Você está na página 1de 27

Teoria e Prática Testes em

Psicologia
UNIDADE I - CONCEITOS GERAIS
** Psicometria: Sua história e Contributos recebidos
** O campo de referência da Psicometria
Prof. Josué
Psicólogo Clínico Estevão
| Quadro do MINSA | Membro do Colegial de Dept. de Saúde Mental do Hospital
Provincial de Cuanza Norte, Dr. António Agostinho Neto | Chefe de Dept. Pós-graduação e Investigação do Hospital
Escola, Hospital Provincial de Cuanza Norte, Dr. António Agostinho Neto | Pesquisador do Instituto de Pesquisa e
Estudos Avançados (IPEA).
Introdução
Como sabemos, a psicometria consiste num conjunto de técnicas utilizadas para
mensurar, de forma adequada e comprovada experimentalmente, um conjunto ou
uma gama de comportamentos, ou construtos (também chamados de variáveis
latentes) que não podem ser observados directamente, com o intuito de obter
informações sobre o funcionamento de um determinado sujeito.

Sua origem deveu-se a estímulo à construção dos testes psicológicos para identificação
dos intelectualmente deficientes. Contudo, ainda hoje é uma aplicação importante
de alguns testes psicológicos.
Historicamente, a psicometria tem suas origens na psicofísica dos psicólogos alemães Ernst
Heinrich Weber e Gustav Fechner. O inglês Francis Galton também contribuiu para o
desenvolvimento da psicometria, criando testes para medir processos mentais; inclusive, ele é
considerado o criador da psicometria. Foi, contudo, Leon Louis Thurstone, o criador da
análise fatorial múltipla, que deu o tom à psicometria, diferenciando-a da psicofísica.

Esta foi definida como a medida de processos diretamente observáveis, ou seja, o


estímulo e a resposta do organismo, enquanto a psicometria consistia na medida do
comportamento do organismo por meio de processos mentais (lei do julgamento
comparativo).
Definição: O que é psicometria?
A avaliação psicológica requer uma fundamentação teórica em seus
pricipais instrumentos com elaboração de métodos psicométricos
como os testes.
Definimos psicometria como sendo um conjunto de métodos e
instrumentos de medida que se utilizam para a investigação,
descrição e comprovação de dados sobre o comportamento.

A psicometria em psicologia, garante que os instrumentos de


medida elaborados tem propriedade cientificas para seu uso.
Ou seja:
Psicometria não é avaliação psicológica, mas termina sendo parte
integradiva desta. Pois a avaliação psicológica é uma área muito
mais amplo.

O que a psicometria estuda? R: um conjunto de técnicas que permite a


quantificação dos fenômenos psicológicos. Seu objectivo é aplicar
métodos científicos no estudo do comportamento humano, podendo
medir condutas.
Por que a mensuração na Psicologia?

a) Conhecer sistematicamente um determinado atributo ou traço psicológico;


b) Fins de diagnóstico e intervenção psicológicos.
c) Identificação do tipo e intensidade de uma desordem de caráter psicológico.
d) Permitir comparações de desempenho nas instâncias intra e inter-individual;
e) Possibilitar generalizações para momentos e/ou situações futuras (valor
preditivo);
f) Subsidiar demais técnicas de coleta de informações, como a observação e a
entrevista.
g) Promover a clareza nas soluções e guiar as decisões pautadas em fundamentos
empíricos.
Contribuições histórica para o desenvolvimento da psicometria

Grandes influências as bibliografias apresentam, na origem da psicometria, assim,


como podem e devem serem encontrada nos trabalhos estatísticos de Spearman
(1904a; 1904b; 1907; 1913) que seguia Galton. Surge estudando aptidões humanas
(fisicas, mentais, psicofísicas) pois permitiam melhor estudo quantitativo atrelado a
capacidade de medir acerto e erros.

Para que a psicometria: chegasse até aos dias de hoje com o


desenvolvimento a que conhecemos, foi necessário a intervênção de vários
homens, como: Francis Galton; James Cattel; Alfred Binet, Vitor Henri,
Theodore Simon.– definição e sua história
Francis Galton – biólogo inglês (1822 – 1911): estudou diferenças intelectuais entre
pessoas, famílias e raças (origem hereditária). Para o autor, os conhecimentos humanos se
desenvolviam através dos sentidos.
E, todos aqueles que apresentavam inteligência superior deveriam ter as melhores habilidades de
discriminação sensorial.

Por outro lado, quem apresentasse menor habilidade de discriminar os


estímulos sensoriais (calor, frio, dor) menor nível intelectual.

Sua tese foi muito apoiado pela corrente “associacionismo”.


Francis Galton desenvolveu testes de discriminação sensorial e coordenação motora
(“Escala de Galton” testes de acuidade sensorial, força muscular...) E, na época, poderiam
servir como processos de aferição do intelecto de uma pessoa.

James Cattel - foi o primeiro a usar pela primeira vez a expressão Teste Mental.
Testes mentais como pressão de dinamômetro, velocidade de movimentos dos braços (compasso),
discriminação entre dois pontos, menor diferença perceptível entre dois pesos, tempo de reacção
para o som (metrónomo).

As medidas das funções simples eram preferidas em função de poderem ser medidas
com precisão e clareza.
O que vem a ser “medir”?
Medir é “atribuir magnitudes a certa propriedade de um objeto ou classe de
objectos, de acordo com certas regras pré-estabelecidas e com a ajuda do
sistema numérico, de forma que sua validade possa ser provada
empiricamente”.

A medição faz-se por intermédio dos Instrumentos de avaliação


Psicológica. Portanto, a avaliação psicológica requer uma
fundamentação teórica em seus principais instrumentos com
elaboração de métodos psicométricos como os testes.
Metrónomo é um aparelho que produz um
batimento constante para ajudar os músicos
a tocar no tempo correcto. O batimento é
medido em BPM (batidas por minuto).
Ressonador ou ressoador é um dispositivo que
exibe ressonância ou comportamento ressonante,
isto é, oscila naturalmente a determinadas
frequências, chamadas frequências de ressonância,
com maiores amplitudes que outras.

Dinamômetro é um aparelho utilizado para


medir a intensidade da força, que pode ser
medida de duas formas: em quilograma-
força e em Newton.

Diapasão é um pequeno
instrumento metálico, em forma
de U montado sobre um cabo,
que, posto em vibração, produz
um som de determinada altura,
que serve para afinar
instrumentos e vozes.
Mas foi na França do início do século XX: local em que se estabeleceram os princípios
básicos para uma bateria de avaliações com Alfred Binet, Vitor Henri, Theodore Simon.

Binet e Henri, fazendo crítica aos anteriores, eram de opinião que testes devem-se “concentravam em
medir habilidades simples e especializadas, sem relações com as funções intelectuais. Propuseram
testes que abrangiam funções como: - memória, - imaginação, - atenção, - compreensão e etc

Falando de Binet e os testes de inteligência, este deu ênfase no julgamento, na compreensão e no


raciocínio (elementos que para Binet são os componentes essenciais da Inteligência).

Para o autor, as “chave para compreender as medidas de inteligência estariam nos processos
mentais superiores e não apenas nas funções sensoriais”.
Escala de Inteligência Binet-Simon
- 1ª escala métrica para avaliar processos gerais de raciocínio e que se preocupa com a idade mental e
desenvolvimento cognitivo em relação a idade cronológica.

Na sua variedade, composta por 30 itens em ordem crescente de dificuldade (aplicação experimental
em crianças de 3 a 11 anos). Cada criança tem a sua individualidade: uma se sai melhor no teste A e
fracassa no teste B. Isto era:

*** Criança de 12 anos acertava maioria das perguntas de sua idade idade mental = 12
anos.

*** Criança de 8 anos acertava perguntas para as de 12 anos idade


mental = 12 anos.
A Escala Binet-Simon foi adaptada em vários países, sendo a adaptação +
famosa: Terman (1916) Escala Stanford-Binet que incorporou o conceito de
Quociente de Inteligência (Q.I.) que havia sido criado pelo psicólogo alemão
William Stern.

O termo Idade Mental foi útil para comparar crianças com a mesma idade cronológica.
Desta forma, o valor do Q.I. expressa a relação entre idades cronológicas e mentais. Por exemplo:
Criança de 12 anos com idade mental de 10 = criança de 8 anos com idade
mental de 10?
A história da Psicometria (métodos quantitativos em Psicologia) está entrelaçada com a
evolução do constructo da Inteligência e com o desenvolvimento da testagem psicológica.

Existem diferentes concepções sobre o conceito de inteligência:

1) Modelo Psicométrico
2) Modelo Desenvolvimentista
3) Modelo Cognitivista
1) Modelo Psicométrico: campo da mensuração psicológica que se utiliza de
números para descrever os fenômenos psicológicos. Para medir tais processos ou
seus traços latentes é importante que eles sejam expressos em comportamentos
(ex: verbais ou motores).

2) Modelo Desenvolvimentista (Piaget e Vygotsky)


Para Piaget: o desenvolvimento cognitivo ocorre a partir de estágios organização das
funções mentais (complexidade). Já Vygotsky: enfatiza a compreensão das funções mentais
superiores focalizando a influência do mundo social sobre elas.

3) Modelo Cognitivista: abrange as neurociências, a linguística, a inteligência artificial e a


abordagem do processamento da informação na qual o computador seria uma metáfora p/ a
compreensão dos fenômenos cognitivos.
** O campo de referência da Psicometria
A psicometria fundamenta-se na teoria da medida em ciências para explicar o sentido que têm
as respostas dadas pelos sujeitos a uma série de tarefas e propor técnicas de medida dos
processos mentais.

A psicometria representa a teoria e a técnica de medida dos processos mentais, especialmente


aplicada na área da Psicologia e da Educação.

Fundamenta-se na teoria da medida em ciências em geral, ou seja, do método quantitativo


que tem, como principal característica e vantagem, “o facto de representar o conhecimento
da natureza com maior precisão do que a utilização da linguagem comum para
descrever a observação dos fenómenos naturais”.
Para a Comprovação efectiva da Psicometria, fez-se também de um lado,
pela influência das Teórias empregadas, nomeadamente as TCT e TRI.

Na TCT (Teoria Clássica dos Testes), de um lado pelo:

1) Desenvolvimento da própria teoria psicométrica;


2) Continha, sobretudo, psicólogos com orientação estatística; e
3) Análise factorial, Alfa de Cronbach.

Já na TRI (Teoria de Resposta ao Item): 1) Mais precisa em amostras


menores; 2) Mede o traço latente; 3) Uso da curva logistica; 4) Possibilita a
análise de variáveis contínuas; 5) Avanço da informática; e 6) Curva
característica do item.
A TCT (Teoria Clássica dos Testes) e a TRI (Teoria de Resposta ao Item) são
dois métodos de correção aplicados a provas, simulados e demais exames.
Ambas possuem suas particularidades.

A Teoria da Resposta ao Item -, muitas vezes abreviada apenas por


TRI, é um ramo da Teoria da Medida direcionado predominantemente
ao estudo de questionários e outras listas de itens.

Teoria de Resposta ao Item (TRI) é uma teoria estatística que usa um modelo
matemático próprio para elaborar provas e testes.

https://prezi.com/prf4qcm6edd9/psicometria/
https://blog.exametric.io/tct-e-tri-conheca-as-diferencas-entre-os-tipos-de-avaliacoes/
A TRI funciona com questões que possuem níveis de dificuldade explícitos
(fácil, médio e difícil). Com isso, o algoritmo detecta pelo padrão de respostas
do estudante, se ele realmente possui domínio do assunto ao responder à
questão ou se “chutou”.

Segundo o INEP (instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), a


TRI é:

“Um modelo em que cada questão é um item e o cálculo da nota considera a


consistência da resposta segundo o grau de dificuldade de cada questão”.
Teoria Clássica dos Testes (TCT)
A Teoria Clássica dos Testes considera a nota final da avaliação, em que o total
de acertos representa o domínio do aluno nos assuntos abordados. Ou seja, trata-
se de uma medida quantitativa. Neste método, a soma das questões certas,
considerando os seus respectivos pesos (pontos por questão), define o score do
candidato.

É um método útil quando se deseja aplicar um exame em que o objetivo é


avaliar um determinado conhecimento em uma única prova. Geralmente, as
provas escolares mensais e bimestrais são avaliadas usando o TCT.

Uma outra característica implícita desse método está no modelo matemático


utilizado, onde cada questão possui parâmetros descritivos.
No campo da Psicometria, a TRI distingue-se da Teoria Clássica dos
Testes (TCT) por dar uma abordagem em que se investiga
individualmente as propriedades de cada item, ao passo que na Teoria
Clássica dos Testes se investiga as propriedades do conjunto de itens
que constituem o teste.

Uma das vantagens da TRI em comparação à TCT é que a primeira


possibilita construir vários exames constituídos por alguns itens
exclusivos e alguns itens compartilhados, e assegurar que o nível de
dificuldade de todos os exames seja aproximadamente igual.
Na prática, a TRI não substitui a TCT, já que utiliza medidas da TCT para
qualificar os itens e analisar os resultados individuais dos estudantes. Assim a
TRI complementa e aprofunda as análises da TCT.

A TRI também é conhecida como Teoria do Traço Latente. O traço latente é uma
habilidade ou aptidão do estudante.

De outra maneira, A TCT (Teoria Clássica dos Testes) usa os testes como
instrumentos de avaliação, ao passo que e a TRI (Teoria de Resposta ao Item)
faz uso exclusivo dos inventários ou escala.

Uma escala é um conjunto de símbolos e valores numéricos. Já uma prova ou


teste é um procedimento sistemático em que apresenta indicativos dos
individuos em um conjunto de estimulos.
Um outro aspecto de que temos de ter em consideração, são as características
psicométricas, dentre elas: Validade, Confiabilidade e a Adequação ao
Construto.

1) Validade - um instrumento é válido quando mede o que se propõe a


medir;

2) Confiabilidade - Grau de precisão com o qual um instrumento mede o


que realmente mede, verificando os resultados; e

3) Adequação ao Construto - os enunciados devem ser claros no que se


solicita.
Problemas em Psicometria

1) Nunca é possível determinar as causas de todos os erros possíveis numa


medida;

2) Baseada na teoria da probabilidade e dos eventos aleatórios (sua ocorrência


não pode ser predita a partir dos eventos que ocorreram antes dele, ou seja, é
independente do que aconteceu antes): e

3) Força o indivíduo a responder em um crivo


Considerando...
A TCT (Teoria Clássica dos Testes) usa os testes como instrumentos de
avaliação, ao passo que e a TRI (Teoria de Resposta ao Item) faz uso exclusivo
dos inventários ou escala.

Uma escala é um conjunto de símbolos e valores numéricos. Já uma prova ou


teste é um procedimento sistemático em que apresenta indicativos dos
individuos em um conjunto de estimulos.
Como “medidas” - tanto os testes como as escalas ou inventários, podem ser objectivos e
indirectos ou projectivos. “As medidas objectivas nos permitem avaliar conhecimentos,
capacidades, destrezas, rendimento, atitudes e inteligência, permitindo avaliar o
comportamento humano, e possibilita distinguir diversos aspectos e construtos”.
Thank you! Muito

Você também pode gostar