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APOSTILA: PSICODIAGNÓSTICO DE RORSCHACH (USO DIDÁTICO)

Proibida a reprodução em qualquer meio digital


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APOSTILA DE INTERPRETAÇÃO

PSICODIAGNÓSTICO DE RORSCHACH

Organização: Profa. Dra. MARIA CRISTINA B. M. PELLINI

São Paulo
REVISADA - 2018

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APOSTILA: PSICODIAGNÓSTICO DE RORSCHACH (USO DIDÁTICO)
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ORIENTAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DO RELATÓRIO DE RORSCHACH

Profa. Ms. Vanda C. Ramiro

A interpretação do método de Rorschach, segundo nossa acepção,


baseada nos estudos de Aníbal Silveira, procura compreender o indivíduo
analisando o protocolo como um todo, onde cada índice possui o seu
valor Interpretativo em si, porém, deve ser relacionado e comparado
com os demais índices também encontrados.

Além da comparação de cada índice com os demais, deve-se comparar


cada índice entre os dois conjuntos de pranchas: Monocromáticas e
Coloridas, na medida em que cada conjunto de prancha revela o modo
como o examinando lida com diferentes situações de vida.

Como já foi descrito no texto sobre Teoria da Personalidade, a


Afetividade nos mobiliza durante toda a vida, em todos os momentos,
sendo a mola propulsora para a manutenção da vida e para a satisfação
das necessidades relativas aos instintos s e aos sentimentos.

Entretanto, existem situações onde somos mais mobilizados


afetivamente, e outros momentos mais neutros, onde prevalecem a
tomada de decisão, a atuação mais prática, a predominância da
utilização da inteligência, sendo o apelo afetivo reduzido.

Através da análise dos índices encontrados nos dois conjuntos de


pranchas pode-se verificar corno o examinando lida com diferentes
situações de vida, sendo o que faz diferir os dois jogos de pranchas é a
presença ou ausência da cor. A cor é entendida como um estímulo que
toca os indivíduos e desse modo, a maneira do examinando reagir frente
as pranchas coloridas revelam seu modo de lidar com as situações que o
mobilizam no nível dos afetos e a ausência da cor pranchas

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monocromáticas - nos indicariam a maneira de o indivíduo reagir frente
a situações onde a afetividade é menos intensa, mais neutra. Portanto:
Pranchas Monocromáticas: Os índices encontrados neste conjunto de
pranchas revelam corno o indivíduo reage à situações do cotidiano,
momentos mais neutros, onde a solicitação é mais prática, que exigem
iniciativa e tomada de decisão. Tratam-se de situações onde a
mobilização afetiva é menos intensa.

Pranchas Coloridas: Os índices aqui encontrados revelam como o


examinando reage frente a situações de maior apelo afetivo, seja no
nível mais básico e instintivo ou mais socializado, dos sentimentos.
Caracterizam-se por situações de relacionamento interpessoal mais
íntimo, próximo ou intenso.

Caso os resultados encontrados entre os dois conjuntos de pranchas


sejam semelhantes, utilizam-se os resultados do Total para
interpretação, já que nesse caso o modo do examinando lidar com
diferentes situações é semelhante. Quando os resultados são divergentes
entre as pranchas monocromáticas e coloridas, a interpretação deverá
ser, específica a cada conjunto de pranchas, não devendo ser utilizados
os dados do Total, na medida em que o examinando lida diferentemente
dependendo da situação em que se encontra envolvido.

Dessa maneira, teremos corno interpretação final, o resultado da


corroboração do psicograma como um todo, e na medida em que o
instrumento se propõe a avaliar as características da personalidade do
examinando, verificaremos se o modo de ser e de reagir do indivíduo se
diferencia em situações diversas.

Para se chegar à interpretação, cujo objetivo é levantar um "perfil" o


mais fiel e profundo possível de personalidade do examinando, quer seja
quanto os aspectos situacionais, como também os aspectos estruturais,
o relatório é dividido em três etapas:

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 Tipo de Trabalho Mental Aspectos cognitivos


Feitio de Personalidade Disposições conativas
 Síntese Condições afetivo-emocionais

Tipo de Trabalho Mental: Nesta etapa será verificado de que maneira


o indivíduo percebe o ambiente, compreende-o e estabelece relações
entre os fatos, bem como de que o modo se adapta à realidade externa.
Dessa maneira compreende-se como "funciona” o trabalho mental de
observação, elaboração, comumcação e adaptação à realidade externa.

Feitio de Personalidade: Será verificada a dinâmica e estrutura da


personalidade em cada um dos seus setores: Afetividade, Conação e
Inteligência. Desse modo, abordaremos a dinâmica psíquica do indivíduo,
seu modo de reagir afetivamente, emocionalmente e Intelectualmente,
bem como sua maneira de estabelecer relacionamentos interpessoais.

Síntese: Neste momento serão enfatizados os aspectos mais relevantes


e marcantes de toda interpretação, fornecendo uma conclusão a respeito
da personalidade do examinando, bem como o prognóstico, e as
indicações necessárias ao caso estudado.

0 objetivo do relatório é apresentar o psicodiagnóstico do examinando,


de modo descritivo, buscando desenvolver objetividade, clareza e
precisão ria expressão das interpretações.

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ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO
Profa.Dra. Maria Cristina B.M. Pellini

Relatório do Método, de Rorschach aplicado em identificação do


examinando avaliado segundo critérios de normas do Prof. Dr. Aníbal
Silveira

I - Tipo de Trabalho Mental (aspectos cognitivos)

1.1 - Capacidade Associativa (R) e tempo de resposta (T)

- Nº Respostas (capacidade associativa)


- T/R (ritmo de produção)

1.2 - Observação da realidade

- Percepção (estilo perceptual do examinando)


- G: R (capacidade de planejamento)
- G: M (planejamento X capacidade concentração)

1.3 Comunicação

- Faixa de conteúdos (interesse do examinando)


-%H, H: pH, qualidade H (como vê a si e os outros)
- comunicação não verbal, comentários, observações

1.4 - Adaptação Cognitiva à Realidade Externa:

- % F (grau de contato com a realidade),


- RMI - %F+, %A, %V (adaptação à realidade externa)

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II – Feitio de Personalidade

2.1 Condições Afetivo-Emocionais

- Af (afetividade), Imp (impulsividade, Resp. Cor (reação afetiva)

2.2 – Dinâmica Emocional

- Resp. Luminosidade (dinâmica emocional)

2.3 – Esfera Intelectual

- Resp. Movimento, Resp. Perspectiva, M:Ps, Eq e Eq' (relacionamento


interpessoal)

III - Síntese do Relatório

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I – TIPO DE TRABALHO MENTAL


(ASPECTOS COGNITIVOS)

Textos Organizados pela Profa.Dra. Maria Cristina B.M. Pellini

Traduz a maneira do examinando captar o ambiente, elaborar seus dados e se


adaptar à realidade percebida, ou seja, como o indivíduo observa, elabora e
comunica o resultado de seu trabalho intelectual.

0 indivíduo necessita estar observando para poder elaborar os fatos percebidos,


tanto num trabalho indutivo, concreto, como num raciocínio dedutivo, abstrato,
de compreensão dos eventos. Após isso, o indivíduo reage comunicando esse
processo, revelando a maneira através da qual se adapta à realidade externa.
Naturalmente, nesse processo de trabalho mental, atuam aspectos afetivos,
conativos e intelectuais que interferem na compreensão dos fatos e na adaptação
à realidade externa.

Cada índice será compreendido individualmente e deverá, quando possível e


necessário ser relacionado a outros índices. As expectativas utilizadas na
interpretação provêm dos estudos e pesquisas de Aníbal Silveira na população
brasileira.

1.1 CAPACIDADE ASSOCIATIVA (R) E TEMPO DE RESPOSTA (T)

1.1.1 R- número de respostas (esperado = 29 a 53(**) - para o Total)

Traduz a capacidade associativa do examinando, ou seja, sua capacidade de


produção intelectual no meio.

R - na média - indica adequada capacidade associativa, de produção.

(**) - VALORES SRSP – TABELA 2010

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R - traduz elevada capacidade associativa. No entanto, é preciso verificar
outros dados que podem estar associados à elevação do número de respostas.

R  sugere rebaixada capacidade associativa, de produção intelectual.

É esperado que o número de respostas nas prs. Coloridas seja maior que nas prs.
monocromáticas tanto por ser um aspecto comum encontrado na população
amostra, como por ser esperada maior produção e envolvimento nas situações
de maior apelo afetivo, logo a interpretação será feita pelo resultado do R total
do protocolo se houver maior número de respostas nas pranchas coloridas, já
que é este o resultado normalmente encontrado, portanto esperado. Entretanto,
podem ocorrer dois casos que devem ser analisados da seguinte forma:

R mono > R color - indica dificuldade de produção frente a situações de


mobilização afetiva, podendo estar relacionada a bloqueio afetivo, pouca
sensibilidade afetiva ou ainda que o examinando evita reagir às solicitações
afetivas do ambiente, talvez por sentir-se ameaçado e confuso, retraindo-se
como defesa. Posteriormente, quando a esfera afetiva for especialmente
analisada, poderá ser verificado a que aspecto está relacionada a redução das
respostas nas prs. coloridas.

R color o dobro ou mais das R mono - revela dificuldade em produzir frente a


situações onde é pouco mobilizado pelo afeto, tratando-se de indivíduo
intensamente suscetível para com as implicações afetivas do ambiente.

1.1.2 Ritmo de produção (T/R - esperado = 18" a 48")

Traduz o ritmo da produção mental do examinando, ou seja, quanto tempo


necessita para desenvolver seu trabalho intelectual, suas atividades.

T/R na média- indica adequado ritmo de produção intelectual do examinando,


onde revela capacidade em desenvolver seu trabalho mental em um tempo
razoável.

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TIR - indica lentidão no ritmo do trabalho mental, ou seja, o trabalho mental do


examinando requer um tempo elevado para se desenvolver.
T/R - indica ritmo acelerado do trabalho mental, onde o examinando necessita
pouco tempo para realizar seu trabalho mental.

1.2 OBSERVAÇÃO DA REALIDADE

1.2.1 Percepção

As modalidades referem-se a área de localização das respostas do examinando,


revelando-nos, portanto, para que dados das situações tende a dirigir sua
atenção. Nesse sentido, através da análise das modalidades podemos verificar se
o examinando tende a captar as situações como um todo, se é capaz de perceber
os aspectos negativos e os obstáculos das situações.

Através dos cálculos das modalidades obtemos o índice PERC (tipo de percepção)
que já nos revela se cada modalidade encontra-se dentro do esperado, se está
elevada, rebaixada ou ausente enquanto que o dado bruto não nos dá a
dimensão da proporção do dado em relação ao resto do protocolo (por exemplo:
G=7 possuí um significado diferente em relação a um protoloco onde R = 10 e
outro onde R = 50) e como o índice PERC é calculado a partir do número de
respostas é através de seu resultado que analisaremos o tipo de percepção do
examinando.

Espera-se que o indivíduo normal, adulto, apresente como resultado PERC = G P


p (significando que: G ≈25; P ≈ 60; p ≈10) que nos indicaria de modo genérico,
que o examinando é capaz de perceber os aspectos mais amplos das situações
(indicado por G), captar os aspectos mais práticos, óbvios e concretos dos
estímulos P e analisar as minúcias e detalhes das situações (p). É esperado,
portanto, o surgimento das modalidades principais (G, P e p) dentro da
expectativa, sendo que qualquer elevação de uma das modalidades implicará no

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rebaixamento de outra, onde os aspectos relacionados a estas alterações devem
ser cuidadosamente analisados.

Apresentaremos, inicialmente, as características indicadas a cada uma das


modalidades principais, esperadas em todos os protocolos, sendo, portanto,
analisada sua presença e ausência.

MODALIDADES PRINCIPAIS

a) G. resposta global - tal resposta é classificada quando o examinando fornece


uma resposta ou a combinação de vários elementos, englobando toda a prancha:

Ex: Pr. I - Morcego Pr. X - 0 fundo do mar

Interpretação básica - Na medida em que é capaz de dirigir sua atenção e


elaborar uma resposta englobando toda a prancha, indica capacidade em
compreender as situações como um todo, em apreciar as situações de modo
amplo, em examinar o ambiente em sua totalidade, o que implica em capacidade
de planejar a partir da observação mais ampla das experiências e da associação
dos fatos em um contexto mais geral.

Pode-se destacar dois tipos de respostas globais, sendo necessário verificar que
tipo prevalece no protocolo:

G imediata - onde a observação da realidade é mais sintética e concreta.

G combinada - há maior capacidade de generalização, abstração e prospecção,


implicando em inteligência abstrata e em elevada capacidade de planejamento.

Elevação de G - indica tendência a abstrações e teorizações (além da elevação


das características básicas já apresentadas), se prevalecer G combinada;quando
prevalecer G imediata,indica visão superficial sobre os fatos.

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Rebaixamento (ou ausência) de G - indica dificuldade ou (ausência) de
planejamento, implicando em prejuízo na observação da realidade como um todo
(ou ainda em incapacidade na organização das experiências de modo amplo).
(Verificar se não está sendo substituído por GE)

b) P. pormenor primário - classifica-se como P respostas associadas em áreas


que a maioria das pessoas seleciona para associar respostas:

Ex: Pr. I - Uma pessoa (P)


Pr. X - Caranguejo (P)

Interpretação básica - Desde que são áreas freqüentemente percebidas pelas


pessoas, revela capacidade em captar os elementos óbvios, evidentes, essenciais
das situações, implicando em inteligência prática e concreta.

Elevação de P - apego aos aspectos evidentes das experiências, com provável


dificuldade de abstração (quando G e/ou GE rebaixado ou ausente). Quando
muito elevado pode indicar falta de reflexão pessoal, observação extremamente
concreta dos fatos ou até estereotipia na visão dos fatos (isto quando %F+). Já
se for acompanhado por %F-  indica distorção na percepção dos fatos.

Rebaixamento (ou ausência) de P - dificuldade (ou incapacidade quando P


ausente) em captar os aspectos mais óbvios, evidentes das situações, denotando
prejuízo na observação prática e concreta dos fatos.

c) p - pormenor secundário - tal reposta é classificada quando a área


selecionada para a resposta é raramente utilizada pelas pessoas para associação
de respostas.

Ex: Pr. I - montanha (p 22)


Pr. X - macaco (p21)

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Interpretação básica - Na medida em que são áreas da prancha que são
percebidas com pouca freqüência pelas pessoas, denota capacidade em captar as
minúcias, detalhes, os aspectos menos evidentes das situações, implicando em
atitude de análise e pesquisa.

Elevação de p - elevada atenção aos detalhes das situações, tratando-se de


indivíduo minucioso na análise dos fatos. Quando for muito elevado indica apego
desmedido a aspectos pouco essenciais dos estímulos. Quando acompanhado de
%F+ pode indicar mecanismos obsessivos, e se associado a %F- indicaria
mecanismos compulsivos.

Rebaixamento (ou ausência) de p - dificuldade (ou incapacidade quando p


ausente) em captar detalhes, minúcias das situações, denotando prejuízo na
análise e pesquisa mais detida dos fatos.

MODALIDADES SECUNDÁRIAS

Tais tipos de respostas não são "esperadas" que surjam (freqüência esperada -
máximo de 5%), portanto, sua ausência não deve ser analisada. Caso ocorram é
importante verificar em que freqüência ocorrem para avaliar a intensidade da
presença das características implicadas.

d) E - resposta de espaço - classifica-se quando a associação do sujeito é


realizada numa área em branco da prancha, podendo ou não ser combinada com
pormenores da prancha E(P); p(E).

Ex: Pr. II - foguete (E 5)


Pr. IX - Violão (E 8)

Interpretação básica - De modo geral indica tendência à oposição, necessidade


de defesa de autonomia, preocupação com os obstáculos do ambiente e com os
aspectos negativos das situações.

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Convém observar com que tipo de determinante (ver no protocolo as respostas
do examinando) vêm associada a resposta de espaço, podendo haver, caso haja
a predominância da associação com determinado determinante, a presença de
algumas características específicas.

e) GE global com espaço - tal resposta é classificada quando toda a área da


prancha é associada a algum espaço da figura.

Ex: Pr I - Borboleta com pintas nas asas (G + E 30)

Interpretação básica - Na medida em que o examinando é capaz de elaborar


uma resposta em toda a prancha, incluindo os espaços contidos nela, implica em
elevada capacidade de planejamento e abstração, capacidade em integrar os
aspectos positivos e negativos das situações o que, entretanto, provoca desgaste
de energia,

Convém ressaltar que, como a maioria dos índices analisados no Método de


Rorschach, o tipo de percepção deve ser comparado entre os dois conjuntos de
pranchas, possibilitando-nos avaliar, se dependendo da situação na qual o
examinando encontra-se envolvido, seu modo de perceber, captar os estímulos e
distribuir a atenção pelos eventos externos modifica-se. Nesse caso, deve-se
analisar a especificidade de cada situação, desconsiderando-se, então, os valores
do total e analisando o PERC de cada conjunto de pranchas (mono e color)

1.2.2 Capacidade de Planejamento X Produção

a) G:R - Através de G podemos verificar a capacidade de planejamento do


examinando, enquanto que em relação ao R podemos analisar a capacidade de
produção. (Esperado G:R = 1:4)

Através da produção G : R, podemos constatar quanto o indivíduo planeja o que


produz.

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A expectativa é de que o protocolo do examinando normal apresente por volta de
1 G para cada 4R, quando podemos afirmar que há maior planejamento anterior
a produção realizada.

Quando encontramos um nº maior de G do que o esperado, pode-se dizer que há


excessivo planejamento, que o examinando planeja além do que produz e
quando o nº de G é inferior ao esperado, conclui-se que o examinando não
planeja sua produção.

b) G: M - Ao compararmos G: M, verificamos se o examinando tem capacidade


para concretizar (M) seus planos (G).

Espera-se 3G para cada 1M, demonstrando que há planejamento satisfatório da


utilização do potencial intelectual e capacidade intelectual para cada
concretização dos planos. (Esperado G:M = 3:1)

Quando, em relação à expectativa, G for elevado, indica que o examinando


desperdiça potencial intelectual por não planejar um modo satisfatório de utilizá-
la.

1.3 COMUNICAÇÃO DO TRABALHO MENTAL

Neste momento do relatório passaremos a interpretar os conteúdos, verificando:

a) Diversificação de interesses e tipo de interesse predominante:

- através da verificação dos tipos diferentes de conteúdos que aparecem no


protocolo, observamos se o examinando apresenta diversificação de interesses
pelo ambiente em seus aspectos afetivos, intelectuais ou superficiais e qual tipo
de interesse é predominante.

- verificar se predominam, numericamente:

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 Afetivos - A, H, pH, pA, an, sx, fg, al - estes conteúdos refletem interesses de
caráter mais afetivo, básico e até primário e inerente ao indivíduo, revelando que
encontra-se mais envolvido por aspectos afetivos, pessoais e por seus
relacionamentos. É esperado maior número de respostas deste tipo (até 75%),
entretanto, se forem muito numerosos em relação aos demais, podem estar
indicando preocupação e envolvimento intenso com aspectos pessoais, mais
afetivos, bem como preocupação ligada aos relacionamentos interpessoais.

 Intelectuais - ab, arq, art, mI, ci, rl, pz, ant - são conteúdos que traduzem
interesses que envolvem maiores construções intelectuais, conhecimentos,
organizações. Podem estar indicando indivíduos que foram mais estimulados
culturalmente e intelectualmente. Caso sejam muito numerosos em relação aos
afetivos, podem indicar fuga de envolvimento, para com aspectos mais pessoais,
envolvendo-se mais com aspectos racionais e intelectuais como defesa.

 Concreto e superficiais - bt, ggr, mp, nat, nv, obj, vst - trata-se de
conteúdos que expressam menor envolvimento tanto pessoal quanto intelectual.

b) Padrão de Interação social e pessoal:

Será verificado, principalmente, pela análise dos conteúdos H e pH que


apareceram no protocolo, quando em número elevado.

%H conteúdo humano - traduz o grau de interesse do examinando pelos


relacionamentos interpessoais, assim como a natureza específica desses
relacionamentos. (Esperado -10% a 20%)

% Hm indica interesse pelos outros e pelos relacionamentos interpessoais.

%H indica interesse maior que a maioria das pessoas pelos relacionamentos
Interpessoais, podendo, ainda, denotar conflitos no relacionamento interpessoal,
daí o examinando estar mais voltado para esse aspecto.

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É preciso verificar a profissão do examinando, assim como a qualidade e tipo das
respostas dadas, antes de formalizar a interpretação. Caso a profissão do
indivíduo esteja ligada a relacionamentos interpessoais, como psicólogo,
cientistas sociais, pedagogos, etc, é natural que revele maior número de
respostas de humano, não podendo aí ser considerada imediatamente a
interpretação de conflitos nos relacionamentos, a menos que tal aspecto seja
confirmado por outros dados.

%H preocupação com os relacionamentos interpessoais, com o


comportamento, as atitudes das pessoas, sugerindo busca de
seus parâmetros no outro.

%H  indica dificuldade nas relações interpessoais por desinteresse pelos outros


e pelos relacionamentos, possivelmente originado por conflitos em
relacionamentos anteriores.

H: pH Analisamos também a relação entre H e pH para verificarmos se


predomina visão integrada de si e do outro (H) ou se prevalece visão
parcial e isolada (pH).

Esperado - H > pH - traduz capacidade de ver o outro e a si mesmo de forma


integrada.

Quando H < pH - indica conflitos ou empobrecimento nos relacionamentos


interpessoais por não perceber o outro e a si de maneira
integrada, relacionando-se com aspectos parciais e
isolados das pessoas. Pode revelar ainda, preocupação
elevada para com sua pessoa, estando mais voltado para
si do que para os demais e para os relacionamentos.

Quando pH encontrar - se intensamente associado a olhos traduz preocupação


com a intenção dos outros sentindo-se observado, vigiado,

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preocupado com a opinião alheia, sendo que quando este
aspecto for muito elevado, sugere tendência à paranóia.

OBS: %H, H: pH será verificado nas pranchas mono e color.

QUALIDADE e TIPO das RESPOSTAS H:

 Quanto mais semelhante os seres humanos vistos com o examinando (em


termos de sexo, idade, raça, etc.) indica maior auto-aceitação, aceitação de suas
características, o que pode implicar na possibilidade de estabelecer bons
relacionamentos.

 Quanto mais distantes forem as figuras vistas (sexo, idade, raça,


impessoalidade na descrição) traduzem maior dificuldade em aceitar suas
próprias características, sugerindo dificuldade nos relacionamentos interpessoais.

 Figuras humanas vistas como monstros assustadores - indica relacionamentos


percebidos como ameaçadores, onde o outro é percebido como assustador.

 Respostas de máscaras, fantasias - desejo de simulação, de aparentar,


mostrar algo que não é.

c) Outros Conteúdos - Interpretar apenas quando a freqüência ou a


"construção` da resposta for significativa.

sx conteúdo sexual - normalmente ocorre em menor número, quer seja por


escrúpulos, cerimônias para com o aplicador ou por repressões verdadeiras.

Esperado - 1 a 2

Ausência de sx - a priori indicaria repressão ou dificuldade em relação à


sexualidade, no entanto, é comum sua ausência em nossa cultura ligada a pudor

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excessivo. Pode indicar repressões, onde nesses casos as respostas são
substituídas por respostas simbólicas ou de cobertura.

Sx - traduzem dificuldades e conflitos na área da sexualidade, principalmente


se forem respostas perseverativas ou de má qualidade (com F-, Fº)

an - anatomia - trata-se de conteúdo que aparece com razoável freqüência nos


protocolos em geral, porém em menor número que A e H. (até 10%)

an - sugere que o examinando encontra-se preocupado com o futuro


principalmente em relação à saúde, assim como, se muito elevado indica
tendência à hipocondria, especialmente se as respostas forem associadas à
perceptos de má forma (F-, Fo)

Quando as repostas an forem associadas à cor - sugerem afetos negativos; à


ossos - bloqueios afetivos.

Entretanto, é preciso antes de atribuir qualquer interpretação, verificar a


profissão do examinando, já que é esperado um número maior destas respostas
em protocolos de profissionais das áreas médicas, biomédicas, em radiologistas,
etc.

É necessário verificar também se o examinando não está passando por algum


problema de saúde ou preocupado com a saúde de alguém significativo, ou se
tem uma história de vida ligada a problemas de saúde.

Existem poucos estudos relacionados aos demais conteúdos, o que nos permite
pouco aprofundamento. Apenas nos deteremos em sua análise caso algum ocorra
com freqüência elevada, ex: bt=2, ggr=3, nat=2, fg=3, ml=8, neste caso ml é
significativo, sendo preciso aí interpretá-lo e entendê-lo dentro da dinâmica
estudada, pois podem estar apresentado simbolicamente algum conteúdo
significativo.

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ab abstração - indica indivíduo que se deixam levar mais passivamente,


tendendo a devaneios.

al alimento - quando ligados à determinantes da série cor traduzem impulsos


afetivos positivos e fortes.

art arte - interesse ativo pela arte. Se muito elevado em relação aos conteúdos
afetivos pode indicar fuga para aspectos de envolvimento menos pessoal
como forma de defesa para com aspectos da afetividade.

bt botânica - indicam indiretamente sexo, quando não forem ligados a cor,


traduzem tensão sexual não resolvida, muito freqüente em adultos imaturos.
Quando ligados à cor (com FC, CF) indica maior tranqüilidade quanto à
sexualidade.

fg fogo - quando ligados à vida indica afetos positivos; se ligados à destruição


(p. ex. explosão) reflete afetos negativos, hostilidade, agressividade.

ggr acidentes geográficos - indicam sentimentos de inferioridade,


principalmente quando relacionados a respostas grandiosas como
montanhas. Indicam tendência à evasão, medo de autoridade quando
relacionados a respostas de buraco, cratera.

nat natureza - tendência a se retirar da competição intelectual. obj objeto - se


ultrapassar 10% sugere ausência de concentração, dispersão do
pensamento.

pz paisagem - quando ligada à luminosidade sugere sentimento de que algo


interno está se desintegrando.

Deve-se ressaltar que para efetuarmos análise adequada e correta dos


conteúdos, faz-se necessário ler e retomar as respostas do protocolo e não

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ater-se apenas aos resultados da ficha de cálculos, já que o dado numérico não
nos transmite a dimensão, a construção da figura vista, sendo necessário neste
momento, "sentir” a resposta do sujeito e buscar compreender a noção simbólica
de suas respostas.

d) Comentários do examinando durante a prova, expressão não-verbal,


observações do aplicador

Nesse momento do relatório vale a pena ressaltar aspectos do comportamento


não-verbal, atitude do examinando frente a situação de teste, comentários,
enfim, "mecanismos" que foram observados pelo aplicador como significativos.

1.5. ADAPTAÇÃO À REALIDADE EXTERNA

As três esferas da personalidade - inteligência, afetividade e conação - participam


do processos de adaptação à realidade externa. De alguma maneira cada
indivíduo adapta-se às situações utilizando de seus recursos internos. Para
integrar-se à realidade o examinando estabelece contato com o meio externo
(%F), voltando-se para o meio, para percebê-lo. A qualidade do contato pode ser
objetiva e crítica (%F+) ou subjetiva e até mesmo distorcida (%F-). A ligação
afetiva estabelecida com o meio (%A) e a assimilação das normas e padrões
sociais (%V) também concorrem para a adaptação ao meio.

Silveira construiu o índice RMI (relação para com a média intelectual) para
avaliar a maneira pela qual o indivíduo adapta-se, ou integra-se intelectualmente
à realidade externa.

Ao estudarmos a Teoria da Personalidade proposta por Silveira, observamos que


o setor intelectual, embora seja o último a se desenvolver, é o que vai reger os
demais setores. Estamos tratando aqui da inteligência no aspecto qualitativo, que
permite a cada indivíduo adaptar-se, integrar-se e relacionar-se com o mundo de
modo maduro e socializado. A inteligência é que proporciona o desenvolvimento
dos afetos de um nível primário para um nível mais socializado e que permite a

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orientação das ações de modo organizado, e que levam ao alcance dos objetivos
propostos por cada indivíduo.

Veremos a seguir através de que índices e o que estes avaliam, para que possam
nos conduzir a análise da adaptação ao meio.

a) Grau de Contato com a Realidade Externa - %F - Respostas de Forma

As respostas de forma são as mais freqüentes nos protocolos de Rorschach. As


solicitações afetivas do sujeito provocam o trabalho mental em fase construtiva.
A observação dos aspectos formais da realidade externa impõem a noção de
ordem e estabilidade que levam o indivíduo à subordinação à realidade e ao
controle da exteriorização livre dos impulsos afetivos. Cabe aqui retomarmos
alguns conceitos da Psicanálise que podem nos auxiliar a compreender o
processo de desenvolvimento da criança e o surgimento das respostas de Forma.

A criança é submetida ao Princípio do Prazer, onde o pensamento reflete


processo primário, não havendo perspectiva de tempo, nem habilidade para
retardar a gratificação. As necessidades são básicas e instintivas e não existe a
percepção do "outro" ou dos objetos como entidades independentes. 0 outro e os
objetos são percebidos segundo a sua utilidade para reduzir ou resolver tensões
e impulsos e satisfazer os desejos. Conforme a noção do meio aumenta, e ocorra
maior participação da inteligência, a criança passa a desenvolver sua percepção
de modo ativo organizando seletivamente o "percebido" de acordo com o tipo de
organização de sua personalidade. Ao conseguir observar a realidade, o outro e
os objetos como distintos de si, torna-se capaz de subordinar os instintos à
realidade - Princípio da realidade.

Nesse sentido, ao dar forma aos objetos, a criança está entrando em contato
com o meio externo, voltando-se para a realidade para percebê-la tal como é, e
já não totalmente relacionada a seus desejos e impulsos.

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Através, então, do número de respostas de forma (%F) verificado no protocolo,
observaremos o quanto o indivíduo se volta para o meio para percebê-lo, e
em que medida percebe o meio sem se envolver com ele, estabelecendo um
contato mais impessoal para compreender a realidade como esta se apresenta.

Esperado - 55% a 73 % (no total)

Interpretação:

%Fm: adequado grau de contato com a realidade, indicando que o examinando


volta-se para o meio satisfatoriamente para percebê-lo.

%F: desinteresse pelo ambiente, que pode se dar por acentuado envolvimento
pessoal ou subjetivo. Nesse caso, o examinando encontra-se mais voltado para
si, tendo dificuldade em perceber a realidade como esta se apresenta. Pode
indicar imaturidade psicológica se estiver muito rebaixado.

% F : contato superficial, pobre, pouco criador, atitude de desconfiança ou


medo de revelar se. Nesse caso, o examinando mantêm contato formal, pouco
utilizando-se de recursos internos, carecendo de imaginação e criatividade.

b) Adaptação à realidade externa - RMI

A adaptação à realidade externa está relacionada a capacidade do indivíduo em


aceitar os limites, as exigências e solicitações do meio de modo satisfatório e
adequado.

Esperado - 44% a 52% (no total)

RMI: indica indivíduo que encontra-se adaptado à realidade, com satisfatória


aceitação das limitações e exigências do meio.

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RMI: reflete dificuldade em aceitar o meio e suas implicações o que leva a
prejuízo na adaptação à realidade externa

RMI : indica submissão e passividade para com as implicações da realidade.


Quando %F+, %A, %V indica preocupação excessiva com seus próprios
problemas.

Através do RMI verificamos o "quanto" o examinando encontra-se adaptado,


entretanto é necessário avaliar como, de que maneira está ocorrendo sua
adaptação. Dessa forma, compreenderemos de que modo os aspectos
intelectuais, afetivos e conativos estão participando de sua integração ao meio.
Para isso analisaremos os índices que compõem o RMI:

RMI = %F+ + %A+ %V


3

% F+: esfera conativa - através deste índice podemos observar a capacidade de


evocação das imagens, a utilização da memória. Observamos a
capacidade de atenção e concentração e, verificamos o quanto o
examinando é capaz de efetuar noção objetiva e crítica dos fatos
externos. Nesse sentido, as respostas de forma, em geral, estão
relacionadas com a esfera conativa e como a participação desta esfera
ocorre na adaptação à realidade externa.

Esperado – 78% a 90% (no total)

%F+m capacidade de atenção e concentração satisfatória que possibilitam a


percepção objetiva da realidade externa e a capacidade de controle e
retardamento dos processos impulsivos e afetivos. Refletem prevalência
do juízo crítico na análise dos fatos.

%F+ quando encontra-se entre 75% a 82% - indica dificuldade em manter a


atenção satisfatoriamente, mas que, no entanto, não prejudica a análise objetiva

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dos fatos, já que prevalece o juízo crítico e de realidade.

%F+ inferior a 75% - visão pessoal, subjetiva e distorcida dos fatos por
instabilidade conativa, indicando prejuízo na atenção e concentração.
Prevalece o juízo de valor levando a deficiência de auto-controle e
incapacidade de objetivação.

%F+  excessiva atenção e concentração sobre os fatos externos, indicando


exigências de auto-domínio imposta pelo próprio sujeito. Outros fatores
podem, estar associados dependendo da relação com outros índices

- mecanismo obsessivo - se p elevado


- pobreza de imaginação e espontaneidade - %F e lambda 
- depressão, falta de autonomia, incapacidade para divergir (estes aspectos
dependem da combinação de vários outros índices para ser confirmado - p.ex.
M=0, l , l’ etc).

%A esfera afetiva - reflete a ligação afetiva do examinando com o meio,


revelando o quanto se envolve emocionalmente com as situações. As
respostas de animal são as respostas predominantes das crianças,
refletindo suas primeiras identificações, que contém o aspecto emocional
relacionado às suas primeiras experiências. No adulto refletem este
aspecto de envolvimento emocional com o meio.

Esperado - 28% a 46% (no total)

% Am ligação - envolvimento emocional estável com o meio

%A  tensão emocional na ligação com o meio, na medida em que se envolve


intensamente e de modo afetivo com as situações. Trata-se de indivíduos
que buscam o familiar como forma de segurança. Quando muito elevado
reflete imaturidade (pensamento infantil, estereotipado, rígido, imaturo).

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%A  escassa ligação, envolvimento emocional com o meio, sugerindo
instabilidade emocional. Caso seja muito rebaixado pode estar indicando
apatia ou embotamento afetivo (desinteresse pelas coisas e relacionamentos
mais comuns).

%V esfera intelectual - são respostas de elevada freqüência na população,


refletindo no indivíduo que as apresenta, sua capacidade de assimilação das
normas e padrões sociais, indicando o quanto aceita os padrões da
coletividade. Este índice reflete a lógica intelectual, a aceitação e assimilação
dos padrões comuns do grupo social.

Esperado – 16% a 28%

% Vm adequado grau de assimilação, aceitação das normas e padrões sociais.

%V dificuldade, por vezes intensa, em aceitar as normas e padrões da


coletividade, o que deve prejudicar sua adaptação ao meio

%V  conformidade, em alguns casos excessiva, indicando pouca restrição ao


que é imposto, às normas e padrões sociais, refletindo passividade,
provavelmente ligada à necessidade de aprovação.

Podemos observar vários casos onde o índice RMI encontra-se na média,


enquanto os índices que o compõem encontram-se alterados. Nota-se, nestes
momentos, a utilização intensa por parte do examinando, de alguma esfera, seja
para compensar ou em detrimento de outra. Nesse sentido, é importante
observar cuidadosamente cada índice que compõe o RMI e como eles atuam na
adaptação à realidade externa. Cabe lembrar que, embora os índices atuem
sobre o RMI, não atuam diretamente um sobre o outro, ou seja a elevação da
%F+ não gera a elevação ou rebaixamento da %A ou da %V, por exemplo, não
havendo inter-relação direta entre si.

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II - FEITIO DA PERSONALIDADE

2.1 ESFERA CONATIVA

A esfera conativa compreende o setor da personalidade que reúne dinamismos


que antecedem e possibilitam o comportamento explícito, de natureza intelectual,
e afetivo-emocional. Nesse sentido, é através da atuação no meio, seja explícita
ou a nível mental, que o indivíduo busca a satisfação de seus impulsos afetivos e
de suas necessidades intelectuais.

No Rorschach, a esfera conativa do examinando será compreendida pela análise


dos índices:

 Conação (Con)
 Lambda (L)

a) Conação

A conação, que não se confunde com ação explícita, mas corresponde à


disposição interna para ação, fornece informação quantitativa da capacidade do
examinando para agir no meio externo de maneira adequada, bem como sua
capacidade para organizar a ação explícita.

Essa capacidade de organização da atuação é possível pelo desempenho das


funções subjetivas da conação:

1. Iniciativa: função que permite o desencadeamento da ação propriamente


dita e que estimula a percepção e o raciocínio (verificado através da %F).

2. Manutenção: função que possibilita a estabilidade da atenção, dando


continuidade aos atos, bem como mantendo o raciocínio ou a observação
(verificado através da %F+)

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3. Inibição: responsável pelo bloqueio ou pela moderação da exteriorização
explícita, na medida em que através da crítica, refreia os impulsos
inadequados (verificado através da %F +).

0 índice Conação é obtido através da fórmula [Con = %F+ - (100 - %F)], na


medida em que as respostas da forma do protocolo revelam o interesse pelo
meio (%F) e a capacidade de atenção e concentração (%F+), o que possibilita a
organização da ação explícita.

Essa atribuição de organização às respostas de forma, ocorre na medida que


estas traduzem a utilização explícita das funções subjetivas da conação
(iniciativa-%F, manutenção -%F+; e inibição-%F+), pois a adequação da
percepção das formas nos fornece informações sobre a organização interna do
examinando, traduzindo a coerência e adequação de sua atuação (Con).

A atuação no meio só poderá ocorrer na medida em que o examinando mantenha


grau de contato adequado com a realidade - o que é aferido pela %F e que
demonstre objetividade na percepção dos fatos, possibilitando análise crítica dos
mesmos através da atenção e concentração no seu contato com o meio - o que é
verificado pela interpretação da %F+.

A percepção do mundo externo varia segundo a fase de desenvolvimento.


Inicialmente a criança percebe e responde de modo difuso aos estímulos de seu
mundo interno e aos do ambiente externo. Não há perspectiva de tempo, mas
apenas habilidade mínima em retardar a resposta ou a gratificação. Os objetos
são percebidos segundo sua utilidade para reduzir ou resolver suas tensões e
impulsos. Seu comportamento acha-se submetido ao "Princípio do Prazer” ,
segundo a teoria psicanalítica, e o pensamento reflete o processo primário.

Com o amadurecimento, ocorre maior participação das funções intelectuais e da


noção no meio objetivo, e o indivíduo torna-se capaz de subordinar seus instintos
ao "Princípio de Realidade", que depende da capacidade crescente de retardar a

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gratificação e portanto de inibir a reação motora imediata, sendo ela substituída
pelos processos de pensamento (elaboração intelectual).

Assim, as respostas dadas às manchas - ambíguas - podem ser mais ou menos


congruentes com a forma do estímulo, daí a classificação: F+, F-, Fº - que
demonstra o grau de maior ou menor objetividade na observação que o
examinando faz da realidade.

logo:

Con na média - demonstra adequado grau de liberdade subjetiva para agir no


meio, o que implica em disposição para atuação e capacidade de organizar a
ação. Nesse sentido, indica capacidade de iniciativa (desde que %F m ),
manutenção da ação e bloqueio de ações inadequadas (desde que %F+m ou
elevado).

Esperado de 44% a 54%

Con  ação demasiadamente subordinada aos estímulos do meio e elevada


disposição para agir no meio; tal característica pode estar relacionada a:

 Elevada atenção e concentração (%F+) e excessivo bloqueio de ações


inadequadas com intensa necessidade de auto-domínio, podendo haver até
rigidez mental em seu modo de atuar (quando %F+)

 Ligação muito superficial, indivíduo pouco criador, com pouca imaginação e


elevada iniciativa (quando %F)

Con  subjetivismo intenso, que bloqueia ou desgasta a ação prática. Implica


em reduzida disposição para agir no meio e dificuldade em organizar as
atividades práticas no meio por:

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 Instabilidade conativa, subjetividade (ou até distorção) na análise dos fatos em
função de prejuízo intenso na atenção e concentração (%F+ )

 Contato precário com a realidade, reduzido interesse pelos estímulos


externos,tratando-se de indivíduo intensamente voltado para aspectos internos
(%F)

b) Lambda

O índice Lambda nos fornece a intensidade de utilização de recursos internos da


personalidade, isto é, o quanto o examinando se utiliza de disposições subjetivas
no contato individual com o ambiente, no trabalho mental e conseqüentemente
em seu comportamento manifesto. Os recursos internos utilizados pelo indivíduo
podem estar relacionados à disposição afetivo-emocionais (RC/RL) e/ou à
construções intelectuais (RM/RPs).

É obtido pelo cálculo: (R - F)


F

Portanto, o resultado (valor de Lambda), será a quantidade dos demais


determinantes - além da forma -utilizados pelo examinando.

Esperado de 0,35% a 0,83%

Logo:

Lambda na média - traduz a existência de recursos subjetivos e a utilização


destes na ação explícita.

Lambda  reflete indivíduo que utiliza plenamente seus recursos internos em seu
contato com o meio, assim como na ação prática, sugerindo indivíduo mais
criativo ou demasiadamente subjetivo (verificar a qualidade dos recursos
apresentados pela análise dos determinantes).

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Lambda  demonstra pobreza de recursos internos, assim como não utilização
dos recursos que possui - indivíduo que não utiliza seu potencial intelectual,
afetivo-emocional.

Correlação Conação e Lambda Tendo compreendido cada um dos índices


separadamente, podemos passar para a segunda etapa da interpretação da
Esfera Conativa na elaboração do psicograma (relatório), que é, fazer uma
correlação entre os índices Con e Lambda.

NOTA: Tal comparação será feita no grupo de pranchas monocromáticas, assim


como no grupo de pranchas coloridas, a fim de verificarmos a influência dos
momentos psicológicos que acaso estejam em ação, ou seja, como reage a
esfera conativa frente as situações mais neutras e como se dá o processo frente
aos estímulos afetivos

Resumo adaptado dos textos:

* COELHO, Lúcia "Esfera Conativa" In: Epilepsia e Personalidade, Cap.11.


* K. SHELDON J. "A percepção da forma e o funcionamento do ego”.
* SILVEIRA, Aníbal Identificação do Fator Determinante Forma Critério para
avaliação"

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2.2 CONDIÇÕES AFETIVO-EMOCIONAIS

Esfera Afetiva

Compreende-se por Esfera Afetiva o setor básico da personalidade que reúne


funções subjetivas-instintos e sentimentos que estimulam o ser humano
constantemente à satisfazer as necessidades da própria existência e da espécie
(manutenção da vida-instinto nutritivo; sexual; aprovação; etc.) e que mantém
ativo o interesse em ampliar suas relações interpessoais.

No Rorschach a estrutura e dinâmica da Esfera Afetiva do examinando é obtida,


principalmente, pelo estudo das respostas às pranchas coloridas. Especialmente,
através da análise dos índices Afetividade (Af) e Impulsividade (Imp) e das
respostas de Cor - FC, CF, C - propriamente ditas.

Nesse sentido, torna-se necessário compreender de que modo ocorre e é


organizada a percepção da cor.

0 indivíduo é atingido passivamente pela cor, esta parece se "apossar do olhar"


enquanto as formas e demais aspectos demandam uma observação mais ativa
"as cores gritam, as formas são silenciosas" (Schachtel).

A criança reage à luz, à cor e ao contraste, muito antes que sua capacidade de
articulação e compreensão tenham se desenvolvido, pois a percepção sensorial e
de caráter imediato autocêntrica predomina sobre a organização formal dos
conteúdos.

Neste tipo de percepção do mundo (autocêntrica), há pouca ou nenhuma


"objetivação", o objeto não existe por si e sim pelo que ele provoca na criança,
em função de si mesmo, de suas necessidades mais básicas, das sensações de
prazer ou desprazer que experimenta.

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Com o amadurecimento afetivo e cognitivo, torna-se possível perceber os objetos
como realmente são, ou seja, a percepção objetiva e ativa dos fatos torna-se
preponderante aos sentidos (percepção Alocêntrica).

O objeto, então, é percebido como existente independente do indivíduo, que


procura aproximar-se dele conscientemente, para analisá-lo apesar do sentimento
que o estímulo lhe provoca. É possível através do trabalho mental fazer uma
análise crítica do objeto chegando ao seu conteúdo específico, selecionando suas
qualidades e defeitos.

Mesmo que o examinando não dê respostas de cor, ele reage à ela; às vezes não
as verbaliza por inibição ou bloqueio da expressão dos afetos. O importante é
observar como o examinando "lida" com seus afetos através de seu modo de
reagir frente às pranchas coloridas.

Alguns adultos respondem à cor como as crianças - cor ligada a prazer/desprazer


(percepção autocêntrica), outros a percebem de maneira distanciada e objetiva
(percepção alocêntrica), ou são capazes de percebê-las das duas maneiras (o que
é esperado).

Para Hermann Rorschach, então, as Respostas de Cor são representantes da


afetividade e seu número, fornece uma medida da habilidade do examinando em
responder aos estímulos afetivos e expressar seus afetos.

Portanto, para classificarmos uma resposta com determinante "Cor", não é


suficiente que ela tenha sido notada, mas sim, que a cor da figura determine-a,
pois o importante é observar como o examinando "lida" com a cor: integrando-a
ou não à forma em maior ou menor intensidade, criticando-a, negando-a, etc.

Hermann Rorschach (1967) estava consciente da diferença no impacto de


diferentes cores e do "significado do padrão seletivo" das respostas de um
examinando a certas cores e de quanto ele evita outras. Ele acentua que:

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"Indivíduos controladores de seus afetos mostram preferência pelas figuras azuis
e verdes e evitam o vermelho de maneira notável".(p.79)

O vermelho, segundo pesquisas feitas, está ligado a afetos mais primitivos e


emoções básicas: sexo, tendências agressivas e destrutivas - conscientes ou não.
Uma interpretação fiel de seu significado, depende da análise do conteúdo e de
todo o contexto da resposta, assim como a qualidade formal da mesma (uma CF
e uma C são menos integradas que uma FC).

Mesmo entre duas respostas de percepção da cor pura (C), há diferença


qualitativa, isto é, uma pode ser percepção da cor crua e indiferenciada - ex: "céu
azul" - enquanto a outra, uma percepção diferenciada, na qual se dá atenção às
nuances mais finas e específicas da cor - ex: "céu azul pálido que às vezes se vê
no início da primavera".

Este tipo de resposta só é possível quando a percepção da cor, não permanece


num nível primitivo, mas passou por um desenvolvimento que requer um grau
considerável de atenção às nuances da cor e quanto esta atenção também está
presente e é efetiva enquanto se responde às figuras, o que será compreendido
pelo estudo específico das três categorias de respostas cromáticas - FC CF e C -
que diferem quanto ao grau com que os impulsos da individualidade (funções
afetivas básicas - impulsos e sentimentos) atuam no comportamento manifesto
do examinando.

Portanto, para compreendermos a esfera afetiva propriamente dita,


observaremos os índices Afetividade, Impulsividade e as Respostas de Cor,
embora através de outros índices (como R, RMI, %F+, Con, etc.) e de como estes
se apresentam às pranchas monocromáticas e coloridas também verificamos
traços, características da personalidade do indivíduo relativos ao seu modo de
lidar particularmente com as situações afetivas.

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a) índices Afetividade (Af) e Impulsividade (Imp)

Afetividade

Af = Nº Resp. Prs. Coloridas


Nº Resp. Prs. Moriocromáticas

Esperado: 1,12 a 1,84

Af na média - Denota sensibilidade às estimulações afetivas do meio


(dependendo do índice lmp) será verificado se essa sensibilidade é a nível mais
socializado Imp na média) ou a nível mais primário, instintivo (Imp )

Quando:

Af  Indica reduzida sensibilidade aos estímulos afetivos, traduzindo


dificuldade do examinando em reagir às solicitações afetivas do ambiente, por
indiferença ou insensibilidade afetiva.

Af  Indica elevada sensibilidade aos estímulos afetivos do ambiente.

Impulsividade

Imp = Resp. Prs. II + III


Resp. Prs. VIII + IX + X

Esperado: 0,32 a 0,70

Segundo Hermann Rorschach, as pranchas II e III, subentendem um estímulo


mais biológico (instintos) do que social (pela participação da cor vermelha) e
permitem a manifestação da ação psicológica individual, enquanto as outras -
VIII, IX e X - estimulam fundamentalmente expressão das funções da
sociabilidade (sentimentos).

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Logo, Impulsividade traduz sensibilidade aos estímulos afetivos mais básicos,


mais primários, primitivos, pouco elaborados, que, no entanto, são necessários
por estimularem as funções da individualidade e os instintos básicos da
manutenção da vida, de aprovação, etc.

Quando:

Imp na média - Denota que as disposições afetivas do examinando obedecem a


impulsos mais aceitáveis socialmente.

Imp  - Basicamente significa alto nível de impulsividade, sendo que dependendo


de outros índices do protocolo, poderá traduzir impulsividade positiva (impulso
para a luta, "garra") ou negativa (agressividade destrutiva). É preciso, então,
verificar no protocolo, os recursos que o examinando utiliza para refrear ou não
sua impulsividade, que são:

M (M>m+m') - através da autonomia, auto-controle;

FC (FC>CF + C) - por expressões de afeto mais controladas;

C’ através da adaptação cultural;

%F+ através do juízo crítico elevado que leva a controle rígido de


comportamentos
inadequados;

%A - através de tensão emocional;

Con  - reduzida disposição para ação;

%V  - submissão as normas e padrões sociais.

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Imp  - Significa baixo nível de impulsividade, (talvez por baixo "nível de energia
vital", características de quadros depressivos, por exemplo). Ou então, significa
pressão intensa dos impulsos primários, determinando ansiedade e bloqueio no
trabalho mental (principalmente quando há falta de respostas nas pranchas II e
III ou, quando Af).

Após a observação e compreensão de cada um dos índices separadamente, é


preciso ainda, compará-los - Af e Imp - para se concluir sobre a dinâmica da
repercussão dos estímulos afetivos no examinando.

b) Significado das respostas de cor - FC, CF, C


Exteriorização das reações afetivas.
Esperado: FC> CF + C (adulto)

FC - Resposta onde a forma, o contorno externo é preciso e essencial para que


tenha sido realizada a associação, sendo também codeterminada pela cor; são
designadas como resposta de forma e cor. Ex: Pr. VIII - P 2 – “Uma flor, uma
orquídea rosa e alaranjada"

Traduz maneira mais adequada e amadurecida de reação afetiva; o ambiente e o


outro são levados em consideração; denota ainda subordinação da afetividade à
realidade externa levando em consideração o local onde está, os sentimentos
alheios.

Indica capacidade de auto-controle reagindo adequadamente aos esrimulos


afetivos.

FC  - (em relação à CF e C - indica subordinação extrema à realidade externa,


necessidade intensa de aceitação, traduzindo excesso de consideração pelas
situações e pelos demais na expressão dos afetos (principalmente quando CF for
ausente).

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CF - Resposta onde prevalece a cor da mancha sem deixar de considerar a forma,
que no entanto tem um papel secundário - resposta cor-forma.

Ex: Pr. II - P 3 “ manchas de sangue"


Pr. X - G 'Jardim com muitas flores e vegetação coloridos"

Demonstra maior subjetividade, menor subordinação ao meio externo, tendo


pouca consideração pela situação e pelos outros ao expressar seus afetos. Indica
maior egocentrismo ou tendência a ele. Trata-se de indivíduos onde as reações
afetivas são mais espontâneas, sendo entusiastas, com menor controle sobre
seus impulsos.

Quando:

CF + C > FC - indica instabilidade, chegando o examinando à reações pouco


apropriadas, egocêntricas.

CF  - denota irritabilidade e sugestionabilidade afetiva,

FC > CF + C - indica flexibilidade na reação afetiva, ou seja, existe uma


compreensão e também a possibilidade de expressar os afetos de modo
adequado porém com espontaneidade. (desde que CF ≠ 0)

C - Interpretações determinadas exclusivamente pela cor das manchas, sem levar


em conta a forma -respostas cromáticas primárias.

Ex: Pr. IX - "Carnaval - Inq. Porque é colorido, lembra carnaval"

Pr. II - P 3 “sangue porque é vermelho"

Traduz incapacidade de controlar as reações afetivas, levando à impulsividade, a


liberação desproporcional da carga afetiva - o indivíduo não leva em consideração

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a intensidade do estímulo nem o meio externo e as pessoas à sua volta ao
expressar seus afetos, o que sugere reações intensas, explosivas.

Geralmente surge em protocolos de indivíduos imprevisíveis quanto a


manifestação afetiva com reações abertamente efusivas ou agressivas
(principalmente quando as C estão associadas a um sentimento: alegria, raiva,
tristeza, etc.).

C - demonstra ausência patológica de auto-controle, explosividade (com


ausência de FC e/ou CF)

AUSÊNCIA de RESPOSTAS de COR - FC, CF, C:

 De modo geral, reflete um grau de indiferença em relação aos estímulos


afetivos do mundo externo, devido a:

 Bloqueio das manifestações afetivas por visão estreita do mundo, falta de


receptividade para com os valores afetivos em função de como se desenvolveu
sua adaptação cultural; ou por atitude habitualmente rígida e compulsiva;

 Fuga dos afetos por sentir-se ansioso frente a eles, ansiedade frente aos
estímulos afetivos.

Crítica à cor - o examinando não aceita a cor da mancha.

Ex: Pr. VIII - P1 “Um leão, mas não existe leão rosa"

Traduz não aceitação dos estímulos afetivos tais como eles são apresentados, por
não conseguir integrá-los adequadamente devido à dificuldade de abstração e
tendência ao concretismo, ou seja, o examinando "critica" as imperfeições do
ambiente por necessidade de pautar-se em situações nitidamente definidas -
concretas (devido a dificuldade de abstração que é uma alteração intrínseca da
esfera intelectual).

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Esse dinamismo leva o examinando a vivenciar insegurança afetiva-emocional
que é expressa em reações afetivas inadequadas, com necessidade acentuada de
"dominar" o ambiente, chamando atenção sobre si.

2.3 - DINÂMICA EMOCIONAL

Série Luminosidade

As respostas de Luminosidade (L, l, l´, C´) - associações elaboradas a partir da


percepção das nuances e dos contrastes de claro e escuro nas figuras - traduzem
a capacidade do examinando em selecionar as diferentes gradações, nuances dos
estímulos do meio e revelam o modo como o indivíduo "sente" as situações e
adapta-se emocionalmente a elas através das reações emocionais provocadas
pelas noções reais ou imaginárias que possuem em relação às experiências
vivenciadas.

Todo conhecimento do meio externo está ligado à emoção, tratando-se de um


elemento básico na aprendizagem, na medida que a emoção é o resultado do
impacto do conhecimento sobre o estímulo afetivo.

Por exemplo: diante de um gesto de carinho (estímulo afetivo) o indivíduo se


emociona, pois compreende esse gesto (intelectualmente) como sendo uma
expressão de amor do outro para com ele.

Para melhor compreendermos a dinâmica emocional faz-se necessário analisar


como se inter-relacionam as esferas da personalidade.

O interesse intelectual pelos eventos externos é despertado pela afetividade que


estimula diretamente a inteligência e mobiliza a conação.

Ao mesmo tempo que há o estímulo afetivo, isto é, o interesse, sobre o trabalho


mental, ocorre uma repercussão desta noção aprendida sobre o mundo afetivo.
Este dinamismo constante que se estabelece desde os primeiros contatos do ser

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humano com a realidade, é o que Silveira e implicitamente outros autores
consideram como emoção (Coelho, 1980 p.87)".

Desta forma a emoção envolve desde a solicitação da elaboração contínua da


realidade percebida, bem como os estímulos que são percebidos ou evocados,
possuem repercussão afetiva.

A repercussão afetiva, que inicia-se desde o começo da vida, é que leva ao


estabelecimento do nexo entre os diversos estímulos externos. No início da vida
as experiências são sentidas com elevada carga afetiva, relacionada com
sensação de prazer e desprazer. Por exemplo, quando o bebê tem uma sensação
de desprazer relacionada à fome e encontra-se no escuro de seu quarto e em
outro momento tem sensação de prazer ao ser satisfeito e o ambiente encontra-
se iluminado, ele tende a estabelecer um nexo, uma relação entre
prazer/desprazer com claro/escuro. Pode-se perceber que este nexo é primário,
sincrético e carregado de sensações intensas. Tratam-se das emoções mais
primárias.

Com o amadurecimento, através da evolução dos relacionamentos interpessoais e


com o aparecimento do raciocínio lógico na compreensão dos fatos externos, as
emoções vão se diferenciando, os nexos emocionais se estabelecem de forma
mais apropriada, possibilitando relações sociais mais complexas.

Nesse sentido, as situações são constantemente analisadas pelo indivíduo, a


partir do seu significado, e relacionadas às suas necessidades. “O tom emocional
é a experiência de tais significados do ponto de vista afetivo e não do julgamento
e do raciocínio" (Coelho, 1980 p.88)).

Podemos perceber, portanto, que há uma estimulação afetiva (fome) que leva a
seleção de estímulos (luz) que estejam relacionados ao prazer e desprazer
sentidos. A seleção de estímulos passa a provocar um impacto afetivo na medida
em que o nexo emocional é estabelecido.

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As emoções podem vir acompanhadas por reações neuro vegetativas (sudorese,
taquicardia, etc), que poderão ser mais ou menos intensas. O processo emocional
é o dinamismo que permite o contato com o meio externo, embora não seja
necessariamente consciente.

Se a análise terapêutica não conseguir provocar emoções, ela não se torna capaz
de restabelecer o nexo emocional que foi estabelecido entre a reação afetiva e a
experiência que a provocou; o mesmo acontece com o aprendizado, que só é
possível na medida em que provoque emoção.
No entanto, se a emoção for muito intensa ou se o processo de maturação
afetivo-emocional do indivíduo não se efetuou integralmente, o resultado poderá
se negativo, ou seja, poderão ser desencadeados dinamismos psicológicos
anormais que bloqueiam ou prejudicam o trabalho mental, chegando até a
bloquear a ação prática como por exemplo: estados de pânico frente uma
situação de perigo mortal - que impedem o indivíduo de raciocinar e/ou de agir.

Logo, em nível intenso, a emoção poderá indicar ansiedade, insegurança


afetivo-emocional, depressão.

Significado das respostas de luminosidade - L, l, l´, C' –


Esperado: L+C' > l + l´

L - Resposta de forma definida vista dentro da mancha, determinada pela


luminosidade, através de tons claro-escuro, exigindo uma maior capacidade
elaborativa (dedução e abstração), de busca de significados de modo objetivo.

Ex: Pr. lX, p sem localização - "Um jacaré. Inq: Esse contraste de tons forma
um jacaré perfeito, a cabeça, boca, olho e o corpo".

0 indivíduo é capaz de dissociar os vários elementos do meio e em seguida cria


novas formas segundo sua própria concepção e de acordo com as necessidades
atuais.

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Isso permite ao indivíduo uma plena adaptação emocional às várias situações
objetivas, de forma pessoal, flexível e criadora, predominando o raciocínio
dedutivo, abstrato.
Traduz indivíduo sensível quanto à apreciação das nuances dos comportamentos
e das variações emocionais dos outros indivíduos, o que lhe permite atuar com
tato e cautela nas relações interpessoais na medida em que percebe as atitudes -
o humor das situações.

Traduz também, necessidade consciente de aprovação social.

Quando:

L - demonstra excessiva cautela no contato com o meio por necessidade


intensa de aprovação e de afeição - indivíduo busca no meio as razões dos
sentimentos que percebe em si, principalmente dos seus sentimentos de rejeição,
insegurança, insuficiência, procurando justificar a causa de sua ansiedade (L
persecutório)

L ausente - sugere ansiedade ou depressão (confirmar com outros dados do


protocolo) bem como prejuízo da utilização do raciocínio dedutivo e abstrato em
suas reações emocionais. Indica falta de sensibilidade em captar as nuances dos
comportamentos e das variações emocionais dos outros e das situações, não
tendo desenvolvido atitude de tato e cautela nos relacionamentos.

l- Respostas em que as tonalidades da figura são utilizadas como determinante


com pouca participação da forma, sendo esta secundária.

Ex: Pr. IV - "Pêlos" - lnq: (manchas dentro de P1) Pêlos por causa dessas
manchas mais claras e mais escuras, que me parece pêlos.

Indica ligação emocional com o ambiente peculiar à fase infantil do


desenvolvimento. Envolve maior participação da afetividade e maior preocupação

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com sensações subjetivas. 0 indivíduo é sensível às variações emocionais embora
não consiga compreendê-las objetivamente.

Sua ocorrência, até certo ponto, é importante, na medida em que sugere


espontaneidade nas reações emocionais, já que o indivíduo se permite "sentir"
sensações mesmo não tendo compreensão objetiva delas (desde que L > l + l’).

l - Revela indivíduo submisso que precisa sentir devagar os outros e as


situações
que deve enfrentar, pois ele "tateia" em busca de seu objeto de medo que não é
claro, objetivo para ele prevalece uma "sensação" que leva, geralmente, à
"repressão dos afetos" (pois o indivíduo não consegue "lidar" adequadamente
com os afetos à medida que não há objetividade e clareza).

l- Indica repressão dos afetos por necessidade de ser amado, ser aceito e
receber afeto.

l ausente - Denota contato mais rigido, auto-exigência de sempre compreender e


localizar as causas das emoções, o indivíduo não se permite sentir apenas as
"sensações" sem reconhecer intelectualmente seu significado.

l'- Respostas resultantes de sensações táteis apenas, (maciez, leveza,


viscosidade) com ausência completa de forma, de estrutura.

Ex: Pr. IV, P1 alguma coisa mole, viscosa, bem nojenta mesmo".

Pr. VI, C - "parece um monte de sujeira".

Indicam reações emocionais muito primárias, ligadas às primeiras experiências


com o meio (que são presididas pelos sentidos - tato, olfato, sensações
musculares, e de calor). Indica sensação de desconforto, de ansiedade,
insegurança.

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l’ (em adultos) - Implica em reações emocionais imaturas, infantis, denotando
ansiedade, insegurança, conflitos emocionais intensos e retração emocional (o
indivíduo se "perde" no medo, na ansiedade). Torna-se dependente do outro
porque perde a noção objetiva no contato.

C’ - Resposta de Tons acromáticos (branco, preto, cinza), usados como cor na


resposta, porém com forma implícita na associação.

Ex: Pr. V, G - Morcego. Inq: é igualzinho e também é preto, morcego é preto".

Reflete a assimilação dos elementos de aculturação individual. O elemento afetivo


surge como uma experiência emocional resultante do amadurecimento
psicológico, e portanto, da adaptação cultural.

Denota indivíduo prudente, que aprendeu a temer seus afetos em razão de


desapontamentos anteriores; indivíduo que aprendeu a controlar suas emoções
(trabalho mental de indução).

C´ - Indica excesso de prudência onde o indivíduo busca utilizar experiências


passadas como forma de aprendizagem (“gato escaldado"). Possivelmente
"sentiu" situações de sua vida como desapontadoras levando-o a temer seus
afetos. Deste modo, pode estar relacionado a depressão ou humor depressivo.

C  ou ausente - traduz dificuldade em aprender e utilizar experiências passadas


na busca de melhores formas de atuar, indicando carência de prudência em suas
reações.

As respostas de Luminosidade podem ocorrer em adicional a outros


determinantes. Nesse caso, a intensidade das características que representam é
reduzida, não plenamente desenvolvidas. Podemos dizer portanto que se:

(L) Significa que o examinando no momento, ainda não faz uso do tato e
cautela em suas relações interpessoais, pois ainda não amadureceu a

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capacidade de perceber as nuances emocionais; não consegue ainda
captar plenamente e objetivamente o "humor" das situações embora
exista tentativa por parte do sujeito para que isto ocorra. Podemos
portanto, concluir que através de maior auto-conhecimento e
amadurecimento psicológico poderá vir no futuro a desenvolver maior tato
e cautela nos relacionamentos. É importante verificar se estes (L) estão
relacionados à percepção de "olhos" nas figuras vistas, pois neste caso,
traduzem preocupação do sujeito por sentir-se observado, analisado,
levando-o a agir com desconfiança.

(l) Indica insegurança afetiva-emocional permeando toda a ligação do


indivíduo com o ambiente, onde o envolvimento emocional com o meio é
acompanhado de "certa" sensação de ansiedade sem, no entanto,
compreender objetivamente as razões desta insegurança. Tal
característica pode manifestar-se claramente nas situações de stress.

(l´) denota ansiedade latente, não manifesta, como "pano de fundo" nas
ligações do indivíduo com o meio, ou seja, o examinando sente o
desconforto ansioso, mas não consegue objetivar a sensação de
ansiedade, indicando angústia - surgindo intensamente nas situações de
stress, quando o indivíduo encontra-se mais pressionado.

(C’) Neste caso, o examinando ainda não desenvolveu capacidade de se


utilizar do aprendizado, ou seja, indica potencial para uso da prudência nos
relacionamentos interpessoais, para utilização da aprendizagem das
experiências passadas em sua adaptação, mas que no momento ainda não
é plenamente utilizado pelo examinando, sendo que, através do processo
do desenvolvimento psicológico ou através do processo terapêutico (maior
autoconhecimento) poderá vir a amadurecer e utilizar-se destas
características-prudência.

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2.4 - ESFERA INTELECTUAL

A Esfera Intelectual compreende o conjunto das funções psíquicas - observação,


elaboração e comunicação - responsáveis pela adaptação lógica e objetiva do
indivíduo ao meio.

Estas funções são interdependentes e indispensáveis ao objetivo final - a


adaptação do indivíduo -embora possam ser agrupadas em três níveis distintos:

• O da observação (concreta e abstrata) - responsável pela captação dos dados


externos. (Primeiro o examinando observa a figura)
• O da elaboração (indutiva e dedutiva) - que se constitui num processo ativo do
trabalho mental para a construção de uma idéia ou pensamento (após
observar a figura, o examinando irá selecionar informações pertinentes aos
estímulos percebidos, chegando então, ao conceito, à resposta).
• Comunicação (mímica, verbal e abstrata) - que permite a integração do
indivíduo à realidade propriamente dita, à medida em que ele expõe o
resultado de seu trabalho mental através de conceitos, idéias, ou seja, é o
resultado da interpretação pessoal do indivíduo pelo ambiente observado (é a
verbalização da resposta propriamente dita).

No Rorschach, o estudo da Esfera Intelectual Intrínseca é feito pela análise


minuciosa das Respostas de Movimento - M, m, m' - que irão traduzir os aspectos
relativos ao potencial intelectual do examinando propriamente dito, do qual ele se
utiliza para resolver logicamente as situações com as quais se depara. E da Esfera
Intelectual Extrínseca é feita pela análise das respostas de Perspectiva - Ps, ps,
ps' - quanto ao aspecto do uso do potencial intelectual no meio.

Assim, é necessário estudarmos apuradamente cada uma das respostas da série


movimento e da série perspectiva para a compreensão total da estrutura e
funcionamento da Esfera Intelectual do examinando.

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2.4.1 - Esfera Intelectual Intrínseca

Respostas de Movimento - M, m, m´

As Respostas de Movimento de modo geral, indicam a capacidade intrínseca de


elaboração intelectual do indivíduo, resultante da interpretação das noções
estabelecidas segundo concepções ou fantasias peculiares do indivíduo, portanto mais
ligadas à constituição do indivíduo, a seu temperamento do que às exigências do meio,
caracterizando, a estrutura constitucional de personalidade do indivíduo e traduzindo
características pessoais, próprias do examinando.

M - Resposta de movimento humano

Indicam basicamente:

1) Autonomia -Capacidade de auto-afirmação - indicando presença de papéis de


atuação desenvolvidos, tendências definidas, valores próprios, indivíduo que tende a
agir segundo suas próprias idéias e referências, vive sua vida sem ser influenciado por
outros.

Segundo Piotrowsky, as respostas de movimento humano (M), são indicadoras das


próprias características que o indivíduo atribui a si próprio na vida: tendências
definidas; valores próprios, arraigados profundamente em seu modo de ser,
dificilmente modificáveis (estruturais), que lhe caracterizam o comportamento nas
relações interpessoais. Esses valores básicos, com raízes psicológicas profundas,
ligadas ao biotipo, às primeiras experiências decisivas, a impulsos primários, são
elaborados intelectualmente, da mesma forma que as noções abstratas derivadas da
realidade objetiva.

2) Empatia - interesse pelos demais - o examinando "sente" o movimento que anima


a figura percebida, é como se por um momento "entrasse" na figura, como se
"entrasse" no outro.

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É uma experiência similar à que ocorre na empatia cinestésica que o indivíduo teria se
estivesse realizando o movimento visto; experiência essa que tem uma conexão íntima
e profunda com elementos básicos da personalidade.

Em cada ato de empatia há sempre um elemento de projeção - o indivíduo


compreende o movimento (empatia cinestésica) ou o sentimento que percebe em
outra pessoa em termos de sua própria experiência subjetiva.

3) Auto-controle - estabilidade interna, capacidade de adaptação refletida, de


racionalização das emoções - revelando compreensão intelectual amadurecida de cada
situação nova que se apresenta, onde em vez de agir impulsivamente, o indivíduo que
apresenta este tipo de resposta, procurará guiar-se pelas próprias concepções, porém
sem deixar de considerar a realidade objetiva.

4) Auto-aceitação - confiança em si mesmo - M indica a presença de perspectivas


futuras, basicamente individuais e indiretamente sociais.

Dependendo do tipo de M, indica grau de auto-aceitação do examinando e assimilação


dos valores sociais.

5) Inteligência e Imaginação - capacidade criadora - são características de


indivíduos mais produtivos intelectualmente, com interesses mais voltados à realidade
intrapsíquica lidando com a realidade em nível de fantasia adequada à realidade
(criação) do que enfrentando-a de modo concreto e eficiente.

Projetar movimento em manchas estáticas revela capacidade criadora, percepção dos


fatos de maneira peculiar, reconstrução das próprias experiências de modo original,
mas a capacidade criadora consiste em talento subjetivo.

Qualidade formal das M:

M+ - o indivíduo utiliza suas características - autonomia, empatia, auto-conhecimento,


auto-aceitação e/ou imaginação - de modo integrado e adaptado à realidade objetiva.

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Revela, pois, capacidade de integrar seus valores ao sistema de valores consciente e
objetivo (espera-se que predomine 3 M+ para cada 1 M).
M- - o indivíduo utiliza sua imaginação para distorcer a realidade.

Tipo de H visto em movimento:


Quanto mais próximo do examinando em termos de sexo, idade, aspectos físicos -
indica maior auto-aceitação e capacidade de auto-controle.

Quanto mais distante do examinando - indica maior resistência em aceitar em si


mesmo suas características, o que provavelmente provoca ansiedade e desejo de
modificação.

M associada à resposta Vulgar V:


Denota que o indivíduo não reflete elaborações individuais, mas sim concepções
adquiridas socialmente, conformismo em adotar papéis que o meio impõe.

M correlacionado ou solitário:
Correlacionado: duas figuras humanas percebidas executando o movimento juntas –
indica utilização da autonomia e criatividade no meio, capacidade em compartilhar com
o meio suas "boas" qualidades (autonomia empática) indicando capacidade inter-
relacionamento.

Solitário: uma figura apenas executando o M - indica egoísmo, uso da autonomia e


criatividade somente para "proveito" próprio (autonomia egoísta).

M associada à Figura Animal - animais executando movimento humano-traduz uso


da imaginação de modo distorcido - dificuldade de integração da autonomia.

Ausência de M - denota carência de auto-afirmação, autonomia, indicando


imaturidade psicológica.

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m - Movimento animal

Indica tendência à ação ou fantasias menos integradas à realidade objetiva, atitudes


básicas da infância.

Entretanto, é importante que surjam no protocolo, pois indica riqueza de vida interior
(desde que M > m), fantasias frente à vida, que mobilizam o indivíduo em busca de
concretizá-las desde que tenha recursos para isso (M > m),.

A ausência de m, traduz portanto, carência de força constitucional para o


desenvolvimento, pois m (desde que M > m) indica vitalidade, vivacidade; porém é
preciso verificar grau, tipo e qualidade antes de fechar a interpretação, ou seja:

Qualidade de m:

m+ - denota fantasias objetivas, possíveis de serem realizadas, portanto, indica


vivacidade e vitalidade.

m- - indica a presença de fantasias distorcidas, sem condições de serem


concretizadas.

Quando m > M - Indica imaturidade psicológica- "... fantasias infantis interferem no


desenvolvimento de papéis adequados à convivência social na medida em que são
desligadas das exigências da realidade e restringem a auto-afirmação e a localização
objetiva no meio" (Pereira, 1987).

m'- Emprego subjetivo do movimento

Reflete:

1º Sentimento de impotência, insegurança; o indivíduo sente-se à mercê dos outros,


da realidade, passível de ser manipulado (m' em objetos, figuras da natureza,
figuras "caindo" ou que sofrem ação da natureza).

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2º Indica também, que embora o indivíduo sinta-se impotente, busca lutar, resistir
contra forças externas (movimento bloqueado).

Traduz ainda, inteligência superior (verificar outros índices do protocolo), porém indica
hábitos de introspecção que tendem a reduzir a atividade do examinando.

A presença de m' sempre revela conflitos inconscientes, quando visto em objetos,


figuras inanimadas. Se projetado em figura humana ou animal, trata-se de conflitos
mais conscientes, possíveis de serem elaborados mais facilmente em psicoterapia.

2.4.2 Esfera Intelectual Extrínseca

RESPOSTAS DE PERSPECTIVA – Ps, ps, ps´

As respostas de perspectiva denotam uma capacidade especial do examinando para


apreciação de relações espaciais, de profundidade e distância que traduzem duas
implicações básicas:

1. Inteligência – onde através das construções intelectuais o indivíduo busca a


noção do que representa nas situações, possuindo visão “de fora” das situações
já que o afastamento intelectual permite analisar melhor seus problemas. Indica
auto-consciência desenvolvida que surgem no indivíduo que se interroga
constantemente sobre sua situação no mundo;

2. Tentativa do indivíduo lidar com a ansiedade através de esforços


introspectivos (e intelectuais) procurando extrojetar o seus problemas para que
com o distanciamento possa examina-los objetivamente.

Reflete trabalho intelectual de elaboração mental extrínseca (uso prático da


inteligência), derivada do estímulo externo e exercidas como adaptação e realização
construtiva. Para tanto o indivíduo necessita à distância, e comparar-se com os demais
do grupo para procurar a sua posição entre os indivíduos.

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Nas respostas de perspectiva, também encontramos o fator determinante forma
implícito, funcionando como elemento organizador da percepção, assim, dependendo
da maior ou menor participação desta organização teremos interpretações diferentes.

Portanto:

Ps - Respostas de forma nítida e precisa, mais a participação da tridimensão e/ou


profundidade.

Ex: Prancha X - P11 – “ É a torre Eiffel. INQ: É igualzinha à torre mesmo construção
idêntica, o formato mesmo e ela está lá trás, ao fundo deste jardim aqui na
frente dela (mostra outras partes da figura)”.

Reflete basicamente:

 Capacidade em estabelecer posição adequada no meio e em relação às outras


pessoas, o que implica em auto-conhecimento.

 Capacidade de se afastar dos problemas para através da inteligência, poder


analisa-los e solucioná-los satisfatoriamente, indivíduo que se interroga
constantemente sobre sua situação e posição no mundo.

Ps - Indica necessidade de dominar o ambiente, buscando elevado distanciamento


para analisar crítica e objetivamente as situações.

Ps=0 – Neste caso, há falta de auto-conhecimento o que impede o distanciamento das


situações, não conseguindo estabelecer sua posição entre os demais
objetivamente, já que não consegue se comparar com os outros e não tem
desenvolvida noção nítida do que representa nas situações.

ps - Respostas onde a forma é imprecisa, ou preponderante é a percepção da


tridimensão, da distância ou profundidade.

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Ex: Prancha VII – G-“são nuvens no céu. INQ: Estão como nuvens no céu
mesmo, pelo jeito desforme, esparramado, lá em cima distante.”

Traduz sentimento de insegurança por falta de visão nítida da realidade, das situações,
dos outros e às vezes até de si mesmo de modo nítido e objetivo, o que leva a um
posicionamento inseguro no meio. Entretanto, sua presença no protocolo (em nº
reduzido) é importante, na medida em que indica flexibilidade interna, onde por vezes
o examinando se detém em analisar sua situação no meio, embora não o perceba
objetivamente.

ps´- Respostas sem a participação da forma, só existe uma sensação de profundidade


ou amplitude extrema (vazio, oco).

Ex: Prancha VII – E7 – “É um abismo sem fim, começa e não sei onde pode
terminar.

Traduz sentimento de insegurança intenso, angústia perturbando o indivíduo. A visão


das situações não é nítida, não conseguindo analisa-las objetivamente.

(Não é uma resposta esperada no protocolo, portanto sua ausência não é


interpretada).

Pelo exposto, concluí-se que o esperado Ps>ps+ps´.

 Traduzindo indivíduo capaz de estabelecer sua posição no meio, assim como


de se afastar de seus problemas através da inteligência e chegar à solução
adequada. Indivíduo que possui noção do que representa nas situações onde o
distanciamento permite analisar as situações com objetividade.

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Quando Ps<ps+ps´

 Denota sentimento de insegurança e ansiedade já que o indivíduo não


consegue verificar a realidade de modo nítido, possuindo dificuldade de
estabelecer sua própria situação no ambiente na medida em que ao afastar-se
das experiências não consegue analisa-las de modo objetivo.

M:Ps - Após a análise das repostas de perspectiva apresentadas no protocolo, é


importante fazermos uma comparação entre a esfera intelectual intrínseca
(respostas de movimento) e a esfera intelectual extrínseca (repostas de
perspectiva), para obtermos uma compreensão global do dinamismo da esfera
intelectual do examinando, o que é possível através da comparação M:Ps.

Para que o indivíduo possa realizar um exame adequado de sua posição no meio, ele
precisa ter desenvolvido capacidade de auto-afirmação e autonomia.

Daí a expectativa de que as repostas de M superem numericamente as repostas de Ps.

Logo, com a comparação entre as repostas de M e as repostas de Ps (proposição


M:Ps), verificamos se o indivíduo possui autonomia e auto-afirmação (M) para então
refletir e posicionar-se nas situações de maneira adequada e objetiva (Ps).

Quando:

M>Ps e Ps=0 embora o examinando possua sistemas de valores próprios e


capacidade de auto-afirmação, ainda não desenvolveu capacidade de se posicionar e
estabelecer sua posição frente aos demais, já que não consegue afastar-se das
situações para analisa-las objetivamente, possuindo dificuldade de estabelecer sua
própria situação no ambiente, na medida em que ao afastar-se das experiências não
consegue analisa-las de modo objetivo.

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M>Ps0 – Trata-se de indivíduo que possui autonomia e auto-afirmação e que
consegue posicionar-se nas situações de modo objetivo. (Desde que M>m+m´e
Ps>ps+ps´).

M<Ps - Indica que o examinando afasta-se das situações por não ter autonomia e
auto-afirmação suficientes para enfrenta-las, onde afasta-se e mantém afastado não
para refletir e posteriormente posicionar-se auto-afirmando-se (M-), mas por possuir
necessidade de dominar o ambiente encontrando-se mais preocupado com seu papel
social, que busca estabelecer através das construções intelectuais na medida em que
não possui sistema de valores próprios.

Caso tenhamos: M<Ps e H<pH – reflete sentimento de inferioridade frente ao meio e


aos outros; indivíduo com pouca autonomia, embora tente desenvolver papel social de
domínio nas situações através das construções intelectuais.

2.4.3 Equilíbrio das Forças Internas (Eq, e Eq´)

Os resultados obtidos nos índices Eq e Eq´, possibilitam uma análise das disposições
afetivas do examinando quando confrontadas com as suas concepções intelectuais
mais amadurecidas (Eq) ou quando consideradas as concepções imaturas,
habitualmente não exteriorizadas (Eq´).

Refere-se ao modo do examinando vivenciar as experiências externas, agindo


segundo esse tipo de vivência. O Eq demonstra o modo peculiar do indivíduo
experienciar a realidade em nível manifesto, consciente, enquanto o Eq´avalia o nível
inconsciente.

A comparação entre Eq e Eq, revela-se se existe harmonia ou não entre o modo de se


relacionar em nível manifesto (Eq) e suas tendências internas mais profundas
(fantasias m; concepções mais subjetivas – m´(Eq´)).

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Tipos:

TIPO M – M> Soma das Respostas de Cor (ponderada) – tipo INTROVERSIVO – as


expressões afetivas ficam subordinadas às concepções pessoais e
valores do examinando; caracteriza as pessoas que têm idéias próprias,
independente do ambiente (quando M é amadurecido, M>m); mais
voltadas à vida intrapsíquica (reflexão, criação) e que tendem a
estabelecer relações profundas e significativas – desde que M
desenvolvido e amadurecido, (ver qualidade, grau e tipo de M, M>m).

TIPO C - M< Soma das Respostas de Cor (ponderada) – tipo EXTROVERSIVO –


as concepções pessoais ficam subordinadas às expressões afetivas
(pode ser extrovertido ou não); caracteriza pessoas que tendem a
estabelecer amplos relacionamentos, embora as relações tendam a ser
estáveis e superficiais – é importante verificar o tipo de resposta de cor
que é predominante, se FC (menos extrovertidos), CF (mais instáveis,
passionais) ou C (mais explosivos).

TIPO M e C- M e Soma das Respostas de Cor (ponderada) é ≥ a 2,0 – tipo


AMBIGUAL DILATADO – as concepções pessoais (esfera intelectual)
atuam na mesma intensidade que as expressões afetivas (esfera
afetiva).

Aspecto positivo: maior flexibilidade de adaptação – caracterizando as pessoas que


se interessam tanto pelos relacionamentos humanos mais amplos e sociais, mas
também quando necessário, detêm-se nas reflexões mais íntimas e originais sobre a
natureza dos próprios vínculos afetivos – quando tanto as respostas M como respostas
de cor, são bem, integradas, dentro das expectativas.

Aspectos Negativos: tendência à instabilidade, oscilação – quando os índices são


imaturos, pouco desenvolvidos, fora das expectativas.

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TIPO F – M e Soma das Respostas de Cor ponderada é menor que 2,0 – tipo
COARTADO – prevalece na dinâmica do indivíduo as disposições conativas,
caracterizando as pessoas que estabelecem contatos superficiais, restritos,
“formais” com a realidade externa, demonstrando apego excessivo aos
aspectos cotidianos, práticos e rotineiros das experiências com desinteresse
em estabelecer vínculos afetivos ou criativos, ou ainda com medo em
revelar-se. Pode também indicar tendência depressiva.

Comparação entre Eq e Eq´

Esperado: Eq = Eq´- sinalizando harmonia entre o que o examinando vive


internamente e o que expressa no nível manifesto.

Quando Eq ≠Eq´ - sinaliza desarmonia entre o que é experimentado e o que


é manifesto, pois verifica-se que as fantasias, as concepções mais imaturas (m)
ou as concepções mais subjetivas (m´) interferem no comportamento
manifesto.

Dinâmica Psíquica Atual

G:R – total de respostas G em relação ao total de respostas do protocolo – esperado:


1G para cada 4R (ou G/R=0,25) = capacidade de planejamento x produção,

• através de G podemos verificar a capacidade de planejamento do examinando,


enquanto que R traduz a capacidade de produção, logo G:R, traduz quanto o
indivíduo planeja o que produz.

• Quando encontramos um nº maior de G do que o esperado pode-se dizer que


há excessivo planejamento, que o examinando planeja além do que produz e
quando o nº de G é inferior ao esperado, conclui-se que o examinando não
planeja sua produção adequadamente.

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APOSTILA: PSICODIAGNÓSTICO DE RORSCHACH (USO DIDÁTICO)
Proibida a reprodução em qualquer meio digital
________________________________________________________

G:M – total de respostas G em relação ao total de respostas M – esperado: 3G para


cada 1M.

• Ao comparar G:M, verifica-se se o examinando tem recursos criativos (M) para


concretizar suas planos (G) ou não; quando dentro do esperado há
planejamento satisfatório da utilização do potencial intelectual e capacidade
criativa para a concretização dos planos; quando fora do esperado:

- Demonstra ambição exagerada na formulação dos projetos com escassa


autonomia para realizá-los (exagero de G em relação a M) ou;

- Demonstra tendência exagerada ao devaneio e à introspecção, com


reduzida iniciativa para a execução dos projetos, desperdiçando o
potencial intelectual para a produção (exagero de M em relação a G).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COELHO, L.M.S. Epilepsia e personalidade: psicodiagnóstico de Rorschach,


entrevistas e anamnese heredológica em 102 examinandos. São Paulo: Ática
1980.

COELHO, L.M.S. (org). Rorschach Clínico: manual básico. São Paulo: Terceira
Margem, 2000.

PEREIRA, A.M. Introdução ao Método de Rorschach. São Paulo: EPU, 1978.

SILVEIRA, A. Prova de Rorschach, elaboração do psicograma. São Paulo: Ed.


Bras, 1985.

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