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Apresentação
Por algum tempo, prevaleceu a ideia de que a Epidemiologia restringia-se ao estudo de epidemias
de doenças transmissíveis. Hoje, é reconhecido que ela trata de qualquer evento relacionado à
saúde (ou doença) da população e seus respectivos indicadores. Suas aplicações variam desde a
descrição das condições de saúde da população, da investigação dos fatores determinantes de
doenças, da avaliação do impacto das ações para alterar a situação de saúde até a avaliação da
utilização dos serviços de saúde, incluindo custos de assistência. Dessa forma, a Epidemiologia
contribui para o melhor entendimento acerca da saúde da população, pois parte do conhecimento
dos fatores que a determinam e provê, consequentemente, subsídios para a prevenção de doenças.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o conceito e a história da Epidemiologia, sendo
ela uma ciência que estuda os padrões da ocorrência de doença em populações humanas e os
fatores determinantes desses padrões.
Bons estudos.
Imagine que você, profissional da área da saúde, trabalha em um bairro de um pequeno município
do interior do estado, e todas as Unidades Básicas de Saúde passaram a receber muitos casos de
contaminação por Leptospirose após longos períodos de chuva no inverno.
Acompanhe a leitura do capítulo Epidemiologia: conceito, que serve como base teórica desta
Unidade de Aprendizagem.
Boa leitura.
EPIDEMIOLOGIA
Patricia Klahr
Epidemiologia: conceito
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Tuas forças naturais, as que estão dentro de ti, serão as que curarão suas
doenças.
Hipócrates
História da epidemiologia
A história da epidemiologia é muita antiga, no entanto, vários registros foram
encontrados para descrever de que forma alguns estudiosos contribuíram sig-
nificativamente para a constituição do conceito, abrangência e áreas de atuação
da epidemiologia que conhecemos atualmente. A história da epidemiologia
associa-se à história da medicina e da própria teoria sobre as causas das doenças
e assim, o conhecimento sobre esses fatos históricos são importantíssimos
para compreender o contexto atual.
Hipócrates foi um precursor da epidemiologia, considerado por muitos
o primeiro epidemiologista. Na Grécia antiga, ele contrapôs a teoria de que
a causa das doenças, morte e cura eram provenientes da ira dos deuses ou
demônios. Hipócrates era médico e acreditava que o modo como as pessoas
viviam, conviviam, seus hábitos de higiene, hábitos alimentares e onde re-
sidiam eram fatores determinantes para o processo de saúde-doença e suas
consequências. Hipócrates estudou as doenças epidêmicas e as variações
geográficas das condições endêmicas. Para o momento histórico em que ele
viveu foi uma visão revolucionária (PEREIRA, 2014).
John Snow (Figura 1) é considerado o pai da epidemiologia por muitos
pesquisadores e estudiosos. No século XIX, em Londres, 1854, durante uma
epidemia de cólera, o médico britânico John Snow interrompe a teoria mias-
mática (que explicava as causas das doenças a partir da má qualidade do ar,
oriunda da putrefação de corpos humanos e de animais e da decomposição de
plantas), por meio de um método científico rigoroso e observacional, ele fez
uma inovadora descoberta sobre o agente causador da cólera. John, por meio da
observação sobre os sintomas da doença e sua forma de distribuição/contágio,
concluiu que existia uma associação causal entre a doença e o consumo de
água contaminada por fezes dos doentes (ROUQUAYROL; GURGEL, 2013).
Segundo Pereira (2014), além de Hipócrates e John Snow, outros estudiosos
também contribuíram para a constituição do que é a epidemiologia atualmente,
entre eles podemos citar John Graunt que no ano de 1662 publicou um tratado
sobre as tabelas mortuárias de Londres, no qual analisou a mortalidade por
região e sexo. Apesar de naquela época não existir dados do óbito associado à
idade, ele selecionou algumas causas como prematuridade e raquitismo para
associar o número de crianças que morriam antes de completar seis anos de
idade. Ele foi o primeiro autor a quantificar os padrões de natalidade e morta-
lidade e pela instituição desses coeficientes é considerado o pai da demografia.
Epidemiologia: conceito 3
Conceito de epidemiologia
Inúmeras são as definições de epidemiologia, elas evidenciam de que até mesmo
hoje não há um consenso sobre o melhor conceito a ser adotado. Segundo
Pereira (2014), as definições mais antigas limitam-se às preocupações exclu-
sivas com as doenças transmissíveis e às causas e controles das epidemias. Os
conceitos mais recentes incluem as doenças não-infecciosas e outros problemas
de saúde, até mesmo os estados pré-patogênicos e fisiológicos (riscos).
Sendo assim, definir epidemiologia não é uma tarefa fácil devido a sua
mudança histórica e a sua evolução, no entanto, a compreensão do conceito
de epidemiologia fica mais acessível quando segmentamos/dividimos sua
palavra e atribuímos seu real significado etimológico:
Pilares da epidemiologia
Com a evolução do conceito e das aplicações da epidemiologia, que antes se
restringiam à saúde pública e aos aspectos físicos e biológicos, atualmente,
ela adentra ao campo clínico e social e assume relevante papel para todas as
formações em saúde, o que aumenta proporcionalmente sua complexidade.
Para dar subsídio à essa nova configuração mais complexa da epidemiologia e
de suas aplicações, ela passe a utilizar 3 pilares de conhecimento sólidos para
6 Epidemiologia: conceito
https://goo.gl/ZpzHAF
Epidemiologia: conceito 7
O primeiro tratado da epidemiológica moderna foi escrito por Jerry Morris em 1957
e era intitulado de Os usos da epidemiologia. Essa obra compreendia 7 capítulos que
analisavam a utilidade potencial desta ciência. (ALMEIDA FILHO; ROUQUAYROL, 2006)
A epidemiologia associou muitas doenças, seus sinais e sintomas às suas causas, por
exemplo:
n diabetes ao consumo excessivo de açúcares;
n hipertensão ao consumo excessivo de sal;
n doenças cardiovasculares ao sedentarismo;
n câncer de pulmão ao tabagismo;
n leucemia à exposição de raio X durante a gestação;
n mortalidade infantil à condição social;
n trombose venosa ao uso de anticoncepcionais;
n transmissão do HIV e comportamento sexual;
n infarto agudo do miocárdio e colesterol;
n cáries dentárias a não inserção de flúor no sistema de abastecimento de água;
n mortalidade infantil a não amamentação materna.
Epidemiologia: conceito 11
Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA. A Epidemiologia
nos serviços de saúde: texto extraído do “II Plano Diretor para o Desenvolvimento
da Epidemiologia no Brasil: 1995-1999” da Comissão de Epidemiologia, ABRASCO,
Rio de Janeiro, 1995. Informe Epidemiológico do SUS, Brasília, DF, v. 6, n. 3, p. 7-14, jul./
set. 1997. Disponível em: <http://scielo.iec.pa.gov.br/pdf/iesus/v6n3/v6n3a02.pdf>.
Acesso em: 23 ago. 2017.
JEKEL, J. F.; KARTZ, D. L.; ELMORE, J. G. Epidemiologia, bioestatística e medicina preventiva.
2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
Conteúdo:
Dica do professor
No século XIX, em Londres, 1854, durante uma epidemia de cólera, o médico britânico John Snow
identificou o agente causador da cólera. John, por meio da observação sobre os sintomas da
doença e sua forma de distribuição/contágio, concluiu que existia uma associação causal entre a
doença e o consumo de água contaminada.
Acompanhe, no vídeo a seguir, um pouco mais sobre o episódio histórico que fez de John Snow, o
pai da Epidemiologia Moderna.
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Exercícios
A) Hipócrates.
B) John Graunt.
D) Louis Villermé.
E) John Snow.
Epidemiologia Moderna
A História do Cólera
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Introdução à Epidemiologia
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