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Faculdade de Educação
3 O Ano
Introdução
A maturidade de uma ciência se mede, em grande parte, por sua capacidade de expressar leis
em linguagem matemática e de estabelecer mecanismos dedutivos. Assim, a aplicação dos
testes psicométricos, iniciada nos finais do século XIX e inícios do século XX, contribuiu
para que a Psicologia ascendesse à categoria de ciência. Desta feita, os primeiros estudos
sistemáticos de medição psicológica datam do final do século XIX e se desenvolveram com
base na matemática das probabilidades, sob influência de duas correntes: a primeira delas, que
deu origem à psicofísica, constituiu uma tentativa de aplicação dos métodos das ciências
físicas à mente humana. A segunda, que levou à criação dos testes psicológicos, visava à
criação de métodos de medição da estabilidade emocional e da inteligência.
Com base com a divisão tradicional da psicologia, «alma vs corpo», referenciam-se duas
tendências. De um lado temos a psicologia alemã da introspecção, que estava interessada na
experiência subjectiva e do outro lado, o empirismo inglês e norte-americano interessado no
comportamento, bem como a escola (psicofísica) de Leipzig, que estudava os processos
sensoriais. De entre estas duas grandes orientações, uma (a psicologia introspectiva)
caracterizava-se pelo uso de procedimentos meramente descritivos, enquanto que a outra (a
psicologia de orientação empirista) se preocupava com procedimentos quantitativos (Pasquali,
2003).
A psicometria, tanto clássica quanto moderna, possui algumas caracterizações que entre elas
permitem controvérsias. Enquanto por um lado, a Psicometria, pelo menos na sua prática, é
ainda guiada pela concepção positivista baconista do empirismo, segundo a qual, a ciência do
universal se faz através do conhecimento do singular – indução - , enfoque demonstrado como
logicamente inviável, tanto pelo empirista Hume (1739-1740) quanto pelo Popper (1972). Por
outro lado, em Psicometria predomina a concepção estatística (método estatístico) sobre a
psicologia, pois os percursores que desenvolveram a Psicometria eram estatísticos de
formação, tanto é que ainda se define a psicometria como um ramo da Estatística, quando na
verdade ela deve ser concebida como um ramo da Psicologia que interfaceia com a Estatística
(Pasquali, 2003). Assim sendo, segundo este autor, a origem da Psicometria deve ser
procurada nos trabalhos do estatístico Spearman (1904ª, 1904b, 1907 e 1913) e, no que se
refere à Psicologia, ela seguiu os procedimentos fisicalistas de Galton (1883).
Os primeiros psicólogos cientistas foram, aliás, tanto ou mais físicos e fisiólogos do que
psicólogos. Sabe-se que o primeiro laboratório de psicologia experimental foi criado em 1879
por Wundt, na Leipzig - Alemanha. Foi ali, pode dizer-se, que nasceu ou pelo menos foi
concebido o método dos testes. Os primeiros trabalhos de laboratório limitavam-se no entanto
ao estudo dos processos inferiores: domínio sensorial e motor. Só mais tarde se empreendeu o
estudo experimental do pensamento e da vontade. Entretanto, numerosos discípulos de Wundt
expandiram as concepções e técnicas do laboratório que ele tinha estudado e colocaram-nas
ao serviço da vida real. Encontramo-las em todos os países da Europa e da América, a
Alemanha foi um viveiro da psicologia aplicada (Urbina, 2007).
Para Urbina, (2007), a contribuição mais directa que convém pôr em relevo por não ter
nascido entre as paredes de um laboratório, mas por partir do interesse que têm em si as
diferenças individuais é a obra de Francis Galton, contemporânea de Wundt e seus alunos.
Primo de Darwin e seu discípulo, Galton foi essencialmente um biólogo, mas as suas
investigações orientaram-no para a medida de aptidões individuais. Foram as investigações
sobre a hereditariedade que o levaram a medir os caracteres que distinguiam mais ou menos
os parentes ou não parentes.
De acordo com Pasquali, (2003), para Francis Galton (biólogo inglês) à avaliação das aptidões
humanas se dava por meio da medida sensorial, através da capacidade de discriminação do
tacto e dos sons. Galton entendia que, a “única informação que nos atinge, vinda dos
acontecimentos externos, passa, aparentemente pelo caminho de nossos sentidos. Quanto
maior o discernimento que os sentidos tenham de diferentes, maior o campo em que podem
agir no nosso julgamento de inteligência”.
De acordo com Pasquali, (2003), influenciado por Galton, James M. Cattell (psicólogo
americano) desenvolveu medidas das diferenças individuais, o que resultou na criação da
terminologia Mental Test (teste mental). Elaborou em Leipzig sua tese sobre diferenças no
tempo de reacção. Este consiste em registar os minutos decorridos entre a apresentação de um
estímulo ou ordem para começar a tarefa, e a primeira resposta emitida pelo examinando.
Cattell seguiu as idéias de Galton, dando ênfase às medidas sensoriais, porque elas permitiam
uma maior precisão.
De acordo com Pasquali, (2003), seus interesses estavam virados para avaliação das aptidões
mais nas áreas acadêmica e da saúde. Alfred Binet e Henri fizeram uma série de críticas aos
testes até então utilizadas, afirmando que eram medidas exclusivamente sensoriais que,
embora permitisse maior precisão, não tinham relação importante com as funções intelectuais.
Seu conteúdo intelectual fazia somente referências às habilidades muito específicas de
memorizar, calcular, quando deveriam se ater às funções mais amplas como memória,
imaginação, compreensão, etc. Em 1905, Binet e Simon desenvolveram o primeiro teste com
30 itens (dispostos em ordem crescente de dificuldade) com o objectivo de avaliar as mais
variadas funções como julgamento, compreensão e raciocínio, para detectar o nível de
inteligência ou retardo mental de adultos e crianças das escolas de Paris. Estes testes de
conteúdo cognitivo atendiam a funções mais amplas, e foram bem aceites, principalmente nos
EUA, a partir da sua tradução por Terman (1916), nascendo, assim, a era dos testes com base
no Q.I.
IM = idade mental
IC = idade cronológica
Segundo Pasquali (2003), por volta de 1920, diminuiu o entusiasmo pelos testes de
inteligência, sobretudo por se demonstrar dependentes da cultura onde foram criados, o que
contrariava a idéia de fator geral universal de Spearman. Kelley quebrou a tradição de
Spearman em 1928, e foi seguido, na Inglaterra, por Thomson (1939) e Burt (1941), e nos
EUA, por Thurstone. Este autor é relevante para época, em vista de que, além de desenvolver
a análise fatorial múltipla, actuou no desenvolvimento da escala psicológica (Thurstone e
Chave, 1929), tendo fundando, em 1936, a Sociedade Psicométrica Americana e a
revista Psychometrika.
esta época é marcada por duas tendências opostas: os trabalhos de síntese e os de crítica. Em
1954, Guilford reedita Psychometric Methods e tenta sistematizar a teoria clássica, e
Torgerson (1958) a teoria sobre a medida escolar. Além disso, Cattell e Warburton (1967)
procuraram sintetizar os dados de medida em personalidade, e Guilford (1967) a teoria sobre a
inteligência. Entre os trabalhos da crítica, destaca-se Stevens (1946), que levantou o problema
das escalas de medida.
Pasquali, (2003), por outro lado, este autor refere que divulgou-se também a primeira crítica à
teoria clássica dos testes na obra de Lord e Novick (1968, Statistical Theory of Mental Tests
Scores), que iniciou o desenvolvimento de uma teoria alternativa, a do traço latente, que se
junta à teoria moderna de Psicometria, e a Teoria de Resposta ao Item - TRI. Outra tendência
crítica para superar as dificuldades da Psicometria clássica foi iniciada pela Psicologia
Cognitiva de Sternberg e Detterman (1979), Sternberg e Weil (1980), com seu modelo,
procedimentos e pesquisas sobre os componentes cognitivos, na área da inteligência.
A Era da Psicometria Moderna - Teoria de Resposta ao Item – TRI (1980): talvez chamar a
era atual de TRI seja inadequada.
a) esta teoria embora seja o modelo no Primeiro Mundo, ainda não resolveu todos seus
problemas fundamentais para se tornar um modelo definitivo de psicometria e,
b) ela não veio para substituir toda a psicometria clássica, mas, apenas partes dela, no entanto,
é o que há de mais novo nesse campo.
Segundo Patto, (1997), embora se pudesse supor que isso levaria a Psicologia brasileira a
conferir grande importância à formação, pesquisa e actuação nessa área, o que ainda hoje se
observa é um movimento contraditório, em que a testagem psicológica é apresentada aos
estudantes como a única prática privativa dos psicólogos e como produtora de exclusão social.
Essa situação sofreu uma alteração significativa por volta da virada do século, em decorrência
de uma série de acções políticas no âmbito da avaliação psicológica no Brasil, que
impactaram positivamente o desenvolvimento dessa área até os dias actuais.
Ainda assim, muito se tem para fazer e a continuidade desse desenvolvimento passa pela
necessidade reafirmar o compromisso com a sociedade, estimulando, por um lado, o
desenvolvimento de práticas adequadas ao contexto brasileiro e, por outro, a sintonia com as
tendências tecnológicas e sociais observadas em outras partes do mundo. Assim, este trabalho
teve o objetivo de traçar um paralelo entre a história da avaliação psicológica no Brasil e no
mundo, de modo a contribuir para o entendimento dos caminhos percorridos, seus tropeços e
acertos, e possíveis direções futuras.
A ideia da criação da Psicologia nos Países de Língua Portuguesa surgiu no início de 2012,
quando foi realizado um planejamento estratégico no Conselho Federal de Psicologia que
deliberou pela ampliação do diálogo com a Psicologia destes países.
Tem 22 mil habitantes. O número de psicólogos nos serviços de psiquiatria e saúde mental
são 86. As principais áreas da Psicologia são a Psicologia e pedagogia, clínica, social, das
organizações, necessidades educativas especiais, orientação escolar e profissional. Não há lei
que regulamenta a profissão, somente na área da saúde há entidade responsável pela
organização e supervisão da profissão que é o Ministério da Saúde. Para actuar é preciso
registro profissional. O Código de Ética não existe e está em fase de elaboração pela Ordem
de Psicólogos de Moçambique.
Conclusão
Conclui-se que é difícil dar cumprimrnto cabal ao pretendido, porém mais difícil ainda é fazer
um trabalho que satisfaça, em termos científicos, as espectativas de quem o possa
posteriormente ler com o intuito de dele assimilar algo ou julgar. A realização deste trabalho,
cujo tema versa sobre a psicometria, sua história e seus percursores permitiu com que se
aprofundasse os aspectos ralativos à testes psicológicos e abriu caminhos cognitivos rumo à
mais uma aprendizagem. Ora, partindo do princípio que a Psicometria é uma área da
Psicologia que trata do desenvolvimento e da aplicação de técnicas de medição aos
fenômenos psicológicos, fica claro, de forma conclusiva, que o seu aparecimento no campo da
Psicologia, constituiu um marco importantante e imprescindível para a afirmação da
Psicologia como ciência com objecto e métodos (métodos quantitativos) próprios, a
semelhança de qualquer outra ciência, particularmente das ciências naturais.
Referências Bibliográficas
Anache, A., & Corrêa, F. (2010). As políticas do conselho federal de psicologia para a
avaliação psicológica. In Conselho Federal de Psicologia – CFP (Ed.), Avaliação psicológica:
Diretrizes na regulamentação da profissão (pp. 19-30). Recuperado de
https://site.cfp.org.br/publicacao/avaliacao-psicologica-diretrizes-na-regulamentacao--da-
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Almeida, L. S., & Cruz, O. M. S. R. (1988). O uso dos testes como revelador de modelos de
prática psicológica: Estudo junto dos psicólogos portugueses. Psicologia: Teoria e Pesquisa,
4, 207-224.
Pasquali, L. (2003). Psicometria: Teorias dos testes na Psicologia e na Educação. Vozes: RJ,
2ªed.