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12/10/2022 09:28 As técnicas de manchas de tinta

As técnicas de manchas de tinta


Prof.ª Cristiane Moreira da Silva
Descrição
Testes psicológicos projetivos de avaliação da personalidade baseados na técnica da mancha de tinta.

Propósito
O domínio de testes psicológicos de avaliação da personalidade é imprescindível para a realização de processos de
avaliação psicológica em diferentes contextos, especialmente porque os instrumentos projetivos reduzem a
possibilidade de manipulação das respostas.

Objetivos
Módulo 1

Apresentação, aplicação e qualidades do Rorschach


Analisar criticamente as possibilidades e limitações do Rorschach na avaliação psicológica.

Módulo 2

Codificação e interpretação do Rorschach


Avaliar os sistemas de codificação, classificação e interpretação do teste Rorschach.

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Módulo 3

O teste Zulliger
Analisar criticamente as possibilidades e limitações do Zulliger na avaliação psicológica.

meeting_room
Introdução
As técnicas de manchas de tinta são bastante difundidas nas mídias, fazem parte da cultura audiovisual dos
séculos XX e XXI e despertam curiosidade nas pessoas em geral. Afinal, como o que é visto em uma mancha de
tinta pode revelar a personalidade de alguém? Desmistificando as fantasias sobre as respostas mirabolantes ou se
há algo escondido nas manchas e que deve ser descoberto por quem está sendo submetido ao teste, o que a
técnica analisa de fato é a percepção, ou seja, como a pessoa organiza cognitiva e afetivamente características da
mancha para gerar suas respostas.

Para entendermos como funciona a técnica, podemos recorrer a uma prática lúdica do cotidiano: ver “coisas” em
nuvens. Quem nunca olhou para uma nuvem e reconheceu uma figura, como se, no formato ou na variação de
intensidade da cor, houvesse uma imagem a ser descoberta? Quando esse “desenho” é mostrado a outras pessoas,
algumas imediatamente identificam a mesma figura, enquanto outras discordam e veem algo diferente. O que
acontece nas técnicas de manchas de tinta é semelhante: é solicitado que a pessoa avaliada olhe para cartões com
manchas de tinta amorfas e simétricas e diga com o que elas se parecem. Uma análise complexa das respostas
que são categorizadas, tabuladas e interpretadas fornece informações importantes acerca dos traços de
personalidade e do funcionamento emocional.

Há dois testes psicológicos baseados na técnica de manchas de tinta com diferentes sistemas de aplicação,
codificação e interpretação das respostas: o Rorschach e o Zulliger. Cada sistema possui um manual específico que
não pode ser substituído por qualquer livro ou apostila. São esses instrumentos que serão apresentados a você
neste conteúdo de forma resumida e introdutória. Ambos são instrumentos privativos de profissionais de Psicologia
e devem ser resguardados conforme a Resolução 09/2018 do Conselho Federal de Psicologia orienta. É importante
destacar que este é um conteúdo introdutório que dará uma visão ampla e crítica sobre a técnica da mancha de
tinta. A administração de testes psicológicos exige treinamento específico para o instrumento a ser utilizado.

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1 - Apresentação, aplicação e qualidades do


Rorschach
Ao final deste módulo, você será capaz de analisar criticamente as
possibilidades e limitações do Rorschach na avaliação psicológica.

Histórico da técnica das manchas de tinta

Justinus Kerner (1734-1862).

O método de Rorschach é um teste psicológico projetivo (portanto, de uso exclusivo de psicólogos), desenvolvido
pelo médico Hermann Rorschach (1884-1922), que tem por objetivo avaliar a estrutura da personalidade do
indivíduo e o funcionamento de seu psiquismo.

A origem das técnicas das manchas de tinta é atribuída por vários autores ao psiquiatra Justinus Kerner (1734-
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1815), considerado por Klopfer e Kelly (1942, 1974 apud FREITAS, 2005), estudiosos da biografia de Kerner,
precursor da Psiquiatria moderna e, também, poeta romântico.

As canetas tinteiros utilizadas na época formavam bolhas de tintas que manchavam o papel. Acidentalmente,
Kerner derramou tinta no papel e, impressionado com as formas e seus possíveis significados, dobrou e abriu a
folha, formando desenhos que o instigaram por sua singularidade e impossibilidade de seguir um plano
preconcebido. Era como se as manchas pudessem impor seu sentido ao autor.

Kerner começa a produzir manchas deliberadamente com essa técnica e as usa para ilustrar seus poemas que
foram publicados na Alemanha, em 1857, na coleção de livros conhecida como Klecksografia. Embora o autor tenha
experimentado as projeções pessoais nas manchas de tinta, princípio básico da técnica, não as pensou como um
método de investigação da personalidade. As manchas eram uma atividade de lazer que ocupou seu tempo na
velhice.

Autógrafo com a chamada Klecksografia.

As klecksografias se popularizaram na Suíça como jogo para milhares de crianças, inclusive Hermann Rorschach,
que acabou por desenvolver o teste de personalidade mais conhecido na história da Psicologia ao examinar e
comparar a reação das pessoas frente às manchas de tinta. Na juventude, recebeu dos colegas o apelido de Klex,
que significa mancha de tinta, em alusão ao jogo. O jogo era vendido no comércio, consistindo em cartões com
manchas de tinta para os quais uma história deveria ser criada. Além do interesse pela klecksografia, Rorschach
recebeu influência do pai pintor e professor de desenho.

Hermann Rorschach e seu teste

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Hermann Rorschach (1884-1922).

Nascido em 1884, em Zurique, na Suíça, Hermann Rorschach tinha gosto pessoal e habilidade para desenho,
oscilando entre a carreira artística e a médica.

Em 1909, formou-se médico psiquiatra, psicanalista e com forte influência do trabalho de Carl Jung. Ele apresentava
as manchas de tinta aos pacientes em hospitais ou então pedia para que dobrassem o papel com tinta formando a
mancha, comparando as respostas destes com pessoas sem indícios de transtornos mentais.

Preocupado com as implicações psicogeográficas na esquizofrenia, Rorschach acreditava que somente estímulos
neutros, sem elementos culturais, seriam efetivos para o entendimento do psiquismo.

Em 1917, o contato com o trabalho de Szymons Hens reascendeu seu interesse na técnica das manchas de tinta,
fazendo com que direcionasse seus esforços de investigação usando a técnica em uma pequena clínica de
neuropsiquiatria.

Embora estudioso de diferentes disciplinas e ativo no intercâmbio de ideias com universidades, pesquisadores e
clínicos da época, seu trabalho não se deu em universidades ou laboratórios. Ele desenvolveu seus estudos até a
publicação de Psicodiagnóstico, em 1921, que serviu como fundamento de um método para o diagnóstico da
personalidade. Rorschach morreu no ano seguinte à publicação, impedindo que recebesse em vida o
reconhecimento merecido por seu trabalho, que continuou sendo desenvolvido por outros autores.

No artigo A origem do método de Rorschach e seus fundamentos, Maria Helena de Freitas (2005) resgata outros
autores e seus experimentos feitos com as manchas de tinta para fins de estudo psicológico. Inicialmente, em 1895,
os psicólogos franceses Alfred Binet e Simon se concentraram no estudo da imaginação involuntária, enquanto
Whipple, em 1910, usou as manchas para o estudo de diversos traços de personalidade. Whipple fez a primeira
publicação sistematizada de manchas de tinta como uma investigação da imaginação da pessoa avaliada. Também
em 1910, o psicólogo e neuropsiquiatra russo Rybakoff publicou um atlas com oito manchas que avaliavam a força,
a riqueza e a acuidade da imaginação. Em 1916, na Inglaterra, Bartlett foi o primeiro a introduzir as cores na técnica
das manchas de tinta.

Comentário
Apesar de tantos estudos envolvendo a técnica, tudo indica que Rorschach não os conhecia quando começou a
realizar suas primeiras pesquisas, e seu método é original no que tange ao objeto de estudo. Enquanto seus
antecessores concentravam as análises nos conteúdos da imaginação, Rorschach investiga como as

características da mancha geravam as respostas das pessoas avaliadas, ou seja, ele direciona os estudos para a
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percepção da mancha.

Após a morte precoce do autor, a técnica continuou sendo desenvolvida por estudiosos, clínicos e pesquisadores
que se organizaram para o aprimoramento e difusão do teste de Rorschach. Acompanhe mais alguns marcos
históricos:

1939

Em 1939, foi criado o Rorschach Institute.

1943

Em 1943, acontece o Primeiro Congresso de Rorschach.

1949

Em 1949, foi fundada a Sociedade Internacional de Rorschach. Ainda atuantes e dedicados ao


desenvolvimento do teste e de métodos científicos, seus membros têm suas publicações, eventos e
estudos divulgados na página da Sociedade.

1950

Dentre outras organizações voltadas para o tema, destaca-se a Sociedade Francesa de Rorschach,
fundada em 1950,

1987

A partir de 1987 a Sociedade Francesa de Rorschach passou a se chamar Sociedade de Rorschach e


dos Métodos Projetivos na Língua Francesa. Ao longo de sua atuação, essa sociedade trabalhou no
desenvolvimento de ferramentas projetivas, na validação de seus fundamentos teóricos e no ensino
de métodos projetivos. Atualmente, ela concentra seus esforços no intercâmbio de perspectivas

vinculadas aos avanços intelectuais com diferentes abordagens teóricas, especialmente nas jornadas
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científicas, com trabalhos de investigação sobre modelos de interpretação.

1993

No Brasil, a Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos (ASBRo) foi fundada em 1993,
com o objetivo de promover o desenvolvimento das técnicas projetivas de avaliação psicológica, em
especial o Psicodiagnóstico de Rorschach, buscando integrar a diversidade metodológica e a
produção científica nacional acerca do teste em suas diferentes abordagens e aplicações.

2021

Em 2021, o principal teste com a técnica das manchas de tinta completa seu centenário e, mesmo
sendo alvo de críticas e questionamentos, continua sendo uma forte referência para a avaliação da
personalidade.

Aplicação do teste
O investimento nos estudos e aplicações do método de Rorschach resultou na produção de sistemas distintos de
aplicação, correção e interpretação do teste baseados nos cartões com as manchas de tinta originais no mundo
todo. No Brasil, contamos com quatro sistemas que apresentam parecer favorável para seu uso por parte do
SATEPSI. São eles:

Sistema Compreensivo de Exner (SC);


Sistema de Avaliação por Performance (R-PAS);
Sistema Klopfer;

Rorschach Clínico.

Vale destacar que o Sistema da Escola Francesa apresenta parecer desfavorável desde 2020, pois os estudos de
normatização dele passaram a ficar desatualizados. Lembremos que, embora todos esses sistemas de uso do teste
venham se mostrando bastante eficientes na área de investigação e diagnóstico da personalidade, é sempre
necessário trabalhar com normas apropriadas para a população, as quais devem ser regularmente revisadas.

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Paciente realizando teste psicológico.

O teste é composto por 10 pranchas com manchas simétricas que devem ser apresentadas na mesma sequência e
da mesma forma para todas as pessoas.

Algumas das manchas são com cores, o que permite observar como a pessoa avaliada responde a elas.

Não há restrição de idade para a aplicação do teste, podendo ser utilizado em crianças a partir de 5 anos. Também
não há tempo estipulado. Espera-se que adultos levem entre 40 e 60 minutos para fornecer um protocolo completo
e crianças com menos de 10 anos entre 30 e 45 minutos. Em geral, podemos dizer que a aplicação do Rorschach é
feita individualmente, em qualquer pessoa que tenha condições de se expressar verbalmente e que tenha acuidade
visual.

É importante atentar para o espaço físico adequado, confortável, silencioso e com


privacidade, para que não ocorram interrupções. Todo o material deve estar organizado,
os cartões ordenados, com a face para baixo e fora do alcance do avaliado. As cadeiras
devem ser dispostas de maneira que aplicador e testando não fiquem face a face. Essa
disposição entre o psicólogo e a pessoa avaliada pode mudar, dependendo do sistema de
interpretação usado. Lembramos aqui da importância de que, assim como em qualquer
outro teste psicológico, deve sempre ser usado apenas o material original do teste,
seguindo à risca as instruções do manual de aplicação.

Após verificar se a pessoa conhece o teste e explicar os procedimentos, é iniciada a aplicação que se divide em dois
momentos:

Primeiro momento

O primeiro, para a coleta de respostas. A fase de respostas consiste em entregar o cartão e perguntar: “O que isto
poderia ser?” ou “O que você vê nesta mancha?”. Nesse momento, as respostas são registradas, assim como as
reações do avaliado, sem interferências do avaliador, cronometrando o tempo que a pessoa demora para responder

e o tempo da resposta. Caso a pessoa só verbalize uma resposta na primeira prancha, pode-se fazer o convite para
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tentar dar mais respostas.

Segundo momento

O segundo, para o esclarecimento delas. O inquérito é a segunda etapa da aplicação do Rorschach, e sua qualidade
é fundamental para a validade da interpretação dos dados. Ele tem o objetivo de garantir que as codificações das
respostas sejam adequadas e, para tal, deve fazer com que o avaliador veja precisamente o que o avaliado viu.
Nessa etapa, os cartões são mostrados novamente e as respostas são lidas para que sejam esclarecidas e
possibilitem a codificação. Muitas vezes, o determinante não é expresso objetivamente por meio de palavras e deve
ser investigado mediante a pergunta: “O que faz com que pareça isso?”.

Qualidades psicométricas do Rorschach


O Sistema Compreensivo (SC) entende o teste como uma tarefa percepto-cognitiva, na qual se manifestam
processos de tomada de decisão e de resolução de problemas, reveladores das estratégias de confronto e da
organização psicológica da pessoa. Partindo desse ponto é possível identificar a objetividade do que é avaliado.
Não há algo obscuro a ser revelado ou mesmo que permita interpretações subjetivas das respostas. Seguindo as
normas de administração do instrumento com rigor, é possível garantir sua confiabilidade.

As possibilidades de erro na codificação são minimizadas com a formação e o treinamento do administrador do


teste. É preciso que dois administradores diferentes tenham parâmetros que produzam classificações iguais para
os mesmos protocolos, e isso só é possível com regras claras e treinamento.

Paciente em sessão com terapeuta.

John Exner (1928-2006) empreendeu esforços para reunir os conhecimentos e as investigações até então
desenvolvidas para o método de Rorschach pelos principais sistematizadores nos Estados Unidos, tais como
Samuel Beck (1896-1980), Marguerite Hertz (1899-1992), Bruno Klopfer (1900-1971), Zigmunt Piotrowski (1904-

1985) e também David Rapaport (1911-1960), com o objetivo de unificar as principais contribuições em um só
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sistema que pudesse reunir as evidências e dirimir as divergências entre seus sistemas que impossibilitavam a
troca entre estudiosos e intensificavam os questionamentos acerca da validade e da confiabilidade do Rorschach. O
autor se dedicou a selecionar as características empiricamente aceitáveis do ponto de vista psicométrico, ou seja,
dos itens que se demonstrassem válidos e precisos, garantindo, com isso, uma uniformidade da metodologia e do
sistema de codificação das respostas.

Comentário
O Rorschach é alvo frequente de críticas que colocam em xeque a validade do teste. Parece difícil compreender
como, por meio da análise das respostas do que é visto em manchas de tintas, é possível conhecer tanto sobre a
pessoa. Tais críticas negligenciam o desenvolvimento da técnica e todo o esforço de pesquisadores para
psicometrizar o teste.

Exner (2003) estabeleceu critérios de classificação claros e facilmente aplicáveis para a localização das respostas e
qualidade evolutiva, além de descrever e propor classificações para as demais variáveis do teste. Gurley (2018)
aponta, como ponto fraco nessa discussão, o fato de as amostras normativas, tanto do Sistema Compreensivo
quanto do R-PAS, serem pequenas e pouco diversificadas. Os estudos do SC contaram com 600 participantes e do
R-PAS com 640.

No Sistema Compreensivo os resultados informam sobre aspectos cognitivos, atenção, controle e tolerância ao
estresse, vivências e expressão de afetos e a percepção de si e dos outros. Pode resultar em protocolos curtos e
longos e é mais demorado que a maioria das medidas de personalidade.

O sistema de administração do Rorschach mais utilizado internacionalmente é o Sistema Compreensivo. Na


tentativa de substituí-lo, Gregory Meyer, Donald Viglione, Joni Mihura, Robert Erard, Philip Erdberg e Fabiano Miguel
atuam no desenvolvimento do Sistema de Avaliação por Performance (R-PAS), publicado pela Editora Hogrefe e
reconhecido como favorável para uso de psicólogos no Brasil em 2017. A proposta é uma administração otimizada,
agilizando o processo de aplicação e correção do teste, que conta com uma plataforma informatizada. A maior
agilidade no processo e a correção simplificada prometem aumentar a utilização do instrumento.

Os organizadores em site específico do teste listam o que há de inovador nesse sistema:


seleção de variável baseada em evidências, orientações detalhadas para a administração
do teste, procedimentos concisos para otimizar o número de respostas, regras básicas e
diretrizes avançadas para codificar respostas, diretrizes detalhadas para esclarecer
incertezas de codificação, novos valores de referência normativos de base internacional,
apresentação de dados usando gráficos fáceis de ler com pontuações padrão baseadas
em percentil, guias interpretativos baseados em casos que podem ser baixados e
editados, a capacidade de ajustar a complexidade do protocolo para ver o que se destaca
como distintivo, pontuação usando qualquer plataforma habilitada para Web, traduções
em andamento em muitos idiomas.

O R-PAS destaca quatro princípios na sua aplicação:

1. Procedimentos-padrão.
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2. Não diretiva.
3. Registrar precisamente o desempenho do sujeito.
4. Foco na solução de problemas e nos aspectos visuais e perceptivos da tarefa.

Esses princípios se materializam já na aplicação, que tem o mínimo de 16 respostas e o limite máximo de 40
respostas, diferentemente do Sistema Compreensivo, que não coloca limite máximo e exige o mínimo de 14.

As demais orientações de aplicação são as mesmas, contando também com uma folha de localização. Os códigos
são diferentes, mas são baseados nos mesmos indicadores. O manual para codificação é ilustrado com tabelas e
exemplos que facilitam a compreensão do teste.

Enquanto o Sistema Compreensivo trabalha com as pontuações preliminares e necessita que as médias sejam
calculadas em tabelas de referências, o R-PAS trabalha com as pontuações padronizadas, facilitando a identificação
quando uma pontuação desvia da norma. Outro ponto a ser destacado é a simplificação na consulta dos manuais.
Os textos de Exner são longos e densos e podem gerar maior dificuldade em administradores inexperientes. O
manual do R-PAS é mais ágil e acessível.

Saiba mais
Ambos os sistemas fornecem variedade de dados sobre o avaliado e podem ser usados independentemente da
orientação teórica do avaliador. No entanto, quem não tem familiaridade com conceitos psicodinâmicos pode ter
dificuldade com as interpretações do R-PAS. Eles também têm em comum o fato de se basearem no princípio do
desvio.

video_library
Qualidades psicométricas do Rorschach
Você conhece as diferenças dos sistemas de classificação do teste? Com a ajuda do vídeo a seguir você conhecerá
não só as diferenças como poderá avaliar as contribuições do R-PAS para o reconhecimento psicométrico da
técnica.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O Rorschach é um teste projetivo que investiga a personalidade por meio de respostas sobre o que a pessoa vê
em cartões com manchas de tinta. Essas respostas são codificadas e interpretadas a fim de realizar

A avaliação global e dinâmica da personalidade.

B diagnósticos psicopatológicos.
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C avaliação neuropsicológica.

D mensuração de QI.

E desenvolvimento psicomotor e de linguagem.

Parabéns! A alternativa A está correta.


O Rorschach é um teste de avaliação da personalidade que identifica alguns preditores de transtornos mentais,
mas não tem o objetivo específico ou isolado para delimitar diagnósticos psicopatológicos.

Questão 2
O R-PAS e o Sistema Compreensivo possuem semelhanças e diferenças, entre elas:

I. O número de respostas permitidas por aplicação é idêntico nos dois sistemas.

II. O R-PAS permite a aplicação coletiva, enquanto o Sistema Compreensivo é individual.

III. O R-PAS possui regras objetivas e claras de codificação das respostas.

IV. Os dois sistemas possuem pressupostos semelhantes, mas são independentes em suas administrações.

V. O R-PAS é estruturado a partir de evidências de estudos recentes, a fim de ampliar a confiabilidade do teste.

A Somente as afirmativas I, IV e V estão corretas.

B Somente as afirmativas II, III, IV e V estão corretas.

C Somente as afirmativas II, III e IV estão corretas.

D Somente I, II e III estão corretas.

E Somente III, IV e V estão corretas.


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Parabéns! A alternativa E está correta.


Tanto o R-PAS como o Sistema Compreensivo são sistemas que se fundamentam em dados empíricos e
dividem a aplicação do teste em dois momentos. Existem algumas diferenças importantes na forma de
administração e na nomenclatura utilizada por cada um deles. Nesses sistemas, a parte de inquérito é utilizada
para entender melhor os elementos da mancha que levaram à pessoa avaliada a responder da forma como
respondeu, apresentando regras objetivas e precisas para classificar as respostas.

2 - Codificação e interpretação do Rorschach


Ao final deste módulo, você será capaz de avaliar os sistemas de codificação,
classificação e interpretação do teste Rorschach.

Codificação da localização e determinantes


A seguir apresentaremos as orientações gerais para codificação e interpretação das respostas no Sistema
Compreensivo. O conteúdo é baseado no livro Avaliação do Rorschach: Sistema Compreensivo e R-PAS (GURLEY,
2018) e não substitui o uso do manual do teste para garantir o rigor técnico e atender às orientações éticas do
conselho de classe.

Os principais códigos para classificação do teste giram em torno dos seguintes indicadores:

Localização
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Localização
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Em que parte da mancha está a resposta (aquilo que foi visto)?

Determinante
Que características da mancha fazem com que pareça com o que foi visto?

Conteúdo
Qual é o conteúdo das respostas?

Na imagem a seguir, podemos observar a pessoa avaliada sinalizando em que parte da mancha viu a sua resposta

A localização recebe um código que deve ser consultado no atlas, de acordo com a área registrada na Folha de
Localização. As respostas são codificadas em: W, abrangendo toda a mancha; D, indicadas no manual como área
frequente de resposta; ou Dd, indicada como área incomum. Os códigos podem, ainda, serem acrescidos do código
S, quando há uso do branco do cartão na composição da resposta. Esse item recebe dois códigos: o da área e o da
qualidade evolutiva, que informa sobre o nível de elaboração das respostas entre as percepções de objetos
diferentes e em relação à mancha.

Os determinantes são os códigos mais importantes para a análise dos resultados do Rorschach, pois eles refletem
algum aspecto do processo cognitivo envolvido na formulação das respostas. Muitas respostas recebem mais de
uma categoria, que são os determinantes mistos. Os códigos de determinantes são acompanhados dos códigos de
qualidade formal que indicam a precisão ou distorção do formato da mancha na produção da resposta. Conheça as
Categorias de determinantes e seus respectivos códigos.

As respostas de movimento são classificadas também em ativo ou passivo, de


acordo com a intensidade da ação.

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Classificação dos conteúdos e respostas


populares
Os conteúdos podem ser identificados exclusivamente com um código ou com código primário e secundário. Por
exemplo: um quadro de dois cachorros é classificado Art, porque é um quadro, e A, animal, como conteúdo
secundário. Muitas respostas contêm mais do que um conteúdo. Todos devem ser incluídos na codificação,
separados por uma vírgula, com o primeiro representando o conteúdo mais central. Veja as Classificações dos
conteúdos e repostas populares.

Saiba mais
As respostas populares ocorrem com uma frequência de 30% dos protocolos e estão indicadas em tabela do
manual do teste. Quando uma resposta popular é identificada, deve ser colocado o código P após o código para
conteúdo da resposta. Essas respostas informam sobre adaptação social e conformismo. Elas indicam que a
pessoa vê o que a maioria das pessoas veem.

Interpretação dos resultados do Rorschach


Um protocolo válido de Rorschach proporcionará informações sobre aspectos de ideação, emoção, estilos
prevalecentes para enfrentar e responder as situações, capacidade de controle, autopercepção, processamento da
informação, percepção interpessoal, mediação cognitiva, estratégias defensivas habituais, preocupações e fontes
de mal-estar de um indivíduo. Um protocolo deve ser considerado não válido no Sistema Compreensivo se o número
de respostas for inferior a 14 e houver respostas de Forma Pura acima da proporção esperada. A proporção
esperada de determinantes depende do sistema de classificação utilizado e varia entre 50% e 60%.

Observe a mancha a seguir (neste material estamos evitando usar as manchas do teste):

Borrão de tinta para avaliações psicológicas.

Imaginemos que essa fosse uma das manchas do Rorschach. Uma pessoa, ao ser indagada sobre o que vê na
prancha, fala que viu “uma borboleta” na primeira fase do teste e, na segunda, afirma que “a borboleta está na
mancha toda”, destacando a forma e descrevendo que “a borboleta está voando com as asas abertas”. Essa
resposta pode ser codificada como W (localização na mancha toda) e FM (devido à ênfase dada ao movimento de

voar da borboleta). A ordem e o uso dos determinantes dependerão da ênfase, da sequência e da forma como é
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dada a resposta, especialmente na primeira fase do teste. Por isso, é de fundamental importância que o psicólogo
registre com detalhe e precisão as respostas dadas. Por último, em relação ao conteúdo, essa resposta seria
codificada com A, por se tratar de um animal.

No final, todos esses determinantes e códigos são contabilizados e analisados em função de sua frequência,
proporção, relação entre eles e outros procedimentos de análise, refletindo estruturas, formas de organização e
funcionamento do psiquismo.

Os códigos são tabulados na Folha do Sumário Estrutural, que acompanha o manual do teste. O primeiro nível de
interpretação diz respeito ao nível de riqueza cognitiva. Nesse item são considerados o total de respostas, a
proporção entre as respostas sintetizadas e as de qualidade formal distorcida, os determinantes mistos, a
quantidade de respostas de movimento humano aumentada e a capacidade de introspeção, revelada no tipo de
resposta de sombreado.

Exner desenvolveu um sistema de constelações que, a partir da combinação de determinadas variáveis do teste,
identifica uma constelação de risco de suicídio e índices de esquizofrenia, depressão, déficit relacional,
hipervigilância e estilo obsessivo. Essas constelações não funcionam como diagnóstico, mas dão fortes indicativos
que contribuem na formulação de um diagnóstico diferencial. O segundo passo consiste em verificar a positividade
para as constelações de suicídio e índice de esquizofrenia, analisadas no Sumário Estrutural. Lembrando que as
variáveis apresentadas não possuem valor prognóstico separadamente, apenas como constelação.

No próximo passo, o avaliador deve escolher a sequência para interpretação por meio da identificação das variáveis-
chave apresentadas por ordem de importância em uma tabela de referência no manual. A primeira sequência
identificada como positiva deve ser a de interpretação. As variáveis são: ideação, mediação, processamento da
informação, controles, afetos, autopercepção e percepção interpessoal.

video_library
A codificação e interpretação das respostas do
teste Rorschach
Com a ajuda do vídeo a seguir, aprofunde seus conhecimentos sobre a forma como é realizada a codificação e

interpretação das respostas no Sistema Compreensivo na análise do teste Rorschach.


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Falta pouco para atingir seus objetivos.
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Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1
Para a aplicação, classificação e interpretação do teste Rorschach, contamos com diferentes sistemas que
permitem padronizar e determinar a forma como o teste será interpretado. No que se refere à interpretação dos
seus resultados, é correto afirmar que

o Sistema de Avaliação por Performance é totalmente subjetivo, desde a aplicação até a


A
interpretação dos resultados.

segundo o Sistema Compreensivo, é considerado inválido o protocolo que apresente um total


B
inferior a 14 respostas.

os Sistemas de Administração do Rorschach têm pouca objetividade, o que permite uma


C
interpretação subjetiva do avaliador.

os significados das pranchas usadas pelo Sistema Compreensivo e do R-PAS são diferentes,
D
buscando responder às críticas feitas ao Rorschach.

o R-PAS é o sistema mais utilizado internacionalmente devido ao seu aspecto inovador de


E
interpretação do teste.

Parabéns! A alternativa B está correta.


O Sistema Compreensivo é o mais utilizado internacionalmente e sintetiza estudos dos diferentes sistemas
desenvolvidos até a década de 1970, apresentando como um dos requisitos, para considerar válido o protocolo
de respostas, o fato de contar com o mínimo de 14 respostas, sem determinar um máximo.

Questão 2
Ao analisarmos o protocolo de resposta de uma pessoa, podemos encontrar as chamadas respostas
populares, as quais ocorrem com uma frequência de 30% e são identificadas a partir do manual. Identifique a
alternativa que corretamente descreve o significado desse tipo de resposta.

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As respostas populares denotam pessoas muito sociáveis e que gostam de interagir com os
A
outros.

As respostas populares denotam pessoas pouco adaptadas e que apresentam dificuldades


B
para lidar com imprevistos.

As respostas populares denotam pessoas altamente imaginativas e que buscam chamar a


C
atenção.

As respostas populares significam que a pessoa identifica na mancha o que outras pessoas
D
veem, denotando adaptação social e conformismo.

As respostas populares significam que a pessoa teme ser original e busca agradar ao psicólogo,
E
respondendo aquilo que ele acredita ser correto.

Parabéns! A alternativa D está correta.


As respostas populares são justamente aquelas que frequentemente são registradas na mancha ou na parte da
mancha observada. Elas denotam uma boa capacidade de adaptação à tarefa, assim como caraterísticas de
personalidade relativas à adaptação social e ao conformismo.

3 O teste Zulliger
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3 - O teste Zulliger
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Ao final deste módulo, você será capaz de analisar criticamente as


possibilidades e limitações do Zulliger na avaliação psicológica.

Histórico e fundamentação do Zulliger


O teste Zulliger ou Z-teste é uma técnica multidimensional para avaliação da personalidade que mensura
constructos psicológicos básicos, informando sobre processos afetivos/emocionais, processos
perceptivos/cognitivos, saúde mental e psicopatologia. Esse teste psicológico é fundamentado metodologicamente
no Psicodiagnóstico de Rorschach, no entanto, não é um resumo do teste, como frequentemente é mencionado no
senso comum, mas sim uma derivação da técnica das manchas de tinta.

O desenvolvimento do teste foi motivado pela necessidade de avaliar um grande número de pessoas em um curto
espaço de tempo.

Além da aplicação individual com os cartões, há um procedimento específico de administração, classificação e


interpretação das respostas em grupo, o que dá agilidade ao processo de avaliação e faz com que o Z-teste seja
uma opção recorrente em avaliações psicológicas no contexto organizacional e para posse e porte de armas de
fogo, além de muitas vezes torná-lo parte do processo de entrada nas forças armadas e em concursos públicos.

Hans Zulliger (1893-1965), psicólogo clínico suíço e amigo de Hermann Rorschach, participou do desenvolvimento
do teste e tinha interesse em seus estudos. Cicero Vaz (2000) relata que a amizade de Zulliger com o pastor e
psicanalista Oskar Pfister (1873-1956) contribuiu para que o autor se aproximasse da psicanálise e integrasse o
grupo de Emil Oberholzer (1883-1958), Hans Behn-Eschenburg (1864-1938), Walter Morghenthaler (1882-1965) e
Hermann Rorschach, fundadores da Sociedade de Psicanálise de Zurique.

Vejamos alguns marcos históricos:

1932
O primeiro trabalho com manchas de tinta desenvolvido por Zulliger, a partir da técnica de Rorschach,
f iOt t d R h h i tê i d
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i l 1932 fi lid d d i ti 21/37
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foi O teste de Rorschach na assistência educacional, em 1932, com a finalidade de investigar a
criatividade e a integração humana.

1938

Continuando os estudos da técnica, no ano de 1938, em coautoria com Hans Behn-Eschenburg,


publicou o BERO (Behn-Rorschach Test), técnica paralela à de Rorschach, ainda utilizando dez cartões
com manchas de tinta aleatórias. O instrumento foi desenvolvido para aplicação em crianças e
publicado pela Hans Huber (Vaz, 2000).

Entre 1939 e 1945

Zulliger atuou nas forças armadas na Suíça em processos seletivos de oficiais durante a Segunda
Guerra Mundial e identificou a inviabilidade das avaliações individuais com 10 cartões naquele
contexto. Como tinha que avaliar muitas pessoas rapidamente, ele realizou uma experiência com 800
pessoas, aplicando três cartões com manchas de tintas, diferentes do teste original, mas seguindo a
mesma estrutura. As aplicações individuais eram pareadas com as aplicações do Rorschach.

1948

As experiências resultaram, em 1948, no Zulliger Diapositive-Test (Z-Test) para aplicação coletiva.

1954

Em 1954, no Der Zulliger-Tafeln-Test, adaptado pelo autor para aplicação individual.

Entre 1955 e 1962

O instrumento foi bem recebido pela comunidade científica, acarretando publicações nos anos de
1955 1959 1962 t bé l dit H
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H b t d i t t i t t d 22/37
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1955, 1959 e 1962, também pela editora Hans Huber, tornando-se um importante instrumento de
técnica projetiva (VAZ, 2000).

Contextos de aplicação e sistemas de


administração
Se considerarmos a maior facilidade na aplicação, a agilidade na obtenção dos resultados e o procedimento para
aplicação em grupo, o Zulliger é vantajoso e aplicável em mais contextos quando comparado ao Rorschach. No
entanto, a otimização da técnica acarretou limitações no que se refere ao alcance das interpretações, ficando
aquém do Rorschach em termos de profundidade e abrangência dos dados a serem obtidos acerca das
características da personalidade e da exploração de aspectos afetivos e cognitivos. A escolha entre um teste ou
outro deve considerar a demanda da avaliação e as informações necessárias para respondê-la.

O principal sistema de administração do teste é norte-americano e foi desenvolvido por Bruno Klopfer em 1936,
recebendo o nome do autor. O sistema de Klopfer possibilita uma integração quantitativa e qualitativa dos dados
aliada a uma compreensão evolutiva e clínica da pessoa avaliada. As pesquisas no Brasil utilizavam esse sistema
até 2004, quando houve a popularização do Sistema Compreensivo de Exner para o Rorschach e os principais
pesquisadores da técnica da mancha de tintas se empenharam em adaptar o teste de Zulliger para o Sistema
Compreensivo.

As vantagens dessa adaptação no Zulliger são as mesmas do Rorschach:


integrar os diferentes sistemas e padronizar a administração do teste.

Vejamos alguns dos principais contextos de aplicação do Zulliger:

Área organizacional
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Área organizacional expand_more

O principal contexto de aplicação do Zulliger é a área organizacional. Um estudo desenvolvido por Ferreira e
Villemor-Amaral (2005) avaliou 86 funcionários em contexto empresarial por meio de um relatório produzido
por seus chefes, com itens acerca do relacionamento interpessoal, presença de atuação interna e externa,
tomada de decisões, competências, busca por aprimoramento e inovação, conhecimento, organização,
solução de problemas e orientação para clientes. Os itens do questionário foram correlacionados com as
variáveis do Zulliger, também aplicado nos participantes. Os resultados revelaram alguns indicadores como
preditores de bom desempenho profissional, evidenciando que o Zulliger é indicado para o contexto de
seleção empresarial.

Avaliação para posse e porte de armas de fogo expand_more

Na avaliação psicológica para posse e porte de armas de fogo, o Zulliger, de acordo com pesquisa de
Hasbum, Formiga e Estevam (2021), é um dos testes mais utilizados em função da rapidez, economia e
descrição das características de personalidade dos candidatos, e também por informar os indicadores que
constam na normativa da Polícia Federal, os quais devem ser avaliados como necessários e restritivos.

Área clínica expand_more

Na área clínica, o Zulliger pode trazer dados importantes que contribuem com a predição de transtornos de
saúde mental e compreensão dos diferentes modos de funcionamento da personalidade. No entanto, há
outros testes psicológicos e entrevistas estruturadas mais adequados para esse contexto. Embora possa
trazer informações que auxiliem no diagnóstico nosológico, essa não é a finalidade do instrumento.

Material e aplicação do Z-teste


A técnica de Zulliger é composta por três cartões medindo 18,5cm por 25cm, com manchas ambíguas e simétricas,
sendo a primeira acromática (nomenclatura da técnica de manchas de tinta para o uso exclusivo da cor preta nos
cartões), que fornece dados sobre a adaptação da pessoa diante de uma situação nova; a segunda colorida,
incitando respostas que auxiliam na compreensão dos aspectos afetivos; e a última, em preto e vermelho, informa
sobre o relacionamento interpessoal e o potencial criativo e empático da pessoa avaliada. Na aplicação coletiva, as
manchas desses cartões são reproduzidas em diapositivos (imagem em material transparente) a serem projetadas
em tela branca. Nos dois formatos é utilizada uma folha de localização e registro das respostas.

Atualmente, o teste possui três sistemas de administração classificados como favoráveis para o uso da Psicologia
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pelo Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos.

Primeiro

O primeiro deles é o Teste de Zulliger no Sistema Compreensivo (ZSC), de Anna Elisa Villemor-Amaral e Ricardo
Primi, de aplicação individual e sem correção informatizada, aplicável a pessoas entre 18 e 83 anos e com o prazo
de estudos de normatização encerrando em outubro de 2023, mas com estudos promissores que indicam o
desenvolvimento do sistema.

Segundo

O segundo é o Teste de Zulliger no Sistema Escola de Paris: forma individual, para pessoas entre 18 e 92 anos.

Terceiro

O terceiro é o Z-Teste Coletivo e Individual, de Cícero Emídio Vaz e João Carlos Alchieri, para pessoas a partir de 16
anos. Ambos têm atualizações recentes.

Cada sistema de administração possui normas próprias e procedimentos de aplicação, codificação e interpretação
específicos que constam no manual do teste. É imprescindível que o psicólogo utilize esse manual e siga suas
instruções para garantir a confiança nos resultados. Estar atento ao manual do teste psicológico a ser utilizado é
uma conduta ética e que fornece respaldo técnico. Nenhum livro ou apostila pode substituir o manual. É
fundamental que o material esteja em excelente estado de conservação para que não haja interferências nas
respostas.

A seguir, apresentamos o principal sistema de administração do Zulliger: o Kopfler.

Os procedimentos de aplicação individual e coletiva são diferentes. Os critérios para


classificação das respostas são os mesmos: localização, determinantes, conteúdos e
fenômenos especiais (observe que são os mesmos critérios utilizados no Rorschach).

Assim como no Rorschach, há duas etapas na aplicação: a primeira consiste em registrar as respostas sem fazer
perguntas ao avaliado; na segunda, nomeada inquérito, as manchas são apresentadas novamente e o avaliado deve
esclarecer qual área da mancha usou para dar sua resposta e qual característica da mancha foi determinante para
que visse o que relatou. Dividir a aplicação em fase de respostas e fase de inquérito é recorrente nos testes
psicológicos projetivos, a fim de esclarecer as respostas para que não haja equívocos na interpretação.
Vejamos as especificações de cada uma das aplicações:
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Individual
Na aplicação individual, os procedimentos também são semelhantes ao do Rorschach. O profissional entrega os
cartões um de cada vez e na sequência correta, inquirindo sobre com o que a mancha se parece. O próprio
aplicador anota as respostas e, na sequência, realiza o inquérito.

Coletiva
Na forma coletiva, a orientação é limitar o número de participantes em até 35 pessoas. Cada diapositivo é
projetado com a luz apagada por 30 segundos e, depois, as luzes do fundo da sala são acesas para que possam
escrever. É desejável que o aplicador conte com um auxiliar. Pessoas com dificuldade para enxergar a distância
podem ter dificuldade com esse procedimento. Quem escreve nas duas etapas (aplicação e inquérito) é a própria
pessoa avaliada.

Nos dois formatos é solicitado que o avaliado preste atenção na imagem e diga o que ela sugere. É explicado que
não há respostas certas ou erradas e que ele pode usar qualquer área de mancha para responder. As três manchas
são apresentadas para que o avaliado dê suas respostas e, novamente, para a fase de inquérito.

Para análise das respostas, o psicólogo as classifica de acordo com os códigos predefinidos no manual, iniciando
pelo quantitativo de respostas por pranchas (R).

Há três classificações quantitativas:

Localização
Define onde a pessoa identificou o que viu.

Determinantes
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Determinantes
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Informam o que a levou a ver tal coisa.

Conteúdo
Descreve o que ela viu.

Os fenômenos especiais dizem respeito à classificação qualitativa. São as respostas mais difíceis de serem
quantificáveis, como “Isso é horrível!”, por exemplo. Elas são importantes para a compreensão dinâmica da
personalidade.

Classificações quantitativas
Localização
A classificação da localização é dividida em três categorias:

Respostas globais expand_more

Quando a resposta inclui toda ou a maior parte da mancha.

Detalhes comuns expand_more

Ou seja, vistos com frequência por muitos avaliados.

Detalhes incomuns expand_more

Que são áreas da mancha pouco utilizadas para dar respostas.

Essas categorias se dividem em outras subcategorias e são acompanhadas ou não pelo uso do espaço branco.
Para identificar se a resposta é um detalhe comum ou incomum é necessário consultar o manual do teste.

Veja na tabela a seguir os códigos para classificação da localização.

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Código Característica

G Global – respostas abrangendo toda a mancha.

Global cortada – abrange no mínimo dois terços da


Gcort
figura sem ser considerada um detalhe comum.

Global iniciada por detalhe – começa por descrever


DG um detalhe e, aos poucos, se configura como
abrangendo toda a mancha.

D Detalhe comum.

Dr Detalhe raro.

Dd Detalhe diminuto.

Di Detalhe interno.

De Detalhe externo ou detalhe de borda.

DO Detalhe inibitório ou oligofrênico.

Tabela: Códigos para classificação da localização.


Cristiane Moreira da Silva , com base em VAZ, 2000.

O código S é inserido sempre que a pessoa usa o fundo da mancha, ou seja, a área branca, para dar sua resposta. O
S vem antes do outro código quando a ênfase é maior no branco e depois quando a ênfase está na mancha. Por
exemplo, uma resposta global que incluiu a área branca da mancha recebe o código GS.

Determinantes
Os determinantes são a expressão do modo como a pessoa avaliada estabelece a relação, por meio das manchas,
entre o mundo externo e o seu mundo interno, e também como mobiliza suas experiências e memórias, que são
projetadas nas manchas. O avaliador deve identificar quais fatores psíquicos determinaram as respostas emitidas
na aplicação, ou seja, quais características das manchas produziram as respostas. A pergunta que orienta a
classificação dos determinantes é: o que há no cartão que leva a pessoa a dar essa ou aquela resposta? O teste
considera as categorias forma, movimento, cor e sombreado nessa avaliação. Cada categoria é desmembrada de
acordo com sua especificidade e recebe um código de classificação muito semelhante aos códigos descritos no
teste Rorschach. As respostas podem ser enquadradas em mais de um determinante, o que configura os
determinantes mistos. Nesses casos, os códigos são colocados em ordem de acordo com o que mais se destaca.

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Forma
As respostas categorizadas como Forma são as que estão limitadas às características formais da mancha, sendo
aquelas em que a pessoa descreve a forma sem expressar outra característica, sem usar a cor, movimento ou
sombreado. Elas são divididas em:

Forma de boa qualidade (F+)

O código F+ é atribuído às respostas consideradas comuns na área em que está localizada e encerra um conteúdo
com forma simples ou, mesmo não sendo em área comum, o avaliado descreve bem o formato e o identifica na
mancha. Por exemplo: “São dois ursos. Está bem claro o formato da cabeça e das patas”.

Forma de má performance (F-)

O código F- é atribuído às respostas imprecisas, confusas, vagas ou de conteúdo abstrato. Nesses casos, o próprio
avaliado tem dificuldade para descrever o que vê. As respostas de forma combinadas com fenômenos especiais
também recebem esse código. Um exemplo de F-: “Não sei, não dá para ver bem. Algo que faz lembrar um animal,
mas não consigo identificar direito”.

Forma duvidosa (+-)

O código F+- é utilizado quando a resposta não está clara para o avaliado nem em sua maneira de perceber, nem em
sua maneira de se expressar. Por exemplo: “Parecem dois ursos, ou dois cachorros. Não sei bem. São dois
animais”.

Movimento
Para uma resposta ser classificada como Movimento, o avaliado deve ter oferecido um conteúdo que descreva uma
ação. Essas respostas, assim como no Rorschach, são subclassificadas e recebem um destes códigos: Movimento
Humano (H), Movimento Animal (FM) e Movimento Inanimado (m). Esses códigos são combinados com +, - e +-
para indicar a qualidade formal.

Cor
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Cor
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As respostas que revelam as cores como determinantes recebem classificações também semelhantes ao
Rorschach e se dividem em cores cromáticas (no caso do Zulliger, vermelho, verde e marrom) e cores acromáticas
(preto, branco e cinza). As cores cromáticas revelam o sistema emocional em relação ao mundo externo, e as
acromáticas, ao mundo interno do avaliado.

Essas respostas também podem ser combinadas com a Forma. Quando isso acontece, o código F aparece antes ou
depois do código de cor para indicar a maior ênfase na cor ou na forma (o principal aparece à esquerda). O que
diferencia os códigos das respostas de cor é o apóstrofo. Sem apóstrofo para cor cromática (C), e com apóstrofo
para acromática (C’).

Além dos códigos para as respostas combinadas de forma e cor, há as categorias para respostas de cor como
único elemento. São elas: Cor Pura (C) para os conteúdos sem forma vistos como coloridos; Csimb, quando a cor
pura é usada como símbolo; Cdesc, quando a pessoa descreve a cor e suas matizes e Cn quando apenas nomeia a
cor.

Sombreado
As respostas de sombreado são classificadas seguindo o mesmo critério do Rorschach: o uso da diferença das
intensidades da cor, ou seja, as sombras e o contraste entre o claro e o escuro. Elas são divididas em três
categorias e também combinadas com a forma, vindo à esquerda ou à direita do símbolo de sombreado de acordo
com a maior ênfase da característica na resposta.

Conteúdos
Como no Rorschach, é identificado o conteúdo de cada resposta usando os mesmos códigos na classificação. As
respostas também podem receber mais de um código para conteúdo e ele deve ser redigido em ordem de
prioridade.

Tabulação e interpretação das respostas no Z


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Tabulação e interpretação das respostas no Z-
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teste

O Z-teste possui protocolos tanto para a correção manual quanto para a informatizada. O recomendado é a
correção informatizada, que diminui a possibilidade de erros em cálculos ou consultas às tabelas de referência. Na
correção manual há um protocolo de apuração no qual são registrados os códigos das respostas e as respectivas
tabulações. A correção informatizada é realizada na plataforma on-line do Zulliger, a que o psicólogo tem acesso ao
adquirir o instrumento. Os códigos das respostas são inseridos nos campos específicos e o sistema indica os
resultados.

A análise quantitativa dos resultados é obtida por meio de uma tabela gerada pela correção informatizada indicando
se os constructos psicológicos estão na média, acima ou abaixo.

Alguns desses constructos são: capacidade de desempenho e de adaptação geral,


raciocínio lógico, espontaneidade, criatividade, empatia, traços depressivos de
personalidade, entre outros.

A partir desses indicativos, o avaliador interpreta a tabulação dos resultados do teste iniciando pelo número de
resposta, que é considerado em sua totalidade, e para cada diapositivo. Essa medida expressa a capacidade de
produção, desempenho e realização do avaliado.

As localizações indicam o modo como a pessoa percebe racionalmente a realidade e como utiliza a inteligência. As
respostas G indicam a percepção de síntese e capacidade de planejamento; as respostas de detalhe comum
mostram a percepção objetiva da realidade, um uso mais concreto da inteligência; e as respostas de detalhes
incomuns informam sobre a capacidade de análise, observação e bom senso. O uso do espaço branco nas
respostas pode ser interpretado como interferência da ansiedade situacional.

Os determinantes refletem os traços e características da personalidade. São os pontos principais da interpretação


do Z-teste, que acompanha os indicativos do Rorschach para o seu tratamento.

Saiba mais
Os fenômenos especiais são elementos difíceis de serem quantificados e importantes para a compreensão da
pessoa. São as reações e respostas inesperadas aos diapositivos. A interpretação tem uma dimensão qualitativa e,

embora possam ser vários os fenômenos apresentados, o manual do teste lista os mais frequentes, por exemplo, o
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choque ao branco, expresso pela preocupação com o branco ao redor das manchas; choque cromático e
acromático; entre outros.

video_library
Análise quantitativa e qualitativa do Zulliger
O vídeo a seguir explica mais profundamente a análise quantitativa e qualitativa do Zulliger e compara com o
Rorschach.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.


Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O Teste de Zulliger é frequentemente utilizado em processos de seleção em organizações. Nas afirmativas
abaixo, quais características do teste justificam essa escolha?

I. A aplicação pode ser individual ou coletiva.

II. Aplicação e correção célere em comparação com o Rorschach.

III. Possui indicadores que são preditores de bom desempenho profissional.

IV. Possibilita o diagnóstico de transtornos mentais.

A Somente as afirmativas I e II estão corretas.

B Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.

C Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.

D Somente as afirmativas III e IV estão corretas.

E Somente as afirmativas I e IV estão corretas.

Parabéns! A alternativa B está correta.

O teste foi desenvolvido com a finalidade de adaptar o método das manchas de tintas para processos de
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seleção. O principal objetivo foi dar celeridade à administração do instrumento e verificar bons preditores de
desempenho. O teste não tem potencial para diagnósticos.

Questão 2
A administração do Zulliger exige treinamento e domínio dos procedimentos. Sobre a etapa de aplicação, é
correto afirmar que

nas duas modalidades, coletiva e individual, o aplicador entrega os cartões e anota as


A
respostas.

B os três cartões são apresentados simultaneamente.

C o aplicador deve escolher qual cartão utilizar de acordo com a finalidade da avaliação.

D a aplicação coletiva não pode ultrapassar vinte pessoas.

o procedimento é dividido em duas etapas: a primeira para as respostas, e a segunda, nomeada


E
inquérito.

Parabéns! A alternativa E está correta.


A administração do Teste Zulliger é dividida em duas etapas: a primeira relacionada às respostas, e a segunda
é nomeada inquérito. Esse teste foi desenvolvido tendo como base o teste de Rorschach que tinha uma
quantidade maior de pranchas com manchas de tinta. Zulliger é um método de avaliação psicológica, gerando
informações sobre aspectos da dinâmica de personalidade da pessoa avaliada. O método é composto por três
pranchas com manchas de tinta apresentadas uma a uma ao avaliando, que deverá dizer com que elas se
parecem. Durante a aplicação individual, deve-se utilizar os cartões impressos, enquanto na aplicação coletiva,
as mesmas pranchas serão utilizadas de forma projetada, seguindo as diretrizes especificadas no manual.

Considerações finais
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Considerações finais
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Os testes psicológicos são considerados fontes fundamentais de informação em processos de avaliação


psicológica e, embora não obrigatórios na maioria dos processos, são exigidos em processos de avaliações
compulsórias. As técnicas projetivas são indicadas por serem eficazes para gerar dados sobre a personalidade e
terem menor possibilidade de manipulação quando comparados com instrumentos de autorrelato. É mais difícil,
para o avaliado que não conhece os instrumentos, tentar adivinhar o que seria adequado ver em uma mancha de
tinta do que tentar acertar uma afirmativa sobre como se comportar em determinada situação. Por isso, o cuidado
com a segurança e o sigilo das informações dos manuais de testes que possam facilitar a manipulação dos
resultados.

Os testes de Zulliger e de Rorschach são instrumentos baseados nos mesmos pressupostos: por meio de manchas
de tinta não estruturadas, evoca-se registros de experiências que se materializam no que é visto nas manchas e
informam sobre os aspectos do dinamismo perceptivo-cognitivo característicos da personalidade. Hans Zulliger
não tinha como objetivo substituir o Rorschach, mas, sim, encontrar uma alternativa que propiciasse avaliações
mais céleres em contextos que exigissem essa agilidade. Sendo assim, a escolha entre um teste ou outro deve
considerar a finalidade e o contexto da avaliação.

headset
Podcast
Para conclurir este estudo, o podcast apresenta as técnicas do teste Rorschach e Zulliger, destacando as suas
características, objetivos, qualidades psicométricas, procedimentos de aplicação e sistemas de classificação,
fazendo uma comparação entre ambas e ressaltando a importância das mesmas na avaliação psicológica.

Referências
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FERREIRA, M. E. A.; VILLEMOR-AMARAL, A. E. de. O teste de Zulliger e avaliação de desempenho. Paidéia (Ribeirão
Preto) [on-line], 2005, v. 15, n. 32. p. 367-376. Consultado na Internet em: 8 mar. 2022.

FREITAS, M. H. de. As origens do método de Rorschach e seus fundamentos. Psicologia: Ciência e Profissão [on-
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GURLEY, J. Avaliação de Rorschach: sistema compreensivo e R-PAS. São Paulo: Pearson Clinical Brasil, 2018.
HASBUN, A. S. P.; FORMIGA, N. S.; ESTEVAM, I. D. Os caminhos da avaliação psicológica no Brasil e no mundo:
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HASBUN, A. S. P.; FORMIGA, N. S.; ESTEVAM, I. D. Teste de Zulliger na avaliação da personalidade: uma perspectiva
histórica e sua aplicabilidade no processo avaliativo para porte de arma de fogo. RECIMA21 – Revista Científica
Multidisciplinar, [S. l.], v. 2, n. 3, p. 351–363, 2021.

TORRES, J. M. do A. O Teste Rorschach na história da avaliação psicológica. Rev. NUFEN, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 92-
104, jun. 2010. Consultado na Internet em: 5 mar. 2022.

VAZ, C. E. A técnica de Zulliger no processo de avaliação da personalidade. In: CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico-V (5.
ed., p. 386-387). Porto Alegre: ArtMed, 2000.

VILLEMOR-AMARAL, A. E. de; MACHADO, M. A. dos S.; NORONHA, A. P. P. O Zulliger no sistema compreensivo: um


estudo de fidedignidade. Psicologia: Ciência e Profissão [on-line], 2009, v. 29, n. 4 , p. 656-671. Consultado na
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principais achados e conclusões. In: VILLEMOR-AMARAL, A. E. (Org.). Manual das Pirâmides Coloridas de Pfister. 3.
ed. São Paulo: CETEP, 2005.

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A Revista Diálogos, do Conselho Federal de Psicologia, tem uma edição especial com a temática Avaliação
Psicológica Compulsória, que apresenta diferentes contextos de avaliação psicológica, os desafios enfrentados e o
crescimento do campo de atuação. O conteúdo é interessante para entender a importância da avaliação psicológica
no exercício profissional e você encontra a publicação disponível no site do Conselho.

Acesse o site do Sistema de Avaliação por Performance. Lá você encontra diferentes informações sobre o teste,
publicações e um espaço para esclarecer dúvidas.

No Brasil, o caso Suzane von Richthofen colocou a técnica do Rorschach em evidência quando o programa de
televisão Fantástico, em 2018, produziu uma matéria abordando os resultados do teste de Rorschach em sua
avaliação psicológica, utilizado em 2014 e repetido em 2018, como sendo responsável pela decisão de manter o
regime de prisão de Suzane. A repercussão foi enorme e teve destaque em outros programas de televisão, jornais e
revistas. Recorde o caso buscando pela matéria intitulada Teste para aval à soltura de Suzane Richthofen indica
detenta “egocêntrica e narcisista”, no site do G1. A polêmica acerca da cientificidade da técnica foi reacendida e,
também, discussões sobre o sigilo profissional do laudo, que deveria ter garantido a sua não divulgação.

https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03568/index.html# 36/37
12/10/2022 09:28 As técnicas de manchas de tinta

https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03568/index.html# 37/37

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