus discípulos para
lavar-lhes os pés, dando cores vivas à lição que já havia ministrado e queria
reforçar, elevou o seu ensino ao mais alto poder de impacto e transformação.
Permita-me apresentar mais dois textos que mostram Jesus ensinando pelo
exemplo. Em João 9.1 e 2, nós lemos assim: “Passando Jesus, viu um homem cego
de nascença. E seus discípulos lhe perguntaram: Rabi, quem pecou para que ele
nascesse cego: ele ou seus pais?” Essa foi mais uma pergunta teológica feita pelos
discípulos com base na observação do dia a dia. Tente visualizar a cena. Um
cego estava à beira do caminho, o que não era nada incomum para a época. Os
discípulos estavam passando e, sem moverem um dedo para ajudar, caram
curiosos para saber a causa daquele estado tão miserável. Quem sabe não
estavam atrás apenas de um assunto teológico para entreter as suas mentes
durante o caminho? O que eles não esperavam é que o que Jesus tinha a lhes
ensinar era muito mais do que eles queriam saber. Jesus ofereceu, sim, a razão
teológica para aquela situação: “Nem ele pecou nem seus pais; mas isso aconteceu
para que nele se manifestem as obras de Deus” (v. 3). Mas acrescentou uma
aplicação: “Enquanto é dia, é necessário que realizemos as obras daquele que me
enviou; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar” (v. 4,4).
E o que é mais belo está no verso 6: “Tendo dito isso, cuspiu no chão e fez barro
com a saliva; e aplicou-o sobre os olhos do cego”. O nal da história você já
conhece. A lição que Jesus queria ensinar não poderia ser dada apenas com
palavras. Ele teve que demonstrar de forma prática que o sofrimento das
pessoas deve ser alvo de compaixão e graça, não de indiferença ou de meras
confabulações teológicas. Jesus não apenas falou da importância de amar
pessoas. Ele foi ao socorro daquele cego e o curou. O ensino baseado no
exemplo é muito mais poderoso do que a simples oratória.
Por m, mais uma amostra de ensino por meio do exemplo foi a maneira
como Jesus desfez imediatamente o mal que um discípulo havia feito. Em João
18.10[80], a Escritura relata que, quando Jesus estava para ser preso, “Simão
Pedro desembainhou uma espada que trazia e feriu o servo do sumo sacerdote,
cortando-lhe a orelha direita”. O que Jesus fez em seguida? Primeiro, uma lição
falada: “Guarda a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à
espada morrerão” (Mt 26.52). Em seguida, uma lição exempli cada: “E,
tocando-lhe a orelha, o curou” (Lc 22.51). Ao curar aquele homem, Jesus estava
ao mesmo tempo amando-o e zelando pela pessoa de seu discípulo – para que
não sofresse a penalidade daquele ato ou até fosse atacado de volta – e, ainda,
modelando como os discípulos deveriam lidar com seus adversários.
Como discipuladores, devemos estar
O ensino baseado no
sempre atentos sobre como podemos
exempli car aquilo que ensinamos. A nossa exemplo é muito mais
tendência natural é querer estar sozinhos poderoso do que a
nas horas de pressão para que ninguém simples oratória.
vigie a nossa conduta. Muitas vezes
queremos con nar o discipulado à sala de aula justamente para nos
esquivarmos de ser o exemplo que os discípulos querem ver em nós. Porém, em
um discipulado relacional, muitas situações ocorrerão enquanto estivermos
juntos. E isso deve ser até mesmo buscado intencionalmente. Precisamos
enxergar cada minuto passado ao lado de nossos discípulos como uma
oportunidade para modelarmos como um verdadeiro cristão reage diante dos
desa os do dia a dia.
Nós precisamos desejar – e não apenas tolerar – que o nosso discípulo esteja
no banco do carona quando estivermos dirigindo e o sinal car amarelo, ou
quando estivermos em um momento de descontração e recebermos um
telefonema inconveniente, ou, ainda, quando a nossa esposa nos pedir para
lavar a louça enquanto estivermos conversando. A nossa reação a tudo isso
poderá ensinar mais do que as palavras. Como diz Keith Phillips:
Semelhante a Cristo, sua tarefa mais importante é oferecer um modelo de excelência a seu discípulo.
(...) Uma vez que somente Deus pode produzir caráter do verdadeiro discípulo, é muito mais fácil seu
discípulo tornar-se algo que ele pode ver do que algo de que ele apenas ouviu dizer ou sobre o que leu.
(...) Deixe seu discípulo observar sua vida, seu ministério e seu amor a Deus e aos outros. Quanto mais
tempo passarem juntos, mais e caz será a preparação de seu discípulo.[81]
Colocando em Prática
1. Como você planeja ensinar o evangelho e suas implicações para os seus
discípulos? Como você pode treiná-los para reproduzir o seu método?
2. Você já de niu um trilho de estudos bíblicos para os seus
relacionamentos discipuladores? Se não, que tal conhecer os materiais
de Missões Nacionais?
3. Qual foi a última vez em que um discípulo seu observou o seu jeito de
agir diante de alguma situação do cotidiano? Qual foi o impacto disso
para o seu amadurecimento? Se você não conseguir chegar a essas
respostas sozinho, pergunte ao seu discípulo o que ele achou de tal
situação e o que ele pôde aprender com ela.
Solicitação de Contas:
Encorajamento para Avançar
Sempre
Silêncio Estratégico
Pela graça de Deus, tenho aprendido a usar duas armas poderosas de
solicitação de contas: boas perguntas e silêncio. Como isso funciona? Em
primeiro lugar, não podemos ceder à tentação de dizer logo de imediato qual
foi a nossa impressão sobre a conduta errada do discípulo. Só com essa medida,
já nos livraremos de fazer julgamentos precipitados e causar desconfortos
desnecessários. De preferência, devemos formular uma única pergunta que seja
capaz de extrair do discípulo o seu próprio juízo sobre a sua atitude. Exemplos
de perguntas assim:
Qual foi a sua motivação? (Essa é uma maneira mais suave de perguntar
“por que” ele fez o que fez.)
Como você se sentiu depois de fazer isso?
Deus já lhe disse alguma coisa com relação a essa atitude?
Você já parou para re etir sobre o que o Espírito Santo achou disso?
Depois, usemos o silêncio a nosso favor. Deixemos que o discípulo julgue a si
mesmo. Não sejamos nós o juiz. Em oração, con emos que o Espírito Santo
guiará o nosso discípulo “em toda a verdade” (Jo 16.13). Possivelmente, teremos
um comentário na ponta da língua, mas precisamos nos conter! Vamos dar ao
discípulo o tempo necessário para meditar. Queremos que ele aprenda a ouvir a
voz do Espírito Santo, e não que dependente de que nós lhe digamos sempre
o que deve ou não fazer. Quando ele chegar à sua própria conclusão, devemos
incentivá-lo a confessar o seu pecado a Deus e a seguir em frente. Uma vez que
ele tenha assumido um compromisso de mudança, página virada!
Passei por uma experiência recente de solicitação de contas com um
discípulo. Ele compartilhou na reunião do nosso Pequeno Grupo
Multiplicador uma atitude que tinha praticado e que revelava uma falha moral.
Ele o fez de forma descontraída, sem perceber que aquilo estava errado.
Algumas pessoas estranharam, mas, como líder, z um comentário breve,
mudei o foco da questão e voltei para o roteiro. Eu não poderia tratar aquilo na
frente de todos. No m da reunião, chamei esse discípulo em particular e lhe
disse: “Eu reparei que você contou que fez isso... (relatei a atitude)”. Eu não z
julgamento algum. Apenas repeti o que ele mesmo compartilhou. Ele tentou se
explicar, defendendo-se. Eu lhe z apenas uma pergunta: “Como você acha que
o Espírito Santo se sentiu com relação a essa sua atitude?” E z alguns
segundos de silêncio. Embaraçado, ele esboçou uma resposta. Eu lhe disse:
“Não me responda agora. Medite nisso. Voltaremos a conversar em nosso
encontro pessoal durante a semana”. O que você acha que aconteceu? O
Espírito Santo ministrou ao seu coração e ele reconheceu que havia pecado. Eu
perguntei se ele poderia, então, orar confessando e pedindo perdão. Ele
respondeu, contrito: “Eu já z isso!” Que bom! Ele se resolveu com o Espírito
Santo sem precisar da minha presença. Eu apenas o ajudei a perceber onde ele
tinha descarrilhado. O Espírito Santo foi quem o recolocou nos trilhos.
Portanto, minha sugestão para um bom roteiro de solicitação de contas é a
seguinte:
1) Peça ao seu discípulo que relate como foi a sua semana. Para isso, faça
algumas perguntas especí cas, como as que estão impressas no Cartão de
Solicitação de Contas; ou, então, esteja atento para algum momento
“discipulável” no meio da convivência com ele;
2) Antes de proferir qualquer julgamento sobre a questão, pergunte ao
discípulo como ele interpretou aquele fato. Use as perguntas exempli cadas na
página ao lado.
3) Faça silêncio (por alguns segundos ou dias). O amor dirá o tempo certo.
Permita que o Espírito Santo trabalhe na vida de seu discípulo, a m de que ele
mesmo chegue à conclusão de que precisa de arrependimento, con ssão e
mudança. Ore para que isso aconteça. Se não acontecer, ministre de uma forma
mais direta, mas com amor e paciência.
4) Quando o discípulo se arrepender, mostre que você está feliz com o
progresso dele e encoraje-o a prosseguir em sua caminhada de aperfeiçoamento.
No próximo capítulo, vamos abordar com mais detalhes o segundo elemento
do relacionamento discipulador: o acolhimento. Vamos passar agora a algumas
questões práticas para aplicação do que temos estudado até aqui.
Colocando em Prática
1. Re ita: Qual é a diferença entre o conceito de solicitação de contas
apresentado aqui e a ideia de controle ou patrulhamento da vida do
discípulo?
2. Faça uma lista de boas perguntas de solicitação de contas e procure
memorizá-las. Elas irão compor uma importante “caixa de ferramentas”
ao seu alcance para os momentos “discipuláveis” que poderão surgir
durante a caminhada um a um.
3. Existe alguém hoje em sua vida a quem você esteja prestando contas? Se
não, peça a Deus que lhe mostre uma pessoa con ável e madura com
quem você possa exercitar esse importante elemento do relacionamento
discipulador.
[85] Cf. Mt 16.15 e Lc 9.20.
11
Relacionamento Discipulador Um a
Um e em Pequenos Grupos
Multiplicadores
Tendo Jesus como exemplo, uma hora ou outra vamos acabar concluindo que
o relacionamento discipulador vai nos obrigar a fazer uma seleção de
discípulos, pois a dura realidade é que não conseguiremos desenvolver um
relacionamento discipulador de qualidade com todas as pessoas com quem
queremos desenvolver. Observe o que disse Waylon Moore:
O número de pessoas em que você pode investir a sua vida é limitado pelo tempo que você está
disposto a usar para satisfazer as suas necessidades individuais. Uma hora por semana com um grupo
pode ser um método simplesmente acadêmico. Não produzirá, necessariamente, discípulos de
qualidade, porque não é a prática modelada segundo o exemplo de Cristo de investir tempo – isto é, ele
mesmo – na vida dos outros.[90]
Como vamos escolher quem serão os nossos discípulos? Jesus passou por esse
mesmo dilema em Lucas 6.12 e 13, e se saiu assim: “Naqueles dias, Jesus se
retirou para um monte a m de orar; e passou a noite toda orando a Deus. Depois
do amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais também
chamou de apóstolos”. O Senhor orou especi camente no sentindo de que Deus
o ajudasse a escolher os seus discípulos. Pedir a direção de Deus é a primeira
medida que temos de tomar antes de começarmos a desenvolver
relacionamentos discipuladores.
Depois de orar, temos de selecionar. Robert Coleman, um dos principais
nomes do discipulado em nossos dias, autor da clássica obra Plano Mestre de
Evangelismo, apresenta o que chama de Princípios da Seleção e da
Concentração. Segundo ele, Jesus intencionalmente escolheu pessoas
determinadas e se concentrou nelas:
Notamos que Jesus pode usar qualquer pessoa que quer ser usada. Entretanto, não queremos perder a
verdade prática de como Jesus fez isso. Aqui está a sabedoria de seu método, e por meio da sua
observação nós retornamos ao princípio fundamental da concentração sobre aqueles que ele pretendeu
usar. Ninguém pode transformar um mundo a não ser que indivíduos no mundo sejam transformados,
e indivíduos não podem ser mudados a não ser que eles sejam moldados nas mãos do Mestre.
Claramente, então, é necessário não apenas selecionar alguns leigos, mas também manter o grupo
pequeno o bastante para que alguém consiga trabalhar efetivamente com eles.[91]
Coleman acrescenta a razão do Princípio
Pedir a direção de Deus
da Concentração: “Quanto mais concentrado
for o tamanho do grupo a ser ensinado, maior é primeira medida que
a oportunidade de instrução efetiva”.[92] Isso temos de tomar antes
signi ca que a seleção de discípulos foi uma de começarmos a
condição necessária para a efetividade da desenvolver
própria estratégia ministerial de Jesus, relacionamentos
voltada para a formação dos líderes que
discipuladores.
multiplicariam os seus esforços para a
salvação do mundo inteiro. O autor ainda diz: “Embora Ele tenha feito o que
pode para ajudar as multidões, Ele tinha que se dedicar primariamente a poucos,
em vez de às massas, a m de que as massas pudessem ao menos ser salvas”. En m,
“essa era a genialidade de sua estratégia”.[93]
Feliz ou infelizmente, nós não conseguiremos começar a desenvolver
relacionamentos discipuladores de forma efetiva se não estivermos dispostos a
selecionar discípulos e concentrar a nossa atenção neles. Foi o que Jesus fez.
Essa foi a sua estratégia. Não queira inventar a sua própria maneira de fazer
discípulos. Simplesmente imite o Mestre.
No Capítulo 8, vimos que Jesus orou para que os seus discípulos fossem “um”
(Jo 17.11). Essa oração foi respondida. Em Lucas 24.33, lemos que, ao se
encontrarem com Jesus no caminho de Emaús, aqueles dois discípulos “na
mesma hora levantaram-se e voltaram para Jerusalém, e encontraram reunidos os
Onze e os que estavam com eles”.[99] João 21.2 mostra que, em dado momento,
“estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, de Caná da
Galileia, os lhos de Zebedeu e outros dois dos seus discípulos”. Atos 1.14 também
revela que “unidos, todos se dedicavam à oração, juntamente com as mulheres, com
Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele”.
É muito signi cativo que os discípulos tenham permanecido juntos mesmo
no intervalo entre a morte e a ressurreição de Cristo. A maioria deles nem devia
se conhecer antes de ter aceitado o convite para seguir Jesus. André, Pedro,
Tiago e João, duas duplas de irmãos certamente se relacionavam antes. Lucas
5.10 chega a dizer que eram sócios na pesca. Filipe, que era de Betsaida, mesma
cidade de André e Pedro, chamou Natanael (Jo 1.44,45). Mas o que dizer de
Levi, que foi chamado por Jesus ao ser visto na coletoria (Mc 2.14, Lc 5.27)? O
certo é que, ao olharmos para a listagem dos doze discípulos em Mateus 10.2-
4[100], nós vemos homens de origens e per s bem diferentes: “Primeiro, Simão,
chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, lho de Zebedeu, e João, seu irmão;
Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, lho de Alfeu, e Tadeu;
Simão Cananeu, e Judas Iscariotes, que o traiu”. Com o m do sonho, com o seu
Messias morto, o mais normal seria que o grupo se desintegrasse.
No entanto, ao convidar aqueles homens para andarem com Ele, Jesus
também os aproximou entre si. O Mestre não fez discípulos isoladamente,
visitando cada um deles em suas residências sem se importar se viriam a se
conhecer ou não. Jesus agregou os discípulos. Ele os reuniu em um pequeno
grupo. E fez isso intencionalmente. Joel Comiskey comenta:
Cristo reuniu doze discípulos e viajou com eles por três anos para demonstrar e ensinar-lhes sobre o
amor e a comunhão. Suas vidas moldadas e modeladas em conjunto foram o elemento-chave da sua
transformação. Jesus teve um grande desa o de unir um grupo tão diverso. Ele ajuntou discípulos que
eram temperamentais e se ofendiam facilmente. Eles frequentemente olhavam uns para outros como
competidores. Jesus ensinou continuamente a importância da unidade e amor uns pelos outros.[101]
MICROGRUPO DE DISCÍPULOS
Colocando em Prática
1. Pensando em discipulado um a um, reserve um tempo em oração para
que Deus lhe mostre quem serão os líderes com quem você deve iniciar
um relacionamento discipulador visando à multiplicação.
2. Como você interpretou os princípios de discipulado sugeridos por
Robert Coleman: seleção e concentração? Quais as vantagens e
desvantagens de sua aplicação em termos de cumprimento da Grande
Comissão?
3. Considere o seu tempo disponível atualmente. Quantas pessoas você
teria condições de cuidar efetivamente?... de telefonar regularmente?...
de dedicar pelo menos uma hora por semana a um encontro de
solicitação de contas? Estabeleça um número máximo viável de
discípulos e ore para que Deus lhe mostre quem serão eles. Não tenha
pressa em preencher as vagas.
[86] Mt 4.23-25; 8.1,18; 14.14; 19.2; 20.29; Mc 2.15; 3.7; 4.1; 5.21,24; 8.1; 10.46; Lc 7.11; 8.4; 9.37;
14.25; 19.38, 23.27; Jo 6.2,5.
[87] Como em João 6.2: “E uma grande multidão o seguia, porque vira os sinais que ele operava nos doentes”.
[88] Cf. Lc 5.27ss.
[89] A exceção ca por conta do já citado ex-endemoninhado gadareno, em Marcos 5.18 e 19 (cf. Lc
8.38,39): “Quando Jesus entrou no barco, o homem que fora endemoninhado pediu-lhe que lhe permitisse
acompanhá-lo. Jesus, porém, não lhe deu permissão, mas disse: Vai para casa, para a tua família, e anuncia-
lhes quanto o Senhor fez por ti e como teve misericórdia de ti” (grifos nossos).
[90] Multiplicando discípulos, p. 70.
[91] Discipleship, p. 52 (tradução livre do autor).
[92] Discipleship, p. 54 (tradução livre do autor).
[93] Discipleship, p. 60 (tradução livre do autor).
[94] Em Mateus 13.10 e 11, a Bíblia relata que “aproximando-se dele (de Jesus), os discípulos lhe
perguntaram: Por que falas às multidões por meio de parábolas? Jesus lhes respondeu: Porque a vós é dado
conhecer os mistérios do reino do céu, mas não a eles”. Os discípulos tinham o privilégio de receber ensino
particular e profundo, como também demonstra Marcos 4.34: “E não lhes ensinava sem usar parábolas,
mas explicava tudo a seus discípulos em particular”. Aliás, o convívio doméstico com os discípulos permitia
a tirada de dúvidas reservadamente, como em Marcos 7.17: “Depois, quando deixou a multidão e entrou
em casa, os discípulos lhe perguntaram acerca da parábola”; e 10.10: “Em casa, os discípulos perguntaram a
Jesus de novo sobre isso”.
[95] Cf Lc 9.22-24.
[96] Tais palavras de Jesus levaram alguns a de nir como discípulo somente aquele que cruci ca o seu
“eu” para fazer a vontade do seu Senhor acima de tudo. De fato, renúncia e morte para si mesmo são
aspectos importantíssimos da caminhada de todo verdadeiro discípulo de Jesus. Porém, parece que de nir
o discípulo com base nesses requisitos coloca apenas o discípulo maduro na condição de discípulo. Disso
resulta um conceito de discípulo mais exigente do que o seu sentido original, segundo o contexto
histórico. O amadurecimento do discípulo é gradual, mas ele já deve ser considerado um discípulo desde
o início de sua caminhada discipular. Já trabalhamos a de nição de discípulo no Capítulo 5.
[97] Cf. Lc 9.58ss.
[98] Marcos 10.21 e 22 (cf. Mt 19.21,22 e Lc 18.22,23) nos mostra que Jesus convidou o jovem rico
para segui-lo, mas ele simplesmente recusou: “Olhando para ele, Jesus o amou e disse-lhe: Uma coisa te falta;
vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres; e terás um tesouro no céu; depois vem e segue-me. Mas ele, abatido
por essas palavras, retirou-se triste, porque possuía muitos bens”. Nem todo mundo está disposto a pagar o
preço de seguir a Cristo.
[99] João 20.19 informa que os discípulos tinham se ajuntado com medo dos judeus.
[100] Cf. Mc 3:16-19 e Lc 6:13-16.
[101] Discipulado relacional, p. 44-45.
[102] O livro Escola Bíblica Discipuladora, de Marcos Paulo Ferreira, lançado por Missões Nacionais,
apresenta uma metodologia de ensino interessante que visa estimular uma maior interatividade entre os
alunos, solucionando essa questão. O autor defende que a educação na igreja deve objetivar a
transformação de membros em discípulos e líderes multiplicadores e que, para isso, a Escola Bíblica deve
atuar de forma integrada com os relacionamentos discipuladores e os Pequenos Grupos Multiplicadores.
[103] Cf. Lc 8.51.
[104] Cf. Mt 17.1, Lc 9.28.
12
O Objetivo do Relacionamento
Discipulador
Treinamento na Prática
Para que os nossos discípulos estejam prontos no m da caminhada
discipular, é necessário que pratiquemos com eles um modelo de treinamento
como o de Jesus. Diversos livros preciosos já foram publicados sobre esse tema.
Não tenho a pretensão de competir com eles, pois isso seria até mesmo
desnecessário. Mas vamos ver aqui apenas alguns versículos que nos mostram a
metodologia de treinamento discipular daquele que foi o Mestre dos mestres e
que nos permitem extrair algumas aplicações.
Em primeiro lugar, nós podemos ver que, quando Jesus servia a multidão, os
discípulos participavam disso de alguma forma. Uma maneira de envolver os
discípulos era deixar que eles, que estavam mais próximos da multidão,
trouxessem notícias até Jesus.[107] Em Marcos 6.35 e 36[108], os discípulos,
“como já era tarde, (...) aproximaram- se dele e disseram: O lugar é deserto, e já é
muito tarde. Manda-os embora, para que possam ir aos campos e povoados em
redor e comprem algo para comer”. Os discípulos quiseram ajudar evitando um
constrangimento para o seu Mestre caso a multidão começasse a pedir pão!
Mas Jesus lhes ordenou: “Quantos pães tendes? Ide ver. Tendo-se informado, eles
responderam: Cinco pães e dois peixes” (Lc 6.38). Jesus con ou aos seus
discípulos a busca de informações.
Mas não apenas isso. Quando Jesus
Um discipulador de
multiplicou os pães e peixes, quem serviu
aquelas pessoas? Os discípulos. Jesus foi sucesso não é aquele
intencional em incluir os seus discípulos no que acumula discípulos,
serviço à multidão. Eles foram os seus mas o que libera
braços para servir ao povo.[109] Nessa discípulos para
mesma ocasião do milagre da a multiplicação.
multiplicação. Quando eles lhe
apresentaram o problema, Jesus os desa ou a agir: “Eles não precisam ir embora;
vós mesmos dai-lhes de comer” (Mt 14.15[110]). João 6.6 revela que “Ele, porém,
disse isso para colocá-lo à prova, pois sabia bem o que estava para fazer”. Os
discípulos viram um dilema e queriam uma solução de Jesus. Jesus ensinou que
os discípulos deveriam se ocupar das respostas e não apenas de levar os
problemas até Ele. De igual modo, devemos ensinar os nossos discípulos a
colocarem os seus dons e talentos em prática em favor das pessoas,
capacitando-os e encorajando-os ao ministério (Ef 4.11,12).
Parece que os discípulos quiseram colocar esse ensino em prática em Mateus
17.14 a 21, quando tentaram em vão expulsar demônios de um jovem a
pedido de seu pai. Já nos referimos a essa história no Capítulo 5. Na ausência
de Jesus, os discípulos se anteciparam, talvez para não ocuparem o Mestre ou
até para demonstrarem que já estavam prontos para aquilo. Mas a tentativa dos
discípulos falhou. Eles não conseguiram expulsar aqueles demônios e depois
quiseram saber por quê. Jesus libertou aquele menino – que era o bem maior
em questão – e, então, explicou aos seus discípulos a razão de seu fracasso e os
instruiu para que conseguissem ter sucesso da próxima vez:
Ele lhes disse: Por causa da vossa pequena fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé do tamanho
de um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para lá, e ele passará; e nada vos será
impossível. Mas essa espécie de demônios não sai a não ser com oração e jejum. (Mt 17.20,21)
Colocando em Prática
1. Quais são os perigos de uma liderança centralizadora e perfeccionista
em um relacionamento discipulador que não permita que os discípulos
participem do serviço?
2. Pense agora em seu ministério. Que ações você poderia praticar para
incluir os seus discípulos ainda mais na obra que você está realizando?
3. Em sua opinião, quando se trata de liberar os discípulos para a vida e
para a multiplicação, nós temos sido mais precipitados ou mais
atrasados? Por quê?
Chegamos ao último capítulo. Não será preciso dizer muita coisa, pois o
confronto de paradigmas acima já deve ter feito sentido para você.
Vamos somente trazer uma breve re exão sobre a abrangência da
Grande Comissão e a necessidade de todos os membros de nossas igrejas
se apresentarem como ceifeiros e como podemos trabalhar para ver isso
acontecer.
Colocando em Prática
1. Em sua opinião, quais têm sido os fatores que nos levam ao cenário
apresentado neste capítulo?
2. Pensando em sua igreja hoje, quantos membros estão envolvidos com
discipular pessoas do início ao m, desde antes da conversão e até a
multiplicação? Como você acha que pode aumentar esse envolvimento?
Quais têm sido os principais desa os quando se trata de comprometer
os membros de sua igreja com com o discipulado?
3. Traga à sua mente os últimos batizados em sua igreja. Quem foi
responsável pela evangelização e acolhimento dessas pessoas? Como se
deu esse processo? Que ações intencionais esses membros zeram?
Como você pode usar ainda mais esses membros como exemplo para os
demais?