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05/09/2022 19:59 As técnicas de manchas de tinta

As técnicas de manchas de tinta


Prof.ª Cristiane Moreira da Silva
Descrição
Testes psicológicos projetivos de avaliação da personalidade
baseados na técnica da mancha de tinta.

Propósito
O domínio de testes psicológicos de avaliação da personalidade é
imprescindível para a realização de processos de avaliação psicológica em diferentes
contextos,
especialmente porque os instrumentos projetivos reduzem a possibilidade de manipulação das
respostas.

Objetivos
Módulo 1

Apresentação, aplicação e qualidades do Rorschach


Analisar criticamente as possibilidades e limitações do Rorschach na avaliação
psicológica.

Módulo 2

Codificação e interpretação do Rorschach


Avaliar os sistemas de codificação, classificação e interpretação do teste
Rorschach.

Módulo 3

O teste Zulliger
Analisar criticamente as possibilidades e limitações do Zulliger na avaliação
psicológica.

meeting_room
Introdução
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As técnicas de manchas de tinta são bastante difundidas nas mídias, fazem


parte da cultura audiovisual dos séculos XX e XXI e despertam curiosidade
nas pessoas em geral. Afinal, como o que é visto em uma mancha de tinta pode
revelar a personalidade de alguém? Desmistificando as fantasias sobre as
respostas mirabolantes ou se há algo escondido nas manchas e que deve ser
descoberto por quem está sendo submetido ao teste, o que a técnica analisa
de fato é a percepção, ou seja, como a pessoa organiza cognitiva e
afetivamente características da mancha para gerar suas respostas.

Para entendermos como funciona a técnica, podemos recorrer a uma prática


lúdica do cotidiano: ver “coisas” em nuvens. Quem nunca olhou para uma
nuvem
e reconheceu uma figura, como se, no formato ou na variação de intensidade
da cor, houvesse uma imagem a ser descoberta? Quando esse
“desenho” é
mostrado a outras pessoas, algumas imediatamente identificam a mesma figura,
enquanto outras discordam e veem algo diferente. O que
acontece nas técnicas
de manchas de tinta é semelhante: é solicitado que a pessoa avaliada olhe
para cartões com manchas de tinta amorfas e
simétricas e diga com o que elas
se parecem. Uma análise complexa das respostas que são categorizadas,
tabuladas e interpretadas fornece informações
importantes acerca dos traços
de personalidade e do funcionamento emocional.

Há dois testes psicológicos baseados na técnica de manchas de tinta com


diferentes sistemas de aplicação, codificação e interpretação das respostas:
o
Rorschach e o Zulliger. Cada sistema possui um manual específico que não
pode ser substituído por qualquer livro ou apostila. São esses instrumentos
que serão apresentados a você neste conteúdo de forma resumida e
introdutória. Ambos são instrumentos privativos de profissionais de
Psicologia e
devem ser resguardados conforme a Resolução 09/2018 do Conselho
Federal de Psicologia orienta. É importante destacar que este é um conteúdo
introdutório que dará uma visão ampla e crítica sobre a técnica da mancha de
tinta. A administração de testes psicológicos exige treinamento específico
para o instrumento a ser utilizado.

1 - Apresentação, aplicação e qualidades do Rorschach


Ao final deste módulo, você será capaz de analisar criticamente as possibilidades e limitações do
Rorschach na avaliação psicológica.

Histórico da técnica das manchas de tinta

Justinus Kerner (1734-1862).

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O método de Rorschach é um teste


psicológico projetivo (portanto, de uso exclusivo de psicólogos),
desenvolvido pelo médico Hermann Rorschach (1884-
1922), que
tem por objetivo
avaliar a estrutura da personalidade do indivíduo e o funcionamento de seu
psiquismo.

A origem das técnicas das manchas de tinta


é atribuída por vários autores ao psiquiatra Justinus
Kerner (1734-1815),
considerado por Klopfer e Kelly
(1942, 1974 apud FREITAS, 2005),
estudiosos
da biografia de Kerner, precursor da Psiquiatria moderna e, também, poeta
romântico.

As canetas tinteiros utilizadas na época formavam


bolhas de tintas que manchavam o papel. Acidentalmente, Kerner derramou tinta no
papel e,
impressionado com as formas e seus possíveis significados, dobrou e abriu a
folha, formando desenhos que o instigaram por sua singularidade e
impossibilidade de
seguir um plano preconcebido. Era como se as manchas pudessem impor seu sentido ao
autor.

Kerner começa a produzir manchas


deliberadamente com essa técnica e as usa para ilustrar seus poemas que
foram publicados na Alemanha, em 1857,
na coleção de livros conhecida como
Klecksografia. Embora o autor tenha experimentado as projeções
pessoais nas
manchas de tinta, princípio básico da
técnica, não as pensou como um método
de investigação da personalidade. As manchas eram uma atividade de lazer que
ocupou seu tempo na velhice.

Autógrafo com a chamada Klecksografia.

As klecksografias se popularizaram na Suíça como


jogo para milhares de crianças, inclusive Hermann Rorschach, que acabou por
desenvolver o teste de
personalidade mais conhecido na história da Psicologia ao
examinar e comparar a reação das pessoas frente às manchas de tinta. Na juventude,
recebeu
dos colegas o apelido de Klex, que significa mancha de tinta, em alusão ao
jogo. O jogo era vendido no comércio, consistindo em cartões com manchas de
tinta
para os quais uma história deveria ser criada. Além do interesse pela klecksografia,
Rorschach recebeu influência do pai pintor e professor de
desenho.

Hermann Rorschach e seu teste

Hermann Rorschach (1884-1922).

Nascido em 1884, em Zurique, na Suíça,


Hermann Rorschach tinha gosto pessoal e habilidade para desenho, oscilando
entre a carreira artística e a médica.

Em 1909, formou-se médico psiquiatra,


psicanalista e com forte influência do trabalho de Carl Jung. Ele
apresentava as manchas de tinta aos pacientes
em hospitais ou então pedia
para que dobrassem o papel com tinta formando a mancha, comparando as
respostas destes com pessoas sem indícios de
transtornos mentais.

Preocupado com as implicações


psicogeográficas na esquizofrenia, Rorschach acreditava que somente
estímulos neutros, sem elementos culturais,
seriam efetivos para o
entendimento do psiquismo.

Em 1917, o contato com o trabalho de Szymons Hens


reascendeu seu interesse na técnica das manchas de tinta, fazendo com que
direcionasse seus
esforços de investigação usando a técnica em uma pequena clínica
de neuropsiquiatria.

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Embora estudioso de diferentes disciplinas e ativo no


intercâmbio de ideias com
universidades, pesquisadores e clínicos da época, seu trabalho não se deu
em
universidades ou laboratórios. Ele desenvolveu seus estudos até a publicação de
Psicodiagnóstico, em 1921, que serviu como fundamento de um
método para o
diagnóstico da personalidade. Rorschach morreu no ano seguinte à publicação,
impedindo que recebesse em vida o reconhecimento
merecido por seu trabalho, que
continuou sendo desenvolvido por outros autores.

No artigo A origem do método de Rorschach e seus


fundamentos, Maria Helena de
Freitas (2005) resgata outros autores e seus experimentos feitos com as
manchas de
tinta para fins de estudo psicológico. Inicialmente, em 1895, os psicólogos
franceses Alfred Binet e Simon se concentraram no estudo da
imaginação involuntária,
enquanto Whipple, em 1910, usou as manchas para o estudo de diversos traços de
personalidade. Whipple fez a primeira
publicação sistematizada de manchas de tinta
como uma investigação da imaginação da pessoa avaliada. Também em 1910, o psicólogo
e
neuropsiquiatra russo Rybakoff publicou um atlas com oito manchas que avaliavam a
força, a riqueza e a acuidade da imaginação. Em 1916, na Inglaterra,
Bartlett foi o
primeiro a introduzir as cores na técnica das manchas de tinta.

Comentário
Apesar de tantos estudos envolvendo a técnica, tudo indica que Rorschach não
os conhecia quando começou a realizar suas primeiras pesquisas, e seu
método
é original no que tange ao objeto de estudo. Enquanto seus antecessores
concentravam as análises nos conteúdos da imaginação, Rorschach
investiga
como as características da mancha geravam as respostas das pessoas
avaliadas, ou seja, ele direciona os estudos para a percepção da mancha.

Após a morte precoce do autor, a técnica continuou


sendo desenvolvida por estudiosos, clínicos e pesquisadores que se organizaram para
o
aprimoramento e difusão do teste de Rorschach. Acompanhe mais alguns marcos
históricos:

1939

Em 1939, foi criado o Rorschach


Institute.

1943

Em 1943, acontece o Primeiro


Congresso de Rorschach.

1949

Em 1949, foi fundada a Sociedade


Internacional de Rorschach. Ainda atuantes e dedicados ao
desenvolvimento do teste e de métodos
científicos, seus membros têm
suas publicações, eventos e estudos divulgados na página da
Sociedade.

1950

Dentre outras organizações


voltadas para o tema, destaca-se a Sociedade Francesa de Rorschach,
fundada em 1950,

1987

A partir de 1987 a Sociedade


Francesa de Rorschach passou a se chamar Sociedade de Rorschach e
dos Métodos Projetivos na Língua
Francesa. Ao longo de sua atuação,
essa sociedade trabalhou no desenvolvimento de ferramentas
projetivas, na validação de seus
fundamentos teóricos e no ensino de
métodos projetivos. Atualmente, ela concentra seus esforços no
intercâmbio de perspectivas
vinculadas aos avanços intelectuais com
diferentes abordagens teóricas, especialmente nas jornadas
científicas, com trabalhos de
investigação sobre modelos de
interpretação.

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1993

No Brasil, a Associação Brasileira


de Rorschach e Métodos Projetivos (ASBRo) foi fundada em 1993, com o
objetivo de promover o
desenvolvimento das técnicas projetivas de
avaliação psicológica, em especial o Psicodiagnóstico de Rorschach,
buscando integrar a
diversidade metodológica e a produção científica
nacional acerca do teste em suas diferentes abordagens e aplicações.

2021

Em 2021, o principal teste com a


técnica das manchas de tinta completa seu centenário e, mesmo sendo
alvo de críticas e questionamentos,
continua sendo uma forte
referência para a avaliação da personalidade.

Aplicação do teste
O investimento nos estudos e aplicações do método
de Rorschach resultou na produção de sistemas distintos de aplicação, correção e
interpretação do
teste baseados nos cartões com as manchas de tinta originais no
mundo todo. No Brasil, contamos com quatro sistemas que apresentam parecer
favorável
para seu uso por parte do SATEPSI. São eles:

Sistema Compreensivo de Exner (SC);


Sistema de Avaliação por Performance (R-PAS);
Sistema Klopfer;

Rorschach Clínico.

Vale destacar que o Sistema da Escola Francesa


apresenta parecer desfavorável desde 2020, pois os estudos de normatização dele
passaram a ficar
desatualizados. Lembremos que, embora todos esses sistemas de uso
do teste venham se mostrando bastante eficientes na área de investigação e
diagnóstico da personalidade, é sempre necessário trabalhar com normas apropriadas
para a população, as quais devem ser regularmente revisadas.

Paciente realizando teste psicológico.

O teste é composto por 10 pranchas com


manchas simétricas que devem ser apresentadas na mesma sequência e da mesma
forma para todas as
pessoas.

Algumas das manchas são com cores, o que


permite observar como a pessoa avaliada responde a elas.

Não há restrição de idade para a aplicação do


teste, podendo ser utilizado em crianças a partir de 5 anos. Também não há tempo
estipulado. Espera-se
que adultos levem entre 40 e 60 minutos para fornecer um
protocolo completo e crianças com menos de 10 anos entre 30 e 45 minutos. Em geral,

podemos dizer que a aplicação do Rorschach é feita individualmente, em qualquer


pessoa que tenha condições de se expressar verbalmente e que tenha
acuidade visual.

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É importante atentar para o espaço físico adequado, confortável, silencioso e com


privacidade, para que não ocorram
interrupções. Todo o material deve estar
organizado, os cartões ordenados, com a face para baixo e fora do alcance do
avaliado. As cadeiras devem ser dispostas de maneira que aplicador e testando
não fiquem face a face. Essa disposição
entre o psicólogo e a pessoa avaliada
pode mudar, dependendo do sistema de interpretação usado. Lembramos aqui da
importância de que, assim como em qualquer outro teste psicológico, deve sempre
ser usado apenas o material original
do teste, seguindo à risca as instruções do
manual de aplicação.

Após verificar se a pessoa conhece o teste e


explicar os procedimentos, é iniciada a aplicação que se divide em dois momentos:

Primeiro momento

O primeiro, para a coleta de respostas. A fase de


respostas consiste em entregar o cartão e perguntar: “O que isto poderia
ser?” ou “O que você vê nesta
mancha?”. Nesse momento, as respostas são
registradas, assim como as reações do avaliado, sem interferências do
avaliador, cronometrando o tempo
que a pessoa demora para responder e o
tempo da resposta. Caso a pessoa só verbalize uma resposta na primeira
prancha, pode-se fazer o convite para
tentar dar mais respostas.

Segundo momento

O segundo, para o esclarecimento delas. O inquérito


é a segunda etapa da aplicação do Rorschach, e sua qualidade é fundamental
para a validade da
interpretação dos dados. Ele tem o objetivo de garantir
que as codificações das respostas sejam adequadas e, para tal, deve fazer
com que o avaliador veja
precisamente o que o avaliado viu. Nessa etapa, os
cartões são mostrados novamente e as respostas são lidas para que sejam
esclarecidas e possibilitem
a codificação. Muitas vezes, o determinante não
é expresso objetivamente por meio de palavras e deve ser investigado
mediante a pergunta: “O que faz
com que pareça isso?”.

Qualidades psicométricas do Rorschach


O Sistema Compreensivo
(SC) entende o
teste como uma tarefa percepto-cognitiva, na qual se manifestam processos de
tomada de decisão e de
resolução de problemas, reveladores das estratégias
de confronto e da organização psicológica da pessoa. Partindo desse ponto é
possível identificar a
objetividade do que é avaliado. Não há algo obscuro a
ser revelado ou mesmo que permita interpretações subjetivas das respostas.
Seguindo as normas
de administração do instrumento com rigor, é possível
garantir sua confiabilidade.

As possibilidades de erro na codificação


são minimizadas com a formação e o treinamento do administrador do teste. É
preciso que dois administradores
diferentes tenham parâmetros que produzam
classificações iguais para os mesmos protocolos, e isso só é possível com
regras claras e treinamento.

Paciente em sessão com terapeuta.

John Exner (1928-2006) empreendeu esforços para


reunir os conhecimentos e as investigações até então desenvolvidas para o método de
Rorschach

pelos principais sistematizadores nos Estados Unidos, tais como Samuel


Beck (1896-1980), Marguerite Hertz (1899-1992), Bruno Klopfer (1900-1971),
Zigmunt
Piotrowski (1904-1985) e também David Rapaport (1911-1960), com o objetivo de
unificar as principais contribuições em um só sistema que

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pudesse reunir as
evidências e dirimir as divergências entre seus sistemas que impossibilitavam a
troca entre estudiosos e intensificavam os
questionamentos acerca da validade e da
confiabilidade do Rorschach. O autor se dedicou a selecionar as características
empiricamente aceitáveis do
ponto de vista psicométrico, ou seja, dos itens que se
demonstrassem válidos e precisos, garantindo, com isso, uma uniformidade da
metodologia e do
sistema de codificação das respostas.

Comentário
O Rorschach é alvo frequente de críticas que colocam em xeque a validade do
teste. Parece difícil compreender como, por meio da análise das respostas
do
que é visto em manchas de tintas, é possível conhecer tanto sobre a pessoa.
Tais críticas negligenciam o desenvolvimento da técnica e todo o esforço
de
pesquisadores para psicometrizar o teste.

Exner (2003) estabeleceu critérios de classificação


claros e facilmente aplicáveis para a localização das respostas e qualidade evolutiva,
além de
descrever e propor classificações para as demais variáveis do teste. Gurley
(2018) aponta, como ponto fraco nessa discussão, o fato de as amostras
normativas, tanto
do Sistema Compreensivo quanto do R-PAS, serem pequenas e pouco diversificadas. Os
estudos do SC contaram com 600 participantes
e do R-PAS com 640.

No Sistema Compreensivo os resultados informam sobre


aspectos cognitivos, atenção, controle e tolerância ao estresse, vivências e expressão
de afetos e
a percepção de si e dos outros. Pode resultar em protocolos curtos e longos
e é mais demorado que a maioria das medidas de personalidade.

O sistema de administração do Rorschach mais utilizado


internacionalmente é o Sistema Compreensivo. Na tentativa de substituí-lo, Gregory
Meyer,
Donald Viglione, Joni Mihura, Robert Erard, Philip Erdberg e Fabiano Miguel atuam
no desenvolvimento do Sistema de Avaliação por Performance (R-PAS),
publicado pela
Editora Hogrefe e reconhecido como favorável para uso de psicólogos no Brasil em 2017. A
proposta é uma administração otimizada,
agilizando o processo de aplicação e correção do
teste, que conta com uma plataforma informatizada. A maior agilidade no processo e a
correção
simplificada prometem aumentar a utilização do instrumento.

Os organizadores em site específico do teste listam o que há de inovador nesse


sistema: seleção de variável baseada
em evidências, orientações detalhadas para
a administração do teste, procedimentos concisos para otimizar o número
de
respostas, regras básicas e diretrizes avançadas para codificar respostas,
diretrizes detalhadas para esclarecer
incertezas de codificação, novos valores
de referência normativos de base internacional, apresentação de dados usando
gráficos fáceis de ler com pontuações padrão baseadas em percentil, guias
interpretativos baseados em casos que
podem ser baixados e editados, a
capacidade de ajustar a complexidade do protocolo para ver o que se destaca como
distintivo, pontuação usando qualquer plataforma habilitada para Web, traduções
em andamento em muitos idiomas.

O R-PAS destaca quatro princípios na sua


aplicação:

1. Procedimentos-padrão.
2. Não diretiva.
3. Registrar precisamente o desempenho do sujeito.

4. Foco na solução de problemas e nos aspectos visuais e perceptivos da


tarefa.

Esses princípios se materializam já na aplicação,


que tem o mínimo de 16 respostas e o limite máximo de 40 respostas, diferentemente
do Sistema
Compreensivo, que não coloca limite máximo e exige o mínimo de 14.

As demais orientações de aplicação são as mesmas,


contando também com uma folha de
localização. Os códigos são diferentes, mas são baseados nos
mesmos indicadores. O
manual para codificação é ilustrado com tabelas e exemplos que facilitam a
compreensão do teste.

Enquanto o Sistema Compreensivo trabalha com as


pontuações preliminares e necessita
que as médias sejam calculadas em tabelas de referências, o R-
PAS trabalha com as
pontuações padronizadas, facilitando a identificação quando uma pontuação desvia da
norma. Outro ponto a ser destacado é a
simplificação na consulta dos manuais. Os
textos de Exner são longos e densos e podem gerar maior dificuldade em
administradores inexperientes. O
manual do R-PAS é mais ágil e acessível.

Saiba mais
Ambos os sistemas fornecem variedade de dados sobre o avaliado e podem ser
usados independentemente da orientação teórica do avaliador. No
entanto,
quem não tem familiaridade com conceitos psicodinâmicos pode ter dificuldade
com as interpretações do R-PAS. Eles também têm em comum o
fato de se
basearem no princípio do desvio.

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Qualidades psicométricas do Rorschach


Você conhece as diferenças dos sistemas de
classificação do teste? Com a ajuda do vídeo a seguir você conhecerá não só as
diferenças como poderá
avaliar as contribuições do R-PAS para o reconhecimento
psicométrico da técnica.

Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1

O Rorschach é um teste projetivo que investiga a personalidade por meio de respostas sobre o que a pessoa vê em cartões com manchas de tinta.
Essas respostas são codificadas e interpretadas a fim de realizar

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A avaliação global e dinâmica da personalidade.

B diagnósticos psicopatológicos.

C avaliação neuropsicológica.

D mensuração de QI.

E desenvolvimento psicomotor e de linguagem.

Parabéns! A alternativa A está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20Rorschach%20%C3%A9%20um%20teste%20de%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20da%20personalidade%20que%20identifica%20alguns%2

Questão 2
O R-PAS e o Sistema Compreensivo possuem semelhanças e diferenças, entre elas:

I. O número de respostas permitidas por aplicação é idêntico nos dois sistemas.

II. O R-PAS permite a aplicação coletiva, enquanto o Sistema Compreensivo é individual.

III. O R-PAS possui regras objetivas e claras de codificação das respostas.

IV. Os dois sistemas possuem pressupostos semelhantes, mas são independentes em suas administrações.

V. O R-PAS é estruturado a partir de evidências de estudos recentes, a fim de ampliar a confiabilidade do teste.

A Somente as afirmativas I, IV e V estão corretas.

B Somente as afirmativas II, III, IV e V estão corretas.

C Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.

D Somente I, II e III estão corretas.

E Somente III, IV e V estão corretas.

Parabéns! A alternativa E está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-paragraph'%3ETanto%20o%20R-
PAS%20como%20o%20Sistema%20Compreensivo%20s%C3%A3o%20sistemas%20que%20se%20fundamentam%20em%20dados%20emp%C3%ADricos%20

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2 - Codificação e interpretação do Rorschach


Ao final deste módulo, você será capaz de avaliar os sistemas de codificação, classificação e interpretação
do teste Rorschach.

Codificação da localização e determinantes


A seguir apresentaremos as orientações gerais para
codificação e interpretação das respostas no Sistema Compreensivo. O conteúdo é
baseado no livro
Avaliação do Rorschach: Sistema Compreensivo e R-PAS (GURLEY,
2018)
e não substitui o uso do manual do teste para garantir o rigor técnico e atender às
orientações éticas do conselho de classe.

Os principais códigos para classificação do teste


giram em torno dos seguintes
indicadores:

Localização
Em que parte da mancha está a resposta (aquilo que foi visto)?

Determinante
Que características da mancha fazem com que pareça com o que foi
visto?

Conteúdo
Qual é o conteúdo das respostas?

Na imagem a seguir, podemos observar a pessoa


avaliada sinalizando em que parte da mancha viu a sua resposta

A localização recebe um código que deve


ser consultado no atlas, de acordo com a área registrada na Folha de
Localização. As respostas são codificadas
em: W, abrangendo toda a mancha;
D, indicadas no manual como área frequente de resposta; ou Dd, indicada como
área incomum. Os códigos podem,

ainda, serem acrescidos do código S, quando


há uso do branco do cartão na composição da resposta. Esse item recebe dois
códigos: o da área e o da
qualidade evolutiva, que informa sobre o nível de
elaboração das respostas entre as percepções de objetos diferentes e em
relação à mancha.

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Os determinantes são os códigos mais importantes para


a análise dos resultados do Rorschach, pois eles refletem algum aspecto do processo
cognitivo
envolvido na formulação das respostas. Muitas respostas recebem mais de uma
categoria, que são os determinantes mistos. Os códigos de
determinantes são acompanhados
dos códigos de qualidade formal que indicam a precisão ou distorção do formato da mancha
na produção da resposta.
Conheça as Categorias de determinantes e seus
respectivos códigos.

As respostas de movimento são classificadas também em ativo ou passivo, de acordo


com a intensidade
da ação.

Classificação dos conteúdos e respostas populares


Os conteúdos podem ser identificados
exclusivamente com um código ou com código primário e secundário. Por exemplo: um
quadro de dois cachorros é
classificado Art, porque é um quadro, e A, animal, como
conteúdo secundário. Muitas respostas contêm mais do que um conteúdo. Todos devem
ser
incluídos na codificação, separados por uma vírgula, com o primeiro
representando o conteúdo mais central. Veja as Classificações dos conteúdos e
repostas populares.

Saiba mais
As respostas populares ocorrem com uma frequência de 30% dos protocolos e
estão indicadas em tabela do manual do teste. Quando uma resposta
popular é
identificada, deve ser colocado o código P após o código para conteúdo da
resposta. Essas respostas informam sobre adaptação social e
conformismo.
Elas indicam que a pessoa vê o que a maioria das pessoas veem.

Interpretação dos resultados do Rorschach


Um protocolo válido de Rorschach proporcionará
informações sobre aspectos de ideação, emoção, estilos prevalecentes para enfrentar
e responder as
situações, capacidade de controle, autopercepção, processamento da
informação, percepção interpessoal, mediação cognitiva, estratégias defensivas
habituais, preocupações e fontes de mal-estar de um indivíduo. Um protocolo deve ser
considerado não válido no Sistema Compreensivo se o número de
respostas for inferior
a 14 e houver respostas de Forma Pura acima da proporção esperada. A proporção
esperada de determinantes depende do sistema
de classificação utilizado e varia
entre 50% e 60%.

Observe a mancha a seguir (neste material estamos


evitando usar as manchas do
teste):

Borrão de tinta para avaliações psicológicas.

Imaginemos que essa fosse uma das manchas do


Rorschach. Uma pessoa, ao ser indagada sobre o que vê na prancha, fala que viu “uma
borboleta” na
primeira fase do teste e, na segunda, afirma que “a borboleta está na
mancha toda”, destacando a forma e descrevendo que “a borboleta está voando com
as
asas abertas”. Essa resposta pode ser codificada como W (localização na mancha toda)
e FM (devido à ênfase dada ao movimento de voar da
borboleta). A ordem e o uso dos
determinantes dependerão da ênfase, da sequência e da forma como é dada a resposta,
especialmente na primeira fase
do teste. Por isso, é de fundamental importância que
o psicólogo registre com detalhe e precisão as respostas dadas. Por último, em
relação ao conteúdo,
essa resposta seria codificada com A, por se tratar de um
animal.

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No final, todos esses determinantes e


códigos são contabilizados e analisados em função de sua frequência,
proporção, relação entre eles e outros
procedimentos de análise, refletindo
estruturas, formas de organização e funcionamento do psiquismo.

Os códigos são tabulados na Folha do


Sumário Estrutural, que acompanha o manual do teste. O primeiro nível de
interpretação diz respeito ao nível de
riqueza cognitiva. Nesse item são
considerados o total de respostas, a proporção entre as respostas
sintetizadas e as de qualidade formal distorcida, os
determinantes mistos, a
quantidade de respostas de movimento humano aumentada e a capacidade de
introspeção, revelada no tipo de resposta de
sombreado.

Exner desenvolveu um sistema de constelações que, a


partir da combinação de determinadas variáveis do teste, identifica uma constelação de
risco de
suicídio e índices de esquizofrenia, depressão, déficit relacional,
hipervigilância e estilo obsessivo. Essas constelações não funcionam como diagnóstico,
mas dão fortes indicativos que contribuem na formulação de um diagnóstico diferencial. O
segundo passo consiste em verificar a positividade para as
constelações de suicídio e
índice de esquizofrenia, analisadas no Sumário Estrutural. Lembrando que as variáveis
apresentadas não possuem valor
prognóstico separadamente, apenas como constelação.

No próximo passo, o avaliador deve escolher a


sequência para interpretação por meio da identificação das variáveis-chave apresentadas
por ordem de
importância em uma tabela de referência no manual. A primeira sequência
identificada como positiva deve ser a de interpretação. As variáveis são:
ideação,
mediação, processamento da informação, controles, afetos, autopercepção e percepção
interpessoal.

video_library
A codificação e interpretação das respostas do teste Rorschach
Com a ajuda do vídeo a seguir, aprofunde seus
conhecimentos sobre a forma como é realizada a codificação e interpretação das
respostas no Sistema
Compreensivo na análise do teste Rorschach.

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05/09/2022 19:59 As técnicas de manchas de tinta

Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Para a aplicação, classificação e interpretação do teste Rorschach, contamos com diferentes sistemas que permitem padronizar e determinar a forma
como o teste será interpretado. No que se refere à interpretação dos seus resultados, é correto afirmar que

A o Sistema de Avaliação por Performance é totalmente subjetivo, desde a aplicação até a interpretação dos resultados.

B segundo o Sistema Compreensivo, é considerado inválido o protocolo que apresente um total inferior a 14 respostas.

C os Sistemas de Administração do Rorschach têm pouca objetividade, o que permite uma interpretação subjetiva do avaliador.

os significados das pranchas usadas pelo Sistema Compreensivo e do R-PAS são diferentes, buscando responder às críticas feitas ao
D
Rorschach.

E o R-PAS é o sistema mais utilizado internacionalmente devido ao seu aspecto inovador de interpretação do teste.

Parabéns! A alternativa B está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20Sistema%20Compreensivo%20%C3%A9%20o%20mais%20utilizado%20internacionalmente%20e%20sintetiza%20estudos%20dos%20dif

Questão 2
Ao analisarmos o protocolo de resposta de uma pessoa, podemos encontrar as chamadas respostas populares, as quais ocorrem com uma
frequência de 30% e são identificadas a partir do manual. Identifique a alternativa que corretamente descreve o significado desse tipo de resposta.

A As respostas populares denotam pessoas muito sociáveis e que gostam de interagir com os outros.

B As respostas populares denotam pessoas pouco adaptadas e que apresentam dificuldades para lidar com imprevistos.

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C As respostas populares denotam pessoas altamente imaginativas e que buscam chamar a atenção.

As respostas populares significam que a pessoa identifica na mancha o que outras pessoas veem, denotando adaptação social e
D
conformismo.

As respostas populares significam que a pessoa teme ser original e busca agradar ao psicólogo, respondendo aquilo que ele acredita
E
ser correto.

Parabéns! A alternativa D está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EAs%20respostas%20populares%20s%C3%A3o%20justamente%20aquelas%20que%20frequentemente%20s%C3%A3o%20registradas%20na%2

3 - O teste Zulliger
Ao final deste módulo, você será capaz de analisar criticamente as possibilidades e limitações do Zulliger
na avaliação psicológica.

Histórico e fundamentação do Zulliger


O teste Zulliger ou Z-teste é uma técnica
multidimensional para avaliação da personalidade que mensura constructos
psicológicos básicos, informando
sobre processos afetivos/emocionais, processos
perceptivos/cognitivos, saúde mental e psicopatologia. Esse teste psicológico é
fundamentado
metodologicamente no Psicodiagnóstico de Rorschach, no entanto, não é
um resumo do teste, como frequentemente é mencionado no senso comum,
mas sim uma
derivação da técnica das manchas de tinta.

O desenvolvimento do teste foi motivado pela necessidade de avaliar um grande número de pessoas em um curto espaço de tempo
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05/09/2022 19:59 As técnicas de manchas de tinta
O desenvolvimento do teste foi motivado
pela necessidade de avaliar um grande número de pessoas em um curto espaço
de tempo.

Além da aplicação individual com os


cartões, há um procedimento específico de administração, classificação e
interpretação das respostas em grupo, o
que dá agilidade ao processo de
avaliação e faz com que o Z-teste seja uma opção recorrente em avaliações
psicológicas no contexto organizacional e
para posse e porte de armas de
fogo, além de muitas vezes torná-lo parte do processo de entrada nas forças
armadas e em concursos públicos.

Hans Zulliger (1893-1965), psicólogo clínico suíço e


amigo de Hermann Rorschach, participou do desenvolvimento do teste e tinha interesse em
seus
estudos. Cicero Vaz (2000) relata que a amizade de Zulliger com o pastor e
psicanalista Oskar Pfister (1873-1956) contribuiu para que o autor se
aproximasse da
psicanálise e integrasse o grupo de Emil Oberholzer (1883-1958), Hans Behn-Eschenburg
(1864-1938), Walter Morghenthaler (1882-1965)
e Hermann Rorschach, fundadores da
Sociedade de Psicanálise de Zurique.

Vejamos alguns marcos históricos:

1932

O primeiro trabalho com manchas de


tinta desenvolvido por Zulliger, a partir da técnica de Rorschach,
foi O teste de Rorschach na assistência
educacional, em
1932, com a
finalidade de investigar a criatividade e a integração humana.

1938

Continuando os estudos da técnica,


no ano de 1938, em coautoria com Hans Behn-Eschenburg, publicou o
BERO (Behn-Rorschach Test),
técnica paralela à de Rorschach, ainda
utilizando dez cartões com manchas de tinta aleatórias. O
instrumento foi desenvolvido para
aplicação em crianças e publicado
pela Hans Huber (Vaz, 2000).

Entre 1939 e 1945

Zulliger atuou nas forças armadas


na Suíça em processos seletivos de oficiais durante a Segunda Guerra
Mundial e identificou a
inviabilidade das avaliações individuais com
10 cartões naquele contexto. Como tinha que avaliar muitas pessoas
rapidamente, ele realizou
uma experiência com 800 pessoas, aplicando
três cartões com manchas de tintas, diferentes do teste original,
mas seguindo a mesma
estrutura. As aplicações individuais eram
pareadas com as aplicações do Rorschach.

1948

As experiências resultaram, em
1948, no Zulliger Diapositive-Test (Z-Test) para aplicação coletiva.

1954

Em 1954, no Der
Zulliger-Tafeln-Test, adaptado pelo autor para aplicação individual.

Entre 1955 e 1962

O instrumento foi bem recebido


pela comunidade científica, acarretando publicações nos anos de
1955, 1959 e 1962, também pela editora
Hans Huber, tornando-se um
importante instrumento de técnica projetiva (VAZ, 2000).

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Contextos de aplicação e sistemas de administração


Se considerarmos a maior facilidade na aplicação,
a agilidade na obtenção dos resultados e o procedimento para aplicação em grupo, o
Zulliger é
vantajoso e aplicável em mais contextos quando comparado ao Rorschach. No
entanto, a otimização da técnica acarretou limitações no que se refere ao
alcance
das interpretações, ficando aquém do Rorschach em termos de profundidade e
abrangência dos dados a serem obtidos acerca das características
da personalidade e
da exploração de aspectos afetivos e cognitivos. A escolha entre um teste ou outro
deve considerar a demanda da avaliação e as
informações necessárias para
respondê-la.

O principal sistema de administração do


teste é norte-americano e foi desenvolvido por Bruno Klopfer em 1936,
recebendo o nome do autor. O sistema de
Klopfer possibilita uma integração
quantitativa e qualitativa dos dados aliada a uma compreensão evolutiva e
clínica da pessoa avaliada. As pesquisas no
Brasil utilizavam esse sistema
até 2004, quando houve a popularização do Sistema Compreensivo de Exner para
o Rorschach e os principais
pesquisadores da técnica da mancha de tintas se
empenharam em adaptar o teste de Zulliger para o Sistema Compreensivo.

As vantagens dessa adaptação no Zulliger são as mesmas do Rorschach: integrar os


diferentes sistemas
e padronizar a administração do teste.

Vejamos alguns dos principais contextos de aplicação


do Zulliger:

Área organizacional expand_more

O principal contexto de aplicação do


Zulliger é a área organizacional. Um estudo desenvolvido por Ferreira e
Villemor-Amaral (2005) avaliou 86
funcionários em contexto empresarial
por meio de um relatório produzido por seus chefes, com itens acerca do
relacionamento interpessoal,
presença de atuação interna e externa,
tomada de decisões, competências, busca por aprimoramento e inovação,
conhecimento, organização,
solução de problemas e orientação para
clientes. Os itens do questionário foram correlacionados com as
variáveis do Zulliger, também aplicado
nos participantes. Os resultados
revelaram alguns indicadores como preditores de bom desempenho
profissional, evidenciando que o Zulliger é
indicado para o contexto de
seleção empresarial.

Avaliação para posse e porte de armas de fogo expand_more

Na avaliação psicológica para posse e


porte de armas de fogo, o Zulliger, de acordo com pesquisa de Hasbum,
Formiga e Estevam (2021), é um dos
testes mais utilizados em função da
rapidez, economia e descrição das características de personalidade dos
candidatos, e também por informar os
indicadores que constam na
normativa da Polícia Federal, os quais devem ser avaliados como
necessários e restritivos.

Área clínica expand_more


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05/09/2022 19:59 As técnicas de manchas de tinta

Na área clínica, o Zulliger pode


trazer dados importantes que contribuem com a predição de transtornos de
saúde mental e compreensão dos
diferentes modos de funcionamento da
personalidade. No entanto, há outros testes psicológicos e entrevistas
estruturadas mais adequados para
esse contexto. Embora possa trazer
informações que auxiliem no diagnóstico nosológico, essa não é a
finalidade do instrumento.

Material e aplicação do Z-teste


A técnica de Zulliger é composta por três cartões
medindo 18,5cm por 25cm, com manchas ambíguas e simétricas, sendo a primeira
acromática
(nomenclatura da técnica de manchas de tinta para o uso exclusivo da cor
preta nos cartões), que fornece dados sobre a adaptação da pessoa diante de
uma
situação nova; a segunda colorida, incitando respostas que auxiliam na compreensão
dos aspectos afetivos; e a última, em preto e vermelho, informa
sobre o
relacionamento interpessoal e o potencial criativo e empático da pessoa avaliada. Na
aplicação coletiva, as manchas desses cartões são
reproduzidas em diapositivos
(imagem em material transparente) a serem projetadas em tela branca. Nos dois
formatos é utilizada uma folha de
localização e registro das respostas.

Atualmente, o teste possui três sistemas de


administração classificados como
favoráveis para o uso da Psicologia pelo Sistema de Avaliação de Testes
Psicológicos.

Primeiro

O primeiro deles é o Teste de Zulliger no Sistema


Compreensivo (ZSC), de Anna Elisa Villemor-Amaral e Ricardo Primi, de
aplicação individual e sem
correção informatizada, aplicável a pessoas entre
18 e 83 anos e com o prazo de estudos de normatização encerrando em outubro
de 2023, mas com
estudos promissores que indicam o desenvolvimento do
sistema.

Segundo

O segundo é o Teste de Zulliger no Sistema Escola de


Paris: forma individual, para pessoas entre 18 e 92 anos.

Terceiro

O terceiro é o Z-Teste Coletivo e Individual, de


Cícero Emídio Vaz e João Carlos Alchieri, para pessoas a partir de 16 anos.
Ambos têm atualizações
recentes.

Cada sistema de administração possui normas


próprias e procedimentos de aplicação, codificação e interpretação específicos que
constam no manual do
teste. É imprescindível que o psicólogo utilize esse manual e
siga suas instruções para garantir a confiança nos resultados. Estar atento ao
manual do
teste psicológico a ser utilizado é uma conduta ética e que fornece
respaldo técnico. Nenhum livro ou apostila pode substituir o manual. É fundamental
que o material esteja em excelente estado de conservação para que não haja
interferências nas respostas.

A seguir, apresentamos o principal sistema de


administração do Zulliger: o Kopfler.

Os procedimentos de aplicação individual e coletiva são diferentes. Os critérios


para classificação das respostas são os
mesmos: localização, determinantes,
conteúdos e fenômenos especiais (observe que são os mesmos critérios
utilizados
no Rorschach).

Assim como no Rorschach, há duas etapas na


aplicação: a primeira consiste em registrar as respostas sem fazer
perguntas ao
avaliado; na segunda,
nomeada inquérito, as manchas são apresentadas
novamente e o
avaliado deve esclarecer qual área da mancha usou para dar sua resposta e qual

característica da mancha foi determinante para que visse o que relatou. Dividir a
aplicação em fase de respostas e fase de inquérito é recorrente nos testes
psicológicos projetivos, a fim de esclarecer as respostas para que não haja
equívocos na interpretação.

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Vejamos as especificações de cada uma das aplicações:

Individual
Na aplicação individual, os
procedimentos também são semelhantes ao do Rorschach. O profissional
entrega os cartões um de cada vez e na sequência
correta, inquirindo
sobre com o que a mancha se parece. O próprio aplicador anota as
respostas e, na sequência, realiza o inquérito.

Coletiva
Na forma coletiva, a orientação é
limitar o número de participantes em até 35 pessoas. Cada
diapositivo é projetado com a luz apagada por 30 segundos
e, depois,
as luzes do fundo da sala são acesas para que possam escrever. É
desejável que o aplicador conte com um auxiliar. Pessoas com
dificuldade
para enxergar a distância podem ter dificuldade com esse
procedimento. Quem escreve nas duas etapas (aplicação e inquérito) é
a própria pessoa
avaliada.

Nos dois formatos é solicitado que o avaliado


preste atenção na imagem e diga o que ela sugere. É explicado que não há respostas
certas ou erradas e
que ele pode usar qualquer área de mancha para responder. As
três manchas são apresentadas para que o avaliado dê suas respostas e, novamente,
para
a fase de inquérito.

Para análise das respostas, o psicólogo as classifica


de acordo com os códigos
predefinidos no manual, iniciando pelo quantitativo de respostas por
pranchas (R).

Há três classificações quantitativas:

Localização
Define onde a pessoa identificou o que viu.

Determinantes
Informam o que a levou a ver tal coisa.

Conteúdo
Descreve o que ela viu.

Os fenômenos especiais dizem respeito


à
classificação qualitativa. São as respostas mais difíceis de serem quantificáveis,
como “Isso é horrível!”, por
exemplo. Elas são importantes para a compreensão
dinâmica da personalidade.

Classificações quantitativas
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ç q As técnicas de manchas de tinta

Localização
A classificação da localização é dividida em três
categorias:

Respostas globais expand_more

Quando a resposta inclui toda ou a


maior parte da mancha.

Detalhes comuns expand_more

Ou seja, vistos com frequência por


muitos avaliados.

Detalhes incomuns expand_more

Que são áreas da mancha pouco


utilizadas para dar respostas.

Essas categorias se dividem em outras subcategorias e


são acompanhadas ou não pelo uso do espaço branco. Para identificar se a resposta é um
detalhe
comum ou incomum é necessário consultar o manual do teste.

Veja na tabela a seguir os códigos para classificação


da localização.

Código Característica

G Global –
respostas abrangendo toda a mancha.

Global cortada –
abrange no mínimo dois terços da figura sem ser
Gcort
considerada um
detalhe comum.

Global iniciada
por detalhe – começa por descrever um detalhe e,
DG
aos poucos, se
configura como abrangendo toda a mancha.

D Detalhe
comum.

Dr Detalhe
raro.

Dd Detalhe
diminuto.

Di Detalhe
interno.

De Detalhe externo
ou detalhe de borda.

DO Detalhe
inibitório ou oligofrênico.

Tabela: Códigos para classificação da


localização.

Cristiane Moreira da Silva , com base em VAZ,


2000.

O código S é inserido sempre que a pessoa usa o


fundo da mancha, ou seja, a área branca, para dar sua resposta. O S vem antes do
outro código quando a
ênfase é maior no branco e depois quando a ênfase está na
mancha. Por exemplo, uma resposta global que incluiu a área branca da mancha recebe
o

código GS.

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Determinantes
Os determinantes são a expressão do modo como a
pessoa avaliada estabelece a relação, por meio das manchas, entre o mundo externo e
o seu mundo
interno, e também como mobiliza suas experiências e memórias, que são
projetadas nas manchas. O avaliador deve identificar quais fatores psíquicos
determinaram as respostas emitidas na aplicação, ou seja, quais características das
manchas produziram as respostas. A pergunta que orienta a
classificação dos
determinantes é: o que há no cartão que leva a pessoa a dar essa ou aquela resposta?
O teste considera as categorias forma,
movimento, cor e sombreado nessa avaliação.
Cada categoria é desmembrada de acordo com sua especificidade e recebe um código de
classificação
muito semelhante aos códigos descritos no teste Rorschach. As
respostas podem ser enquadradas em mais de um determinante, o que configura os
determinantes mistos. Nesses casos, os códigos são colocados em ordem de acordo com
o que mais se destaca.

Forma
As respostas categorizadas como Forma são as que
estão limitadas às características formais da mancha, sendo aquelas em que a pessoa
descreve a
forma sem expressar outra característica, sem usar a cor, movimento ou
sombreado. Elas são divididas em:

Forma de boa qualidade (F+)

O código F+ é atribuído às respostas consideradas


comuns na área em que está localizada e encerra um conteúdo com forma
simples ou, mesmo não
sendo em área comum, o avaliado descreve bem o formato
e o identifica na mancha. Por exemplo: “São dois ursos. Está bem claro o
formato da cabeça e
das patas”.

Forma de má performance (F-)

O código F- é atribuído às respostas imprecisas,


confusas, vagas ou de conteúdo abstrato. Nesses casos, o próprio avaliado
tem dificuldade para
descrever o que vê. As respostas de forma combinadas
com fenômenos especiais também recebem esse código. Um exemplo de F-: “Não
sei, não dá para
ver bem. Algo que faz lembrar um animal, mas não consigo
identificar direito”.

Forma duvidosa (+-)

O código F+- é utilizado quando a resposta não está


clara para o avaliado nem em sua maneira de perceber, nem em sua maneira de
se expressar. Por
exemplo: “Parecem dois ursos, ou dois cachorros. Não sei
bem. São dois animais”.

Movimento
Para uma resposta ser classificada como Movimento,
o avaliado deve ter oferecido um conteúdo que descreva uma ação. Essas respostas,
assim como no
Rorschach, são subclassificadas e recebem um destes códigos: Movimento
Humano (H), Movimento Animal (FM) e Movimento Inanimado (m). Esses
códigos são
combinados com +, - e +- para indicar a qualidade formal.

Cor

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As respostas que revelam as cores como


determinantes recebem classificações também semelhantes ao Rorschach e se
dividem em cores cromáticas
(no caso do Zulliger, vermelho, verde e marrom)
e cores acromáticas (preto, branco e cinza). As cores cromáticas revelam o
sistema emocional em relação
ao mundo externo, e as acromáticas, ao mundo
interno do avaliado.

Essas respostas também podem ser combinadas com a


Forma. Quando isso acontece, o código F aparece antes ou depois do código de cor para
indicar a
maior ênfase na cor ou na forma (o principal aparece à esquerda). O que
diferencia os códigos das respostas de cor é o apóstrofo. Sem apóstrofo para cor
cromática (C), e com apóstrofo para acromática (C’).

Além dos códigos para as respostas combinadas de forma


e cor, há as categorias para respostas de cor como único elemento. São elas: Cor Pura
(C) para
os conteúdos sem forma vistos como coloridos; Csimb, quando a cor pura é usada
como símbolo; Cdesc, quando a pessoa descreve a cor e suas matizes
e Cn quando apenas
nomeia a cor.

Sombreado
As respostas de sombreado são classificadas
seguindo o mesmo critério do Rorschach: o uso da diferença das intensidades da cor,
ou seja, as sombras e
o contraste entre o claro e o escuro. Elas são divididas em
três categorias e também combinadas com a forma, vindo à esquerda ou à direita do
símbolo de
sombreado de acordo com a maior ênfase da característica na resposta.

Conteúdos
Como no Rorschach, é identificado o conteúdo de
cada resposta usando os mesmos códigos na classificação. As respostas também podem
receber mais
de um código para conteúdo e ele deve ser redigido em ordem de
prioridade.

Tabulação e interpretação das respostas no Z-teste

O Z-teste possui protocolos tanto para a


correção manual quanto para a informatizada. O recomendado é a correção
informatizada, que diminui a
possibilidade de erros em cálculos ou consultas
às tabelas de referência. Na correção manual há um protocolo de apuração no
qual são registrados os
códigos das respostas e as respectivas tabulações. A
correção informatizada é realizada na plataforma on-line do Zulliger, a que
o psicólogo tem acesso
ao adquirir o instrumento. Os códigos das respostas
são inseridos nos campos específicos e o sistema indica os resultados.

A análise quantitativa dos resultados é


obtida por meio de uma tabela gerada pela correção informatizada indicando
se os constructos psicológicos estão
na média, acima ou abaixo.

Alguns desses constructos são: capacidade de desempenho e de adaptação geral,


raciocínio lógico, espontaneidade,

criatividade, empatia, traços depressivos de


personalidade, entre outros.

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A partir desses indicativos, o avaliador interpreta a


tabulação dos resultados do teste iniciando pelo número de resposta, que é considerado
em sua
totalidade, e para cada diapositivo. Essa medida expressa a capacidade de
produção, desempenho e realização do avaliado.

As localizações indicam o modo como a pessoa percebe


racionalmente a realidade e como utiliza a inteligência. As respostas G indicam a
percepção de
síntese e capacidade de planejamento; as respostas de detalhe comum mostram
a percepção objetiva da realidade, um uso mais concreto da inteligência;
e as respostas
de detalhes incomuns informam sobre a capacidade de análise, observação e bom senso. O
uso do espaço branco nas respostas pode ser
interpretado como interferência da ansiedade
situacional.

Os determinantes refletem os traços e características


da personalidade. São os pontos principais da interpretação do Z-teste, que acompanha os
indicativos do Rorschach para o seu tratamento.

Saiba mais
Os fenômenos especiais são elementos difíceis de serem quantificados e
importantes para a compreensão da pessoa. São as reações e respostas
inesperadas aos diapositivos. A interpretação tem uma dimensão qualitativa
e, embora possam ser vários os fenômenos apresentados, o manual do teste
lista os mais frequentes, por exemplo, o choque ao branco, expresso pela
preocupação com o branco ao redor das manchas; choque cromático e
acromático; entre outros.

video_library
Análise quantitativa e qualitativa do Zulliger
O vídeo a seguir explica mais profundamente a
análise quantitativa e qualitativa do Zulliger e compara com o Rorschach.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O Teste de Zulliger é frequentemente utilizado em processos de seleção em organizações. Nas afirmativas abaixo, quais características do teste
justificam essa escolha?

I. A aplicação pode ser individual ou coletiva.

II. Aplicação e correção célere em comparação com o Rorschach.

III. Possui indicadores que são preditores de bom desempenho profissional.

IV. Possibilita o diagnóstico de transtornos mentais.

A Somente as afirmativas I e II estão corretas.

B Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.

C Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.

D Somente as afirmativas III e IV estão corretas.

E Somente as afirmativas I e IV estão corretas.

Parabéns! A alternativa B está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20teste%20foi%20desenvolvido%20com%20a%20finalidade%20de%20adaptar%20o%20m%C3%A9todo%20das%20manchas%20de%20tint

Questão 2
A administração do Zulliger exige treinamento e domínio dos procedimentos. Sobre a etapa de aplicação, é correto afirmar que

A nas duas modalidades, coletiva e individual, o aplicador entrega os cartões e anota as respostas.

B os três cartões são apresentados simultaneamente.

C o aplicador deve escolher qual cartão utilizar de acordo com a finalidade da avaliação.

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D a aplicação coletiva não pode ultrapassar vinte pessoas.

E o procedimento é dividido em duas etapas: a primeira para as respostas, e a segunda, nomeada inquérito.

Parabéns! A alternativa E está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20administra%C3%A7%C3%A3o%20do%20Teste%20Zulliger%20%C3%A9%20dividida%20em%20duas%20etapas%3A%20a%20primeira%20
se%20utilizar%20os%20cart%C3%B5es%20impressos%2C%20enquanto%20na%20aplica%C3%A7%C3%A3o%20coletiva%2C%20as%20mesmas%20pranchas

Considerações finais
Os testes psicológicos são considerados fontes
fundamentais de informação em processos de avaliação psicológica e, embora não
obrigatórios na
maioria dos processos, são exigidos em processos de avaliações
compulsórias. As técnicas projetivas são indicadas por serem eficazes para gerar dados
sobre a personalidade e terem menor possibilidade de manipulação quando comparados com
instrumentos de autorrelato. É mais difícil, para o avaliado
que não conhece os
instrumentos, tentar adivinhar o que seria adequado ver em uma mancha de tinta do que
tentar acertar uma afirmativa sobre como se
comportar em determinada situação. Por isso,
o cuidado com a segurança e o sigilo das informações dos manuais de testes que possam
facilitar a
manipulação dos resultados.

Os testes de Zulliger e de Rorschach são instrumentos


baseados nos mesmos pressupostos: por meio de manchas de tinta não estruturadas,
evoca-se
registros de experiências que se materializam no que é visto nas manchas e
informam sobre os aspectos do dinamismo perceptivo-cognitivo
característicos da
personalidade. Hans Zulliger não tinha como objetivo substituir o Rorschach, mas, sim,
encontrar uma alternativa que propiciasse
avaliações mais céleres em contextos que
exigissem essa agilidade. Sendo assim, a escolha entre um teste ou outro deve considerar
a finalidade e o
contexto da avaliação.

headset
Podcast
Para conclurir este estudo, o
podcast apresenta as técnicas do teste Rorschach e Zulliger,
destacando as suas características, objetivos, qualidades
psicométricas, procedimentos de aplicação e sistemas de
classificação, fazendo uma comparação entre ambas e ressaltando a
importância das mesmas
na avaliação psicológica.

Referências
EXNER, J. The Rorschach: a comprehensive system.
4. ed. APA, 2003.

FERREIRA, M. E. A.; VILLEMOR-AMARAL, A. E. de. O teste de


Zulliger
e avaliação de desempenho. Paidéia (Ribeirão Preto) [on-line], 2005, v. 15, n. 32. p.
367-376.
Consultado na Internet em: 8 mar. 2022.

FREITAS, M. H. de. As origens do método de Rorschach e


seus fundamentos. Psicologia: Ciência e Profissão [on-line], 2005, v. 25, n. 1, p.
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VILLEMOR-AMARAL, A. E.; CARDOSO, L. M.; FRANCO, R. R. C.


Psicodiagnóstico diferencial e psicopatologia: os principais achados e conclusões.
In:
VILLEMOR-AMARAL, A. E. (Org.). Manual das Pirâmides Coloridas de Pfister. 3. ed. São Paulo: CETEP,
2005.

Explore +
A Revista Diálogos, do Conselho Federal de Psicologia, tem uma
edição especial com a temática Avaliação Psicológica Compulsória, que apresenta
diferentes contextos
de avaliação psicológica, os desafios enfrentados e o crescimento do campo de atuação. O conteúdo é
interessante para entender a
importância da avaliação psicológica no exercício profissional e você
encontra a publicação disponível no site do Conselho.

Acesse o site do Sistema de Avaliação por


Performance. Lá você
encontra diferentes informações sobre o teste, publicações e um espaço para esclarecer
dúvidas.

No Brasil, o caso Suzane von Richthofen colocou a técnica do


Rorschach em evidência quando o programa de televisão Fantástico, em 2018, produziu uma
matéria
abordando os resultados do teste de Rorschach em sua avaliação psicológica, utilizado em 2014 e
repetido em 2018, como sendo responsável
pela decisão de manter o regime de prisão de Suzane. A
repercussão foi enorme e teve destaque em outros programas de televisão, jornais e revistas.
Recorde
o caso buscando pela matéria intitulada Teste para aval à soltura de Suzane Richthofen
indica
detenta “egocêntrica e narcisista”, no site do G1. A
polêmica acerca da cientificidade
da técnica
foi reacendida e, também, discussões sobre o sigilo profissional do laudo, que deveria ter garantido
a sua não
divulgação.

https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03568/index.html# 25/25

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