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IGREJA

Missioná
A verdadei
ri a
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do corpo d
e Cristo
IGREJA MISSIONÁRIA
A verdadeira natureza do corpo de Cristo
A IGREJA MISSIONÁRIA: A verdadeira natureza do corpo de Cristo
1a edição: 2019

Pesquisa: Kilanny Queiroz; Mariani Xavier; Gustavo Chávez.


Texto: Mariani Xavier; Gustavo Chávez.
Edição: Maria Antonia Rivera Jurado

Publicado no Brasil por: DENAMID BRASIL


Praça Santa Marcela, 53 - Freguesia do Ó, São Paulo - SP, 02734-040.
CONTATO: contato@denamidbrasil.com.br
TELEFONES: +55 11 98508-4607 / +55 11 3991-7021
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zação prévia ou por escrito do autor. A violação dos direitos autorais (Lei no 9.610/98) é
crime estabele-
cido pelo Artigo 48 do Código Penal.
“E recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós, e
sereis minhas testemunhas, TANTO em Jerusalém, COMO em
toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra!”
- Atos 1:8 -
SUMÁRIO
06 - INTRODUÇÃO 24 - PARTE II: COMO SER E VIVER
UMA IGREJA MISSIONÁRIA

07 - PARTE I: MISSÃO CRISTÃ 25 - O pastor: a importância do líder local


na obra missionária
NA PERSPECTIVA BÍBLICA 29 - Departamento de missões
33 - Intercessão missionária: A importância
08 - "MISSIO DEI": a missão de deus da oração e o jejum em missões
10 - Missio Dei no Antigo Testamento 37 - Formas de investimento missionário:
12 - Missio Dei no Novo Testamento Indo além da questão financeira
15 - O plano de Deus para as nações 41 - Conferência missionária:
conscientizando a igreja do seu encargo
19 - MISSÃO DA IGREJA: O verdadeiro missionário
papel do corpo de Cristo 44 - O envio missionário: parceria entre a
igreja local, a agência e o missionário
20 - Chamados para fora 46 - O pastoreio de missionários: o cuidado
21 - A igreja missionaria na atualidade: integral do missionário
desafios e definições 50 - Informações na igreja local: informação
gera intercessão

51 - NOTA DO AUTOR

53 - BIBLIOGRAFIA

MANUAL
- IGREJA MISSIONÁRIA
INTRODUÇÃO

Certa vez, depois de participarmos numa Conferência


Missionária, um irmão se aproximou e nos disse: “Necessito de
ajuda para organizar nosso trabalho missionário em nossa
igreja local. O pastor anterior nos impedia de trabalhar com
missões na igreja (isso era como uma pedra enorme,
impossível de se remover!), mas, agora que o novo pastor nos
deu toda a liberdade para trabalhar com missões, não
sabemos o que fazer ou para onde ir”. Infelizmente temos
observado essa realidade em muitas das Igrejas de Deus, tanto
no Brasil como na América Latina. Os pastores não tem
apoiado e nem se comprometido com a obra missionária em
suas congregações, ou então, quando começam a abrir as
portas para o trabalho missionário, nem eles ou os membros
sabem por onde começar ou como organizar o departamento
de missões.

Em vista essa situação, como Departamento Nacional de


Missões da Igreja de Deus (DENAMID), preparamos este
material a fim de ajudar as igrejas, membros e pastores a
terem uma visão mais ampla do objetivo principal da igreja: Ir
e fazer discípulos de todas as nações. Para isso, a seguir
apresentaremos primeiramente os conceitos fundamentais da
missão, e depois, os práticos de como ser e viver uma igreja
missionária . Esperamos que possa ser grandemente edificado
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nas seguintes páginas. Deus abençoe a sua leitura!

Atenciosamente:
- IGREJA MISSIONÁRIA

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PARTE 1
Missão Cr
istã

na Perspe
ctiv a Bíblica
“MISSIO DEI”
A missão de Deus
Algum dia você já se perguntou qual é a missão de Deus? Pois
bem, de acordo com as Escrituras Ele deseja revelar-se a nós
para reconciliar consigo mesmo à humanidade caída. Dessa
forma, fazer seu nome conhecido e glorificado entre as nações
e estabelecer seu reino celestial na Terra. É uma grande
missão, não é verdade? E Ele, sendo todo-poderoso e
soberano Deus, poderia fazer todo esse trabalho sozinho sem
precisar de nós, simples humanos. No entanto, pela sua
misericórdia, o Senhor decidiu usar ao longo da história
homens e mulheres comuns para executar seu plano salvífico
para humanidade. Mas, qual é o papel de cada um nessa
grande missão? Vejamos alguns pontos importantes:

1. ELE É O DEUS DA MISSÃO: Ao contrário do que muitos


poderiam pensar, embora a capacitação dos missionários e os
recursos financeiros são fatores importantes para a realização
da missão, é o Senhor Jesus, na sua soberania, quem
determina os resultados na obra missionária. Por isso, esses
não podem ser avaliados tão somente por números, nem
muito menos, ser atribuídos exclusivamente ao árduo
trabalho, inteligência ou estratégias dos missionários. É Deus
que dá o crescimento e quem determina o tempo certo dos
frutos, Ele é o Senhor da seara! (Mateus 9:38).
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De acordo com um dos grandes missionários da igreja


primitiva, o apóstolo Paulo, “nós (apenas) somos
colaboradores de Deus”, ou seja, a missão é dEle! É isso o que
significa Missio Dei: Missão de Deus. Portanto, se a missão é
- IGREJA MISSIONÁRIA

dEle, cabe a nós cristãos ir, plantar e regar a se mente do


Reino no coração dos ouvintes, na expectativa de que Deus a
faça germinar (1 Co 3:69). A responsabilidade de crer (ou não)
na pregação é do ouvinte, e não do semeador (Mt 16:16).

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2. É DEUS QUEM CAPACITA: Se bem Deus decidiu incluir os
seres humanos na sua missão, ao longo das Escrituras
podemos ver que Ele não costumava chamar os candidatos
mais perfeitos ou aptos para trabalhar na sua seara. O Senhor
quase sempre escolheu pessoas improváveis e até pouco
qualificadas mas com corações dispostos e obedientes, para
que assim, seu poder e glória pudessem ser manifestados.
Como podemos ver no exemplo do apóstolo Pedro e de
muitos outros, Deus não somente chama aos seres humanos
para uma missão, mas também os capacita para completá-la
(veja Isaías 6.1-6). Quando temos absoluta consciência de que
a nossa capacidade vem do Senhor (2 Co 3:5), sabemos que a
Ele pertence toda a glória pelos frutos (Sl 115:1).

3. DEUS SEMPRE CUMPRIRÁ O SEU PROPÓSITO,


INDEPENDENTE DE NÓS: Como dizem as Escrituras, o Senhor é
poderoso para fazer todas as coisas e nenhum dos seus
planos poderá ser frustrado (Jo 42:2). Deus é o primeiro
interessado em executar o seu plano para a humanidade. Para
isso, predeterminou um tempo e um modo perfeito que está
acima da capacidade do homem de executar, ou não, os seus
planos. Apesar de qualquer esforço humano, é Ele mesmo
quem fará a semente do evangelho nascer, crescer e produzir
frutos. Em síntese, tal como escreveu o pastor da igreja
reformada do século XVI, Gisbertus Voetius: “Deus é o Senhor
soberano das missões”. Assim, se a missão é do Senhor, se Ele
nos dá uma Palavra para começar uma obra, temos garantia
de que Ele nos conduzirá até completá-la, sempre que
andemos em obediência à sua Palavra (Josué 1:8). Como
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veremos a seguir, tudo o que Ele determinou nas Escrituras já


aconteceu ou certamente acontecerá. Isto significa que se
perdemos o privilegio de ser cooperadores com Ele,
- IGREJA MISSIONÁRIA

igualmente, ele levantará outros discípulos ou outras igrejas


para esta tarefa.

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“MISSIO DEI” NO ANTIGO
TESTAMENTO
Deus se revela às nações através
do seu povo, Israel
Será que Deus somente olhou para outras nações (além de
Israel) a partir da igreja primitiva? Bem, as Escrituras nos
mostram que não. Basta ler para perceber que do início ao
fim, elas falam da missão de Deus para o mundo inteiro. Já em
Gêneses 3.15 ficou registrada a promessa de redenção para
toda a humanidade e a esse objetivo irão convergir os demais
textos bíblicos. Desde a antiguidade já se profetizava que o
Senhor levantaria seu Ungido, o Cristo, e que faria dele o
herdeiro e a luz das nações (Sl 2.8; Is 42.6; 49.6). Para dar
continuidade ao seu objetivo, Deus escolheu um homem da
Babilônia, conhecido hoje como Abraão, e lhe afirmou que
faria dele uma grande nação. Mesmo sendo um homem estéril
de 75 anos, Deus prometera que a través dele seriam
abençoadas todas as nações da Terra. Ou seja, mesmo contra
toda probabilidade, daquele velho homem viria o povo de
Deus! Contudo, cabia a Abraão crer e obedecer ao Senhor. A
única condição para alcançar a promessa era que ele, por fé,
deixasse para trás sua terra e sua parentela e partisse para
um lugar que ainda nem conhecia. E assim o fez (Gêneses
12.1-4). Esse texto bíblico é uma das pedras fundamentais da
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missão cristã, já que a mesma benção prometida a Abraão


chegaria mais tarde a todas as nações da Terra por meio de
Jesus Cristo (Gl 3:13-14). Desse modo, se pela fé pertencemos
- IGREJA MISSIONÁRIA

a Jesus, também somos a descendência espiritual de Abraão, o


povo de Deus. Portanto, Ele nos abençoa para abençoar a
Todas as famílias da terra! (Sl 67.1-2).

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Por isso, pertencer ao povo de Deus é muito mais do que
receber bênçãos materiais ou promessas. Se bem Ele promete
grandes bênçãos aos seus filhos, também deixa claro ao longo
das Escrituras que temos a responsabilidade de abençoar a
raça humana através do nosso testemunho, ou seja, através da
prática da Palavra (Dt 4:5-8). Somente assim, a identidade do
povo de Deus apresentará às nações as características que
anunciam a glória do Pai (Êxodo 19.5-6). O mesmo principio foi
confirmado pelo apóstolo Pedro séculos mais tarde (I Pedro
2.9-10), e por muitos outros textos do novo testamento, como
veremos a seguir.

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- IGREJA MISSIONÁRIA

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“MISSIO DEI” NO NOVO
TESTAMENTO
O coração missionário de Deus
Sabemos que o Novo Testamento apresenta o cumprimento
das profecias messiânicas do Antigo Testamento, de modo que
representa a continuidade do plano salvífico de Deus para
toda a criação. Embora não temos como analisar aqui, cada
detalhe, da importância do Novo Testamento para a
fundamentação e a prática missionária, vejamos alguns
versículos fundamentais que demonstram o coração
missionário de Deus no Novo Testamento:

1. Jesus, o Salvador do mundo (João 3.16). Os inúmeros temas


do Antigo Testamento convergem para a pessoa e obra de
Jesus Cristo de Nazaré. Os cidadãos samaritanos de Sicar
(meio judeus e meio gentios) foram os primeiros em afirmar
essa verdade ao dizer: “Sabemos que este (Jesus) é
verdadeiramente o Salvador do mundo” (João 4.42).

2. A cruz e a ressurreição, o fundamento da missão mundial.


Foi na cruz que Jesus, mesmo sendo inocente, suportou o juízo
de Deus que Israel e os gentios merecíamos. De modo
semelhante, sua ressurreição deu a possibilidade de remissão
de pecados para todas as pessoas, de todas as nações e povos
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da Terra, que se arrependam e creiam no seu nome. Portanto,


a cruz e a ressurreição de Jesus são a base para a missão de
alcance mundial.
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3. A Grande Comissão. Em todos os escritos


neotestamentarios é possível encontrar facilmente a ordem de
levar a mensagem a todos os povos da Terra, como em Mateus
28:18-20:

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“E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na
terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome
do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas
que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos. Amém”.

Aqui o Senhor Jesus, já ressurreto, ressalta aos seus discípulos


alguns pontos importantes. Em primeiro lugar, que Ele tem
toda a autoridade divina; segundo, que há um mandamento
permanente de realizar a missão, ou seja, IR e DISCIPULAR em
todas as nações; e terceiro, lhes promete a sua presença
constante durante a missão. Esse último é um marco
fundamental na Missio Dei.

4. O modelo missionário vem do próprio Senhor Jesus. Embora


a Bíblia toda fale da missão de Deus, nos evangelhos
encontramos alguns textos que especificam muito bem a
forma em que o Senhor deseja que cumpramos a missão.
Marcos 16: 15-18: O Senhor ordena aos discípulos IR pelo
mundo e PREGAR o evangelho, e lhes assegura que os sinais e
prodígios seguiriam aos que acreditassem. Eles teriam poder
para: expulsar demônios no nome de Jesus, falar novas
línguas, pegar em serpentes, ser imunes a qualquer veneno e
curar enfermos. Lucas 24:46-49: Jesus lembra aos discípulos
que já estava escrito desde a antiguidade que no nome do
Cristo se pregaria o arrependimento e a remissão dos pecados
em todas as nações da Terra, começando por Jerusalém.
Contudo, eles deveriam ficar em Jerusalém até que fossem
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revestidos com o poder do Espírito Santo, o qual era a


promessa do Pai. João 20:21-22: O Senhor diz aos discípulos
que da mesma forma que tinha sido enviado por Deus à terra,
Ele também os enviaria. Então soprou sobre eles o Espírito
- IGREJA MISSIONÁRIA

Santo. João 17:17-19: Se os discípulos são enviados do mesmo


modo que Jesus foi, então, semelhantemente, o discípulo
deverá se santificar na Verdade (a Bíblia) para que os novos
discípulos também sejam santificados.

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5. Poder para realizar a missão encomendada. Como vimos no
ponto anterior, a maioria dos textos citados denotam a
necessidade de se ter o Espírito Santo e o seu Poder para
testemunhar o Reino dos Céus aos perdidos. Isso, porque em
toda obra missionária existe uma sincronia entre o Senhor da
seara e os seus trabalhadores. Essa dinâmica é perceptível em
Atos 1:8, quando Jesus disse aos seus discípulos:

“receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas
testemunhas TANTO em Jerusalém, COMO em toda Judeia e Samaria, e até os
confins da terra”. Como vemos, a ação do Espírito Santo trabalha juntamente
com a ação da igreja.

Além desse trabalho em conjunto entre Deus e os homens, o


versículo também apresenta a simultaneidade da ação
missionária. O Senhor Jesus está dizendo que a missão deve
ocorrer em TODOS os lugares ao mesmo tempo, ou seja, tanto
no seu bairro e cidade, como no restante do seu país e no
mundo TODO. Isto também ressalta a necessidade de fazer
três coisas simultaneamente: orar, contribuir e evangelizar.
Essas ações são inseparáveis e devem ocorrer
sincronicamente. Aqueles versículos nos demonstram que, no
plano de Deus para as nações, existem formas diferentes de
divulgar o evangelho.

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O PLANO DE DEUS PARA
AS NAÇÕES
Forças evidentes na expansão do
evangelho

Na Bíblia podemos identificar claramente duas forças que


agem dentro da missão de Deus e que podem ser ilustradas
corretamente pelos movimentos centrípeto e centrífugo que
aprendemos na escola. Enquanto a primeira ação atrai os
elementos até seu centro, a segunda é aquela cuja força sai do
centro e se expande para todas as direções. Essas mesmas
dinâmicas acontecem dentro da missão, vejamos:

Força centrípeta ou atrativa


Esta ação é comumente relacionada ao Antigo Testamento,
uma vez que Israel devia viver de acordo com a Lei, para que
assim as nações pagãs pudessem ver as bênçãos do Senhor
sobre seu povo (assim como Sua santidade e justiça) de modo
que o nome do Deus de Israel fosse glorificado entre as
nações (Lv 20.7-8). A separação dos costumes pagãos era o
que distinguia Israel das outras nações e, portanto, tornava-se
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seu principal ponto de atração. A Bíblia registra diversos casos


de estrangeiros que foram atraídos para Israel por causa das
bênçãos evidentes de Deus sobre seu povo, entre eles: Rute, a
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moabita e o siro Naamã.

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Força centrífuga ou expansiva
Esta força é comumente relacionada ao Novo Testamento pela
sua operação ativa, já que o Senhor Jesus ordenara
enfaticamente que a igreja devia levar a mensagem do
evangelho além das fronteiras de Israel. Contudo, no Antigo
Testamento podemos encontrar exemplos de israelitas cativos
ou exilados, que viviam segundo os padrões de Deus e, ao
mesmo tempo, proclamaram a mensagem dEle em outras
nações: Entre esses estavam José, Daniel, Jonas, Ester e
Jeremias, quem inclusive foi designado como profeta para as
nações. No livro de Salmos temos várias referências sobre o
anunciar às nações a glória de Deus (Salmos 96.3, 117.1-2),
portanto, não temos como limitar a ação expansiva apenas ao
Novo Testamento.

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Por muitos anos, sustentou-se que, enquanto o Antigo


Testamento vê as missões de forma centrípeta (as nações indo
em direção a Israel), o Novo Testamento tem uma visão
centrífuga (a igreja em direção a nações). No entanto, em todo
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o relato bíblico podemos constatar que na vida do povo de


Deus sempre estiveram presentes ambos os movimentos.
Versículos como Atos 1:8 tão somente confirmam a força
atrativa e expansiva da Igreja: o povo escolhido por Deus para
o cumprimento da Grande Comissão.

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PERGUNTAS PARA ESTUDO
O plano de Deus para as nações

1. Além dos textos bíblicos destacados, cite outras passagens


do Antigo Testamento que enfatizam o plano de Deus para as
nações?

2. Qual o contexto da promessa feita por Deus a Abraão?


Como foi que a promessa de uma terra, de uma posteridade e
de uma bênção se cumpriu no passado? Como essa promessa
se cumpre no tempo presente? Como a promessa de Deus a
Abraão receberá cumprimento final, no futuro?

O coração missionário de Deus

3. Como o texto de Atos 1:8 pode ser vivido hoje pela Igreja de
Jesus Cristo?
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4. Mencione os três pontos da Grande Comissão que Jesus dá
aos seus discípulos em Mateus 28. 18-20?

Forças evidentes na expansão do evangelho

5. Que significava a “missão atrativa” “centrípeta” no Antigo


Testamento? Como as duas forças (centrípeta e centrífuga)
atuavam no Antigo Testamento?

6. Cite alguns exemplos de testemunhos centrípetos na Bíblia


e no mundo moderno.

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A MISSÃO DA IGREJA
O verdadeiro papel do corpo de
Cristo

Como aprendemos anteriormente, Deus é o Senhor da missão


e, ainda hoje, trabalha através da Igreja para realizar seu
propósito na terra, para anunciar a sua glória e convidar a
humanidade à reconciliação com Ele. A própria palavra Igreja
no grego é “Eklesia” e significa ser chamado para fora. Embora
apareça somente no Novo testamento, se formos além da
palavra e nos concentramos no sentido da sua definição,
verificaremos que é inerente à natureza do povo de Deus
descrita de Genesis a Apocalipses. Afinal, a intenção de Deus
sempre foi que a sua multiforme sabedoria fosse conhecida
através do seu Povo (Efésios 3:10-12).

Igreja local e missões ou igreja em missão?

A vocação da igreja certamente é anunciar as virtudes daquele


que a chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Ela é o
povo de Deus, o sacerdócio real, sua nação santa, escolhida e
comprada por um alto preço (I Pedro 2.9). O novo Israel que
continua a missão de manifestar a presença de Deus às
nações, seja de forma atrativa ou expansiva, pois, é da sua
natureza viver os princípios do Reino de Deus enquanto
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convida homens e mulheres a fazerem parte do mesmo.

Biblicamente falando, a atividade missionária não é apenas


uma das ações da Igreja, e sim, a própria Igreja em ação.
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Consequentemente, a obra missionária é o dever de toda a


Igreja e não de alguns indivíduos comissionados para isso. Se
Deus é missionário, o seu povo deve ser missionário também.

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Chamados para fora

A Missão da Igreja é alinhar-se à Missão de Deus e cooperar


com Ele . Como veremos a seguir, a Igreja existe para uma
Missão: iluminar as nações, e tudo o que ela é e faz hoje,
inclusive a Igreja de Deus no Brasil, existe por causa da visão
missionária dos seus antepassados .Portanto, quando a igreja
não existe em razão da sua missão, quando não está sendo a
luz do mundo e o sal da terra, ela perde sua identidade, sua
razão de ser. E quando isso acontece, as palavras do Senhor
são claras: se o sal perde o seu sabor, para nada mais presta,
se não para ser jogado fora e ser pisoteado pelos homens
(Mateus 5:13). Irmãos, tudo na Igreja é e existe para a Missão:
levar as boas novas a todos os homens a fim de que sejam
santificados e renovados em Cristo através da Palavra e o
amor, e assim, possam desfrutar de um crescimento continuo
e saudável. Não se trata apenas de ter “mais” cristãos, e sim,
gerar cristãos maduros, completamente cheios do Espírito
Santo.

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- IGREJA MISSIONÁRIA

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A IGREJA MISSIONARIA
NA ATUALIDADE
Desafios e definições
Em diferentes momentos da história da Igreja houve ações
contraditórias ao plano de Deus para as nações. Elas geraram
confusões e atitudes que não só limitaram a compreensão do
que é SER IGREJA, mas também, distorciam o entendimento da
sua missão. Por isso queremos refletir sobre duas
terminologias que tem ocasionado confusão no meio
eclesiástico, a saber, Igreja Missionária e Igreja Missional
partindo do entendimento de que há grande distinção entre
ser uma igreja que faz missões e a intenção missional da
igreja. Vejamos algumas definições: Igreja missional: De acordo
com Igor Miguel, o termo missional se refere a uma forma de
“ser igreja” e “fazer missão” simultaneamente. Mas como? Bem,
a ideia é que o membro da igreja local, “o cristão missional”,
cumpra a missão de Deus para o mundo, mas, vivendo uma
vida normal, testemunhando a Cristo no seu dia a dia, em
ambientes cotidianos de família ou trabalho (Povos e Linguas,
2019).Ser missional é ser uma igreja cristãos comuns, cheios
do Senhor e discipulados para fazerem menção de Cristo no
seu próprio local, país ou cultura, ou seja, cumprir a Grande
Comissão no seu lugar mais próximo, sem ter que sair da sua
Jerusalém. Embora como cristãos devemos sim manifestar o
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reino de Deus em todo tempo e local, o que seria do


evangelho no restante do mundo se os apóstolos nunca
tivessem saído de Jerusalém? Aliás, o que seria da Igreja
brasileira se os cristãos que trouxeram o evangelho até aqui
- IGREJA MISSIONÁRIA

tivessem decidido pregar apenas nas suas cidades ou igrejas


locais por ser muito mais cómodo, rápido, barato e seguro? Ou
se tivessem pensado: “aqui também tem muita gente
precisando, não precisa ir tão longe não para salvar vidas,
não”? Alguma vez parou para pensar nisso?

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Se bem o termo missional é algo que conforma a muitos,
quando cumprimos a nossa missão apenas em Jerusalém,
estamos nos esquecendo dos perdidos da Judeia, Samaria e os
confins da Terra, e pior, estaremos obedecendo pela metade a
ordem do Senhor.

Igreja missionária:

Embora alguns têm usado esse termo, especialmente nos


Estados Unidos, para se referir a uma Igreja que só deseja
cumprir a Grande Comissão em terras distantes, já
aprendemos que a missão da Igreja deve acontecer
simultaneamente em todos os lugares. Uma Igreja real mente
missionária é aquela que vive Atos 1.8, ou seja, está
comprometida com que o Reino seja estabelecido tanto na sua
casa, bairro ou cidade, como nos lugares menos alcançados e
distantes da terra. Mas, Isso quer dizer que a Igreja é tanto
“missionária” como “missional”? Podemos dizer que sim no
sentido de que a Igreja é Missionária por natureza: o povo de
Deus foi chamado para SER e SAIR!

“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade
exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou
das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe.2.9).

O que não podemos é “escolher” que tipo de igreja queremos


ser, se missionária ou missional, já que pelas escrituras,
confirmamos que a própria natureza da igreja já é missionária.
Afinal, se como congregação decidirmos ser algo contrário a
isso, não estaremos sendo a Igreja que Deus chamou para ser
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luz e ao mesmo tempo ir a todos os lugares.


- IGREJA MISSIONÁRIA

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PERGUNTAS PARA ESTUDO
O plano de Deus para as nações

1. Diga com suas palavras qual é o papel da Igreja na Missão?

2. De que forma o termo “igreja missional” poderia encaixar


com Atos 1:8?

3. Você concorda que todos nós crentes em Cristo estamos


sendo enviados para “uma missão”?
Caso afirmativo, explique como o crente poderia ser treinado e
preparado para a obra

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PARTE 2
Como ser
e viver

uma Igrej
a Mission
ár ia?
O PASTOR
Importância do líder local na
obra missionária
O Pastor é talvez a pessoa mais importante para que uma
congregação se torne missionária. Ao longo dos anos temos
percebido que ele é a chave para as missões. É o líder da
congregação quem abre ou fecha as portas para o trabalho
missionário dentro da sua igreja e, finalmente, é quem passa
para os membros a visão do que é ser igreja e do que é ser
cristão. Para Edison Queiroz a igreja costuma ser o que seu
pastor é: “Se o pastor leva Deus a sério, a igreja vai levar Deus
a sério. Se o pastor é consagrado, a igreja será consagrada. Se
o pastor leva uma vida de santidade, a igreja também levará
uma vida de santidade. Se o pastor tiver visão missionária, a
igreja também terá visão missionária” (p. 119).

Portanto, se o pastor é ciente da importância de fazer missões


e se compromete com a obra missionária (ora, contribui e esta
a disposição, caso Deus o chame para o campo),
provavelmente a sua igreja terá também uma visão
missionária. Isso porque possivelmente o pastor terá
aproveitado todas as oportunidades para ensinar, pregar,
aconselhar discipular e ministrar aos líderes e membros,
sempre desde uma perspectiva missionária.Isto foi o que
aconteceu numa pequena Igreja de Deus, que conhecemos na
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cidade de São Paulo. Assim que começaram a se desenvolver


diferentes tipos de ministérios e de ensino bíblico na
congregação, o pastor plantou a visão missionária. Em cada
culto, ele orava por missões e mostrava as necessidades
- IGREJA MISSIONÁRIA

mundiais. Com isso, não demorou muito para que todos os


líderes, dirigentes dos cultos, professores de escola dominical,
jovens e adultos, começassem a fazer o mesmo. Em outras
palavras, as missões se tornaram algo natural para aquela
igreja.

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Mas o que temos encontrado com mais frequência nas igrejas
que visitamos? Exatamente o contrário. Muitas delas não
sabem nada do que acontece nos campos missionários e nem
sequer têm uma noção de como estabelecer um trabalho
próprio. Isto nos conduz à seguinte pergunta: por que temos
pastores sem visão missionária? Ao analisarmos o sistema
eclesiástico completo, chegamos à conclusão de que o
problema está na raiz, ou seja, há uma falta de preparo
missiológico tanto na formação pastoral como de liderança.

Os seminários estão capacitando pastores sem visão


missionária. A maioria deles têm, no máximo, alguns meses de
ensino sobre missões, o que tem propiciado gerações inteiras
de pastores que não sentem paixão pelas almas e pelos povos
não alcançados. Essa realidade deveria, como mínimo,
despertar às Igrejas e instituições de ensino teológico a mudar
sua visão e programa acadêmico. Mas, o que fazer diante
desse quadro? O que fazer para que um pastor desenvolva
uma visão missionária?

Compreendamos também o lado do pastor. Na maioria dos


casos, ele não tem visão de missões porque ninguém o
ensinou, portanto, não foi preparado para desenvolver essa
visão na sua igreja. Existem muitos pastores, verdadeiros
homens de Deus, que embora amam a obra e se esforçam por
ganhar almas, não tem uma visão mundial. A maioria das
vezes, simplesmente ninguém lhes falou seriamente sobre o
tema.
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Podemos relatar o caso de uma Igreja de Deus na Argentina


que hoje é conhecida por fazer missões mundiais. Naquela
igreja, pouco tempo depois que deram inicio ao departamento
- IGREJA MISSIONÁRIA

de missões, houve uma troca de pastores na congregação.


Embora o novo pastor fosse um evangelista “de mão cheia”,
plantador de igrejas e ganhador de almas, ele não tinha a
menor ideia sobre missões. Por isso, no inicio se mostrava
receoso com o tema. Contudo, aquele homem tinha um
coração apaixonado por almas e Deus sabia disso.

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Em vista dessa situação, com muita paciência, amor e
compreensão, os membros do recém inaugurado
departamento de missões foram compartilhando com ele sua
visão e compromisso com as necessidades mundiais, ao tempo
que oravam muito para que o Senhor o ajudasse a entender a
importância da obra missionária. Assim, de forma incrível, em
apenas quatro anos aquele pastor estava totalmente envolvido
com a obra missionária. Até o dia de hoje ele é convidado a
ensinar em conferências de missões e duas das suas filhas se
tornaram missionárias. Diante de situações como essa é
relevante lembrar alguns passos práticos.

Para o pastor

Participe de Conferências Missionárias onde possa ampliar


sua visão mundial. E escute com atenção e com um coração
pastoral àqueles que têm um chamado missionário.
Participe de cursos como o de Formação de Mobilizadores
de Missões ou o Curso de Capacitação Missionária, que
acontecem cada ano no Centro de Treinamento de Missões
daIDB, na cidade de SP.
Leia livros missionários.
Pregue e ensine sobre missões.
Se informe constantemente sobre a situação do Evangelho
no mundo.
Leve sua igreja a um movimento de oração pelo mundo
perdido.

Para os membros
MANUAL

Compartilhe com seu pastor o seu chamado e sua visão


missionária.
- IGREJA MISSIONÁRIA

Ore constantemente por ele e pela igreja.


Abençoe a vida de seu Pastor com literatura sobre Missões.
Aproveite cada oportunidade que tiver na igreja para falar e
orar por missões.

PÁG. 27
Uma vez que o pastor tem a visão missionária o trabalho se
torna mais fácil. Quando ele entende o desafio de missões
mundiais e o adota como estilo de vida, a igreja da um
importante passo para se envolver totalmente na sua missão
global.

MANUAL
- IGREJA MISSIONÁRIA

PÁG. 28
O DEPARTAMENTO DE
MISSÕES
Orientando à igreja nas decisões
missionárias

As igrejas e seus membros confundem-se ao pensar que tendo


um departamento ou conselho missionário, sua igreja já está
envolvida com missões mundiais, mas não é assim. A tarefa
mais excelente dada por Deus aos homens não pode ser
cumprida apenas por um departamento de missões, nem por
uma igreja ou denominação, mas pelo corpo de Cristo como
um todo. Então, para que serve o departamento de missões?
Bem, ele existe para lembrar à igreja o propósito pelo qual ela
existe: levar a Palavra de Deus até o último da terra. Para
Edison Queiroz: “O departamento missionário é um grupo de
membros da igreja, sob a direção do pastor, que tem como
objetivo ajudar e orientar a igreja nas suas decisões
missionárias” (p. 56).

Esta é uma das definições mais claras de departamento


missionário. Ele deverá ser conformado por membros ativos e
fiéis da igreja, que demonstrem um interesse especial por
missões. É um grupo que deverá caminhar, preferivelmente,
sob a direção do pastor. Alguns pastores pensarão: “Tenho
MANUAL

tantas coisas para fazer, como poderei estar nas reuniões de


missões?”. Contudo, não temos aprendido até aqui que fazer
missão é a principal comissão da igreja? Então, porque não
- IGREJA MISSIONÁRIA

tomarmos tempo para o que é mais importante? Se um pastor


disser que sua tarefa missionária se tornará a prioridade da
sua igreja, terá que demonstrá-lo, começando com sua própria
vida e dispondo do seu tempo para o assunto.

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O departamento tem como objetivo principal ajudar e orientar
a igreja nas suas decisões missionárias. Não é fazer o trabalho
missionário, ou fazer a tarefa que a igreja não faz. O ideal é
que o departamento missionário oriente as decisões que a
igreja, como um todo (graças à visão missionária de cada
membro), tomará em relação a missões. Mas isso certamente
vai requerer tempo, oração e ensino da parte dos
interessados, até gerar no pastor e na sua congregação uma
consciência missionaria. Tal como vimos anteriormente no
exemplo da Igreja de Deus na Argentina.

Aqui pontuamos alguns dos objetivos específicos de um


departamento de missões: 1) Receber e dar informações
missionárias à igreja inteira, acerca da realidade dos campos
missionários ao redor do mundo. 2) Criar uma ponte entre os
vocacionados para fazer missões e o pastor da igreja. 3)
Definir um regulamento interno para o trabalho missionário da
igreja (em afinidade com o Departamento Regional e Nacional
de Missões).

À medida que o seu departamento missionário for se


estruturando, deverão ir surgindo as seguintes comissões
(começando com a oração que é a nossa principal ferramenta):

Oração.
Finanças.
Pesquisa.
Estratégias missionárias.
Educação missionária.
MANUAL

Treinamento missionário.
Divulgação missionária.
Pastoreio do missionário.
- IGREJA MISSIONÁRIA

Comunicação com os missionários.

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Irmãos, iniciar um departamento de missões não é uma tarefa
fácil, pelo contrário, é uma empreitada árdua e demorada, mas
acredite, é muito gratificante! Por isso, sempre precisamos
pedir a Deus muito amor pelas almas que poderão ser
alcançadas através da obra missionária, além de perseverança
e uma forte convicção daquilo que Ele quer para a vida da
Igreja. Nesse sentido, usaremos novamente a igreja da
Argentina como exemplo. Foi no ano de 1986 quando
começaram o departamento de missões naquela Igreja de
Deus. Esse ministério partiu da iniciativa de um grupo de
membros que desejava conscientizar a líderes e pastores
sobre a importância da obra missionária na vida da
congregação que frequentavam. Estruturalmente falando, era
um movimento missionário que havia surgido de baixo para
cima, crescendo de forma lenta na congregação.

Quando finalmente conseguiram criar o Departamento de


Informação Missionária (DIM), os membros da equipe se
reuniam duas vezes por semana. Um dia eles planejavam
eventos específicos a fim de estabelecer a visão missionária na
igreja (cultos, conferências, jantares, chás e cursos
missionários etc.), e no outro, reuniam-se somente para orar e
interceder pelas necessidades mundiais, assim como pela sua
liderança. Após perseverar durante cinco anos nessa dinâmica,
o pequeno DIM foi reconhecido e transformado por uma
assembleia de ministros em um Departamento de Missões
(DM), alcançando todas as características que mencionamos
anteriormente. MANUAL

Já na Igreja de Deus de São Paulo que mencionamos no inicio


o processo foi inverso. Do ponto de vista estrutural, cresceu
de cima para baixo, ou seja, do pastor para os membros.
Como era uma igreja relativamente pequena e o pastor não
- IGREJA MISSIONÁRIA

tinha como nomear alguém para o departamento de missões,


ele decidiu que o conselho da igreja seria o departamento
missionário. O conselho ajudaria à própria igreja a tomar as
decisões referentes à missão. Não dissemos que para o
Senhor Jesus, cumprir a Grande Comissão é a tarefa mais
importante da igreja? (Mateus 28:19-20)
PÁG. 31
Pois bem, para aquele pastor a ordem do Senhor era um fato,
pelo que escolheu as pessoas mais capacitadas da sua igreja
para alcançar o objetivo da grande comissão. Como resultado,
dois meses depois que o pastor assumisse aquela igreja, ela
estava ajudando financeiramente com o 50% do seu
orçamento a uma missionária que estava indo para Venezuela
com a missão Kairós. Em menos de um ano, espontaneamente,
os outros departamentos começaram a contribuir para
missões com 10% de suas entradas e havia intercessão por
missões em todos os cultos. Graças à visão do pastor, a
missão desta congregação tinha se alinhado com a missão de
Deus para o mundo.

MANUAL
- IGREJA MISSIONÁRIA

PÁG. 32
INTERCESSÃO
MISSIONÁRIA
A importância da oração e o
jejum em missões
Em vista do objetivo desta apostila, não discursaremos aqui
sobre a importância da intercessão desde um ponto de vista
teológico, mas, abordaremos o assunto desde uma perspectiva
prática. A oração é o combustível que faz a chama missionária
da igreja arder.

Como vimos anteriormente, todos os passos para o


estabelecimento do departamento de missões foram baseados
na Palavra e regados com oração. Quando as pessoas se
perguntam, qual é a chave para fazer funcionar um
departamento de missões na igreja local? Existe apenas uma
resposta: a oração. Deus é o Senhor das nações e também de
sua igreja, e é o maior interessado em que seu povo volte aos
princípios missionários que ele estabeleceu na sua Palavra. A
respeito disso, o autor Dowel Wesley, no seu livro “Toque o
mundo através da oração” diz o seguinte: “Centenas de
montanhas estão impedindo o avanço das missões e da igreja
de Cristo hoje, porque estamos confiando quase plenamente
em nossa própria sabedoria, habilidades e esforço. Preferimos
fazer quase tudo, menos entregar-nos realmente à oração e o
jejum” (1993,p. 30).
MANUAL

Infelizmente essa é uma clara descrição da nossa realidade


atual em missões. Neste texto, o autor define com precisão a
realidade da luta espiritual que vemos hoje no campo
- IGREJA MISSIONÁRIA

missionário e a atitude do cristão moderno em relação a isso.


Na mesma linha de pensamento, o escritor argentino Andrés
Robert, fala das estratégias de Jesus para a obra missionaria
com base em Mateus 9:38-39 e coloca a oração como o
“primeiro passo” na estratégia da conscientização missionária
(1998, p. 79).
PÁG. 33
Irmãos, se a oração é o primeiro passo para cada decisão
importante na vida de todo cristão, tratando-se de missões,
por que seria diferente? A Igreja necessita compreender a
força que ela tem quando intercede diante de Deus e o poder
dele para fazer muito mais do que pedimos segundo a sua
palavra. Esses são alguns passos práticos da oração por
missões:

Intercessão individual

Rogando por obreiros Mt. 9:38.


Pelas igrejas Fl. 1:9-11.
Para que Deus abra portas Cl. 4:3.
Para que haja finanças Fl 4:14-16.
Pedindo grandes coisas para o estabelecimento do Reino de
Deus Ef. 3:20-21.
Pelos missionários Ef. 6:18-20.
Pelos governantes I Tm. 2:1-2.
Fazendo guerra espiritual contras os principados das
nações Ef. 3:10.
Pelas pessoas que não conhecem a Jesus (conversão) Ez.
22:30; Sl. 2:8.

Intercessão grupal

Podemos orar pelos motivos anteriores, e incluir outros mais


amplos como:

Janela 10/405 (estaremos orando por mais da metade da


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população mundial).
Grupos indígenas.
Hinduístas.
- IGREJA MISSIONÁRIA

Muçulmanos.
Budistas.
Ateus.
Igreja sofredora.
Mantenedores de missões.

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Quando falamos de orar em grupos, podemos variar as formas
de oração, a cada culto, a fim de tornar a intercessão mais
dinâmica. Por exemplo: Orar em grupos de três, por famílias,
por classe de escola dominical ou por fileira de bancos.

Oração específica pelos missionários

Saúde física, emocional e espiritual.


Provisão divina em todos os aspectos do ministério
Companheiros de trabalho (relacionamentos interpessoais).
Vistos.
Os parentes que ficaram e os que vão com eles.
Para que tenham bom ânimo.
Proteção da sua mente.
Amor pela nova língua e habilidade para aprendê-la.
Superar a solidão e a saudade.
Que tenham ânimo quando houver resistência ao evangelho
ou poucos resultados visíveis.

Irmãos, se vocês oram por esses alvos, certamente terão


coberto grande parte das necessidades dos missionários e dos
campos onde atuam. Para isto, todas as comissões
mencionadas no capítulo anterior, terão que estar em perfeita
harmonia, principalmente, os comitês de oração, comunicação
e divulgação. Devemos lembrar a todos que a intenção é que
orem por missões, não somente quando estão na igreja num
momento de intercessão, mas também, no seu tempo de
MANUAL

oração pessoal. Devemos envolver o maior número de pessoas


possível na oração missionária. Como está escrito:
- IGREJA MISSIONÁRIA

“Exorto, pois, ANTES DE TUDO que se façam súplicas, orações, intercessões, e


ações de graças por todos os homens (...), porque isto é bom e agradável diante
de Deus nosso Salvador” (1 Tm 2:1;3).

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Não importa o tamanho da nossa congregação. Deus pode
fazer muito através de um pequeno grupo, quando as pessoas
se dispõem a interceder de todo o seu coração pelo mundo
perdido e pelas causas de oração do Senhor. O Irmão André
da missão Portas Abertas declara:

Você já pensou porque a maioria dos cristãos hoje não está fazendo ‘as coisas
maiores’ que Jesus disse que faríamos? E no que diz respeito a isso, por que não
estamos fazendo sequer as mesmas coisas que Jesus fez? Nós nos dizemos
cristãos – significando ‘pequenos Cristos’ – mas será que amamos como Jesus
amou, vivemos como ele viveu, acima de tudo oramos como ele orou, e com os
mesmos resultados que abalaram o mundo? (1990, p. 17

MANUAL
- IGREJA MISSIONÁRIA

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FORMAS DE INVESTIMENTO
MISSIONÁRIO
Indo além da questão financeira

Neste ponto é interessante lembrar a importância do tema


anterior, a oração foi, é e será sempre o sustento missionário.
Precisamos sempre ter isso presente, já que muitas pessoas
têm confundido, aliás, têm reduzido o tema missionário ao
dinheiro e não deve ser assim. É comum escutar irmãos dizer
que não podem fazer nada por missões porque não têm
recursos económicos. Porém, não podemos nos esquecer que
o nosso Deus é o dono do ouro e a prata! (Ag 2:8) Ele não
precisa de dinheiro para realizar sua obra missionária mundial!
Só procura pessoas dispostas a serem usadas por Ele para
impactar as nações. Portanto, missões é mais do que finanças,
é obediência e consagração.

Certamente os recursos financeiros provavelmente não cairão


do céu (Em Lucas 8:3 vemos que o próprio Jesus era provido,
por Deus, através de um grupo de mulheres) Por isso, as
Escrituras apresentam três maneiras de levantar recursos
missionários: Pedir dinheiro ao povo de Deus; “Fazer tendas”
como o apóstolo Paulo (ou seja, ter um trabalho para se
MANUAL

sustentar); Esperar que Deus supra de outras formas. O


psiquiatra e escritor inglês John White analisa estes três
métodos no seu livro “Dinheiro não é Deus”, e afirma o
seguinte: “Os três métodos amparados pelas Escrituras não se
- IGREJA MISSIONÁRIA

excluem mutuamente (Paulo usou todos eles) e, em essência,


nenhum método é superior ao outro. Não adoremos métodos;
adoremos a Deus” (1996, p. 47).

PÁG. 37
O papel do missionário:

Temos que ter bem claro que o missionário deve ter uma
dependência absoluta de Deus e não somente da igreja.
Lembremos que o dono da seara é o Senhor! E é Ele quem
chama para trabalhar nela, se responsabilizando pelos seus
servos, e provendo para todas suas necessidades. Apesar
disso, ainda hoje há missionários que quando têm uma
necessidade no campo, ao invés de orar e esperar em Deus,
imediatamente eles ligam para a sua igreja ou agência
missionaria pedindo que lhe enviem recursos. Embora a
igreja/agencia tenha a responsabilidade de cuidar de seus
missionários, é necessário que o missionário aprenda a
depender de Deus e experimente o milagre da provisão divina
para fortalecer a sua fé, e isso em todos os aspectos de sua
vida.

O papel da Igreja

Por outro lado, a igreja deve entender que ela é o canal que
Deus usa para abençoar seu missionário no campo. A oferta
deve ser: sistemática, mensal e constante. Existem igrejas que
se comprometem com missões somente por um ou dois
meses, mas, depois, por qualquer motivo param de ofertar
para o missionário e o resultado é o retorno dele. A respeito, a
autora Luz Arroyo escreve: “A oferta missionária será usada
exclusivamente para as missões. Nunca se deve comprometer
para outra coisa, não deve minguar e muito menos eliminar
porque a igreja local tenha outros projetos” (1993, pp. 120-
MANUAL

121). Portanto, nenhum motivo é suficiente para não enviar a


oferta missionária, se a situação financeira da igreja local não
estiver boa, peça a Deus para enviar os recursos para a obra
- IGREJA MISSIONÁRIA

dele, pois, escrito está que “aquele que dá a semente ao que


semeia, e pão para comer, também dará e multiplicará a nossa
sementeira, e aumentará os frutos da nossa justiça” (2 Co
9:10).

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Nunca esqueça que a oferta para missões é um compromisso
primeiramente com Deus e depois com o missionário. Neste
sentido, existem alguns passos práticos que deverão ser
dados pela Igreja missionária.

No curso pastoral: Mobilização Missionária da Igreja local (pp.


47-48). 1) Orçamentária: aquela oferta que se tira das entradas
gerais da igreja como dízimos,

Métodos para a contribuição missionária

No curso pastoral: Mobilização Missionária da Igreja local (pp.


47-48) , o palestrante Edson Queiroz expõe três métodos de
contribuição missionária para a igreja local:

1) Orçamentária: aquela oferta que se tira das entradas


gerais da igreja como dízimos, ofertas e outros;

2) Ofertas especiais: aquelas que se dão para um


missionário esporadicamente, talvez uma vez por ano ou de
três em três meses;

3) A Oferta Missionária de Fé: é um acordo que o crente faz


com Deus, assumindo o compromisso de contribuir
mensalmente para o projeto missionário de sua igreja local.
(Para Queiroz, esse último método é o mais efetivo para a
contribuição da igreja local).
MANUAL

4) Contribuição globalizada da igreja local: Este é um


método que foi desenvolvido pelos irmãos de Igreja de Deus
em São Paulo alguns anos atrás. Além de praticar os três
- IGREJA MISSIONÁRIA

métodos mencionados acima, cada ministério ou


departamento da igreja ofertava 10% das suas entradas
mensais para a obra missionária, evidenciando a sua
consciência e comprometimento com a Grande comissão.

PÁG. 39
Em vista dos bons resultados, acreditamos que este é o
melhor método para igrejas pequenas como a igreja desse
exemplo, pois, ajuda a que o orçamento missionário seja
maior. As entradas para o orçamento missionário daquela
igreja eram:
Oferta missionária de fé.
10 % dos dízimos da igreja local.
10% dos departamentos da igreja.
Oferta do segundo domingo de cada mês, culto missionário
(o segundo domingo geralmente é o de mais concorrência e
onde as pessoas já receberam seu salário e estão dispostas
a contribuir).

Embora Isso somasse aproximadamente 60% das entradas dos


dízimos e ofertas da igreja, graças à dedicação destes irmãos
para ofertar mesmo em meio às dificuldades, a obra do
Senhor avançou em países como Venezuela e Turquia e
também em meio as tribos indígenas do Brasil. E além de
todos esse trabalho eles puderam implantar uma igreja étnica
entre o grande coletivo de imigrantes bolivianos que vive em
São Paulo e ajudar com a projeção do filme Jesus, em
diferentes lugares distantes do Brasil.

Não quer dizer que foi algo fácil para a igreja local, porém,
assim como a igreja primitiva, eles aprenderam a depender
inteiramente do Senhor para pagar suas despesas. E acredite,
Deus fez e tem feito grandes coisas para suprir suas
necessidades! Como está escrito: MANUAL

“aquele que dá a semente ao que semeia, e pão para comer, também dará e
multiplicará a nossa sementeira, e aumentará os frutos da nossa justiça” (2
Coríntios 9:10).
- IGREJA MISSIONÁRIA

Deus é o sustentador mais fiel das missões!

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CONFERÊNCIA
MISSIONÁRIA
Conscientizando a igreja da sua
responsabilidade
A Conferência é a melhor oportunidade para aprender sobre
missões e para se ter contato pessoal com os missionários, de
modo que os membros novos os conheçam e escutem seus
testemunhos e necessidades pessoalmente. Geralmente a
primeira Conferencia trata assuntos introdutórios como a Base
Bíblica de Missões, Panorama Mundial, Desafios Locais,
Intercessão e Finanças. Em outras conferência poderão ser
abordados outros temas, a fim de ampliar e aprofundar a cada
vez mais no tema. Também se pode falar sobre a
personalização de missões e começar a dar passos práticos de
ação missionária: adoção de povos para oração e alcance ou
adotar missionários para orar e ofertar, enfim, estabelecer
metas para a caminhada missionária da Igreja local em sua
visão global.

Cuidados a serem tomados


Escolher um tema apropriado para missões transculturais.
Tratar temas relevantes a missões transculturais.
MANUAL

Se possível, convidar pessoas que tenham experiência


transcultural e conhecimento das bases bíblicas de missões.
A ênfase está em aprender sobre missões transculturais
através da experiência e conhecimento dos preletores. Para
- IGREJA MISSIONÁRIA

isso, devemos dar-lhes o maior tempo possível para


desenvolverem os temas propostos.
Deve ser anual e ter uma sequência progressiva de temas e
assuntos.
Ter objetivos claros para serem alcançados até a próxima
conferência.
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A organização

A fim de termos uma Conferência Missionária ordenada e bem


organizada, podemos nomear pessoas adequadas para se
responsabilizarem pelas seguintes áreas:
Oração: pelos palestrantes, a logística do evento e o
comprometimento dos membros com missões.
Programação.
Decoração
Divulgação.
Alimentação.
Limpeza.
Hospedagem, caso venham pessoas de fora.
Música: De acordo com o tema, deve estar relacionada a
missões.
Conferência para crianças.

Pessoas convidadas

Preletores de missões transculturais.


Missionários.
Candidatos para fazer missões.
Pessoas convertidas nos campos missionários.
Editoras, para a venda de livros missionários.
Agências Missionárias, para que os membros conheçam o
trabalho deles.

É importante que a Igreja entenda que a Conferência


Missionária não é o objetivo em si. Ela é apenas um canal para
MANUAL

conscientizar à congregação da sua responsabilidade com a


obra missionária. Desde o departamento de missões temos
visto muita confusão neste assunto. Algumas igrejas têm
- IGREJA MISSIONÁRIA

realizado conferências durante as quais todos respiram e


falam sobre missões. Porém, uma vez terminado o evento, até
os pastores esquecem novamente do tema e ninguém faz
nada concreto para evangelizar o mundo perdido, não se
decidem a adotar povos em oração, nem muito menos a enviar
ou ajudar missionários.

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A Igreja deve aprender, primeiramente, que ela faz missões
por obediência à Palavra de Deus. Por isso é tão importante
estabelecer fundamentos bíblicos sólidos a respeito desse
tema, isso nos ajudará a caminhar com convicção e constância
no desenvolvimento de uma igreja missionária, e evitará que a
igreja se desanime nos momentos de dificuldades e desafios.

MANUAL
- IGREJA MISSIONÁRIA

PÁG. 43
ENVIO
MISSIONÁRIO
Parceria entre a Igreja local, a
agência e o missionário
A Igreja Local nunca terá a visão missionária completa do fazer
missões até que envie um missionário de seu próprio meio, ou
seja, um filho da congregação. Por experiência, uma Igreja
pode fazer conferências, orar por missões, adotar povos,
entender a teologia bíblica de missões, até adotar um
missionário de outra igreja, mas, até ela enviar seu próprio
missionário, certamente ainda estará limitada em sua visão e
ação missionária. Por isso, queremos apresentar algumas
sugestões práticas de como relacionar a igreja com as
agências missionárias, já que temos percebido que às vezes há
uma competência des necessária entre ambas as partes, por
não conhecerem o papel de cada uma no envio missionário.
Como parte do corpo de Cristo, necessitamos uns dos outros
para cumprir a missão que Cristo nos ordenou, portanto,
agências, candidatos e igrejas devem trabalhar em comum
acordo para cumprir a Grande comissão.

Responsabilidade da Igreja

Reconhecer os candidatos para a missão (Atos 13:3), pois, é


MANUAL

a igreja quem convive com eles no dia a dia e, portanto,


sabe se está pronto ou não para ir ao campo.
Treinar o candidato bíblica e teologicamente
- IGREJA MISSIONÁRIA

Enviar o candidato (Atos 13:3)


Cuidar do missionário, já que, pela convivência, a igreja
costuma conhecer mais a personalidade e caráter deles.
Orar constantemente pelo seu missionário
Contribuir economicamente para o trabalho no campo
missionário.

PÁG. 44
Responsabilidade da agência enviadora (em nosso caso,
DENAMID)

Dar treinamento específico ao missionário, provendo um


treinamento transcultural de acordo com o campo que a
igreja escolheu.
Orientar quanto as melhores oportunidades, quais os
campos mais necessitados e os países mais abertos. Pode
indicar quais são as cidades mais estratégicas para o
estabelecimento de um trabalho no campo.
Fazer o serviço logístico: Fornece orçamentos, orienta
quanto a vistos, passaporte e custos de assentamento no
campo.
Trabalhar na divulgação dos Projetos Missionários
Fazer o acompanhamento dos missionários e projetos
(trabalhando com as avaliações e contratos de colaboração)
Sobre este ponto se pode ver o Regimento Interno do
DENAMID Brasil que é um facilitador para que a Igreja Local
e nacional cumpra com a visão missionária.

Responsabilidades compartilhadas

Possíveis pontos que deverão ser dialogados e acordados


entre ambas as partes:

Projetos e campos missionários: Talvez a agência tenha um


objetivo e a igreja outro, neste caso devem sentar-se para
dialogar.
Termos de responsabilidades: quando um missionário sai
MANUAL

do seu país ou região pode ter vários riscos no campo como


guerra, enfermidade, óbito etc.. Portanto, a igreja local e a
agência terão que conversar sobre como funcionará este
- IGREJA MISSIONÁRIA

aspecto tão importante, antes da saída do missionário.

Enviar missionários é algo sério. Sabendo que uma igreja local


sem experiência missionária dificilmente dará conta de fazer e
planejar tudo isso sozinha, Deus proveu as agências
missionárias para ajudar ela com os aspectos mais trabalhosos
do envio dos missionários para as nações.
PÁG. 45
O PASTOREIO DE
MISSIONÁRIOS
O cuidado integral do missionário
Quando falamos de cuidado integral do missionário nos
referimos a diferentes aspectos que se deve considerar para
que o missionário possa estar bem, tanto no momento de
saída, como durante e no seu retorno do campo. O cuidado
inclui diferentes tipos de ações, desde de políticas de envio,
pastoreio, acompanhamento da saúde física e emocional dos
missionários. Este tema tem alcançado tanta importância que,
no Brasil, algumas agências missionárias designaram uma
comissão especial para o pastoreio de missionários, chamado
cuidado integral do missionário.

De fato, muitas missões, agências missionárias e grandes


órgãos evangélicos têm dado um destaque especial a este
tema8 por ser crucial para o desenvolvimento e continuação
do trabalho missionário, já que pode evitar muitos dos
problemas e dificuldades as quais têm ocasionado o retorno
antecipado de missionários. Apresentamos a seguir alguns
tipos de pastoreio de missionários, e sugestões práticas para
exercer cada uma, a fim de ajudar de forma eficiente aos
nossos irmãos no campo.

Pastoreio do próprio pastor


MANUAL

Este método de pastoreio missionário se refere ao pastoreio


que o próprio pastor da igreja local desenvolve com o
- IGREJA MISSIONÁRIA

missionário. Ele pode ser de várias formas como:

Escrever um e-mail a cada 15 dias para o missionário. Não


tem nada que alegre mais a um missionário do que receber
uma carta do seu pastor.
Ligar pelo menos a cada dois meses para ouvir sobre os
desafios dos missionários.
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Gravar vídeos com palavras direcionadas especialmente
para o missionário e sua família.
Mandar uma lembrança no aniversário do missionário e nas
festas de fim de ano.
Visitá-lo no campo a cada dois anos.
Atender os parentes que ficam: mãe, pai, irmãos. Muitas
vezes eles não entendem porque tiveram que se separar do
missionário, muitos inclusive ainda não têm confessado
Jesus como Senhor. O ideal é que o pastor dê noticia a
esses familiares de forma constantemente e pessoal.

Esses pequenos gestos de amor e cuidado, ajudarão o


missionário a sentir que ainda faz parte da igreja e que esta
continua orando por ele, tirando ele da terrível (e comum)
sensação de que foi jogado e esquecido no campo.

Pastoreio pelos nacionais

Já que às vezes os missionários vão para lugares distantes


como pioneiros, este tipo de pastoreio é possível apenas
quando o missionário vai colaborar com um trabalho já
estabelecido o quando o país tem uma liderança nacional
consolidada. Nesse caso, o ideal é que eles possam estar sob
uma liderança pastoral local, preferivelmente, um pastor
nacional com experiência, que possa oferecer-lhes
aconselhamento quando for necessário.

A submissão aos nacionais por parte do missionário


MANUAL

demonstrará um espírito de humilda de e respeito para com o


trabalho deles. Devemos sempre orar para que a igreja
receptora exerça um pastoreio adequado e saudável com os
missionários.
- IGREJA MISSIONÁRIA

Pastoreio mútuo

Este tipo de pastoreio pode ser realizado somente quando os


missionários estão em grupo no campo. O pastoreio mútuo
costuma favorecer a harmonia e empatia dentro da equipe, e o
amadurecimento dos seus membros, pois, os laços são estrei-
PÁG. 47
tados quando eles compartilham seus sucessos e fracassos
entre si, facilitando assim a consolidação da equipe. Quando é
possível, resulta muito benéfico.

Embora uma missão com vários membros potencializa, e


muito, o trabalho no campo missionário, é comum que haja
mais problemas entre colegas da mesma equipe, do que com
os nacionais. Esta é uma área a ser trabalhada com a equipe
antes e durante sua estadia no campo. A convivência com
diferentes pessoas e em uma equipe multiétnica é um fator
muito importante para o bom desempenho do trabalho
missionário e que deve começar a ser trabalhado na Igreja
Local. O amor e a unidade são o maior testemunho que
podemos dar aos incrédulos, pois, assim acreditarão que a
nossa Palavra é verdadeira (Jo 17:21).

Auto pastoreio

Neste tópico vemos a importância da igreja local no processo


de seleção dos missionários que pretende enviar. O irmão
escolhido para ir ao campo deverá ter uma vida devocional
diária que inclua a leitura sistemática da Bíblia e uma vida de
constante oração e jejum. No campo ele terá que ser
disciplinado e perseverante para conservar sua vida
consagrada. Assim mesmo, o missionário terá que aprender a
dizer não para algumas coisas, pois, pode acabar acumulando
trabalho e descuidando o seu tempo a sós com Deus. A igreja
poderá ajuda-lo neste assunto, cuidando que seu missionário
não caia no ativismo. Ele também deverá aprender a se auto
MANUAL

avaliar constantemente para ter uma vida sadia no ministério.


Neste ponto a igreja também pode ajudar, pedindo ao seu
missionário para preencher relatórios curtos, dinâmicos a cada
- IGREJA MISSIONÁRIA

três meses, a fim de que ele mesmo possa se avaliar. É


recomendável que ele tenha um diário pessoal.

O missionário não pode se deixar absorver totalmente pela


obra. Ele deverá ter tempo livre para estar junto a sua esposa
e filhos pelo menos uma vez por semana, e tentar descansar
pelo menos um mês no ano. Aqui a igreja tem um papel funda-
PÁG. 48
mental, pois, pode providenciar os recursos para que o
missionário, como qualquer outro obreiro da igreja local,
possa ter um período de descanso.

Também é necessário conscientizar ao missionário e sua


família da importância de uma alimentação saudável para
prevenir enfermidades. Já que muitos irão para entornos com
doenças totalmente estranhas e diferentes das que tem no
seu país de origem e, a sua imunidade e resistência deverão
ser adequadas. Assim mesmo, é recomendável que pelo
menos duas vezes por semana pratiquem algum tipo de
atividade física e, periodicamente, visitem o médico. Por último
é bom que os missionários possam estar lendo livros que o
ajudem a manter-se bem em corpo, alma e espírito, com a
mente sadia, para não correr o risco de esgotar-se física e
espiritualmente.

Cuidado exercido pelos irmãos

Este tipo de cuidado é exercido pelos membros que ficam na


igreja local, enquanto o missionário vai, a fim de aliviar a carga
do irmão durante a sua estada no campo. Embora possa ser
feito de muitas formas, a seguir temos alguns exemplos:

Mandar coisas que eles gostam como doces e comidas


típicas.
Mandar mensagens nas datas especiais como Natal ou
aniversario.
Propiciar o contato entre os filhos dos membros da igreja
MANUAL

local e os filhos dos missionários


Gravar e enviar um vídeo com um culto de domingo na
igreja e, se possível, que todos os membros participem.
- IGREJA MISSIONÁRIA

Recomendar e enviar músicas cristãs do agrado do


missionário.
Tirar férias para visitar o missionário no campo.

Com esses simples passos, os irmãos poderão facilitar o


retorno dos missionários e suas famílias ao país de origem,
diminuindo o choque cultural inverso dele e da sua família.
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INFORMAÇÕES NA
IGREJA LOCAL
Informação gera intercessão
Se a oração é o combustível de missões, as informações na igreja
local são as chamas do fogo missionário. Manter a igreja bem
informada sobre as necessidades do mundo fará com que ela
não somente ora, mas fique à expectativa do que está
acontecendo no mundo em volta. Quando levamos informações
para a igreja devemos ter cuidado de não dar demasiada ênfase
a um único tema ou povo, pois, estaremos correndo o risco de
que a igreja pense, ore e envie missionários somente para um
povo determinado, ignorando as outras necessidades ao redor
do mundo.

Um exemplo que temos foi o ocorrido naquela Igreja de Deus da


Argentina, em que os irmãos oravam somente pelo norte da
África. Por causa disso, em pouco tempo, os vocaciona dos para
missões somente pensavam em ir para lá. Mas, por que
aconteceu isto? Muito simples, quando o primeiro missionário
deles foi para essa região do mundo, todas as informações e
orações foram direcionadas para lá. Embora a igreja deve sim
cobrir o seu missionário espiritualmente e abençoar o local onde
desenvolve o seu trabalho, a visão dela deve continuar a ser
mundial. A ordem é alcançar todos os povos, tribos, línguas e
nações! Existem muitos lugares onde podemos obter
informações para passar a igreja local, entre eles:
MANUAL

Jornais e revistas (digitais, TV e Impressos),


Sites de Missões
Revistas ou enciclopédias seculares que apresentem as
realidades dos países pelos quais desejamos fazer algo.
- IGREJA MISSIONÁRIA

Livros como: Intercessão Mundial (JOHNSTONE, 1994) e O


Desafio urgente de Missões Mundiais (MYERS, 1995)
Enciclopédias.
Cartas e informativos dos próprios Missionários
Consulados dos Países
Agências Missionárias nacionais e internacionais

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NOTA DO AUTOR

Irmãos, desde o DENAMID Brasil, esperamos de todo coração


que este material tenha sido de grande ajuda na sua
compreensão sobre a missão principal de Deus e da sua Igreja, e
que tenham aprendido, através de passos simples e práticos,
como ser de fato uma Igreja Missionária e viver a Grande
comissão que o nosso Senhor Jesus nos ordenou. Por isso,
queremos relembrar alguns aspectos fundamentais para sua
caminhada:

1. Há uma estreita relação entre ser o povo de Deus e ser o povo


enviado por Jesus (João 17.18). Não existe nenhuma outra
igreja, senão a Igreja enviada por Deus ao mundo todo, para
cooperar com Ele na sua na missão.
2. A igreja local precisa compreender e assumir seu papel na
obra missionária, além de compreender a dimensão bíblica,
espiritual, cultural e financeira dessa tarefa. Essa visão não
pode ficar restrita à liderança e aos pastores. A obra
missionária não é uma responsabilidade apenas dos líderes,
mas da Igreja como um todo, como povo de Deus.
3. Uma vez que a Igreja local compreenda sua importância nas
missões, não pode transferir essa responsabilidade para
MANUAL

ninguém. Nenhuma agência missionária, denominacional ou


não, poderá assumir a responsabilidade da igreja local. Ela
precisa conscientizar-se e ver a si mesma como a principal
agência missionária da terra. Ela deve orar, agir, trabalhar e
- IGREJA MISSIONÁRIA

pregar com isso em mente (DEL PINO, Igreja Missional, 1993).

Animamos a todos não apenas a estudar este material didático


para saber mais sobre missões, mas, a usá-lo na sua igreja local,
colocando em prática os principios e recursos aqui sugeridos
pelos autores.
Afinal, este material nasceu com o objetivo de trabalharmos em
harmonia com as quatro enfases que a Igreja de Deus tem
adotado no Brasil na atualidade, entre elas, ser uma IGREJA
MISSIONÁRIA. Temos certeza que isso mudará a vida de sua
Igreja excepcionalmente e que juntos poderemos SER e VIVER
como a Igreja MISSIONÁRIA que o Senhor Jesus planejou desde o
começo

Um abraço e que Deus te abençoe!

Atenciosamente:

MANUAL
- IGREJA MISSIONÁRIA

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BIBLIOGRAFIA
WESLEY, D. (1993). Toque o mundo através da oração. Candeia.
WHITE, J. (1996). Dinheiro não é Deus – então porque a igreja o adora? A.B.U. .
WRIGHT, C. J. (2014). A MISSÃO DE DEUS - Desvendando a grande narrativa
Bíblica. (D. H. Kroker, & T. d. Lima, Trads.) São Paulo: Vida Nova.
ARROYO, L. (1993). Alcance mundial desde la Iglesia local. Jay-Ce Printing.
ANDRÉ, Irmão. (1990). E Deus mudou de ideia - porque seu povo teve
coragem de pedir. Atos.
JOHNSTONE, P. (1994). Intercessão Mundial. Minas Gerais: AME.
LEWIS, J. (1994). En J. LEWIS, World Mission: An analysis of the world christian
movement. Pasadena: William Carey Library.
MYERS, B. (1995). O Desafio urgente de Missões Mundiais . Missão.
MIGUEL, I. (08 de 09 de 2019). Obtenido de Povos e Linguas:
https://portal.povoselinguas.com.br/colunistas/igor-miguel/oque-define-uma-
igreja-missional/
QUEIROZ, E. (2014). A Igreja local e missões. Goiânia: Vida Nova.
ROBERT, A. (1998). Consciencia misionera. Misiones Mundiales.
Diagrama de Henry T. Blackaby e Claude V. King, extraído de Experiencing God
(Nashville: Life-Way Press, 1990).
BLAUW, J. (1966). A Natureza Missionária da Igreja. São Paulo: ASTE.
DEL PINO, C. (2009). A importância da igreja local em missões. En K.
BRADFORD, R. WINTER, & S. HAWTHORNE, Perspectivas no movimento cristão
mundial (Vol. 3, págs. 139-143). Goiânia: Vida nova.
DEL PINO, C. (1993). Igreja Missional. En T. CARRIKER, Missões e a igreja
brasileira (Vol. 3). São Paulo: Mundo cristão.
QUEIROZ, E (1991). Administrar Missões: Tarefa da Igreja Local. Vida Nova
KAISER, W. C. (2011). O Plano da promessa de Deus – Teologia Bíblica do
Antigo e Novo Testamento. Goiânia: Vida Nova.

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- IGREJA MISSIONÁRIA

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