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Copyright © 2017 da Junta de Missões Nacionais da CBB. Todos os direitos reservados. Proibida a
reprodução por qualquer meio, salvo em breves citações, com indicação da fonte.
ISBN: 978-85-66207-11-8
Todas as citações bíblicas foram retiradas da versão Almeida Século 21, salvo quando identi cada outra
versão.
Arantes, Roosevelt
Aprofundando raízes : dinâmica e elementos do relacionamento discipulador / Roosevelt
Arantes.- Rio de Janeiro: JMN, 2016.
132 p.
1. Discipulado. 2. Vida cristã. 3. Evangelismo ---- Igreja. I.Junta de Missões Nacionais. II. Título.
CDD 248
Índice para catálogo sistemático:
1. Evangelismo: Igreja : 253.7
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Agradecimentos
uero agradecer a Deus em primeiro lugar, que me deu o privilégio de amar
o Brasil e ser bênção para minha nação escrevendo este livro. Se não fosse o
Senhor, nada do que está escrito aqui poderia ser registrado. Mas Ele permitiu
que experimentássemos a vida discipular em nossa igreja e o resultado está na
elaboração deste livro.
Agradeço a minha esposa, Milainy Magalhães Arantes, que tem sido
companheira de ministério, amiga e uma das maiores motivadoras no processo
de elaboração deste livro. Agradeço por todos os momentos em que ela abriu
mão de minha presença para que eu me dedicasse a escrever as páginas que
seguem. Agradeço por cada vez em que me ouviu lendo os manuscritos e por
cada ajuda dada, corrigindo, dando ideias e estimulando-me para que
continuasse escrevendo mesmo em momentos difíceis.
A minha lha, Alice, que foi instrumento de Deus para me despertar na
madrugada em que tive a inspiração para escrever o primeiro capítulo deste
livro.
Agradeço a minha família como um todo, mãe, irmãos, sogros, cunhados e
sobrinhos, que estiveram presentes e me motivaram a escrever este livro,
principalmente minha cunhada Dulce Mesquita Alves, que me ajudou com a
correção.
Ao meu pastor e discipulador Nilson dos Santos, que tem sido meu grande
referencial de vida e ministério. Ele foi o primeiro a me conduzir ao livro
Multiplicando Discípulos. E, desde a minha adolescência, fez-me investir a vida
na multiplicação de discípulos.
Agradeço Igreja Batista da Aliança, que tem me abençoado e acreditado
que vale a pena vivenciarmos os princípios Bíblicos da Igreja Multiplicadora,
por cada oração que foi feita em meu favor e pela compreensão de minha
dedicação a este livro.
Agradeço ao meu PGM (Teen Garotos), que semanalmente orava por mim
e perguntava-me como estava a escrita do livro. Dessa forma, cada adolescente
estava demonstrando zelo e me motivando a avançar.
Sou grato ao pastor Diogo Carvalho, que me desa ou a escrever sobre este
assunto. Além disso, auxiliou-me na elaboração do conte do e por meio de
suas orações.
uero agradecer também ao pastor Fabrício Freitas, que acreditou em mim
para elaboração de um livro tão especial sobre Relacionamento Discipulador.
Sua vida e suas palavras me motivaram a terminar este livro, acreditando que
vale a pena cuidar de pessoas. Obrigado por cada ligação que o irmão fez
perguntando apenas como eu e minha família estávamos. Essas ligações
inspiravam-me a prosseguir.
A toda a equipe de Missões Nacionais, que tem dado o suporte para que,
como missionários dos batistas brasileiros, minha esposa, nossa lha e eu
possamos desempenhar nossa missão no campo de forma bem-sucedida.
Em Cristo, a nica Esperança,
Roosevelt Arantes
Sumário
Capa
Agradecimentos
Apresentação
Palavras iniciais do autor
Introdução
CAPÍTULO 1 - O Perfil de um Discipulador
Condições para Ser Discípulo
Características do Discipulador
Aplicações Práticas
CAPÍTULO 2 - RELACIONAR-SE: Implementando uma Rede de Cuidado
Ajustando Nossa Agenda
A Agenda de Jesus
As Dimensões do Relacionamento Discipulador
Criando uma Rede de Cuidado por Meio dos Relacionamentos
Aplicações Práticas
CAPÍTULO 3 - ACOLHER: Trazendo a Responsabilidade para Si
Princípios do Acolhimento em Jesus
Princípios de Acolhimento na Igreja Primitiva
Aplicações Práticas
CAPÍTULO 4 - INTERCEDER: Do Ensino à Prática
Moldando um Intercessor
A Oração é Ensinável
O Ministério de Oração Visível de Jesus
O Ministério de Oração Visível no Antigo Testamento
O Ministério de Oração Visível na Vida do Apóstolo Paulo
Orando pelos Nossos Discípulos
Aplicações Práticas
CAPÍTULO 5 - ZELAR PELA PESSOA: Doando Nossa Vida em Favor
dos Outros
O Zelo como Amor Sacrificial
Exemplos de Zelo em Jesus
O Zelo na Prática do Cuidado Individual
Aplicações Práticas
CAPÍTULO 6 - ENSINAR O ENVANGELHO: A Importância de um
Discipulador
Uma Mudança Necessária
A Importância de um Discipulador
Obediência sem Contestação e Incondicional
O Discipulador Deve Ter Proximidade
O Discipulador Precisa se Esforçar
O Discípulo Precisa Estar Disposto a Aprender
Aplicações Práticas
CAPÍTULO 7 - ENSINAR O EVANGELHO: Conduzindo Discípulos à
Multiplicação
É Preciso Nascer de Novo para Multiplicar Discípulos
Enxergando pela Ótica do Reino de Deus
É Preciso Preparar o Coração para Multiplicar Discípulos
É Preciso Intimidade com Cristo para Multiplicar Discípulos
Barreiras à Multiplicação
Aplicações Práticas
CAPÍTULO 8 - SOLICITAR CONTAS: Em Busca do Aperfeiçoamento dos
Discípulos
O Objetivo da Solicitação de Contas
A Solicitação de Contas em Nossa História
A Importância da Solicitação de Contas
O Papel do Discipulador na Solicitação de Contas
Princípios Essenciais da Solicitação de Contas
Aplicações Práticas
Conclusão
Apêndice 1: Sugestão de Roteiro para Encontro Discipular
Apêndice 2: Exemplo de Atividade Devocional
Referências Bibliográficas
Apresentação
O Relacionamento Discipulador é o ponto-chave no processo de
multiplicação de discípulos. Cada servo do Senhor Jesus, vivendo
intencionalmente o objetivo de fazer discípulos, é um dos principais desa os da
igreja em nossa geração. Discipulado como estilo de vida cristã é a proposta do
Senhor para todos n s, seus discípulos. Entretanto, uma das maiores
di culdades enfrentadas pelos crentes dos nossos dias é a falta de foco,
capacitação e exemplos dos líderes na prática do discipulado. O
Relacionamento Discipulador precisa permear todas as esferas da igreja:
ministérios, projetos, departamentos, escola bíblica, etc. Toda a igreja deve
priorizar o Relacionamento Discipulador como uma prática natural no dia a
dia do cristão.
O livro do pastor Roosevelt Arantes é preciosíssimo, pois oferece um roteiro
de forma muito simples, objetiva e compreensível para você começar a viver o
Relacionamento Discipulador com seus amigos, colegas de trabalho e
familiares, visando fazer discípulos que se multipliquem, sirvam, obedeçam e
glori quem o nome do Rei dos reis. Leia com bastante atenção e coloque em
prática os seus ensinos. Não tenho d vida de que este livro será uma bênção
para sua vida e ministério e para igrejas em todo o Brasil.
O autor é um jovem missionário que, ap s concluir o seminário, foi direto
trabalhar na plantação de igrejas. Louvo a Deus pela vida deste servo do
Senhor, sua dedicação e exemplo como missionário dos batistas brasileiros.
Estou muito feliz em saber que temos missionários no quadro de Missões
Nacionais produzindo materiais de alto nível para abençoar a expansão do
reino de Deus aqui na terra. O que ele escreve neste livro é fruto,
principalmente, daquilo que ele tem vivido com a sua igreja.
um livro indispensável para quem sabe que uma alma vale mais que o
mundo inteiro.
Vamos avançar na multiplicação de discípulos
Permita que o Espírito Santo use a sua vida para cumprir o objetivo da
Grande Comissão.
ernando randão
Pastor, Diretor Executivo da unta de Missões acionais
Palavras iniciais do autor
“Segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei
envergonhado; antes, com toda a ousadia, como sempre, também agora,
será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte.”
Filipenses 1.20
O profeta Habacuque enxerga que o seu povo está cada vez mais se
afundando em iniquidade e assume a postura de se colocar como resposta a
essa situação. A resposta que o profeta deu foi se colocar diante de Deus para
obter uma visão que mudaria a situação do seu povo. Ele diz:
P r-me-ei na minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre a fortaleza e vigiarei para ver o que Deus me
dirá e que resposta eu terei minha queixa. O Senhor me respondeu e disse: Escreve a visão, grava-a
sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa correndo. Porque a visão ainda está para cumprir-se
no tempo determinado, mas se apressa para o m e não falhará se tardar, espera-o, porque,
certamente, virá, não tardará (Hc 2.1-3).
A resposta queixa de Habacuque foi uma visão. ma visão que tinha um
tempo determinado para se cumprir. ma visão que exigia do profeta
paciência para vê-la cumprida.
Como batistas brasileiros, temos orado pela salvação da nossa nação. Temos
orado durante 100 anos:
Salve Deus a min a pátria,
Min a pátria varonil
Salve Deus a min a terra,
Esta terra do rasil .
Temos expressado há anos: Ou car a tria sal a ou morrer pelo
Brasil
Está na hora de sermos resposta nossa nação. Deus tem nos dado a visão
de INTENCIONALIDADE na Multiplicação de Discípulos no Brasil. Deus
tem nos convocado a retornar aos princípios e experimentar a visão de Igreja
Multiplicadora em nossas igrejas.
Em 1970, o Brasil tinha cerca de 90 milhões de habitantes, e 4,5 milhões
diziam-se evangélicos. Nosso desa o, naquela época, era alcançar 85,5 milhões
de brasileiros. Em 2010, a população brasileira chegou a 192 milhões, dos
quais 32 milhões se diziam evangélicos. Nosso desa o em 2010 era alcançar
cerca de 160 milhões de brasileiros. No entanto, nosso desa o é ainda muito
maior, pois dentro desses que se dizem evangélicos estão contados muitos que
são apenas participantes de igreja, mas que nunca tiveram uma experiência de
salvação. Também estão contadas algumas seitas que não reconhecem Jesus
Cristo como o nico Senhor e Salvador, mas que, para o IBGE, são
consideradas evangélicas. Isso nos mostra que, se em 1970 n s estávamos
fortemente envolvidos com a evangelização de nossa nação, hoje n s
precisamos avançar ainda mais.
A Grande Comissão nos foi conferida por Jesus Cristo. Há muito que se
tem falado sobre o nosso IDE e FA EI DISCÍP LOS . Fazer discípulos não
é um pedido. Fazer discípulos não é um conselho. Fazer discípulos é uma
ordem expressa do Senhor Jesus para cada um dos seus discípulos.
Nossa grande oportunidade em meio a esse grande desa o é a
INTENCIONALIDADE no cumprimento da Grande Comissão. Não dá para
esperar que os pastores alcancem a nossa nação sozinhos. Não dá para esperar
que os missionários alcancem a nossa nação sozinhos. Não dá para esperar que
um grupo de irmãos do Departamento de Evangelismo alcance a nossa
nação. O cumprimento da Grande Comissão por parte de apenas alguns da
igreja re ete nossa desobediência ordem que foi dada para cada discípulo de
Jesus Cristo.
A ordem foi dada para os discípulos: FA EI DISCÍP LOS . E, se cada
um de n s realmente deseja ver a nossa nação rendida aos pés do Senhor,
assumirá a sua parte na Grande Comissão.
Por isso, cabe aos pastores INTENCIONALMENTE conduzir o seu
rebanho ao cumprimento da Grande Comissão. Cabe aos discipuladores
INTENCIONALMENTE produzir discípulos multiplicadores. Cabe a n s,
como igreja, termos a INTENCIONALIDADE de ganhar a nossa nação
começando pela conquista de nosso bairro, pela salvação de nossa cidade e até
os con ns da terra, fazendo discípulos, espalhando Pequenos Grupos
Multiplicadores (PGMs) e plantando igrejas multiplicadoras.
1
O Per l de um Discipulador
“[Ele] irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para reconduzir o
coração dos pais aos lhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a m de
constituir um povo preparado para o Senhor.” Lucas 1.17
Certa vez um novo discípulo meu me procurou com d vidas sobre uma
decisão que teria de tomar em uma área de sua vida. Ap s apresentar a
situação, ele me perguntou: Pastor Roosevelt, que decisão devo tomar Eu
lhe respondi com outra pergunta: O que Jesus tem te direcionado a fazer
Essa situação ilustra o ponto-chave para as d vidas que as pessoas têm
quanto ao discipulado. Muitas acham que o discipulado é uma forma de
controle, mas na verdade o discipulado é o investimento de vida na vida com o
objetivo de conduzir o discípulo a uma dependência cada vez maior do Senhor
Jesus Cristo.
Algumas pessoas se sentem mais
Jesus não nos chamou
tranquilas se dependerem das orientações
para sermos
de um discipulador para tudo, mas isso não
é discipulado. Outras pessoas se sentem dependentes nem
ofendidas pela possibilidade de ter alguém independentes. Ele nos
que as acompanhe. Preferem caminhar chamou para sermos
sozinhas. Mas essa não é a vida discipular interdependentes. Isso
para a qual Jesus nos chamou. é ser igreja.
A relação discipular não deve ser
desenvolvida na dependência do discípulo na vida do discipulador. Por outro
lado, os discípulos de Jesus também não foram chamados para viver
independentes uns dos outros. Jesus não nos chamou para sermos dependentes
nem independentes. Ele nos chamou para sermos interdependentes. Isso é ser
igreja.
Escrevendo para homens, enny Luc a rma que o omem de Deus é
planejado para viver de maneira interdependente com outro irmão Ele expressa
não s a importância de não caminharmos sozinhos, como também a
necessidade de termos alguém para quem prestar contas e, juntando os braços,
carmos mais fortes para vencermos na caminhada cristã. Esse ensinamento,
por mais que tenha sido direcionado a homens, abrange também as mulheres.
Na verdade, o princípio da interdependência é caracterizado pela mutualidade
encontrada no Novo Testamento. Fabrício Freitas diz que camin ar juntos e
viver a mutualidade cristã é o que esus espera de n s como discipuladores. Essa
mutualidade é a prática do uns aos outros
Ao longo do Novo Testamento, encontramos diversos textos que
apresentam a interdependência que Jesus deseja que vivamos:
Amai vos uns aos outros (Jo 13.34,35, 15.12,17 Rm 12.10, 13.8 1Ts
3.12, 4.9 2 Ts 1.3 1 Pe 1.22, 4.8 1J o 3.11,23, 4.7,11,12 2Jo 1.5)
A interdependência que Jesus espera que sua igreja viva não é algo para ser
desenvolvido apenas pelo pastor, ou pela liderança da igreja. Jesus espera que
essa mutualidade seja praticada por todos os seus discípulos. Mas, para isso,
precisamos relembrar quais as condições para sermos considerados discípulos
de Jesus.
Se alguém vier a mim, e amar pai e mãe, mule r e lo s, irmãos e irmãs, e até
a pr pria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo (Lc 14.26) . O
que Jesus espera do discípulo é que Ele esteja em primeiro lugar. Não existe
meio termo. O pr prio Cristo a rmou que: inguém pode servir a dois
sen ores p orque ou odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará
o outro. ão podeis servir a Deus e s riquezas (Mt 6.24). Ou Jesus está em
primeiro lugar na vida do discípulo e o seu Reino é a prioridade, ou o
indivíduo está desabilitado para ser discípulo. Somente quem, de fato, ama
Jesus em primeiro lugar terá a possibilidade de amar a si e aos seus
verdadeiramente e se tornar discípulo de Cristo Jesus.
2. SER DISCÍPULO EXIGE MORTE DE SI MESMO
uem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo (Lc
14.27). uando Jesus fala de cruz está falando da morte de si mesmo. Em
Lucas 9.23 e 24 lemos: esus dizia a todos Se alguém quiser vir ap s mim, negue
a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga me. Pois quem quiser preservar a sua
vida, este a perderá mas quem perder a vida por amor de mim, este a preservará.
A morte de si mesmo é a entrega absoluta de nossa vida a Cristo. Jesus torna-se
o Senhor do discípulo e, então, já não existem escolhas pessoais, pois a
prioridade passa a ser a obediência em submissão a Cristo.
O ap stolo Paulo descreveu bem essa morte de si mesmo ao declarar: Pois,
pela lei, eu morri para a lei, a m de viver para Deus. á estou cruci cado com
Cristo. Portanto, não sou mais eu quem vive, mas é Cristo quem vive em mim. E
essa vida que vivo agora no corpo, vivo pela fé no ilo de Deus, que me amou e se
entregou por mim (Gl 2.19,20). Enquanto não houver morte de si mesmo, o
indivíduo não estará habilitado para ser discípulo. A morte de si mesmo é a
morte para as nossas vontades para que a vontade de Deus prevaleça em nossa
vida, e assim nos tornemos seus discípulos.
Assim, todo aquele dentre v s que não renuncia a tudo quanto possui não pode
ser meu discípulo (Lc 14.33). Seguir Jesus signi ca deixar algo para trás.
Enquanto não nos encontrarmos com Cristo, as coisas do Reino di cilmente
serão nossa prioridade. Para nos tornarmos discípulos de Cristo precisaremos
abrir mão de toda a bagagem acumulada de coisas que não condizem com os
valores do Reino. Jesus ordena deixar tudo, e isso signi ca que nada mais deve
nos impedir de segui-lo.
O discípulo é aquele que reconhece que
Seguir Jesus signi ca
Jesus é o que ele possui de mais valioso
deixar algo para trás.
para sua vida e, por isso, renuncia o valor
de todas as outras coisas para si. Ele considera que tudo o que possui é por
graça de Deus, e coloca suas posses em favor do Reino. O ap stolo Paulo
testemunhou acerca dessa experiência em Filipenses 3.7 e 8:
Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por amor de Cristo. Sim, de fato também
considero todas as coisas como perda, comparadas com a superioridade do conhecimento de Cristo
Jesus, meu Senhor, pelo qual perdi todas essas coisas. Eu as considero como esterco, para que possa
ganhar Cristo.
A pessoa que não abre mão do que possui para considerar Cristo como seu
maior tesouro não é digna de ser discípula de Cristo. O discípulo é aquele que
renuncia tudo o que tem para seguir Jesus incondicionalmente.
esus dizia aos judeus que aviam crido nele Se permanecerdes na mina
palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos (Jo 8.31). A intimidade com a
Palavra de Deus nos torna discípulos de Cristo. a prática da palavra de Jesus
que nos faz semelhantes a Ele e habilitados para sermos contados entre os seus
discípulos. Não é o fato de ser membro de uma igreja que dá a alguém o
direito de ser chamado discípulo. Permanecer na palavra de Jesus é praticá-la
diariamente. Isso exige conhecimento da Palavra e dedicação para colocá-la em
prática.
Características do Discipulador
Dentro da descrição da missão que foi anunciada a respeito de João Batista,
Lucas destaca: Ele irá adiante do Sen or no espírito e poder de Elias, para
reconduzir o coração dos pais aos lo s, e os rebeldes prudência dos justos, a m
de constituir um povo preparado para o Sen or (Lc 1.17). A missão de João
Batista era preparar um povo para o Senhor Jesus Cristo. Essa é a grande
missão do discipulador. Ele prepara o caminho do Senhor.
O discipulador é o instrumento de Deus para preparar o coração dos
discípulos para receber Jesus como Senhor, conduzi-los a Cristo, prepará-los
para o exercício da missão e aperfeiçoá-los para a eternidade. João Batista fez
isso com a sua mensagem, que prenunciava a vinda do Messias (Jo 1.15-31).
Filipe fez assim ao explicar o texto que estava sendo lido pelo etíope eunuco
(At 8.26-40). Barnabé cumpriu essa missão ao tomar Paulo para si, levando-o
igreja de Antioquia (At 9.26-30, 11.19-26). Paulo também conduziu seus
discípulos ao ministério e os desa ou a reproduzirem sua missão (2Tm 2.2).
No primeiro capítulo do Evangelho de João, encontramos a experiência de
João Batista como discipulador. O relato acerca dele começa com seu
testemunho sobre Jesus e termina com dois de seus discípulos deixando-o para
seguir Jesus. Essa narrativa nos mostra o resumo da missão do discipulador:
apresentar Jesus aos discípulos e fazer deles seus seguidores. O texto de João
nos mostra quatro blocos de testemunho antes de os discípulos passarem a
seguir Jesus. Baseando-nos na experiência de vida de João Batista, encontramos
algumas características do discipulador.
Eu não sou o Cristo. (Jo 1.20) João Batista tinha consciência de que
ele não era o Cristo. O discipulador precisa ter segurança dessa verdade
para não cometer alguns erros, tais como se ensoberbecer e pensar ser
mais do que é, ou até mesmo acreditar que pode fazer o que s Jesus
pode e, dessa forma, frustrar-se por não conseguir fazer o que s Jesus
pode fazer.
s Elias Ele respondeu ão sou. Tu és o profeta Ele respondeu ão.
(Jo 1.21) Por mais que João Batista agisse como um profeta e foi
considerado por Jesus como tal (Mt 11.9) , ele não buscava o
reconhecimento do título de profeta. Ele simplesmente cumpria sua
missão. O discipulador não precisa do título para cuidar de pessoas. A
titulação é o que menos importa para aqueles que são discípulos de
Jesus. A motivação do discipulador não é obter o reconhecimento da
quantidade de discípulos que ele tem, mas sim a submissão em cumprir
a ordem de Jesus Cristo: fazer discípulos.
Eu sou a voz do que clama no deserto Endireitai o camino do Seno r.
(Jo 1.23) João Batista estava satisfeito em conduzir pessoas a Cristo.
Ele não tinha d vidas achando que ele era além do que servo do
Senhor. Assim como Paulo, que a rmou: Meus l os, por quem sofro de
novo dores de parto, até que Cristo seja formado em v s (Gl 4.19), nossa
missão é formar Cristo na vida do discípulo. O discipulador trabalha no
aperfeiçoamento do discípulo para torná-lo cada vez mais semelhante a
Jesus.
Eu batizo com água no meio de v s está alguém a quem não con eceis
aquele que vem depois de mim, de quem não sou digno de desamarrar as
correias das sandálias. (Jo 1.26,27) João Batista tinha consciência de
que servia a alguém muito maior do que ele. O discipulador precisa
reconhecer que serve ao Jesus que é digno de toda a nossa submissão.
Ele precisa saber que, mesmo que faça todo o seu trabalho, deve
considerar-se in til por ter feito apenas o que lhe foi ordenado (como
no exemplo de Jesus em Lucas 17.1 a 10). João Batista sabia que seu
ministério se restringia esfera humana e natural, pois ele destacou que
seu batismo era nas águas. Em Mateus 3.11 ele diferencia seu batismo
nas águas daquilo que Jesus iria fazer quando viesse: Eu, na verdade, vos
batizo com água, tendo por base o arrependimento mas aquele que vem
depois de mim é mais poderoso do que eu não sou digno nem de carregar
suas sandálias ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo . O
discipulador precisa ter consciência de sua limitação humana e da
necessidade do agir de Jesus, pois s Ele pode selar o discípulo com o
Espírito Santo. A missão do discipulador é imergir o discípulo na pessoa
de Jesus Cristo, por meio do batismo, por meio do discipulado, mas
quem vai garantir a certeza da salvação não é o discipulador, e sim o
Espírito Santo, que s Jesus pode nos dar (Rm 8.16).
Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. (Jo 1.29) João
Batista mostra Jesus como aquele que morreu para nos salvar dos
pecados. Apontar para Jesus como o Cordeiro de Deus signi ca mostrar
Jesus como o Salvador do discípulo. em Jesus que o discípulo precisa
colocar sua esperança de salvação.
sobre este que eu falei Depois de mim vem um o mem que está acima
de mim, porque ele já existia antes de mim. (Jo 1.30) uando João
Batista falou de um homem que viria depois dele, estava dizendo aos
seus discípulos que não era para eles se satisfazerem em segui-lo, mas
sim que seguissem esse homem que viria. João Batista assume a postura
de direcionar seus discípulos para Jesus, mostrando que a razão do
discipulado é Jesus. João Batista s existe porque Jesus já existia. O
discipulado s existe porque é para Jesus que devemos conduzir os
discípulos.
Eu não o con ecia mas, para que ele fosse manifestado a srael, vim
batizando com água. (Jo 1.31) A missão de João Batista em batizar
pessoas nas águas era para preparar o caminho para Jesus se manifestar.
O discipulador faz exatamente isso. Todo esforço do discipulador é para
que Cristo se manifeste ao coração dos discípulos. O discipulador
aponta para Jesus por meio de suas palavras, atitudes e enquanto se
aplica em seu ministério.
i o Espírito descer do céu como pomba e permanecer sobre ele . (Jo 1.32)
João Batista testemunha daquilo que viu. Nenhum discipulador
conseguirá conduzir um discípulo a uma intimidade com Deus além
daquela que ele, discipulador, já experimentou. O discipulador precisa
ser alguém que também não se conforme com uma vida espiritual
estagnada. Ele deseja cada dia aprofundar-se mais no conhecimento de
Deus. O discipulador é alguém que busca conhecer mais o Senhor pela
Palavra. alguém que tem intimidade com Deus por meio da oração.
alguém que tem experiência com Deus.
Eu não o con ecia mas aquele que me enviou para batizar com água
disse me Aquele sobre quem vires descer e permanecer o Espírito, este é o
que batiza com o Espírito Santo. (Jo 1.33) O discipulador é sensível
voz de Deus e obediente. Ele está atento ao direcionamento de Deus e
não brinca com as coisas espirituais. Se Deus fala, o discipulador
obedece.
Eu mesmo vi e já vos dei testemun o de que este é o ilo de Deus. (Jo
1.34) O discipulador é alguém que tem a visão de Deus, a visão
espiritual, pois tem o Espírito Santo em sua vida. Ele não olha as coisas
pela tica carnal, mas sim pela espiritual.>
RELACIONAR-SE:
Implementando uma Rede de
Cuidado
“Depois Jesus subiu a um monte e chamou os que ele mesmo quis; e estes
foram até ele. Então designou doze para que estivessem com ele, e os
enviasse a pregar, e para que tivessem autoridade para expulsar
demônios.” Marcos 3.13-15
1. CHAMAR DISCÍPULOS
2. ACOLHER DISCÍPULOS
3. APERFEIÇOAR DISCÍPULOS
A terceira dimensão do RD é Aperfeiçoar Discípulos. Jesus não s chamou
seus discípulos e os acolheu, como também desenvolveu-os. Marcos diz: Então
designou doze para que estivessem com ele, e os enviasse a pregar, e para que
tivessem autoridade para expulsar dem nios (Mc 3.14,15). A caminhada
discipular de Jesus incluía o aperfeiçoamento do discípulo. Por meio do
ensinamento bíblico, das experiências na caminhada e do encorajamento, Jesus
desa ava seus discípulos a alcançar novos degraus na vida cristã. Essa dimensão
visa conduzir o discípulo ao contínuo crescimento espiritual. Nenhum
discípulo deve se considerar conhecedor su ciente do evangelho a ponto de
não se preocupar em se desenvolver ainda mais.
Aplicações Práticas
1. Sendo cuidado Procure alguém que possa cuidar de você por meio
do RD.
2. En ol endo-se na igre a Procure envolver-se em algum PGM de sua
igreja.
3. Cart o Al o de Ora o Busque ter o seu Cartão e comece a orar por
cinco pessoas não crentes que você deseja fazê-las discípulos de Jesus
Cristo.
4. Meta Coloque uma meta pessoal para iniciar os passos que estão na
página 38.
5. Fa endo disc pulos Comprometa-se a chamar discípulos, acolhê-los
na vida da igreja e transmitir-lhes os valores do reino de Deus,
conduzindo-os ao aperfeiçoamento cristão.
6. Multiplicando Disc pulos Desa e seus discípulos a também fazerem
discípulos.
ACOLHER:
Trazendo a Responsabilidade para Si
“...Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos.” Atos 9.27
Enquanto estava escrevendo este livro, recebi uma mensagem de voz de uma
jovem de minha igreja chamada Caren, que se batizou há oito meses e que já é
líder de um dos nossos PGMs. Em um culto de domingo noite, Caren
identi cou a visitante Carina, jovem moradora de nosso bairro, e pronti cou-
se a acompanhá-la mantendo contato, ofereceu-lhe um estudo bíblico. Caren
nunca passou por um treinamento de evangelismo, mas, desde que foi
integrada ao ambiente de igreja, ela foi discipulada. uando se converteu,
continuou sendo discipulada e, ainda hoje, ela tem a sua discipuladora, que lhe
transmite ensinamentos e vida.
A gravação que ela me enviou era do momento em que estava apresentando
o plano de salvação para Carina. m trecho do áudio mostra Caren dizendo:
Carina, eu vou te perguntar somente para a gente esclarecer. Existe alguma
razão que te impeça de receber Jesus Cristo agora mesmo e Carina
respondeu: Não . E ali, juntas no RD, Caren foi usada por Deus para
conduzir Carina a confessar Jesus como seu Senhor e Salvador.
Pelo fato de Caren ter sido cuidada em um RD, ela aprendeu a cuidar de
outras pessoas. Foi porque alguém lhe ensinou com a vida como agir com os
novos que vão chegando igreja que Caren assumiu a responsabilidade de fazer
Carina sentir-se acolhida. Caren responsabilizou-se em agregar Carina ao
ambiente de igreja e hoje continua cuidando dela e será responsável em
conduzi-la ao batismo.
O RD potencializa o acolhimento e a integração das pessoas vida da igreja.
Além disso, por meio dele as pessoas são treinadas não s para cuidar umas das
outras, como também para conduzir pessoas a Jesus Cristo. Muitas pessoas
entram e saem dos templos e dos cultos que n s realizamos, porém não
permanecem. Não é por falta de interesse, mas pelo simples fato de não se
sentirem acolhidas. Ao mesmo tempo, notamos que a maior parte dos que
continuam na igreja são pessoas que foram conduzidas e acompanhadas por
outras com quem criaram algum vínculo.
Precisamos desenvolver um acolhimento individual, olhando para cada
pessoa que chega igreja como alguém que precisa ser cuidado. aylon Moore
a rma que no ovo Testamento toda integração é dirigida no sentido das
necessidades individuais. Através da pregação, do ensino, do treinamento da igreja,
podem ser aplicados os princípios da integração a grupos, mas sempre dentro do
contexto da individualidade de cada membro do grupo. [5]
Sendo assim, é preciso intencionalidade para integrarmos as pessoas vida
comunitária da igreja. Acolher é o conjunto das atitudes intencionais de levar
o novo discípulo a se envolver com a vida em igreja. Acredito que os PGMs, as
classes da Escola Bíblica, os passeios, os retiros e os encontros sociais da igreja
são momentos estratégicos para a integração de novas pessoas. Mas integrar
não é s fazer a pessoa frequentar essas atividades, mas fazer com que o
discípulo se desenvolva espiritualmente por meio delas. aylon Moore nos
alerta que integração
... não é dar ao recém-batizado uma palavra de incentivo sobre a leitura da Bíblia, nem é enfatizar-
lhe o imperativo da mordomia, por importantes que sejam essas coisas. Não é sobrecarregá-lo de
pan etos e folhetos. Integração é mais do que conseguir que o novo crente seja assíduo aos cultos e se
torne aluno da Escola Bíblica Dominical é mais que lhe fazer repetidos convites para que participe
das atividades da igreja. Tudo isto é importante, sem d vida, mas não vai ao encontro das mais
profundas necessidades do recém-convertido nem está dentro dos moldes escriturísticos do verdadeiro
fazei discípulos .[6]
Aplicações Práticas
1. Intencionalidade de preparar as pessoas para acolherem outras O
discipulador precisa desenvolver o processo de multiplicação de
discípulos acolhedores. m s discipulador não dará conta de cuidar de
todas as pessoas de uma igreja. Ao mesmo tempo em que o discipulador
investe sua vida em fazer com que seu discípulo se sinta acolhido, ele
precisa ter a intencionalidade de conduzi-lo a acolher outras pessoas.
2. Intencionalidade de acolher os no os con ertidos Cada pessoa que
se converte precisa ser cuidada como um bebê espiritual. Grande parte
das pessoas que estão no ambiente da igreja nunca fruti cou porque
nunca teve o cuidado paternal su ciente para fazer delas discípulos
maduros. aylon Moore disse:
O plano de Deus é que cada criança que nasce no mundo físico tenha dois pais. ue acontece,
porém, com os que nascem lhos de Deus, com os recém-convertidos A maioria não encontra
um pai e uma mãe espirituais que lhe dispensem qualquer orientação e estímulo. Novos crentes
há que passam anos e anos na igreja sem qualquer cuidado especí co e treinamento individual.
Recebem apenas orientação generalizada, aquilo que é ministrado ao grupo. Isto é um fato
lamentável, desumano e nada saudável espiritualmente falando. As crianças abandonadas e
negligenciadas pelos pais e pela sociedade normalmente se tornam delinquentes. No terreno
espiritual, a delinquência de membros de igrejas tem a mesma causa falta de cuidados
espirituais adequados.[7]
INTERCEDER:
Do Ensino à Prática
“E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe
disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também
João ensinou aos seus discípulos.” Lucas 11.1
Moldando um Intercessor
Em meados de 2014, eu estava pedindo ao Senhor que intensi casse o
ministério de oração em nossa igreja. Minha esposa e eu estávamos orando para
que Deus levantasse um líder de oração que casse responsável por essa área tão
signi cativa da igreja. Deus preparou uma maneira singular de me ensinar que
o RD é fundamental para o ensino da oração.
Eu estava discipulando um jovem senhor chamado João, engenheiro
automotivo, casado e pai de uma lha. Ele, juntamente com a sua família,
tinham retornado para morar em Resende havia alguns meses, ap s um tempo
morando no interior de São Paulo, a 370 quil metros de nossa cidade. O
retorno deles teve dois motivos. A saudade dos familiares e a certeza de um
novo emprego imediato, pelo fato de Resende ser um polo automobilístico.
Contudo, Deus estava querendo nos ensinar acerca da oração e, por isso, nem
tudo foi como João havia planejado.
Comecei a discipulá-lo em novembro de 2013. Semanalmente, n s nos
encontrávamos para desenvolver o RD. A família estava se readaptando
cidade e experimentando novamente o ambiente saudável de igreja. Contudo,
João ainda continuava desempregado. O tempo foi passando e a situação
começou a car difícil. Ele recebia muitas propostas e fazia muitas entrevistas.
Tudo indicava que seria admitido, mas, no m, a situação permanecia a
mesma. Tanto o pr prio João como alguns colegas dele do ramo
automobilístico não entendiam como ele, portador de um currículo repleto de
experiência, não conseguia ser contratado.
Por meio do RD, Deus me usou para fortalecer a fé de João. Nos momentos
mais difíceis, era por meio da oração que ele sentia a proteção do Senhor. Mas
Deus queria mais. ueria ensinar a João o que era a oração. ueria forjar em
sua vida o ministério de oração. Foi quando o desa ei a realizarmos juntos 40
dias de oração para pedirmos a intervenção de Deus em sua vida. No dia 31 de
junho de 2014 começamos a ir ao templo de nossa igreja todas as manhãs s
8h. Em nosso primeiro encontro, perguntei o que mais ele desejava que o
Senhor zesse em sua vida. E ele compartilhou que esperava que ele e sua
família experimentassem mais de Deus e que, se possível, o Senhor abrisse uma
porta de emprego. Eu me ajoelhei e ele me seguiu. Orei intensamente por ele,
na certeza de que Deus ouviria nossa oração. Pedi que ele orasse em seguida e
ele se derramou diante do Senhor. Passamos um bom tempo juntos em oração.
Durante os 40 dias fui percebendo uma mudança signi cativa na vida de
João. Suas orações estavam mudando de conotação. Ele deixou de orar de
forma desesperada e passou a orar de forma mais con ante. Ele parou de pedir
por suas necessidades pessoais e começou a orar por mais de Deus em sua vida.
Ele deixou de orar por um emprego e começou a orar por sabedoria.
Terminados os dias propostos para a oração, João não havia conseguido o
emprego. A situação ainda piorou. Mas Deus tinha moldado o coração de João
e ele havia se tornado um intercessor.
Algumas semanas depois, Deus começou a incomodar o meu coração para
iniciarmos uma vigília semanal de oração na igreja. Deus havia posto o desejo
de termos pessoas orando todas as sextas-feiras das 22h s 24h. Então, comecei
a perguntar ao Senhor quem poderia dirigir este momento de oração e em meu
coração veio a pessoa do João. uando fui procurá-lo, ele me disse: Pastor
Deus colocou em meu coração o desejo de termos um tempo de oração em
nossa igreja, todas as sextas-feiras das 22h s 24h . O desejo que Deus havia
colocado em mim havia colocado também no coração de João. Não tenho
d vidas de que os 40 dias de oração que n s experimentamos juntos serviram
para Deus levantar um líder de oração em nossa igreja.
A vigília tornou-se uma fogueira que tem incendiado o coração do povo e
preparado a igreja para o mover de Deus por meio de n s. João entendeu a
oração e passou a investir a sua vida nesse ministério. Em junho de 2015 ele
conseguiu o emprego, mas, antes de tê-lo, ele já tinha aprendido que mais
importante do que um emprego era a intimidade diária com Deus por meio da
oração.
A Oração é Ensinável
A oração é mais do que palavras. É um estilo de vida – a vida cristã. A
oração muda nosso caráter, porque muda a nossa postura: de pé, para
ajoelhado; de soberbos, para humildes; de autossu cientes, para
dependentes de Deus; de incrédulos, para cristãos.
Precisamos ensinar nova geração que temos o Deus que nos socorre e isso
s acontece quando, no momento das di culdades, recorrermos a Ele em
oração. uando eu estava dando aula sobre oração na matéria de
Espiritualidade do seminário, um seminarista me contou a experiência que
teve com seu sobrinho de quatro anos, cujos pais pertencem a uma igreja
evangélica daqui da nossa região há mais de vinte anos. O menino costumava
ir casa de uma de suas av s, que frequentemente estava de joelhos no quarto
em oração. Certo dia, toda a família estava reunida e ele pediu sua av que
rogasse a Deus que abrisse uma porta de emprego para ele. Ninguém entendeu
o porquê de ele, naquela idade, fazer um pedido desse. Ao ser questionado, ele
disse que sempre ouvia a sua av orar para Deus abrir uma porta de emprego
para seu primo que estava desempregado. O que chamou a atenção do meu
aluno foi que, mesmo os pais do menino sendo cristãos, eles nunca
desenvolveram um ministério de oração que zesse com que seu pr prio lho
os procurasse para pedir algo a Deus. Ao mesmo tempo, os poucos momentos
em que a criança esteve com a sua av foram su cientes para saber que, na
hora de pedir algo a Deus, ele poderia recorrer a ela (não a seus pais), pois era
uma mulher de oração.
No RD, precisamos desenvolver a oração de forma aplicada, ser referenciais
de oração para as novas gerações de discípulos. Por isso, oramos para iniciar
cada encontro discipular. Tudo o que vai ser conversado precisa da orientação
de Deus. O discipulador depende da orientação de Deus e o discípulo precisa
do toque do Senhor para abrir o coração. Muitas vezes o discípulo tem
questões guardadas em seu coração e, se não pedirmos que o Espírito Santo o
incomode, podemos perder a oportunidade de ajudá-lo nessas questões
importantes. Oramos também no m de cada encontro, porque, ap s termos
conversado sobre os desa os pessoais, precisamos apresentar a Deus tudo o que
precisa ser ajustado, bem como todos os anseios. A nal de contas, o ap stolo
Paulo nos ensina: não andeis ansiosos de coisa alguma em tudo porém, sejam
con ecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela s plica, com ações
de graças (Fp 4.6).
Acreditamos que é enquanto oramos no RD que o discípulo aprende o valor
da oração. Termos ensinado o valor da oração, orando por todas as nossas
necessidades, possibilitou criarmos o hábito de compartilhar pedidos
emergenciais através dos mecanismos tecnol gicos. uando algum discípulo
está passando por problemas, imediatamente ele envia mensagens pedindo
oração ao seu discipulador, que prontamente se dedica mais em oração e s
vezes entra em contato e oram juntos. O resultado são vit rias experimentadas
em respostas s orações, consolo pela mutualidade, orientação pelo
direcionamento do Espírito Santo e livramentos pela retaguarda espiritual em
oração.
O ministério de oração de Daniel era visível a ponto de os presidentes e os
sátrapas que procuravam ocasião para acusá-lo encontrarem, num decreto de
proibição de petições a qualquer deus ou qualquer homem a não ser ao rei
Dario, a nica oportunidade para puni-lo. Eles sabiam que Daniel orava
incessantemente. Eles sabiam que ele fazia isso três vezes ao dia. A postura de
Daniel em relação proibição foi continuar com a sua devoção, pois con ava
no Deus que é muito maior do que qualquer decreto humano. Diz o texto:
Daniel, pois, quando soube que o edito estava assinado, entrou em sua casa (ora havia no seu quarto
janelas abertas do lado de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças
diante do seu Deus, como também antes costumava fazer. Então aqueles homens foram juntos, e
acharam a Daniel orando e suplicando diante do seu Deus (Dn 6.10,11).
Espírito de sabedoria (Ef 1.15-19) Para que eles saibam como proceder
dignamente e tomar as decisões da vida pela sabedoria que vem do alto.
Revelação no pleno con ecimento de Deus (Ef 1.15-19) Para que não
desenvolvam um relacionamento super cial com Deus, mas que seja
um relacionamento progressivo, que favoreça o conhecimento de Deus.
fortalecimento com poder (Ef 3.14-21) Para que não tenham uma
vida cristã vacilante. Pelo contrário, que recebam do Espírito Santo o
poder para permanecerem rmes.
Crescimento no amor fraternal (Fp 1.3-11 1Ts 3.11-13) Para que se
relacionem mutuamente com o amor cristão e não com um amor
interesseiro, que o mundo ensina.
Con ecimento da vontade de Deus (Cl 1.9-12) Para que a cada dia eles
se ajustem vontade de Deus. Para que, no momento das escolhas,
decidam agradar a Deus com o seu viver, fruti quem em toda boa obra,
cresçam no conhecimento de Deus e sejam fortalecidos no Senhor.
Aplicações Práticas
1. Sua pr pria lista de ora o Tenha um caderno onde você escreva os
pedidos a serem apresentados a Deus e o nome de seus discípulos.
2. ista de ora o do disc pulo Estimule seu discípulo a criar a sua
pr pria lista de oração. Você pode ajudá-lo a escrever os primeiros
pedidos.
3. Ora o nos encontros Ore sozinho antes de cada encontro
discipular. Peça a seu discípulo que ore antes de começar o discipulado.
Pergunte-lhe se há algum motivo especí co de oração e ore para
terminar o encontro, apresentando os desa os a serem vencidos por ele.
4. Ora o com a igre a Seja exemplo para seu discípulo participando
dos cultos de oração de sua igreja. Se sua agenda impossibilita a
frequência aos cultos, peça ao pastor para você organizar um horário
alternativo de oração na igreja.
5. Seu disc pulo na ora o da igre a Desa e seu discípulo a participar
dos cultos de oração de sua igreja. E, se sua agenda também não
permitir a frequên- cia aos cultos, vão juntos em horário alternativo e
orem juntos no templo ou em uma sala especí ca.
6. ig lias da igre a Participe e leve seu discípulo a participar das vigílias
de sua igreja. Se sua igreja não realiza vigílias, torne-se um mobilizador
para essa atividade.
7. Orando em todo tempo Sempre que houver algum dilema na vida
do discípulo, antes de tentar dizer alguma coisa que lhe sirva de
resposta, faça uma oração com ele, pedindo a orientação do Senhor.
Assim, você estará ensinando ao seu discípulo a importância de
consultar o Senhor antes de tudo.
8. Cart o Al o de Ora o[1 ] Tenha o seu cartão, com nome de pessoas
ainda não salvas, como alvo de oração e RD. Chame e estimule o seu
discípulo a ter o seu cartão.
Jesus tinha acabado de ressuscitar. Ele tinha pouco tempo antes de ser
elevado aos céus. Podemos pensar que havia muitas coisas para Jesus ajustar no
ministério que os ap stolos iriam exercer. Apesar disso, Jesus incluiu na agenda
a necessidade de ir ao encontro de dois discípulos que estavam voltando para
casa entristecidos por causa de sua morte.
Provavelmente aqueles dois discípulos tinham deixado a família e o emprego
para seguirem Jesus, mas agora estavam retornando com a notícia de que Ele
estava morto. Lucas relata esse fato, dizendo: esse mesmo dia, dois deles
seguiam para um povoado c amado Ema s, distante de erusalém sessenta estádios
e iam comentando tudo o que a via acontecido. Enquanto comentavam e
discutiam, o pr prio esus se aproximou e começou a acompan á los (Lc 24.13-
15).
Jesus vai até eles, demonstrando que a prioridade de sua agenda ministerial
era cuidar de cada discípulo em suas necessidades especí cas. A primeira
dimensão que o discipulador deve sacri car é a do seu tempo. Muitas vezes o
discipulador precisará abrir mão de seu tempo para zelar pela vida de seu
discípulo, dando-lhe a atenção devida.
2. ZELAR É APROXIMAR-SE E ACOMPANHAR OS DISCÍPULOS A FIM
DE CUIDAR DELES
Então ele l es perguntou Do que estais falando pelo camino Eles então
pararam tristes (Lc 24.17). Perguntar ao discípulo mostra o zelo do
discipulador. O desa o nesse aspecto é saber fazer a pergunta certa.
Nossa sociedade está acostumada a
A primeira dimensão
perguntar Tudo bem e obter como
que o discipulador deve
resposta: Tudo bem . Se alguém
responder Não, não estou bem , muitas sacri car é a do seu
pessoas carão sem saber o que fazer. Ou tempo.
então, muitas pessoas respondem Tudo
bem , mas na verdade não estão nada bem. Eu tenho desenvolvido a técnica de
perguntar Está tudo bem com você , e se a pessoa me responder Sim, tudo
bem , então eu pergunto: 100 ou 90 Se a pessoa responder 100 , ou
é porque ela realmente está bem, ou é porque ela não está aberta ao diálogo.
Mas se ela responder 90 , então eu continuo baixando: 90 ou 80 ,
até descobrir em que nível realmente ela está. Depois de descobrir que a pessoa
não está tão bem, eu pergunto: O que falta para chegar a 100 Dessa
forma, n s podemos criar o diálogo que possibilite cuidar de nosso discípulo
de forma especí ca. O discipulador pode utilizar os Guias de Solicitação de
Contas[16] para auxiliar suas conversas com os discípulos.
Ele l es perguntou uais E eles responderam... (Lc 24.19). Jesus não s fez
a pergunta acerca do que os discípulos estavam falando, como também quis
ouvir deles o que os estava incomodando. Jesus poderia revelar-se rapidamente
a eles, mas quis tratar o coração deles, e isso signi cava deixá-los falar
primeiramente. Por isso, o discipulador precisa ter a intenção de parar para
ouvir o que o discípulo tem a dizer. Dave Earley diz que ouvir é uma das
mel ores maneiras de aprofundar relacionamentos .[17]
N s estamos muito mais acostumados a falar do que a ouvir. Como
discipuladores, podemos cair no erro de querer ensinar o tempo todo, quando
na verdade o que o discípulo mais precisa é ser ouvido. Para exercer o zelo com
qualidade, o discipulador precisa aprender a ouvir.
ENSINAR O EVANGELHO:
A Importância de um Discipulador
“Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis
que estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos.” Mateus
28.20
Certa vez, uma senhora cat lica, chamada Ana, moradora do bairro de
minha igreja, decidiu visitar um dos nossos Pequenos Grupos Multiplicadores,
que cava ao lado de sua casa. Sua lha já estava frequentando e havia se
decidido por Cristo alguns meses atrás. Ela, no entanto, resistia por não
concordar em frequentar reuniões de outra igreja. Em sua primeira visita ao
nosso PGM, Ana fez questão de dizer que estava indo apenas para acompanhar
sua lha e que queria deixar claro que não mudaria de religião.
Ana sempre teve sede do conhecimento da Palavra de Deus. Ela conhecia
bastante os textos bíblicos. Fundamentava sua crença na Escritura Sagrada e
discordava de algumas práticas de sua igreja por força de argumentos que ela
mesma havia descoberto na Bíblia. Contudo, ela ainda sentia que algo faltava
sua experiência com Deus.
Em uma visita que minha esposa e eu zemos a Ana, ela descreveu a
ang stia que experimentou na sua juventude, ao ter procurado um padre para
tirar algumas d vidas acerca da Palavra e ele ter dito para ela que não precisava
entender essas coisas. Essa situação s a deixou com mais vontade de conhecer
a Bíblia, embora permanecesse rme na Igreja de seus antepassados.
Simultaneamente s visitas de Ana ao
O discipulador precisa
PGM, sua lha Caren estava sendo
ter em mente que o
discipulada por uma jovem da igreja. Por
conta do investimento discipular aplicado Senhor é a única
na vida de Caren, as mudanças tornavam- esperança para o seu
se cada vez mais visíveis para Ana, que, por discípulo.
sua vez, começou a desejar o discipulado.
Caren não parava de contar as experiências de crescimento que estava tendo
por meio do RD e então Ana disse que queria que alguém também a ajudasse a
conhecer mais a Bíblia.
Certo de que Deus queria operar uma transformação na vida de Ana, escolhi
um casal, o diácono Simeão e sua esposa, Eunice, para investirem a vida em
Ana. Eles começaram apresentando os ensinos fundamentais sobre Jesus por
meio dos Estudos no Evangel o de oão, mas logo perceberam que as questões
de Ana eram bem mais profundas. Então, começaram a ensinar as verdades
bíblicas de acordo com os questionamentos que ela apresentava.
Os encontros semanais tornavam-se cada vez mais interessantes e o
evangelho de Jesus estava começando a car mais e mais claro para Ana, que
nalmente o compreendeu, rendeu-se a Jesus e foi batizada em novembro de
2014. Ao testemunhar na igreja, ela a rmou que já conhecia muitas coisas
acerca da Palavra de Deus, mas não tinha o verdadeiro entendimento daquilo
que ela já havia lido e que, se não fosse o ensino do evangelho por meio do
discipulado, ela ainda estaria perdida em relação ao conhecimento da Palavra.
Hoje, Ana já está testemunhando de Jesus em seu trabalho e ensinando o
evangelho a duas amigas. Ela tem aplicado os Estudos no Evangel o de oão
para elas e dito que, se houver qualquer d vida, vai perguntar aos seus
discipuladores. Ana hospeda um PGM em sua casa e sua lha é líder de outro
PGM na mesma rua. magní co ver o agir de Deus por meio de sua igreja.
Irmãos que abrem sua casa para serem agentes de transformação de vidas, por
meio dos PGMs, outros que investem a vida no RD e, assim, mais e mais
pessoas tornam-se discípulos multiplicadores.
O ensino do evangelho é fundamental para a formação de novos discípulos
de Jesus. Assim como Ana, há muitas outras pessoas que já leram a Bíblia e não
se converteram porque não a compreenderam. Ensinar o evangelho é
transmitir os ensinos bíblicos e as verdades espirituais por meio de um diálogo.
No RD, é possível concentrar o ensino bíblico nas necessidades especí cas de
cada indivíduo.
A Importância de um Discipulador
Na experiência de Filipe com o etíope eunuco, em Atos 8.26 a 40, podemos
perceber a importância de um discipulador para a compreensão do evangelho
por parte do novo discípulo. O relato de Lucas nos deixa claro que há pessoas
que têm acesso s Escrituras Sagradas, mas que necessitam da intencionalidade
de um discípulo de Cristo para ensinar-lhe o evangelho.
Deus está extremamente interessado em nos levar s pessoas que precisam
conhecer o evangelho. Lucas diz: m anjo do Sen or falou a ilipe, dizendo
Dispõe te e vai para o lado do Sul, no camino que desce de erusalém a Gaza este
se ac a deserto. Ele se levantou e foi (At 8.26). A verdade é que Deus tem estado
trabal ando á muito tempo, atraindo a pessoa a Cristo antes que um crente tena
o privilégio de ser a parteira do novo nascimento .[20] Por isso, o que Deus espera
de n s, muitas vezes, é apenas nos dispormos.
Deus está agindo. N s precisamos nos unir a Ele. O relato de Lucas deixa
claro que Deus já estava agindo na vida do etíope eunuco bem antes de Filipe
ir ao seu encontro. Deus é o verdadeiro interessado em que as pessoas
conheçam o evangelho. Devemos saber que, por n s mesmos, não iremos s
pessoas a menos que recebamos o direcionamento do Senhor e nos coloquemos
a sua disposição. Foi um anjo do Senhor que disse a Filipe o que ele deveria
fazer e para onde deveria ir. Deus quem nos move s pessoas.
Deus já estava preparando o coração
Deus está agindo. Nós
daquele homem para ser impactado pela
precisamos nos unir a
sua Palavra, mas para completar a obra
salvadora na vida dele, Deus convoca o seu Ele.
discípulo Filipe para explicar o evangelho
ao etíope. Aquele homem estava voltando da adoração em Jerusalém, mas
ainda precisava conhecer de fato o evangelho de Jesus Cristo. Assim como ele,
muitas pessoas estão indo e voltando de nossos templos, carregando exemplares
da Bíblia, mas sem a oportunidade de serem confrontadas com as verdades
bíblicas por intermédio de um discípulo que intencionalmente lhes queira
ensinar o evangelho.
m anjo do Senhor falou a Filipe. O pr prio Deus ainda hoje está
convocando seus discípulos a se disporem. O imperativo da Grande Comissão
fazei discípulos tem sido essa convocação do Senhor para cada um de n s.
Não precisamos esperar que um anjo do Senhor nos convoque, pois a Palavra
de Deus já tem feito essa convocação. Cumprir a Grande Comissão, nesse caso,
é ter a intencionalidade de fazer discípulos por meio do ensino do evangelho.
O recado do anjo a Filipe foi dispõe te . A falta de disposição talvez seja
uma das maiores barreiras que n s teremos que enfrentar para a formação de
novos discípulos. Ela tem sido camu ada com a nossa agitação e falta de
tempo. Estamos nos enchendo de atividades, ou mesmo temos sido tão
sufocados com as programações da igreja, que não nos tem restado tempo para
fazer discípulos. Porém, a disposição de nossa agenda para a Evangelização
Discipuladora deve ser nossa prioridade.
Percebemos esta atitude na vida da igreja primitiva, pois todos os dias no
templo e de casa em casa não cessavam de ensinar e anunciar esus o Cristo (At
5.42). Isso nos ensina que sermos discípulos fazedores de discípulos signi ca
incluir na nossa agenda a prática do ensino do evangelho.
Inclusive, o ensino do evangelho era uma das marcas dos discípulos da igreja
primitiva que perseveravam na doutrina dos ap stolos (At 2.42). Por conta
dessa postura, a igreja enfrentou um dos primeiros obstáculos para a expansão
do evangelho: a proibição do ensino do evangelho. Foi pelo fato de a igreja
perseverar em ensinar sobre Jesus todos os dias que os líderes judaicos tentaram
impedir que essa mensagem fosse proclamada. Em Atos 5.28, encontramos o
sumo sacerdote dizendo aos ap stolos: Expressamente vos ordenamos que não
ensinásseis nesse nome contudo, ence stes erusalém de vossa doutrina e quereis
lançar sobre n s o sangue desse omem (At 5.28).
Ao mesmo tempo em que entendemos que a postura que Deus espera dos
seus discípulos é a disposição para ensinar o evangelho, percebemos que
sempre haverá uma oposição a essa disposição. Algumas dessas barreiras serão
apresentadas no m deste capítulo.
Aplicações Práticas
1. eia a B blia diariamente Procure criar o hábito de ler a Bíblia todos
os dias. A Palavra do Senhor é a fonte para o ensino do evangelho.
2. uanto ao ensino b blico Prepare-se para ser usado por Deus
ensinando princípios bíblicos aos seus discípulos. Participe ativamente
da Escola Bíblica de sua igreja.
3. erspecti a do discipulado Enxergue o discipulado como
oportunidade de Deus usar você para preparar outras pessoas a servirem
melhor.
4. Disposi o Coloque-se em submissão vontade de Deus para
obedecê-lo em tudo. Peça a Deus que direcione você a pessoas que
precisam ouvir a mensagem do evangelho.
5. osi o Assuma o compromisso de se aproximar de pessoas para
in uenciá-las para Jesus Cristo, ainda que você tenha que se esforçar
para isso.
6. alor Entenda a vida discipular como um ministério. Todo esforço
que você empreender na vida de uma pessoa repercutirá em valor
eterno. Por isso esteja pronto a se sacri car em favor de pessoas.
[18] uça o espírito, ouça o mundo como ser um cristão contempor neo, p. 272.
[19] A essência da evangelização, p. 77.
[20] A essência da evangelização, p. 83.
7
ENSINAR O EVANGELHO:
Conduzindo Discípulos à
Multiplicação
“Meu Pai é glori cado nisto: em que deis muito fruto; e assim sereis meus
discípulos.” João 15.8
O contraste entre as expressões ouvistes que foi dito e Eu, porém, vos digo
demonstra uma mudança de paradigma. Aos discípulos de Jesus é apresentada
uma nova perspectiva de vida que s é compreendida por aqueles que já
nasceram de novo.
No diálogo de Jesus com Nicodemos, descobrimos que somente aqueles que
nasceram de novo têm a possibilidade de enxergar os valores do reino de Deus
e satisfazê-los. Assim, ao identi car que um discípulo apresenta muita
di culdade de compreender os ensinos bíblicos e colocá-los em prática, é
preciso checar se ele já passou pelo novo nascimento. Isso pode ser feito, entre
outras formas, por meio da apresentação de um folheto evangelístico.
uem nasce de novo tem uma visão diferente. A pessoa passa a ter a tica
do reino de Deus. Por isso o ap stolo Paulo a rmou:
Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o
coração humano, são as que Deus preparou para os que o amam. Deus, porém, revelou-as a n s pelo
seu Espírito. Pois o Espírito examina todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus. Pois, quem
conhece as coisas do homem, senão o espírito do homem que está nele Assim também ninguém
conhece as coisas de Deus, a não ser o Espírito de Deus. Não temos recebido o espírito do mundo,
mas, sim, o Espírito que vem de Deus, a m de compreendermos as coisas que nos foram dadas
gratuitamente por Deus. Também falamos dessas coisas, não com palavras ensinadas pela sabedoria
humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com
espirituais. O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois lhe são absurdas e não
pode entendê-las, pois se compreendem espiritualmente. Mas aquele que é espiritual compreende
todas as coisas, ao passo que ele mesmo não é compreendido por ninguém. Pois, quem jamais
conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo Mas n s temos a mente de Cristo (1Co 2.9-
16).
Muitas pessoas têm deixado de ser usadas por Deus porque, ao invés de
serem gratas, são murmuradoras incorrigíveis. uem enxerga as coisas pela
tica natural vê a vida como um peso, a morte como um m e o trabalho
como um fardo. Mas quem vê a vida pela tica espiritual tem consciência de
que tudo foi lindamente planejado por Deus (Sl 139) e sabe que é obra-prima
da Criação (Gn 1.26,27).
uanto ao primeiro tipo de coração Jesus diz: ... semeador saiu a semear.
Enquanto semeava, uma parte das sementes caiu beira do camino , e as aves
vieram e a comeram (Mt 13.3,4). E explica: A todo o que ouve a palavra do
reino e não a entende, vem o Maligno e tira o que le foi semeado no coração esse é
o que foi semeado beira do camino (Mt 13.19).
A questão central, nesse tipo de coração, foi a falta de compreensão da
mensagem. ma mensagem não entendida é uma semente lançada beira do
caminho, que não cumpre o seu papel. Se não explicarmos bem as Escrituras
Sagradas, o Maligno arranca facilmente o que foi semeado. Por isso é preciso o
discipulado.
uando analisamos a mesma parábola descrita em Lucas 8.12: s que estão
beira do camin o são os que ouvem mas logo vem o Diabo e tira le s do coração
a palavra, para que não aconteça que, crendo, sejam salvos , descobrimos as
seguintes características desse tipo de coração:
O ap stolo Paulo a rma: ...Todo aquele que invocar o nome do Sen or será
salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram (Rm 10.13,14) e
destaca que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Cristo (Rm 10.17).
A implicação direta de quem crê é invocar o nome do Senhor e ser salvo. O
Diabo age colocando a d vida para que a pessoa não creia e seja salva. Foi
assim que ele agiu no Jardim do den, roubando do coração de Eva a Palavra
de Deus (Gn 3.1).
Por isso, o discipulador deve levar o discípulo a se aprofundar sempre na
Palavra de Deus. Deve promover o máximo de contato do discípulo com a
Bíblia. O discipulador não deve deixar seu discípulo sozinho, principalmente
no início de sua caminhada cristã. Se ele tentar desistir do RD, o discipulador
deve perseverar no an ncio do evangelho.
Jesus ainda fala sobre um segundo tipo de coração. Ele a rma: utra parte
caiu em solo pedregoso, onde não avia muita terra, e logo brotou, pois a terra não
era profunda Mas saiu o sol e a queimou e, como não tin a raiz, secou (Mt
13.5,6). E explica: E o que foi semeado no solo pedregoso, esse é o que ouve a
palavra e a recebe imediatamente com alegria mas não tem raiz em si mesmo e
dura pouco. uando vem a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, logo
tropeça (Mt 13.20,21).
Pessoas desse tipo não têm raízes em si mesmas. Elas vivem das experiências
dos outros. Elas não se aprofundam na Palavra de Deus e, consequentemente,
tomam uma decisão de curta duração. Elas não permanecem quando surge a
ang stia e a perseguição por causa da Palavra. As pessoas de coração pedregoso,
quando começam a frequentar o ambiente de igreja, tentam se ajustar cultura
cristã, não por convicção pr pria, mas sim pelo fato de quererem ser como os
outros. uando vem a provação, elas não resistem.
Comparando isso com a explicação de Jesus em Lucas 8.13: s que estão
sobre as pedras são os que, ouvindo a palavra, recebem na com alegria contudo,
eles não têm raiz e creem apenas por algum tempo e desviam se na o ra da
provação , chegamos s seguintes conclusões:
Sobre o terceiro tipo de coração, Jesus diz: utra parte caiu entre espin os,
os quais a sufocaram quando cresceram (Mt 13.7). E explica: E o que foi
semeado entre os espin os, esse é o que ouve a palavra, mas as preocupações do
mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra e ela não produz fruto (Mt
13.22).
O que nos faz frutíferos é a Palavra. Já as preocupações deste mundo
sufocam a Palavra tornando-a improdutiva. Considerando a explicação de
Jesus em Lucas 8.14: A parte que caiu entre os espin os são os que ouviram e,
seguindo seu camin o, são sufocados pelas preocupações, riquezas e prazeres desta
vida, e não dão fruto que c egue a amadurecer , concluímos que:
Essa pessoa ouve com o coração reto e bom, pois é com o coração que se
crê para a justiça (Rm 10.10)
Ela retém a Palavra de Deus, que não entra por um ouvido e sai pelo
outro. Isso porque, diferentemente de todos os outros solos, nesse a
Palavra de Deus foi compreendida
Ela dá fruto com perseverança.
Somos chamados para fruti car. Como Jesus disse: ão fostes v s que me
escol estes pelo contrário, eu vos escoli e vos designei a ir e dar fruto, e fruto que
permaneça, a m de que o Pai vos conceda tudo quanto le pedirdes em meu
nome (Jo 15.16). Discípulos são os frutos que permanecem para a vida eterna.
Muitas coisas que fazemos em nossas atividades eclesiásticas têm apenas valor
temporal, mas os discípulos que produzirmos permanecerão por toda
eternidade.
Jesus a rma que produzir frutos não somente é a forma de glori carmos a
Deus, como também caracteriza nosso pertencimento ao grupo de seus
discípulos: Meu Pai é glori cado nisto em que deis muito fruto e assim sereis
meus discípulos (Jo 15.8). A nica esperança de fruti carmos está em
permanecermos mos nele. O verbo permanecer repete-se doze vezes apenas no
capítulo 15 de João, demonstrando a ênfase de Jesus sobre a necessidade de o
discípulo continuar ligado a Ele para fruti car.
A missão do discipulador é desa ar o seu discípulo a crescer a cada dia em
intimidade com Jesus. Permanecer em Jesus é ter intimidade com Ele, e isso
acontece por meio da oração, da devocionalidade, da adoração, da busca. A
Palavra do Senhor a rma: s me buscareis e me encontrareis, quando me
buscardes de todo o coração (Jr 29.13). Portanto, tome as seguintes ações para
estimular o seu discípulo a permanecer ligado Videira:
Barreiras à Multiplicação
Algumas barreiras contrárias ao ensino do evangelho surgirão por conta do
ambiente. Outras serão colocadas por n s mesmos para não falarmos de Jesus.
Seja como for, precisamos nos dispor a superar essas di culdades e fazer a
vontade de Deus na formação de novos discípulos.
No livro de Atos, encontramos algumas barreiras enfrentadas pela igreja
primitiva que também poderemos enfrentar hoje. A forma como a igreja
primitiva reagiu a essas barreiras nos mostra que o que vai fazer a diferença na
proclamação do evangelho não é o tipo da resistência que venhamos a encarar,
mas sim a postura que n s, discípulos, venhamos a assumir. Vamos listar
algumas barreiras que a igreja primitiva enfrentou:
1. BARREIRA NA COMUNICAÇÃO
di culdades de assimilação
di culdades na leitura da Palavra
falta de tempo
impedimento, por parentes, de nos ouvirem
di culdades de orar
traumas a serem superados
di culdades em perdoar
abusos e feridas do passado
resistência igreja
luto
famílias desestruturadas.
Precisamos crer que Deus tem o poder para nos ajudar a superar todos esses
desa os e transformá-los em oportunidades para a proclamação do evangelho.
Nossa atitude deve ser a de buscar o Senhor em oração para que Ele faça o que
n s não podemos fazer. Em Atos 2, a igreja foi passiva diante do agir de Deus e
proclamou o evangelho. N s devemos agir da mesma forma.
3. BARREIRA DA PERSEGUIÇÃO
A perseguição não parou por aí. Mas todo esse momento difícil, em que
cada discípulo teve que abandonar a pr pria casa, não foi su ciente para que a
igreja deixasse de cumprir a sua missão. Pelo contrário, quanto mais a igreja era
perseguida, mais os discípulos testemunhavam de Jesus Cristo, pois,
certamente, em meio s tribulações, desfrutavam do consolo e encorajamento
que o Espírito Santo lhes dava. importante também notar que a primeira
igreja que surgiu entre os gentios foi fruto da perseguição. Em Atos 11.19 a 21,
lemos:
E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até
Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. E havia
entre eles alguns homens chíprios e cirenenses, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos,
anunciando o Senhor Jesus. E a mão do Senhor era com eles e grande n mero creu e se converteu ao
Senhor.
O fato de a igreja primitiva ter sido dispersa por ensinar o evangelho não
quer dizer que n s seremos dispersos também. Todavia, sabemos que sempre
que a igreja se posiciona como agente proclamadora do evangelho, ela
contradiz os padrões deste mundo e promove algum tipo de perseguição. O
ap stolo Paulo, escrevendo ao seu discípulo Tim teo, a rma: ra, todos
quantos querem viver piedosamente em Cristo esus serão perseguidos (2Tm
3.12).
A igreja primitiva foi perseguida, porém a sua postura em meio a
perseguição foi de continuar anunciando o evangelho de Jesus Cristo onde
quer que estivesse. Não importa o tipo de perseguição que venhamos a sofrer
por viver piedosamente em Cristo. O que vai fazer a diferença é se vamos, ou
não, assumir a atitude de discípulos, e continuar a cumprir a nossa missão de
proclamar o evangelho.
Enquanto escrevo este livro, duas notícias divulgadas em âmbito nacional
me preocupam. A primeira é quanto ao avanço do islamismo no Brasil. O
ministério de apoio s igrejas perseguidas Portas Abertas estima que de 1,5 a 2
milhões de muçulmanos já residem em nossa nação. A outra notícia é a
abertura das fronteiras do Brasil para a vinda de habitantes de países de maioria
árabe, sem necessidade de consulta a obtenção do visto para moradia. Segundo
Portas Abertas , a agência das Nações nidas para Refugiados registrou a
chegada de 1.524 refugiados sírios muçulmanos no Brasil de janeiro a outubro
de 2010. Minha preocupação vem do fato de que a maior parte dos cristãos
que sofre perseguição está em países de maioria islâmica.
Essas notícias me deixaram muito alarmado, mas o Senhor usou a minha
esposa para corrigir minha visão em relação a essa realidade. Enquanto eu
estava preocupado com o futuro de nossa segurança no Brasil, Milainy me
alertou que essas pessoas, que viviam em países fechados para o evangelho,
terão mais chance de ouvir pela primeira vez o evangelho de Jesus aqui. Ou
seja, isso será uma grande oportunidade para a expansão do reino de Deus em
nossa terra. Não importa se venhamos a sofrer, ou não, perseguição, o
importante será a postura que assumiremos ante esse novo cenário.
4. MÁ COMPREENSÃO DA MISSÃO
Aplicações Práticas
1. Se o seu discípulo estiver no nível Chamar , sua ação primordial é
apresentar-lhe o plano de salvação. Você pode utilizar o material de
discipulado disponibilizado na livraria de Missões Nacionais,
especialmente a Série Relacionamento Discipulador, volumes 1, 2 e 3.
2. Se o seu discípulo estiver no nível Aperfeiçoar , busque conduzi-lo ao
crescimento espiritual e multiplicação de novos discípulos.
3. Identi que as barreiras que impedem o seu discípulo de proclamar o
evangelho e gerar novos discípulos, e ajude-o a superá-las.
SOLICITAR CONTAS:
Em Busca do Aperfeiçoamento dos
Discípulos
“...tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério
e para a edi cação do corpo de Cristo.” Efésios 4.12
Apesar de toda essa intimidade com Deus, quando Davi cometeu adultério
com Bate-Seba e articulou o assassinato de rias (2Sm 11.1-27), foi necessário
que o profeta Natã fosse até ele e, por meio de uma parábola, zesse ele cair em
si e reconhecer o seu pecado (2Sm 12.1-15). Assim como Davi, n s precisamos
de um discipulador que nos solicite contas, não s para momentos em que
cometermos erros, mas principalmente para evitarmos possíveis quedas.
A grande verdade é que n s mesmos não temos a capacidade de fazer uma
autoavaliação tão apropriada como a avaliação feita por um amigo ou
discipulador. De tempos em tempos, precisamos averiguar como temos
progredido em cada área de nossa vida. O discipulador representa a gura de
alguém que intercede e se preocupa com o crescimento espiritual do discípulo,
tornando- se a pessoa ideal para a aplicação desse princípio. enny Luc diz
que ão temos o treinamento, a objetividade ou a perspectiva para ver os fatos em
relação a n s mesmos, tanto no mbito espiritual como no relacional. Todos n s
temos pontos cegos que apenas alguém do lado de fora está em condições de
destacar .[27] Portanto, precisamos desenvolver esse elemento do RD a m de
conduzirmos os discípulos maturidade cristã.
erdade Espiritual: Minha atitude deve ser a mesma de Cristo Jesus. Ele
não levou em consideração o ser igual a Deus. Antes, esvaziou-se a si
mesmo. Enquanto não me esvaziar de mim mesmo eu não agirei como
Cristo, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um s espírito e
uma s atitude (2.2-7).
erdade Espiritual:
Mandamento Ordem: