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A hipocrisia maligna na igreja.

(Atos 5.1-11)

Lucas descreveu com ricas cores o cenário do primeiro cristianismo. Essa


vivência divina de fé e amor estava presente na nova igreja como uma
dádiva pura do alto, pelo poder do Espírito Santo.
Porém essa igreja possui um inimigo mortal. Mais tarde, Pedro escreveu,
em tom de advertência: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso
adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para
devorar” (1Pe 5.8).
O gesto de desprendimento de Barnabé despertou a admiração dos crentes.
Nos Cap. 4:34-37, Diz: Não havia pessoas necessitadas entre eles, pois os
que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda e o
colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam segundo a necessidade
de cada um. (Agora atente para os próximos vs)
José, um levita de Chipre a quem os apóstolos deram o nome de
Barnabé, que significa encorajador, vendeu um campo que possuía,
trouxe o dinheiro e o colocou aos pés dos apóstolos.
Barnabé era um homem bom. Sempre investiu na vida das pessoas. Sempre
esteve envolvido em importantes serviços para a igreja (9.27; 11.22-
26,29,30; 13.1-3; 14.12,20,27,28; 15.2).
Aqui ele abre mão de uma propriedade para assistir os necessitados da
igreja. Mais tarde, ele investe na vida de Saulo. Depois, investe na vida
de João Marcos. Sua motivação é ajudar as pessoas e demonstrar a
elas o amor de Cristo. Sua fé era demonstrada por obras.
Ao ver a necessidade de outros irmãos, Barnabé vende um campo e
entrega o dinheiro aos apóstolos para suprir essas necessidades. Seu
amor não era apenas de palavras, mas demonstrado por meio de obras.
Isso é algo louvável e honroso!
No meio daquele entusiasmo, Ananias e Safira, membros da igreja de
Jerusalém, cobiçaram a mesma honra. Temos que ter muito cuidado.
Ao doar, orar e jejuar, é muito facilmente desviamos o olhar de Deus e
focamos os aplausos das pessoas. Isso acontece de forma sutil. Essa é a
hipocrisia sutil que ameaça permanentemente nossa vida de fé de uma
pessoa e também da igreja. Causando brigas, contendas e divisões.
Em Mateus 6.1-6,16-18 Jesus mostra esse perigo. "Tenham o cuidado de
não praticar suas ‘obras de justiça’ diante dos outros para serem vistos
por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhuma recompensa do Pai
celestial. 2 "Portanto, quando você der esmola, não anuncie isso com
trombetas, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, a fim de
serem honrados pelos outros. Eu lhes garanto que eles já receberam sua
plena recompensa. 3 Mas quando você der esmola, que a sua mão
esquerda não saiba o que está fazendo a direita, 4 de forma que você
preste a sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em
segredo, o recompensará".
E a partir dessa questão decisiva que precisamos ler o relato sobre
Ananias e Safira, compreendendo assim o juízo aterrador que Deus
executou naquela ocasião.
Até ali tudo tinha sido glorioso na vida da igreja, mas Satanás estava
furioso e armava um estratagema. Como não conseguiu destruir a igreja de
fora para dentro, por meio da perseguição, agora se infiltra na igreja para
atacá-la de dentro para fora, por meio da mentira e da hipocrisia.
Como Satanás não conseguiu destruir o trigo, semeou o joio.
O adversário que de fora combatia a igreja nascente, agora, conseguira
infiltrar-se no coração de um de seus membros. Alguns estudiosos fazem
um paralelo entre o pecado de Ananias e o pecado de Acã, pois em
ambas as narrativas uma mentira interrompe o progresso vitorioso do
povo de Deus.
Destacamos aqui alguns pontos importantes.
Em primeiro lugar, a hipocrisia disfarçada (3.1,2). Entretanto, certo
homem, chamado Ananias, com sua mulher Safira, vendeu uma
propriedade, mas, em acordo com sua mulher, reteve parte do preço e,
levando o restante, depositou-o aos pés dos apóstolos.
Ananias e Safira não eram pessoas descrentes. Eram membros da
igreja. Foram batizados. Viviam junto com os outros irmãos, cantavam
e oravam. Falavam a mesma linguagem da fé. Externamente eram
crentes maravilhosos.
O exemplo de desprendimento de Barnabé os fascinou. Tiveram o
ímpeto de imitá-lo, mas tentaram jeitosamente o meio-termo. A dádiva
deles não era produzida pelo amor. O amor deles era falso. Estavam
cheios de egoísmo. Buscavam louvores dos homens e reconhecimento
por parte das pessoas. Ananias e Safira estavam mancomunados na
mentira. Queriam glórias pessoais. Eram hipócritas e falsos
filantropos.
A hipocrisia é a dissimulação deliberada, a tentativa de fazer com que
as pessoas acreditem que somos mais espirituais do que na realidade
somos.
O nome Ananias significa “Deus é cheio de graça”, mas Ananias
descobriu que Deus também é santo. Safira quer dizer “bela”, mas o pecado
tornou seu coração repulsivo.
O verbo reteve é idêntico àquele que se empregou para descrever a ação de
Acã em reter parte dos despojos de Jerico, que deveriam ser entregues à
casa do Senhor ou destruídos (Js 7.1).
Em segundo lugar, a hipocrisia desmascarada (5.3,4). Então,
disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que
mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo?
Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em
teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não
mentiste aos homens, mas a Deus.
Satanás havia derramado suas sugestões malignas no coração de
Ananias e Safira. O casal, em vez de resistir ao diabo, deu guarida às
suas propostas. Caíram na sua armadilha e resolveram hipocritamente
mentir ao Espírito Santo e enganar a igreja.
Atente pra isso: “Que fato horrível: um coração anteriormente repleto
do Luz e Vida agora está cheio de Satanás! Isso é possível.
Ananias cometeu um pecado ainda mais grave do que mentir ao
Espírito Santo (5.3). Literalmente este texto diz: “Ananias, como é que
Satanás encheu o teu coração para falsificar o Espírito Santo?”.
O pecado dele não foi apenas mentir ao Espírito Santo, mas tentar
falsificar o Espírito Santo, buscando representar sua fraudulenta ação
como divinamente inspirada.
Assim, ele procurou fazer com que o Espírito Santo participasse do seu
horrendo crime. Ananias não teria cometido nenhum pecado se não
vendesse sua propriedade; ou se vendesse e não desse nada ou só a
metade. Seu pecado foi dar parte, dizendo que estava dando tudo.
Seu pecado foi mentir ao Espírito e enganar a igreja. Por trás da
hipocrisia de Ananias estava a atividade sutil de Satanás. O perverso
inimigo que já havia atacado a igreja através da perseguição, agora a
ataca sedutoramente por meio da corrupção.
Quando Pedro declarou que Ananias reteve parte do dinheiro,
emprega o verbo nosphizomai, que significa “apropriar-se
indevidamente”.
A mesma palavra foi usada na Septuaginta em relação ao roubo de
Acã e, na única outra ocorrência no Novo Testamento (Tt 2.10), esse
verbo significa “roubar”. Devemos pressupor, portanto, que, antes da
venda, Ananias e Safira assumiram algum tipo de compromisso no
sentido de darem à igreja todo o dinheiro.
Por causa disso, quando entregaram apenas parte do valor, em vez de tudo,
tornaram-se culpados de apropriação indébita. John Stott diz que o
problema de Ananias e Safira foi falta de integridade.
Eles não eram apenas avarentos, mas também ladrões e mentirosos.
Queriam o crédito e o prestígio da generosidade sacrificial, sem terem
de arcar com as inconveniências. Assim, a motivação do casal, ao dar,
não era aliviar os pobres, mas inflar o próprio ego.
Em terceiro lugar, a hipocrisia condenada (5.5,6). Ouvindo estas
palavras, Ananias caiu e expirou, sobrevindo grande temor a todos os
ouvintes. Levantando-se os moços, cobriram- lhe o corpo e, levando-o, o
sepultaram.
O pecado escondido torna-se revelado, e o pecado revelado torna-se
julgado. A hipocrisia desmascarada é condenada. O pecado, embora
oculto, produz derrota e gera morte.
Tivesse Satanás logrado êxito e se infiltrado na igreja com o fermento
da hipocrisia de Ananias, o vigor do cristianismo estaria abalado. Deus
extirpou a hipocrisia da igreja e tratou de forma radical com Ananias
para preservar sua igreja.
Como consequência, sobreveio grande temor a todos os ouvintes. E
para isso que servem os juízos de Deus.
Jesus certa feita mostrou o final trágico da hipocrisia quando
condenou a figueira cheia de folhas, mas sem frutos. Jesus mostra que
o fim da hipocrisia é a morte.
O Senhor julga o pecado com severidade no início de um novo período
na história da salvação.
 Logo depois que o tabernáculo foi erguido, Deus matou Nadabe e
Abiú por tentarem apresentar fogo estranho ao Senhor (Lv 10).
 Também providenciou a execução de Acã por desobedecer a ordens
depois que Israel havia entrado na Terra Prometida (Js 7). Apesar de
Deus certamente não ser responsável pelos pecados dessas pessoas,
usou esses julgamentos como advertência a seu povo, inclusive a nós
(lCo 10.11,12).
A morte de Ananias e Safira teve uma tal influência purificadora que
ninguém se atrevia a entrar para a nova comunidade com razões
meramente humanas. Entretanto, a igreja era muito respeitada pelo
povo. Só aqueles que experimentavam uma genuína obra salvadora de
Deus atreviam-se a entrar para a igreja; mas havia muitos desses
crentes.
Em quarto lugar, a hipocrisia combinada (5.7-10). Lucas assim
relata o episódio: Quase três horas depois, entrou a mulher de Ananias,
não sabendo o que ocorrera. Então, Pedro, dirigindo-se a ela, perguntou-
lhe: Dize-me, vendestes por tanto aquela terra? Ela respondeu: Sim, por
tanto. Tornou- -Ihe Pedro: Por que entrastes em acordo para tentar o
Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu
marido, e eles também te levarão. No mesmo instante, caiu ela aos pés de
Pedro e expirou. Entrando os moços, acharam-na morta e, levando-a,
sepultaram-na junto do marido (5.7-10).
Ananias e Safira fizeram um pacto de mentira. Entraram em comum
acordo não só para mentir ao Espírito Santo, mas também para tentar o
Espírito do Senhor (5.9). O pecado deles foi planejado. Eles deliberaram
agir de forma hipócrita. Houve uma aliança para o mal. Por isso, o juízo de
Deus se repete em Safira. (Comente)
Não compactue com a hipocrisia de sua esposa ou de seu esposo. Não
combinem enganar, esconder o pecado um do outro. Isso não é prova
de amor e sim de desprezo pela alma do ouro. Como podem achar que
agindo assim tudo terminará bem. Esta passagem está aqui para o
nosso exemplo. Assim como gerou temor nos corações dos primeiros
cristão, não deveria também gerar no nosso?
Como vc pode temer magoar sua esposa ou esposo e não teme magoar
ao Espirito Santo? Talvez você pense; “eu tenho medo da reação dela”
(e). E não teme em saber que seu pecado pode leva lo a morte? Não
teme o juízo do Senhor que pode abater sobre vocês?
Se Ananias ou safira, um dos dois, tivessem discordado... “Não, nós não
devemos fazer isso.” “Não meu filho, eu não aceito participar dessa
mentira”. Se vc não quer dar... se você acha que é muito, vamos lá
falar com Pedro, vamos explicar que agora não dá; Que apesar de nós
termos feito esse voto nós só vamos dar um parte. Mais não precisamos
mentir vamos contar a verdade!
Protejam suas vidas desse pecado! Esposos se vocês realmente amam
suas esposas, não compactuem com esse pecado, corrija. Não, vocês
não vão lucrar ou se dá bem escondendo pecado um do outro. Estão
cavando a cova um do outro. O pastor realmente não sabe... Mais não
estão mentindo ao pastor e sim a Deus.
Em quinto lugar, a hipocrisia derrotada (5.11). E sobreveio
grande temor a toda a igreja e a todos quantos ouviram a notícia destes
acontecimentos.
Ananias e Safira foram desmascarados. Eles amaram o dinheiro e o
prestígio pessoal e perderam todos os seus bens e a própria vida. Com a
hipocrisia desse casal, Satanás intentou destruir a igreja, mas Deus resolveu
preservar a igreja e destruir os hipócritas. Nossos pecados não podem
impedir os propósitos de Deus!
Jesus prometeu edificar a sua igreja e garantiu que as portas do
inferno não prevaleceriam contra ela.
Pode o obreiro, o diácono e próprio pastor pecar...Deus sempre
cumprira seus planos, nem que pra isso ele tenha que ferir de morte.
Nunca se deixe usar pelo inimigo como agente de discórdia, brigas e
divisões....
Na morte de Ananias e Safira há, sem dúvida, um ato de julgamento de
Deus. Ananias e Safira perderam-se para sempre, ou, à semelhança do
caso de Corinto, houve apenas a destruição da carne a fim de que o
espírito seja salvo no dia do Senhor? Somente Deus o sabe.
Entretanto, o apóstolo Paulo nos adverte: O Senhor conhece os que lhe
pertencem e acrescenta: Aparte-se da injustiça todo aquele que professa
o nome do Senhor (2Tm 2.19).

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