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Embora Kardec já falasse de arte espírita desde 1860, a temática “arte espírita” ainda é
pouco explorada. Contudo, pelo que se depreende da leitura de livros básicos da doutrina
espírita, como O Evangelho segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos, é possível
verificar que a arte e espiritualidade possuem uma larga relação, pois fazem referência à
música celeste. León Denis, de uma forma mais profunda, trazendo a manifestação do
espírito denominado “O Esteta”, diz que a arte é de essência divina, é uma manifestação
do pensamento de Deus. A Bíblia, por sua vez, relata os efeitos terapêuticos dos acordes
da harpa de Davi sobre Saul.
1 ARTE E ESPIRITUALIDADE
A ligação entre a arte e a espiritualidade foi amplamente abordada por León Denis através
de artigos publicados pela Revista Espírita em 1922, e que deram origem ao livro O
Espiritismo na Arte. Nessa obra, o autor discorre sobre o que acontece na espiritualidade
no que se refere à arte, e como a beleza se manifesta através do artista encarnado.
Ocorre que nas esferas superiores, a música se torna uma das formas habituais da vida do
ser, que se sente mergulhado em ondas de harmonia de uma intensidade e suavidade
inexprimíveis. Denis menciona que por ocasião das grandes festas no espaço, os espíritos
se reúnem a milhões para prestar homenagem ao Criador, e que, na irradiação de sua fé e
de seu amor, delas escapam eflúvios, radiações luminosas, coloridas que se convertem
em vibrações melodiosas, emanando uma sinfonia sublime. Ainda nessa mensagem
recebida, o autor comenta que do Alto descem acordes mais potentes ainda, formando um
hino universal, fazendo céus e terras estremecerem. Ao perceber esses acordes, o espírito
se desenvolve e se expande, sentindo-se em comunhão divina.
DENIS, León. O Espiritismo na Arte. (arquivo em PDF). p. 71
Importante lembrar porém, da resposta da questão 251 do Livro dos Espíritos: a música
celeste é muito mais sutil e bela, a qual o estágio atual dos espíritos habitantes da Terra
não os deixa compreender. Na Terra, a sinfonia e a melodia não são mais que ecos débeis
deformados dos concertos celestes. Denis explica que isso se deve ao fato de que, ainda
os mais perfeitos instrumentos do plano terrestre têm qualquer coisa de mecânico e de
áspero, enquanto os sistemas de emissão no plano astral produzem sons de uma
delicadeza infinita.
Cumpre destacar ainda a arte nas colônias espirituais, como no Nosso Lar. Na obra de
Francisco Cândido Xavier, tem-se a notícia da música acompanhando as preleções. Nas
oficinas onde trabalham os habitantes, após consecutivas observações, notou-se que a
música melhorava o rendimento do trabalho em todos os setores construtivos, sendo um
estímulo de alegria. Além disso, existem ambientes específicos para audições de músicas
inteligíveis a vários graus de despertamento e de apresentações de números de artes,
executados pelos jovens e crianças dos educandários.
LUIZ, André (espírito). Nosso Lar / ditado pelo Espírito André Luiz [psicografado por]
Francisco Cândido Xavier. – 61. ed - 1ª reimpressão – Rio de Janeiro: Federação
Espírita Brasileira, 2010.
Ainda relacionando arte e espiritualidade, o Livro dos médiuns elenca algumas questões
sobre mediunidade e música. Ela dá conta, por exemplo, sobre a existência de médiuns
músicos, que são aqueles que executam, compõem ou escrevem música sob a influência
dos Espíritos. Há médiuns músicos-mecânicos, semi-mecânicos, intuitivos e inspirados,
como para as comunicações literárias.
KARDEC, Allan. Livro dos Médiuns. São Paulo : Editora Ide, 2005. p. 209.
Ao falar sobre a aptidão de certos médiuns ignorantes à música que mesmo assim
apresentam uma aptidão, Kardec menciona que o desenho e a música são também
maneiras de expressar o pensamento e que os espíritos se servem dos instrumentos que
lhe oferecem maior facilidade.
KARDEC, idem. P. 223.
2 A ARTE ESPÍRITA
O termo “arte espírita” foi utilizado pela primeira vez em dezembro de 1860 na Revista
Espírita, quando Kardec publicou o artigo “Arte Pagã, Arte Cristã e Arte Espírita” . Nesse
artigo, a mensagem do espírito Alfred de Musset utiliza a alegoria da lagarta para
estabelecer uma relação de evolução da arte:
Sua ponderação não se trata de rebaixar a arte cristã, e sim de complementá-la. Ocorre
que, conforme ele, a arte cristã inspirava-se nas terríveis provas dos seus mártires, no
sofrimento de seus primeiros adeptos; arquitetura grandiosa, sublime, mas sombria;
música grave, monótona e a própria beatitude por ela evidenciada trazia a marca de um
tédio, típico do século XIX. Faltava agregar à arte o sentimento cristão por excelência: a
caridade. Além disso, a arte espírita traria a luz e a felicidade ao alcance de todos, estando
ela presente entre os encarnados e desencarnados, podendo se estabelecer uma
comunicação, havendo uma solidariedade entre o céu e a Terra. A partir dela, seria
possível transmitir que todas as criaturas poderiam chegar à perfeição, deixando de lado
o dogma de que o mau seria relegado à fornalhas ardentes pela eternidade, de modo que
Deus em sua infinita bondade deixa aberto o caminho do arrependimento e, ao mesmo
tempo, a consolação do infeliz. Assim sendo, o espiritismo abriria para a “arte um campo
novo, imenso, e ainda inexplorado, e quando o artista trabalhar com convicção, como
trabalham os artistas cristãos”, haurindo nessa fonte as mais sublimes inspirações.
Passado o tempo, arte espírita vem se consolidando aos poucos. Como exemplo é possível
citar a experiência brasileira, com a fundação da ABRARTE (Associação Brasileira de
Artistas Espíritas), no ano de 2007, e com o lançamento da Resolução nº 05/2014, na qual
o Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira regulamenta e orienta o
uso da Arte na Atividade Espírita. Tal ato foi lançado considerando a importância da arte
como veículo de educação do espírito e na divulgação da doutrina espírita.
Estudando os manuais da ABRARTE, tem-se a sugestão sobre como a arte espírita pode
ser aplicada: a) nas reuniões de atendimento espiritual; b) nas reuniões de grupos de
estudo; c) nas palestras públicas; d) na evangelização espírita da juventude; e) na
divulgação da doutrina espírita; e f) na atividade Federativa . Em razão do último item
ser pertinente somente a um segmento do espiritismo no país, o mesmo não será
aprofundado a exemplo dos demais.
Nas reuniões de grupos de estudo, a arte pode alcançar um cunho pedagógico, através de
peças de teatro, música e outras modalidades artísticas, oportunizando a reflexão e a
confraternização acerca dos temas da espiritualidade. Além disso,
Finalmente, a arte espírita pode ser aplicada na divulgação da doutrina espírita. Trata-se
aqui de um conceito mais amplo, já que todas as atividades relacionadas também
compreendem a divulgação. Contudo, é possível dizer que a arte tem grande
potencialidade de vencer barreiras e aproximar a linguagem dos mais diversos
expectadores, por canais e percepções que às vezes fogem do domínio racional.
Apresentações musicais, exposições de pinturas, gravuras, arte sequenciada, espetáculos
de dança e de teatro são apenas alguns exemplos de possibilidades da conjugação do
binômio arte/divulgação doutrinária.
Mateus, 22:34-40
Nessa parábola, Jesus diz que amar ao próximo é agir conforme o samaritano, ou seja, ser
caridoso para com o outro, sem julgamento do porque o rapaz estava naquela situação,
qual sua religião, qual sua condição de retribuir, etc. Inclusive Ele coloca na parábola as
figuras de um sacerdote (autoridade religiosa) e um levita (trabalhador do templo à
serviço de Deus), e ambos não se compadecem da situação, mas o samaritano,
considerado herético, e portando desprezado, parou e o socorreu. Dessa forma, Jesus
deixa claro que o que importa é o bem que foi feito, a ação, e não a importância desse ou
daquele personagem ante a religião predominante na época.
Tal ensinamento converge com o conceito de caridade segundo Emmanuel, que diz que
“a caridade é o coração no teu gesto" , do que é possível concluir que caridade é o amor
em ação.
XAVIER, Francisco Cândido. Caridade. Disponível em PDF através da pesquisa no sítio
Google.
Após essa breve leitura, o leitor pode questionar: “mas o que isso tudo tem com a arte?”
A resposta é simples. A arte pode ser um instrumento de caridade, um meio de
aproximação e de manifestação de amor ao próximo, buscando o bem estar e a
harmonização das criaturas de Deus. É possível ampliar a aplicabilidade da arte, saindo
do lugar comum, qual seja, a divulgação da doutrina espírita, utilizando-a como um
instrumento ativo do amor ao próximo.
Num primeiro viés, tem-se a notícia de grupos espíritas que levam alegria e carinho ao
próximo através da música, com corais, ou grupos de teatro, como palhaços terapêuticos,
ambos com o cunho evangélico, e tendo como essência doar um pouco de si, em favor do
próximo, utilizando da arte como meio.
Por outro lado, uma das hipóteses do presente trabalho também é de que a arte espírita
possui pontos de convergência com a tarefa de auxílio espiritual, ou sendo utilizada como
apoio nesses atendimentos. Cabe aqui considerar o atendimento espiritual como ato de
caridade, tal como previsto no Evangelho, motivo pelo qual se optará nesse momento em
fazer uma pausa do estudo da arte, para abordar o atendimento espiritual propriamente
dito, algumas considerações sobre Apometria e sua dinâmica de atendimento, para, ao
final, buscar os pontos de convergências entre todos os tópicos abordados.
A partir dessas palavras, Jesus prescreve que a mediunidade deve ser utilizada para aliviar
o sofrimento do próximo, e que por ela nada deve ser cobrada. Deve ser empregado aqui
tão somente o sentimento de auxílio ao próximo. Além disso, a partir da expressão “o que
gratuitamente haveis recebido”, é possível concluir que a mediunidade é uma outorga.
Nas palavras de Peralva:
Por outro lado, Peralva ainda alerta: Se desejamos sublimar as nossas faculdades
mediúnicas, temos que nos educar, transformando o coração em altar da fraternidade,
onde se abriguem os necessitados do caminho . Ora, dessas duas premissas é possível
concluir que o fim maior da mediunidade é a caridade para com o próximo, seja ele
encarnado ou desencarnado. Como Kardec ressalta, através da mediunidade, Deus quer
que a luz chegue para todos, não podendo o pobre, por exemplo, ser dela privada porque
não pode pagar. Do contrário, estar-se-ia desviando seu objetivo .
No livro “Os Mensageiros”, por exemplo, é citado o caso de Acelino, que partiu do Nosso
Lar para uma vivência no plano terrestre, e aos vinte anos foi chamado à tarefa mediúnica,
com grande amparo de benfeitores invisíveis. Contudo, Acelino, apesar de ter tido lições
maravilhosas de amor evangélico, resolveu transformar suas faculdades em fonte de renda
material. A paisagem espiritual que lhe rodeava se transformou, e a mediunidade se
restringiu em fonte de palpites materiais e baixos avisos. Ao desencarnar, ele se deparou
com uma realidade escura, e estava amarrado a sinistros elos mentais, pelos quais passou
doze anos entre remorsos e amarguras .
LUIZ, André. Os Mensageiros. Ditado pelo espírito André Luiz a Francisco
CandidoXavier. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2012. p. 55.
O auxílio espiritual está alicerçado nos exemplos de Cristo, como o noticiado por Mateus:
“E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoniados, e ele com a sua palavra
expulsou deles os espíritos, e curou todos os que estavam enfermos”Mateus 8:16 . Assim
sendo, trata-se de revitalizar os necessitados e encaminhar os espíritos envolvidos em
processos obsessivos (RODRIGUES, João Pedro Farias. Introdução aos fundamentos da
Apometria. Porto Alegre: Alcance, 2016. p 64), contribuindo para o bem estar de
encarnados e desencarnados.
Etimologicamente, o termo apometria tem origem em duas palavras gregas: apo, que
significa além de; e metron, que corresponde a medida, ou seja, além da medida.
Conforme seu sistematizador, José Lacerda de Azevedo, designa o desdobramento
espiritual ou bilocação, que essencialmente é a separação do corpo astral do corpo físico.
AZEVEDO, José Lacerda de. Espírito/Matéria - Novos horizontes para a medicina. 9.
ed. rev. atual. – Porto Alegre: Nova Prova, 2007. p. 127.
No entanto, esse conceito pode ser aprofundado, considerando que o desdobramento é tão
somente uma das leis da dinâmica de atendimento. De forma mais abrangente, é possível
trazer o enunciado de João Pedro Farias Rodrigues, na obra Introdução aos Fundamentos
da Apometria:
É um método medianímico de
atendimento espiritual que visa à
terapêutica energética e desobsessiva
dos encarnados ou não. É a ciência dos
espíritos aplicada na caridade e
fundamentada na Doutrina Espírita.
Abrange todas as terapias que se
ocupam da natureza psico-energética
do homem-espírito. O atendimento é
espiritual, o método é espírita e a
técnica é apométrica.
RODRIGUES, João Pedro Farias.
Introdução aos fundamentos da
Apometria. Porto Alegre: Alcance,
2016. p.133.
Para que seja possível compreender melhor a extensão do método e o tema proposto, se
faz necessária a abordagem, ainda que rápida de alguns temas como a participação ativa
dos médiuns e o pensamento, dada a utilização de forças anímicas.
No atendimento espiritual que utiliza a apometria como método o médium possui uma
participação ativa. Além de servir como ligação entre o plano físico e plano astral,
fazendo o uso de recursos mediúnicos como psicofonia, psicografia e incorporação, por
exemplo, ele pode disponibilizar e utilizar os recursos anímicos que possui, como a
psicometria, a ideoplastia, passes magnéticos, etc., colaborando com a equipe espiritual
diretamente no ambiente destes.
RODRIGUES, João Pedro Farias. Introdução aos fundamentos da Apometria. Porto
Alegre: Alcance, 2016. p. 153.
O trabalho é feito no plano mais denso do astral, onde ele pode dinamizar a sua energia
ectoplásmica, através da formação dos campos de proteção, na formação de redes de
resgate, na higienização do ambiente de atendimento, na desmagnetização e desativação
de campos adversos, na revitalização e na condução dos necessitados desencarnados ou
encarnados.
RODRIGUES, idem. p. 154.
Para a aplicação desse método se faz necessária, então, a utilização das faculdades
mentais do médium a fim de que seja mobilizada e disponibilizada a energia necessária
durante o atendimento. Mas quais são essas faculdades?
José Lacerda de Azevedo esclarece que no Espaço há uma infinita energia cósmica
permanentemente à nossa disposição, constituída de força em estado potencial, altamente
moldável e sensível às forças que atuarem sobre ela. A mente, sob ação da vontade, é a
ferramenta que move, molda e direciona essa energia, esclarecendo ainda:
Assim sendo, através do pensamento é exteriorizada uma energia, que pode ser colocada
sob o comando do médium, estando limitada à sua compreensão e no alcance da sua
imaginação , o que se pode chamar de lei do comando mental. Naturalmente, é preciso
controle e responsabilidade sobre o comando mental dado e a sua respectiva
exteriorização de energia, regulando a ação e a direção das energias que desloca e sob
pena da lei da ação.
RODRIGUES, João Pedro Farias. Introdução aos fundamentos da Apometria. Porto
Alegre: Alcance, 2016. p. 168.
Segundo João Pedro Farias Rodrigues, a lei do comando mental é a lei fundamental que
rege toda a dinâmica de criação dos fenômenos ideoplásticos, e é dela que derivam as
principais leis do pensamento as quais formam a base em que se apoia a apometria .
RODRIGUES, idem. p. 169
A lei de comando verbal é uma manifestação oral, no plano denso, de uma ordem dada
no plano mental, ou seja, é a verbalização de uma ideia que se deseja plasmar. Logo, ela
só faz sentido se a ela estiver associado o comando mental.
O campo mental é a “região espacial abrangida pela influência mental, consciente ou não,
de um ser pensante” . Dessa forma, o ser pensante fica envolvido nas próprias correntes
mentais que produz, sofrendo os efeitos dela, sejam eles positivo ou não.
RODRIGUES, ibidem. P. 174.
Por fim, ainda dentre as leis do pensamento, tem-se a lei de sintonia, que bem explica
Francisco Cândido Xavier: “Onde há pensamentos, há correntes mentais e onde há
correntes mentais existe a associação. E toda associação é interdependência e
influenciação recíproca” . Ou seja, o pensamento é um gerador de ondas mentais que
irradia em todas as direções e é por elas em que se estabelece a comunicação entre os
diversos planos, encontrando ondas afins pelo fenômeno da sintonia mental. Importante
destacar que, se a sintonia decorre da compatibilidade entre ondas de quem transmite e
de quem recebe, se o indivíduo desejar ajuda superior, é necessário um pensamento de
padrão vibratório elevado para alcançá-la . O contrário também é verdadeiro, pois, caso
o indivíduo esteja imerso em pensamentos negativos, encontrará afinidade com entidades
de baixo padrão vibratório.
LUIZ, André (espírito). Nos domínios da mediunidade / ditado pelo Espírito André Luiz
[psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 4ª reimpressão – Rio de Janeiro:
Federação Espírita Brasileira, 2010.
RODRIGUES, idem. p. 183-184.
Toda a dinâmica de atendimento, está relacionada a uma ou outra lei do pensamento, pois,
fundamentalmente, a apometria consiste na utilização da força e das potencialidades do
pensamento.
3º. Lei da Ação à Distância pelo Espírito Desdobrado: “Toda vez que se ordenar ao
espírito desdobrado do médium uma visita a lugar distante, fazendo com que esse
comando se obedecerá à ordem, conservando sua consciência e tendo percepção
acompanha de pulsos energéticos, através de contagem pausada, o espírito desdobrado
clara e completa do ambiente (espiritual ou não) para onde foi enviada”.
4º. Lei da Formação dos Campos de Força: “Toda vez que mentalizarmos a formação
de uma barreira magnética, por meio de impulsos energéticos, através de contagem,
formar-se-ão campos-de-força de natureza magnética, circunscrevendo a região
espacial visada, na forma que o operador imaginou”.
5º. Lei da Revitalização dos Médiuns: “Toda vez que tocarmos o corpo do médium
(cabeça, mãos), mentalizando a transferência de nossa força vital, acompanhando-a da
contagem de pulsos, essa energia será transferida. O médium começará recebe-la,
sentindo-se revitalizado”.
6º. Lei da Condução do Espírito Desdobrado, de Paciente Encarnado, para Planos Mais
Altos em Hospitais do Astral: “Espíritos desdobrados de pacientes encarnados somente
poderão subir a planos superiores do astral se estiverem livres de peias magnéticas”.
12º. Lei do Choque do Tempo: “Toda vez que levarmos ao Passado espírito
desencarnado e incorporado em médium, fica ele sujeito a outra equação de Tempo.
Nessa situação, cessa o desenrolar da seqüência do Tempo tal qual o conhecemos,
ficando o fenômeno temporal atual (presente) sobreposto ao Passado”.
Naturalmente, cada lei possui seus meandros, e muitas vezes alcance mais amplo daquele
citado no enunciado. Contudo, tais desdobramentos não serão abordados considerando
não ser o seu aprofundamento o intuito do presente trabalho.
Um dos primeiros relatos nesse prisma é a notícia bíblica dos efeitos da harpa de Davi
sobre Saul, no Antigo Testamento. Saul, que na própria encarnação relatada na Bíblia
contraíra vários débitos em razão da sua obsessão pela guerra, estava sendo acometido de
perturbações espirituais, tendo sido alertado por seus servos:
Saul escolheu Davi, que havia passado por um processo de unção junto à Samuel, no qual
“o Espírito do Senhor apoderou-se” dele. Davi havia sido preparado pelo plano espiritual
para servir de seu instrumento, e, através de sua arte, a música, auxiliava no processo de
afastamento do “mau espírito” do Rei Saul. Conforme Millecco, isso ocorria porque, ao
ouvir a música de Davi, Saul elevava sua frequência vibratória, perdendo a afinidade com
o desafeto, que, for falta de aclimatação psíquica , este se afastava.
Aclimatar é o ato de habituar-se a um clima, a um meio, ou a um ambiente.
MILLECCO, Luiz Antonio. Música e Musicoterapia. Rio de Janeiro: Lachâtre, 2002. p.
52.
Avaliando o ocorrido à luz do que foi estudado sobre as leis do pensamento, o fato
decorreu da lei da sintonia. A música se dá pela propagação do som, e este se dá por onda
e possui determinada frequência que vibra conforme as notas musicais entoadas. O
pensamento também se propaga em ondas e é transportado a grandes distâncias
independente de espaço e tempo, e possui uma frequência que pode vibrar
harmonicamente ou não com o pensamento de outro espírito (encarnado ou não). No caso
de Saul, havia uma afinidade entre ele e o “mau espírito”, muito provavelmente pela
qualidade de seu pensamento, aderente à guerra e ao poder, que pela lei das afinidades o
atraía. Considerando que a notícia bíblica traz a informação de que era um “mau espírito”
que veio sobre ele, e que ele “se acalmava” ao som da harpa, é possível dizer que a música
alterava a frequência de seus pensamentos, lhe trazendo uma sensação de calma, perdendo
a ressonância que de alguma forma havia estabelecido com o “demônio”. Assim, a música
fez romper a “aclimatação”, ou seja, a sintonia entre ambos.
Naturalmente, essa perda de afinidade era temporária, já que, dada a situação proposta
pelo enunciado bíblico, ele voltava e toda a vez que isso ocorria era necessário a busca
música para que ele voltasse a se harmonizar. Muito provavelmente nesse caso a música
era útil naquele momento, mas em situações como essa se faz necessário o ajuste em
ambos os espíritos, para que a situação se resolva e não volte a acontecer.
Num atendimento espiritual, num caso similar ao citado, é possível se aproveitar elevação
do padrão vibratório do consulente (Lei da Sintonia) para revitalizá-lo (Lei da
Revitalização) e resgatar o desafeto, lhe encaminhando para esclarecimento e tratamento
em hospitais do astral, com o auxílio de espíritos socorristas (Lei da Ação dos Espíritos
Socorristas).
Importante considerar que a utilização da música nos atendimentos espirituais tem larga
aplicação desde a antiguidade. É possível utilizá-la como instrumento auxiliar para a
sintonia do grupo de atendimento, para elevação do padrão vibratório do consulente, para
potencializar a afinidade com o plano astral e até mesmo para desviar a atenção do
consulente, quando ocorre alguma manifestação durante o atendimento que não lhe trará
proveito. Contudo, tendo-se a apometria como método de atendimento espiritual, é
preciso ter o cuidado para não ritualizar o ato volitivo, pois a técnica preconiza o comando
mental, simples e disciplinado.
Lançando o olhar sobre a música, é importante considerar seus efeitos sobre o homem
ventilados já pelos filósofos gregos. Aristóteles afirmava que a música poderia levar o
indivíduo na direção da melancolia, da renúncia, do domínio de si e do entusiasmo. Platão
associava tons e ritmos às várias oscilações do caráter humano, e Hipócrates, pai da
medicina, não descartava seus “poderes curativos”.
MILLECCO, Luiz Antonio. Música e Musicoterapia. Rio de Janeiro: Lachâtre, 2002. p.
41 - 42.
Tal afirmação é complementada por León Denis, quando fala de músicas cantadas, posto
que, quando a música é sustentada por palavras nobres, a harmonia musical pode elevar
as almas até regiões celestes. Além disso, o cântico produz uma dilatação salutar da alma,
uma emissão fluídica que facilita a ação de potências invisíveis. Um exemplo prático
disso é o que ocorreu nas apresentações do músico Vansan Costa na espírita, em agosto
de 2016 e setembro de 2017. A “palestra musical” foi integramente sustentada por
melodias delicadas, acompanhadas de letras que falavam de amor, família, otimismo e fé,
conduzindo boa parte dos ouvintes ao seu interior, fortalecendo em si os sentimentos ora
citados, ao ponto da participante R.F. citar que era como se uma luz se fortalecesse dentro
dela e fosse se expandindo a medida que ele continuava a cantar.
DENIS, León. O Espiritismo na Arte. (arquivo em PDF). p. 80.
Nesse ínterim, é possível dizer que a música possui o potencial de elevar altamente o
padrão vibratório do consulente, o que ocorre de forma semelhante na pneumiatria. A
diferença entre ambas reside no fato de que a última se dá pelo comando mental claro
para esse fim, e pela exteriorização dos pulsos energéticos (dirigente e médiuns),
enquanto na primeira, a condução se dá pela melodia e palavras que sustentam a canção.
É possível ainda supor que ambas as técnicas podem ser complementares, desde que,
relembremos, não haja a ritualização com o canto, e sim o comando mental associado,
exteriorizado através da música, e não por estalar de dedos, por exemplo.
A interface entre a arte e o auxílio espiritual pode ser dada sob um outro viés: o teatro
espírita. Conforme foi abordado no segundo capítulo, o teatro pode ser o “cartão de
visitas” de uma Casa Espírita, aproximando a comunidade da doutrina, através da
facilidade de sua linguagem, divulgando o espiritismo, e até mesmo, pedagogicamente na
evangelização de jovens e crianças. Porém, uma nova prática experenciada por alunos da
Escola de Educação Mediúnica, acrescentou ao teatro espírita os elementos basilares do
Evangelho: o amor e a caridade na prática.
Partindo-se da prerrogativa “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome,
aí estou no meio deles” Mateus, 18:20 , o grupo inicia seu trabalho se conectando com a
espiritualidade maior, através de seu pensamento e oração, requisitando o amparo
espiritual para aquela atividade. O fim a que se presta o encontro, a intenção de fazer o
bem e o sentimento de amor ao próximo, qualifica o pensamento dos trabalhadores, que
pela lei das afinidades entram, em sintonia com entidades imbuídas do mesmo propósito.
Não obstante o trabalho resida na arte, com música e palhaçaria, o sentimento de servir
ao Cristo permite a referida conexão:
Além disso, a tristeza, o ato de ficar remoendo os motivos pelos quais chegaram nessa ou
naquela situação, podem provocar correntes mentais parasitas auto-induzidas,
desencadeando processos auto-obsessivos. Quando o grupo muda o foco dos
pensamentos dos assistidos, oportuniza o início de uma higiene mental, mas que claro,
deve ter sequencia pela associação de outros métodos, como passes magnéticos
sistemáticos, culto do Evangelho , etc. Uma das “receitas” mais comuns indicadas pelo
grupo é a fórmula das “três gargalhadas por dia”, tal como se faz com medicamentos em
geral. Isso nada mais é do que o incentivo ao interlocutor em nutrir bons pensamentos, e
exercitar o bom humor, o que também auxiliará nesse processo.
AZEVEDO, José Lacerda de. Espírito/Matéria - Novos horizontes para a medicina. 9.
ed. rev. atual. – Porto Alegre: Nova Prova, 2007. p. 293-295
Ao cabo das atividades, o grupo torna a se reunir, refazendo a sintonia com a Cachoeira
do Pai Bernardino, a fim de requisitar auxílio para a limpeza e revitalização dos
trabalhadores, agradecendo pela oportunidade de servir.
Ao longo de quase três anos de atividades do grupo, foi possível colher algumas
experiências que poderão ilustrar o que fora acima mencionado.
Um caso que demonstra a doação de energia e revitalização, foi o ocorrido com uma
voluntária, L.F., que prestava auxílio num dos locais visitados, e relatou uma dor no
ombro que estava lhe acompanhando à alguns dias. Um dos “palhaços” utilizou de uma
luva em formato de joaninha, para fazer uma “massagem” no local, enquanto os demais
cercaram a assistida. Ao final, todos lhe deram um abraço coletivo, e ela começou a rir,
pois sua dor realmente tinha “ido embora”. Apesar do instrumento atípico, o pensamento
e a vontade dos presentes para que a dor fosse aliviada, e muito provavelmente a
manipulação de suas energias pela espiritualidade, fez o resultado positivo.
Após a visita a uma jovem que estava acamada por ter sofrido um acidente
automobilístico, foi recebido o seguinte depoimento: “conforme eles foram se
apresentando, fui me dando conta sobre o que realmente estava acontecendo, e
mentalmente me perguntava se tudo aquilo era pra mim. Foi então que, de
impossibilitada, passei a me sentir importante. Algo que me marcou muito foi a música,
pois a vibração trazida por ela se manteve naquele ambiente até muito tempo depois que
eles foram embora”. Neste caso, a apresentação dos palhaços fez com que a paciente
mudasse o foco de seu pensamento, que circundava sobre as lesões do acidente. A música,
elevou o padrão seu vibratório e do ambiente onde estava, o que, por si só, já seria um
ganho, mas ainda é possível contar com a ação do plano espiritual, que, com a elevação
da vibração, tem maior facilidade de executar seu trabalho.
Um relato bastante interessante é o da Sra. D.T., coordenadora de uma casa de idosos que
o grupo visita com maior frequência. Um de seus relatos consiste na ação do grupo em
uma área em construção, cuja inauguração já havia sido adiada por várias vezes, por um
motivo ou outro. O grupo fez sua passagem pelo salão, entoando suas canções e com
muita alegria, o que levou ao seguinte depoimento: “após a passagem deles a casa ficou
com um perfume suave e na semana seguinte conseguimos resolver os problemas e ocupar
as suas dependências. Algumas pessoas dizem que foi casualidade, mas eu acredito que
foram renovadas as energias que estavam ali de alguma forma estagnadas”.
Ainda sobre esse mesmo local, o efeito terapêutico é demonstrado através da sequência
do depoimento: “O grupo tem se adaptado às nossas necessidades, isto é, a cada encontro
trás novas técnicas de aproximação, um olhar precioso para o dia a dia dos idosos, pois
via muito além do dia do evento. Vejo as reações se dando ao longo dos dias, até porque
nem todos participam ativamente mas mesmo aqueles que ficam mais afastados ou são
mais resistentes aproveitam de forma generosa essa energia e principalmente a harmonia
que o grupo deixa pela casa. Esses encontros, mesmo que esporádicos, têm nos ajudado
no processo de diminuição da depressão que é tão pertinente na população idosa e um
pouco mais agravado nos nossos moradores, visto que muitos vêm de quadro de abandono
e negligência. Quando trabalhamos com alegria e amor, as dificuldades se tornam
menores”.
Com isso, é possível concluir que o trabalho desenvolvido vai muito além da arte em si,
residindo numa função terapêutica, energética e espiritual, consubstanciada na caridade.
Cada pessoa que vivencia o amor ao próximo e dedica seu tempo para outrem, está
trilhando seu caminho rumo ao seu aprimoramento como espírito. Cada pessoa assistida
é uma oportunidade para esse exercício.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O servidor que deseja trabalhar na ceara do Cristo sempre encontrará uma maneira de
auxiliar desinteressadamente seus irmãos, e a arte pode ser um desses caminhos. Quando
a arte é desenvolvida de forma comprometida com a espiritualidade maior, seus atos
passam a contar com o seu amparo.
O médium artista, educado à luz do conhecimento espírita, possui maior consciência de
suas faculdades mentais, e naturalmente sobre as consequências da ação de seu
pensamento. Arrojando suas forças anímicas, associadas com a sintonia com o plano
espiritual, e somada a sua intenção de caridade, pode conferir à arte espírita uma função
terapêutica espiritual.
A arte espírita não foi revelada para somente para dar conhecimento da doutrina espírita
a quem se interessar, mas sim para colocar em ação os princípios basilares do Evangelho,
promovendo o amor, a alegria e a vida!
Paz e bem!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS