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Matéria de prova Técnicas de Investigação da Personalidade

Matéria da em sala de Aula

Conteúdo completado, outras fontes ou Coelho (discípula de Aníbal Silveira).

1. TESTE DE PERSONALIDADE
 Auto relato (questionários)
Os métodos objetivos de avaliar a personalidade, ou instrumentos de auto relato
(questionários), são baseados nos princípios da psicometria, consistem em tarefas
estruturadas, com limitadas alternativas de resposta e expressam os resultados por
meio de números. Neste sentido, o fenômeno psicológico é quantificado (Pasquali,
2001).

 Realizações de uma tarefa (técnicas projetivas)


Os métodos de desempenho ou projetivos se valem de descrições linguísticas,
apresentam tarefas pouco estruturadas, preocupam-se com o processo psicológico e
são capazes de suscitar ampla variedade de respostas no indivíduo que está sendo
examinado (Villemor-Amaral & Pasqualini-Casado, 2006)

2. HISTÓRICO DE HORSCHACH
O Método de Rorschach, elaborado por Hermann Rorschach, em 1921, é composto por 10
pranchas. Cada uma delas apresenta manchas de tinta ambíguas, mas que, na realidade,
reúnem os inúmeros estímulos psicofísicos que continuamente afluem ao cérebro humano,
no curso das relações que o indivíduo mantém com o ambiente. Nas diferentes pranchas,
esses estímulos se estruturam de modo diferente facilitando a evocação de diferentes
imagens mentais. A Prova de Rorschach envolve um processo de construção e não de
identificação de imagens.
O indivíduo vai projetar no protocolo sua forma peculiar de organizar as imagens psíquicas.
Desta maneira, projeta o modo como percebe e sente o mundo exterior, a forma como
elabora suas experiências e o jeito de contatar a realidade.

1884 – Nasce o suíço alemão Hermann Rorschach, em Zurique. Filho de um pintor que
morreu de intoxicação de chumbo presente nas tintas.
1909 – Forma-se médico psiquiatra em Zurique
Estudou com Breur (desenvolveu o conceito de esquizofrenia) e Jung foi seu supervisor.
Trabalhou com pacientes psiquiátricos graves.
1910 – Casa-se com Olga Stempelin e tem 2 filhos
1912 – Apresenta sua tese “Alucinações Reflexas e Fenômenos Associados”
1918 – Elaboração das pranchas
1921 – Publicação do livro “Psicodiagnóstico”
1922 – Morre de peritonite aguda inoperável aos 38 anos.
Amigos continuam o estudo dos testes que levam para Alemanha, França, EUA (onde se
desenvolveu mais a partir das guerras), por diferentes autores, produzindo diferentes
sistemas a partir da base criada por H. Horscharch.
1932 -- 1952 – Introduzido no Brasil (Hospital do Juqueri)
1952 – Criação da Sociedade Rorschach de São Paulo pelo Dr. Aníbal Silveira
1964 – Aníbal Silveira trouxe o Rorscharch Clínico para o Brasil
1974 – Exner criou o Sistema Compreensivo – usado como padrão
2008 – Após falecimento de Exner foi desenvolvido o RPAS

No Brasil o SATEPSI que regula o teste, fazendo e acompanhando atualizações e as


aprovando ou não. Novas Pesquisas são feitas de 10 em 10 anos, aproximadamente. RPAS
é o mais atualizado em pesquisas e mais utilizado no mundo.

A. O que é avaliado no teste de Rorscharch?


Não só o que a pessoa percebe, mas como percebe, o quanto da mancha ela percebe,
se parte ou total.
. O modo como a pessoa percebe a mancha e constrói suas respostas:
 Onde viu? – Área da mancha usada
 O que faz parecer? – só a forma
- A cor
- Movimento
 Parece? - O objeto percebido tem forma semelhante à forma da mancha?
 Qual o tipo de objeto? – Conteúdo da resposta

3. QUAIS SÃO OS CAMPOS DE UTILIZAÇÃO DO TESTE DE RORSCHARCH?


I - CAMPO CLÍNICO: Indivíduo em sofrimento
Diagnóstico médico
Classificação/Identificação  doença  sinais (observação) e sintomas (relatos)
Diagnóstico Psiquiatra  sinais e sintomas
Manuais diagnósticos CID-10 e DSM V  transtorno sintomático/transtorno personalidade
Transtornos mentais (não se fala mais em doença)
Diagnóstico Psicológico:  Descrição do funcionamento da personalidade
 Classificação segundo o modelo teórico (ex. psicanálise)
Funcionamento psicológico  problema, comportamento, queixa
 tratamento

1. Análise patogenética dos distúrbios:


a) Sistema psíquico primariamente afetado
b) Natureza da repercussão mórbida nos demais sistemas
2. Expressão psicopatológica do quadro clínico:
a) Transtornos neuróticos, psicóticos, neurológicos ou apenas de ordem reativa e atual
3. Distúrbios emocionais centrais e mecanismos de controle
4. Prognóstico dos distúrbios e orientação de tratamento
5. Recursos cognitivos, conativos e afetivos do examinando

II - CAMPO DE SELEÇÃO PROFISSIONAL E ORIENTAÇÃO VOCACIONAL


Não é a melhor escolha

1. Perfil psicológico para o exercício de uma profissão:


a) Condições ideais
b) Condições desejáveis
c) Condições indesejáveis ou limitadoras
2. Recursos cognitivos, conativos e afetivos pertinentes para o exercício profissional
3. Modo específico com que um transtorno psíquico possa afetar a atividade profissional e
recursos de controle

III - CAMPO JURÍDICO


Juiz nomeia psiquiatra  solicita auxiliar técnico  psicólogo (pode aplicar Rorscharch
- Indivíduo compreende corretamente a realidade?
- Recursos subjetivos para reintegração social
Psicopatia (Hare PCL R – validado no Brasil em 2000)
- Transtornos de personalidade
Semelhante ao do Campo Clínico, mas com ênfase:
1. Grau de noção da realidade:
a) Modo de adaptação ao ambiente
b) Julgamento crítico e intencionalidade
2. Recursos subjetivos para a reintegração social
3. Análise específica do caráter:
a) Distúrbios Motores: Impulsividade, instabilidade, bloqueio.
b) Distúrbios Afetivos: Fabulação, simulação, hiper ou hiposensibilidade afetiva, alterações
instintivas ou nas relações interpessoais.

IV - CAMPO ANTROPOLÓGICO
Diferenças culturais

1. Visão de mundo e modos de organizar as experiências


2. Significado simbólico dos conteúdos culturais
3. Papéis e interesses dominantes: grau de flexibilidde
4. Tipo de processamento das imagens mentais nos diferentes estímulos do Rorschach
5. Nível de integração dos valores culturais dominantes

V - CAMPO EXPERIMENTAL - Pesquisas sobre o teste


Psicopatologia e funcionamento psicológico

1. Utilização seletiva de índices e fatores da prova em função da hipótese testada


2. Modificação controlada do estado do sujeito ou das propriedades das pranchas
3. Rigor na seleção dos grupos experimental e controle

4. TEORIA DA PERSONALIDADE
1. Esfera afetividade: necessidades básicas (impulsos afetivos), sentimentos socializados
2. Esfera conativa (conação): controle, ação
3. Esfera intelectual: pensamento, cognição

A teoria foi concebida como composta por três esferas da personalidade. Cada uma
abrangendo uma série de funções específicas, interligadas entre si. As três esferas são
coexistentes na dinâmica evolutiva da personalidade, suas funções específicas são ativadas
com diferente intensidade e expressão nas diversas fases de desenvolvimento individual:
(este conteúdo grifado é acrescentado do texto de Coelho)

4. APLICAÇÃO DO RORSCHARCH
Material:
 Pranchas do teste (Apresentação das pranchas tem ordem padronizada), viradas sobre
a mesa.
 Folhas para anotações e canetas
 Folha de localização das respostas
 Cronômetro
Este material deve ser organizado previamente pelo examinador.

1. RAPPORT - Conversa para deixar o cliente à vontade

 Retomar a finalidade da avaliação


 Sigilo
 Coletar dados de identificação: Nome completo, idade, escolaridade, estado civil,
profissão

- Dados do examinando quanto: a idade, data de nascimento, naturalidade, grau de


escolaridade, formação, profissão;
-Saúde: se o examinando faz uso de algum medicamento e, em caso afirmativo, se o
examinando faz uso de substâncias químicas; verificar a frequência e efeitos deste uso;
-disposição do examinando: indagar se está disposto (se dormiu o suficiente na noite
anterior), se está bem alimentado. Caso o examinando esteja com muito sono ou fome
ou, ainda, indisposto ou muito tenso, apesar do "rapport", deve-se adiar a aplicação.

Inicialmente, devemos observar que a aplicação da Prova de Rorschach deve respeitar as


condições básicas de uma prova psicológica quanto ao ambiente físico (sala despojada,
tranquila e bem iluminada), estabelecimento de um "rapport", privacidade, etc.
Recomenda-se que as aplicações sejam feitas durante o dia, sob luz natural, mas, caso não
seja possível, que se disponha de boa iluminação, que não cause sombras ou altere a
percepção de cores ou tonalidades das manchas. Quanto à posição do examinador-
examinando, recomenda-se que seja adequada às condições do ambiente de aplicação,
desde que possibilite ao examinador visão do examinando e de suas reações corporais, bem
como a visão das pranchas e, ainda, que o aplicador evite uma posição que acarrete maior
constrangimento por parte do examinando.

2. FASE DE ASSOCIAÇÃO (RESPOSTAS)


 Vai fazer o exame de Rorscharch, conhece?
 Instruções: Vou te mostrar manchas de tintas e quero que você me diga o que vê nelas,
o que essas manchas parecem para você: Eu vou fazer anotações.
 Entregar a prancha na mão da pessoas (ela poderá virar a imagem)
 Ideal sentar ao lado da pessoa
 Nâo gravar

ANOTAR: Tempo de Reação Inicial - TRI e Tempo Total - TT

Nº da TRI TT
PRANCHA
I 6’ 42’
É para dizer o que parece? (É)
Difícil, estranho
1 – Ah, pode ser mariposa. Tem lá no interior, vi na fazenda.
Estimulação (se a pessoa dá apenas uma resposta e já quer devolver a prancha, fazemos a
estimulação) Deve ser feita até a prancha III (uma dica de que pode dar mais informações).
2 – É, parece também um cachorrinho

As pranchas são numeradas por algarismos romanos I, II, III .... X e as respostas por arábicos: 1,
2, 3, ....
Inibição: “Não parece nada” Raro acontecer, se acontecer passar às pranchas seguintes até a X
e depois fazer a repassagem: mostrar de novo as pranchas sem respostas.
Rejeição: se ainda a resposta for “não consigo ver nada”

VI 7’ 10’
1. Não parece nada (inibição)
Repassagem 10’ 22’
2. Agora vejo um gato
Se der menos que 15 respostas para as 10 pranchas  repassar todas e explicar:
“Preciso de mais respostas para fazer a avaliação. Vou te mostrar de novo. Veja coisas
diferentes do que já disse”

Muitas respostas  fazer interrupção: “Está bom! Vamos ver a seguinte. ”


Interromper após 10 respostas ou 10 minutos (para Anísio Silveira), porém 4 já se faz suficiente.

POSIÇÃO DA PRANCHA: indica com o símbolo antes do número da resposta.


“Posso virar o cartão? ” (Sim, pode usar como quiser)
^ original
< à esquerda
> a direita
V invertida
@ giro rápido

“É para ver na prancha toda em partes? ” (Como você quiser)


“Quantas respostas são para dar? ” (Quantas decidir)
“O que as pessoas veem aqui? ” (Cada pessoa vê do seu jeito)
“Como você vai interpretar isso? ” (Cada pessoa tem seu jeito e quero conhecer o seu)

3. INQUÉRITO: Esclarecimento das respostas


Agora vou reler suas respostas, uma de cada vez, e você vai me mostrar como que viu, onde
viu e o que tem na mancha que fez parecer o que você disse que viu. Vai explicar a resposta.
 Entregar a prancha na mão do cliente

I - 6’ 42’ Inquérito
^1. Ah, parece uma mariposa. Tem lá no 1. É, isso mesmo! (Onde esta?)
interior, na Fazenda. É a mancha toda.
(Porque a mancha parece uma mariposa?)
Tem as asas, ela é grande. O formato dela.
Estimulação
> 2. Um cachorrinho 2. O focinho, orelhas, tem até o rabinho.
Poodle.
Na Folha de localização marco se foi considerada a mancha toda: G (Global)

Investigar as palavras chaves que o examinando disse, com perguntas abrangentes remetendo
à mancha: Ex: uma borboleta bonita. (Bonita?). Não perguntar diretamente. EX: A cor faz
parecer?

4. ENCERRAMENTO:
Como foi fazer o teste?
Quer perguntar alguma coisa?
- Permitir ao cliente aliviar a ansiedade mobilizada pela avaliação
- Combinar a continuidade da avaliação e a devolução dos resultados

“Fui bem? ” (Você fez como eu te pedi. Depois vou fazer a avaliação e combinamos quando vou
te passar os resultados).

5. CLASSIFICAÇÃO DAS RESPOSTAS


MODALIDADES DE OBSERVAÇÃO – ONDE VIU?
Mancha toda – G (Global)

Global Imediata – Gi
1 objeto
VI – Um gato deitado. No todo! - Gi
Objetos sem relação percebidos de uma só vez
X – Bactérias. É tudo, cada bactéria de uma cor. Gi

Global Combinada – Gc
Objetos relacionados
VIII – Dois tigres subindo uma montanha. É tudo! Os tigres dos lados e a montanha no
centro. – GC
PARTES DA MANCHA
P – Pormenor primário = área muito usada Consultar o mapa
VII – Uma menina P₂
De localização

p – Pormenor secundário = área pouco usada


VII – Uma minhoca - p₂₁

Aníbal da Silveira substituiu o D (de detalhe, utilizado universalmente) pelo P p (pormenor)

Espaço Branco – E
II – Um pião - E₅

Global com espaço – GE


Toda a mancha mais o espaço em branco
I – “Cara da raposa”. A mancha toda é a cara, o espaço branco são os olhos e a boca.
V – Borboleta colada na parede. A borboleta é a mancha toda e a parede o espaço em
branco em volta dela

Mancha Toda Parte Espaço


G p E
Gi p GE
Gc

DETERMINANTE
DETERMINANTE – O QUE FAZ PARECER? O QUALIDADE FORMAL – PARECE?
QUE DETERMINA?
Só a Forma F +
FC, CF, C
Cor -
M (humano), m
Movimento
(animal), m’
(inanimado)
Consultar Tabela de qualidade Formal.

CONTEÚDO – O QUE É?
Tabela das abreviaturas dos conteúdos das respostas.
VULGAR (popular)  comum
(Resposta muito fornecida pela população em geral)
Ver na tabela, as respostas vulgares estão em MAIÚSCULAS.

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