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BATERIAS DE TESTES

PSICOLÓGICOS

UNIDADE I
O PORQUÊ DOS TESTES
PSICOLÓGICOS
Elaboração
Flavia Costa

Luciana Raposo dos Santos Fernandes

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................................4

UNIDADE I
O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS.....................................................................................5

CAPÍTULO 1
HISTÓRIA............................................................................................................................. 5
CAPÍTULO 2
O PSICODIAGNÓSTICO...................................................................................................... 24
CAPÍTULO 3
CUIDADOS TÉCNICOS NO PROCESSO DO PSICODIAGNÓSTICO.......................................... 32
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................38
INTRODUÇÃO

Esta disciplina visa a fornecer aos profissionais noções básicas e alguns aprofundamentos
sobre a bateria de testes psicológicos.

O material está dividido em quatro unidades, e a primeira está dividida em três capítulos.
No primeiro, abordaremos a história da avaliação psicológica e a origem da psicometria.
Conheceremos, também, os pesquisadores da avaliação psicológica no Brasil e as
fases do desenvolvimento do uso dos testes. No Capítulo 2, descreveremos alguns
dos desafios e problemas na avaliação psicológica, como também as dimensões às
quais o psicólogo deve dar atenção durante a realização da avaliação. Já no Capítulo 3,
conheceremos os modelos psicodiagnósticos mais utilizados e seus objetivos.

Na Unidade 2, conheceremos os instrumentos de avaliação e os métodos de pesquisa


existentes. Citaremos, também, os tipos de pesquisa quanto à abordagem, quanto aos
objetivos, quanto aos procedimentos e quanto às técnicas utilizadas.

Na Unidade 3, apresentaremos os passos necessários para a elaboração do plano


de avaliação. Já na Unidade 4, abordaremos os maiores problemas encontrados na
prática dos testes, conheceremos alguns dos testes utilizados e como eles podem ser
classificados.

Objetivos
» Conhecer as origens da psicometria.

» Conhecer a história da avaliação psicológica.

» Conhecer quais são os pesquisadores da avaliação psicológica no Brasil.

» Conhecer como é feito o psicodiagnóstico.

» Conhecer alguns dos métodos de avaliação existentes.

» Conhecer os passos utilizados para realizar o plano de avaliação.

» Conhecer os passos do processo diagnóstico.

» Conhecer os fundamentos dos testes.

» Conhecer alguns dos testes utilizados e aprovados pelo Conselho Federal de


Psicologia (CFP).

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O PORQUÊ DOS TESTES
PSICOLÓGICOS
UNIDADE I

Capítulo 1
HISTÓRIA

Os testes buscam avaliar as situações de maneira científica, para que sejam tomadas
decisões que visem à sobrevivência e ao autodesenvolvimento.

A expressão “avaliação psicológica” foi utilizada pela primeira vez no livro “Assessment
of men”, do U.S. Office of Strategic Services, em 1948, para indicar os processos utilizados
pelos indivíduos para formar impressões e imagens, tomar decisões e verificar hipóteses
sobre as características dos outros indivíduos em sua relação com o mundo.

A avaliação é considerada um processo informal quando as pessoas, por meio de


suas avaliações sobre os outros e o ambiente, decidem como agir para buscar seu
autodesenvolvimento. Ela é um processo formal quando utilizamos os códigos de
conduta e os valores existentes para fazer julgamentos.

No decorrer da história, as regras para a avaliação formal e o consequente controle do


comportamento das pessoas foram modificadas de acordo com as crenças, filosofias e
códigos de conduta existentes no período.

De acordo com Pasquali (1999), em 3000 a.C., testes eram utilizados para selecionar
funcionários civis na China; Hipócrates, no século V a.C, elaborou a teoria dos fluidos
(fogo, ar, água e terra). Já em Roma, Galeno (116-200 d.C.), baseando-se em Hipócrates,
elaborou a teoria dos quatros temperamentos (melancólico – pessoa triste, séria e
reservada; colérico – pessoa agressiva, impaciente e excitável; fleumático – pessoa
pacífica, calma e passiva; sanguíneo – pessoa sociável, alegre e extrovertida) que foi,
por muito tempo, utilizada para classificar a personalidade.

De acordo com Pasquali (1999), a psicometria nasceu do positivismo e do empirismo


de Bacon. Aqui, por meio da indução, a experiência individual pode ser utilizada
para a compreensão da experiência universal.

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UNIDADE I | O Porquê dos Testes Psicológicos

A psicometria é um ramo da estatística; assim, o conceito estatístico predomina


sobre o psicológico. O pesquisador Thurstonon, ainda de acordo com Pasquali
(1999), criou a “psicologia matemática”, isto é, a área da psicometria que estuda os
modelos matemáticos dos processos psicológicos.

A psicometria teve origem com o estatístico Spearman, seguindo os procedimentos


fisicalistas de Galton. Ela também foi aplicada na área das aptidões humanas
(mentais, físicas, psicofísicas), medindo os comportamentos em termos de acertos
e erros.

As origens formais da psicometria, de acordo com Pasquali (1999), foram elaboradas pelos
psicólogos da Alemanha, da França e dos EUA no fim do século XIX, influenciados pela
separação alma vs. corpo, de origem cartesiana. Duas tendências ocorriam no período:

1. Na França, o interesse era a introspecção e a experiência subjetiva. Os


procedimentos utilizados eram descritivos. Os psicólogos tinham preocupações
na área acadêmica, psicopedagógica e clínica. Aqui, a psicometria visava a detectar,
principalmente, o retardo mental e o potencial dos indivíduos. A maior preocupação
era com os problemas humanos.

› Buscavam tratamento mais humanizado aos doentes mentais classificados com


retardos nos diferentes níveis.

› Pesquisadores dessa linha:

▪ Médico Esquirol (1838): para ele, o critério para identificar o nível de retardo
mental estava na área da linguagem.

▪ Médico Seguin (1866-1907): buscou tratar os pacientes com retardo por meio
de treinamento fisiológico.

▪ Psicólogo Binet: desenvolveu um teste mental para avaliar o retardo mental.

2. Na Alemanha, na Inglaterra e nos EUA, o interesse era no empirismo, isto é, no


comportamento, bem como nos processos sensoriais estudados pela escola
psicofísica de Leipzig. Os procedimentos utilizados eram quantitativos. A origem
da psicometria se encontra nessa tendência.

Os psicólogos de orientação estatística buscavam desenvolver a teoria psicométrica.


A maior preocupação era com a ciência pura:

› Buscavam descobrir semelhanças nos comportamentos das pessoas, e não


as diferenças individuais, como na escola francesa. Para eles, as diferenças
significavam desvios ou erros.

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O Porquê dos Testes Psicológicos | UNIDADE I

› Buscavam o comportamento sensorial e se preocupavam em controlar as


condições nas quais as observações eram feitas.

› Os pesquisadores dessa linha foram Cattell e Galton.

1.1. Divisão segundo Pasquali (1999).


A história da avaliação psicológica pode ser abordada da seguinte forma, de acordo
com Pasquali (1999):

1.1.1. A década de Galton: 1880


» Galton, por meio da medida sensorial, avaliava as aptidões humanas e as operações
intelectuais.

» Acreditava que todas as informações chegavam às pessoas pelo sentido e, assim,


quanto melhor o estado da pessoa, melhores seriam suas operações intelectuais.

» Buscou criar padrões das dimensões ideais dos sentidos por meio de um
levantamento das medidas sensoriais.

» Acreditava que a capacidade de discriminação sensorial do tato e dos sons era


importante para as pessoas.

» Obra: “Inquiries into human faculty”, de 1883.

» Influenciou a orientação prática da psicometria (Cattell e outros americanos).

» Influenciou a orientação teórica da psicometria (Pearson e Spearson).

» Propôs o desenvolvimento das medidas de tendência central, variabilidade e correlação.

» Colaborou com a psicometria em três áreas:

› medida da discriminação sensorial, criando testes cujos conceitos ainda são


aplicados atualmente (barras para medir percepção de comprimento, apito para
percepção de altura do tom);

› escalas de pontos, questionários e associação livre, que Galton empregava após


as medidas sensoriais;

› métodos estatísticos, que desenvolveu e simplificou para analisar os dados


coletados de modo quantitativo.

1.1.2. A década de Cattell: 1890


» Foi discípulo de Galton.

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» Desenvolveu a medida das diferenças individuais e da avaliação do desempenho


acadêmico de crianças.

» Tinha um enfoque mais individual e se interessava pelas diferenças individuais


das pessoas.

» Fundou o laboratório de psicologia na Universidade da Pensilvânia.

» Posteriormente, fundou outro laboratório na Universidade de Columbia.

» Criou a expressão “mental test”, em seu artigo “Mental tests and their
measurements”, que foi utilizada para avaliar o nível intelectual por meio de provas
aplicadas anualmente em estudantes universitários nos EUA.

» Dava importância às medidas sensoriais, pois acreditava que eram mais precisas.

» Constatou que as medidas objetivas para as funções mais complexas, que estavam
sendo usadas, principalmente, na Alemanha (tais como testes contendo operações
simples de aritmética, testes de memória e resistência à fadiga, testes de cálculo,
duração de memória e complementação de sentenças), não produziam resultados
compatíveis com o desempenho acadêmico.

Vale ressaltar que os testes de Cattell também não produziam resultados congruentes
entre si, não tinham correlação com o desempenho acadêmico dos alunos nem com a
avaliação que os professores faziam do nível intelectual deles.

Outro teórico dessa década foi Karl Pearson:

» Também foi discípulo de Galton.

» Desenvolveu o coeficiente de correlação produto/momento.

1.1.3. A década de Binet: 1900


» Avaliava, por meio da predição, as aptidões na área acadêmica e na área da saúde.

» Binet criou exercícios para o desenvolvimento mental das crianças, os “ortopédicos


mentais”.

Outro teórico dessa década foi Spearman:

» Criou os fundamentos da teoria da psicometria clássica.

» Obras: “The proof and measurement of association between two things”


(1904), “’General intelligence’ objectively determined and measured” (1904b),
“Demonstration of formulae for true measurement of correlation” (1907) e
“Correlations of sums and differences” (1913).

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O Porquê dos Testes Psicológicos | UNIDADE I

Binet fez críticas aos testes existentes, acreditando que eles eram irrelevantes porque
eram somente medidas sensoriais que, mesmo sendo mais precisas, não tinham relação
importante com as funções intelectuais, ou eram testes de conteúdo intelectual, que
buscavam habilidades específicas, como memorizar, calcular etc.

Para Binet, os testes deveriam medir funções mais complexas, como a memória, a
imaginação, a atenção, a compreensão, entre outros. Dessa forma, Binet e Simon
criaram o teste de 30 itens para abarcar uma variedade de funções (como julgamento,
compreensão e raciocínio), objetivando avaliar o nível de inteligência de crianças e
adultos. Eles buscavam detectar o retardo mental.

A era dos testes foi iniciada a partir de Binet e Simon, que elaboraram testes de conteúdo
mais cognitivo (e não sensorial) e abarcaram funções mais amplas (não específicas).

Edward L. Thorndike, discípulo de Cattell, em 1904, publicou o primeiro livro abordando


medidas mentais e educacionais, e seu discípulo, Cliff W. Stone, publicou o primeiro
teste padronizado em aritmética, o Stone arithmetic test (1908).

1.1.4. A era dos testes de inteligência: 1910 a 1930


» Teste de inteligência de Binet-Simon (1905):

Q.I. = 100(IM/IC),

onde:

› Q.I. = quociente intelectual.

› IM = idade mental.

› IC = idade cronológica.

» Artigo de Spearman sobre o fator g (1904).

» Aprimoramento da escala Binet-Simon, em 1916, por Lewis M. Terman, da


Universidade de Stanford, lançando as bases para os modernos testes de
inteligência.

» Na Primeira Guerra Mundial, a seleção dos recrutas para o exército deveria ser
rápida, eficiente e universal. Foram criados os testes Army Alpha e Beta.

» Foram introduzidos os testes de aplicação coletiva.

» Outros teóricos dessa década:

› Joseph Jastrow desenvolveu 15 testes na Universidade de Wisconsin (1892-1927).

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› Hugo Musterberg elaborou testes para crianças em seu laboratório em Harvard


(1892-1916).

Na década de 1920, foram criados mais de 100 testes. Poucos continuam sendo utilizados
atualmente.

1.1.5. A década da análise fatorial: 1930

Na década de 1920, foi constatado que os testes de inteligência dependiam da cultura


na qual eram elaborados, e a ideia de um fator geral universal do estilo Spearman
começou a ser repensada pelos psicólogos estatísticos. Assim, houve a diminuição da
euforia com os testes de inteligência.

Thurstone foi um teórico importante dessa década, nos EUA:

» Desenvolveu a análise fatorial múltipla.

» Trabalhou no desenvolvimento da escalagem psicológica.

» Criou a bateria “Primary mental abilities”, a partir da qual outras surgiram (DAT,
PMA, GATB, TEA, WISC, WAIS).

» Fundou, em 1936, a Sociedade Psicométrica Americana e a revista Psychometrika,


ambas buscando o estudo e a evolução da psicometria.

Foram criados os testes e inventários de personalidade (MMPI, 16PF, EPPS, POI, CPI,
CEP, EPI), além dos testes projetivos (TAT, CAT, Rosenzweig, Szondi, Rorschach, HTP).

1.1.6. A era da sistematização: 1940 a 1980


Essa década foi marcada por duas inclinações opostas:

» Trabalhos de síntese:

› Guilford, em sua obra “Psychometric methods”, publicada em 1936 e reeditada


em 1954, buscou estruturar a evolução da psicometria. Em outra obra, buscou
organizar uma teoria sobre a inteligência.

› Gulliksen, em sua obra “Theory of mental tests”, de 1950, buscou estruturar a


teoria clássica dos testes psicológicos.

› Torgerson, em sua obra “Theory and methods of scaling”, de 1958, buscou


estruturar a teoria sobre a medida escalar.

› Thurstone e Harman fizeram um apanhado dos avanços na área da análise


fatorial.

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› Cattell buscou condensar os dados da medida em personalidade.

› Buros iniciou uma coleção de todos os testes existentes no mercado, que é


refeita a cada 5 anos, o Mental Measurement Yearbook. No mesmo período, a
American Psychological Association (APA) adotou as normas de elaboração e
uso dos testes.

» Trabalhos de crítica:

› Stevens abordou a polêmica das escalas de medida.

› A obra de Lord e Novick “Statistical theories of mental tests scores”, de 1968,


fez a primeira crítica à teoria clássica dos testes. Os autores começaram a criar
uma alternativa, a teoria do traço latente. Ela influenciou o surgimento da Teoria
de Resposta ao Item (TRI), que é a teoria moderna da psicometria.

› O modelo de psicologia cognitiva de Sternberg introduziu os procedimentos e


as pesquisas sobre os componentes cognitivos na área da inteligência.

1.1.7. A era da psicometria moderna (Teoria de Resposta ao


Item – TRI): 1980 em diante

Essa é a teoria mais nova existente, mas ela ainda não resolveu todos os problemas
fundamentais da psicometria. Dessa forma, substituiu apenas partes do modelo da
psicometria clássica.

Atualmente, os psicometristas vêm atuando nas seguintes linhas:

» Organização da psicometria clássica, por meio dos autores: Anastasi, Crocker,


Algina e Thorndike.

» Organização e pesquisa na TRI, por meio dos autores: Lord, Hambleton,


Swaminathan, Hambleton, Swaminathan, Rogers e Embretson.

» Pesquisa em áreas paralelas à psicometria:

› testes com referência ao critério (Berk);

› testes sob medida (computer adaptive testing – Wainer);

› banco de itens (Applied psychological measurement; Millman e Arter; Wright e Bell);

› equiparação dos escores (Angoff; Holland e Rubin; Skaggs e Lissitz);

› validade dos testes (Wainer e Braun);

› vieses dos testes (Berk; Reynolds e Brown; Osterlind);

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› construção de itens (Brown; Gronlund; Mehrens e Lemann; Osterlind; Roid; Roid


e Haladyna).

» Pesquisas da psicologia cognitiva na área de aptidões, por meio do estudo dos


componentes cognitivos (Sternberg; Sternberg e Detterman; Sternberg e Weil;
Carpenter, Just e Shell).

» Principais revistas que publicam os trabalhos da psicometria:

› Psychometrika, fundada em 1936.

› Educational and Psychological Measurement, fundada em 1941.

› The British Journal of Mathematical and Statistical Psychology, fundada em


1948.

› Journal of Educational Measurement, fundada em 1964.

› Journal of Educational Statistics, fundada em 1976.

De acordo com Gouveia (2009), os pesquisadores da avaliação psicológica no Brasil


podem ser unidos em três gerações.

Na primeira, alguns dos autores são:

» André Jacquemin (USP);

» Cícero Vaz (PUC-RS);

» Cláudio Hutz (UFRGS);

» Jurema Cunha (PUC-RS);

» Luiz Pasquali (UnB); e

» Solange Wechsler (UNICAMP).

Eles criaram publicações especializadas, como a Revista Brasileira de Orientação


Vocacional e a Revista da Sociedade de Rorschach e Avaliação Psicológica, e as seguintes
associações:

» Associação Brasileira de Orientação Vocacional;

» Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos; e

» Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica.

Esses pesquisadores foram os precursores, no Brasil, em utilizar a moderna Teoria de


Resposta ao Item (TRI) e as análises por equações estruturais.

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Na segunda geração, alguns dos autores são:

» Ana Paula Noronha (USF);

» Denise Bandeira (UFRGS);

» Elizabeth Nascimento (UFMG);

» João Carlos Alchieri (UFRN);

» Ricardo Primi (USF);

» Roberto Cruz (UFSC);

» Sonia Pasian (USP); e

» Wagner Andriola (UFC).

Esses autores incorporaram as novas tecnologias de construção de itens e análise de


dados (por exemplo, Alceste, Amos, Bilog-MG, Circum, GGUM2000, GraphPadPrism,
Parscale, Testfact). Alguns deles ajudaram a implementar e a consolidar programas
de pós-graduação (stricto e lato sensu) voltados para a avaliação psicológica. Muitos
recebem bolsas do CNPq e contribuem com publicações importantes, tanto nacionais
quanto internacionais.

Na terceira geração, alguns autores são:

» Adriana de Andrade Gaião e Barbosa (UFPB);

» Carlos Henrique Nunes (UFSC);

» Caroline Reppold (UFCSPA);

» Fabián Rueda (USF);

» Girlene Ribeiro de Jesus (CESPE-UnB);

» Igor Menezes (UFBA);

» Jorge Artur Peçanha de Miranda Coelho (UFAL);

» Josemberg Moura de Andrade (UFF);

» Patrícia Nunes da Fonseca (UNIPE); e

» Walberto Silva dos Santos (UFC).

Outros pesquisadores que contribuem para o fortalecimento da avaliação psicológica:

» Acácia Aparecida Angeli dos Santos;

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» Latife Yazigi;

» Blanca Susana Guevara Werlang.

Essa geração pode trabalhar no campo da TRI com modelos politômicos, de


desdobramento, procedimentos de reamostragem, análises paralelas, análises
curvilineares, escalonamentos muldidimensionais confirmatórios etc.

De acordo com Pasquali e Alchieri (2001), o desenvolvimento do uso dos testes e da


avaliação psicológica no Brasil pode ser compreendido em cinco fases, iniciando-se na
primeira metade do século XIX. São elas:

» produção médico-científica acadêmica (1836-1930);

» estabelecimento e difusão da Psicologia no ensino nas universidades (1930-1962);

» criação dos cursos de graduação em Psicologia (1962-1970);

» implantação dos cursos de pós-graduação (1970-1987); e

» emergência dos laboratórios de pesquisa, de 1987 em diante.

Durante seu desenvolvimento, de acordo com Caixeta e Silva (2014), a testagem passa:

» de uma visão de poder/saber centralizador e autoritário para uma posição


relacional, social e aberta;

» por um contínuo aumento, dentro do ambiente universitário, do uso dos testes


de maneira científica;

» de um uso dos testes importados para a sua adaptação à realidade do Brasil (os
psicólogos brasileiros também passam a desenvolver testes);

» a ser institucionalizada e se torna padronizada e referencial de pesquisa;

» a validar o trabalho do psicólogo; e

» a favorecer a evolução da Psicologia como ciência.

De acordo com Primi (2010), a partir da década de 1990, vários eventos sobre a avaliação
psicológica são realizados:

» Encontro de Técnicas do Exame Psicológico, pela USP, em São Paulo.

» Encontro Nacional sobre Testes Psicológicos, pela UFRGS e PUC-RS, em Porto Alegre.

» Encontro Mineiro de Avaliação Psicológica, pela UFMG, PUC-MG, Centro


Universitário Newton Paiva e FUMEC, em Minas Gerais.

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» Encontro da Sociedade Brasileira de Rorschach e outros métodos projetivos,


que, em 2004, passou a se chamar Associação Brasileira de Rorschach e Métodos
Projetivos (ASBRo), pela USP-RP, em Ribeirão Preto.

Esses eventos possibilitaram a reunião, o intercâmbio e a organização dos pesquisadores


da área, o que levou ao surgimento das duas maiores sociedades científicas da área:

» ASBRo: fundada em 1993. Site: http://www.asbro.org.br.

» Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP): fundado em 1997 pelos


psicólogos que estavam construindo, validando e adaptando os testes no
Brasil. Por meio de sua revista científica (Revista Avaliação Psicológica), buscam
melhorar a qualidade dos testes e da avaliação psicológica, bem como promovem
congressos para estimular o desenvolvimento da produção científica e a reunião
de profissionais em torno do tema. Site: http://www.ibapnet.org.br.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), em 2001, criou o Sistema de Avaliação dos


Testes Psicológicos (SATEPSI):

» É uma norma de certificação de instrumentos de avaliação psicológica.

» Avalia e qualifica os instrumentos em “apto” ou “inapto” para uso profissional.

» Verifica objetivamente os requisitos técnicos mínimos (fundamentação teórica,


precisão, validade e normatização), definidos pela área.

» É coordenado por uma comissão consultiva em avaliação psicológica mantida


pelo CFP e por um grupo de pareceristas composto por pesquisadores e
profissionais da área.

» Busca aumentar a qualidade dos instrumentos de avaliação.

Com o SATEPSI, o Brasil foi o primeiro país a implementar um sistema de certificação,


baseando-se nos critérios internacionais de qualidade de testes envolvendo todos os
instrumentos utilizados no país. Ele está servindo como modelo a ser implementado
por vários países da América do Sul, além de Portugal e países africanos de língua
portuguesa.

Linha do tempo SATEPSI, adaptada da edição de maio de 2019 da Revista Diálogos.


Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/05/19.10-Dialogos-
Ed10_Web.pdf.

2001

» Primeiras discussões para a criação do SATEPSI.

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UNIDADE I | O Porquê dos Testes Psicológicos

» Resolução n. 25/2001, que define teste psicológico como método de avaliação do


psicólogo e regulamenta sua elaboração, comercialização e uso.

2003

» Criação do SATEPSI.

» Resolução CFP n. 2/2003, que regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização


de testes psicológicos.

» Resolução CFP n. 7/2003, que institui o manual de elaboração de documentos


escritos produzidos pelo psicólogo, decorrentes de avaliação psicológica.

2005

» 2005 a 2010 ocorreram visitas da CCAP a todos os CRPs para divulgar o


SATEPSI.

2007

» Cartilha sobre avaliação psicológica.

2010

» Avaliação Psicológica: Diretrizes na Regulamentação da Profissão.

2011

» Treinamento aos pareceristas ad hoc do SATEPSI.

» Ano Temático da Avaliação Psicológoca – Textos Geradores.

» Lançamento do Prêmio Profissional “Avaliação Psicológica na perspectiva dos


Direitos Humanos”.

2012

» Seminário Nacional do Ano Temático da Avaliação Psicológica.

» Relatório do Ano temático da Avaliação Psicológica 2011/2012.

» Resolução CFP n. 5/2012, que dispõe sobre requisitos éticos e de defesa dos
direitos humanos na construção de testes psicológicos.

2013

» Cartilha Avaliação Psicológica.

» Campanha: A banalização da Avaliação Psicológica prejudica toda a sociedade.

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O Porquê dos Testes Psicológicos | UNIDADE I

2015

» Primeiro edital para pareceristas ad hoc do SAEPSI.

» Resolução CFP n. 34/2015, que define e regulamenta a Comissão Consultiva em


Avaliação Psicológica.

2016

» Segundo edital para pareceristas ad hoc do SATEPSI.

» Palestras itinerantes da CCAP nas cinco regiões geopolíticas do Brasil.

2017

» Terceiro edital para pareceristas ad hoc do SATEPSI.

» Resolução CFP n. 3/ 2017, que altera a Resolução CFP n. 34/2015.

» Publicação das notas técnicas n. 1/2017 e n. 2/2017.

2018

» Resolução n. 9/2018, que estabelece diretrizes para a realização de avaliação


psicológica no exercício profissional da Psicologia, regulamenta o Sistema de
Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) e revoga as Resoluções n. 2/2003, n.
6/2004 e n. 5/2012 e Notas Técnicas n. 1/2017 e 2/2017.

A avaliação psicológica era vista como aplicação de testes antes da aprovação dessa
última resolução, que a fundamenta como um processo, sendo muito mais do que
a aplicação de testes psicológicos.

Essa resolução está organizada em seis eixos centrais, de acordo com a edição de
maio de 2019 da Revista Diálogos, disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/
uploads/2019/05/19.10-Dialogos-Ed10_Web.pdf.

Os seis eixos principais:

1. diretrizes básicas para se realizar a avaliação psicológica;

2. submissão e avaliação de testes ao SATEPSI;

3. submissão ao SATEPSI de versões semelhantes de testes psicológicos aprovados


(informatizados e não informatizados);

4. atualização de normas dos testes psicológicos;

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UNIDADE I | O Porquê dos Testes Psicológicos

5. atualização de estudos de validade de testes psicológicos;

6. justiça e proteção dos direitos humanos na avaliação psicológica.

Essa resolução dá autonomia para os psicólogos adotarem os métodos, técnicas


e instrumentos que julgarem necessários em suas avaliações. Além dos testes
regulamentados pelo SATEPSI, podem ser utilizados a entrevista/anamnese e
protocolos ou registros de observação de comportamentos nas sessões individuais
ou em grupo, para examinar se uma pessoa apresenta uma determinada
característica.

Podem ser usadas, também, fontes complementares, isto é, técnicas não psicológicas
que possuem base científica e ética, além de relatórios de equipes multiprofissionais
e protocolos para apoiar o psicólogo que está realizando a avaliação psicológica.
Dessa forma, para realizar o laudo, o psicólogo pode usar, além dos testes, outras fontes
fundamentais e recursos complementares na elaboração de seu documento, mas o laudo
não poderá ser baseado unicamente em recursos complementares.

A avaliação psicológica compulsória ocorre quando tem caráter de obrigatoriedade,


por meio de uma exigência legal. São elas:

1. Avaliação psicológica no contexto do trânsito: de acordo com Faiad e Alves (2018),


o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) formulou a Resolução n. 80/1998,
que regulamentou a avaliação psicológica de candidatos à CNH. As características
dos psicólogos para atuar nesta área, de acordo com a resolução, são:

› ter, no mínimo, um ano de formado;

› estar com o registro de psicólogo atualizado no respectivo Conselho Regional


de Psicologia;

› ter experiência de um ano na área de avaliação psicológica; e

› ter concluído o curso de capacitação para psicólogo responsável pela avaliação


psicolpsicológicagica e como psicólogo perito examinador do trânsito.

As características a serem avaliadas nos candidatos à CNH, de acordo com esta


resolução, são:

› habilidades específicas, entre elas a atenção perceptorreacional;

› área motora;

› nível mental; e

› equilíbrio psíquico.

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O Porquê dos Testes Psicológicos | UNIDADE I

» Em 2008, o CFP publicou a nova Resolução n. 7/2009, apresentando as seguintes


características a serem avaliadas nos candidatos:

› diferentes tipos de atenção, isto é, atenção difusa, vigilância, atenção sustentada,


atenção concentrada, distribuída, atenção dividida e atenção alternada.

2. Avaliação psicológica para concursos públicos: para Faiad e Alves (2018), a


avaliação psicológica constitui uma das fases de um concurso público e busca
verificar se as características de um candidato são compatíveis com as solicitadas
por meio do perfil pré-estabelecido para o cargo, isto é, os aspectos cognitivos, as
habilidades específicas e de personalidade. A avaliação busca também identificar
traços de psicopatologia.

A Resolução n. 9/2018 do CFP organizou alguns dos procedimentos a serem


utilizados pelos psicólogos, como a obrigatoriedade de entrevista devolutiva, a
manutenção do sigilo dos dados e a necessidade da inscrição do psicólogo em
seu respectivo Conselho Regional.

3. Avaliação psicológica para porte de armas: de acordo com a Revista Diálogos


(disponível em: <https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/05/Dialogos-
Ed10_Encarte_Web_2.pdf), a Polícia Federal regulamentou, por meio da Instrução
Normativa n. 78, de 10 de fevereiro de 2014, as características que devem ser
avaliadas para conceder porte e manuseio de arma de fogo. São elas:

› atenção necessária (concentrada e difusa);

› memória (auditiva e visual);

› o indivíduo ser capaz de se adaptar;

› o indivíduo ter autocrítica;

› o indivíduo possuir autoestima;

› o indivíduo possuir autoimagem;

› o indivíduo possuir controle e estabilidade emocional;

› o indivíduo ser capaz de tomar decisões;

› o indivíduo ter empatia;

› o indivíduo ser equilibrado;

› o indivíduo ter flexibilidade;

› o indivíduo ter maturidade;

19
UNIDADE I | O Porquê dos Testes Psicológicos

› o indivíduo ser prudente;

› o indivíduo ter senso crítico.

Os fatores psicológicos restritivos são o indivíduo:

› estar em conflito;

› ter depressão;

› ser dissimulado;

› possuir algum distúrbio;

› ser exibicionista;

› ser explosivo;

› ter baixa tolerância à frustração;

› ser hostil;

› ser imaturo;

› ser imprevisível;

› ser indeciso;

› ser influenciável;

› ser inseguro;

› ser instável;

› possuir irritabilidade;

› possuir negativismo;

› ser obsessivo;

› ser opositor;

› ter alguma perturbação;

› ser pessimista;

› possuir algum transtorno;

› ser vulnerável.

De acordo com a publicação da revista Diálogos, para medir as características da


personalidade e as habilidades específicas dos indivíduos usuários de arma de fogo,

20
O Porquê dos Testes Psicológicos | UNIDADE I

o psicólogo responsável pela avaliação psicológica pode escolher os instrumentos


que irá utilizar, mas a avaliação deve conter, ao menos:

› um teste projetivo;

› um teste expressivo;

› um teste de memória;

› um teste de atenção difusa e concentrada;

› uma entrevista estruturada.

Para o certificado de registro de armas de fogo para colecionador, tiro desportivo


e caça, o laudo de aptidão poderá ser elaborado por qualquer psicólogo inscrito
no Conselho Regional de Psicologia e, para se credenciar na Polícia Federal para
realizar concessão de porte e manuseio de arma de fogo, precisa apresentar
algumas documentações, como, por exemplo:

› Comprovar três anos de experiência com os instrumentos de avaliação que


serão utilizados na bateria de testes.

› Ter certificado de cursos sobre os testes com carga horária mínima de 80 horas
de aula.

› A sala de aplicação de testes deve ter equipamentos adequados para a sua


aplicação e possuir, no mínimo, 4 m² para a testagem individual e, no mínimo, 2
m² por candidato para as testagens coletivas e deve ser isolada acusticamente.

4. Avaliação psicológica para realizar cirurgia bariátrica: de acordo com a Revista


Diálogos, estão contraindicados a realizar a cirurgia bariátrica indivíduos com
alguma doença mental que possa interferir no tratamento, tais como:

› alcoolismo;

› dependência química;

› depressão grave com ou sem ideação suicida;

› psicoses graves.

Não existem, até o momento, regulamentações para a realização do processo de


avaliação. De acordo com esta edição da Revista Diálogos, muitas pesquisas que
estão sendo realizadas indicam que as características a serem avaliadas são, entre
outras:

› A percepção do indivíduo sobre a cirurgia.

21
UNIDADE I | O Porquê dos Testes Psicológicos

› A crença de que a cirurgia é um procedimento estético e que melhorará sua


insatisfação corporal.

› O desenvolvimento de patologias após a cirurgia como, por exemplo:

▪ ansiedade;

▪ depressão;

▪ vigorexia;

▪ bigorexia;

▪ transtornos dismórficos corporais;

▪ automutilação;

▪ ideação suicida; e

▪ tentativa de suicídio.

› O suporte familiar: o pós-cirúrgico necessita de muitas restrições alimentares,


o que pode causar ansiedade no paciente. Dessa forma, o suporte familiar
contribui para o sucesso da cirurgia bariátrica.

› O comportamento compulsivo: tem-se observado constantemente a troca de


compulsão da comida pelo álcool, pela vigorexia e pela bigorexia.

As pesquisas também têm demonstrado que, no processo de avaliação dos


candidatos, a técnica mais utilizada tem sido a entrevista semiestruturada, realizada
em somente um encontro. Essas avaliações não são confiáveis e são inconsistentes.
De acordo com a edição da Revista Diálogos, testes projetivos e expressivos devem
também ser utilizados na avaliação.

5. Avaliação psicológica para realizar transplante de órgãos: o objetivo dessa


avaliação, de acordo com a Revista Diálogos, é prevenir problemas emocionais e
psicossociais após os transplantes, pois muitos desses pacientes possuem depressão
e ansiedade. Na avaliação, deve ser verificado se o paciente tem condições de fazer
o autocuidado depois do procedimento cirúrgico, se ele tem o entendimento de
todo o percurso e se tem alguma patologia que possa atrapalhar esse processo.

A avaliação realizada no doador deve incluir seu entendimento sobre todo o


percurso e o que o motivou a tomar essa decisão. É realizada uma psicoeducação,
a fim de informar sobre o processo.

6. Avaliação Psicológica para realizar a reprodução assistida: para a Revista


Diálogos (2019), a avaliação psicológica não busca medir se os indivíduos

22
O Porquê dos Testes Psicológicos | UNIDADE I

que procuram este tratamento estão aptos ou não a realizar o procedimento.


A avaliação busca auxiliar no suporte emocional dos envolvidos. O Guia de
Recomendações de Atenção Psicossocial nos Centros de Reprodução Assistida,
lançado em 2018, pode indicar as diretrizes para este tipo de avaliação psicológica.

7. Avaliação psicológica para a readequação genital: a nova edição da Classificação


Internacional de Doenças (CID 11) retirou a transexualidade do capítulo de doenças
mentais e a colocou em um capítulo sobre saúde sexual geral. O SUS realiza, desde
2008, cirurgias de readequação genital, e o CFP publicou a Resolução n. 1/2018,
que trata das boas práticas na atenção em saúde das pessoas trans e travestis, de
acordo com a Revista Diálogos (2019).

A avaliação psicológica desse indivíduo deve ser baseada nas demandas médicas
e sociais da identidade de gênero. Também deve se basear nas demandas desse
sujeito, tendo como objetivo não somente a lógica diagnóstica, mas também o
funcionamento psicossocial global do candidato. O psicólogo deverá escolher
elaborar laudo ou atestado.

8. Avaliação psicológica nos trabalhadores regidos pelas Normas Regulamentadoras


do Ministério do Trabalho: NR33 (atividades e espaço confinado) e NR35 (atividades
em alturas).

9. Avaliação psicológica para o ingresso na aviação civil, entre outras: a edição de


maio de 2019 da Revista Diálogos cita outras modalidades de avaliação psicológica.
São elas:

› Avaliação psicológica de surdos.

› Avaliação psicológica em contextos de emergências e desastres.

› Avaliação psicológica em paratletas.

› Avaliação psicológica na equoterapia.

› Avaliação psicológica no contexto indígena.

23
Capítulo 2
O PSICODIAGNÓSTICO

Para Cunha (2000), o psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica com objetivos clínicos.
É um processo que busca identificar forças e fraquezas no funcionamento psicológico,
focando na existência ou não de psicopatologia.

A Psicologia foi influenciada por duas tradições filosóficas, de acordo com Araújo (2007):
o positivismo e o humanismo.

O positivismo busca o conhecimento objetivo por meio da neutralidade científica e da


experimentação. É baseado no método científico aplicado às ciências naturais. Nessa
perspectiva, o homem é um objeto de estudo que pode ser observado e mensurado,
isto é, pode ser estudado da mesma forma que algum fenômeno na natureza.

A avaliação psicológica, nessa perspectiva, segue o modelo médico e psicométrico e


valoriza o uso dos testes psicológicos a fim de proporcionar o tratamento mais eficaz.
Aqui, para identificar as características da personalidade, é utilizada a classificação
nosológica, enfatizando os sintomas.

O uso da psicometria foi ampliado, e os testes psicológicos começaram a ser utilizados


para medir a capacidade intelectual e as aptidões individuais. Ela começou a ser utilizada
nas áreas:

» clínica;

» escolar (diagnosticando as dificuldades de aprendizagem das crianças); e

» de Recursos Humanos (na seleção das pessoas para funções específicas).

Com essa ampliação, os resultados dos testes deixam de ser entregues a outros
profissionais e os psicólogos iniciam o trabalho de orientar os médicos, os pais, os
professores e as empresas.

Já o humanismo opõe-se ao positivismo, questionando a aplicação do método das


ciências naturais às ciências humanas. Defende que a subjetividade é muito importante,
não sendo possível a separação total entre sujeito e objeto de estudo. Foi influenciado
pela fenomenologia e pela psicanálise, enfatizando a subjetividade, a intencionalidade,
o sentido e o significado das experiências e dos sintomas, o inconsciente e a relação
entre o indivíduo e o objeto de estudo. Buscava compreender o homem globalmente.

Questionava os modelos de avaliações psicológicas realizadas apenas por meio de


testes psicológicos, estruturados e padronizados. Assim, surgiram outras formas de
diagnóstico que culminaram no psicodiagnóstico e em outras maneiras de avaliação,

24
O Porquê dos Testes Psicológicos | UNIDADE I

como as entrevistas diagnósticas, usando ou não testes e técnicas (estruturadas ou não)


para investigar a personalidade.

De acordo com Araújo (2007), o diagnóstico se originou da palavra grega “diagnõstikós”,


que significa “discernimento, faculdade de conhecer, de ver por meio de”. Atualmente,
o diagnóstico busca conhecer algum fenômeno ou realidade através de um conjunto
de procedimentos teóricos, técnicos e metodológicos. Foi inicialmente utilizado pela
Medicina e, posteriormente, ampliado para outras áreas do conhecimento. Na Psicologia,
o diagnóstico e a avaliação psicológica são importantes no processo de formação do
psicólogo.

O psicodiagnóstico, de acordo com Cunha (2000), surgiu com a psicanálise,


possibilitando entender e classificar os transtornos mentais por meio de um novo
olhar. Anteriormente, o modelo que existia para estudar as doenças mentais
vinha, principalmente, do trabalho de Kraepelin, que procurava indicar critérios de
diagnóstico diferencial para a esquizofrenia.

No período que antecedeu Freud, o enfoque do transtorno mental era médico e


buscava identificar sinais e sintomas que constituíam as síndromes. A ciência médica
se interessava pelos pacientes graves, hospitalizados.

A abordagem se modificou no período freudiano. O quadro dos pacientes atendidos


não era tão grave, eles não se encontravam internados, e seus sintomas eram
entendidos de forma compreensiva e dinâmica.

O diagnóstico psicológico pode ser realizado, segundo Cunha (2000):

» Pelo psicólogo e pelo psiquiatra (às vezes pelo neurologista ou psicanalista): nesse
caso, os testes e técnicas privativas dos psicólogos não são usados, devendo ser
utilizado somente o modelo médico para examinar funções e identificar patologias.
Cumpre vários objetivos, exceto o de classificação simples.

» Por uma equipe multiprofissional (psicólogo, psiquiatra, neurologista, orientador


educacional, assistente social e outros): aqui, cada profissional utiliza seu modelo
próprio, buscando uma avaliação completa e inclusiva, para integrar os dados
interdependentes (de natureza psicológica, médica, social etc.).

» Somente pelo psicólogo clínico, quando utiliza o psicodiagnóstico, incluindo


técnicas e testes privativos dos psicólogos.

A estratégia e os instrumentos utilizados no psicodiagnóstico são escolhidos em função:

» do referencial teórico;

25
UNIDADE I | O Porquê dos Testes Psicológicos

» do objetivo (clínico, profissional, educacional, forense etc.); e

» da finalidade (diagnóstico, indicação de tratamento e/ou prevenção).

De acordo com Araújo (2007), independentemente da estratégia e dos instrumentos


utilizados, todos têm em comum a busca por:

» qualidade da formação em avaliação psicológica;

» qualidade do conteúdo das disciplinas;

» validar os testes psicológicos;

» integrar o ensino-aprendizagem na prática diária.

De acordo com Araújo (2007), o psicodiagnóstico começou a ser utilizado em vez


de somente testes da psicometria. Os testes passaram a ser utilizados com outros
procedimentos clínicos, a fim de compreender globalmente a personalidade do indivíduo.

No Brasil, os modelos de psicodiagnóstico mais utilizados, segundo o autor, são:

» os elaborados por Ocampo et al (2005), Arzeno (2003) e Cunha (2000);

» o modelo compreensivo elaborado por Trinca (1984a, 1984b);

» o modelo fenomenológico elaborado por Ancona-Lopez (1995), Cupertino (1995)


e Yehia (1995).

Para Cunha (2000), o psicometrista valoriza os aspectos técnicos da testagem, usa


os testes para obter dados, a fim de buscar traços ou descrever capacidades. Já no
psicodiagnóstico, além dos testes, outras estratégias são usadas a fim de avaliar o
indivíduo de forma sistemática e científica, buscando resolver problemas.

Os objetivos mais comuns do psicodiagnóstico são, de acordo com Cunha (2000):

Tabela 1. Objetivos do psicodiagnóstico.

Objetivos Especificação
O exame compara a amostra do comportamento do examinando com os resultados de
Classificação outros sujeitos da população geral ou de grupos específicos, com condições demográficas
simples equivalentes; esses resultados são fornecidos em dados quantitativos, classificados
sumariamente, como em uma avaliação de nível intelectual.
Ultrapassa a classificação simples, interpretando diferenças de escores, identificando forças
Descrição e fraquezas e descrevendo o desempenho do paciente, como em uma avaliação de déficits
neuropsicológicos.
Classificação
Hipóteses iniciais são testadas, tomando como referência critérios.
nosológica
Diagnóstico São investigadas irregularidades ou inconsistências do quadro sintomático, para diferenciar
diferencial alternativas diagnósticas, níveis de funcionamento ou a natureza da patologia.

26
O Porquê dos Testes Psicológicos | UNIDADE I

Objetivos Especificação
É determinado o nível de funcionamento da personalidade, são examinadas as funções do
Avaliação
ego, em especial a de insight, condições do sistema de defesa, para facilitar a indicação de
compreensiva
recursos terapêuticos e prever a possível resposta a eles.
Ultrapassa o objetivo anterior, por pressupor um nível mais elevado de inferência clínica,
Entendimento havendo uma integração de dados com base teórica. Permite chegar a explicações de
dinâmico aspectos comportamentais nem sempre acessíveis na entrevista, à antecipação de fontes de
dificuldades na terapia e à definição de focos terapêuticos etc.
Procura identificar problemas precocemente, avaliar riscos, fazer uma estimativa de forças e
Prevenção
fraquezas do ego, de sua capacidade para enfrentar situações novas, difíceis e estressantes.
Prognóstico Determina o curso provável do caso.
Fornece subsídios para questões relacionadas com “insanidade”, competência para o
Perícia forense exercício das funções de cidadão, avaliação de incapacidades ou patologias que podem se
associar com infrações da lei etc.

Fonte: adaptado de Cunha, 2000.

Para Ocampo et al (2005) e Arzeno (2003), o psicodiagnóstico é uma prática clínica


delimitada que tem objetivos, tempo e papéis definidos. Seu modelo de psicodiagnóstico
está dentro do referencial psicanalítico, valorizando a entrevista, a relação terapêutica
e a devolução ao final do processo.

Para as autoras, o psicodiagnóstico:

» busca compreender profunda e completamente a personalidade do paciente;

» engloba o diagnóstico atual e o prognóstico (perspectivas futuras); e

» é utilizado para esclarecer o diagnóstico, o encaminhamento e o tratamento.

Os principais instrumentos utilizados são:

» a entrevista clínica;

» a aplicação de testes e técnicas projetivas;

» a entrevista devolutiva; e

» a elaboração do laudo (quando solicitado).

No início do processo, são definidos:

» os objetivos;

» os papéis de cada um (psicólogo, paciente, pais e/ou família);

» a duração (em média quatro ou cinco sessões, que podem ser ampliadas ou
reduzidas, de acordo com a necessidade);

» local;

27
UNIDADE I | O Porquê dos Testes Psicológicos

» horário;

» tempo das entrevistas;

» honorários e forma de pagamento.

De acordo com Ocampo et al (2005), o psicodiagnóstico envolve quatro etapas:

» A primeira engloba desde o contato inicial até a primeira entrevista.

» A segunda engloba a aplicação de testes e técnicas projetivas.

» A terceira engloba o final do processo e a entrevista devolutiva.

» A quarta engloba a elaboração do laudo para quem solicitou o psicodiagnóstico.

De acordo com Arzeno (2003), o psicodiagnóstico consiste em sete etapas:

» A primeira engloba desde o contato inicial até o primeiro encontro. Aqui, o


psicólogo tem suas primeiras impressões e deve ficar atento a como o contato
inicial foi feito.

» A segunda engloba as primeiras entrevistas. O psicólogo deve:

› buscar o motivo latente e manifesto da consulta;

› buscar as ansiedades e defesas que o paciente, pais e/ou família apresentam;

› buscar as expectativas e fantasias em relação à doença e à cura;

› perceber a forma como o paciente se coloca;

› perceber o que o paciente prioriza em seu relato;

› perceber como o paciente se relaciona (com o psicólogo, com si mesmo, com


a família) para reconhecer os aspectos transferenciais e contratransferenciais,
as resistências e a capacidade de elaboração e mudança.

» Na terceira, o psicólogo reflete sobre o material que colheu nas fases anteriores
e analisa as hipóteses iniciais, a fim de planejar as próximas fases e escolher os
instrumentos diagnósticos que serão utilizados.

» A quarta engloba as entrevistas e a aplicação dos testes e técnicas escolhidos. Se


for necessário, alterações podem ser feitas durante o processo.

» A quinta engloba a análise e incorporação dos dados levantados nas entrevistas,


nos testes e na história clínica, visando compreender o caso globalmente.
Nessa etapa, o psicólogo precisa, além da capacidade analítica, dominar a teoria
e a metodologia, para perceber as recorrências e convergências entre os dados

28
O Porquê dos Testes Psicológicos | UNIDADE I

e os aspectos importantes do material coletado, para conseguir compreender


amplamente a personalidade do paciente e sua dinâmica familiar.

» A sexta engloba a devolução, que pode ser feita em uma ou mais entrevistas.
Normalmente, nessa etapa, aparecem novos elementos que auxiliam na validação
das conclusões ou esclarecem pontos obscuros.

» A sétima engloba a preparação do laudo com as conclusões diagnósticas e


prognósticas. As sugestões terapêuticas para o paciente são realizadas nessa etapa.

O processo diagnóstico compreensivo elaborado por Trinca (1984a) busca integrar a


personalidade, compreendendo de maneira abrangente as dinâmicas psíquicas, intrafamiliares
e socioculturais. É orientado pela psicanálise e pelas teorias do desenvolvimento.
Dá valor ao pensamento clínico e é flexível em relação à estrutura do processo.

Sobre o modelo compreensivo:

» É estruturado conforme o contexto.

» O pensamento clínico utilizado é que determina o uso ou não de testes e outras


técnicas para investigar a personalidade do paciente.

» O pensamento clínico utilizado define os critérios, os procedimentos e os esquemas


de raciocínio para interpretar, integrar e analisar os dados.

» Além da teoria utilizada, o psicodiagnóstico é influenciado pela experiência do


psicólogo responsável pela avaliação, pelo contexto e pelas personalidades tanto
do paciente quanto do psicólogo.

O processo de psicodiagnóstico fenomenológico elaborado por Ancona-Lopez (1995),


Cupertino (1995) e Yehia (1995) destaca algumas mudanças significativas no modelo
proposto por Ocampo et al (2005) e Arzeno (2003). Os principais aspectos desse modelo são:

» O diagnóstico e a intervenção são processos simultâneos e complementares.

» A devolução deve ser realizada durante o processo, e não no final.

» Destaca o sentido da experiência das pessoas que estão envolvidas no processo.

» Modifica a relação paciente-psicólogo em termos de poder, papéis e realização


de tarefas.

No modelo fenomenológico:

» O cliente tem um papel ativo na compreensão de seu caso e no encaminhamento


posterior, se for necessário.

29
UNIDADE I | O Porquê dos Testes Psicológicos

» O psicólogo não tem o papel do detentor do saber e constrói uma relação


de cooperação com o paciente. Aqui, os dois podem observar, aprender e
compreender, isto é: os dois constroem o sentido da existência do paciente.

Villemor-Amaral e Resende (2018) apresentaram um novo modelo de avaliação


psicológica, chamado “avaliação terapêutica”. Nesse modelo, a avaliação é colaborativa
e, no decorrer do processo, já são utilizadas algumas intervenções. Para os autores, os
clientes irão se beneficiar do processo se o avaliador ajudar o avaliando a aprender algo
novo sobre si mesmo, que ocorre mais em função da empatia do avaliador do que da
qualidade dos instrumentos utilizados.

O primeiro objetivo da avaliação terapêutica é envolver o cliente no trabalho


colaborativo, independentemente da demanda ou da fonte de encaminhamento. A
ideia é que os testes trazem informações importantes, mas seu significado na vida do
cliente irá ser construído pela dupla avaliador-avaliado, e o avaliador deverá ter respeito
e interesse pelo avaliado.

O foco do processo não será somente nas questões do encaminhamento, e sim sobre
o que o avaliando quer saber sobre si, que pode coincidir com os motivos que levaram
ao encaminhamento ou à queixa inicial.

A avaliação terapêutica é organizada de forma semiestruturada e em cinco passos, de


acordo com os autores:

» Formular com o avaliando as questões que ele tem interesse em investigar ao


longo do processo.

» Aplicação de testes que auxiliam a compreensão das perguntas iniciais. Aqui,


são uilizados testes de autorrelato (inventários, escalas, questionários) e testes
projetivos, como, por exemplo, o teste de Rorschach ou o Teste de Apercepção
Temática (TAT).

De acordo com os autores, os testes de autorrelato avaliam a forma que o avaliando


pensa, sente e se comporta diante de situações familiares. Já os testes projetivos
ou de desempenho avaliam a forma com que o avaliando pensa, sente e age em
situações pouco familiares e mais estressantes.

» Sessão de intervenção feita pelo avaliador, a fim de ajudar o avaliando a encontrar


resposta para suas questões iniciais. Seus objetivos são:

› explorar hipóteses derivadas dos testes;

› compreender os aspectos do que foi encontrado na avaliação;

30
O Porquê dos Testes Psicológicos | UNIDADE I

› aumentar a conscientização do avaliando;

› ajudar o avaliando a descobrir sozinho os resultados da avaliação.

» Sessão de resumo e discussão para responder as questões formuladas no início do


processo. Aqui, os resultados de cada teste são discutidos com o avaliando, e as
informações são resumidas em uma carta de feedback, que contém as principais
conclusões e recomendações do processo de avaliação.

» Sessão de follow-up (acompanhamento), que ocorre de dois a quatro meses depois


da sessão de discussão dos resultados. Essa sessão busca avaliar as mudanças que
ocorreram no avaliado a partir da avaliação terapêutica.

De acordo com os autores, a avaliação terapêutica tem sido usada em vários contextos,
como, por exemplo:

» contexto clínico com adultos, casais, famílias, adolescentes;

» situações de avaliação adversas, como na custódia de crianças, avaliação de


habilidades parentais e de pais e filhos adotivos;

» avaliações na área de saúde e hospitalar;

» avaliação de transgêneros que buscam a cirurgia de redesignação sexual.

31
Capítulo 3
CUIDADOS TÉCNICOS NO PROCESSO
DO PSICODIAGNÓSTICO

A avaliação psicológica, de acordo com Caixeta e Silva (2014), só pode ser realizada por
psicólogos e é um processo técnico-científico de coletar dados, estudar e interpretar
os fenômenos psicológicos, por meio de estratégias psicológicas, métodos, técnicas,
instrumentos, questionários e entrevistas.

A avaliação psicológica, de acordo com Gouveia (2009), é uma área técnica e aplicada da
Psicologia. As pesquisas nesse campo buscam criar estratégias eficazes a fim de conhecer
o comportamento humano, medindo e avaliando os atributos psicológicos. Essa área tem
evoluído no Brasil, com o aumento da qualificação dos profissionais que atuam nesse campo.

Para Gouveia, a avaliação psicológica possibilita que o psicólogo tenha indicadores


para basear sua prática e para indicar o melhor tratamento. Somente uma avaliação
psicológica detalhada poderá detectar, por exemplo, a dificuldade de aprendizagem
de uma criança em função de aspectos cognitivos (como baixa inteligência), afetivos
(como depressão) ou comportamentais (como hiperatividade).

De acordo com Primi (2003), a avaliação psicológica, além de ser uma área técnica
e de produção de instrumentos, operacionaliza as teorias psicológicas em eventos
observáveis. Ela estimula a observação dos eventos psicológicos, relacionando a teoria
com a prática, e contribui para a evolução do conhecimento psicológico, pois permite
que as teorias sejam testadas e mais bem elaboradas.

A parte da avaliação psicológica que desenvolve instrumentos é uma área nuclear da


Psicologia enquanto ciência, porque:

» transforma os conceitos teóricos em elementos observáveis;

» aplica o método científico (levantamento, correlacional, quasiexperimental e


experimental) mais apropriado para se conhecer o que se deseja;

» utiliza o modelo matemático para representar os processos psicológicos (esse


modelo tem substituído o modelo clássico de análise dos dados, fundamentado
somente no teste de significância da hipótese nula);

» seus produtos (os instrumentos de medida) são necessários para desenvolver o


conhecimento científico dentro da Psicologia.

Podemos perceber que os estudos empíricos utilizam os instrumentos para observar


os construtos e validar as explicações sobre o comportamento do homem. Primi (2010)

32
O Porquê dos Testes Psicológicos | UNIDADE I

relata que um dos primeiros pesquisadores a desenvolver o modelo Rasch, nos EUA,
apresentou um modelo de fisiologia da ciência em cinco estágios:

» Exposição: a produção do conhecimento científico começa com a exposição ou


consciência dos fenômenos.

» Observação: posteriormente, se organizam meios sistemáticos de observação,


como itens e testes.

» Medida: são aplicados modelos matemáticos, como a teoria de resposta ao item,


na qual as observações são transformadas em medidas.

» Análise.

» Teoria.

As medidas são transformadas em teorias, que são abstrações que buscam predizer
eventos da realidade de forma generalizada. O resultado da avaliação psicológica
interfere no diagnóstico, no prognóstico e na decisão do tratamento a ser utilizado.
Ele contribui para qualidade de vida e bem-estar de indivíduos, grupos e organizações.

A partir da década de 1980, a avaliação psicológica teve um salto no Brasil, por meio:
dos cursos de graduação; do desenvolvimento e da publicação de pesquisas; da
normatização e fundamentação de instrumentos vindos de outras culturas; e da criação
de instrumentos por profissionais brasileiros.

Alguns dos problemas evidenciados na avaliação psicológica, de acordo com Caixeta


e Silva (2014), são:

» o uso inadequado dos instrumentos, que produz preconceitos e discriminação


social;

» importação e tradução dos testes criados em outras culturas para a realidade


brasileira;

» seu uso indiscriminado e descontextualizado;

» a falta de padronização brasileira;

» a existência de instrumentos comercializados desatualizados e sem embasamento


científico;

» a produção de laudos inadequados;

» o uso exclusivamente técnico de instrumentos sem uma atitude crítico-reflexiva


fundamentada teórica e cientificamente.

33
UNIDADE I | O Porquê dos Testes Psicológicos

Noronha (2002) acrescenta:

» definição pouco simples do que o instrumento mede, ou seja, a complexidade do


pressuposto teórico que subsidia a construção do instrumento; e

» inabilidade do psicólogo de compreender os dados e de fazer relações entre


os diversos resultados encontrados pelos próprios testes ou por qualquer outra
técnica utilizada.

A área da avaliação psicológica possui muitos desafios e, dentre eles, podemos destacar
o crescimento da área, pois, além de aplicar e corrigir testes, os profissionais devem
pensar de maneira crítica, elaborar e propor mudanças e aperfeiçoar os instrumentos
existentes.

Outro desafio é o aprimoramento da formação do psicólogo em avaliação psicológica.


No currículo dos cursos de psicologia, devem ser incluídos temas e conteúdos que
busquem refletir e fundamentar o aperfeiçoamento da área. O psicólogo deve saber
utilizar e avaliar a qualidade do instrumento que usa.

Alguns dos temas sugeridos para serem incluídos no currículo são:

» raciocínio matemático, conhecimentos de estatística e de métodos de pesquisa;

» teoria da medida e psicometria;

» avaliação da inteligência;

» avaliação da personalidade, incluindo técnicas projetivas e inventários de


personalidade;

» práticas integrativas de planejamento, execução e redação dos resultados da


avaliação psicológica (elaboração de laudos) nos mais variados contextos.

De acordo com Machado (2007), a avaliação psicológica é:

» um processo dinâmico;

» um processo de conhecimento do outro;

» um processo científico;

» um trabalho especializado; e

» a obtenção de amostras de comportamento.

Ainda para o autor, a avaliação psicológica não é:

» um trabalho mecânico;

34
O Porquê dos Testes Psicológicos | UNIDADE I

» somente avaliar características;

» sinônimo de aplicação de testes;

» um processo rápido, simples e fácil; ou

» um conhecimento definitivo sobre o comportamento observado.

Para ele, o psicólogo que busca utilizar avaliações deve estar atento às seguintes dimensões:

» Dimensão técnica: o psicólogo deve conhecer as técnicas que irá utilizar e poder
criticar conscientemente o uso desses instrumentos (testes, dinâmica de grupo,
observação, entrevistas, entre outros). O psicólogo não sai da universidade
dominando as técnicas, porque o ensino é compartimentalizado e a formação
dá prioridade ao aspecto técnico e não ao científico. Os estudantes aprendem a
aplicar as técnicas e não têm a experiência de integrar os dados obtidos, de analisá-
los de forma precisa e de levantar hipóteses por meio desses dados. Assim, para
aperfeiçoar esses conhecimentos, o psicólogo deve buscar cursos de pós-formação.

» Dimensão relacional: essa dimensão transmite os mecanismos transferenciais e


contratransferenciais que sempre estão presentes no momento da avaliação. O
psicólogo deve estar constantemente fazendo um exercício de autopercepção e
autocrítica para poder perceber melhor a si mesmo e ao cliente. Isso significa que
é importante o psicólogo estar em processo de psicoterapia.

» Dimensão ética: o psicólogo deve respeitar a dor do indivíduo e buscar causar


o menor dano possível quando for fazer a devolução do resultado. Deve fazer
obrigatoriamente a entrevista de devolução, que, se bem realizada, pode contribuir
para o crescimento do paciente.

» Dimensão legal: apresenta algumas questões que merecem uma reflexão. O Estado
tem o direito de investigar a vida do indivíduo quando busca um trabalho ou quer
ter a Carteira Nacional de Habilitação? Quais são as consequências legais que a
interdição de um membro trará para ele e sua família? Qual é o valor legal de se
utilizarem técnicas desatualizadas e não adaptadas à cultura brasileira?

» Dimensão profissional: está relacionada às consequências da avaliação, do laudo e


da entrega dos resultados. O psicólogo apresentou esses dados com seriedade e
isenção? Como ele se posiciona quando precisa analisar o laudo realizado por um
colega quando chamado para fazer um recurso? Prefere agradar o chefe e manter
seu emprego ou ser coerente com o trabalho que está realizando?

» Dimensão social: a avaliação psicológica pode colaborar para diminuir mecanismos


sociais segregacionistas? Seu trabalho pode ter a finalidade de manipulação?

35
UNIDADE I | O Porquê dos Testes Psicológicos

Podemos perceber que a avaliação psicológica não é simples e pode ocasionar


consequências para o paciente e para a imagem da Psicologia. Independentemente do
local de realização da avaliação e de seus objetivos, não se deve aplicar e corrigir testes
sem entender como esse trabalho é complexo e deve visar ao respeito ao paciente.

Para Caixeta e Silva (2014), falta clareza em relação ao significado de “avaliação


psicológica”, pois, muitas vezes, o processo da avaliação é confundido com o instrumento
que o psicólogo utiliza. Os testes são importantes, mas são apenas um dos meios de
avaliação entre outros existentes. De maneira integrada, devem ser utilizados as teorias
científicas, as técnicas, os instrumentos, os métodos e a ética.

A avaliação psicológica não deve ser resumida somente como o resultado dos
procedimentos técnicos utilizados para avaliar as características dos sujeitos. Outros
fatores, como a complexidade da tarefa, a relação da pessoa com o avaliador, a história
e o contexto de vida da pessoa, a relação entre a pessoa e o contexto da avaliação (para
que, para quem), também interferem nos resultados da avaliação.

A avaliação psicológica é o resultado de três critérios interdependentes: a medida,


o instrumento e o processo de avaliação. Cada um deles tem uma representação
metodológica e teórica. Ela deve favorecer o sujeito submetido à avaliação,
independentemente de sua finalidade (diagnosticar problemas, descrever situações, realizar
intervenções, planejar tratamento), mesmo que a demanda não tenha sido do indivíduo,
como nos exames psicotécnicos, de seleção de pessoal e em casos judiciais, por exemplo.

O código de ética do CRP estabelece os seguintes princípios fundamentais da prática


profissional:

» respeito, liberdade, dignidade, igualdade e integridade;

» promover a saúde e a qualidade de vida;

» responsabilidade social;

» aprimoramento profissional contínuo;

» acesso ao conhecimento da ciência;

» posicionamento crítico.

Já a APA (American Psychological Association), de acordo com Wechsler (2001),


estabelece seis padrões éticos básicos em um processo de avaliação psicológica. São eles:

» competência (manter os mais altos padrões de excelência técnica e científica


atualizada);

36
O Porquê dos Testes Psicológicos | UNIDADE I

» integridade (comportamentos honestos, justos e respeitosos e conhecimento de


seu sistema de valores e sua influência na prática profissional);

» responsabilidade científica e profissional (atender com técnicas específicas às


necessidades de diferentes tipos de clientela e colaborar com instituições e outros
profissionais);

» respeito pela dignidade e direitos das pessoas (reconhecimento do direito de


privacidade, confidencialidade, autodeterminação e autonomia dos indivíduos
atendidos, direito à recusa do tratamento e direitos decorrentes das diferenças
individuais resultantes de idade, sexo, raça, religião, orientação sexual, nível
socioeconômico etc.);

» preocupação com o bem-estar do outro (minimizar riscos e conflitos e estar


sensível para a relação de poder no atendimento de modo a evitar o engano
ou exploração da pessoa atendida); e responsabilidade social (divulgação dos
conhecimentos psicológicos para reduzir o sofrimento e contribuir para a melhoria
da humanidade).

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Tabelas
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Tabela 2: CRONBACH, L. J. Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

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