Você está na página 1de 4

Atos 4.32-5.

11
“Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente
sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum.”
A igreja gozava de uma unidade íntima

 Nos textos a seguir vemos a preocupação de Deus em destacar a unidade da igreja em Atos.
Embora pudessem pensar diferente em algum aspecto ou ter interesses pessoais, a causa do
evangelho era mais importante do que possíveis diferenças.

 “Todos eles se reuniam sempre em oração,” (At 1.14)


 “Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar.” (At 2.1)
 “Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum.” (2.44)
 “Ouvindo isso, levantaram juntos a voz a Deus,” (4.24)

 O crescimento da igreja não diminui a unidade.

 Crescimento: 120 (1.15), + 3.000 (2.41), 5.000 homens (4.4)


 Seja antes (1.4) ou depois (4.24), há testemunho de que se mantinham unidos como um
só.
A mente unida com a igreja os fazia pensar em seus bens como bençãos para os necessitados

 “Considerar exclusivamente” – “Sim, o que tenho é meu, até que outro tenha necessidade”.

 “Pois os pobres vocês sempre terão consigo,” (Mateus 26.11) – Jesus não pensou que em
algum momento atenderia a necessidade de todas as pessoas, mas, certamente a pobreza de
alguns seria oportunidade para os que tinham.

 “Nenhuma das pessoas” ... “nenhuma coisa” ... “tudo...” – O uso destes qualificadores não
deve ser tratado de maneira literal, porém, deve dimensionar a intensidade com que se
dedicavam a esta piedade.

 Conforme os ensinos de Jesus, detalhado pelos apóstolos, é o amor por Deus que anulará o
desejo descontrolado e nocivo por bens na vida daqueles que tem, para que ajudem os que
precisam.
 “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a
um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro". (Mateus 6:24)
 “Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos
descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição,”
(1 Timóteo 6.9)
 “Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se
compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (1 João 3.17)

 Priorizar a causa do evangelho repercutia no desprendimento dos irmãos.


“33Com grande poder os apóstolos continuavam a testemunhar da ressurreição do Senhor Jesus, e
grandiosa graça estava sobre todos eles.”
A igreja gozava de abundante poder e graça da parte do Senhor

 “Testemunhar... grande poder” – Lucas não permite esquecer o propósito de tudo o que vinha
acontecendo na igreja. Quando foi prometido o Espírito, o propósito era testemunhar com
poder.

 “Grandiosa graça” – O termo “graça” de uma maneira geral se refere as ações de Deus na
humanidade, e aqui, tem um sentido mais restrito ao que ele faz na igreja e através dela, e de
forma ainda mais específica, levando os irmãos a beneficiarem os outros de boa vontade. 1

 Nota Importante! A graça não implica em permissividade, ou seja, não quer dizer que não
vamos constranger alguns necessitados por causa dos seus comportamentos pecaminosos.
 O fato de estarmos dispostos a ouvir e compreender a dificuldade humana de fazer o que
é certo em situações de provação ou tentação, não quer dizer, que não apontaremos o
que Deus espera que seja feito ou corrigido.
 Quando ajudamos um irmão que está passando dificuldades, se ele se submeter as
orientações de Deus no uso dos seus recursos, estamos sendo graciosos (2 Tess. 3.10ss) 2.

 “Grande...grandiosa” – Deus está falando daquilo que ELE estava fazendo e não da perfeição
que a igreja tinha. poder e graça são dádivas de Deus e não merecimentos do homem.
A abundante graça gerava o desprendimento que atendia os necessitados
“34Não havia pessoas necessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam,
traziam o dinheiro da venda 35e o colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam segundo a
necessidade de cada um.”
 Declaração principal: “Pois... Não havia necessitados” – Deus derramou tamanha graça sobre
eles que não permitia que qualquer um passasse necessidades. Não havia família sem roupa
ou comida.
 Motivo: “Porquanto... quem tinha... vendia... – Como as pessoas pensavam como corpo, eles
não se apegavam aos excedentes se haviam pessoas necessitadas.
 Como? – Os apóstolos tinham a responsabilidade de administrar o que se recebia para atender
a necessidade daqueles que não podiam trabalhar (especialmente, as viúvas – At. 6.1-3 – mas,
também órfãos e estrangeiros).

Um exemplo de doação com uma motivação altruísta (Barnabé)

1
Outras referências com uso da palavra “graça” neste sentido: 1 Cor. 15.10; 2 Cor. 1.12; 2 Cor. 8.1-4,19; 9.8; Efésios
4.7,29; Col. 4.6; 1 Pedro 4.10;
2
“Quando ainda estávamos com vocês, nós lhes ordenamos isto: se alguém não quiser trabalhar, também não coma.”
 “Encorajador” ou literalmente “filho (bar) da consolação (nabas)” – Alguém que socorre o
aflito para levantá-lo. Este nome apontava para uma disposição mental que se importava com
os outros e refletia
“Aqui ele abre mão de uma propriedade para assistir os necessitados da igreja. Mais
tarde, ele investe na vida de Saulo. Depois, investe na vida de João Marcos. Sua
motivação é ajudar as pessoas e demonstrar a elas o amor de Cristo. Sua fé era
demonstrada por obras. Ao ver a necessidade de outros irmãos, Barnabé vende um
campo e entrega o dinheiro aos apóstolos para suprir essas necessidades. Seu amor
não era apenas de palavras, mas demonstrado por meio de obras.” 3
Um trágico exemplo de doação com motivação egoísta (Ananias e Safira)
“Também” – É obviamente uma comparação. O bom exemplo de Barnabé que demonstra em sua
história em Atos ser um homem que valorize os interesses dos outros por causa de Cristo, estes
dois são exemplos de quem valoriza interesses pessoais íntimos com aparência de generosidade.
Problemas íntimos de Ananias e Safira
“3 Então perguntou Pedro: “Ananias, como você permitiu que Satanás enchesse o seu coração, ao
ponto de você mentir ao Espírito Santo e guardar para si uma parte do dinheiro que recebeu pela
propriedade? 4 Ela não lhe pertencia? E, depois de vendida, o dinheiro não estava em seu poder? O
que o levou a pensar em fazer tal coisa? Você não mentiu aos homens, mas sim a Deus”. (At 5.3–4)

 Satanás encheu o coração deles – Há uma preocupação em Atos em afirmar que a igreja
buscava ser cheia do Espírito (Atos 1.8; 2.4; 4.8; 4,31). Mas, neste caso, quem encheu o
coração foi Satanás. A matéria prima da tentação do Diabo são os desejos egoístas que já
temos. A arte na qual ele é mais habilidoso é o engano, levando pessoas a usarem do engano
contra si mesmo, e para ganhar vantagem sobre outros.

 Mentiam ao Espírito Santo enquanto pensavam mentiam às O grande dragão foi lançado fora. Ele
pessoas – O Diabo enganou Ananias e Safira motivando-os a é a antiga serpente chamada diabo
camuflarem a informação da venda do terreno, de tal ou Satanás, que engana o mundo
todo. Ele e os seus anjos foram
maneira, que tentando ocultar informações dos líderes da lançados à terra.” (Apoc. 12.9))
igreja, estavam tentando ocultar ou mentir à Deus.

 Erro prático: Declarar uma oferta inteira, quando era parcial. Pensando para o que este
episódio serve de ilustração, a saber, generosidade por unidade, podemos perceber que
podemos ofertar e participar de campanhas assistenciais e missionárias procurando aparentar
uma disposição que, de fato, não temos.

 Resultado pessoal: Morte. – Deus agiu de maneira dura e mortal. Nem sempre Deus age assim,
e não encontramos outro exemplo de pessoas mortas por Deus por mentirem a ele. Porém, há
outros casos de pessoas mortas por Deus.
Segundo Steve Wells, um blogueiro, que tem um site chamado a A Bíblia Anotada do Cético, a
Bíblia relata 2.270.365 pessoas que foram mortas por Deus ou em nome de Deus, a começar
3
Hernandes Dias Lopes, Atos: A Ação do Espírito Santo na Vida da Igreja, ed. Juan Carlos Martinez, 1a̱ edição.,
Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2012), 114.
pelo dilúvio e passando por toda a Bíblia. Ainda que não seja aconselhavam confiar nos dados,
é um fato que o preço do pecado é a morte, seja quando ela vir.

 Tanto o resultado pessoal como coletivo se repetem quanto a Safira, mulher de Ananias. Ele
comete o mesmo pecado, concordando com a ação do marido, invertendo suavemente as
posições do Éden.
 “Tentar o Espírito do Senhor” – Quando Pedro fala sobre “tentar o Espírito” ele acabou de
questionar se o valor do imóvel vendido é aquele mesmo e com a confirmação da mulher, a
sentença de morte é declaração e executada por Deus. Assim, eu concluo que tentar ao
Espírito, é mostrar uma aparência de devoção que não se tem, como se fosse honrar ao
Espírito, não se sendo sincero.
 Resultado coletivo: “Grande temor” – Este impacto é citado por duas vezes, gerando, assim,
um destaque (v.5, 11) - As punições são tanto proporcionais ao pecado, como úteis para
produzir temor4. E para ser isso que vai acontecer aqui. Após a setença de morte executada
contra Ananias, assim como no caso de Safira, intensificou-se um temor no coração da igreja e
dos que tomaram conhecimento dos fatos.

4
Veja 1 Coríntios 5.6-7

Você também pode gostar