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R.

José Higino, 416 - Prédio 18


Tijuca - Rio de Janeiro - RJ
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Caixa Postal 18976
CEP 20775971

JUNTA DE MISSÕES NACIONAIS


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Gerência Executiva de Evangelismo • Fabrício Freitas
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Gerência Executiva de Mobilização • Milton Monte
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Assistente de Produção Editorial • Letícia Burity Guimarães
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Assistente de Produção Grá ca • Thaís Velasco
Revisão • Adalberto Alves de Sousa
Capa, Projeto Grá co e Diagramação • Oliver Arte Lucas

Copyright © 2017 da Junta de Missões Nacionais da CBB. Todos os direitos reservados. Proibida a
reprodução por qualquer meio, salvo em breves citações, com indicação da fonte.

ISBN: 978-85-66207-11-8

Todas as citações bíblicas foram retiradas da versão Almeida Século 21, salvo quando identi cada outra
versão.

Arantes, Roosevelt
Aprofundando raízes : dinâmica e elementos do relacionamento discipulador / Roosevelt
Arantes.- Rio de Janeiro: JMN, 2016.
132 p.
1. Discipulado. 2. Vida cristã. 3. Evangelismo ---- Igreja. I.Junta de Missões Nacionais. II. Título.
CDD 248
Índice para catálogo sistemático:
1. Evangelismo: Igreja : 253.7

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Agradecimentos
uero agradecer a Deus em primeiro lugar, que me deu o privilégio de amar
o Brasil e ser bênção para minha nação escrevendo este livro. Se não fosse o
Senhor, nada do que está escrito aqui poderia ser registrado. Mas Ele permitiu
que experimentássemos a vida discipular em nossa igreja e o resultado está na
elaboração deste livro.
Agradeço a minha esposa, Milainy Magalhães Arantes, que tem sido
companheira de ministério, amiga e uma das maiores motivadoras no processo
de elaboração deste livro. Agradeço por todos os momentos em que ela abriu
mão de minha presença para que eu me dedicasse a escrever as páginas que
seguem. Agradeço por cada vez em que me ouviu lendo os manuscritos e por
cada ajuda dada, corrigindo, dando ideias e estimulando-me para que
continuasse escrevendo mesmo em momentos difíceis.
A minha lha, Alice, que foi instrumento de Deus para me despertar na
madrugada em que tive a inspiração para escrever o primeiro capítulo deste
livro.
Agradeço a minha família como um todo, mãe, irmãos, sogros, cunhados e
sobrinhos, que estiveram presentes e me motivaram a escrever este livro,
principalmente minha cunhada Dulce Mesquita Alves, que me ajudou com a
correção.
Ao meu pastor e discipulador Nilson dos Santos, que tem sido meu grande
referencial de vida e ministério. Ele foi o primeiro a me conduzir ao livro
Multiplicando Discípulos. E, desde a minha adolescência, fez-me investir a vida
na multiplicação de discípulos.
Agradeço Igreja Batista da Aliança, que tem me abençoado e acreditado
que vale a pena vivenciarmos os princípios Bíblicos da Igreja Multiplicadora,
por cada oração que foi feita em meu favor e pela compreensão de minha
dedicação a este livro.
Agradeço ao meu PGM (Teen Garotos), que semanalmente orava por mim
e perguntava-me como estava a escrita do livro. Dessa forma, cada adolescente
estava demonstrando zelo e me motivando a avançar.
Sou grato ao pastor Diogo Carvalho, que me desa ou a escrever sobre este
assunto. Além disso, auxiliou-me na elaboração do conte do e por meio de
suas orações.
uero agradecer também ao pastor Fabrício Freitas, que acreditou em mim
para elaboração de um livro tão especial sobre Relacionamento Discipulador.
Sua vida e suas palavras me motivaram a terminar este livro, acreditando que
vale a pena cuidar de pessoas. Obrigado por cada ligação que o irmão fez
perguntando apenas como eu e minha família estávamos. Essas ligações
inspiravam-me a prosseguir.
A toda a equipe de Missões Nacionais, que tem dado o suporte para que,
como missionários dos batistas brasileiros, minha esposa, nossa lha e eu
possamos desempenhar nossa missão no campo de forma bem-sucedida.
Em Cristo, a nica Esperança,
Roosevelt Arantes
Sumário
Capa
Agradecimentos
Apresentação
Palavras iniciais do autor
Introdução
CAPÍTULO 1 - O Perfil de um Discipulador
Condições para Ser Discípulo
Características do Discipulador
Aplicações Práticas
CAPÍTULO 2 - RELACIONAR-SE: Implementando uma Rede de Cuidado
Ajustando Nossa Agenda
A Agenda de Jesus
As Dimensões do Relacionamento Discipulador
Criando uma Rede de Cuidado por Meio dos Relacionamentos
Aplicações Práticas
CAPÍTULO 3 - ACOLHER: Trazendo a Responsabilidade para Si
Princípios do Acolhimento em Jesus
Princípios de Acolhimento na Igreja Primitiva
Aplicações Práticas
CAPÍTULO 4 - INTERCEDER: Do Ensino à Prática
Moldando um Intercessor
A Oração é Ensinável
O Ministério de Oração Visível de Jesus
O Ministério de Oração Visível no Antigo Testamento
O Ministério de Oração Visível na Vida do Apóstolo Paulo
Orando pelos Nossos Discípulos
Aplicações Práticas
CAPÍTULO 5 - ZELAR PELA PESSOA: Doando Nossa Vida em Favor
dos Outros
O Zelo como Amor Sacrificial
Exemplos de Zelo em Jesus
O Zelo na Prática do Cuidado Individual
Aplicações Práticas
CAPÍTULO 6 - ENSINAR O ENVANGELHO: A Importância de um
Discipulador
Uma Mudança Necessária
A Importância de um Discipulador
Obediência sem Contestação e Incondicional
O Discipulador Deve Ter Proximidade
O Discipulador Precisa se Esforçar
O Discípulo Precisa Estar Disposto a Aprender
Aplicações Práticas
CAPÍTULO 7 - ENSINAR O EVANGELHO: Conduzindo Discípulos à
Multiplicação
É Preciso Nascer de Novo para Multiplicar Discípulos
Enxergando pela Ótica do Reino de Deus
É Preciso Preparar o Coração para Multiplicar Discípulos
É Preciso Intimidade com Cristo para Multiplicar Discípulos
Barreiras à Multiplicação
Aplicações Práticas
CAPÍTULO 8 - SOLICITAR CONTAS: Em Busca do Aperfeiçoamento dos
Discípulos
O Objetivo da Solicitação de Contas
A Solicitação de Contas em Nossa História
A Importância da Solicitação de Contas
O Papel do Discipulador na Solicitação de Contas
Princípios Essenciais da Solicitação de Contas
Aplicações Práticas
Conclusão
Apêndice 1: Sugestão de Roteiro para Encontro Discipular
Apêndice 2: Exemplo de Atividade Devocional
Referências Bibliográficas
Apresentação
O Relacionamento Discipulador é o ponto-chave no processo de
multiplicação de discípulos. Cada servo do Senhor Jesus, vivendo
intencionalmente o objetivo de fazer discípulos, é um dos principais desa os da
igreja em nossa geração. Discipulado como estilo de vida cristã é a proposta do
Senhor para todos n s, seus discípulos. Entretanto, uma das maiores
di culdades enfrentadas pelos crentes dos nossos dias é a falta de foco,
capacitação e exemplos dos líderes na prática do discipulado. O
Relacionamento Discipulador precisa permear todas as esferas da igreja:
ministérios, projetos, departamentos, escola bíblica, etc. Toda a igreja deve
priorizar o Relacionamento Discipulador como uma prática natural no dia a
dia do cristão.
O livro do pastor Roosevelt Arantes é preciosíssimo, pois oferece um roteiro
de forma muito simples, objetiva e compreensível para você começar a viver o
Relacionamento Discipulador com seus amigos, colegas de trabalho e
familiares, visando fazer discípulos que se multipliquem, sirvam, obedeçam e
glori quem o nome do Rei dos reis. Leia com bastante atenção e coloque em
prática os seus ensinos. Não tenho d vida de que este livro será uma bênção
para sua vida e ministério e para igrejas em todo o Brasil.
O autor é um jovem missionário que, ap s concluir o seminário, foi direto
trabalhar na plantação de igrejas. Louvo a Deus pela vida deste servo do
Senhor, sua dedicação e exemplo como missionário dos batistas brasileiros.
Estou muito feliz em saber que temos missionários no quadro de Missões
Nacionais produzindo materiais de alto nível para abençoar a expansão do
reino de Deus aqui na terra. O que ele escreve neste livro é fruto,
principalmente, daquilo que ele tem vivido com a sua igreja.
um livro indispensável para quem sabe que uma alma vale mais que o
mundo inteiro.
Vamos avançar na multiplicação de discípulos
Permita que o Espírito Santo use a sua vida para cumprir o objetivo da
Grande Comissão.
ernando randão
Pastor, Diretor Executivo da unta de Missões acionais
Palavras iniciais do autor
“Segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei
envergonhado; antes, com toda a ousadia, como sempre, também agora,
será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte.”
Filipenses 1.20

As palavras deste livro foram escritas em completa submissão e dependência


de Jesus Cristo. Por mim mesmo, não teria a mínima condição de registrar
qualquer verdade bíblica apresentada. Porém, pela in nita graça, o Senhor
permitiu que, nos ltimos três anos, eu experimentasse a aplicação dos
princípios da Igreja Multiplicadora na Igreja Batista da Aliança em Resende-
RJ. Posso dizer que a igreja que pastoreio tem proclamado diariamente a
mensagem de Jesus Cristo, pois todos os dias alguém está promovendo a
Evangelização Discipuladora.
Chegar aqui não foi fácil. A implementação de uma rede discipular exigiu
paciência e perseverança. Investi intencionalmente na vida de uns poucos, sem
deixar, é claro, o pastoreio da igreja como um todo. Mas, baseado no
ministério de Jesus, comecei discipulando três casais por meio do ensino e do
cuidado. Algumas vezes, escutei membros da igreja dizendo que estava
privilegiando uns mais do que outros, mas, fundamentado na Bíblia,
permaneci formando discípulos.
Hoje a igreja chegou sexta geração de discípulos e discipuladores, que estão
caminhando para a Multiplicação de mais discípulos. Alcancei, juntamente
com a igreja, no presente momento, o envolvimento de 88 irmãos no
discipulado. E a igreja, que em 2011 contava com 13 pessoas, hoje conta com
cerca de 170 membros e congregados.
Baseado nas experiências aplicadas dos princípios bíblicos da Evangelização
Discipuladora, extraí algumas verdades práticas que passo a compartilhar.
Introdução
“E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e
anunciar Jesus, o Cristo.” Atos 5.42

N s, cristãos, estamos redescobrindo o valor da prática do discipulado em


nossas igrejas. Por muito tempo, acreditamos que o discipulado estava restrito
transmissão de lições encontradas nas revistas e livros com essa temática. O
que não nos demos conta foi de que os estudos bíblicos que foram bem-
sucedidos tiveram uma simples razão: aqueles que estavam aplicando esses
estudos ultrapassaram os limites do ensino e desenvolveram também um
Relacionamento Discipulador.
Venho de uma igreja em Pernambuco onde congregavam 1.200 membros,
aproximadamente. Lembro-me muito bem de que muitos dos responsáveis
pelos novos decididos faziam questão de acompanhá-los bem de perto. Era
possível notar que aqueles que eram responsabilizados pelo Departamento de
Discipulado caminhavam juntos com seus lhos na fé nas diversas atividades
da igreja.
Esses pais na fé comprometiam-se a orar pelos seus lhos na fé , zelavam
pela vida deles, ensinavam a Palavra de Deus e estavam sempre preocupados
com o seu crescimento espiritual. Por isso, esses pais sempre perguntavam:
como está sua vida com Deus Em muitas igrejas batistas de nosso país,
vários pais e mães na fé investiram a vida por meio de Relacionamentos
Discipuladores sem saber que estavam fazendo isso.
Este livro surge como desa o de termos INTENCIONALIDADE em
praticar aquilo que de fato é o Relacionamento Discipulador. Acredito que
fazer discípulos é se relacionar com pessoas, acolhê-las no ambiente de igreja,
interceder por elas, zelar pela vida delas, ensinar-lhes o evangelho de Jesus e
acompanhar o seu desenvolvimento espiritual por meio de solicitar contas.
Olhando para a nossa nação, percebemos o grande desa o que está diante de
n s. Ao mesmo tempo, experimentamos uma das maiores oportunidades de
multiplicação de discípulos em nosso país.
Muito se tem ouvido acerca de o Brasil estar se tornando uma nação
predominantemente evangélica, mas, ao mesmo tempo em que ouvimos isso,
surge a pergunta em nosso coração: se há tantos templos evangélicos
espalhados em nossos bairros, tantas pessoas que se dizem evangélicas, então
por que temos visto tão poucas transformações de pessoas e de lugares
Se pararmos para avaliar as condições do povo brasileiro, perceberemos que
o Brasil tem se afundado na iniquidade. A violência cresce na maior parte das
cidades, as drogas têm destruído a vida de uma proporção cada vez maior da
nossa população, os índices de div rcio não param de crescer, e a corrupção
torna-se cada vez mais presente em todas as esferas da sociedade. Nossa
situação como batistas brasileiros assemelha-se experiência vivida pelo profeta
Habacuque, o qual, ao constatar a realidade ao seu redor, perguntou ao
Senhor
Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás Gritar-te-ei: Violência E não salvarás Por
que me mostras a iniquidade e me fazes ver a opressão Pois a destruição e a violência estão diante de
mim há contendas, e o litígio se suscita. Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta,
porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida (Hc 1.2-4).

O profeta Habacuque enxerga que o seu povo está cada vez mais se
afundando em iniquidade e assume a postura de se colocar como resposta a
essa situação. A resposta que o profeta deu foi se colocar diante de Deus para
obter uma visão que mudaria a situação do seu povo. Ele diz:
P r-me-ei na minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre a fortaleza e vigiarei para ver o que Deus me
dirá e que resposta eu terei minha queixa. O Senhor me respondeu e disse: Escreve a visão, grava-a
sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa correndo. Porque a visão ainda está para cumprir-se
no tempo determinado, mas se apressa para o m e não falhará se tardar, espera-o, porque,
certamente, virá, não tardará (Hc 2.1-3).
A resposta queixa de Habacuque foi uma visão. ma visão que tinha um
tempo determinado para se cumprir. ma visão que exigia do profeta
paciência para vê-la cumprida.
Como batistas brasileiros, temos orado pela salvação da nossa nação. Temos
orado durante 100 anos:
Salve Deus a min a pátria,
Min a pátria varonil
Salve Deus a min a terra,
Esta terra do rasil .
Temos expressado há anos: Ou car a tria sal a ou morrer pelo
Brasil
Está na hora de sermos resposta nossa nação. Deus tem nos dado a visão
de INTENCIONALIDADE na Multiplicação de Discípulos no Brasil. Deus
tem nos convocado a retornar aos princípios e experimentar a visão de Igreja
Multiplicadora em nossas igrejas.
Em 1970, o Brasil tinha cerca de 90 milhões de habitantes, e 4,5 milhões
diziam-se evangélicos. Nosso desa o, naquela época, era alcançar 85,5 milhões
de brasileiros. Em 2010, a população brasileira chegou a 192 milhões, dos
quais 32 milhões se diziam evangélicos. Nosso desa o em 2010 era alcançar
cerca de 160 milhões de brasileiros. No entanto, nosso desa o é ainda muito
maior, pois dentro desses que se dizem evangélicos estão contados muitos que
são apenas participantes de igreja, mas que nunca tiveram uma experiência de
salvação. Também estão contadas algumas seitas que não reconhecem Jesus
Cristo como o nico Senhor e Salvador, mas que, para o IBGE, são
consideradas evangélicas. Isso nos mostra que, se em 1970 n s estávamos
fortemente envolvidos com a evangelização de nossa nação, hoje n s
precisamos avançar ainda mais.
A Grande Comissão nos foi conferida por Jesus Cristo. Há muito que se
tem falado sobre o nosso IDE e FA EI DISCÍP LOS . Fazer discípulos não
é um pedido. Fazer discípulos não é um conselho. Fazer discípulos é uma
ordem expressa do Senhor Jesus para cada um dos seus discípulos.
Nossa grande oportunidade em meio a esse grande desa o é a
INTENCIONALIDADE no cumprimento da Grande Comissão. Não dá para
esperar que os pastores alcancem a nossa nação sozinhos. Não dá para esperar
que os missionários alcancem a nossa nação sozinhos. Não dá para esperar que
um grupo de irmãos do Departamento de Evangelismo alcance a nossa
nação. O cumprimento da Grande Comissão por parte de apenas alguns da
igreja re ete nossa desobediência ordem que foi dada para cada discípulo de
Jesus Cristo.
A ordem foi dada para os discípulos: FA EI DISCÍP LOS . E, se cada
um de n s realmente deseja ver a nossa nação rendida aos pés do Senhor,
assumirá a sua parte na Grande Comissão.
Por isso, cabe aos pastores INTENCIONALMENTE conduzir o seu
rebanho ao cumprimento da Grande Comissão. Cabe aos discipuladores
INTENCIONALMENTE produzir discípulos multiplicadores. Cabe a n s,
como igreja, termos a INTENCIONALIDADE de ganhar a nossa nação
começando pela conquista de nosso bairro, pela salvação de nossa cidade e até
os con ns da terra, fazendo discípulos, espalhando Pequenos Grupos
Multiplicadores (PGMs) e plantando igrejas multiplicadoras.
1

O Per l de um Discipulador
“[Ele] irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para reconduzir o
coração dos pais aos lhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a m de
constituir um povo preparado para o Senhor.” Lucas 1.17

Certa vez um novo discípulo meu me procurou com d vidas sobre uma
decisão que teria de tomar em uma área de sua vida. Ap s apresentar a
situação, ele me perguntou: Pastor Roosevelt, que decisão devo tomar Eu
lhe respondi com outra pergunta: O que Jesus tem te direcionado a fazer
Essa situação ilustra o ponto-chave para as d vidas que as pessoas têm
quanto ao discipulado. Muitas acham que o discipulado é uma forma de
controle, mas na verdade o discipulado é o investimento de vida na vida com o
objetivo de conduzir o discípulo a uma dependência cada vez maior do Senhor
Jesus Cristo.
Algumas pessoas se sentem mais
Jesus não nos chamou
tranquilas se dependerem das orientações
para sermos
de um discipulador para tudo, mas isso não
é discipulado. Outras pessoas se sentem dependentes nem
ofendidas pela possibilidade de ter alguém independentes. Ele nos
que as acompanhe. Preferem caminhar chamou para sermos
sozinhas. Mas essa não é a vida discipular interdependentes. Isso
para a qual Jesus nos chamou. é ser igreja.
A relação discipular não deve ser
desenvolvida na dependência do discípulo na vida do discipulador. Por outro
lado, os discípulos de Jesus também não foram chamados para viver
independentes uns dos outros. Jesus não nos chamou para sermos dependentes
nem independentes. Ele nos chamou para sermos interdependentes. Isso é ser
igreja.
Escrevendo para homens, enny Luc a rma que o omem de Deus é
planejado para viver de maneira interdependente com outro irmão Ele expressa
não s a importância de não caminharmos sozinhos, como também a
necessidade de termos alguém para quem prestar contas e, juntando os braços,
carmos mais fortes para vencermos na caminhada cristã. Esse ensinamento,
por mais que tenha sido direcionado a homens, abrange também as mulheres.
Na verdade, o princípio da interdependência é caracterizado pela mutualidade
encontrada no Novo Testamento. Fabrício Freitas diz que camin ar juntos e
viver a mutualidade cristã é o que esus espera de n s como discipuladores. Essa
mutualidade é a prática do uns aos outros
Ao longo do Novo Testamento, encontramos diversos textos que
apresentam a interdependência que Jesus deseja que vivamos:
Amai vos uns aos outros (Jo 13.34,35, 15.12,17 Rm 12.10, 13.8 1Ts
3.12, 4.9 2 Ts 1.3 1 Pe 1.22, 4.8 1J o 3.11,23, 4.7,11,12 2Jo 1.5)

ão nos julguemos mais uns aos outros (Rm 14.13)


Acol ei vos uns aos outros (Rm 15.7)
nstruir vos uns aos outros (Rm 15.14)
Cumprimentai vos uns aos outros (Rm 16.16 1Co 16.20 2Co 13.12
1pe 5.14)
Suportando vos uns aos outros em amor (Ef 4.2 C l 3.13)
Sede bondosos e tende compaixão uns para com os outros (ef 4.32)
Perdoando uns aos outros, sujeitando vos uns aos outros (ef 5.21)
Ensinai e aconsel ai uns aos outros (Cl 3.16)
Consolai vos uns aos outros (1ts 4.18)
Exortai uns aos outros todos os dias (hb 3.13)
Estimular uns aos outros ao amor (hb 10.24)
Animemo nos uns aos outros (hb 10.25)
Confessai vossos pecados uns aos outros (tg 5.16)
Servi uns aos outros (1pe 4.10)
Segui sempre o bem uns para com os outros (1ts 5.15)
Sede ospitaleiros uns para com os outros (1pe 4.9)
Tende todos uma disposição umilde uns para com os outros (1pe 5.5).

A interdependência que Jesus espera que sua igreja viva não é algo para ser
desenvolvido apenas pelo pastor, ou pela liderança da igreja. Jesus espera que
essa mutualidade seja praticada por todos os seus discípulos. Mas, para isso,
precisamos relembrar quais as condições para sermos considerados discípulos
de Jesus.

Condições para Ser Discípulo


As condições para alguém tornar-se discipulador surgem do fato de que
somente discípulos podem gerar discípulos. Se olharmos para os ensinos de
Jesus, perceberemos seis condições para alguém ser discípulo:

1. SER DISCÍPULO EXIGE A CENTRALIDADE EM JESUS

Se alguém vier a mim, e amar pai e mãe, mule r e lo s, irmãos e irmãs, e até
a pr pria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo (Lc 14.26) . O
que Jesus espera do discípulo é que Ele esteja em primeiro lugar. Não existe
meio termo. O pr prio Cristo a rmou que: inguém pode servir a dois
sen ores p orque ou odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará
o outro. ão podeis servir a Deus e s riquezas (Mt 6.24). Ou Jesus está em
primeiro lugar na vida do discípulo e o seu Reino é a prioridade, ou o
indivíduo está desabilitado para ser discípulo. Somente quem, de fato, ama
Jesus em primeiro lugar terá a possibilidade de amar a si e aos seus
verdadeiramente e se tornar discípulo de Cristo Jesus.
2. SER DISCÍPULO EXIGE MORTE DE SI MESMO

uem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo (Lc
14.27). uando Jesus fala de cruz está falando da morte de si mesmo. Em
Lucas 9.23 e 24 lemos: esus dizia a todos Se alguém quiser vir ap s mim, negue
a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga me. Pois quem quiser preservar a sua
vida, este a perderá mas quem perder a vida por amor de mim, este a preservará.
A morte de si mesmo é a entrega absoluta de nossa vida a Cristo. Jesus torna-se
o Senhor do discípulo e, então, já não existem escolhas pessoais, pois a
prioridade passa a ser a obediência em submissão a Cristo.
O ap stolo Paulo descreveu bem essa morte de si mesmo ao declarar: Pois,
pela lei, eu morri para a lei, a m de viver para Deus. á estou cruci cado com
Cristo. Portanto, não sou mais eu quem vive, mas é Cristo quem vive em mim. E
essa vida que vivo agora no corpo, vivo pela fé no ilo de Deus, que me amou e se
entregou por mim (Gl 2.19,20). Enquanto não houver morte de si mesmo, o
indivíduo não estará habilitado para ser discípulo. A morte de si mesmo é a
morte para as nossas vontades para que a vontade de Deus prevaleça em nossa
vida, e assim nos tornemos seus discípulos.

3. SER DISCÍPULO EXIGE RENÚNCIA

Assim, todo aquele dentre v s que não renuncia a tudo quanto possui não pode
ser meu discípulo (Lc 14.33). Seguir Jesus signi ca deixar algo para trás.
Enquanto não nos encontrarmos com Cristo, as coisas do Reino di cilmente
serão nossa prioridade. Para nos tornarmos discípulos de Cristo precisaremos
abrir mão de toda a bagagem acumulada de coisas que não condizem com os
valores do Reino. Jesus ordena deixar tudo, e isso signi ca que nada mais deve
nos impedir de segui-lo.
O discípulo é aquele que reconhece que
Seguir Jesus signi ca
Jesus é o que ele possui de mais valioso
deixar algo para trás.
para sua vida e, por isso, renuncia o valor
de todas as outras coisas para si. Ele considera que tudo o que possui é por
graça de Deus, e coloca suas posses em favor do Reino. O ap stolo Paulo
testemunhou acerca dessa experiência em Filipenses 3.7 e 8:
Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por amor de Cristo. Sim, de fato também
considero todas as coisas como perda, comparadas com a superioridade do conhecimento de Cristo
Jesus, meu Senhor, pelo qual perdi todas essas coisas. Eu as considero como esterco, para que possa
ganhar Cristo.

A pessoa que não abre mão do que possui para considerar Cristo como seu
maior tesouro não é digna de ser discípula de Cristo. O discípulo é aquele que
renuncia tudo o que tem para seguir Jesus incondicionalmente.

4. SER DISCÍPULO EXIGE PERMANÊNCIA NA PALAVRA DE DEUS

esus dizia aos judeus que aviam crido nele Se permanecerdes na mina
palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos (Jo 8.31). A intimidade com a
Palavra de Deus nos torna discípulos de Cristo. a prática da palavra de Jesus
que nos faz semelhantes a Ele e habilitados para sermos contados entre os seus
discípulos. Não é o fato de ser membro de uma igreja que dá a alguém o
direito de ser chamado discípulo. Permanecer na palavra de Jesus é praticá-la
diariamente. Isso exige conhecimento da Palavra e dedicação para colocá-la em
prática.

5. SER DISCÍPULO EXIGE AMOR INCONDICIONAL

isto todos saberão que sois meus


Não é o fato de ser
discípulos, se vos amardes uns aos outros (Jo
membro de uma igreja
13.35). Porque Cristo nos amou Ele espera
de n s que amemos uns aos outros. Não que dá a alguém o
com o amor interesseiro oferecido queles direito de ser chamado
que têm como nos recompensar, mas com discípulo.
o amor cristão, oferecido queles de quem
não ganharemos nada em troca, queles que nos aborrecem (Mt 5.43-48). O
amor que Jesus espera que tenhamos pelos outros é fruto do seu novo
mandamento: Eu vos dou um novo mandamento que vos ameis uns aos outros
assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros (Jo 13.34). Não é
para amarmos com nosso amor. Não é para amarmos ao nosso gosto. para
amarmos como Ele nos amou. Isso nos leva a outra dimensão de amor: um
amor sacri cial como o de Cristo, um amor experimentado somente por
aqueles que são discípulos.

6. SER DISCÍPULO EXIGE UMA UNIÃO FRUTÍFERA COM CRISTO

Meu Pai é glori cado nisto em que deis


Somente quem busca a
muito fruto e assim sereis meus discípulos
Deus em oração, em
(Jo 15.8). Aquele que permanece em Cristo
naturalmente fruti ca. nossa união leitura e aplicação da
frutífera em Cristo que nos autoriza a Palavra terá nutrientes
sermos chamados de discípulos. su cientes para
impressionante o grande n mero de produzir frutos.
pessoas que frequentam semanalmente os
templos de nossas igrejas, mas que não produzem discípulos. O fato é que não
basta frequentar os cultos. preciso buscar incessantemente a nutrição que a
intimidade com Jesus produz. Essa intimidade é fruto de uma devocionalidade
comprometida. Somente quem busca a Deus em oração, em leitura e aplicação
da Palavra terá nutrientes su cientes para produzir frutos. nesse sentido que
Moore a rma que os discípulos de Cristo são as pessoas que produzem fruto que
resulta de se permanecer em união com ele .[1]
Além das condições declaradas por Jesus para que alguém se torne seu
discípulo, encontramos na vida de João Batista características esperadas de um
discipulador.

Características do Discipulador
Dentro da descrição da missão que foi anunciada a respeito de João Batista,
Lucas destaca: Ele irá adiante do Sen or no espírito e poder de Elias, para
reconduzir o coração dos pais aos lo s, e os rebeldes prudência dos justos, a m
de constituir um povo preparado para o Sen or (Lc 1.17). A missão de João
Batista era preparar um povo para o Senhor Jesus Cristo. Essa é a grande
missão do discipulador. Ele prepara o caminho do Senhor.
O discipulador é o instrumento de Deus para preparar o coração dos
discípulos para receber Jesus como Senhor, conduzi-los a Cristo, prepará-los
para o exercício da missão e aperfeiçoá-los para a eternidade. João Batista fez
isso com a sua mensagem, que prenunciava a vinda do Messias (Jo 1.15-31).
Filipe fez assim ao explicar o texto que estava sendo lido pelo etíope eunuco
(At 8.26-40). Barnabé cumpriu essa missão ao tomar Paulo para si, levando-o
igreja de Antioquia (At 9.26-30, 11.19-26). Paulo também conduziu seus
discípulos ao ministério e os desa ou a reproduzirem sua missão (2Tm 2.2).
No primeiro capítulo do Evangelho de João, encontramos a experiência de
João Batista como discipulador. O relato acerca dele começa com seu
testemunho sobre Jesus e termina com dois de seus discípulos deixando-o para
seguir Jesus. Essa narrativa nos mostra o resumo da missão do discipulador:
apresentar Jesus aos discípulos e fazer deles seus seguidores. O texto de João
nos mostra quatro blocos de testemunho antes de os discípulos passarem a
seguir Jesus. Baseando-nos na experiência de vida de João Batista, encontramos
algumas características do discipulador.

1. O DISCIPULADOR APRESENTA JESUS AOS SEUS DISCÍPULOS

O primeiro bloco de testemunho de João Batista (Jo 1.15-18) nos mostra


que a missão do discipulador é apresentar Jesus aos seus discípulos. João Batista
estava preparando-os para a vinda do Messias. O conte do de todo discipulado
deve ser Jesus Cristo. Por isso, o discipulador precisa conhecê-lo intimamente a
m de ter o que transmitir.
Em seu primeiro testemunho, João Batista a rmou:

Jesus tem a primazia oão testemun ou a respeito dele, exclamando


sobre este que eu falei Aquele que vem depois de mim está acima de mim,
pois já existia antes de mim (Jo 1.15)
Jesus nos concede sua plenitude e graça Pois todos recebemos da sua
plenitude, graça sobre graça (Jo 1.16)
Jesus nos trouxe a graça e a verdade Porque a lei foi dada por meio de
Moisés a graça e a verdade vieram por meio de esus Cristo (Jo 1.17)
Jesus é a revelação de Deus inguém jamais viu a Deus. Deus
unigênito, que está ao lado do Pai, foi quem o revelou (Jo 1.18).

As declarações de João Batista revelam que sua intencionalidade era tornar


Cristo conhecido de seus discípulos. claro que muitos assuntos surgirão em
nossos Relacionamentos Discipuladores. Mas o discipulador precisa ter em
mente que seu grande objetivo é fazer Cristo cada vez mais conhecido por seus
discípulos.

2. O DISCIPULADOR TEM CONSCIÊNCIA DE SUA MISSÃO

No momento em que o ministério de


É Jesus quem
João Batista estava se expandindo, pessoas
transforma as pessoas e
estavam se juntando a ele, sendo batizadas
e seguindo-o. Alguns sacerdotes e levitas é dele que o discípulo
foram perguntar quem era ele. Suas precisa depender.
respostas demonstram que tinha
consciência de sua missão. Muitas vezes o discipulador pode cair no erro de
achar que está mudando a vida das pessoas. Pode começar a acreditar que o
discípulo depende dele. Mas nada disso é verdade. Jesus quem transforma as
pessoas e é dele que o discípulo precisa depender. O discipulador é apenas o
instrumento nas mãos de Jesus e é simplesmente aquele que motiva o discípulo
a depender de Cristo.
O segundo bloco do testemunho de João Batista nos ensina sobre a missão
do discipulador:

Eu não sou o Cristo. (Jo 1.20) João Batista tinha consciência de que
ele não era o Cristo. O discipulador precisa ter segurança dessa verdade
para não cometer alguns erros, tais como se ensoberbecer e pensar ser
mais do que é, ou até mesmo acreditar que pode fazer o que s Jesus
pode e, dessa forma, frustrar-se por não conseguir fazer o que s Jesus
pode fazer.
s Elias Ele respondeu ão sou. Tu és o profeta Ele respondeu ão.
(Jo 1.21) Por mais que João Batista agisse como um profeta e foi
considerado por Jesus como tal (Mt 11.9) , ele não buscava o
reconhecimento do título de profeta. Ele simplesmente cumpria sua
missão. O discipulador não precisa do título para cuidar de pessoas. A
titulação é o que menos importa para aqueles que são discípulos de
Jesus. A motivação do discipulador não é obter o reconhecimento da
quantidade de discípulos que ele tem, mas sim a submissão em cumprir
a ordem de Jesus Cristo: fazer discípulos.
Eu sou a voz do que clama no deserto Endireitai o camino do Seno r.
(Jo 1.23) João Batista estava satisfeito em conduzir pessoas a Cristo.
Ele não tinha d vidas achando que ele era além do que servo do
Senhor. Assim como Paulo, que a rmou: Meus l os, por quem sofro de
novo dores de parto, até que Cristo seja formado em v s (Gl 4.19), nossa
missão é formar Cristo na vida do discípulo. O discipulador trabalha no
aperfeiçoamento do discípulo para torná-lo cada vez mais semelhante a
Jesus.
Eu batizo com água no meio de v s está alguém a quem não con eceis
aquele que vem depois de mim, de quem não sou digno de desamarrar as
correias das sandálias. (Jo 1.26,27) João Batista tinha consciência de
que servia a alguém muito maior do que ele. O discipulador precisa
reconhecer que serve ao Jesus que é digno de toda a nossa submissão.
Ele precisa saber que, mesmo que faça todo o seu trabalho, deve
considerar-se in til por ter feito apenas o que lhe foi ordenado (como
no exemplo de Jesus em Lucas 17.1 a 10). João Batista sabia que seu
ministério se restringia esfera humana e natural, pois ele destacou que
seu batismo era nas águas. Em Mateus 3.11 ele diferencia seu batismo
nas águas daquilo que Jesus iria fazer quando viesse: Eu, na verdade, vos
batizo com água, tendo por base o arrependimento mas aquele que vem
depois de mim é mais poderoso do que eu não sou digno nem de carregar
suas sandálias ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo . O
discipulador precisa ter consciência de sua limitação humana e da
necessidade do agir de Jesus, pois s Ele pode selar o discípulo com o
Espírito Santo. A missão do discipulador é imergir o discípulo na pessoa
de Jesus Cristo, por meio do batismo, por meio do discipulado, mas
quem vai garantir a certeza da salvação não é o discipulador, e sim o
Espírito Santo, que s Jesus pode nos dar (Rm 8.16).

3. O DISCIPULADOR APONTA PARA JESUS

O terceiro bloco de testemunho de João


O exemplo de vida do
Batista nos ensina o objetivo do trabalho
discipulador é
do discipulador: apontar Jesus Cristo para
o discípulo a ponto de este desejar segui-lo. fundamental na
O exemplo de vida do discipulador é transmissão dos ensinos
fundamental na transmissão dos ensinos bíblicos, mas nunca será
bíblicos, mas nunca será o argumento nal o argumento nal do
do ensino discipular. A função do ensino discipular.
discipulador é, tanto no ensino como no
testemunho, fazer com que o discípulo deseje aproximar-se mais e mais de
Jesus Cristo, pois Ele, e não o discipulador, é o modelo a ser imitado. João
Batista testemunhava de Jesus, apontava para Ele e sua mensagem era Ele.
Em seu testemunho João Batista disse:

Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. (Jo 1.29) João
Batista mostra Jesus como aquele que morreu para nos salvar dos
pecados. Apontar para Jesus como o Cordeiro de Deus signi ca mostrar
Jesus como o Salvador do discípulo. em Jesus que o discípulo precisa
colocar sua esperança de salvação.
sobre este que eu falei Depois de mim vem um o mem que está acima
de mim, porque ele já existia antes de mim. (Jo 1.30) uando João
Batista falou de um homem que viria depois dele, estava dizendo aos
seus discípulos que não era para eles se satisfazerem em segui-lo, mas
sim que seguissem esse homem que viria. João Batista assume a postura
de direcionar seus discípulos para Jesus, mostrando que a razão do
discipulado é Jesus. João Batista s existe porque Jesus já existia. O
discipulado s existe porque é para Jesus que devemos conduzir os
discípulos.
Eu não o con ecia mas, para que ele fosse manifestado a srael, vim
batizando com água. (Jo 1.31) A missão de João Batista em batizar
pessoas nas águas era para preparar o caminho para Jesus se manifestar.
O discipulador faz exatamente isso. Todo esforço do discipulador é para
que Cristo se manifeste ao coração dos discípulos. O discipulador
aponta para Jesus por meio de suas palavras, atitudes e enquanto se
aplica em seu ministério.

4. O DISCIPULADOR É ALGUÉM QUE TEM EXPERIÊNCIA COM DEUS

No quarto bloco de testemunho de João Batista, percebemos que ele teve


uma experiência real com Deus. Ele não estava testemunhando daquilo que
outros experimentaram, mas sim das suas pr prias experiências. Ele a rma:

i o Espírito descer do céu como pomba e permanecer sobre ele . (Jo 1.32)
João Batista testemunha daquilo que viu. Nenhum discipulador
conseguirá conduzir um discípulo a uma intimidade com Deus além
daquela que ele, discipulador, já experimentou. O discipulador precisa
ser alguém que também não se conforme com uma vida espiritual
estagnada. Ele deseja cada dia aprofundar-se mais no conhecimento de
Deus. O discipulador é alguém que busca conhecer mais o Senhor pela
Palavra. alguém que tem intimidade com Deus por meio da oração.
alguém que tem experiência com Deus.
Eu não o con ecia mas aquele que me enviou para batizar com água
disse me Aquele sobre quem vires descer e permanecer o Espírito, este é o
que batiza com o Espírito Santo. (Jo 1.33) O discipulador é sensível
voz de Deus e obediente. Ele está atento ao direcionamento de Deus e
não brinca com as coisas espirituais. Se Deus fala, o discipulador
obedece.
Eu mesmo vi e já vos dei testemun o de que este é o ilo de Deus. (Jo
1.34) O discipulador é alguém que tem a visão de Deus, a visão
espiritual, pois tem o Espírito Santo em sua vida. Ele não olha as coisas
pela tica carnal, mas sim pela espiritual.>

Ser um discipulador exige de n s


Nenhum discipulador
algumas marcas incontestáveis de que
conseguirá conduzir um
somos discípulos do Mestre Jesus. Não dá
para esperar que alguém que não siga Jesus discípulo a uma
faça seguidores para Ele. Somos chamados intimidade com Deus
para fazer discípulos de Cristo e a nossa além daquela que ele,
vida nele é que nos autoriza a dizermos discipulador, já
como Paulo: Sede meus imitadores, como experimentou.
também eu sou de Cristo (1Co 11.1).
Nos pr ximos capítulos, vamos explorar, um a um, os elementos do
Relacionamento Discipulador: Relacionar-se, Acolher, Interceder, elar pela
pessoa, Ensinar o evangelho e Solicitar contas. Esses elementos formam um
acr stico com a palavra RAÍ ES, que justi ca o título deste livro. O RD é um
relacionamento que precisa ser aprofundado aos poucos, gerando um
crescimento saudável do discípulo para a fruti cação e a multiplicação. Depois
de memorizar os elementos do acr stico, convido você para re etir sobre
algumas questões de aplicação prática.
Aplicações Práticas
1. Colo ue Jesus em primeiro lugar em sua ida Ajuste sua agenda de
forma que Jesus tenha prioridade.
2. E ercite diariamente a sua pr pria morte Jesus ensinou que o
discípulo dia a dia deveria tomar a sua cruz e segui-lo. Diariamente, ore
pedindo que a vontade de Deus prevaleça em sua vida.
3. A alie constantemente os seus alores Observe se não há alguma
coisa que esteja impedindo você de fazer a vontade de Deus. Em oração,
peça ao Senhor que lhe mostre aquilo que você precisa renunciar.
4. Fa a de cada encontro discipular um encontro com Jesus Não
importa se seu discípulo está sendo evangelizado ou se já é salvo e
batizado. Faça com que cada encontro discipular seja uma oportunidade
de encontro com Jesus. Peça a Deus as palavras certas para compartilhar
algo novo acerca de Cristo Jesus para o seu discípulo.
5. Re orce a consci ncia de sua miss o O discipulador precisa estudar
a Palavra de Deus constantemente para reforçar em sua mente qual o
seu papel no RD e qual o papel de Jesus Cristo. importante que
aquele que deseja discipular também seja discipulado.
6. Cumpra sua miss o Não fomos chamados para termos imitadores
nossos. Nossa missão é fazer discípulos de Jesus. ue suas atitudes, suas
palavras e seus ensinos façam com que as pessoas almejem cada vez mais
serem semelhantes a Jesus.
7. N o negligencie sua ida espiritual O discipulador é aquele que tem
experiências com Deus. aquele que busca constantemente crescer em
intimidade com Jesus Cristo e com a Palavra.

[1] Multiplicando discípulos o método neotestamentário para o crescimento da igreja, p. 23.


2

RELACIONAR-SE:
Implementando uma Rede de
Cuidado
“Depois Jesus subiu a um monte e chamou os que ele mesmo quis; e estes
foram até ele. Então designou doze para que estivessem com ele, e os
enviasse a pregar, e para que tivessem autoridade para expulsar
demônios.” Marcos 3.13-15

O primeiro elemento do Relacionamento Discipulador é Relacionar se, isto


é, conviver, passar tempo juntos. Neste capítulo vamos ver a importância do
relacionamento como a base do discipulado e como podemos superar o desa o
da falta de tempo em dias de agendas tão saturadas de compromissos e
atividades.

Ajustando Nossa Agenda


uando cheguei ao campo missionário em Resende-RJ, deparei-me com a
realidade de uma igreja recém-organizada, mas que havia passado por uma
situação de evasão por conta da saída repentina de seu pastor. Muitos dos
irmãos não compreenderam o que aconteceu e saíram da igreja, que cou com
apenas 13 membros.
Como missionário da Junta de Missões Nacionais, fui enviado para
revitalizar aquela igreja, que ainda estava caminhando em seus primeiros meses
de autonomia. Boa parte dos irmãos que permaneceram estavam feridos e
machucados. Eles já haviam passado por outras frustrações com a liderança de
outras igrejas locais. A situação era bem delicada. Havia quem acreditasse que o
melhor seria fechar as portas.
Entre os irmãos que permaneceram havia um jovem casal, Pedro e Isabel,
pais de duas crianças, que estavam extremamente feridos e amargurados. Pedro
estava cursando o segundo ano do seminário quando o pastor da igreja saiu.
Decepcionado e sem encorajamento, ele abandonou o curso, desistiu de sua
vocação ministerial e retornou ao sonho de construir casas.
Havia muito o que ajustar na Igreja Batista da Aliança. Os cultos precisavam
ser revitalizados, as nanças precisavam ser equilibradas, a dinâmica da
evangelização precisava ser estabelecida. Muitas coisas precisavam ser colocadas
no eixo. Em meio a tantos desa os com relação estrutura de funcionamento
da igreja, decidi que o meu maior investimento, como missionário, deveria ser
intencionalmente cuidar das pessoas que o Senhor me con ou. Eu acreditava
que, fazendo isso, o Senhor levantaria as pessoas e os recursos necessários para a
manutenção de sua obra naquele lugar. E foi isso o que aconteceu.
Ap s assumir a igreja, minha esposa e eu iniciamos a aproximação com os
membros e intencionalmente o processo discipular com alguns casais, entre
eles, Pedro e Isabel. Em um dos primeiros encontros, Pedro me con denciou
que, antes de nossa chegada, estava decidido a car na igreja até o novo pastor
chegar, pois queria sair sem desanimar outras pessoas. Tendo experimentado
sucessivas frustrações, ele tinha desacreditado da convivência na igreja e não
queria que seus lhos crescessem em um ambiente como aquele. Ele, na
verdade, ainda não havia experimentado o que é ser igreja. Com aquele
desabafo, ele estava me dizendo: Socorro, eu preciso de ajuda
Não tenho d vidas de que, se tivesse focado minhas forças em ajustar
primeiro as atividades da igreja, teria perdido aquela família, que talvez
estivesse hoje contada no grupo de gente cansada de igreja . O fato é que não
existem pessoas cansadas de igreja. Não Muitos podem estar cansados das
atividades que n s inventamos dentro da igreja de Cristo, mas da igreja de
Cristo ninguém consegue se cansar.
Hoje, Pedro está concluindo o curso de teologia. Ele e esposa são nossos
discípulos e têm discipulado outras pessoas. O RD com eles fruti cou de tal
forma que hoje outras 26 pessoas estão sendo discipuladas como resultado
daquele nosso primeiro investimento na vida deles. m dos momentos mais
grati cantes para minha vida discipular com ele foi quando me disse: Pastor,
pode registrar no livro que eu s voltei a acreditar na vocação pastoral porque
vi que o que o senhor prega está coerente com aquilo que o senhor vive .
Falar sobre relacionamento na vida discipular implica diretamente ajustes
em nossa agenda. Nossas palavras não serão tão e cazes na formação de
discípulos quanto os ensinos bíblicos que eles virem aplicados em nossa vida.
Se quisermos formar discípulos, precisamos nos relacionar com eles. Nossa
agenda precisa ser ajustada agenda do nosso Mestre, Jesus. Ele cuidou de
pessoas e todos n s também fomos chamados para cuidar de pessoas. Ele se
relacionou com pessoas e todos n s também fomos chamados a nos relacionar
com pessoas.
Em meu RD com o Pedro, ainda hoje, invisto tempo na vida dele por meio
de encontros semanais para conversarmos acerca de sua vida cristã. Nos
intervalos, mando mensagens, ligo e faço de tudo para demonstrar que não s a
vida dele é importante para mim, como também o seu crescimento espiritual é
o que Jesus deseja.
Alguns meses depois que comecei a discipulá-lo, desa ei-o a cuidar de outra
pessoa da igreja. E, então, começamos um período de oração para que Deus
mostrasse a pessoa em que ele investiria a sua vida. Com o direcionamento do
Senhor, Pedro começou a discipular um rapaz da igreja. Ele começou a
reproduzir na vida do seu discípulo o que eu estava fazendo com ele. Muitas
vezes Pedro me procurou para consultar sobre d vidas no discipulado. Eu
estava sempre por perto para apoiá-lo e ajudá-lo a fazer um novo discípulo.
Passaram-se pelo menos dois anos para
Entender a importância
eu notar os primeiros sinais de que Pedro,
do relacionamento na
de fato, tinha entendido o que era o RD.
Mesmo aplicando os mesmos princípios formação de discípulos
que eu lhe havia ensinado, ainda estava implica adequar a nossa
faltando um aspecto fundamental que agenda à agenda de
caracteriza o verdadeiro discipulado. Nos Jesus Cristo.
primeiros meses, qualquer atividade era
motivo para ele desmarcar o encontro com seu discípulo. Mas, ao longo desses
dois anos, os encontros discipuladores passaram a ser a prioridade para Pedro,
que agora prefere faltar a alguma atividade secundária a desmarcar o encontro.
A agenda de Pedro mudou e para ele o discipulado é prioridade.
Nossa agenda determina aquilo que valorizamos. Entender a importância do
relacionamento na formação de discípulos, ou seja, no cumprimento da
Grande Comissão, implica adequar a nossa agenda agenda de Jesus Cristo.
Como conciliar relacionamento com a agenda de nossas atividades

Precisamos reconhecer biblicamente que o Senhor não nos criou para a


exaustão ministerial. O ministério da igreja não deve produzir desgaste
emocional. Pelo contrário, a missão de fazer discípulos exige esforço,
mas produz alegria.
Precisamos reconhecer que nossa missão primária no reino de Deus é
fazer discípulos.
Precisamos investigar, com muita dependência de Deus, o que temos
feito que esteja além daquilo que Deus quer que façamos e que não
esteja produzindo discípulos.
Precisamos ajustar a nossa agenda agenda de Jesus Cristo.

Vamos conferir juntos como era a agenda de Jesus assumindo o


compromisso de nos moldarmos a ela
A Agenda de Jesus
m das perguntas que mais me fazem quando falo sobre discipulado é:
ual o material que você está usando claro que aplicaremos alguns
materiais que apoiarão a nossa caminhada discipular, mas a base fundamental é
compreender que o que Jesus experimentou com os discípulos foi um
Relacionamento Discipulador, não a aplicação de algum material.
Jesus investiu a maior parte do tempo de ministério no relacionamento com
os discípulos. uando observamos a caminhada de Jesus de forma geral,
percebemos que a maior parte dos seus feitos e ensinos tiveram aplicações
diretas na vida daqueles que foram chamados para andar junto com Ele. Não
negamos que Jesus tenha investido tempo em seu ministério com as multidões,
mas a maior parte de seu tempo foi investida intencionalmente na vida dos
discípulos.

O milagre inaugural do ministério de Jesus nas bodas de Caná da


Galileia, por exemplo, traz muitos ensinamentos para n s em diversas
áreas. uando analisamos o texto com detalhes, percebemos que o
milagre de Jesus teve uma implicação direta na vida de seus discípulos.
Com este, deu esus princípio a seus sinais em Caná da Galileia,
manifestou a sua gl ria, e os seus discípulos creram nele (Jo 2.11). Os atos
de Jesus estavam repletos de intencionalidade para a formação de seus
discípulos.

No Evangelho de Marcos, 3.13 a 15, encontramos a descrição do RD de


Jesus: Depois esus subiu a um monte e ca mou os que ele mesmo quis e estes
foram até ele. Então designou doze para que estivessem com ele, e os enviasse a
pregar, e para que tivessem autoridade para expulsar dem nios.
Jesus chamou seus discípulos para que estivessem com Ele. A primeira
vocação ou seja, o primeiro chamado d o discípulo é estar com Jesus. Fomos
chamados primeiramente para estar com Ele. a relação que temos com Jesus
que nos habilita a representá-lo. a relação que promovemos no discipulado
que produzirá homens e mulheres
Os atos de Jesus
testemunhas de Cristo em nossa nação.
estavam repletos de
Jesus discipulou enquanto caminhava. intencionalidade para a
Seus discípulos foram formados não apenas
formação de seus
numa classe (como podemos chamar os
discípulos.
lugares fechados em que Jesus ensinou),
mas também e principalmente em meio s circunstâncias do dia a dia.
Foi por meio de uma vida de oração que Jesus transmitiu a importância de
um ministério e caz de oração, a ponto de seus discípulos pedirem que Ele os
ensinasse a orar (Lc 11.1,2). Cada discipulador precisa transmitir a sua vida de
oração aos seus discípulos. Cada encontro discipular precisa ser uma
oportunidade de oração. ma oportunidade de transmissão de ensinos sobre
oração. Não deixe de investir tempo em oração junto com seu discípulo.
Foi no banquete na casa de seu novo discípulo Levi que Jesus corrigiu os
fariseus e mostrou que sua missão estava voltada para os doentes e pecadores, e
não para os sãos e justos (Lc 5.27-32). O relacionamento discipulador também
é desenvolvido em momentos de refeições, quando, sentados mesa, discípulo
e discipulador compartilham as situações do cotidiano e a postura cristã para
cada uma delas. A mesa de nossa casa tem sido um ambiente propício para a
formação do caráter de nossos discípulos.
Foi enquanto buscava um lugar deserto para descansar que Jesus transmitiu
o princípio da compaixão, levando seus discípulos a atenderem a multidão
faminta (Mc 6.30-44). Muitas vezes somente vendo a abnegação do
discipulador, em abrir mão de um tempo de descanso, é que os discípulos
entenderão o valor que eles têm e poderão dedicar-se a outros também. Jesus
abriu mão do descanso para atender uma necessidade pontual da multidão. Em
alguns casos, o discipulador precisará abrir mão de um descanso para socorrer
os seus discípulos. Aprendi com meu professor Dr. endal Mar Johnson
que, para algumas pessoas, n s devemos colocar nossa disposição no altar de
nossa honra . Devemos nos comprometer a atendê-las em qualquer situação.
Essas pessoas são nossos discípulos.
Foi durante uma travessia de 10 quil metros de barco no lago da Galileia,
saindo de Cafarnaum e indo para Gadara, que Jesus ensinou sobre fé aos seus
discípulos que estavam com medo da tempestade (Lc 8.22-25). Cada
momento juntos é oportuno para a transmissão de vida na vida. O
discipulador deve aproveitar passeios, caminhadas, retiros da igreja, viagens
missionárias e outras atividades para estar com seus discípulos e in uenciá-los.
Foi andando pelas searas que Jesus transmitiu muitos dos ensinamentos por
meio das parábolas. O discipulador que se relaciona constantemente com seus
discípulos transmite-lhes os valores bíblicos de forma natural. Isso não se
resume a um encontro semanal. uanto mais contato, mais valores são
compartilhados.
Foi sentado pr ximo caixa das ofertas que Jesus chamou seus discípulos e
os advertiu quanto vaidade (Mc 12.41-44). O discipulador precisa chamar os
discípulos para perceberem algumas lições do reino de Deus. Cabe ao
discipulador ter intencionalidade em ensinar aos seus discípulos os valores
fundamentais do evangelho, compartilhando a Palavra de Deus e, se
necessário, confrontando os valores equivocados da cultura vigente.
Foi lavando os pés de seus discípulos que Jesus ensinou que, no reino de
Deus, a liderança é conquistada pelo serviço. Ele a rmou: Porque eu vos dei o
exemplo, para que, como eu vos z, façais v s também (Jo 13.15). O
discipulador precisa ensinar o que é o evangelho, servindo.
O RD não se resume a um encontro semanal de uma hora com o discípulo.
Não se resume a um estudo bíblico semanal. O RD signi ca a transmissão de
vida na vida. Signi ca uma caminhada ao longo de uma vida. Se olharmos para
o ministério discipular de Jesus, notaremos que Ele caminhou com seus
discípulos por cerca de três anos. Sua caminhada discipular não estava restrita a
algumas horas do dia. Não Os discípulos conviveram com Jesus 24 horas por
dia. Isso signi ca que, nos três anos de ministério, Jesus investiu em torno de
26.280 horas com seus discípulos. Se acreditarmos que um encontro semanal
de uma hora é su ciente para formar um discípulo, levaremos cerca de 500
anos para investir o mesmo tempo que Jesus investiu com os seus.
O relacionar se no discipulado é a prática intencional de formar discípulos
por meio de um convívio pessoal. Acredito que o discipulado seja vida na vida
e deva ser desenvolvido através de encontros e contatos por meios tecnol gicos.
uando Paulo não conseguia estar com seus discípulos, ele enviava cartas.
uando Jesus subiu ao céu, Ele nos deixou o Consolador. Devemos usar todos
os recursos existentes para a transmissão dos valores do reino de Deus.
O RD acontece quando o discípulo e o
O RD não se resume a
discipulador interagem durante os cultos
um encontro semanal
da igreja acontece por meio da interação
nas reuniões de oração acontece em de uma hora com o
encontros para assistir a algum lme no discípulo.
cinema acontece numa caminhada num
parque. Contudo, além de todos esses contatos intencionais durante a semana,
temos que parar um dia para ter o encontro discipular propriamente dito.
Como disciplina regular para o nosso contexto atual, tenho considerado um
encontro semanal especí co para o contato direto como satisfat rio para o
cumprimento dessa proposta. nesse encontro que o discípulo compartilhará
de sua vida e, juntos, discípulo e discipulador, re etirão luz da Palavra de
Deus sobre a formação do caráter de Cristo na vida do discípulo.

As Dimensões do Relacionamento Discipulador


ma vez que já compreendemos a importância de ajustarmos a nossa
agenda e nos comprometermos intencionalmente a fazer discípulos, precisamos
determinar o que é um discípulo e o que é um Relacionamento Discipulador, e
quais as suas dimensões. Para isso, vamos nos valer da de nição apresentada
pelo livro greja Multiplicadora, segundo o qual discípulo é toda pessoa que,
crendo por meio da fé em esus Cristo, passa a segui lo como seu Seno r .[2] Mas
não é s isso. Logo em seguida obediência do chamado para a salvação, todo
discípulo recebe dele uma missão. Jesus nos chama para segui-lo, e esse
chamado implica fazer discípulos. Somente os discípulos de Cristo podem
fazer discípulos. Por isso, cada um de n s deve reconhecer a ordem expressa de
Jesus: fazei discípulos (Mt 28.19).
No mesmo livro, o Relacionamento Discipulador é de nido como o
relacionamento intencional de um discípulo com uma pessoa visando torná la outro
discípulo .[ ] Esse relacionamento denota três dimensões: c amar, acol er e
aperfeiçoar discípulos. Vamos abordar cada uma delas.

1. CHAMAR DISCÍPULOS

A primeira dimensão do RD é C amar Discípulos. Marcos descreve: Depois


esus subiu a um monte e c amou os que ele mesmo quis e estes foram até ele (Mc
3.13). Chamar discípulos diz respeito nossa intencionalidade em tornar uma
pessoa ainda não convertida em discípulo de Jesus Cristo. Isso signi ca que o
RD pode começar quando um discípulo de Jesus inicia intencionalmente um
relacionamento com um não crente visando torná-lo um discípulo.
Dentro da visão de Igreja Multiplicadora, cada um de n s é motivado a ter o
nosso Cartão Alvo de Oração, por meio do qual nos comprometeremos a orar
por 5 pessoas com o objetivo de que se tornem discípulas de Jesus. Devemos
buscar orientação do Senhor para preencher o cartão. Não devemos escrever
nomes de pessoas que moram distante, pois teremos a intencionalidade de fazer
contatos pessoais com elas. A utilização desse cartão deve seguir os seguintes
passos:
1 asso: Escreva o nome das pessoas no cartão e ore por elas.
2 asso: Assim que começar a orar, diga a cada uma delas que você está
orando por ela.
asso: Depois de alguns dias orando, pergunte se ela tem algum pedido
de oração. Ore com ela.
asso: Convide essa pessoa para um momento de comunhão e aproveite
para compartilhar o evangelho.
5 asso: Convide essas pessoas para o Pequeno Grupo Multiplicador, ou
para o culto em sua igreja.
6 asso: Se a pessoa mostrar desinteresse, desistir ou simplesmente recusar
o convite, não desista. Continue orando e buscando oportunidades para
evangelizá-la.
Assim como Jesus chamou discípulos, n s precisamos chamar novos
discípulos. Isso não é apenas missão para o pastor, missionário, ou irmãos do
Departamento de Evangelismo: cada discípulo tem a missão de obedecer a
Jesus chamando novos discípulos.
Não precisamos informar s pessoas do Cartão Alvo o nosso objetivo de
torná-las discípulas de Jesus. O mais importante nessa dimensão do RD é
apresentar Jesus Cristo por meio de nossa vida e testemunho.

2. ACOLHER DISCÍPULOS

Além de chamar discípulos, cabe ao discipulador investir na segunda


dimensão do RD: Acol er Discípulos. O pr prio Jesus se responsabilizou por
integrar os seus discípulos. Sobre a chamada de Jesus aos seus discípulos,
Marcos continua descrevendo: Então designou doze para que estivessem com ele
(Mc 3.14). Acolher o discípulo implica chamá-lo para junto, fazer com que ele
se sinta parte de algo.
Essa dimensão diz respeito nossa intencionalidade em integrar pessoas
vida na igreja. o conjunto das atitudes intencionais de levar nosso alvo de
oração (aquele com quem estamos buscando promover o RD) a se envolver na
vida comunitária da igreja. Isso pode acontecer por meio dos PGMs, das
classes da Escola Bíblica, dos passeios da igreja, dos acampamentos e/ou
diretamente nos cultos regulares da igreja. Os PGMs facilitam e potencializam
a integração dos nossos RDs igreja.

3. APERFEIÇOAR DISCÍPULOS
A terceira dimensão do RD é Aperfeiçoar Discípulos. Jesus não s chamou
seus discípulos e os acolheu, como também desenvolveu-os. Marcos diz: Então
designou doze para que estivessem com ele, e os enviasse a pregar, e para que
tivessem autoridade para expulsar dem nios (Mc 3.14,15). A caminhada
discipular de Jesus incluía o aperfeiçoamento do discípulo. Por meio do
ensinamento bíblico, das experiências na caminhada e do encorajamento, Jesus
desa ava seus discípulos a alcançar novos degraus na vida cristã. Essa dimensão
visa conduzir o discípulo ao contínuo crescimento espiritual. Nenhum
discípulo deve se considerar conhecedor su ciente do evangelho a ponto de
não se preocupar em se desenvolver ainda mais.

Criando uma Rede de Cuidado por Meio dos


Relacionamentos
Implantar o RD na cultura da igreja exigirá paciência e trabalho, pois a
maioria dos membros nunca foi cuidada pessoalmente e precisa aprender o que
é cuidar de outros, na prática, sendo cuidada. Nosso desejo não é multiplicar
atividades, mas sim multiplicar discípulos. Para desenvolver uma rede de
cuidado na igreja, precisamos estar cientes de algumas verdades.
Em primeiro lugar, a maior parte dos membros sente-se incapaz de conduzir
outras pessoas maturidade. Acreditam, porque foram ensinados assim, que
esse papel é do pastor, dos professores da EBD e da liderança da igreja em
geral. Como líderes, precisamos ensinar aos discípulos que a capacidade para
fazer discípulos vem da autoridade que nos foi dada por Jesus Cristo (Mt
28.18-20). Para isso, podemos mostrar-lhes os exemplos bíblicos de como
Deus usou pessoas iletradas para demonstrar o poder dele (Exemplo: At 4.13).
Como discípulos, devemos acreditar que, para cumprirmos essa missão dada
por Jesus Cristo, carecemos da capacitação do Espírito Santo (At 1.8).
Outra questão a ser considerada é que alguns membros da igreja não
compreenderão inicialmente a necessidade de serem discipulados. Precisamos
mostrar que a vida cristã não se resume ao dia de nossa conversão. Jesus espera
de n s o aperfeiçoamento (Ef 4.12).
Nosso desejo não é
Precisamos ensinar que o discipulado visa
multiplicar atividades,
conduzir o discípulo maturidade e
interdependência, e não dependência. mas sim multiplicar
m discipulado que conduz dependência discípulos.
não está cumprindo o seu verdadeiro papel.
ma igreja que deseje desenvolver os princípios de Igreja Multiplicadora
não pode se restringir multiplicação de Pequenos Grupos Multiplicadores.
Ela precisa desenvolver uma rede de cuidado individual por meio dos
Relacionamentos Discipuladores. Precisamos treinar os discípulos para
formarem discípulos, e isso começa pela vida do pastor da igreja e de sua
esposa.
Joel Comis ey, citado por Dave Earley, a rma que a chave para o
crescimento da igreja não são os pequenos grupos. Ele diz que grupos pequenos
vêm e vão eles surgem e desaparecem. A menos que os membros dos grupos
pequenos se convertam em líderes de grupos pequenos, poucos frutos duradouros vão
permanecer .[ ] Em outras palavras, precisamos formar líderes que se
multipliquem. Os líderes são quem vai cuidar da colheita de novos discípulos,
e esses líderes são formados por meio dos Relacionamentos Discipuladores.

Aplicações Práticas
1. Sendo cuidado Procure alguém que possa cuidar de você por meio
do RD.
2. En ol endo-se na igre a Procure envolver-se em algum PGM de sua
igreja.
3. Cart o Al o de Ora o Busque ter o seu Cartão e comece a orar por
cinco pessoas não crentes que você deseja fazê-las discípulos de Jesus
Cristo.
4. Meta Coloque uma meta pessoal para iniciar os passos que estão na
página 38.
5. Fa endo disc pulos Comprometa-se a chamar discípulos, acolhê-los
na vida da igreja e transmitir-lhes os valores do reino de Deus,
conduzindo-os ao aperfeiçoamento cristão.
6. Multiplicando Disc pulos Desa e seus discípulos a também fazerem
discípulos.

[2] greja Multiplicadora cinco princípios bíblicos para crescimento, p. 56.


[ ] greja Multiplicadora cinco princípios bíblicos para crescimento, p. 61.
[ ] Transformando membros em líderes, p. 8.
3

ACOLHER:
Trazendo a Responsabilidade para Si
“...Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos.” Atos 9.27

Enquanto estava escrevendo este livro, recebi uma mensagem de voz de uma
jovem de minha igreja chamada Caren, que se batizou há oito meses e que já é
líder de um dos nossos PGMs. Em um culto de domingo noite, Caren
identi cou a visitante Carina, jovem moradora de nosso bairro, e pronti cou-
se a acompanhá-la mantendo contato, ofereceu-lhe um estudo bíblico. Caren
nunca passou por um treinamento de evangelismo, mas, desde que foi
integrada ao ambiente de igreja, ela foi discipulada. uando se converteu,
continuou sendo discipulada e, ainda hoje, ela tem a sua discipuladora, que lhe
transmite ensinamentos e vida.
A gravação que ela me enviou era do momento em que estava apresentando
o plano de salvação para Carina. m trecho do áudio mostra Caren dizendo:
Carina, eu vou te perguntar somente para a gente esclarecer. Existe alguma
razão que te impeça de receber Jesus Cristo agora mesmo e Carina
respondeu: Não . E ali, juntas no RD, Caren foi usada por Deus para
conduzir Carina a confessar Jesus como seu Senhor e Salvador.
Pelo fato de Caren ter sido cuidada em um RD, ela aprendeu a cuidar de
outras pessoas. Foi porque alguém lhe ensinou com a vida como agir com os
novos que vão chegando igreja que Caren assumiu a responsabilidade de fazer
Carina sentir-se acolhida. Caren responsabilizou-se em agregar Carina ao
ambiente de igreja e hoje continua cuidando dela e será responsável em
conduzi-la ao batismo.
O RD potencializa o acolhimento e a integração das pessoas vida da igreja.
Além disso, por meio dele as pessoas são treinadas não s para cuidar umas das
outras, como também para conduzir pessoas a Jesus Cristo. Muitas pessoas
entram e saem dos templos e dos cultos que n s realizamos, porém não
permanecem. Não é por falta de interesse, mas pelo simples fato de não se
sentirem acolhidas. Ao mesmo tempo, notamos que a maior parte dos que
continuam na igreja são pessoas que foram conduzidas e acompanhadas por
outras com quem criaram algum vínculo.
Precisamos desenvolver um acolhimento individual, olhando para cada
pessoa que chega igreja como alguém que precisa ser cuidado. aylon Moore
a rma que no ovo Testamento toda integração é dirigida no sentido das
necessidades individuais. Através da pregação, do ensino, do treinamento da igreja,
podem ser aplicados os princípios da integração a grupos, mas sempre dentro do
contexto da individualidade de cada membro do grupo. [5]
Sendo assim, é preciso intencionalidade para integrarmos as pessoas vida
comunitária da igreja. Acolher é o conjunto das atitudes intencionais de levar
o novo discípulo a se envolver com a vida em igreja. Acredito que os PGMs, as
classes da Escola Bíblica, os passeios, os retiros e os encontros sociais da igreja
são momentos estratégicos para a integração de novas pessoas. Mas integrar
não é s fazer a pessoa frequentar essas atividades, mas fazer com que o
discípulo se desenvolva espiritualmente por meio delas. aylon Moore nos
alerta que integração
... não é dar ao recém-batizado uma palavra de incentivo sobre a leitura da Bíblia, nem é enfatizar-
lhe o imperativo da mordomia, por importantes que sejam essas coisas. Não é sobrecarregá-lo de
pan etos e folhetos. Integração é mais do que conseguir que o novo crente seja assíduo aos cultos e se
torne aluno da Escola Bíblica Dominical é mais que lhe fazer repetidos convites para que participe
das atividades da igreja. Tudo isto é importante, sem d vida, mas não vai ao encontro das mais
profundas necessidades do recém-convertido nem está dentro dos moldes escriturísticos do verdadeiro
fazei discípulos .[6]

Portanto, acolher é desenvolver o discípulo nas diversas áreas da igreja,


fazendo com que ele descubra a importância de cada atividade em que
participa. fazer com que o discípulo descubra, nos cultos de oração, o valor
da intimidade com Deus, da dependência de Deus e da intercessão pelos
outros. fazer com que ele perceba, na Escola Bíblica, a importância de se
aprofundar no conhecimento do Senhor por meio de sua Palavra. fazer com
que ele experimente, por meio dos cultos, os princípios da adoração. fazer
com que vivencie a comunhão nos PGMs, assimile o valor da multiplicação e
se torne um legítimo discípulo que represente Cristo para outras pessoas.

Princípios do Acolhimento em Jesus


ma das experiências de ensino no ministério de Jesus que marcam a minha
vida é a primeira multiplicação descrita em Lucas 9.10 a 17.
uando os ap stolos voltaram, contaram-lhe tudo o que haviam feito. Levando-os consigo, Jesus
retirou-se para uma cidade chamada Betsaida. Mas, sabendo disso, as multidões o seguiram, e ele as
recebeu e falava-lhes do reino de Deus e curava os que precisavam de cura. uando o dia começava a
declinar, os Doze aproximaram-se dele e disseram: Manda embora a multidão, para que possa ir aos
povoados e campos pr ximos hospedar-se e achar o que comer pois estamos em lugar deserto. Mas
ele lhes disse: V s mesmos dai-lhes de comer. Eles responderam: Temos apenas cinco pães e dois
peixes, a não ser que compremos comida para todo este povo. Pois eram cerca de cinco mil homens.
Então ele disse a seus discípulos: Fazei-os sentar-se em grupos de cerca de cinquenta. Eles assim
zeram, mandando que todos se sentassem. E, tomando os cinco pães e os dois peixes, Jesus ergueu os
olhos ao céu, abençoou-os e os partiu. Depois entregou-os aos discípulos para que os servissem
multidão. Todos comeram e caram satisfeitos e dos pedaços que sobraram foram recolhidos doze
cestos.

Além do maravilhoso agir de Deus, que nos transmite a certeza de sua


provisão em nossa vida, aprendemos com esse texto lições valiosíssimas sobre a
arte de acolher pessoas. A primeira delas é que s vezes precisamos abrir mão
do nosso conforto para cuidar de alguém. uando Jesus se preocupou em
atender as necessidades da multidão, Ele estava abrindo mão de um momento
de descanso com seus discípulos. Marcos descreve que, momentos antes de
Jesus operar a multiplicação dos pães e dos peixes, Ele havia proposto aos
discípulos que eles fossem a um lugar deserto para descansar: E ele l es disse
Acompan ai me a um lugar deserto e descansai um pouco. Porque os que iam e
vin am eram muitos, e eles não tina m tempo nem para comer (Mc 6.31).
Eles retiraram-se de barco para um lugar deserto. Porém, ao desembarcar,
esus viu uma grande multidão e teve compaixão dela, pois eram como ovela s que
não têm pastor e começou a ensinar le s muitas coisas (Mc 6.34). O evento da
multiplicação nos ensina que:
Acolher é um ato de compaixão – Somente quem guarda a compaixão de
Cristo em seu coração se sensibiliza com outras pessoas. O discipulador precisa
olhar para as pessoas com um olhar de compaixão. Caso contrário, nunca
estará disponível para investir seu tempo em acolher outras pessoas. Ao mesmo
tempo em que se compadece, o discipulador precisa ensinar também os seus
discípulos a olhar os outros com compaixão.
Acolher é um ato de abnegação – Somente aqueles que reconhecem as
prioridades do Reino têm disposição de abrir mão de algo que lhes pertence (o
descanso) para atender os outros. Em alguns casos, o discipulador precisará
abrir mão de seu tempo para socorrer emergências. Isso é doação de vida.
Acolher é um ato físico e espiritual – Jesus atendeu a multidão ensinando
acerca do reino de Deus e curando suas enfermidades: ...Ele as recebeu e
falava l es do reino de Deus e curava os que precisavam de cura (Lc 9.11). Jesus
não se concentrou em atender a multidão no aspecto espiritual. Ele também se
preocupou em cuidar de suas necessidades físicas. Acolher não se restringe a
integrar as pessoas s atividades da igreja, mas também envolve cuidar de suas
necessidades mais urgentes.
Acolher é um ato que Jesus con a a nossas mãos – Jesus disse aos
discípulos: s mesmos dai l es de comer (Lc 9.13). Assim como Jesus
esperava que os discípulos atendessem s necessidades da multidão, Ele agora
espera que acolhamos todos que chegam igreja. Essa responsabilidade não foi
dada a um departamento da igreja, mas sim aos discípulos de Cristo. Logo,
todos devemos ter o compromisso de assumir pessoas e integrá-las.
Acolher é um ato mais e caz quando realizado em Pequenos Grupos –
Jesus mandou que os discípulos organizassem a multidão em grupos de
cinquenta: Pois eram cerca de cinco mil omens. Então ele disse a seus discípulos
azei os sentar se em grupos de cerca de cinquenta (Lc 9.14). Da mesma forma,
os PGMs favorecem a integração e o cuidado das pessoas.
Acolher é um ato de dependência de Deus – N s mesmos não temos os
recursos necessários para acolher as pessoas. Mas, quando Jesus mandou os
discípulos acolherem a multidão, Ele providenciou os meios de que
precisavam: E, tomando os cinco pães e os dois peixes, esus ergueu os olo s ao céu,
abençoou os e os partiu. Depois entregou os aos discípulos para que os servissem
multidão (Lc 9.16). O Senhor provê os recursos se tão somente agirmos com
obediência e fé.
Acolher é um ato que não admite desperdício – Assim como Jesus não
gosta que desperdicemos alimento, Ele não gosta que deixemos pessoas se
perderem: Todos comeram e caram satisfeitos e dos pedaços que sobraram foram
recol idos doze cestos (Lc 9.17). Relacionamentos Discipuladores são como
cestos que acolhem pessoas. Precisamos criar uma rede de cuidado que assegure
que todos sejam recolhidos aos cestos dos RDs e ninguém seja descartado pelo
caminho.

Princípios de Acolhimento na Igreja Primitiva


m exemplo clássico de acolhimento na igreja primitiva é a integração feita
por Barnabé com Paulo (quando ainda chamado de Saulo). Lucas relata como
Paulo tentou integrar-se igreja primitiva e como foi ajudado por Barnabé:
Ao chegar em Jerusalém, Saulo procurou
Acolher é um ato mais
juntar-se aos discípulos mas todos tinham
e caz quando realizado
medo dele e não acreditavam que ele fosse
um discípulo. Então Barnabé, tomando-o em Pequenos Grupos.
consigo, levou-o aos ap stolos e lhes
contou como no caminho ele estivera com o Senhor e como em Damasco
pregara corajosamente em nome de Jesus. Assim, ele passou a andar com eles
livremente em Jerusalém, pregando com coragem em nome do Senhor. (At
9.26-28)
Paulo procurou juntar-se aos discípulos, mas a sua fama de perseguidor fez
com que eles duvidassem de sua conversão e evitassem recebê-lo (v. 26).
Barnabé, porém, assumiu uma postura diferente. Essa postura nos ensina
alguns princípios de acolhimento que devem ser praticados por todos os
discipuladores:
Acolher é vencer as barreiras da indiferença – Enquanto não houve
aproximação por parte dos discípulos, a m de conhecer a hist ria de
conversão de Paulo, sua fama de perseguidor fez com que eles cassem
indiferentes quanto quele novo convertido. Nas nossas igrejas, muitas pessoas
de má fama se convertem, mas não são acolhidas pelo fato de os discípulos não
ultrapassarem a barreira da indiferença. Como discipuladores, precisamos nos
aproximar das pessoas para conhecê-las e ajudá-las a integrar-se igreja.
Acolher é conquistar a pessoa para si – Então arnabé, tomando o
consigo... (v. 27). uando Barnabé notou que todos temiam aproximar-se de
Paulo, ele assumiu a responsabilidade para si. Ele aceitou o compromisso de
agregar Paulo igreja. Essa responsabilidade deve ser feita por meio do RD.
Precisamos de homens e mulheres crianças, adolescentes, jovens, adultos e
anciãos, incendiados pelo amor de Jesus para acolherem outras pessoas como
lhos na fé.
Acolher é arriscar-se pelo outro –
Precisamos de
Barnabé assumiu o risco de se aproximar
discipuladores que
daquele que tinha a fama de ter ido até
Damasco para aprisionar discípulos. Ao se olhem para as pessoas e
aproximar de Paulo, Barnabé estava suportem o risco de
correndo o risco de ser um alvo fácil de serem criticados.
prisão, mas ele certamente viu algo
diferente em Paulo e, direcionado pelo Espírito Santo, aceitou o compromisso
de acolhê-lo. O discipulador se destaca por acreditar nas pessoas mais do que
os outros. Precisamos de discipuladores que olhem para as pessoas e suportem
o risco de serem criticados. O pr prio Jesus foi acusado de não ser profeta por
permitir que uma mulher pecadora lavasse os seus pés (Lc 7.36-50). Também
foi criticado por comer com publicanos e pecadores (Lc 15.1,2). O
discipulador precisa estar disposto a pagar o preço de se arriscar pelos
discípulos.
Acolher requer sensibilidade ao Espírito Santo – O texto não deixa
explícito, mas creio que seja o Espírito Santo que nos conduz até as pessoas.
preciso que o discipulador esteja sensível voz de Deus para que, quando Deus
o conduzir a uma pessoa, ele seja obediente, assim como Ananias foi conduzido
até Paulo (At 9.10-19). O discipulador precisa estar atento s circunstâncias ao
seu redor, crendo que nada é por acaso, mas que Deus, em sua soberania, irá
colocar pessoas por perto para que sejam acolhidas.
Acolher signi ca integrar pessoas à igreja – Então arnabé, tomando o
consigo, levou o aos ap stolos (v. 27). Barnabé responsabilizou-se por apresentar
Paulo aos outros discípulos. Ele tornou-se a garantia de que Paulo realmente
tinha nascido de novo. como se Barnabé tivesse tornado-se seu ador.
Muitos membros estão acostumados com atividades na igreja, quando o
acolhimento das pessoas que chegam é que deveria ser mais importante. Na
verdade, é isso que faz com que elas se sintam parte da igreja. A missão do
discipulador é apresentar seus discípulos a outras pessoas, tornando-as
conhecidas.
Acolher requer investimento de tempo com o discípulo – evou o aos
ap stolos e l es contou como no camin o ele vira o Sen or e que este le falara, e
como em Damasco pregara corajosamente em nome de esus (v. 27). Barnabé s
p de contar a hist ria de conversão de Paulo aos ap stolos porque certamente
parou para ouvir o testemunho daquele novo crente. Nossas muitas atividades
nos têm distanciado do contato pessoal. O discipulador que deseja ser um
acolhedor precisa investir tempo ouvindo a trajet ria dos seus discípulos.
uando uma pessoa não é muito aceita por causa de uma má fama, é preciso
que alguém ouça sua hist ria. Tal atitude promoverá a oportunidade para que,
por meio do RD, ela seja tratada.
Acolher produz discípulos frutíferos – Assim, ele passou a andar com eles
livremente em erusalém, pregando com coragem em nome do Sen or (v. 28). O
acolhimento promovido por Barnabé possibilitou que Paulo se sentisse
vontade entre os irmãos da igreja. Ninguém permanece em um lugar, ou com
um povo, se não se sintir vontade. Como consequência do acolhimento de
Barnabé, Paulo passou a andar com os outros discípulos e juntamente com eles
desenvolveu o seu ministério de proclamação do evangelho.
Dessa forma, é preciso haver intencionalidade por parte do discipulador na
promoção do acolhimento de pessoas. A igreja em que não há acolhimento
produz discípulos indiferentes, mas a igreja que conta com discipuladores que
abraçam as pessoas para si produz discípulos frutíferos.

Aplicações Práticas
1. Intencionalidade de preparar as pessoas para acolherem outras O
discipulador precisa desenvolver o processo de multiplicação de
discípulos acolhedores. m s discipulador não dará conta de cuidar de
todas as pessoas de uma igreja. Ao mesmo tempo em que o discipulador
investe sua vida em fazer com que seu discípulo se sinta acolhido, ele
precisa ter a intencionalidade de conduzi-lo a acolher outras pessoas.
2. Intencionalidade de acolher os no os con ertidos Cada pessoa que
se converte precisa ser cuidada como um bebê espiritual. Grande parte
das pessoas que estão no ambiente da igreja nunca fruti cou porque
nunca teve o cuidado paternal su ciente para fazer delas discípulos
maduros. aylon Moore disse:
O plano de Deus é que cada criança que nasce no mundo físico tenha dois pais. ue acontece,
porém, com os que nascem lhos de Deus, com os recém-convertidos A maioria não encontra
um pai e uma mãe espirituais que lhe dispensem qualquer orientação e estímulo. Novos crentes
há que passam anos e anos na igreja sem qualquer cuidado especí co e treinamento individual.
Recebem apenas orientação generalizada, aquilo que é ministrado ao grupo. Isto é um fato
lamentável, desumano e nada saudável espiritualmente falando. As crianças abandonadas e
negligenciadas pelos pais e pela sociedade normalmente se tornam delinquentes. No terreno
espiritual, a delinquência de membros de igrejas tem a mesma causa falta de cuidados
espirituais adequados.[7]

3. Intencionalidade de acolher no os disc pulos no RD Precisamos


ter um batalhão de discipuladores dispostos a acolher e discipular os
novos discípulos. Pessoas que se converteram por meio do RD precisam
continuar sendo discipuladas na dimensão do aperfeiçoamento. Outras
pessoas que se converteram nos cultos da igreja, sem terem sido levadas
a Cristo por um discípulo, precisam ser imediatamente acolhidas por
um discipulador.
4. Intencionalidade de acolher isitantes Muitas pessoas chegam ao
ambiente da igreja por meio dos cultos coletivos. Algumas delas foram
sem ter sido convidadas por alguém. Essas pessoas também precisam ser
integradas igreja. m grupo de acolhimento pode ser desenvolvido
para trabalhar durante os cultos. Esse grupo fará uma ponte entre os
visitantes e os discipuladores e PGMs. Semanalmente, esse grupo de
acolhimento pode preencher chas dos visitantes e tentar, ap s cada
culto, associar o visitante a um discipulador ou a alguém que pertença
ao PGM mais pr ximo do visitante. Mas isso s vai funcionar bem se
toda a igreja estiver condicionada a observar e se apresentar com alegria
aos visitantes antes e depois do culto. muito bom quando o membro
que é designado para tomar conta daquele visitante recorda-se do seu
rosto e melhor ainda quando conversou um pouco com ele , e não
apenas recebe uma cha com um nome escrito. O acolhimento deve
começar ainda no ambiente da igreja e não um dia depois.
5. Intencionalidade de integrar os disc pulos nos Ms medida
que o discipulador vai estreitando os laços de amizade com seu
discípulo, ele deve investir na sua integração vida comunitária da
igreja. Essa integração é potencializada nos PGMs. O discipulador
precisa ter a intencionalidade de levar seus discípulos a participarem de
seu PGM.
6. Intencionalidade de integrar as pessoas dos Ms no ambiente de
igre a Por meio dos RDs muitas pessoas serão integradas aos PGMs.
preciso, também, que o discipulador tenha a intencionalidade de
agregar seus discípulos nas demais atividades da igreja, tais como Escola
Bíblica, cultos dominicais e cultos de oração.
7. Intencionalidade de integrar os membros da igre a aos Ms Nas
igrejas já organizadas que estão implementando a visão de Igreja
Multiplicadora, alguns irmãos precisarão ser estimulados a participar
dos novos PGMs. Os discipuladores devem motivar os membros a se
envolverem nos PGMs, pois eles são o ambiente ideal para o
desenvolvimento da comunhão da igreja. A igreja que deseja ser
acolhedora deve experimentar a comunhão antes de estar pronta para
agregar pessoas.

[5] ntegração segundo o ovo Testamento, p. 12.


[6] ntegração segundo o ovo Testamento, p. 12.
[7] ntegração segundo o ovo Testamento, p. 14.
4

INTERCEDER:
Do Ensino à Prática
“E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe
disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também
João ensinou aos seus discípulos.” Lucas 11.1

Neste capítulo vamos estudar o terceiro elemento do Relacionamento


Discipulador: nterceder. Orar diariamente pelo discípulo é uma das maiores
provas de amor que o discipulador pode dar. Jesus intercedeu pelos seus
discípulos e os ensinou a orar também. Precisamos tê-lo como exemplo para
uma vida poderosa de oração dentro do RD.

Moldando um Intercessor
Em meados de 2014, eu estava pedindo ao Senhor que intensi casse o
ministério de oração em nossa igreja. Minha esposa e eu estávamos orando para
que Deus levantasse um líder de oração que casse responsável por essa área tão
signi cativa da igreja. Deus preparou uma maneira singular de me ensinar que
o RD é fundamental para o ensino da oração.
Eu estava discipulando um jovem senhor chamado João, engenheiro
automotivo, casado e pai de uma lha. Ele, juntamente com a sua família,
tinham retornado para morar em Resende havia alguns meses, ap s um tempo
morando no interior de São Paulo, a 370 quil metros de nossa cidade. O
retorno deles teve dois motivos. A saudade dos familiares e a certeza de um
novo emprego imediato, pelo fato de Resende ser um polo automobilístico.
Contudo, Deus estava querendo nos ensinar acerca da oração e, por isso, nem
tudo foi como João havia planejado.
Comecei a discipulá-lo em novembro de 2013. Semanalmente, n s nos
encontrávamos para desenvolver o RD. A família estava se readaptando
cidade e experimentando novamente o ambiente saudável de igreja. Contudo,
João ainda continuava desempregado. O tempo foi passando e a situação
começou a car difícil. Ele recebia muitas propostas e fazia muitas entrevistas.
Tudo indicava que seria admitido, mas, no m, a situação permanecia a
mesma. Tanto o pr prio João como alguns colegas dele do ramo
automobilístico não entendiam como ele, portador de um currículo repleto de
experiência, não conseguia ser contratado.
Por meio do RD, Deus me usou para fortalecer a fé de João. Nos momentos
mais difíceis, era por meio da oração que ele sentia a proteção do Senhor. Mas
Deus queria mais. ueria ensinar a João o que era a oração. ueria forjar em
sua vida o ministério de oração. Foi quando o desa ei a realizarmos juntos 40
dias de oração para pedirmos a intervenção de Deus em sua vida. No dia 31 de
junho de 2014 começamos a ir ao templo de nossa igreja todas as manhãs s
8h. Em nosso primeiro encontro, perguntei o que mais ele desejava que o
Senhor zesse em sua vida. E ele compartilhou que esperava que ele e sua
família experimentassem mais de Deus e que, se possível, o Senhor abrisse uma
porta de emprego. Eu me ajoelhei e ele me seguiu. Orei intensamente por ele,
na certeza de que Deus ouviria nossa oração. Pedi que ele orasse em seguida e
ele se derramou diante do Senhor. Passamos um bom tempo juntos em oração.
Durante os 40 dias fui percebendo uma mudança signi cativa na vida de
João. Suas orações estavam mudando de conotação. Ele deixou de orar de
forma desesperada e passou a orar de forma mais con ante. Ele parou de pedir
por suas necessidades pessoais e começou a orar por mais de Deus em sua vida.
Ele deixou de orar por um emprego e começou a orar por sabedoria.
Terminados os dias propostos para a oração, João não havia conseguido o
emprego. A situação ainda piorou. Mas Deus tinha moldado o coração de João
e ele havia se tornado um intercessor.
Algumas semanas depois, Deus começou a incomodar o meu coração para
iniciarmos uma vigília semanal de oração na igreja. Deus havia posto o desejo
de termos pessoas orando todas as sextas-feiras das 22h s 24h. Então, comecei
a perguntar ao Senhor quem poderia dirigir este momento de oração e em meu
coração veio a pessoa do João. uando fui procurá-lo, ele me disse: Pastor
Deus colocou em meu coração o desejo de termos um tempo de oração em
nossa igreja, todas as sextas-feiras das 22h s 24h . O desejo que Deus havia
colocado em mim havia colocado também no coração de João. Não tenho
d vidas de que os 40 dias de oração que n s experimentamos juntos serviram
para Deus levantar um líder de oração em nossa igreja.
A vigília tornou-se uma fogueira que tem incendiado o coração do povo e
preparado a igreja para o mover de Deus por meio de n s. João entendeu a
oração e passou a investir a sua vida nesse ministério. Em junho de 2015 ele
conseguiu o emprego, mas, antes de tê-lo, ele já tinha aprendido que mais
importante do que um emprego era a intimidade diária com Deus por meio da
oração.

A Oração é Ensinável
A oração é mais do que palavras. É um estilo de vida – a vida cristã. A
oração muda nosso caráter, porque muda a nossa postura: de pé, para
ajoelhado; de soberbos, para humildes; de autossu cientes, para
dependentes de Deus; de incrédulos, para cristãos.

Cada princípio da Igreja Multiplicadora tem sido experimentado em nossa


igreja em resposta oração. Não é diferente com o pr prio princípio da oração.
Tenho aprendido que a oração é ensinável e que a maioria das pessoas que
frequenta nossas igrejas aprendeu apenas a oração do início, meio e m , ou
seja, a oração que fazemos no início, no meio e no m dos cultos. Tem sido
assim na maioria das igrejas. Temos ensinado aos nossos membros uma oração
super cial.
A intercessão é o investimento intencional de oração. Com Jesus,
aprendemos a importância de o discipulador interceder pela vida do discípulo.
Cremos que a vida discipular é estratégica no ensino da prática da oração.
Olhando para a vida de Jesus percebemos que seu RD incluiu duas esferas de
oração. Jesus ensinou os seus discípulos a orar e Jesus orou pelos seus discípulos. E
assim como nosso Mestre, precisamos tanto ensinar os nossos discípulos a orar
como desenvolver uma vida de oração pelos nossos discípulos.
Em Lucas 11, n s nos deparamos com o
Precisamos fazer da
grande ensinamento do Pai-Nosso . Esse
nossa vida de oração
ensinamento s foi possível porque Jesus
desenvolvia um ministério de oração visível, um meio de ensino para
como Lucas descreve: estando ele a orar os nossos discípulos.
num certo lugar (Lc 11.1). Os discípulos
viram Jesus orar e, sendo judeus, deviam orar regularmente. Entretanto, ao
verem a vida de oração de Jesus, perceberam que precisavam ter suas orações
modi cadas. Eles precisavam aprender com Jesus o que de fato era a oração.
Portanto, falar de um ministério de oração visível é dizer que precisamos fazer
da nossa vida de oração um meio de ensino para os nossos discípulos.
Então, um dos seus discípulos l e pediu Sen or, ensina nos a orar (Lc 11.1).
Apenas o discípulo preocupa-se em aprender a orar corretamente, ou seja, a ter
a oração como estilo de vida. Apenas o discípulo preocupa-se em pedir a Jesus
que o ensine a orar. Percebemos também que basta o interesse de um discípulo
para Jesus se importar em ensinar todo o grupo acerca da oração. Isso nos
mostra que uma pessoa que ora pode ser instrumento de Deus para
transformar a realidade espiritual das pessoas ao seu redor e até de uma nação
inteira. Leonard Ravenhill[8] destaca que a oração de João nox Sen or, dá me
a Esc cia, senão morrerei obteve como resposta a transformação de seu povo.
Em resposta ao pedido do discípulo, então, ele os ensinou (Lc 11.2). Com
base nisso, podemos a rmar que a oração é ensinável. A oração s se aprende
na prática, s se aprende pelo ensino. E a oração s se ensina pela prática, e a
prática é o ensino. Não basta ter o ministério pessoal de oração, é preciso
ensinar a orar. Devemos ter um ministério de oração visível. Não para
aparecer, mas para ensinar. Não para nos destacar, mas para fazer discípulos.
Muitos podem achar estranho o fato de eu estar sugerindo um ministério de
oração visível. Talvez isso seja por causa de Mateus 6.6, quando encontramos
Jesus dizendo: Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, feca da a porta,
orarás a teu Pai, que está em secreto e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará . Observando o contexto desse versículo, compreendo que o que
Jesus quis combater aqui não foi apenas a intenção de se exibir por meio da
oração, mas também por meio da prática da justiça diante dos homens (Mt
6.1), das esmolas (Mt 6.2) e do jejum (Mt 6.16). O que Jesus quis foi corrigir
a motivação de nosso coração em orar, não proibir um ministério visível de
oração que sirva de modelo para os discípulos.

O Ministério de Oração Visível de Jesus


Todos os relatos das orações de Jesus demonstram que Ele desenvolvia um
ministério de oração visível. Ele ensinou seus discípulos a orar por meio de sua
vida de oração. Joel Comis ey diz que esus não l es ensinou simplesmente
acerca da oração. Mas também le s pediu que fossem orar com ele. Ele le s
permitiu que o vissem orar. E nalmente quando os discípulos le perguntaram o
que estava fazendo, então tomou a oportunidade de ensiná los acerca da oração .[9]
Era visível para os discípulos que Jesus se retirava para orar, tanto que Lucas
relata: Ele, porém, retirava se para os desertos, e ali orava (Lc 5.16). Jesus foi
orar sozinho, mas quem relatou que Ele foi orar sabia que Ele estava orando.
preciso mostrar para nossos discípulos que temos momentos a s s com Deus.
Eles precisam ver isso em nossa vida.
Theodore Roosevelt, presidente dos Estados nidos entre 1901 e 1909,
disse: ocê pode adorar a Deus em qualquer lugar e em qualquer tempo, mas,
provavelmente, não conseguirá isso sem antes aprender a adorá lo num lugar
reservado e num tempo especí co . Eu diria:
É preciso mostrar para
você pode orar a Deus em qualquer lugar e
nossos discípulos que
em qualquer tempo, mas, provavelmente,
não conseguirá isso sem antes aprender a temos momentos a sós
orar num lugar reservado e num tempo com Deus.
especí co. Muitos discípulos ainda não
sabem como orar por um tempo signi cativo. Então, eu mostro a minha lista
pessoal de oração e ensino aos meus discípulos que eles precisam criar as suas
listas pessoais de oração e apresentá-las diariamente a Deus.
Lembro-me de que, certa vez, um discípulo meu estava viajando e, por meio
de uma rede social, comunicou-me sua ang stia em ter que decidir aceitar, ou
não, a transferência que sua empresa estava propondo como condição de
permanência nela. Ele me dizia que não gostaria de se mudar, uma vez que
agora estava experimentando o que era ser igreja. Então, ele me falou dos
pontos positivos e negativos de sua saída da cidade e não deixava de ressaltar a
ang stia que estava sentindo. Eu simplesmente lhe perguntei: Você já tirou
um tempo especial para car sozinho com Deus e saber que decisão Ele quer
que você tome Ele ainda não tinha feito isso, mesmo sendo alguém com mais
de 25 anos participando da igreja. Alguns dias depois, ele apenas me disse:
Pastor, eu ainda não sei a resposta, mas onde o Senhor quiser que eu esteja,
estarei . Por meio do RD, temos a nidade su ciente para orientar nossos
discípulos a buscarem o Senhor sempre que eles se esquecerem de fazer isso.
Em Lucas 6.12, encontramos outro relato sobre a oração de Jesus. Desta vez,
Ele passou a noite toda orando: E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a
orar, e passou a noite em oração a Deus . Precisamos ensinar aos nossos
discípulos a importância de passar uma noite orando. Lembro-me dos
momentos signi cativos de oração que passei com outros jovens da Primeira
Igreja Batista de Rio Doce, Olinda-PE, onde cresci. Ainda desenvolvendo uma
vida discipular, eu levava amigos (que se tornaram meus discípulos) para a casa
em que morava e passávamos a noite orando juntos. uantas coisas
maravilhosas Deus falou ao nosso coração nesses momentos. Como
discipuladores, ensinamos a importância de orar pelas madrugadas orando
juntos com os nossos discípulos.
Jesus ainda nos mostra que precisamos chamar os nossos discípulos para orar
conosco a m de terem experiências extraordinárias com Deus. Em Lucas 9.28,
lemos: E aconteceu que, quase oito dias depois destas palavras, tomou consigo a
Pedro, a oão e a Tiago, e subiu ao monte a orar . Jesus sabia o que iria acontecer
naquela noite e como seria importante para alguns de seus discípulos verem a
trans guração. Ele sabia que precisava conduzir os seus discípulos a subir um
degrau na espiritualidade.
Alguns de nossos discípulos s descobrirão o valor da oração para o
crescimento espiritual quando forem conduzidos por n s a experiências
profundas com Deus. Isso não acontece, inicialmente, sem um referencial de
busca a Deus. Encontramos bons livros que podem ajudar nossos discípulos a
se aprofundarem na intimidade com Senhor. Nos 40 dias em que estive orando
com o João, emprestei-lhe o livro Por que tarda o pleno avivamento , que
contribuiu para o seu entendimento sobre a importância da oração. Mas nada
seria capaz de substituir a experiência de orarmos juntos nos bancos da igreja,
bem como nas margens do lago perto de nossa casa.
Percebemos também que o RD de Jesus incluía o ensino verbal sobre
oração. Em Lucas 18.1 encontramos Jesus ensinando aos seus discípulos o
dever de orar e nunca esmorecer. bom lembrar que esse ensino não foi
direcionado multidão, mas sim aos seus discípulos: A seguir, dirigiu se aos
discípulos... (Lc 17.22). Ou seja, a compreensão da perseverança na oração s
acontece na vida daqueles que já se tornaram discípulos de Jesus. Nosso RD
deve incluir o ensino verbal dos princípios de oração, lembrando sempre,
porém, que o ensino sobre a oração s adquire autoridade quando, de fato,
desenvolvemos um ministério pessoal de oração.
Muitas pessoas não ensinam sobre oração porque têm falhado em sua
dedicação a esse ministério. Henry Martyn, sacerdote anglicano e missionário
na Índia e Pérsia, que teve sua vida in uenciada pela leitura da vida de David
Brainerd, um missionário aos índios americanos, disse: Atribuo min a atual
condição de debilidade espiritual ao fato de não ter tempo su ciente para meu
momento devocional particular. A , quem me dera ser um o mem de oração Esta
sinceridade em oração pode nos conduzir a uma mudança que in uencie
nossos discípulos. Se quisermos ensiná-los a orar, precisamos transbordar
oração. impossível alguém que não ore ter impacto su ciente para conduzir
outras pessoas oração. Precisamos admitir o quanto temos falhado em relação
oração e pedirmos ao Senhor que nos ensine a orar.
Fui in uenciado em minha vida de
O ensino sobre a oração
oração pelo meu discipulador, pastor
só adquire autoridade
Nilson dos Santos. Ele tem sido conhecido
como o Nilson que ora . frente da quando, de fato,
Primeira Igreja Batista de Rio Doce por 37 desenvolvemos um
anos, ele desenvolveu o seu ministério ministério pessoal de
fundamentado na Bíblia e na oração. Ele oração.
me ensinou sobre oração de diversas
formas: falando comigo sobre princípios bíblicos da oração, chamando-me
para orar com ele e colocando-me frente de grupos de oração. Hoje eu
entendo o que ele queria ensinar quando dizia: uando Deus deseja levantar
um líder, Ele levanta um povo para orar .
Por m, temos mais um brilhante ensinamento do ministério visível de
oração de Jesus, quando, em seu momento de ang stia, Ele chama os seus
discípulos para o Getsêmani a m de orar. Estando lá, Jesus chama três de seus
discípulos para participarem com Ele do momento mais íntimo de sua oração.
Jesus chama Pedro, Tiago e João para vê-lo em sua a ição. Exatamente ali
encontramos as ltimas atitudes de oração de Jesus diante da sua equipe, seus
discípulos. Encontramos no Getsêmani um dos trechos mais emocionantes da
vida de Jesus, em que percebemos com maior apropriação sua humanidade.
nesse momento também que podemos perceber algumas características
interessantes do RD de Jesus. Sabemos que entre Ele e os seus discípulos havia
níveis de relacionamento. Dos doze, havia três com quem Ele tinha mais
intimidade. Eram ousados, desprendidos, cheios de falhas como os outros, mas
receberam um convite especial para estarem mais pr ximo de Jesus enquanto
Ele orava. Para os outros discípulos, Jesus
Os discípulos com quem
diz: Sentai vos aqui, enquanto vou ali orar
Jesus pode contar são
(Mt 26.36). A maior parte do grupo não
foi convidada por Jesus para participar de aqueles com quem Ele
um dos seus momentos de maior sabe que valerá a pena
sofrimento. No momento mais difícil, dividir os seus
Jesus não contou com todos do seu grupo. sofrimentos.
Podemos aprender uma grande lição
para a nossa vida a partir dessa passagem. Não devemos revelar nossa
fragilidade a todas as pessoas. Precisamos de um grupo menor dentre a equipe
que nos rodeia com quem vamos expor nossas ang stias. Jesus convocou doze
discípulos para andar com Ele, mas, em certo momento de sua vida, o de
maior intimidade e sensibilidade, Ele disse a oito dos doze (Judas já não estava
mais entre eles): Sentai vos aqui .
uantas vezes vivenciamos períodos de ang stia e queremos que todos nos
ouçam, que todos vejam nosso sofrimento e se sensibilizem Jesus nos ensina
que, em determinado momento de nossa vida, precisamos dizer para alguns:
Sentai vos aqui , ou seja, este é o limite de nossa intimidade. E, assim, s para
uns poucos apresentamos o que nos angustia.
Essa mesma palavra de Jesus me leva a uma profunda re exão: eu faço parte
do grupo dos oito, a maioria, ou faço parte dos três, a minoria com quem Jesus
contou Tenho eu sido um discípulo para quem Jesus compartilharia seus
anseios e ang stias Os discípulos com quem Jesus pode contar são aqueles
com quem Ele sabe que valerá a pena dividir os seus sofrimentos.
Olhando para o mundo ao nosso redor percebemos muito sofrimento. Creio
que tudo isso também traz ang stia ao coração de Deus. Mas algumas pessoas
que se consideram discípulas de Jesus não conseguem enxergar esse sofrimento.
Talvez porque Jesus não lhes tenha revelado sua ang stia, e isso porque Ele
sabe que de nada adiantaria fazê-lo, pois essas pessoas preferem sentar e
descansar enquanto Jesus se afasta para se a igir na companhia dos seus
discípulos mais íntimos. A obra de Deus é desgastante, não é verdade
preciso ensinar aos nossos discípulos que nossa fragilidade deve ser
apresentada a Deus em oração. Há pessoas que não compreenderão certas
fragilidades de um discipulador e por isso precisamos ser criteriosos ao
escolher os mais íntimos , mas, mesmo assim, o pr prio Cristo abriu o
coração para três de seus discípulos e con denciou: A min a alma está
profundamente triste até a morte, cai aqui e vigiai comigo (Mt 26.38). Tenho
tido a alegria de poder abrir o meu coração com alguns de meus discípulos e
experimentar a mutualidade bíblica da oração uns pelos outros. Ensinar a
oração signi ca também levá-los a orar por n s. Para isso, é preciso abrir o
coração para eles. Jesus nos ensina isso.

O Ministério de Oração Visível no Antigo


Testamento
No Antigo Testamento, há vários exemplos de vidas de oração. Daniel é um
deles. Ele faz parte da galeria dos ministérios visíveis de oração. Com ele, n s
aprendemos alguns princípios que precisam ser experimentados por todos n s
hoje.
uando o rei Nabucodonosor teve um sonho, ele exigiu que os sábios da
Babil nia revelassem qual o sonho que ele teve e a sua interpretação. Como
nenhum sábio conseguiu desvendar esse mistério, o rei decretou a morte de
todos os sábios, incluindo Daniel e seus amigos. Ao saber disso, Daniel
interferiu na ordem do rei e pediu-lhe um tempo para desvendar o sonho e sua
interpretação.
Ao sair da presença do rei, a Bíblia nos diz: Então Daniel foi para a sua casa,
e fez saber o caso a ananias, Misael e Azarias, seus compan eiros Para que
pedissem miseric rdia ao Deus do céu, sobre este mistério, a m de que Daniel e
seus compan eiros não perecessem, juntamente com o restante dos sábios da
abil nia (Dn 2.17,18).
Ter um ministério de oração visível é fazer da oração a nossa reação s
questões que fogem da nossa competência. apontar a oração como solução
para tempos de sobrevivência e chamar os
Ter um ministério de
amigos oração. Daniel mostra aos seus
oração visível é fazer da
companheiros que é preciso buscar a
miseric rdia do Senhor. Ao dizer isso, oração a nossa reação
Daniel está deixando claro o que ele iria às questões que fogem
fazer naquele momento. Daniel não estava da nossa competência.
transmitindo um ensino apenas em uma
classe de Escola Bíblica Dominical. Ele estava apontando a oração como nica
saída.
Muitas vezes temos deixado a oração de lado. Em meio s di culdades, a
maioria das famílias cristãs não faz uso imediato da oração como ferramenta de
busca de soluções. Por meio do RD, precisamos ensinar que a oração deve ser a
nossa primeira e principal reação diante das questões da vida.
A oração era visível em Daniel, tanto que temos a expressão de sua gratidão
registrada:
Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força E ele
muda os tempos e as estações ele remove os reis e estabelece os reis ele dá sabedoria aos sábios e
conhecimento aos entendidos. Ele revela o profundo e o escondido conhece o que está em trevas, e
com ele mora a luz. Deus de meus pais, eu te dou graças e te louvo, porque me deste sabedoria e
força e agora me zeste saber o que te pedimos, porque nos zeste saber este assunto do rei (Dn 2.20-
23).

Precisamos ensinar nova geração que temos o Deus que nos socorre e isso
s acontece quando, no momento das di culdades, recorrermos a Ele em
oração. uando eu estava dando aula sobre oração na matéria de
Espiritualidade do seminário, um seminarista me contou a experiência que
teve com seu sobrinho de quatro anos, cujos pais pertencem a uma igreja
evangélica daqui da nossa região há mais de vinte anos. O menino costumava
ir casa de uma de suas av s, que frequentemente estava de joelhos no quarto
em oração. Certo dia, toda a família estava reunida e ele pediu sua av que
rogasse a Deus que abrisse uma porta de emprego para ele. Ninguém entendeu
o porquê de ele, naquela idade, fazer um pedido desse. Ao ser questionado, ele
disse que sempre ouvia a sua av orar para Deus abrir uma porta de emprego
para seu primo que estava desempregado. O que chamou a atenção do meu
aluno foi que, mesmo os pais do menino sendo cristãos, eles nunca
desenvolveram um ministério de oração que zesse com que seu pr prio lho
os procurasse para pedir algo a Deus. Ao mesmo tempo, os poucos momentos
em que a criança esteve com a sua av foram su cientes para saber que, na
hora de pedir algo a Deus, ele poderia recorrer a ela (não a seus pais), pois era
uma mulher de oração.
No RD, precisamos desenvolver a oração de forma aplicada, ser referenciais
de oração para as novas gerações de discípulos. Por isso, oramos para iniciar
cada encontro discipular. Tudo o que vai ser conversado precisa da orientação
de Deus. O discipulador depende da orientação de Deus e o discípulo precisa
do toque do Senhor para abrir o coração. Muitas vezes o discípulo tem
questões guardadas em seu coração e, se não pedirmos que o Espírito Santo o
incomode, podemos perder a oportunidade de ajudá-lo nessas questões
importantes. Oramos também no m de cada encontro, porque, ap s termos
conversado sobre os desa os pessoais, precisamos apresentar a Deus tudo o que
precisa ser ajustado, bem como todos os anseios. A nal de contas, o ap stolo
Paulo nos ensina: não andeis ansiosos de coisa alguma em tudo porém, sejam
con ecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela s plica, com ações
de graças (Fp 4.6).
Acreditamos que é enquanto oramos no RD que o discípulo aprende o valor
da oração. Termos ensinado o valor da oração, orando por todas as nossas
necessidades, possibilitou criarmos o hábito de compartilhar pedidos
emergenciais através dos mecanismos tecnol gicos. uando algum discípulo
está passando por problemas, imediatamente ele envia mensagens pedindo
oração ao seu discipulador, que prontamente se dedica mais em oração e s
vezes entra em contato e oram juntos. O resultado são vit rias experimentadas
em respostas s orações, consolo pela mutualidade, orientação pelo
direcionamento do Espírito Santo e livramentos pela retaguarda espiritual em
oração.
O ministério de oração de Daniel era visível a ponto de os presidentes e os
sátrapas que procuravam ocasião para acusá-lo encontrarem, num decreto de
proibição de petições a qualquer deus ou qualquer homem a não ser ao rei
Dario, a nica oportunidade para puni-lo. Eles sabiam que Daniel orava
incessantemente. Eles sabiam que ele fazia isso três vezes ao dia. A postura de
Daniel em relação proibição foi continuar com a sua devoção, pois con ava
no Deus que é muito maior do que qualquer decreto humano. Diz o texto:
Daniel, pois, quando soube que o edito estava assinado, entrou em sua casa (ora havia no seu quarto
janelas abertas do lado de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças
diante do seu Deus, como também antes costumava fazer. Então aqueles homens foram juntos, e
acharam a Daniel orando e suplicando diante do seu Deus (Dn 6.10,11).

Ter um ministério visível de oração é


Ter um ministério visível
colocar nossa devoção acima de qualquer
de oração é colocar
obstáculo que tente nos desviar do
encontro pessoal com o Senhor. Certa vez, nossa devoção acima de
fui chamado a um de nossos Pequenos qualquer obstáculo que
Grupos Multiplicadores para orientar uma tente nos desviar do
família que enfrentava uma di culdade encontro pessoal com o
com um parente. Eu teria que ir ao Senhor.
encontro dessa família, que não pertencia
nossa igreja para aconselhá-la. Imediatamente mobilizei algumas pessoas
especí cas da igreja para intercederem por minha missão. Deixe-me dirigir
uma palavra especialmente a pastores e líderes. Muitas vezes, pensamos que
nossas orações particulares são su cientes para enfrentarmos as batalhas do dia
a dia. Porém, mobilizar os discípulos para orar é ensinar que todos n s,
pastores ou não, dependemos da intervenção de Deus e da oração dos irmãos.
Entre as pessoas que mobilizei para a oração, estava o casal líder desse PGM.
Enquanto eles oravam, um carro veio e bateu no deles, que estava estacionado
em um lugar seguro. A pessoa que dirigia o carro estava fazendo uma manobra
completamente desnecessária. Não havia explicação para aquilo. Contudo, o
casal, que estava intercedendo, entendeu que o ocorrido era para desviá-los da
oração. Então, não transformaram o fato em um con ito que os retirasse da
cobertura espiritual que estavam me dando. Como resultado, obtive vit ria
espiritual naquilo que estava fazendo e o casal líder do PGM testemunhou
como o RD os tem conduzido maturidade cristã. Se fosse em outro tempo,
eles reagiriam de forma diferente.
O Ministério de Oração Visível na Vida do
Apóstolo Paulo
Assim como percebo uma intencionalidade no ministério de oração de Jesus
em ensinar outros a terem uma vida de oração, bem como na vida de alguns
personagens do Antigo Testamento, encontro também essa intencionalidade
no ap stolo Paulo, que sempre compartilhava a sua vida devocional de oração
com seus discípulos e igrejas. Sobre o ministério de oração de Paulo, esley
Duewel relata:
Em dez das cartas de Paulo, ele falou da sua oração por aqueles a quem estava escrevendo. Em oito das
suas cartas, ele suplica pela ajuda em oração dos seus convertidos e amigos. Paulo era um tal modelo
de oração que formou um povo de oração. Todo líder evangélico deve considerar Paulo como
exemplo de como pode ser um ministério pela graça de Deus. Paulo, o intercessor, é o modelo
daquilo que você e eu devemos ser hoje.[10]

Escrevendo igreja de Roma, o ap stolo Paulo expõe seu ministério de


oração declarando: Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no Evangelo de
seu il o, é min a testemun a de como incessantemente faço menção de v s em
todas as min as orações, suplicando que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se
me ofereça boa ocasião de visitar vos (Rm 1.9,10). Paulo relata aos irmãos de
Roma que suas orações incluem a intercessão constante por eles e para que
Deus lhe conceda a oportunidade, segundo a Sua vontade, de ir visitá-los.
Aos efésios ele a rma: não cesso de dar graças por v s, fazendo menção de v s
nas min as orações (Ef 1.16). Paulo deixa claro que o seu ministério de oração
inclui orar constantemente pela igreja de feso, pedindo que Deus dê espírito
de sabedoria e revelação do pleno conhecimento de Jesus Cristo. Escrevendo
aos lipenses também diz: Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de v s,
fazendo sempre, com alegria, s plicas por todos v s, em todas as mina s orações
(Fp 1.3,4). Paulo mostra que seu ministério pessoal de oração inclui a s plica
constante pela vida daquela igreja.
Na carta aos tessalonicenses, Paulo também torna p blicas as suas orações
em favor deles, dizendo: Paulo, e Silvano, e Tim teo, igreja dos tessalonicenses
em Deus, o Pai, e no Sen or esus Cristo Graça e paz ten ais de Deus nosso Pai e
do Sen or esus Cristo. Damos, sempre, graças a Deus por todos v s, mencionando
vos em nossas orações (1Ts 1.1,2). Nessa carta, Paulo não s apresenta o
conte do de suas orações igreja de Tessal nica, como também a rma que
essas orações eram feitas por ele, Silvano e Tim teo. Aquele grupo de
discípulos que acompanhava Paulo estava exercendo o mesmo ministério de
oração do ap stolo. Havia entre eles uma cumplicidade na oração. Certamente,
Silvano e Tim teo estavam aprendendo com Paulo sobre o ministério de
oração. Dentro da equipe de plantação de novas igrejas que cooperava com
Paulo, temos também Epafras. Em relação aos colossenses, Paulo diz que ele
...se esforça sobremaneira, continuamente, por v s nas orações, para que vos
conserveis perfeitos e plenamente convictos em toda vontade de Deus (Cl 4.12).
Para desenvolver um ministério de oração visível que in uencie a vida de
nossos discípulos, é fundamental desfrutarmos de uma nova dimensão de
oração em nossos dias. Talvez você pense que ensinar os membros de uma
igreja a ter um ministério visível de oração seja muito perigoso, pois alguns
podem ser conduzidos ao orgulho pessoal. Eu diria que realmente corremos
esse risco, mas que mais perigoso do que isso é termos uma geração de cristãos
que nunca terá experimentado uma intimidade profunda com Deus por meio
da oração. O que é perigoso mesmo, a nal de contas, é tentarmos sobreviver
no meio de uma sociedade tão corrupta e perversa sem formarmos um batalhão
espiritual de oração por meio de discípulos que saibam o que de fato é orar.
Leonard Ravenhill já disse: Pastores que não oram nunca poderão reproduzir
guerreiros da intercessão . Eu diria que discipuladores que não oram nunca
poderão reproduzir guerreiros da intercessão.

Orando pelos Nossos Discípulos


Além de ensinar os seus discípulos a orar por meio de sua pr pria vida de
oração, Jesus orou pelos seus discípulos, deixando para n s o exemplo de que,
no RD, a intercessão é fundamental. Lembro-me de que certa vez um professor
da Escola Bíblica Dominical da igreja em que cresci foi até o nosso pastor e
perguntou: Pastor, o que devo fazer para minha classe crescer
numericamente O pastor respondeu: Pegue a lista de matriculados da sua
classe e ore diariamente por eles . O professor, não muito satisfeito com a
resposta, insistiu: Não, pastor, eu quero saber como eu posso atrair mais
pessoas para a minha classe . Calmamente o pastor respondeu: Pegue a lista
com os nomes dos seus alunos e ore por eles todos os dias . Ainda não
conformado com aquilo que obteve como resposta, aquele professor insistiu:
Pastor, eu acho que o senhor não entendeu a minha pergunta . O pastor
então concluiu: Você é que não entendeu. Se quer ver a sua classe crescer, ore
diariamente por todos os seus alunos . O que o nosso pastor estava querendo
dizer é que, se queremos ter algum crescimento, precisamos orar.
A oração é o fator fundamental para qualquer crescimento. Se desejamos ver
nossos discípulos crescerem, precisamos orar diariamente por eles. Dave Earley,
falando sobre como ser um líder e caz, a rma: Depois de 2 anos liderando
grupos pequenos e supervisionando líderes de grupos pequenos, ten o ce gado a uma
conclusão clara a oração é a atividade mais importante do líder de grupo
pequeno .[11] Não apenas para fazer crescer a classe da Escola Bíblica
Dominical ou mesmo o PGM, a oração é insubstituível para o crescimento da
vida de nossos discípulos.
Nossa igreja estava chegando marca de 60 pessoas discipuladas
semanalmente, quando um casal que minha esposa e eu discipulamos nos
relatou que não estava conseguindo levar seus discípulos ao crescimento
espiritual. Desa amos esse casal a interceder todos os dias pelos seus discípulos.
O resultado não demorou. Em algumas semanas, nossos discípulos chegaram
contando a diferença que estava começando a surgir na vida daqueles que eles
estavam discipulando.
A oração sacerdotal de Jesus pelos seus discípulos nos ensina alguns
princípios sobre a vida de oração pelos nossos discípulos. Nela encontramos
três motivos pelos quais precisamos interceder. O primeiro motivo que
devemos apresentar em oração por nossos discípulos é a área ministerial. Jesus
orou pela proteção de seus discípulos que continuariam no mundo, a m de
que fossem um como Ele e o Pai. á não estou no mundo, mas eles continuam
no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda os em teu
nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como n s (Jo 17.11). A ida de
Jesus para junto do Pai implicaria diretamente a nossa responsabilidade de
representá-lo por meio de nosso ministério. Como Ele mesmo a rmou: Em
verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras
que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai (Jo 14.12).
Ninguém se converte para ser imediatamente conduzido ao céu. Cada
discípulo de Jesus tem um ministério. N s permanecemos no mundo para
desenvolver o ministério que o Senhor tem para n s.
Jesus sabia da importância de orar pela proteção de seus discípulos. Ele sabia
que sua ausência implicaria a necessidade da retaguarda espiritual por meio da
oração. Essa proteção está fundamentada no Deus que é santo e que pode
livrar os seus servos do mal. Jesus pede ao Pai que guarde seus discípulos para
que eles sejam um. uma proteção que preserva a unidade na fé em meio a
todos os desa os deste mundo corrupto.
Precisamos desenvolver a oração em favor de nossos discípulos para que eles
permaneçam rmes debaixo da proteção do Senhor e tenham a possibilidade
de desenvolver seus ministérios pessoais. ue não sejam apenas membros de
igreja, mas instrumentos usados poderosamente por Deus, desenvolvendo os
seus dons na expansão do reino de Deus aqui na terra.
O segundo motivo de oração que devemos desenvolver pelos nossos
discípulos é a área da santidade. Jesus ainda ora: ão peço que os tires do
mundo, e sim que os guarde do mal. Eles não são do mundo, como também eu não
sou. Santi ca os na verdade a tua palavra é a verdade (Jo 17.15-17). Ele não
pede que seus discípulos sejam levados imediatamente ao céu, mas que sejam
protegidos do pecado, que sejam santi cados pela Palavra do Pai.
m dos grandes desa os de nossa época
Não cometa o erro de
é falar sobre santidade. Esse é um assunto
car envolvido com o
que tem ocupado pouco os p lpitos. Mas é
preciso ensinar sobre santidade e, muito recurso e deixar o
mais que isso, é preciso orar pela santidade princípio de lado.
de nossos discípulos. ma santidade que
seja fruto do agir da Palavra de Deus na vida de cada um deles. Nossa oração
deve contemplar a santidade de nossos discípulos como fundamento para o
tipo de vida que Deus deseja para a sua igreja.
m jovem que discipulei, quando ainda era seminarista, estava enfrentando
uma questão muito grave em relação imoralidade sexual. Ele já havia tentado
abandonar algumas práticas que ele mesmo reconhecia como pecado, já havia
buscado aconselhamento com alguns pastores e líderes, mas não tinha
conseguido vencer suas di culdades. Começamos a conversar e a re etir em
textos bíblicos acerca do assunto. Alguns dias depois, ele ainda estava sendo
vencido pelas tentações. Então, zemos um prop sito de oração juntos em
favor de sua situação. Como consequência disso, houve uma progressiva
melhora até que nalmente ele venceu essa questão. Hoje, anos depois, ainda
sou informado de sua permanência em vit ria sobre o pecado. Acredito que a
oração foi fundamental para fortalecer aquele discípulo, que precisava desfrutar
da libertação do pecado para viver uma vida de santidade.
O terceiro aspecto que deve ser incluído nas orações por nossos discípulos é
o testemunho de cada um deles. Jesus nos ensina a orar pela unidade dos
nossos discípulos. Ele ora: ão rogo somente por estes, mas também por todos
aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra a m de que
todos sejam um e como és tu, Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em n s
para que o mundo creia que tu me enviaste (Jo 17.20,21). Essa unidade envolve
o testemunho cristão de que Jesus é o Messias, o Salvador do mundo. Jesus ora
para que essa unidade seja uma realidade na vida dos discípulos.
A unidade dos discípulos tem o poder de fazer com que o mundo creia que
Jesus é o enviado de Deus. O inimigo sabe dessa verdade espiritual. Por isso,
empreende todos os esforços para quebrar a unidade da igreja. Sabendo disso,
devemos interceder pelo testemunho que é gerado pela unidade dos nossos
discípulos. A oração para que sejamos um deve estar incluída diariamente na
nossa intercessão por aqueles que discipulamos, para que cada um deles seja
testemunha de Jesus em seu proceder diário.
Vemos também o ap stolo Paulo intercedendo por seus discípulos e pelas
igrejas. Nessas orações encontramos conte do su ciente para nossas orações. A
exemplo do ap stolo, podemos orar pelos nossos discípulos, para que Deus
lhes conceda:

Espírito de sabedoria (Ef 1.15-19) Para que eles saibam como proceder
dignamente e tomar as decisões da vida pela sabedoria que vem do alto.
Revelação no pleno con ecimento de Deus (Ef 1.15-19) Para que não
desenvolvam um relacionamento super cial com Deus, mas que seja
um relacionamento progressivo, que favoreça o conhecimento de Deus.
fortalecimento com poder (Ef 3.14-21) Para que não tenham uma
vida cristã vacilante. Pelo contrário, que recebam do Espírito Santo o
poder para permanecerem rmes.
Crescimento no amor fraternal (Fp 1.3-11 1Ts 3.11-13) Para que se
relacionem mutuamente com o amor cristão e não com um amor
interesseiro, que o mundo ensina.
Con ecimento da vontade de Deus (Cl 1.9-12) Para que a cada dia eles
se ajustem vontade de Deus. Para que, no momento das escolhas,
decidam agradar a Deus com o seu viver, fruti quem em toda boa obra,
cresçam no conhecimento de Deus e sejam fortalecidos no Senhor.

Jesus nos deixou o exemplo de


No RD, a verdadeira
intercessão pela vida dos discípulos. Paulo
transformação
experimentou essa verdade e aplicou em
seu ministério. N s precisamos não s ter a espiritual não é fruto de
consciência da importância de orarmos nossa capacidade
pelos nossos discípulos, mas aplicar essa intelectual, mas sim
prática em nossa vida diária. No RD, a resultado de uma vida
verdadeira transformação espiritual não é de oração.
fruto de nossa capacidade intelectual, mas
sim resultado de uma vida de oração. Leonard Ravenhill, argumentando sobre
a importância da oração, disse: verdade que a oração muda as coisas mas
antes de tudo ela muda as pessoas .[12] Se n s quisermos de fato ver a
transformação daqueles que discipulamos, devemos nos aplicar ao ensino e
prática da oração.

Aplicações Práticas
1. Sua pr pria lista de ora o Tenha um caderno onde você escreva os
pedidos a serem apresentados a Deus e o nome de seus discípulos.
2. ista de ora o do disc pulo Estimule seu discípulo a criar a sua
pr pria lista de oração. Você pode ajudá-lo a escrever os primeiros
pedidos.
3. Ora o nos encontros Ore sozinho antes de cada encontro
discipular. Peça a seu discípulo que ore antes de começar o discipulado.
Pergunte-lhe se há algum motivo especí co de oração e ore para
terminar o encontro, apresentando os desa os a serem vencidos por ele.
4. Ora o com a igre a Seja exemplo para seu discípulo participando
dos cultos de oração de sua igreja. Se sua agenda impossibilita a
frequência aos cultos, peça ao pastor para você organizar um horário
alternativo de oração na igreja.
5. Seu disc pulo na ora o da igre a Desa e seu discípulo a participar
dos cultos de oração de sua igreja. E, se sua agenda também não
permitir a frequên- cia aos cultos, vão juntos em horário alternativo e
orem juntos no templo ou em uma sala especí ca.
6. ig lias da igre a Participe e leve seu discípulo a participar das vigílias
de sua igreja. Se sua igreja não realiza vigílias, torne-se um mobilizador
para essa atividade.
7. Orando em todo tempo Sempre que houver algum dilema na vida
do discípulo, antes de tentar dizer alguma coisa que lhe sirva de
resposta, faça uma oração com ele, pedindo a orientação do Senhor.
Assim, você estará ensinando ao seu discípulo a importância de
consultar o Senhor antes de tudo.
8. Cart o Al o de Ora o[1 ] Tenha o seu cartão, com nome de pessoas
ainda não salvas, como alvo de oração e RD. Chame e estimule o seu
discípulo a ter o seu cartão.

[8] Por que tarda o pleno avivamento , p. 147.


[9] Discipulado relacional, p. 17.
[10] Em c amas para Deus, p.189.
[11] ábitos do líder e caz de grupos pequenos orientações para transformar seu ministério fora do encontro
do grupo pequeno, p. 29.
[12] Por que tarda o pleno avivamento , p 146.
[1 ] A Junta de Missões Nacionais produziu o Cartão Alvo de Oração com espaço para nomes de pessoas
a serem alcançadas para o discipulado de Jesus, iniciando, assim, o processo de chamar, acolher e
aperfeiçoar discípulos.
5

ZELAR PELA PESSOA:


Doando Nossa Vida em Favor dos
Outros
“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a própria vida pelos
seus amigos.” João 15.13

Tenho um diácono em minha igreja que é um exemplo de zelo pelas


pessoas. Desejoso de abençoar um casal em seu crescimento espiritual, ele
aceitou o desa o de diariamente ir casa deles antes de saírem para o trabalho
a m de estudarem a Bíblia juntos. Esse diácono dedicou-se por um bom
tempo quele casal até perceber que eles já tinham a possibilidade de caminhar
apenas com um encontro semanal de RD. Somente Deus sabe o quanto esse
diácono teve que abrir mão para estar todos os dias lendo a Bíblia com aquele
casal, quantas coisas pessoais ele teve que deixar de lado para investir tempo
com eles.
Pode parecer exagero, mas a atitude desse discipulador representa a doação
de vida que se espera no RD. Não podemos falar de zelo sem falar de doação
de vida. elo é o investimento na vida do discípulo como um todo.
Acreditamos que a vida em igreja signi ca levar os fardos uns dos outros e que,
por meio do RD, temos o cuidado de ajudar os discípulos em todas as áreas de
sua vida, zelando para que seu desenvolvimento espiritual ua naturalmente
por meio do cuidado.
O livro greja Multiplicadora explica o elar pelo discípulo dizendo que o
evangelista discipulador deve procurar exercer compaixão pela pessoa discipulada,
zelando por sua sa de espiritual, física, emocional, familiar e até nanceira, dentro
do possível .[14] Essa compaixão se expressa por meio do amor sacri cial.

O Zelo como Amor Sacri cial


O que se espera do discipulador é doação de vida em favor do seu discípulo.
No contexto de fruti cação de João 15, Jesus recomenda a seus discípulos que
exerçam o amor sacri cial. Ao mesmo tempo em que renovou o mandamento
do amor, Ele se colocou como o referencial para esse amor: meu
mandamento é este Amai vos uns aos outros, assim como eu vos amei (Jo 15.12).
Jesus também declarou que esperava que seus discípulos amassem de forma
sacri cial: inguém tem maior amor do que aquele que dá a pr pria vida pelos
seus amigos (Jo 15.13). Ele disse isso porque Ele mesmo doou a sua vida por
n s, como João registra: isto con ecemos o amor Cristo deu sua vida por n s, e
devemos dar nossa vida pelos irmãos (1Jo 3.16).
elar pelo discípulo signi ca amá-lo
Zelo é o investimento na
com o amor de Jesus, cuidar dele de forma
vida do discípulo como
paternal. investimento de vida na vida.
Signi ca estar disposto a se sacri car para um todo.
fazer com que o discípulo obtenha
crescimento pessoal. Re etindo sobre os muitos bebês espirituais que são
gerados na igreja e o zelo que é empreendido para eles, aylon Moore
lamenta:
Infelizmente poucas pessoas revelam amor semelhante ao de Cristo e poucas compreendem quão vasto
e ilimitado campo de ministério é o trabalho com indivíduos. Não são muitos também os que estão
dispostos a oferecer cuidados de pai a novos crentes, não permitindo que se tornem rfãos espirituais.
Na verdade, não é outra senão uma situação de orfandade a que ocorre com os recém-batizados em
igrejas nas quais o pastor e os principais obreiros arcam sozinhos com toda a responsabilidade de
cuidar deles. Na maioria das igrejas, os convertidos são simplesmente adicionados ao rol de membros
e abandonados a cuidarem espiritualmente de si mesmos. doloroso observar, mas o fato é que há
muitos rfãos e poucos pais espirituais em nossas igrejas.[15]
Esse zelo não deve ser restringido aos novos na fé. O RD deve abranger
todos os membros da igreja. O discipulador precisa estar disposto a investir a
sua vida na formação de novos discípulos multiplicadores, e isso acontecerá
medida que se dedique com zelo pelos seus discípulos.

Exemplos de Zelo em Jesus


O encontro de Jesus com os dois discípulos no caminho de Ema s é uma
grande demonstração do zelo que Ele teve por seus discípulos (Lc 24.13-35).
Esse encontro nos ensina elementos importantes para exercermos o cuidado
com nossos discípulos:

1. ZELAR É SE IMPORTAR COM CADA DISCÍPULO DEDICANDO-LHE


TEMPO

Jesus tinha acabado de ressuscitar. Ele tinha pouco tempo antes de ser
elevado aos céus. Podemos pensar que havia muitas coisas para Jesus ajustar no
ministério que os ap stolos iriam exercer. Apesar disso, Jesus incluiu na agenda
a necessidade de ir ao encontro de dois discípulos que estavam voltando para
casa entristecidos por causa de sua morte.
Provavelmente aqueles dois discípulos tinham deixado a família e o emprego
para seguirem Jesus, mas agora estavam retornando com a notícia de que Ele
estava morto. Lucas relata esse fato, dizendo: esse mesmo dia, dois deles
seguiam para um povoado c amado Ema s, distante de erusalém sessenta estádios
e iam comentando tudo o que a via acontecido. Enquanto comentavam e
discutiam, o pr prio esus se aproximou e começou a acompan á los (Lc 24.13-
15).
Jesus vai até eles, demonstrando que a prioridade de sua agenda ministerial
era cuidar de cada discípulo em suas necessidades especí cas. A primeira
dimensão que o discipulador deve sacri car é a do seu tempo. Muitas vezes o
discipulador precisará abrir mão de seu tempo para zelar pela vida de seu
discípulo, dando-lhe a atenção devida.
2. ZELAR É APROXIMAR-SE E ACOMPANHAR OS DISCÍPULOS A FIM
DE CUIDAR DELES

Enquanto comentavam e discutiam, o pr prio esus se aproximou e começou a


acompan á los (Lc 24.15). Jesus aproximou-se dos seus discípulos e os
acompanhou. Ele queria tratar do coração deles exatamente naquilo que os
a igia. Não há possibilidade de o discipulador exercer zelo mantendo-se
distante da pessoa. m encontro semanal, por exemplo, não é su ciente para
gerar essa proximidade. Não podemos limitar o RD a um encontro semanal.
Jesus não s se aproximou, como também os acompanhou, demonstrando que
o zelo é gerado por meio de uma caminhada ao lado. Para zelar pelos
discípulos, o discipulador precisa estar disposto a andar perto deles.

3. ZELAR É FAZER PERGUNTAS-CHAVE

Então ele l es perguntou Do que estais falando pelo camino Eles então
pararam tristes (Lc 24.17). Perguntar ao discípulo mostra o zelo do
discipulador. O desa o nesse aspecto é saber fazer a pergunta certa.
Nossa sociedade está acostumada a
A primeira dimensão
perguntar Tudo bem e obter como
que o discipulador deve
resposta: Tudo bem . Se alguém
responder Não, não estou bem , muitas sacri car é a do seu
pessoas carão sem saber o que fazer. Ou tempo.
então, muitas pessoas respondem Tudo
bem , mas na verdade não estão nada bem. Eu tenho desenvolvido a técnica de
perguntar Está tudo bem com você , e se a pessoa me responder Sim, tudo
bem , então eu pergunto: 100 ou 90 Se a pessoa responder 100 , ou
é porque ela realmente está bem, ou é porque ela não está aberta ao diálogo.
Mas se ela responder 90 , então eu continuo baixando: 90 ou 80 ,
até descobrir em que nível realmente ela está. Depois de descobrir que a pessoa
não está tão bem, eu pergunto: O que falta para chegar a 100 Dessa
forma, n s podemos criar o diálogo que possibilite cuidar de nosso discípulo
de forma especí ca. O discipulador pode utilizar os Guias de Solicitação de
Contas[16] para auxiliar suas conversas com os discípulos.

4. ZELAR É ESTAR DISPOSTO A OUVIR O DISCÍPULO

Ele l es perguntou uais E eles responderam... (Lc 24.19). Jesus não s fez
a pergunta acerca do que os discípulos estavam falando, como também quis
ouvir deles o que os estava incomodando. Jesus poderia revelar-se rapidamente
a eles, mas quis tratar o coração deles, e isso signi cava deixá-los falar
primeiramente. Por isso, o discipulador precisa ter a intenção de parar para
ouvir o que o discípulo tem a dizer. Dave Earley diz que ouvir é uma das
mel ores maneiras de aprofundar relacionamentos .[17]
N s estamos muito mais acostumados a falar do que a ouvir. Como
discipuladores, podemos cair no erro de querer ensinar o tempo todo, quando
na verdade o que o discípulo mais precisa é ser ouvido. Para exercer o zelo com
qualidade, o discipulador precisa aprender a ouvir.

5. ZELAR SIGNIFICA ESCLARECER COM A BÍBLIA O QUE NÃO ESTÁ


CLARO PARA O DISCÍPULO

E, começando por Moisés e todos os profetas, explicou le s o que constava a seu


respeito em todas as Escrituras (Lc 24.27). Ap s ouvir o desabafo dos
discípulos, Jesus passa a explicar pelas Escrituras aquilo que eles ainda não
haviam entendido. No RD, descobriremos diversas áreas em que o discípulo
ainda não está vivendo conforme a Palavra de Deus. Sabendo que o zelo pelo
discípulo abrange a sa de espiritual, física, emocional, familiar e até nanceira,
o discipulador precisa estar disposto a ajudar o discípulo a ajustar essas áreas.
Por exemplo: um discípulo que esteja endividado. Provavelmente alguma
coisa na vida familiar desse discípulo não está de acordo com a Palavra de
Deus. O discipulador deve buscar na Bíblia ou em materiais fundamentados
nela a ajuda para que o discípulo compreenda biblicamente qual deve ser sua
postura quanto s nanças e mordomia cristã.
6. ZELAR É TORNAR CRISTO REVELADO AO SEU DISCÍPULO

Então os ol os deles foram abertos, e o recon eceram e ele desapareceu de


diante deles (Lc 24.31). O objetivo nal do zelo é transmitir ao discípulo a
revelação de quem é Jesus. O discipulador deseja ensinar com o seu cuidado o
amor que Jesus tem por seus discípulos. Aqueles dois discípulos no caminho de
Ema s foram cuidados por Jesus até que o coração deles estivesse em paz e isso
aconteceu quando eles reconheceram que quem estava diante deles era o Cristo
ressurreto.
O cuidado que o discipulador tem pelo seu discípulo deve apontar para
Jesus. N s fazemos isso quando deixamos claro que todo o sacrifício que temos
feito pelo discípulo é fruto do sacrifício de Cristo em primeiro lugar. O
discípulo s terá paz em cada área de sua vida quando reconhecer Jesus agindo
nelas.
Lembro-me de um casal que minha esposa e eu começamos a discipular.
Eles estavam retornando para a igreja e ainda apresentavam valores pessoais
distorcidos. A situação nanceira deles não era nada boa. Completamente
endividados, eles estavam dispostos a mudar de vida e fazer a vontade de Deus.
Como discipuladores, nossa preocupação não se restringiu a reconduzi-los s
atividades da igreja. Começamos a desenvolver juntos um processo de
mudança de mente para que eles conhecessem e passassem a administrar os
recursos da família luz da Palavra de Deus.
Encaminhamos aquele casal para um curso de nanças ministrado em nossa
igreja. Eles passaram a administrar os recursos fundamentados nos princípios
bíblicos que estavam aprendendo. Trabalhamos no coração do casal para fazê-
los depender cada dia mais da provisão do Senhor. Cada conquista era
celebrada como uma vit ria dada pelo Senhor. Cada dívida quitada era
apresentada em oração como gratidão em reconhecimento de que Jesus estava
agindo na vida deles. medida que cuidávamos desse casal, mostrávamos o
quanto Deus estava agindo em favor deles e o quanto eles precisavam aprender
a depender dele. Como resultado, esse casal conseguiu quitar as suas dívidas.
Somente o marido permaneceu trabalhando. Hoje eles ganham muito menos
do que ganhavam, mas nada lhes tem faltado. Eles possuem muito mais do que
possuíam, porque agora eles administram o seu dinheiro da forma ensinada na
Palavra de Deus.
O ponto nal da caminhada de Jesus com aqueles dois discípulos foi revelar-
se a eles. O objetivo nal de nosso zelo com os discípulos é revelar Jesus através
do nosso cuidado.

O Zelo na Prática do Cuidado Individual


Nem todos os discípulos crescerão na mesma velocidade nem conseguirão
acompanhar o crescimento desejado pelo seu discipulador. Cada pessoa tem a
sua hist ria de vida e as suas limitações. Algumas pessoas exigirão do
discipulador um pouco mais de esforço. O relato da cura do paralítico em
Cafarnaum (Mc 2.1-12) nos mostra a prática do cuidado exercida pelos seus
quatro amigos. Se Jesus espera de n s um zelo sacri cial, os amigos desse
paralítico têm muito a nos ensinar acerca disso.
Algumas pessoas terão muitas di culdades de chegar sozinhas até Jesus.
Podemos dizer que essas pessoas estão espiritualmente paralíticas . Para elas, o
discipulador vai servir como os quatro amigos do paralítico. Esse paralítico
estava impossibilitado de ir até Jesus. Por isso, seus amigos se responsabilizam
em levá-lo até Ele. Marcos descreve: Então, c egaram alguns omens, trazendo
l e um paralítico, carregado por quatro deles (Mc 2.3).
Eles se sacri caram em favor de seu amigo, levando-o até Jesus. Não
queremos dizer que o discípulo deve depender permanentemente do seu
discipulador. Porém, na função de zelar, o discipulador sempre estará
exercendo um esforço sacri cial para conduzir seu discípulo ao crescimento.
Assim como Paulo escreveu, dizendo: Meus l os, por quem sofro de novo dores
de parto, até que Cristo seja formado em v s (Gl 4.19).
Tendo em vista que o paralítico desejava ser curado por Jesus, a prática de
seus amigos nos ensina que:
elar é estar disposto a carregar aqueles que não podem caminhar até Jesus,
a m de que sejam curados e caminhem em direção maturidade
Inicialmente, alguns discípulos não conseguirão ler a Bíblia, orar sozinhos,
perdoar sozinhos. O discipulador carregará o discípulo em seus primeiros
passos até que ele aprenda a andar sozinho.
elar é estar disposto a empreender recursos para conduzir pessoas até Jesus
Aqueles amigos providenciaram uma forma de levar o paralítico até Jesus. O
discipulador precisa encontrar os recursos su cientes para conduzir seus
discípulos ao crescimento cristão. Isso vai do local ideal para o encontro
discipular ao material estudado para que o discípulo cresça espiritualmente.
elar é estar disposto a ultrapassar barreiras Para levar o paralítico até
Jesus, aqueles amigos tiveram que vencer a multidão, as di culdades de subir
no telhado e o desa o de abrir um buraco, tudo isso para colocá-lo diante de
Jesus. Muitas vezes, o discipulador vai empreender um esforço muito grande
para conduzir o discípulo até Jesus.
elar é ter fé que Jesus é a nica esperança endo l es a fé, esus disse ao
paralítico il o, os teus pecados estão perdoados (Mc 2.5). Aqueles quatro
amigos, bem como o paralítico, acreditavam que Jesus é a nica esperança. O
discipulador precisa crer que vale a pena zelar por seu discípulo a m de
conduzi-lo ao crescimento espiritual. Muitas vezes isso vai parecer difícil e
surgirá o desejo de desistir, mas, assim como os quatro amigos que não
desistiram quando viram a multidão, não desistiram no meio da subida nem
no momento em que estavam abrindo um buraco no telhado, o discipulador
precisa ter em mente que o Senhor é a nica esperança para o seu discípulo e,
portanto, precisa perseverar até o m.
elar é o aspecto sacri cial do RD. Deve ser praticado por meio da oração.
Não deve promover uma dependência do discípulo no discipulador. Pelo
contrário, deve conduzir cada discípulo a depender mais e mais de Jesus, a
aprender, por meio do cuidado, a zelar por outras pessoas, multiplicando
discípulos bem cuidados e, portanto, amadurecidos espiritualmente que gerem
novos discípulos multiplicadores.
Aplicações Práticas
1. Contate seus disc pulos Busque ter contato com os seus discípulos
periodicamente. O contato não precisa restringir-se ao encontro
semanal.
2. Colo ue-se disposi o de seus disc pulos Faça com que seus
discípulos saibam que poderão contar com você quando eles precisarem.
3. Dispense a seus disc pulos tempo de ualidade Sempre que estiver
com seus discípulos procure ouvi-los com atenção. Evite qualquer tipo
de distração, principalmente com aparelhos tecnol gicos enquanto você
ouve seu discípulo.
4. Demonstre elo Cada discipulador tem a sua forma de demonstrar
cuidado. Descubra a sua forma e exercite constantemente de maneira
que seus discípulos percebam o quanto você os ama.
5. ele por meio da ora o Não despreze o valor da oração. A melhor
coisa que o discipulador pode fazer pelos seus discípulos é orar por eles.
6. Acompanhe o progresso dos seus disc pulos Por meio da solicitação
de contas, você pode identi car as áreas que precisam de mais cuidado
na vida dos discípulos. Periodicamente pergunte como está o seu
progresso em cada área.
7. Este a presente em momentos especiais Sempre que puder,
demonstre zelo, participando dos momentos especiais na vida dos seus
discípulos e da família deles.

[1 ] greja Multiplicadora cinco princípios bíblicos para crescimento, p. 80.


[15] ntegração segundo o ovo Testamento, p. 16.
[16] Os Guias de Solicitação de Contas são cartões com perguntas sobre como foi a semana do discípulo
e que facilitam o encontro discipular. Eles estão disponíveis em www.livrariamissoesnacionais.org.br
[17] Transformando membros em líderes como ajudar os membros de seu grupo pequeno a liderar novos
grupos, p. 63.
6

ENSINAR O EVANGELHO:
A Importância de um Discipulador
“Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis
que estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos.” Mateus
28.20

Certa vez, uma senhora cat lica, chamada Ana, moradora do bairro de
minha igreja, decidiu visitar um dos nossos Pequenos Grupos Multiplicadores,
que cava ao lado de sua casa. Sua lha já estava frequentando e havia se
decidido por Cristo alguns meses atrás. Ela, no entanto, resistia por não
concordar em frequentar reuniões de outra igreja. Em sua primeira visita ao
nosso PGM, Ana fez questão de dizer que estava indo apenas para acompanhar
sua lha e que queria deixar claro que não mudaria de religião.
Ana sempre teve sede do conhecimento da Palavra de Deus. Ela conhecia
bastante os textos bíblicos. Fundamentava sua crença na Escritura Sagrada e
discordava de algumas práticas de sua igreja por força de argumentos que ela
mesma havia descoberto na Bíblia. Contudo, ela ainda sentia que algo faltava
sua experiência com Deus.
Em uma visita que minha esposa e eu zemos a Ana, ela descreveu a
ang stia que experimentou na sua juventude, ao ter procurado um padre para
tirar algumas d vidas acerca da Palavra e ele ter dito para ela que não precisava
entender essas coisas. Essa situação s a deixou com mais vontade de conhecer
a Bíblia, embora permanecesse rme na Igreja de seus antepassados.
Simultaneamente s visitas de Ana ao
O discipulador precisa
PGM, sua lha Caren estava sendo
ter em mente que o
discipulada por uma jovem da igreja. Por
conta do investimento discipular aplicado Senhor é a única
na vida de Caren, as mudanças tornavam- esperança para o seu
se cada vez mais visíveis para Ana, que, por discípulo.
sua vez, começou a desejar o discipulado.
Caren não parava de contar as experiências de crescimento que estava tendo
por meio do RD e então Ana disse que queria que alguém também a ajudasse a
conhecer mais a Bíblia.
Certo de que Deus queria operar uma transformação na vida de Ana, escolhi
um casal, o diácono Simeão e sua esposa, Eunice, para investirem a vida em
Ana. Eles começaram apresentando os ensinos fundamentais sobre Jesus por
meio dos Estudos no Evangel o de oão, mas logo perceberam que as questões
de Ana eram bem mais profundas. Então, começaram a ensinar as verdades
bíblicas de acordo com os questionamentos que ela apresentava.
Os encontros semanais tornavam-se cada vez mais interessantes e o
evangelho de Jesus estava começando a car mais e mais claro para Ana, que
nalmente o compreendeu, rendeu-se a Jesus e foi batizada em novembro de
2014. Ao testemunhar na igreja, ela a rmou que já conhecia muitas coisas
acerca da Palavra de Deus, mas não tinha o verdadeiro entendimento daquilo
que ela já havia lido e que, se não fosse o ensino do evangelho por meio do
discipulado, ela ainda estaria perdida em relação ao conhecimento da Palavra.
Hoje, Ana já está testemunhando de Jesus em seu trabalho e ensinando o
evangelho a duas amigas. Ela tem aplicado os Estudos no Evangel o de oão
para elas e dito que, se houver qualquer d vida, vai perguntar aos seus
discipuladores. Ana hospeda um PGM em sua casa e sua lha é líder de outro
PGM na mesma rua. magní co ver o agir de Deus por meio de sua igreja.
Irmãos que abrem sua casa para serem agentes de transformação de vidas, por
meio dos PGMs, outros que investem a vida no RD e, assim, mais e mais
pessoas tornam-se discípulos multiplicadores.
O ensino do evangelho é fundamental para a formação de novos discípulos
de Jesus. Assim como Ana, há muitas outras pessoas que já leram a Bíblia e não
se converteram porque não a compreenderam. Ensinar o evangelho é
transmitir os ensinos bíblicos e as verdades espirituais por meio de um diálogo.
No RD, é possível concentrar o ensino bíblico nas necessidades especí cas de
cada indivíduo.

Uma Mudança Necessária


Nossa postura atual tem sido mais a de esperar que as pessoas que
necessitam de alguém que lhes explique a Palavra de Deus venham até n s do
que a de irmos até elas. Em grande parte das igrejas hoje, a estrutura está mais
voltada para os de dentro do que para os de fora. Em geral, estamos
funcionando mais como mantenedores de cultos do que de agentes ativos na
expansão do reino de Deus. uanto postura atual das igrejas, John Stott
a rma:
A igreja precisa organizar-se de tal maneira que expresse a sua compreensão de si mesma. Suas
estruturas devem re etir a sua teologia, especialmente sua dupla identidade. O defeito mais comum
da igreja é ser estruturada para a santidade em vez de para a mundanidade , para o culto e
comunhão em vez de ser estruturada para a missão. Foi esta a ênfase do relat rio A greja para os
utros (1968), subintitulado ma usca por Estruturas para Congregações Missionárias . Nem é
preciso concordar com tudo o que está escrito no livro para aceitar que a igreja que é missionária não
se preocupa consigo mesma ela é uma igreja para os outros... Seu centro está fora, e não dentro
dela ela deve viver descentralizadamente ... A igreja tem que voltar-se para fora, para o mundo...
Precisamos reconhecer que as igrejas têm se transformado em igrejas de espera , para as quais se
espera que as pessoas venham. Suas estruturas herdadas ressaltam e encarnam esta visão estática. Pode-
se dizer que n s corremos o risco de perpetuar estruturas de vinda , ao invés de substituí-las por
estruturas de ida . Pode-se dizer que a inércia tem substituído o dinamismo do Evangelho e da
participação na missão de Deus. Além disso, nossas estruturas estáticas, in exíveis e centralizadas são
estruturas heréticas , pois elas incorporam uma doutrina herética da igreja.[18]

Precisamos ajustar nossa atitude quanto intencionalidade de ir ao encontro


de novos discípulos. Aliás, Jerram Barrs a rma que se estudarmos a ist ria de
missões nos ltimos vinte séculos, logo descobriremos que a greja sempre esteve
estran amente relutante em levar o Evangelo .[19] Isso reforça a necessidade de
re etirmos quanto a nossa postura atual de ensino do evangelho.
Os pr prios ap stolos, nos primeiros anos da igreja primitiva, não aplicaram
a intencionalidade de cumprir a ordem de Jesus de serem testemunhas tanto
em Jerusalém, como em toda Judeia, Samaria e até aos con ns da terra (At
1.8). Foi preciso uma grande perseguição por causa da morte de Estêvão para
que os discípulos testemunhassem fora de Jerusalém (At 8.1-4). A agenda da
igreja primitiva foi descrita da seguinte forma: e todos os dias, no templo e de
casa em casa, não cessavam de ensinar e de anunciar esus, o Cristo (At 5.42). A
igreja primitiva estava acertando na sua agenda de proclamação, mas precisou
ajustar a sua postura quanto abrangência da área de atuação.
Não podemos continuar este capítulo sem fazer estas duas re exões. A
primeira quanto nossa agenda. Temos tido a intencionalidade de anunciar o
evangelho diariamente E a segunda quanto nossa área de atuação. Temos
ido aonde Jesus quer que vamos

A Importância de um Discipulador
Na experiência de Filipe com o etíope eunuco, em Atos 8.26 a 40, podemos
perceber a importância de um discipulador para a compreensão do evangelho
por parte do novo discípulo. O relato de Lucas nos deixa claro que há pessoas
que têm acesso s Escrituras Sagradas, mas que necessitam da intencionalidade
de um discípulo de Cristo para ensinar-lhe o evangelho.
Deus está extremamente interessado em nos levar s pessoas que precisam
conhecer o evangelho. Lucas diz: m anjo do Sen or falou a ilipe, dizendo
Dispõe te e vai para o lado do Sul, no camino que desce de erusalém a Gaza este
se ac a deserto. Ele se levantou e foi (At 8.26). A verdade é que Deus tem estado
trabal ando á muito tempo, atraindo a pessoa a Cristo antes que um crente tena
o privilégio de ser a parteira do novo nascimento .[20] Por isso, o que Deus espera
de n s, muitas vezes, é apenas nos dispormos.
Deus está agindo. N s precisamos nos unir a Ele. O relato de Lucas deixa
claro que Deus já estava agindo na vida do etíope eunuco bem antes de Filipe
ir ao seu encontro. Deus é o verdadeiro interessado em que as pessoas
conheçam o evangelho. Devemos saber que, por n s mesmos, não iremos s
pessoas a menos que recebamos o direcionamento do Senhor e nos coloquemos
a sua disposição. Foi um anjo do Senhor que disse a Filipe o que ele deveria
fazer e para onde deveria ir. Deus quem nos move s pessoas.
Deus já estava preparando o coração
Deus está agindo. Nós
daquele homem para ser impactado pela
precisamos nos unir a
sua Palavra, mas para completar a obra
salvadora na vida dele, Deus convoca o seu Ele.
discípulo Filipe para explicar o evangelho
ao etíope. Aquele homem estava voltando da adoração em Jerusalém, mas
ainda precisava conhecer de fato o evangelho de Jesus Cristo. Assim como ele,
muitas pessoas estão indo e voltando de nossos templos, carregando exemplares
da Bíblia, mas sem a oportunidade de serem confrontadas com as verdades
bíblicas por intermédio de um discípulo que intencionalmente lhes queira
ensinar o evangelho.
m anjo do Senhor falou a Filipe. O pr prio Deus ainda hoje está
convocando seus discípulos a se disporem. O imperativo da Grande Comissão
fazei discípulos tem sido essa convocação do Senhor para cada um de n s.
Não precisamos esperar que um anjo do Senhor nos convoque, pois a Palavra
de Deus já tem feito essa convocação. Cumprir a Grande Comissão, nesse caso,
é ter a intencionalidade de fazer discípulos por meio do ensino do evangelho.
O recado do anjo a Filipe foi dispõe te . A falta de disposição talvez seja
uma das maiores barreiras que n s teremos que enfrentar para a formação de
novos discípulos. Ela tem sido camu ada com a nossa agitação e falta de
tempo. Estamos nos enchendo de atividades, ou mesmo temos sido tão
sufocados com as programações da igreja, que não nos tem restado tempo para
fazer discípulos. Porém, a disposição de nossa agenda para a Evangelização
Discipuladora deve ser nossa prioridade.
Percebemos esta atitude na vida da igreja primitiva, pois todos os dias no
templo e de casa em casa não cessavam de ensinar e anunciar esus o Cristo (At
5.42). Isso nos ensina que sermos discípulos fazedores de discípulos signi ca
incluir na nossa agenda a prática do ensino do evangelho.
Inclusive, o ensino do evangelho era uma das marcas dos discípulos da igreja
primitiva que perseveravam na doutrina dos ap stolos (At 2.42). Por conta
dessa postura, a igreja enfrentou um dos primeiros obstáculos para a expansão
do evangelho: a proibição do ensino do evangelho. Foi pelo fato de a igreja
perseverar em ensinar sobre Jesus todos os dias que os líderes judaicos tentaram
impedir que essa mensagem fosse proclamada. Em Atos 5.28, encontramos o
sumo sacerdote dizendo aos ap stolos: Expressamente vos ordenamos que não
ensinásseis nesse nome contudo, ence stes erusalém de vossa doutrina e quereis
lançar sobre n s o sangue desse omem (At 5.28).
Ao mesmo tempo em que entendemos que a postura que Deus espera dos
seus discípulos é a disposição para ensinar o evangelho, percebemos que
sempre haverá uma oposição a essa disposição. Algumas dessas barreiras serão
apresentadas no m deste capítulo.

Obediência sem Contestação e Incondicional


O anjo também falou a Filipe vai para o lado do Sul, no camino que desce
de erusalém a Gaza este se ac a deserto. Ele se levantou e foi (At 8.26). Se
notarmos bem, veremos que o Senhor estava enviando Filipe para um lugar
deserto. Talvez para um discípulo que estava superdesejoso de fazer novos
discípulos ser enviado para um lugar assim fosse uma missão indesejada. Na
palavra do anjo não há nenhuma indicação de que haveria alguém para ser
alcançado naquela estrada. Muito pelo contrário, o anjo faz questão de dizer
que o caminho estava deserto.
Filipe estava sendo muito bem-sucedido na proclamação da Palavra em
Samaria, onde atuava. Muitas pessoas estavam sendo alcançadas e muitos
milagres estavam sendo realizados e então vem a ordem de Deus para ir a um
caminho que estava deserto. Filipe poderia pensar: uantas pessoas aqui em
Samaria para serem alcançadas e o Senhor me manda para um caminho
deserto . Mas não, tudo o que se diz de Filipe é: Ele se levantou e foi .
Muitas pessoas têm deixado de ser usadas por Deus porque, todas as vezes
que o Senhor lhes dá uma ordem, elas respondem com questionamentos contra
a soberania de Deus e demonstram uma grande indisposição em obedecer.
Sempre que o Senhor nos der uma ordem, ainda que pareça estranha, devemos
obedecer sem questionar.
A obediência para o ensino do evangelho deve ser incondicional. Filipe não
apresentou para Deus nenhuma condição para cumprir sua ordem e ir ao lugar
designado. Ele simplesmente obedeceu. Há muitas pessoas que estão
condicionando sua obediência a Deus e por isso têm deixado de ser usadas.
Algumas dizem: uando eu terminar a faculdade, cumprirei a missão outras
a rmam: uando eu atingir minha independência nanceira, vou me dedicar
mais ao Senhor . E muitas outras põem a família como desculpas para o não
cumprimento da missão.
Mas o que Jesus quer de n s é que, indo, façamos discípulos. Para os que
estão na faculdade: façam discípulos na faculdade Para os que estão
trabalhando: façam discípulos no trabalho Para todos os discípulos, a missão é
a mesma: façam discípulos. O quando é o mesmo: agora. Sempre que o Senhor
nos der uma missão devemos cumpri-la imediatamente e sem condicionais.

O Discipulador Deve Ter Proximidade


Estando Filipe na estrada deserta, o etíope retornava de Jerusalém lendo o
profeta Isaías. O Espírito do Senhor disse a Filipe Aproxima te e acompan a
essa carruagem (At 8.29). fundamental que nos aproximemos das pessoas
para promover o ensino do evangelho. Muitas vezes pecamos por ignorar o
conhecimento e a fé que as pessoas já possuem. Pelo fato de Filipe ter se
aproximado da carruagem, ele p de descobrir o que o etíope estava lendo e no
que ele estava pensando. Pelo fato de ter-se aproximado, Filipe p de perguntar:
Entendes o que estás lendo (At 8.30).
A proximidade nos permite saber qual é o nível de conhecimento da pessoa
a quem discipulamos. Algumas vezes precisaremos desconstruir algumas
verdades que não condizem com os valores do reino de Deus, mas que já
estão estabelecidas na mente das pessoas. Outras vezes precisaremos apenas
ajustar alguns conceitos. Em outros casos, ainda, teremos que ensinar verdades
bíblicas nunca ouvidas.
Lembro-me de uma jovem senhora chamada Marisa, que passou a
frequentar minha igreja. Ela, anteriormente cat lica, estava vivenciando um
momento difícil em sua vida. Ap s anos de relacionamento conjugal, não
conseguira ter lhos. Ela aceitou receber uma visita semanal de minha esposa e
iniciaram o processo do RD. O evangelho foi apresentado de forma simples e
prática, e ela sentiu liberdade para expor seus questionamentos a respeito de
Deus. No início dos encontros, Marisa expressava: Por que ninguém nunca
me havia explicado desta forma a respeito de Deus Por intermédio do RD,
ela teve um encontro verdadeiro com Jesus, foi desa ada a ler e praticar a
Bíblia, e demonstrar, com as suas atitudes, a decisão tomada de seguir Jesus.
No decorrer do processo de RD, Marisa também compreendeu a
importância e o signi cado do casamento para o homem e a mulher. Decidiu
casar-se e, em alguns meses, realizei o seu casamento. Mesmo tendo sido criada
frequentando as missas e tendo o costume de ler a Bíblia, ela ainda não havia
ouvido falar de algumas verdades bíblicas acerca do evangelho. A proximidade
de minha esposa com Marisa permitiu que novas verdades fossem ensinadas,
algumas d vidas fossem esclarecidas e os conceitos que não estavam
fundamentados na Bíblia fossem abandonados.
Não podemos desconsiderar a possibilidade de algumas pessoas que já
estejam há anos frequentando uma igreja ignorarem algumas verdades bíblicas
fundamentais. Mas, para que saibamos disso, é preciso que nos aproximemos
por meio do RD e sejamos sensíveis para ouvir o que o outro já conhece da
Bíblia. O fato de o etíope já estar lendo o profeta Isaías favoreceu o ensino do
evangelho a partir daquilo com que o etíope já estava familiarizado. Lucas
a rma: Então ilipe passou a falar e, começando por essa passagem da Escritura,
anunciou l e o Evangel o de esus (At 8.35). Mesmo sem compreender o que
estava lendo, o etíope foi despertado para o evangelho a partir de seu contato
com o texto.
A proximidade nos permite aproveitar o
Sempre que o Senhor
conhecimento da pessoa a quem
nos der uma missão
discipulamos, para apresentarmos o
evangelho. Isso proporciona que n s não devemos cumpri-la
percamos tempo falando daquilo que ela já imediatamente e sem
sabe, e foquemos aquilo que precisa ser condicionais.
explicado. Aproximar-se é o investimento
intencional de tempo para descobrir em que nível de conhecimento o discípulo
está. Investir tempo semanal para se encontrar com seu discípulo é descobrir o
que ele já tem experimentado do evangelho, fazendo disso o ponto de partida
para a caminhada de crescimento.

O Discipulador Precisa se Esforçar


Ap s a ordem dada pelo anjo para que Filipe se aproximasse, ilipe correu e
ouviu que o omem lia o profeta saías (At 8.30). O fato de Filipe ter corrido
transmite-nos a ideia de que o discipulado exige esforço. Imagino que ter
corrido foi a nica forma de Filipe não deixar que a carruagem fosse embora
sem que ele a alcançasse. Se ele não corresse, a carruagem teria passado e, com
ela, a oportunidade de fazer um discípulo. Ensinar o evangelho requer o
emprego de energia para transmitir verdades bíblicas para a transformação da
vida das pessoas.
O ap stolo Paulo declarou: Meus l os, por quem sofro de novo dores de
parto, até que Cristo seja formado em v s (Gl 4.19). Com essa a rmação, ele
demonstra que o RD visa formação do caráter de Cristo na vida do discípulo
e que essa formação se compara s dores sentidas por uma mulher quando dá
luz. Ensinar o evangelho exige de n s esforço, pois muitas vezes o discípulo
dependerá muito de n s para a compreensão das verdades bíblicas. Enquanto
escrevo este livro, convivo com a necessidade de cuidado com a minha
primeira lha, que tem dois meses de idade. Ela depende 100 de n s para
alimentá-la, mas é claro que chegará o tempo em que ela mesma buscará
comida para si. Da mesma forma, temos os discípulos como nossos lhos
espirituais.
Na primeira carta de João, encontramos a distinção feita pelo ap stolo entre
pais, jovens e lhinhos. Ele considera os níveis de maturidade dos crentes
presentes na igreja de Cristo. Os pais são aqueles que já são dotados de
maturidade su ciente para alimentar e cuidar de lhos na fé. Os jovens são
aqueles que são fortes, mas ainda não chegaram maturidade su ciente para
cuidar de outros. Eles ainda estão amadurecendo. E os lhinhos são os novos
na fé. Precisamos distinguir os níveis de maturidade cristã na vida dos
discípulos a m de que possamos empreender o esforço adequado para cada
pessoa.
Na minha experiência discipular, tenho encontrado discípulos com níveis de
maturidade diferentes. Alguns estão mais maduros, outros estão se iniciando na
fé, e ainda tenho alguns que, mesmo participando há anos da igreja, estão
aprendendo agora o que é vida cristã. Distinguir o nível de maturidade nos
leva a aplicar estratégias diferentes para conduzir o discípulo ao crescimento
cristão.
Você encontrará discípulos:

a quem bastará sugerir a leitura bíblica a ser feita durante a semana e


eles cumprirão
que já virão até você com d vidas das leituras que eles mesmos têm
feito
que você precisará ensinar a ler a Bíblia
que terão di culdades em criar o hábito da leitura bíblica
que não compreenderão as verdades bíblicas nem conseguirão colocar
em prática o que foi lido sobre esses, iremos re etir logo mais.

uando cheguei ao campo missionário em que ainda estou trabalhando,


percebi a grande di culdade dos membros da igreja em manter uma leitura
bíblica regular. A grande maioria nem sequer lia a Bíblia durante a semana. E a
verdade é que a maioria dos membros de igrejas s lê a Bíblia durante os cultos
ou em momentos de desespero. Contudo, a verdade é que, sem conhecimento
da Palavra de Deus, não há maturidade.
Então, por meio do RD comecei a desa ar meus discípulos a lerem a Bíblia.
Nosso lema era a frase: Crie um hábito e você vai colher um caráter .
Inicialmente alguns liam apenas para dizer que leram em nosso encontro
semanal. Outros liam por entender a necessidade de compreender a Palavra de
Deus. O fato é que, medida que meus discípulos começaram a ter uma vida
devocional regular, eles começaram a crescer e a fruti car.
Conduzir as pessoas ao crescimento por meio da Palavra exige esforço, pois,
para cada discípulo, será necessário uma estratégia diferente. Contudo, é
importante saber que, independentemente do nível de maturidade do
discípulo, todos precisam:

ser encorajados ao crescimento no conhecimento da Palavra de Deus


(Os 4.6)
ser desa ados a praticarem os mandamentos do Senhor (Tg 1.19-27)
ser uma pessoa com vida devocional vibrante e crescente (1Pe 2.2)
ser capacitados pela Palavra para fruti car (Jo 15).

O Discípulo Precisa Estar Disposto a Aprender


Filipe já estava ciente sobre que passagem das Escrituras o etíope estava
meditando quando este lhe fez a pergunta que demonstra seu interesse em
aprender acerca da Palavra: Tomando a palavra, o eunuco disse a ilipe Por
favor, de quem o profeta está falando isso De si mesmo ou de outro (At 8.34).
Esse pedido do eunuco, para que Filipe explicasse as verdades espirituais das
Escrituras, é a chave do discipulado. A nal, o RD s ocorrerá se houver a
predisposição ao aprendizado. Essa é a grande marca que diferencia o discípulo
da multidão.
uando observamos o ministério de Jesus, percebemos que sempre havia
dois grupos que o seguiam: a multidão e os discípulos. Esses dois grupos
caminhavam com Jesus de um lado para o outro. Contudo, há uma postura
que difere esses dois grupos. A multidão seguia Jesus para desfrutar de seus
milagres. Os discípulos, por sua vez, submetiam-se ao seu ensino.
No Evangelho de Mateus encontramos o sermão da montanha nos capítulos
cinco a sete. Nos primeiros versos do quinto capítulo, encontramos o
evangelista dizendo: uando viu as multidões, esus subiu ao monte avendo se
sentado, seus discípulos se aproximaram, e ele começou a ensinar l es, dizendo
(Mt 5.1,2). Se notarmos bem, perceberemos que Jesus se afasta da multidão e
anuncia grande parte do seu sermão apenas para os discípulos. Comparando
com Lucas 6.20, que diz: Então, ol ando para os discípulos, disse em
aventurados sois v s, os pobres, porque o reino de Deus é vosso , vemos que as
bem- aventuranças foram ditas para os discípulos, não para a multidão.
Com isso, descobrimos que os discípulos
O RD só ocorrerá se
é que são sal da terra e luz do mundo (Mt
houver a predisposição
5.13,14), não a multidão. Isso porque
apenas os discípulos se aproximam de ao aprendizado.
Jesus, sentam-se a seus pés e submetem-se
aos seus ensinos. Logo, para que de fato ocorra o discipulado é necessária a
predisposição para aprender do evangelho.
Há pessoas que acompanham Jesus enquanto se bene ciam. Essas pessoas
até caminham na vida da igreja por algum tempo, mas logo que a prática cristã
começa a tornar-se desa adora, então desistem. Foi assim quando Jesus
declarou que era o Pão da vida, e que era necessário comer a carne do Filho e
beber de seu sangue para se ter vida (Jo 6.22-59). Alguns acharam duro seu
discurso e por causa disso, muitos de seus discípulos voltaram atrás e deixaram de
segui lo (Jo 6.66). Acompanhar Jesus por si s não é a marca do discípulo. Os
verdadeiros discípulos são aqueles que se submetem ao seu ensino. Sem
submissão ao ensino não há discipulado.
Na experiência que tenho tido no RD, enquanto o discípulo não se submete
ao ensino do evangelho transmitido pelo discipulador, pouca ou quase
nenhuma mudança ocorre.

Aplicações Práticas
1. eia a B blia diariamente Procure criar o hábito de ler a Bíblia todos
os dias. A Palavra do Senhor é a fonte para o ensino do evangelho.
2. uanto ao ensino b blico Prepare-se para ser usado por Deus
ensinando princípios bíblicos aos seus discípulos. Participe ativamente
da Escola Bíblica de sua igreja.
3. erspecti a do discipulado Enxergue o discipulado como
oportunidade de Deus usar você para preparar outras pessoas a servirem
melhor.
4. Disposi o Coloque-se em submissão vontade de Deus para
obedecê-lo em tudo. Peça a Deus que direcione você a pessoas que
precisam ouvir a mensagem do evangelho.
5. osi o Assuma o compromisso de se aproximar de pessoas para
in uenciá-las para Jesus Cristo, ainda que você tenha que se esforçar
para isso.
6. alor Entenda a vida discipular como um ministério. Todo esforço
que você empreender na vida de uma pessoa repercutirá em valor
eterno. Por isso esteja pronto a se sacri car em favor de pessoas.

[18] uça o espírito, ouça o mundo como ser um cristão contempor neo, p. 272.
[19] A essência da evangelização, p. 77.
[20] A essência da evangelização, p. 83.
7

ENSINAR O EVANGELHO:
Conduzindo Discípulos à
Multiplicação
“Meu Pai é glori cado nisto: em que deis muito fruto; e assim sereis meus
discípulos.” João 15.8

Há alguns anos eu estava discipulando um rapaz que havia estado fora da


igreja por 14 anos. Ele foi batizado em sua adolescência, afastou-se e agora
estava frequentando a nossa igreja. Estávamos nos encontrando
dominicalmente, mas eu não conseguia ver nenhum progresso. Semana ap s
semana, ele apresentava di culdades de compreensão das verdades bíblicas que
eu lhe transmitia.
Em certo domingo, enquanto eu aplicava um estudo bíblico para ele,
lembrei-me do texto: Em verdade, em verdade te digo que ninguém pode ver o
reino de Deus se não nascer de novo (Jo 3.3). Então parei o que estava fazendo,
busquei um folheto Como Ter a ida Eterna e lhe apresentei o plano de
salvação. Ao nal, perguntei se ele já havia confessado Jesus Cristo como
Senhor e Salvador de sua vida e ele a rmou que não. Perguntei como ele se
batizou, e ele me disse: A maioria de meus amigos adolescentes da igreja
estavam se preparando para se batizar, então eu fui também . Naquele
momento, eu perguntei se ele desejava reconhecer Jesus Cristo como Senhor, e
ele disse que sim. Depois desse domingo, esse discípulo passou a entender tudo
o que eu apresentava da Bíblia.
Assim como ele, há muitas pessoas que estão na igreja, talvez até já batizadas,
que nunca tiveram um real encontro com Jesus, e por isso não compreendem
os valores do reino de Deus. Essas pessoas precisam conhecer o plano de
salvação e ser convidadas a abrir o coração a Jesus, para s assim poderem
desfrutar do verdadeiro crescimento da vida cristã.
Preparar discípulos para a multiplicação de novos discípulos é ter a
intencionalidade de levá-los ao novo nascimento é preparar o coração deles
para compreender a Palavra de Deus e conduzi-los intimidade com Cristo.

É Preciso Nascer de Novo para Multiplicar


Discípulos
Somente um discípulo pode gerar novos discípulos, pois fazer discípulos é
uma questão de ser discípulo.

O primeiro passo para a multiplicação de discípulos é o novo nascimento.


uem não nasceu de novo não pode produzir novos discípulos. Ninguém
melhor do que o discipulador para identi car em que estágio de espiritualidade
o seu discípulo está: se ele já passou pelo novo nascimento e deve ser
conduzido ao aperfeiçoamento, ou se ainda precisa conhecer o plano de
salvação.
Nesse sentido, a primeira medida a ser tomada, no início do RD, é veri car
se a pessoa com quem estamos caminhando já passou pelo novo nascimento.
Caso contrário, antes de esperarmos que ele compreenda os valores do Reino,
precisamos apresentar-lhe o plano de salvação para que a luz do evangelho
resplandeça.
Somente os discípulos que se submetem ao ensino têm a possibilidade de
compreender e praticar os mandamentos da Palavra de Deus. Enquanto o novo
nascimento não ocorre, é impossível esperar que alguém compreenda certas
verdades espirituais, tais como:

em aventurados sois, quando vos insultarem, perseguirem e, mentindo,


disserem todo mal contra v s por min a causa (Mt 5.11)
Eu, porém, vos digo que todo aquele que se irar contra seu irmão será
passível de julgamento quem o c amar de insensato, será réu diante do
tribunal e quem o c amar de tolo, será réu do fogo do inferno (Mt 5.22)
Portanto, quando apresentares tua oferta no altar, se ali te lembrares de
que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa diante do altar a oferta e
vai primeiro reconciliar te com teu irmão depois vem apresentar a oferta
(Mt 5.23,24)
Eu, porém, vos digo que todo aquele que ola r com desejo para uma
mul er já cometeu adultério com ela no coração. Se o teu olo direito te faz
tropeçar arranca o e joga o fora pois é melo r para ti perder um dos teus
membros do que ter todo o corpo lançado no inferno (Mt 5.28,29)
Eu, porém, vos digo que todo aquele que se divorciar de sua mule r, a não
ser por causa de in delidade, torna a ad ltera e quem se casa com a
divorciada comete adultério (Mt 5.32)
ão ajunteis tesouros na terra, onde traça e ferrugem os consomem, e os
ladrões invadem e roubam (Mt 6.19)
Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescentadas (Mt 6.33)
ão julgueis, para que não sejais julgados (Mt 7.1).

Enxergando pela Ótica do Reino de Deus


Mesmo quando empreendemos todo o esforço necessário para o ensino do
evangelho, algumas pessoas apresentarão di culdades de compreendê-lo. Em
alguns casos, não se trata de um obstáculo natural, mas sim espiritual. Falando
com Nicodemos, Jesus a rmou: Em verdade, em verdade te digo que ninguém
pode ver o reino de Deus se não nascer de novo. (Jo 3.3). Esse impedimento de
ver o reino de Deus não se restringe impossibilidade de ir para o céu, mas
também mostra que quem não nasceu de novo não consegue enxergar as coisas
pela tica do reino de Deus. uem não nasceu de novo não tem a revelação
dada por Deus para compreender as verdades bíblicas destinadas aos salvos
não consegue, por exemplo, compreender o que Jesus quer dizer no sermão do
monte, quando a rma:
Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao homem
mau mas a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra e ao que quiser levar-te
ao tribunal, e tirar-te a t nica, deixa que leve também a capa e, se alguém te obrigar a caminhar mil
passos, vai com ele dois mil. Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pedir emprestado.
Ouvistes que foi dito: Amarás o teu pr ximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai os
vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem para que vos torneis lhos do vosso Pai que está no
céu porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons e faz chover sobre justos e injustos. Pois, se amardes
quem vos ama, que recompensa tereis Os publicanos também não fazem o mesmo E, se
cumprimentardes somente os vossos compatriotas, que fazeis de especial Os gentios também não
fazem o mesmo Sede, pois, perfeitos, assim como perfeito é o vosso Pai celestial. (Mt 5.38-48).

O contraste entre as expressões ouvistes que foi dito e Eu, porém, vos digo
demonstra uma mudança de paradigma. Aos discípulos de Jesus é apresentada
uma nova perspectiva de vida que s é compreendida por aqueles que já
nasceram de novo.
No diálogo de Jesus com Nicodemos, descobrimos que somente aqueles que
nasceram de novo têm a possibilidade de enxergar os valores do reino de Deus
e satisfazê-los. Assim, ao identi car que um discípulo apresenta muita
di culdade de compreender os ensinos bíblicos e colocá-los em prática, é
preciso checar se ele já passou pelo novo nascimento. Isso pode ser feito, entre
outras formas, por meio da apresentação de um folheto evangelístico.
uem nasce de novo tem uma visão diferente. A pessoa passa a ter a tica
do reino de Deus. Por isso o ap stolo Paulo a rmou:
Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o
coração humano, são as que Deus preparou para os que o amam. Deus, porém, revelou-as a n s pelo
seu Espírito. Pois o Espírito examina todas as coisas, até mesmo as profundezas de Deus. Pois, quem
conhece as coisas do homem, senão o espírito do homem que está nele Assim também ninguém
conhece as coisas de Deus, a não ser o Espírito de Deus. Não temos recebido o espírito do mundo,
mas, sim, o Espírito que vem de Deus, a m de compreendermos as coisas que nos foram dadas
gratuitamente por Deus. Também falamos dessas coisas, não com palavras ensinadas pela sabedoria
humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com
espirituais. O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois lhe são absurdas e não
pode entendê-las, pois se compreendem espiritualmente. Mas aquele que é espiritual compreende
todas as coisas, ao passo que ele mesmo não é compreendido por ninguém. Pois, quem jamais
conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo Mas n s temos a mente de Cristo (1Co 2.9-
16).

Analisar como nosso discípulo enxerga as coisas nos dá indícios de uma


conversão, ou não. uem nasce de novo deixa de enxergar as coisas somente
pela tica natural e passa a enxergar pela tica do reino de Deus e, assim, vê o
mundo e as pessoas de forma diferente. Vê a espiritualidade com
responsabilidade e a missão com outros olhos. Vamos ver algumas
características dessa tica do Reino:

1. QUEM TEM A ÓTICA DO REINO VÊ O MUNDO DIFERENTE

uem enxerga as coisas pela perspectiva


Quem nasce de novo
natural não consegue compreender algumas
tem uma visão
situações que enfrenta em seu dia a dia. Por
não enxergar pela tica do Reino, essa diferente.
pessoa perde a oportunidade de crescer e de
experimentar o agir de Deus na vida. Pessoas assim acham que tudo está contra
elas. O foco de sua vida está em se tornar alguém reconhecido pelos outros.
Elas enxergam os outros como adversários. Mas quem vê as coisas pela tica do
Reino sabe que a nossa verdadeira batalha não é contra carne ou sangue, não é
contra as pessoas, mas é uma batalha espiritual (Ef 6.11,12). Além disso, quem
enxerga as coisas pela tica do Reino tem a consciência de que em Cristo já é
mais do que vencedor (Rm 8.37).

2. QUEM TEM A ÓTICA DO REINO VÊ AS PESSOAS DE MODO


DIFERENTE

Enquanto não ajustarmos a nossa tica em relação s pessoas, di cilmente


investiremos a nossa vida em favor delas. uem enxerga as coisas pela tica
natural vê a si mesmo com limitações que o impedem de ser usado no Reino.
Em muitos casos, vê-se frustrado por não ser um exemplo de espiritualidade.
Além disso, enxerga os outros crentes como pecadores que não são perfeitos e,
por isso, critica mais do que admoesta. Considera os não crentes como
impuros que são indignos de sua presença. Mas quem vê as coisas pela tica
espiritual do Reino vê as pessoas espiritualmente (2Co 5.16,17).
Precisamos olhar para n s mesmos e ver que a nossa autoridade para
testemunhar vem de Deus. Precisamos admitir nossas falhas e confessá-las para
Jesus, que pode nos puri car. ma vez feito isso, ergamos a cabeça e sigamos
rumo ao crescimento espiritual. Precisamos olhar para os perdidos e enxergá-
los tão necessitados da graça como n s.

3. QUEM TEM A ÓTICA DO REINO VÊ A VIDA DE OUTRA FORMA

Muitas pessoas têm deixado de ser usadas por Deus porque, ao invés de
serem gratas, são murmuradoras incorrigíveis. uem enxerga as coisas pela
tica natural vê a vida como um peso, a morte como um m e o trabalho
como um fardo. Mas quem vê a vida pela tica espiritual tem consciência de
que tudo foi lindamente planejado por Deus (Sl 139) e sabe que é obra-prima
da Criação (Gn 1.26,27).

4. QUEM TEM A ÓTICA DO REINO VÊ A ESPIRITUALIDADE COM


RESPONSABILIDADE

O discípulo de Jesus tem compromisso com o seu crescimento espiritual. Ele


deseja ardentemente o alimento espiritual que provê o progresso de sua vida
cristã (1Pe 2.2). O discípulo reconhece que precisa diariamente ser revestido de
toda a armadura de Deus (Ef 6.10-18).

5. QUEM TEM A ÓTICA DO REINO VÊ SUA MISSÃO COM OUTROS


OLHOS
uando adquirimos visão espiritual,
Precisamos ajustar o
passamos a encarar nossa responsabilidade
nosso foco e enxergar a
pelos outros. Em nossa igreja, temos
ensinado essa verdade para todos os novos vida pela ótica do Reino.
que estão chegando. Tanto os que vão se
batizar quanto os membros vindos de outras igrejas têm sidos encorajados a
re etir sobre qual tem sido a sua perspectiva de vida. A falta de visão do Reino
é um grande impedimento para o avanço do evangelho. Pessoas que agem
somente pela tica natural não são capazes de promover a expansão do reino de
Deus. Aqui está o grande entrave de algumas igrejas: serem lideradas por
pessoas que têm a visão natural e não a visão do Reino.

É Preciso Preparar o Coração para Multiplicar


Discípulos
Gerar novos discípulos é consequência natural naqueles que
compreendem a Palavra de Deus, mas cabe ao discipulador estimular o
discípulo a assumir a postura certa quanto à Palavra, que vai acelerar a
multiplicação.

O segundo passo para a multiplicação é preparar o coração dos discípulos


para compreenderem a Palavra de Deus. uando iniciei a caminhada
ministerial na Igreja Batista da Aliança percebi que grande parte dos membros
queria ser til para o reino de Deus, mas não se sentia capaz de multiplicar
discípulos. Identi quei que a maioria dos irmãos nem sequer lia a Bíblia todos
os dias. Imediatamente, comecei a estimular meus discípulos e a igreja a
conhecerem mais a Palavra de Deus. Toda semana os desa ava a ler pelo
menos um capítulo da Bíblia por dia.
Inicialmente, muitos não atenderam s motivações. Porém, com o tempo, a
prática da leitura diária tornou-se um hábito, e meus discípulos começaram a
testemunhar de como Deus os estava usando por causa disso. Ap s algumas
semanas desa ando um deles a ler a Bíblia diariamente, ele aceitou o desa o.
Alguns dias aquele discípulo conseguia ler a Bíblia, outros não. uando ele
começou a ter mais constância na leitura diária, algumas coisas começaram a
mudar em sua vida. Em um de nossos encontros, ele me disse que pessoas de
seu trabalho estavam começando a procurá-lo pedindo socorro. Ele p de
ajudá-los porque a resposta s necessidades de seus colegas tinha a ver com
aquilo que ele havia lido antes de ir ao trabalho. A partir do momento em que
esse discípulo se comprometeu com a Palavra de Deus, o Senhor começou a
usá-lo e naturalmente ele começou a fruti car. Assim também aconteceu com
outros membros da igreja.
Na missão de fazermos novos discípulos, precisamos preparar o terreno em
que estamos semeando a Palavra de Deus. Muitas pessoas que passam por
nossos cultos voltam para casa sem entender o plano de salvação, assim como o
etíope eunuco de Atos 8.26 a 40, que estava retornando da adoração no
Templo de Jerusalém. O que essas pessoas precisam é de alguém que as auxilie
na compreensão do evangelho. E esse alguém é o discipulador.
Na parábola do semeador (Mt 13.1-23), Jesus fala sobre quatro tipos de solo
em que a Palavra de Deus é semeada. Desses solos apenas um produziu fruto
com perfeição. Podemos considerar que o preparo do solo é um aspecto
fundamental para uma boa colheita. Cabe ao discipulador não s se preocupar
com a semeadura da Palavra, mas também com a preparação do solo.
Erdman, citado por Claiton unz, lembra que a verdade produzirá efeito
dependendo do estado espiritual dos ouvintes A parábola s vezes é chamada
de parábola dos terrenos, porque ilustra os diversos estados de coração daqueles
a quem chega a mensagem do evangelho. Comparando cada tipo de solo com a
explicação dada por Jesus, aprendemos algumas posturas que o discipulador
deve assumir com os seus discípulos:

1º TIPO DE CORAÇÃO – SEMENTE À BEIRA DO CAMINHO

uanto ao primeiro tipo de coração Jesus diz: ... semeador saiu a semear.
Enquanto semeava, uma parte das sementes caiu beira do camino , e as aves
vieram e a comeram (Mt 13.3,4). E explica: A todo o que ouve a palavra do
reino e não a entende, vem o Maligno e tira o que le foi semeado no coração esse é
o que foi semeado beira do camino (Mt 13.19).
A questão central, nesse tipo de coração, foi a falta de compreensão da
mensagem. ma mensagem não entendida é uma semente lançada beira do
caminho, que não cumpre o seu papel. Se não explicarmos bem as Escrituras
Sagradas, o Maligno arranca facilmente o que foi semeado. Por isso é preciso o
discipulado.
uando analisamos a mesma parábola descrita em Lucas 8.12: s que estão
beira do camin o são os que ouvem mas logo vem o Diabo e tira le s do coração
a palavra, para que não aconteça que, crendo, sejam salvos , descobrimos as
seguintes características desse tipo de coração:

A pessoa ouve a Palavra de Deus


O Diabo vem e tira a palavra.

O ap stolo Paulo a rma: ...Todo aquele que invocar o nome do Sen or será
salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram (Rm 10.13,14) e
destaca que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Cristo (Rm 10.17).
A implicação direta de quem crê é invocar o nome do Senhor e ser salvo. O
Diabo age colocando a d vida para que a pessoa não creia e seja salva. Foi
assim que ele agiu no Jardim do den, roubando do coração de Eva a Palavra
de Deus (Gn 3.1).
Por isso, o discipulador deve levar o discípulo a se aprofundar sempre na
Palavra de Deus. Deve promover o máximo de contato do discípulo com a
Bíblia. O discipulador não deve deixar seu discípulo sozinho, principalmente
no início de sua caminhada cristã. Se ele tentar desistir do RD, o discipulador
deve perseverar no an ncio do evangelho.

2º TIPO DE CORAÇÃO – SEMENTE SOBRE AS PEDRAS

Jesus ainda fala sobre um segundo tipo de coração. Ele a rma: utra parte
caiu em solo pedregoso, onde não avia muita terra, e logo brotou, pois a terra não
era profunda Mas saiu o sol e a queimou e, como não tin a raiz, secou (Mt
13.5,6). E explica: E o que foi semeado no solo pedregoso, esse é o que ouve a
palavra e a recebe imediatamente com alegria mas não tem raiz em si mesmo e
dura pouco. uando vem a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, logo
tropeça (Mt 13.20,21).
Pessoas desse tipo não têm raízes em si mesmas. Elas vivem das experiências
dos outros. Elas não se aprofundam na Palavra de Deus e, consequentemente,
tomam uma decisão de curta duração. Elas não permanecem quando surge a
ang stia e a perseguição por causa da Palavra. As pessoas de coração pedregoso,
quando começam a frequentar o ambiente de igreja, tentam se ajustar cultura
cristã, não por convicção pr pria, mas sim pelo fato de quererem ser como os
outros. uando vem a provação, elas não resistem.
Comparando isso com a explicação de Jesus em Lucas 8.13: s que estão
sobre as pedras são os que, ouvindo a palavra, recebem na com alegria contudo,
eles não têm raiz e creem apenas por algum tempo e desviam se na o ra da
provação , chegamos s seguintes conclusões:

A pessoa ouve a Palavra


Recebe a Palavra com alegria
Fica na super cialidade do evangelho, não se aprofunda, não cria raiz
Crê por um tempo
Na hora da provação, vacila, desvia-se.

O discipulador deve levar intencionalmente seu discípulo a ter a sua pr pria


experiência com Deus. Deve motivá-lo a ouvir Deus falar por meio da Bíblia.
Deve instruí-lo a orar com pessoas e esperar ao lado delas as respostas. Ele pode
sugerir ao seu discípulo que crie um caderno de anotações para registrar as suas
experiências com Deus.
Ao mesmo tempo, o discipulador não deve exigir que o novo crente assuma
uma atitude bíblica sem que esteja preparado, isto é, sem que tenha convicção
de que deve adotar tal postura. Se o discípulo tem algo em sua conduta a ser
corrigido, o discipulador deve mostrar na Palavra de Deus a postura certa e
esperar que o Espírito Santo promova a transformação necessária no coração
dele.

3º TIPO DE CORAÇÃO – SEMENTE ENTRE OS ESPINHOS

Sobre o terceiro tipo de coração, Jesus diz: utra parte caiu entre espin os,
os quais a sufocaram quando cresceram (Mt 13.7). E explica: E o que foi
semeado entre os espin os, esse é o que ouve a palavra, mas as preocupações do
mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra e ela não produz fruto (Mt
13.22).
O que nos faz frutíferos é a Palavra. Já as preocupações deste mundo
sufocam a Palavra tornando-a improdutiva. Considerando a explicação de
Jesus em Lucas 8.14: A parte que caiu entre os espin os são os que ouviram e,
seguindo seu camin o, são sufocados pelas preocupações, riquezas e prazeres desta
vida, e não dão fruto que c egue a amadurecer , concluímos que:

A pessoa ouve a Palavra


Segue seu caminho (sua vida)
Está presa s coisas deste mundo (riquezas e prazeres)
Vive querendo agradar a Deus, a si mesma e ao mundo
Não produz fruto ou produz fruto imperfeito, doente, que não
amadurece.

O discipulador tem a missão de desa ar o seu discípulo a separar tempo para


Deus. a Palavra de Deus que molda o cristão e, se o discípulo não se dedicar
a ela, não será aperfeiçoado. O discipulador deve levar o discípulo a se
comprometer mais e mais com o reino de Deus e a assumir uma postura
bíblica em qualquer circunstância.

4º TIPO DE CORAÇÃO – SEMENTE EM BOA TERRA


Jesus conclui falando sobre o quarto tipo de coração. Ele diz que outra parte
caiu em terra boa e deu fruto um grão produziu outros cem outro, sessenta e
outro, trinta (Mt 13.8). E explica: Mas o que foi semeado em boa terra é o que
ouve a palavra e a compreende (Mt 13.23). Não basta ouvir a Palavra de Deus.
preciso entendê-la.
uando comparamos isso com a explicação de Jesus em Lucas 8.15: A que
caiu na boa terra são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retém a palavra
estes fruti cam com perseverança , descobrimos o seguinte:

Essa pessoa ouve com o coração reto e bom, pois é com o coração que se
crê para a justiça (Rm 10.10)
Ela retém a Palavra de Deus, que não entra por um ouvido e sai pelo
outro. Isso porque, diferentemente de todos os outros solos, nesse a
Palavra de Deus foi compreendida
Ela dá fruto com perseverança.

Não adianta forçar o crente a fruti car.


O fruto é consequência
O fruto é consequência natural do efeito da
natural do efeito da
compreensão da Palavra de Deus na vida
de um discípulo. Esse fruto é representado Palavra de Deus na vida
por novos discípulos gerados para Cristo. de um discípulo.
O desa o do discipulador é fazer com que
seus discípulos compreendam a Palavra de Deus.
É Preciso Intimidade com Cristo para Multiplicar
Discípulos
Não basta ser membro de uma igreja, não basta querer fazer discípulos, é
preciso estar intimamente ligado em Jesus para produzir frutos.

O terceiro passo para a multiplicação de discípulos é a intimidade com


Deus. Ao mesmo tempo em que acabamos de re etir que quem fruti ca é a
pessoa que ouve e compreende a Palavra de Deus, percebemos também que é a
permanência em Jesus que nos habilita a fruti car. Ele a rma: Eu sou a
videira v s sois os ramos. uem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto
porque sem mim nada podeis fazer (Jo 15.5). Assim como nenhum galho de
uma árvore tem a mínima possibilidade de produzir um fruto se não estiver
diretamente ligado ao tronco, Jesus está dizendo que quem não permanece nele
não produz fruto.
aylon Moore a rma que a nossa união com Cristo torna possível uma vida
através de que os outros possam ser salvos .[21] Ele compara a produção de
discípulos com a produção natural de um fruto de uma árvore:
uando uma árvore está tão cheia de seiva que não pode mais contê-la, o resultado é fruto uando
um cristão está cheio de Cristo, os outros o veem, e ouvem a respeito dele, e então são renascidos
espiritualmente no reino de Deus. Desta forma, novos crentes são um fruto do verdadeiro
discipulado. Se car meramente sentada quietinha, a pessoa pode ter o fruto interno do Espírito, mas
Jesus diz que devemos ir e dar fruto .

Somos chamados para fruti car. Como Jesus disse: ão fostes v s que me
escol estes pelo contrário, eu vos escoli e vos designei a ir e dar fruto, e fruto que
permaneça, a m de que o Pai vos conceda tudo quanto le pedirdes em meu
nome (Jo 15.16). Discípulos são os frutos que permanecem para a vida eterna.
Muitas coisas que fazemos em nossas atividades eclesiásticas têm apenas valor
temporal, mas os discípulos que produzirmos permanecerão por toda
eternidade.
Jesus a rma que produzir frutos não somente é a forma de glori carmos a
Deus, como também caracteriza nosso pertencimento ao grupo de seus
discípulos: Meu Pai é glori cado nisto em que deis muito fruto e assim sereis
meus discípulos (Jo 15.8). A nica esperança de fruti carmos está em
permanecermos mos nele. O verbo permanecer repete-se doze vezes apenas no
capítulo 15 de João, demonstrando a ênfase de Jesus sobre a necessidade de o
discípulo continuar ligado a Ele para fruti car.
A missão do discipulador é desa ar o seu discípulo a crescer a cada dia em
intimidade com Jesus. Permanecer em Jesus é ter intimidade com Ele, e isso
acontece por meio da oração, da devocionalidade, da adoração, da busca. A
Palavra do Senhor a rma: s me buscareis e me encontrareis, quando me
buscardes de todo o coração (Jr 29.13). Portanto, tome as seguintes ações para
estimular o seu discípulo a permanecer ligado Videira:

Desa e seu discípulo a ter uma intimidade crescente


Motive-o a ter um tempo especí co para sua atividade devocional
diária, quando ele possa se desligar de todas as conectividades atuais e
car em intimidade com Jesus
Ensine sobre as verdades bíblicas acerca da intimidade com Deus
Oriente-o a buscar, em cada texto lido, alguma lição para o seu dia a dia
e, se possível, peça que ele crie o hábito de registrar em um caderno suas
experiências com Deus.

Nenhuma atividade ou mesmo preparo substitui a necessidade de o


discípulo ter intimidade com Jesus para poder multiplicar novos discípulos.
Entretanto, uma vez que ele tenha nascido de novo, que ele tenha sido
preparado para ouvir e compreender a Palavra de Deus, e que ele venha
buscando ter uma intimidade com o Senhor, algumas barreiras surgirão para
que o discípulo não se multiplique por meio da proclamação do evangelho.

Barreiras à Multiplicação
Algumas barreiras contrárias ao ensino do evangelho surgirão por conta do
ambiente. Outras serão colocadas por n s mesmos para não falarmos de Jesus.
Seja como for, precisamos nos dispor a superar essas di culdades e fazer a
vontade de Deus na formação de novos discípulos.
No livro de Atos, encontramos algumas barreiras enfrentadas pela igreja
primitiva que também poderemos enfrentar hoje. A forma como a igreja
primitiva reagiu a essas barreiras nos mostra que o que vai fazer a diferença na
proclamação do evangelho não é o tipo da resistência que venhamos a encarar,
mas sim a postura que n s, discípulos, venhamos a assumir. Vamos listar
algumas barreiras que a igreja primitiva enfrentou:

1. BARREIRA NA COMUNICAÇÃO

ma das primeiras barreiras que a igreja enfrentou para a proclamação do


evangelho foi no dia de Pentecostes. Naquela festa, estavam presentes judeus
de diversas nacionalidades. O obstáculo a ser superado era a di culdade de
comunicação do evangelho por parte dos discípulos, que falavam aramaico, a
um p blico que falava várias línguas diferentes.
Nessa situação, a postura da igreja foi passiva ao agir sobrenatural de Deus.
Os discípulos não zeram nada para que essa barreira fosse ultrapassada. No
entanto, Deus derramou sobre os seus discípulos o Espírito Santo e concedeu a
eles o dom que possibilitou que todos os presentes ouvissem, em sua pr pria
língua materna, as grandezas de Deus (At 2.8-11). Mas, isso s foi possível pelo
fato de a igreja ter perseverado em oração (At 1.14) e estar sensível voz de
Deus.
Para Deus, não há barreira na proclamação do seu evangelho. Sempre que
houver algum impedimento natural para a compreensão das Boas-Novas, o
Espírito do Senhor nos capacitará para vencê-lo. Poderemos enfrentar algumas
barreiras na comunicação em nossos dias, tais como:

di culdades de assimilação
di culdades na leitura da Palavra
falta de tempo
impedimento, por parentes, de nos ouvirem
di culdades de orar
traumas a serem superados
di culdades em perdoar
abusos e feridas do passado
resistência igreja
luto
famílias desestruturadas.

Precisamos crer que Deus tem o poder para nos ajudar a superar todos esses
desa os e transformá-los em oportunidades para a proclamação do evangelho.
Nossa atitude deve ser a de buscar o Senhor em oração para que Ele faça o que
n s não podemos fazer. Em Atos 2, a igreja foi passiva diante do agir de Deus e
proclamou o evangelho. N s devemos agir da mesma forma.

2. A PROIBIÇÃO AO ANÚNCIO DO EVANGELHO

Outra barreira enfrentada pela igreja


Para Deus, não há
primitiva foi a proibição ao an ncio do
barreira na proclamação
evangelho por parte dos líderes judaicos.
Ap s a cura de um coxo de nascença que do seu evangelho.
pedia esmola na Porta Formosa, os
discípulos Pedro e João são presos pelos sacerdotes do Templo, que estavam
ressentidos por ensinarem eles o povo e anunciarem, em esus, a ressurreição dentre
os mortos (At 4.2). Durante o interrogat rio, Pedro e João aproveitam a
oportunidade para anunciar a salvação em Jesus Cristo e demonstram, por sua
intrepidez, terem estado com Jesus. Os líderes judaicos sem saber o que fazer,
visto que um sinal not rio tinha sido realizado, decidem proibir os discípulos
de ensinar em nome de Jesus. Lucas descreve o desfecho desse fato assim:
Todavia, mandando-os sair fora do conselho, conferenciaram entre si, dizendo: ue havemos de fazer
a estes homens porque a todos os que habitam em Jerusalém é manifesto que por eles foi feito um
sinal not rio, e não o podemos negar Mas, para que não se divulgue mais entre o povo, ameacemo-
los para que não falem mais nesse nome a homem algum. E, chamando-os, disseram-lhes que
absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus. Respondendo, porém, Pedro e João,
lhes disseram: Julgai v s se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a v s do que a Deus Porque não
podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido. Mas eles ainda os ameaçaram mais e, não
achando motivo para os castigar, deixaram-nos ir, por causa do povo porque todos glori cavam a
Deus pelo que acontecera (At 4.15-21).

Os discípulos continuam a fazer o que estava em sua agenda missionária:


...E costumavam todos reunir se, de comum acordo, no P rtico de Salomão (At
5.12). Ali, os discípulos realizavam prodígios e sinais, testemunhavam de Jesus
e, com isso, a multidão de crentes crescia. Então, os líderes judaicos, tomados
de inveja, novamente levam os ap stolos prisão. Antes de serem interrogados,
eles são libertos por um anjo do Senhor, que lhes dá uma nica ordem: de e,
apresentando vos no templo, dizei ao povo todas as palavras desta vida (At 5.20).
Os discípulos retornaram ao Templo logo ao romper do dia e novamente
passaram a ensinar sobre Jesus.
Escoltados pelos guardas do Templo até os líderes judaicos, os ap stolos são
questionados por sua desobediência ordem de não mais falarem acerca de
Jesus. Lucas descreve esse epis dio da seguinte maneira:
Trouxeram-nos, apresentando-os ao Sinédrio. E o sumo sacerdote interrogou-os, dizendo:
Expressamente vos ordenamos que não ensinásseis nesse nome contudo, enchestes Jerusalém de vossa
doutrina e quereis lançar sobre n s o sangue desse homem. Então, Pedro e os demais ap stolos
a rmaram: antes, importa obedecer a Deus do que aos homens (At 5.27-29).

Notamos que em meio proibição ao ensino do evangelho, a postura


assumida pelos ap stolos foi a de continuar anunciando a salvação em Jesus.
Nossa nação é considerada laica por força da Constituição, ou seja, somos um
país onde há liberdade de culto. No entanto, já temos lugares em que falar de
Jesus é proibido. m exemplo disso foi a proibição aos cultos que eram
realizados nos vagões dos trens do Rio de Janeiro. A manchete do site G1, em
14 de setembro de 2009 dizia: ustiça proíbe cultos religiosos nos trens urbanos
do Rio .[22]
Lembro-me que em uma das viagens missionárias, entre 2000 e 2005, para
uma cidade do interior de Pernambuco, nossa caravana foi proibida pela igreja
cat lica local de realizar cultos na praça p blica. N s não criamos resistências e
encontramos outro local. Mas eu co pensando se muitas vezes temos sido
omissos ou hesitantes demais em pagar o preço da proclamação da Palavra.
claro que cada situação exige um posicionamento baseado na orientação de
Deus. No entanto, a verdade é que mesmo sendo proibidos de pregar o
evangelho, a decisão dos discípulos na igreja primitiva foi continuar pregando.
Precisamos entender que a proibição ao an ncio do evangelho sempre será
uma barreira possível de se levantar em nossos tempos.

3. BARREIRA DA PERSEGUIÇÃO

Outra barreira que a igreja primitiva enfrentou foi a perseguição. Sabemos


que Estêvão foi o primeiro mártir da igreja primitiva. A acusação contra ele foi
resultado de sua postura de testemunho do evangelho de Jesus. A morte de
Estêvão desencadeou uma grande perseguição igreja. Muitos tiveram que
fugir para outras cidades, porém essa fuga serviu para que o evangelho se
espalhasse ainda mais. Lucas relata esse fato nestas palavras:
E também Saulo consentiu na morte dele. E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja
que estava em Jerusalém e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e de Samaria, exceto os
ap stolos. E uns homens piedosos foram enterrar Estêvão, e zeram sobre ele grande pranto. E Saulo
assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão. Mas
os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra (At 8.1-4).

A perseguição não parou por aí. Mas todo esse momento difícil, em que
cada discípulo teve que abandonar a pr pria casa, não foi su ciente para que a
igreja deixasse de cumprir a sua missão. Pelo contrário, quanto mais a igreja era
perseguida, mais os discípulos testemunhavam de Jesus Cristo, pois,
certamente, em meio s tribulações, desfrutavam do consolo e encorajamento
que o Espírito Santo lhes dava. importante também notar que a primeira
igreja que surgiu entre os gentios foi fruto da perseguição. Em Atos 11.19 a 21,
lemos:
E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até
Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. E havia
entre eles alguns homens chíprios e cirenenses, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos,
anunciando o Senhor Jesus. E a mão do Senhor era com eles e grande n mero creu e se converteu ao
Senhor.

O fato de a igreja primitiva ter sido dispersa por ensinar o evangelho não
quer dizer que n s seremos dispersos também. Todavia, sabemos que sempre
que a igreja se posiciona como agente proclamadora do evangelho, ela
contradiz os padrões deste mundo e promove algum tipo de perseguição. O
ap stolo Paulo, escrevendo ao seu discípulo Tim teo, a rma: ra, todos
quantos querem viver piedosamente em Cristo esus serão perseguidos (2Tm
3.12).
A igreja primitiva foi perseguida, porém a sua postura em meio a
perseguição foi de continuar anunciando o evangelho de Jesus Cristo onde
quer que estivesse. Não importa o tipo de perseguição que venhamos a sofrer
por viver piedosamente em Cristo. O que vai fazer a diferença é se vamos, ou
não, assumir a atitude de discípulos, e continuar a cumprir a nossa missão de
proclamar o evangelho.
Enquanto escrevo este livro, duas notícias divulgadas em âmbito nacional
me preocupam. A primeira é quanto ao avanço do islamismo no Brasil. O
ministério de apoio s igrejas perseguidas Portas Abertas estima que de 1,5 a 2
milhões de muçulmanos já residem em nossa nação. A outra notícia é a
abertura das fronteiras do Brasil para a vinda de habitantes de países de maioria
árabe, sem necessidade de consulta a obtenção do visto para moradia. Segundo
Portas Abertas , a agência das Nações nidas para Refugiados registrou a
chegada de 1.524 refugiados sírios muçulmanos no Brasil de janeiro a outubro
de 2010. Minha preocupação vem do fato de que a maior parte dos cristãos
que sofre perseguição está em países de maioria islâmica.
Essas notícias me deixaram muito alarmado, mas o Senhor usou a minha
esposa para corrigir minha visão em relação a essa realidade. Enquanto eu
estava preocupado com o futuro de nossa segurança no Brasil, Milainy me
alertou que essas pessoas, que viviam em países fechados para o evangelho,
terão mais chance de ouvir pela primeira vez o evangelho de Jesus aqui. Ou
seja, isso será uma grande oportunidade para a expansão do reino de Deus em
nossa terra. Não importa se venhamos a sofrer, ou não, perseguição, o
importante será a postura que assumiremos ante esse novo cenário.

4. MÁ COMPREENSÃO DA MISSÃO

ma das barreiras que a igreja primitiva enfrentou estava associada aos


equívocos na perspectiva da missão. A nova igreja, constituída inicialmente de
judeus convertidos, ainda não tinha compreendido sua responsabilidade de
anunciar o evangelho aos gentios, mesmo sendo as ltimas palavras de Jesus
mas recebereis poder, ao descer sobre v s o Espírito Santo, e sereis mina s
testemun as tanto em erusalém como em toda udeia e Samaria e até aos con ns
da terra (At 1.8). Notamos que as primeiras ações de evangelização aos não
judeus s aconteceram por causa da perseguição. Até antes da perseguição, os
discípulos não haviam empreendido nenhum esforço para conquistar os
gentios para Jesus.
No entanto, percebemos claramente o agir de Deus, conduzindo a sua igreja
ao cumprimento total da Grande Comissão. No capítulo 10 de Atos,
encontramos Deus promovendo o encontro de Cornélio com Pedro, para que
Cornélio e sua família fossem alcançados pela graça do evangelho. Por meio de
uma visão, ocorrida enquanto Cornélio orava, Deus deu instruções claras para
que ele enviasse mensageiros cidade de Jope a m de chamar Simão Pedro.
Por outro lado, Deus estava preparando o ap stolo para ser o primeiro a
testemunhar de Jesus aos gentios. Segundo Jerram Barrs, Deus havia levado
Pedro para um lugar providencial. Ele diz:
Encontramos Pedro, pela providência de Deus, se hospedando na casa de Simão, um curtidor (At
9.43). Simão, o curtidor, trabalhava no curtume, preparando peles de animais para que pudessem ser
usadas na fabricação de roupas, tapetes, tapeçaria de parede e tendas. Esse trabalho era considerado
impuro pelos fariseus e mestres da lei, pois a pro ssão de Simão exigia que ele manuseasse as peles de
animais mortos, impuros conforme a lei de Moisés. Pedro estava hospedado numa casa onde tudo a
sua volta era recordação da distinção de puro/impuro que Deus tinha dado ao seu povo com o
prop sito principal de fazer deles uma nação separada. Israel foi separado das outras nações sua volta
em todos os aspectos da sua vida, não apenas em seu compromisso de servir a Deus e em sua adoração
p blica, mas até no tipo de alimento que o povo tinha permissão de comer.[2 ]
Então Pedro sobe ao eirado e, por meio
Sempre que a igreja se
de uma visão, é conduzido a matar e comer
posiciona como agente
os animais contidos numa espécie de lençol
que foi baixando do céu com todos os tipos proclamadora do
de réptil e quadr pede. Pedro reluta evangelho, ela
dizendo ...de modo nen um, Sen or contradiz os padrões
Porque jamais comi coisa alguma comum e deste mundo e promove
imunda (At 10.14). Essa visão foi algum tipo de
su ciente para preparar o ap stolo para o perseguição.
que iria acontecer, pois enquanto ele
re etia na visão, os homens enviados por Cornélio chegaram casa onde ele
estava. Encontrando-se com Pedro, explicaram o que Deus tinha revelado a
Cornélio e que o anjo o havia instruído para chamá-lo. O resultado de todo
esse mover de Deus foi a conversão de muitos parentes e amigos de Cornélio.
ma vez que a igreja soube do ocorrido, os cristãos que eram da circuncisão
criticaram Pedro, dizendo: Entraste em casa de omens incircuncisos e comestes
com ele (At 11.3). Aqueles irmãos ainda não tinham compreendido totalmente
a sua missão e, por isso, a ousadia de Pedro em ensinar o evangelho aos gentios
causou um con ito interno na vida da igreja. Como a atitude do ap stolo
estava completamente direcionada por Deus, a sua defesa foi baseada no
testemunho incontestável do resultado de salvação de vidas. Dessa situação
aprendemos que:

Em se tratando do ensino do evangelho, é possível nos depararmos com


a barreira da má compreensão da nossa missão. Equivocadamente, n s
selecionamos o p blico-alvo de nossa atuação e evitamos aqueles que,
inconscientemente, consideramos indignos de nossos esforços
missionários. Esta má compreensão nos impede de cumprir a Grande
Comissão em sua totalidade.
Existem pessoas boas como Cornélio que era piedoso, temente a
Deus, dava esmola e orava , mas que ainda precisam reconhecer Jesus
Cristo como o Senhor e salvador de suas vidas.
Devemos observar as circunstâncias em redor para percebermos onde
Deus quer que atuemos. Infelizmente, muitas vezes nossas igrejas estão
inseridas num contexto de violência e se sentem reféns da violência.
Nesse caso, precisamos notar a missão que Deus nos está con ando e,
ao invés de nos fecharmos num casulo de segurança para não corrermos
riscos, devemos ousar ser a resposta de Deus para o nosso tempo.
Lembro-me do testemunho de um pastor que perdeu parte da
membresia da igreja que pastoreava quando um grupo de criminosos
passou a frequentar os cultos de sua igreja. Alguns irmãos se
preocuparam com a in uência que esses criminosos poderiam ter sobre
seus lhos, em vez de prepará-los para in uenciar esses criminosos.
Ações de evangelização arrojadas, como a que Pedro enfrentou,
precisam estar fundamentadas num direcionamento claro do Senhor,
por meio de sua Palavra. Temos a Bíblia como nossa regra de fé e
prática. Temos a certeza de que sempre que Deus direcionar a igreja
para uma postura ousada, Ele apresentará o texto bíblico necessário para
justi car a ação.
Todo empreendimento evangelístico direcionado por Deus produzirá
frutos incontestáveis de salvação.
A igreja precisa de sensibilidade para ouvir a voz do Espírito quando
alguém realizar uma ação evangelística fora dos padrões a que estamos
acostumados.
importante obedecermos voz de Deus sempre que formos
conduzidos missão de ensinar a Palavra a alguém.

O ensino do evangelho deve, portanto, estar presente em todo o RD, quer


seja para conduzir o discípulo ao novo nascimento, para preparar o solo para a
fruti cação, ou mesmo para levar o discípulo a uma intimidade com Jesus.
Para isso, precisamos ajustar nossa forma de ensinar o evangelho. Somos muito
bons em ensinar ao nosso povo o que fazer e não o como fazer . Porém,
cabe ao discipulador não s ensinar a obedecer a todas as coisas que Jesus
ordenou (Mt 28.20) por meio da transmissão verbal, mas também por meio da
aplicação desses ensinos em sua pr pria vida prática.

Aplicações Práticas
1. Se o seu discípulo estiver no nível Chamar , sua ação primordial é
apresentar-lhe o plano de salvação. Você pode utilizar o material de
discipulado disponibilizado na livraria de Missões Nacionais,
especialmente a Série Relacionamento Discipulador, volumes 1, 2 e 3.
2. Se o seu discípulo estiver no nível Aperfeiçoar , busque conduzi-lo ao
crescimento espiritual e multiplicação de novos discípulos.
3. Identi que as barreiras que impedem o seu discípulo de proclamar o
evangelho e gerar novos discípulos, e ajude-o a superá-las.

[21] Multiplicando discípulos o método neotestamentário para o crescimento da igreja, p. 23.


[22] http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,M L1303799-5606,00-
J STICA PROIBE C LTOS RELIGIOSOS NOS TRENS RBANOS DO RIO.html
Acessado em 08 de julho 2015. A juíza Viviane do Amaral, da 8 Vara Cível do Tribunal de Justiça do
Rio, determinou, em liminar concedida ao Ministério P blico, que a SuperVia ponha, nos vagões, avisos
sobre a proibição de cultos religiosos. O objetivo da ação movida pelo MP é conter a ação de pregadores
evangélicos. Segundo o processo, os pregadores usam microfones e instrumentos musicais, o que
perturbaria a tranquilidade dos passageiros, além de obrigá los, indiscriminadamente, a se submeter a
doutrinas religiosas , acrescenta a ação. De acordo com a decisão da Justiça, os comunicados deverão ser
colocados nas bilheterias de todas as estações, bem como dentro dos vagões dos trens. A empresa tem até
o pr ximo dia 5 de outubro para cumprir a decisão. Em caso de descumprimento, a concessionária estará
sujeita a multa diária de R 1 mil. O processo judicial entre o MP e a SuperVia sobre a proibição de
manifestações religiosas corria na Justiça há mais de um ano. A determinação foi publicada no Diário
O cial.
[2 ] A essência da evangelização, p 84.
8

SOLICITAR CONTAS:
Em Busca do Aperfeiçoamento dos
Discípulos
“...tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério
e para a edi cação do corpo de Cristo.” Efésios 4.12

Imagine se um dia você acordasse de madrugada com uma febre inexplicável


e, sendo socorrido e levado para o hospital mais pr ximo, se deparasse com
uma sala de espera repleta de pacientes aguardando atendimento. Enquanto
espera para ser chamado, olha para um lado e vê uma criança com problemas
respirat rios. Olha para o outro e observa uma senhora idosa com problemas
em sua pressão arterial. Olha para frente e nota uma grávida em trabalho de
parto, e olha para trás e encontra uma vítima de um acidente automobilístico.
De repente, um enfermeiro pede a atenção de todos e diz: Senhoras e
senhores, pedimos desculpas pela demora em nosso atendimento, mas estamos
apenas com um médico de plantão. Ele está atendendo um por um e vai
conseguir atender todos . A situação nessa noite não está nada fácil e outras
pessoas continuam chegando para serem atendidas. Em poucos instantes, o
médico sai de seu consult rio e diz: Diante da grande quantidade de pessoas a
serem atendidas, eu resolvi juntar todos no audit rio do hospital e dar uma
palestra sobre como manter-se saudável .
Isso não seria um absurdo Provavelmente, você e os outros pacientes
procurariam algum responsável pelo hospital para exigir o direito de serem
atendidos pessoalmente. Contudo, é exatamente isso que a maioria das nossas
igrejas está fazendo semanalmente com as pessoas. Não estou fazendo uma
crítica importância do sermão dominical, até porque sou defensor da
exposição bíblica aplicada em todos os cultos de nossa igreja. Porém, se
re etirmos sobre a ilustração acima, compreenderemos que muitas pessoas têm
chegado aos nossos templos precisando ser tratadas individualmente e, muitas
vezes, não as temos atendido de forma adequada. O RD é o cuidado individual
necessário na vida da igreja, por intermédio do qual as pessoas são
acompanhadas para o crescimento.

O Objetivo da Solicitação de Contas


uando vamos a uma consulta médica, o médico faz uma série de perguntas
com o m de apurar as causas de uma doença. No RD, a solicitação de contas
é o processo de investigação pelo qual o discipulador identi ca quais áreas da
vida do discípulo precisam ser mais trabalhadas. o acompanhamento do
desenvolvimento do discípulo por meio da transparência completa em áreas
especí cas da vida.
No livro De volta aos princípios, Fabrício
A solicitação de contas é
Freitas a rma que a solicitação de contas
o processo de
representa o outro lado da Prestação de
Contas. discipulador deve constantemente investigação pelo qual o
impulsionar seu discípulo a avançar em seu discipulador identi ca
relacionamento com Deus, vida devocional, quais áreas da vida do
santi cação pessoal, serviço prestado ao Corpo discípulo precisam ser
de Cristo e s demais pessoas .[2 ] mais trabalhadas.
O fundamento da solicitação de contas é
o aperfeiçoamento do discípulo. Por meio desse elemento do RD, o
discipulador busca encorajar o discípulo ao crescimento em cada área de sua
vida. Fernando Brandão declara:
Tendo em vista que o Relacionamento Discipulador se estabeleceu sobre a condição do interesse da
pessoa discipulada no Evangelho, o discipulador deve constantemente impulsioná-lo a avançar em seu
conhecimento de Deus, que é o alvo principal, solicitando contas sobre a sua prática de oração e
leitura bíblica e o cumprimento de pequenas tarefas estabelecidas de comum acordo. [25]

A Solicitação de Contas em Nossa História


Pode parecer estranho para alguns falarmos da necessidade de termos um
discipulador que solicite contas de nossa vida, mas, se relembrarmos nossa
hist ria, perceberemos que esse princípio sempre esteve presente. uem foi
aluno da Escola Bíblica Dominical desde criança deve lembrar que os
professores perguntavam para cada aluno se tinha lido a Bíblia durante a
semana, se tinha ofertado, se tinha estudado a lição e se tinha trazido visitantes.
Esse tipo de solicitação de contas servia para o professor acompanhar o
desenvolvimento de seus alunos. Com o tempo, o princípio foi perdido e o que
permaneceu foram apenas os n meros. Posteriormente, os n meros foram
considerados irrelevantes e deixaram de ser contabilizados.

A Importância da Solicitação de Contas


A Solicitação de Contas é o elemento do RD pelo qual o discípulo é
conduzido re exão acerca de sua prática de vida cristã. Por meio de
perguntas, o discípulo é levado a pensar sobre cada área de sua vida e orientado
a alinhá-las aos valores do reino de Deus. Vamos abordar alguns pontos sobre
o que é e como podemos solicitar contas do discípulo biblicamente:

1. SOLICITAR CONTAS É FAZER O DISCÍPULO REFLETIR SOBRE OS


SEUS ERROS E CORRIGI-LOS À LUZ DOS VALORES DO REINO DE
DEUS

uando um grupo de escribas e fariseus levou uma mulher surpreendida em


adultério até Jesus, eles esperavam encontrar uma oportunidade para acusálo.
O que eles não tinham feito até então era re etir sobre seus pr prios erros, até
que Jesus lhes disse: uem dentre v s estiver sem pecado seja o primeiro a atirar
uma pedra nela (Jo 8.7).
Enquanto não formos confrontados com aquilo que precisamos corrigir em
n s, caremos centrados nos erros dos outros. A solicitação de contas tem a
função de mostrar ao discípulo que é preciso ajustar alguma área de sua vida
aos valores do reino de Deus.

2. SOLICITAR CONTAS É A OPORTUNIDADE DE AJUSTAR OS


CONCEITOS EQUIVOCADOS DOS DISCÍPULOS

uando os setenta discípulos retornaram da missão de pregar o evangelho,


Lucas a rma que eles voltaram alegres, dizendo Sen or, até os dem nios se
submetem a n s em teu nome (Lucas 10.17). Como um tipo de prestação de
contas, eles expuseram o que estava em seu coração. Por terem relatado sua
missão, Jesus corrigiu os discípulos quanto quilo que realmente tinha valor.
Jesus indicou o que estava errado na mentalidade dos discípulos dizendo com o
que eles realmente deveriam se alegrar: Contudo, não vos alegreis porque os
espíritos se submetem a v s, mas porque vossos nomes estão escritos no céu (Lc
10.20).
A prestação de contas expõe os pensamentos do discípulo de modo que o
discipulador possa ajudá-lo, corrigindo os conceitos equivocados e alinhando-
os aos valores do reino de Deus. O discípulo precisa permitir que um
discipulador o ajude a se aperfeiçoar na vida cristã por meio da prestação de
contas. enny Luc , comparando a di culdade de implementarmos esse
elemento do RD com a resistência que os homens têm a procurar o médico
diante de uma enfermidade, alerta-nos que: se negligenciamos a dor, sofremos.
Mas se negligenciarmos nosso caráter, não permitindo que ele seja examinado por
outro omem de Deus, as pessoas do Reino de Deus vão sofrer .[26]

O Papel do Discipulador na Solicitação de Contas


A hist ria do rei Davi nos apresenta muitas lições de vida. ma delas é a da
necessidade de alguém enviado por Deus para nos confrontar em áreas
especí cas. Precisamos de alguém a quem vamos prestar contas de nossa
conduta, a m de nos aperfeiçoarmos em todas as dimensões do nosso ser.
Sua experiência de vida nos ensina o valor de termos alguém a quem prestar
contas. Ele era um homem temente a Deus, que consultava o Senhor para
todas as investidas militares que empreendia. Ele tinha intimidade com Deus
em obediência, como vemos numa batalha contra os listeus, quando ele
consulta o Senhor sobre a permissão para ir ou não: Então Davi consultou o
SE R Devo atacar os listeus Tu os entregarás nas min as mãos
SE R respondeu a Davi Ataca, pois entregarei os listeus nas tuas mãos
(2Sm 5.19). Encontramos isso também numa outra ocasião quando ele não s
recebe a permissão como também a estratégia para vencer a batalha:
E Davi tornou a consultar o SENHOR, que respondeu: Não subirás mas dá a volta por trás e ataca-
lhes em frente das amoreiras. uando ouvires o estrondo de marcha pelas copas das amoreiras, tu te
apressarás, pois é o SENHOR que sai diante de ti a ferir as tropas dos listeus. Então Davi fez como o
SENHOR lhe havia ordenado e atacou os listeus desde Geba, até chegar a Gezer (2Sm 5.23-25).

Apesar de toda essa intimidade com Deus, quando Davi cometeu adultério
com Bate-Seba e articulou o assassinato de rias (2Sm 11.1-27), foi necessário
que o profeta Natã fosse até ele e, por meio de uma parábola, zesse ele cair em
si e reconhecer o seu pecado (2Sm 12.1-15). Assim como Davi, n s precisamos
de um discipulador que nos solicite contas, não s para momentos em que
cometermos erros, mas principalmente para evitarmos possíveis quedas.
A grande verdade é que n s mesmos não temos a capacidade de fazer uma
autoavaliação tão apropriada como a avaliação feita por um amigo ou
discipulador. De tempos em tempos, precisamos averiguar como temos
progredido em cada área de nossa vida. O discipulador representa a gura de
alguém que intercede e se preocupa com o crescimento espiritual do discípulo,
tornando- se a pessoa ideal para a aplicação desse princípio. enny Luc diz
que ão temos o treinamento, a objetividade ou a perspectiva para ver os fatos em
relação a n s mesmos, tanto no mbito espiritual como no relacional. Todos n s
temos pontos cegos que apenas alguém do lado de fora está em condições de
destacar .[27] Portanto, precisamos desenvolver esse elemento do RD a m de
conduzirmos os discípulos maturidade cristã.

Princípios Essenciais da Solicitação de Contas


Baseados na experiência que temos tido em nossa igreja, listamos alguns
princípios essenciais da Solicitação de Contas:
1 rinc pio Fundamental Pelo fato de descobrirmos diversas áreas para
serem ajustadas na vida do discípulo, podemos cair no erro de carmos
tentando resolver todos os seus problemas. Mas é fundamental
compreendermos que o primeiro aspecto da vida do discípulo que precisa ser
corrigido é a relação dele com Deus. medida que o discípulo ajusta sua vida
com Deus, todas as outras áreas de sua vida estarão propensas a serem
ajustadas. Tentar reparar outras áreas antes da relação do discípulo com Deus é
arriscar-se a fracassar em seu RD.
2 rinc pio da Intimidade Em se tratando de um momento tão delicado
como esse em que o discípulo abre o coração, é preciso entender que o nível de
abertura do discípulo é aprofundado medida que o RD vai se desenvolvendo.
Não podemos esperar que todos os discípulos se desguarneçam com facilidade.
Por isso, o discipulador precisa investir nos encontros um a um para
desenvolver uma intimidade que possibilite a solicitação de contas.
rinc pio da Discri o O discipulador precisa ser o mais discreto
possível. Tudo o que é compartilhado pelo discípulo precisa ser guardado pelo
discipulador. Esse elemento do RD pode parecer um ambiente propício para a
exposição da pessoa, mas numa igreja saudável esse risco é diminuído, pois
todos estão sendo tratados.
rinc pio da onestidade O discípulo precisa ser honesto com o seu
discipulador. m RD que é desenvolvido sem transparência não produz o
efeito biblicamente esperado: a maturidade.
5 rinc pio da Cura A Bíblia nos ensina um princípio singular da
mutualidade: Portanto, confessai vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos
outros para serdes curados. A s plica de um justo é muito e caz (Tg 5.16). O que
Tiago está ensinando não é que seja preciso confessar os pecados para alguém
para se obter o perdão. Não uem perdoa pecados é Jesus Cristo (1Jo 1.9). O
que Tiago está ensinando é que há pecados que precisamos da ajuda de alguém
para vencê-los, ou seja, para sermos curados. Esses pecados precisam ser
confessados para que a cura aconteça. Essa con ssão precisa ser especí ca e
sincera, pois a con ssão genérica e super cial impede que haja em n s a culpa
necessária para o arrependimento. Richard Foster, em seu livro Celebração da
disciplina a rma que uma con ssão por atacado , pode poupar nos da
umil ação e da vergon a, não in amará a cura interna .[28] Para ele, a
con ssão é uma disciplina que precisa ser exercitada nos dias de hoje. Esse tipo
de ajuda pode ser desenvolvido por meio do RD.
6 rinc pio da Ob eti idade O
O primeiro aspecto da
objetivo da solicitação de contas é
vida do discípulo que
identi car as áreas que precisam ser
tratadas na vida do discípulo. medida precisa ser corrigido é a
que as perguntas são feitas, o discipulador relação dele com Deus.
vai identi cando quais são essas áreas. O
discipulador pode perguntar ao discípulo acerca da sua vida familiar (para os
casais, como está o casamento, criação de lhos para os solteiros, se está
honrando seus pais), de sua mordomia (não s quanto contribuição na igreja,
como também sobre a administração nanceira familiar não é preciso saber
quanto o discípulo ganha, mas sim se tem administrado luz da Palavra de
Deus) d e seu testemun o cristão (se tem compartilhado de Jesus para alguém, se
tem feito RDs) da sua conduta cristã (se tem sido honesto, se tem mágoa de
alguém, se tem perdoado, se tem falado mal de alguém, se tem sido verdadeiro
em suas palavras, se tem sido vencido pelo pecado).
7 rinc pio da re en o A solicitação de contas favorece a prevenção
contra o erro, uma vez que o discípulo pode compartilhar com antecedência as
áreas de sua vida em que tem enfrentado di culdade. enny Luc , citando Stu
eber, diz que:
O golpe da prestação de contas não tem o objetivo de ser punitivo, mas preventivo. Não serve para
gritar com seu irmão enquanto ele pula no abismo e dizer Viu s o que você fez, seu idiota , falar
Estou comprometido com seu bem-estar. uando você precisar de mim, agirei como uma defesa
humana para você. Não sou feito de aço, mas não o posso ver caindo num abismo sem adverti-lo. E
quero adverti-lo enquanto você está beira da estrada, onde ainda tem oportunidade de recuperar o
controle. [29]

Apliquei esses princípios em minha igreja e tenho testemunhado as seguintes


experiências por meio da solicitação de contas:

ma jovem que começou a ser discipulada em nossa igreja disse sua


discipuladora: Eu não sabia que falar mal dos outros era pecado.
Somente agora passei a re etir sobre isso . Semanalmente sua
discipuladora pergunta se ela tem falado mal de alguém.
m jovem testemunhou em um dos cultos de minha igreja: Depois de
15 anos participando de igrejas evangélicas, apenas nos ltimos três
anos, quando comecei a ser discipulado, é que não s comecei a ler a
Bíblia diariamente, como também aprendi a ter prazer nisso .
Semanalmente ele é encorajado a ler a Bíblia todos os dias.
m dos meus discípulos a rmou que nunca havia compreendido sua
responsabilidade na mordomia dos bens antes de começarmos nossa
caminhada discipular. Em cada encontro discipulador, eu pergunto
acerca da mordomia cristã em sua vida.
ma jovem de 22 anos, criada na igreja, a rmou que s agora tem tido
a preocupação de testemunhar de Jesus, e atribuiu isso ao fato de estar
sendo discipulada há dois anos. Em cada encontro sua discipuladora
solicita contas de seu compromisso em testemunhar.
m jovem passou a agir de forma diferente com a sua esposa, ap s sete
anos de casados, pela in uência do seu discipulador, que semanalmente
consulta- o sobre o seu casamento.

Esses e muitos outros exemplos re etem o avanço espiritual na vida daqueles


que por meio da Solicitação de Contas estão sendo encorajados a crescer.
Como diz enny Luc , precisamos dar um passo de fé e abraçar a prestação de
contas agressiva antes que seja tarde demais .[30]
Aplicações Práticas
1. se a solicitação de contas para direcionar suas conversas enquanto
desenvolve o RD. A Junta de Missões Nacionais desenvolveu dois Guias
de Solicitação de Contas que podem ser usados pelo discipulador.
Temos utilizado a Sugestão de Roteiro para Encontro Discipular que
está no Apêndice I (p.125).
2. Dedique-se a conduzir seu discípulo a uma vida devocional constante e
crescente. Certi que-se de que ele tem desenvolvido mais intimidade
com Deus.
3. Caso alguma área a ser trabalhada na vida do seu discípulo exija mais
conhecimento do que você possui, busque ajuda em pessoas ou
materiais apropriados. Por exemplo, se seu discípulo estiver com
di culdades na administração de seus recursos, você pode procurar um
livro ou um estudo e trabalhar junto com ele a partir deste material.
4. Estabeleça metas com o discípulo. Coloque alvos possíveis para leitura
da Bíblia e para oração. Desa e-o a crescer em cada área da vida e
acompanhe o seu progresso por meio da solicitação de contas. Temos
desa ado cada discípulo a escrever uma frase para cada item do modelo
de sugestão para estudo bíblico (Apêndice 2, p. 126).

[2 ] De volta aos princípios, p. 22.


[25] greja Multiplicadora cinco princípios bíblicos para crescimento, p. 81.
[26] Arrisque a vida s vale a pena quando abandonamos a zona de conforto, p. 137. Esse livro foi escrito
para homens, por isso apresenta a expressão outro omem de Deus , mas no caso do RD entendemos que
homens discipulam homens e mulheres discipulam mulheres.
[27] Arrisque a vida s vale a pena quando abandonamos a zona de conforto, p. 136,137.
[28]Celebração da disciplina o camin o do crescimento espiritual, p. 213.
[29] Arrisque a vida s vale a pena quando abandonamos a zona de conforto p. 137,138.
[ 0] Arrisque a vida s vale a pena quando abandonamos a zona de conforto, p. 140.
Conclusão
“Decidimos dar-lhes não somente o evangelho de Deus, mas também a
nossa própria vida.” 1ª Tessalonicenses 2.8

A vida discipular de Jesus é su ciente para nos convencer de que o


cristianismo deve ser experimentado por meio de um estilo de vida discipular.
Diante de tudo o que foi apresentado até aqui, não podemos responder
realidade de tantos perdidos em nossa nação de outra maneira a não ser pelo
investimento de nossa pr pria vida na formação de Relacionamentos
Discipuladores.
Jesus nos a rma que o amor é conhecido pelo fato de Ele ter dado sua vida
por n s e de que n s devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos (1Jo 3.16).
O dever de darmos a nossa vida em favor dos outros nos convida a nos
dedicarmos formação de RDs intencionais que possibilitem o c amar, o
acol er e o aperfeiçoar discípulos. Somos responsáveis não somente por
conduzir pessoas a Cristo, mas também por levá-las maturidade cristã.
Colaborando com isso, o ap stolo Paulo a rma aos cristãos de Tessal nica
que havia decidido dar-lhes não somente o evangelho de Deus, mas também a
pr pria vida (1Ts 2.8). Por isso, o RD não se resume a transmitir
ensinamentos te ricos da vida cristã. Não ensinar, sim, com a pr pria vida
ao discípulo como se vive o evangelho. Essa postura, no entanto, é uma
questão de decisão.
Para que isso aconteça, precisamos criar em nossa agenda semanal o espaço
para investirmos tempo em quem desejamos discipular.
RELACIONAMENTO com pessoas é fundamental para o desenvolvimento
do RD. Devemos nos relacionar com pessoas não crentes, a m de chamá-las
para se tornarem discípulas de Jesus. Devemos nos relacionar com nossos
discípulos, a m de integrálos e conduzi-los maturidade. por meio do
relacionamento vida na vida que os discípulos perceberão como aplicamos as
verdades bíblicas do evangelho em nosso cotidiano.
Pensando na Grande Comissão como um todo, não podemos nos
conformar com apenas nos relacionarmos com os nossos discípulos. Precisamos
também dedicar tempo de nossa vida com o objetivo de fazer com que novas
pessoas se integrem vida da igreja. Barnabé tomou Saulo para si (At 9.27).
Desenvolveu um RD com ele. Mas não cou por aí. Barnabé aplicou-se a
ACOLHER, isto é, integrar Saulo igreja de Jerusalém, responsabilizando-se
por apresentá-lo aos demais membros.
Decidir dedicar sua vida aos outros signi ca assumir uma postura de oração
diferenciada. colocar-se em INTERCESS O constante pelo discípulo.
orar para que sua vida in uencie a dele. in uenciar o seu discípulo por meio
de uma vida de oração que faça dele um grande intercessor.
Decidir dedicar sua vida aos outros é importar-se com seu discípulo
integralmente. Isto é ELAR pela pessoa. preocupar-se em levá-lo
maturidade em todas as áreas de sua vida. Por mais que você se considere
incapaz de ajudar seu discípulo em alguma questão, você precisa saber que a
Bíblia tem todas as orientações. Basta você conduzir seu discípulo cada vez
mais a ter intimidade com Jesus e com a Palavra.
ma vez que você decide investir sua vida em alguém, você deve aplicar-se a
comunicar-lhe os ensinamentos da Palavra de Deus, ou seja, a ENSINAR O
EVANGELHO. Conduzir o discípulo maturidade cristã signi ca torná-lo
mais e mais conhecedor da Palavra de Deus. A Escola Bíblica torna-se um
veículo fundamental para que esse elemento do RD seja desenvolvido.
Decidir dedicar-se aos outros também signi ca acompanhar o progresso do
discípulo. Isso pode ser bem acompanhado por meio de SOLICITAR
CONTAS. medida que perguntamos ao discípulo sobre áreas especí cas de
sua vida, temos a possibilidade de nos aplicarmos nas reais necessidades a serem
trabalhadas.
En m, tendo em vista esses seis elementos do acr stico RAÍ ES, é possível
desenvolvermos RDs saudáveis que conduzam nossos discípulos maturidade
cristã. Dessa forma, desenvolveremos uma cadeia de discipulado natural e
saudável em nossas igrejas, que possibilitará um ambiente frutífero.
Essa decisão você pode assumir neste momento. Aconselho você a terminar
esta leitura escrevendo uma oração de compromisso.
Apêndice 1
Sugestão de Roteiro para Encontro Discipular

TEM O DE 5 Momento para compartilhar como foi a


RE ACIONAMENTO min semana.

TEM O DE 5 O discípulo ora em gratidão por tudo o


ORA O min que experimentou durante a semana.

TEM O DE Esse tempo é destinado a fazer veri cação


20
SO ICITA O DE sobre cada área da vida do discípulo por
min
CONTAS meio da solicitação de contas.

O discipulador compartilha algo acerca


TEM O DE 15
da Palavra de Deus para edi car o seu
EDIFICA O min
discípulo por meio da Palavra.

O discipulador estimula o discípulo a


TEM O DE 10 avançar nas áreas em que esteja mais
ENCORAJAMENTO min precisando. Se necessário, o discipulador
lança metas pessoais para o discípulo.

O discipulador ora por cada desa o


TEM O DE 5
apresentado pelo discípulo e pelos alvos a
INTERCESS O min
serem alcançados.
Apêndice 2
Exemplo de Atividade Devocional

SUGESTÃO PARA ESTUDO BÍBLICO EM FILIPENSES 1 E 2

erdade Espiritual: Minha atitude deve ser a mesma de Cristo Jesus. Ele
não levou em consideração o ser igual a Deus. Antes, esvaziou-se a si
mesmo. Enquanto não me esvaziar de mim mesmo eu não agirei como
Cristo, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um s espírito e
uma s atitude (2.2-7).

Mandamento Ordem: Seja a vossa atitude a mesma de Cristo Jesus (2.5).

romessa em ue con ar: iver é Cristo, morrer é lucro é uma realidade


que Paulo experimentou e que eu também posso experimentar (1.21).

Algo a ser mudado em minha ida: Muitas vezes caio no erro de


acreditar que posso mudar a vida das pessoas e então me esforço para isso.
Mas a verdadeira mudança para as pessoas é Jesus. O que se espera de mim
é que eu me esvazie de mim mesmo mais e mais. Preciso enxugar ainda
mais a minha agenda para permanecer mais com o Senhor.

SUGESTÃO PARA ESTUDO BÍBLICO

erdade Espiritual:
Mandamento Ordem:

romessa em ue con ar:

Algo a ser mudado em minha ida:


Referências Bibliográ cas
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2004.
BRAND O, Fernando, Org. greja Multiplicadora princípios bíblicos para
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1996.
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de seu grupo pequeno a liderar novos grupos. Trad. Ingrid Neufeld de Lima.
Curitiba, PR: Ministério Igreja em Células, 2009.
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transformar seu ministério fora do encontro do grupo pequeno. 1 ed. Curitiba:
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para o crescimento da igreja. Trad. Adiel Almeida de Oliveira. 4. ed. Rio de
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. ntegração segundo o novo testamento. Trad. Elvira Moraes Lustosa.
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RAVENHILL, Leonard. Por que tarda o pleno avivamento 1. ed. Belo
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