Você está na página 1de 55

1

bTema: 1- Introdução a psicopedagogia e liderança militar

 Conceito de psicopedagogia e liderança militar


 Psicologia do senso comum e científica
 Conceito, Objecto, objectivo, princípio e Importância da Psicologia Militar

Psicopedagogia e a liderança militar entende-se como um campo do saber que se constrói a partir
de saberes e práticas, quais sejam a pedagogia (conjunto de saberes que precisamos adquirir e
manter de modo a desenvolver uma boa educação), a psicologia (ciência que se propõe a investigar
descrever e explicar os factos do comportamento) e a liderança militar (como um processo de
influência do comportamento humano com enfase no exercício do poder e influência). O campo
dessa mediação recebe também influências de outras ciências das quais estes saberes se relacionam.

O termo factos do comportamento está relacionado com os processos mentais, que segundo
Davidoff pag6, inclui formas de cognição ou formas de conhecimento: dentre elas, perceber,
participar, lembrar, relacionar e resolver problemas. Sonhar, fantasiar, desejar, ter esperança e
prever são também processos mentais.

Psicologia do senso comum e científica

Quantas vezes no nosso dia-a-dia ouvem o termo psicologia? A impressão com que ficamos é que
cada um entende alguma coisa sobre ela, poderemos até pensar que de “psicólogo’’ cada um tem
um pouco e é verdade, porque de uma maneira geral, cada um tem a sua psicologia.

Usamos o termo psicologia no nosso quotidiano, com vários sentidos, por exemplo: quando
interpretamos fenómenos relacionados com o comportamento das crianças ou mesmo adultos
recorrendo a nossa experiencia dizemos que estamos a usar a psicologia.

Este facto só pode ser naturalmente explicado e percebido, uma vez que uma das formas de
aquisição de conhecimentos é a experiencia que se adquire no dia-a-dia, vendo os fenómenos os
resultados dos mesmos com o tempo.

O que acontece na realidade é que todos nós usamos na nossa vida quotidiana o que é chamado de
psicologia de senso comum.

As pessoas em geral têm um domínio mesmo que pequeno ou superficial, do conhecimento


acumulado em psicologia científica, o que lhes permite explicar ou compreender os problemas
quotidianos do ponto de vista psicológico.

Como podemos observar esta forma de aquisição de conhecimentos que tem como fonte única a
experiencia é considerado conhecimento empírico.

De forma sistemática, podemos definir o conhecimento empírico como aquele que se adquire com
base na experiencia e está relacionada aos conhecimentos práticos.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


2

Significa, que observamos e tentamos explicar o nosso próprio comportamento e dos outros,
tentamos predizer quem fará o quê e quando e muitas vezes sustentamos opiniões sobre como
adquirir controlo sobre a vida – o melhor método para criar os filhos, fazer amigos, impressionar as
pessoas e dominar o método com base nos acontecimentos do dia-a-dia.

Significa, que os seres humanos comuns tendem a passar a vida buscando apoio para as crenças que
já tem não considerando ou ignorando, aspectos negativos.

A psicologia do senso comum é aquela que se adquire informalmente e que é muito útil no nosso
quotidiano. E produto de várias fontes de informação sobre a natureza humana, tais como
provérbios, mitos, generalizações, experiencia pessoal. Ajuda na orientação de nossa conduta, ela
também é depositária de grandes preconceitos e falsos saberes.

A psicologia do senso comum pode perpetuar mitos e limitar as possibilidades de mudanças e de


transformação do ser humano.

A psicologia científica é sistematizada com base em conhecimentos científicos, apresenta


directrizes para avaliar evidências, apresenta um campo autónomo de conhecimento e pesquisa,
apresenta um objecto, objectivos, métodos e princípios.

Objecto da psicologia e seu percurso histórico

A psicologia como ciência autónoma tem o seu objecto e método, objectivos e princípios de uma
pesquisa psicológica.

Vamos agora, referir-nos ao objecto da psicologia, para tal é importante que façamos um breve
resumo de como a psicologia chegou a objecto que hoje apresenta.

De acordo com Rocha e Fidalgo no início do século XIX, os fisiologistas europeus começaram a
estudar o funcionamento do cérebro dos animais através de operações cirúrgicas e observando
alterações nos comportamentos de pessoas com lesões cerebrais causadas por acidentes de toda
espécie.

Na primeira metade do século XIX, pioneiros como fisiólogo Herman Helmhotz (1821-1824), o
anatomista Ernest (1795-1878) começaram a responder através das suas investigações sobre o
corpo humano, a questão onde surgia pela primeira vez de forma articulada, a ligação entre a
fisiologia e o comportamento.

Este facto criou condições para que fosse criado na Alemanha o primeiro laboratório de psicologia
aplicada, laboratório este que foi fundado por Wilhelm Wundt (1832-1920), que era assistente de
Helmoholtz.

De acordo com Rocha e Fidalgo, a psicologia como ciência não constitui uma acumulação de
observações empíricas e de alguns factos, procurando delinear leis e teorias que tenham sido
formulados ao longo da sua história.

Mas importa referir, que as informações psicológicas do dia-a-dia, obtidas através da experiência
social e individual, constituem os conhecimentos psicológicos.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


3

Estas informações são bastantes vastas, podem contribuir para orientar na conduta das pessoas e
corresponder a realidade.

A psicologia (deriva da palavra grega que significa o estuda da mente ou da alma). E hoje definida
como a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais (Davidoff: 1983 p.5).

Segundo Rocha e Fidalgo, etimologicamente, a palavra psicologia deriva da junção de duas


palavras gregas psyche (alma) logos (razão, discurso lógico racional acerca de …)

Significa que a psicologia hoje, propõe-se a investigar descrever e explicar (objectivos da pesquisa
psicológica). Os factos do comportamento, dedicando-se ao estudo de assuntos como, as bases
fisiológicas que são: comportamento, aprendizagem, a percepção, a consciência, a inteligência, a
personalidade, o ajustamento, o comportamento normal e anormal.

Portanto, o objecto do estudo científico da psicologia são os factos concretos da vida psíquica
(factos psicológicos) e leis psicológicas. Por exemplo muitos factos psicológicos verificam-se
quando existem as respectivas condições, isto é, o seu surgimento obedece a uma lei natural.

Por isso, a tarefa da psicologia, inclui não só o estudo das leis e dos factos psicológicos mas
também o estabelecimento de mecanismos da actividade psíquica.

Uma vez que os mecanismos da vida psíquica pressupõem o funcionamento de aparelhos


anatómicos – fisiológicos concretos que realizam diversos processos psíquicos, a psicologia
esclarece a natureza e a acção destes mecanismos juntamente com outras ciências.

Portanto, a psicologia como ciência estuda os factos, as leis os mecanismos do psíquico.

Objectivos da psicologia

O objectivo final da psicologia é a explicação das condutas em função dos factores e variáveis que
as condicionam e determinam.

Princípios da psicologia científica

Princípios que orientam a psicologia científica:

Previsão – os psicólogos procuram ser precisos de diferentes maneiras e são metódicos para o
alcance dos seus objectivos.

Objectividade – o conhecimento cientifico, pela sua própria natureza, ultrapassa o âmbito de cada
experiencia vivida individualmente e tem tendência de eliminar todo o elemento subjectivo, isto é,
tudo que reflita a personalidade do cientista – sua opinião seus gostos, suas preferências, etc.

Empirismo – os psicólogos acreditam que a observação directa é a melhor fonte de conhecimento,


pois a especulação por si só é considerada como prova inadequada, logo, esta atitude de “olhar e
ver” é considerada empirismo.

Determinismo – refere-se a tese de que todos acontecimentos têm causas naturais. Os psicólogos
acreditam que os actos das pessoas são determinados por enorme numero de factores alguns de
Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)
4

dentro (potencialidades genéticas, motivos, emoções e pensamentos) e alguns de fora (pressões de


outras pessoas, e circunstancias correntes). Se a conduta é determinada por causas naturais então ela
pode eventualmente ser explicada. Não confundir determinismo com fatalismo (crença de que o
comportamento é estabelecido de antemão por forças externas além do controle da pessoa).

Parcimónia – refere-se a padronização das explicações: as explicações simples e que se ajustam


aos factos observados são as preferidas mas devem ser testadas inicialmente. As explicações
complexas ou abstractas adiantem apenas quando houver ficado provado que as menos complicadas
são inadequadas ou incorretas.

Tentativas – os psicólogos esforçam-se por conservar o espírito aberto, aceitando críticas e pontos
a reavaliar suas palavras; eles consideram suas descobertas tentativas.

Assim sendo, o objecto do estudo científico da psicologia são os factos concretos da vida psíquica
(factos psicológicos) e leis psicológicas. Por exemplo muitos factos psicológicos verificam-se
quando existem as respectivas condições, isto é, o seu surgimento obedece a uma lei natural.

Por isso, a tarefa da psicologia, inclui não só o estudo das leis e dos factos psicológicos mas
também o estabelecimento de mecanismos da actividade psíquica.

Uma vez que os mecanismos da vida psíquica pressupõem o funcionamento de aparelhos


anatómicos – fisiológicos concretos que realizam diversos processos psíquicos, a psicologia
esclarece a natureza e a acção destes mecanismos juntamente com outras ciências.

TEMA-2: CONCEITO, OBJECTO E IMPORTÂNCIA DA PEDAGOGIA MILITAR

Ramos da Pedagogia

1. Conceito da Pedagogia

Pedagogia, etimologicamente, vem do grego, paidagogia, arte de instruir e educar as crianças; mais
precisamente: paidós = criança + ago = dirigir + logia = ciência, significando, portanto, ciência de
dirigir crianças.

A Pedagogia, hoje pode ser considerada como o estudo, sob todos os aspectos, do fenómeno da
educação, não só da criança, mas também da criatura humana, através de todas as suas fases de
vida. (Nérici 1989:25)

A Pedagogia é a arte de instruir, ensinar e educar. A pedagogia implica metodologias, isto é, é


necessário dominar e ter conhecimento do método para ter habilidades para o concretizar.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


5

2. Objecto da Pedagogia

A Pedagogia é de facto uma ciência porque tem o seu objecto de estudo – ciência sobre a educação,
a instrução e ensino. Estuda o surgimento da educação e desenvolvimento, estilos de educação, os
Aspectos pedagógicos da instrução e do ensino, as leis, os princípios e as regras da educação bem
como a organização e métodos de educação.

3. Os Principais ramos da Pedagogia

Pedagogia Geral – estabelece as bases gerais da educação, instrução e ensino. O seu


desenvolvimento conduz a esferas de conhecimentos pedagógicos relativamente independentes
como a didáctica e a metodologia, teoria de educação e organização escolar.

Educação Especial ou Defectologia – Educação de crianças com sérios problemas visuais,


auditivos, fala e psíquicos. Divide-se em surdo pedagogia, tiflopedagogia (visão),
oligofenopedagogia (mentais), a logopedia (fala).

História da Pedagogia – estuda e investiga os problemas de desenvolvimento da educação, como


fenómeno social e os problemas das teorias pedagógicas nos diferentes tempos.

Pedagogia comparada – estuda e compara as tendências de desenvolvimento e generalização das


políticas educativas nos diferentes países do mundo.

4. Tarefas e importância da Pedagogia

A Pedagogia esclarece quais são os meios e métodos de ensino e de educação que podem ser mais
efectivos na formação de conhecimentos necessários e qualidades da personalidade.

TEMA: 3-DEFINIÇÕES, CONCEITOS E TEORIAS DA LIDERANÇA

1.1. Comando, chefia, administração, gestão e liderança

O nosso dicionário de termos militares não contém o termo liderança. Mas nele encontramos as
definições dos seguintes termos relacionados com o conceito que aquele termo exprime:

Comando, como autoridade conferida por lei regulamentos acompanhada pela correspondente
responsabilidade, a qual não pode ser delegada.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


6

Chefia, como arte de influenciar e dirigir subordinados, tendo em vista alcançar-se um fim
determinado, de uma maneira tal que se consiga da parte daqueles a confiança, o respeito, a
coordenação leal e a obediência.

Administração, como ciência e a arte do emprego dos recursos colocados à disposição de um


comandante militar – recursos humanos, materiais, financeiros e de tempo – com vista ao
cumprimento económico e eficiente da missão.

Em síntese, poder-se-á dizer que o comando é a autoridade investida, a chefia a influencia a


exercer e a administração os recursos a aplicar. Esclarece o mesmo dicionário que a noção de
comando contém, implícita, a de chefia (e também a de administração) e, ainda, que o termo gestão
é muitas vezes utilizado com o mesmo significado de administração, com o qual se encontra
estreitamente ligado, residindo a diferença entre ambos no predomínio da concepção e da definição
de linhas gerais de acção na administração e das operações e execução na gestão.

O certo é que o termo liderança, tanto por influência das doutrinas militares dos nossos aliados da
OTAN (sobretudo os EUA), como pelo que ocorre nas esferas empresarial e politica, tem vindo,
nas nossas forças armadas, a substituir, progressiva e irreversivelmente, o termo chefia,
acrescentando-lhe uma vertente cientifica que a definição de “chefia” do nosso dicionário não
contempla.

A definição de liderança, contudo, ainda não é hoje pacífica, surgindo abordada de forma muito
diversa na literatura académica mais recente. Ralph Stogdill, professor da universidade de Ohio,
define a liderança como função das características pessoais ou dos quadros de comportamento;
pela referência à interação entre o líder e o subordinado (os seguidores); pela incidência no
cumprimento dos objectivos dos grupos; pela diferenciação entre algo designado como funções;
enfim, pela enfase do exercício do poder e influência.

No seu sentido mais simples, liderança pode ser definida como um processo de influência do
comportamento humano, isto é, motivar indivíduos a adotarem um comportamento que de outro
modo eles não adotariam.

No caso da instituição militar, onde as finalidades, metas e objectivos a cumprir envolvem o


eventual sacrifício da vida e a destruição de bens e de património, a responsabilidade atribuída ao
líder, independentemente do nível em que ele se situe, não pode reduzir-se aa simples transmissão
das finalidades, metas e objectivos a cumprir e ao seu cumprimento.

Será então licito, definir a liderança como o processo de influenciar, para além do que seria
possível através do uso exclusivo da autoridade investida, o comportamento humano com vista ao
Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)
7

cumprimento das finalidades, metas e objectivos concebidos e prescritos pelo líder organizacional
designado.

Uma liderança eficiente cria empenhamento ao nível individual, coesão ao nível da pequena
unidade e o espirito de servir em toda a instituição. A obtenção de excelência é necessário em
qualquer dos níveis.

Na evolução histórica das teorias da liderança é possível distinguir:

Teoria do traços (ou características) “se imitar um grande líder, também eu posso ser um grande
líder”.

Teoria da situação preconiza que os aspectos situacionais são determinantes para eficácia dos
líderes e das organizações que eles lideram: “virtualmente, qualquer pessoa pode ser um líder num
apropriado quadro de circunstâncias”.

Teoria da interação preconiza a necessidade de identificar a personalidade relevante ou as


características de comportamento com a situação na qual elas produzem uma liderança eficaz.

Teorias transacionais dado que elas consideram a liderança essencialmente como uma transação
entre os subordinados e o líder. Estas teorias baseavam-se na noção de observação e mudança de
comportamento.

Teorias transformacionais que preconizam a necessidade de transformar as atitudes e valores. O


líder transformacional consegue que os subordinados transcendam os seus próprios interesses em
atenção ao líder, a equipa, a unidade ou organização.

TEMA:4 - FACTORES E REQUISITOS DE LIDERANÇA

“A liderança é intangível e portanto nenhuma arma alguma vez concebida pode substitui-la ”.

Factores de liderança

São quatro os factores gerais de liderança: o liderado; o líder; a situação e a comunicação.

Estes factores estão sempre presentes em qualquer accao de liderança, antes e durante o seu
desenvolvimento, mas a sua influência ou importância relativa é variável.

Os homens por cuja liderança o comandante é responsável, os liderados, constituem o primeiro


factor geral de liderança. As suas competências, motivações e empenhamentos têm que ser objecto
de uma correcta avaliação vir a ser aplicadas em tempo oportuno.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


8

Ao líder compete criar e manter um clima que encoraje os seus subordinados a participar
activamente e a querer ajuda-lo no cumprimento da missão recebida. Os elementos-chave para este
relacionamento essencial são o conhecimento mutuo, o respeito e a confiança.

“O conhecimento dos homens que tem que dirigir é para o líder tao necessário como o
conhecimento da missão para a qual lhe compete orienta-lo” Gaston Courtois – Arte de ser chefe.

O segundo factor geral da liderança é o próprio líder. O líder tem que ter conhecimento honesto de
si próprio: do que é, do que sabe e do que pode fazer; das suas capacidades e limitações. Só assim
poderá controlar-se, disciplinar-se e liderar os seus subordinados de forma eficiente.

O líder deve assegurar, em permanência, que cada um dos subordinados é tratado com dignidade e
respeito.

“O líder é aquele que transforma o pensamento em accao e propaga esta energia a sua volta”

A situação é o terceiro factor de liderança. Todas as situações são diferentes e as acções de


liderança que tiveram sucesso numa determinada situação podem não resultar numa situação.

Para determinar qual a melhor accao de liderança a adotar, haverá que ter em conta, em primeiro
lugar, os meios ou recursos disponíveis e os factores do estudos da situação, para, em seguida,
considerar o nível de aptidão, motivação e empenhamento dos subordinados para executar a tarefa
ou missão. Numa determinada situação, o líder poderá ter que superintender de perto e dirigir a
acção dos subordinados; noutra situação, será mais indicado delegar num subordinado ou num
grupo de subordinados a autoridade para apreciação de um problema e para consequente tomada de
decisão.

O factor situação inclui, também, a oportunidade das acções de liderança. O líder deve ser capaz de
identificar e pensar através da situação, por forma a poder desenvolver a acção adequada no tempo
certo.

O líder deve saber aprender dos seus próprios erros, bem como dos erros alheios. Ao errar, o líder
terá que voltar a analisar a situação, tomar rapidamente acção corretiva e continuar.

“Todas as situações são diferentes; as acções de liderança que resultaram numa determinada
situação podem não resultar numa outra”.

A comunicação, o quarto factor geral da liderança, consiste na permuta de informações e ideias de


uma outra pessoa. A comunicação afectiva ocorre quando os subordinados compreendem
exactamente o que o líder tenta dizer-lhes, e quando o líder, por seu turno, compreende
precisamente o que o subordinado dizer-lhe.

A comunicação poderá verificar-se por recurso a uma combinação de todas estas modalidades.

A forma de comunicar em diferentes situações ee importante. A escolha das palavras, o tom de voz
e a atitude assumida influenciam as reações dos subordinados. A liderança é mais que dar exemplo
e comandar com bravura em combate. A aptidão para dizer o que deve ser dito, da parte importante
da liderança. Aquilo que o líder comunica e a forma como o faz, podem reforçar ou enfraquecer o
seu relacionamento com os subordinados.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


9

O líder deve saber ouvir sabe ouvir, atento, quer o que é dito, quer ao como é dito, líder ouvir os
seus subordinados estes não deixarão de o ouvir.

“Uma comunicação de qualidade permite garantir uma melhor compreensão mutua e a adesão
das tropas”.

REQUISITOS DA LIDERANÇA

Os líderes militares devem satisfazer aos seguintes requisitos da liderança:

 Liderar em tempo de paz para estar preparado para o tempo de guerra;


 Desenvolver os líderes individuais;
 Desenvolver equipas de liderança;
 Descentralizar.

Liderar em tempo de paz para estar preparado para o tempo de guerra

O exercício necessita de líderes com aptidão para olhar para além das preocupações do tempo de
paz e capazes de executarem suas missões de guerra mesmo depois de longos períodos de paz. As
actividades administrativas são importantes em tempo de paz, mas não devem, de forma alguma,
ser consideradas prioritárias em relação ao treino realista combate. Os líderes têm que instruir e
treinar as suas tropas numa perspectiva de guerra.

“A forma como os líderes treinam os seus soldados e as suas unidades é a forma como eles
deverão actuar em operações”.

Desenvolver os líderes individuais

Este objectivo é alcançado através de um dinâmico sistema de desenvolvimento dos líderes apoiado
em três pilares:

1. Estabelecimentos de ensino militar, Escolas e Centros de Instrução;


2. Experiencia própria, sobretudo operacional;
3. Autodesenvolvimento. Sendo a iniciativa individual e o autoaperfeiçoamento as “chaves”
para o treino e desenvolvimento de todos os líderes. O líder pode e deve continuar a
desenvolver os conhecimentos adquiridos através do ensino e instrução ministrados no
primeiro dos pilares referidos, por recurso, inclusive, ao ensino civil.

“Em todos os níveis, o líder superior é responsável pela criação de programas visando o
desenvolvimento profissional dos líderes seus subordinados”.

Desenvolver equipas de liderança

A aptidão era desenvolver equipas de liderança resulta essencial para o sucesso em operações de
guerra. A doutrina operacional actual exige que a liderança, para além do seu sentido tradicional de
esforço de influência individual, seja ainda considerada em termos de equipas de liderança.

Uma equipa de liderança consiste de um líder e dos subordinados necessários para planear e
executar operações. Por exemplo, uma equipa de liderança de pelotão consistirá, usualmente, do
oficial comandante do pelotão e dos sargentos-chefes de secção. As equipas de liderança reagem
com rapidez devido ao seu conhecimento comum dos requisitos da missão.
Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)
10

“Os líderes devem desenvolver uma equipa que antecipe requisitos e que exerça iniciativa de
acordo com a intenção do comandante”.

Descentralizar

Os líderes devem criar um clima de liderança em que a tomada de decisão é descentralizada no


escalão apropriado. Este clima é necessário para que os líderes subordinados aprenderem e, então,
demostrarem flexibilidade mental, iniciativa, inovação e assunção de riscos que a nossa doutrina de
treino e de operações requer. Os lideres devem gerir a descentralização tendo em conta a aptidão,
treino e experiencia dos subordinados, que podem necessitar de ser preparados e apoiados, bem
como encorajados. Ainda que a descentralização deva permitir a iniciativa dos subordinados no
respeitante a julgamentos no quadro da intenção do comandante, os líderes devem manter os
subordinados estritamente responsáveis pela sua descentralização requer tempo e paciência. A
finalidade é desenvolver a aptidão dos subordinados para resolver problemas. O líder deve
estabelecer níveis, decidir o que necessita ser executado, e então deixar os subordinados
competentes decidir como cumprir a missão.

Questões para reflexão

1. Ao líder compete criar um clima que encoraje os seus subordinados a participar ativamente
e a querer ajuda-lo no cumprimento da missão recebida. Quais os elementos chaves para o
relacionamento?
2. Quando se pode classificar uma comunicação líder-subordinado de “efectiva”?
3. Quais os “pilares” em que se apoia o sistema de desenvolvimento de líderes?
4. O que se entende por “desenvolver equipas de liderança”?
5. Quando o líder executa regularmente tarefas que competem ao seus subordinados, qual o
requisito de liderança que poe em causa?

O líder que executa regularmente tarefas que competem aos seus subordinados, nega a estes
últimos toda a possibilidade de desenvolvimento; a si mesmo nega também a possibilidade de
beneficiar das suas capacidades.

TEMA: 5 RELAÇÃO DA PSICOLOGIA MILITAR COM OUTRAS CIÊNCIAS SOCIAIS

Relação entre a psicologia e a Sociologia

A psicologia relaciona-se com outras ciências sociais especialmente a sociologia.

Enquanto os sociólogos concentram a sua atenção nos grupos, processos grupais e forças sociais, os
psicólogos sociais concentram-se nas influências que os grupos e a sociedade exercem sobre os
indivíduos e a sociedade exercem sobre os indivíduos. A ênfase da psicologia está no ser humano
como individuo enquanto que a Sociologia preocupa se com estudo do homem integrado na
sociedade e estudo dos comportamentos sociais produzidos pelos indivíduos.

Relação entre a psicologia e a Biologia

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


11

As duas ciências também muito próximas. Os psicólogos fisiologistas, as vezes chamados de


psicobiólogos, concentram-se nas formas pelas quais o comportamento e o funcionamento mental
relacionam-se com a biologia. Sem a compreensão do nosso património genético, do
funcionamento celular não é possível estudar os mecanismos e os papéis desempenhados pelo
cérebro e pelo restante sistema nervoso em funções como a memória, linguagem, sono, atenção,
movimento, percepção, sexo, raiva, alegria, etc. Estudam doenças e lesões cerebrais e o seu
tratamento; e avaliam o impacto das drogas.

Relação entre a psicologia e a Matemática

O psicólogo psicométrico ou quantitativo, desenvolve e avalia testes, projecta pesquisas para medir
as funções psicológicas como a inteligência, usando os conhecimentos matemáticos.

Relação entre a psicologia e a Filosofia

Naturalmente a psicologia não se isola de qualquer filosofia. A filosofia e o seu componente, a


teoria da cognição, resolve a questão da atitude do psiquismo para com o mundo circundante e
interpreta o psiquismo como reflexão do mundo. A psicologia esclarece o papel que o psiquismo
desempenha na actividade do homem e no seu desenvolvimento.

Relação entre a psicologia e a Pedagogia

Educar é compreender a interacção entre a cognição, a fase do desenvolvimento psicossocial da


criança e do jovem e a dinâmica grupal do contexto educativo.

Actualmente as tarefas da evolução geral da personalidade nas condições duma considerável


aceleração do progresso técnico-científico e os êxitos já alcançados no desenvolvimento das
pesquisas psicológicas concretas permitem interpretar duma maneira nova as possibilidades da
psicologia e a sua participação no processo de instrução e da educação dos alunos.

Os psicólogos formularam tarefas que a ciência psicológica enfrenta e de cuja solução depende a
resolução dos mais importantes problemas psicológicos.

Relação entre a psicologia e a Medicina

Hoje não é possível compreender a doença sem avaliar a contribuição das causas psicológicas para
sua génese. Fala-se da medicina psicológica, quando se quer pôr em evidência que tratar um doente
é cuidar do sofrimento que acompanha a sua doença física.

Tudo o que acabamos de dizer torna evidente que a psicologia moderna se encontra numa posição
intermediaria entre várias ciências, embora em todos os ramos conserve o seu objecto de estudo, os
seus princípios teóricos e as suas vias de estudo desta matéria.

A multivariedade dos problemas psicológicos, reside no facto do centro das atenções dos
psicólogos ser sempre o homem.

Relação entre a Psicologia e liderança militar

Enquanto a psicologia militar se preocupa com o estuda da conduta do homem no campo de


batalha, aspectos psicológicos da relação entre os chefes e subordinados, os métodos da propaganda

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


12

e de contra propaganda psicológica, os problemas psicológicos de uso de materiais de guerra, a


liderança militar como um processo de influência de um quadro de padrões de comportamento,
expresso em normas, princípios, orientações de procedimentos ou regras de comportamento, com
enfase no exercício do poder, de modo o individuo a adotar um determinado tipo de comportamento
que de contrario não adotaria.

RAMOS DA PSICOLOGIA

Psicologia militar – estuda a conduta do homem no campo de combate, os aspectos psicológicos


da relação entre os chefes e subordinados, os métodos da propaganda e de contra propaganda
psicológica, os problemas psicológicos de uso de materiais de guerra.

Psicologia pedagógica – estuda as leis psicológicas do ensino e da educação do homem. Ela estuda
a formação dos raciocino dos alunos, os problemas do governo do processo de assimilação dos
meios e dos hábitos, revela os factores psicológicos que influenciam o processo de aprendizagem as
relações entre o pedagogo e os alunos e as relações dentro da colectividade dos alunos, as
diferenças psicológicas individuais do aluno, as particularidades psicológicas da educação e do
ensino das crianças com o desenvolvimento psíquico anormal, a especificidade psicológica de
adultos.

A Liderança Militar pode ser definida como um processo de influência do comportamento


humano, isto é, motivar indivíduos a adotarem um comportamento que de outro modo eles não
adotariam.

TEMA-6 FACTORES DO DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO:

 Hereditariedade, ambiente e maturação

Em última instancia, as diferenças entre as espécies dependem da hereditariedade ou herança


física. A hereditariedade compartilhada por todas as pessoas, permite uma serie de actividades
humanas distintas.

Além das estruturas influenciadoras e dos comportamentos comuns a todas as pessoas, a


hereditariedade modela o que é exclusivo a cada pessoa. Seus genes têm algo a dizer sobre sua
capacidade de aprender, se querer dizer que o ambiente tenha pouca influência sobre a qualidade
em questão. Do início ate ao fim da vida, os organismos estão sendo constantemente moldados
tanto pela hereditariedade como pelo ambiente.

Para dizer que a hereditariedade e o meio ambiente interagem continuamente para influenciar o
desenvolvimento. O termo ambiente abrange uma miríade de influências. Algumas poderiam ser
classificadas de químicas; por exemplo, drogas, alimentos e hormônios. Tanto antes como depois
Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)
13

do nascimento, estas substâncias poderão alterar o curso do desenvolvimento. A maioria das


influências ambientais é considerada sensorial. Os indivíduos assimilam através dos olhos,
ouvidos, e outros órgãos sensoriais.

O termo maturação refere-se ao surgimento de padrões de comportamento que dependem


fundamentalmente do crescimento do corpo e do sistema nervoso (davidoff pag. 419).

Embora de importância primordial, a hereditariedade não é a única influencia a actuar sobre a


maturação. Também o ambiente exerce um papel vital. Um determinado treinamento pode retardar
ou acelerar a maturação de habilidades específicas.

Uma vez que a maturação é influenciada por experiencias únicas e também pela herança genética, é
de esperar que as pessoas atinjam pontos de maturação em diferentes idades.

Desenvolvimento do psiquismo na filogenia

O cérebro humano, como matéria mais alta e complexa, possui uma qualidade de reflexo, isto é, a
capacidade de responder a influência em conformidade com o carácter desta influencia e forma de
existência da matéria.

Os reflexos podem ser condicionados ou aprendidos e incondicionados ou não aprendidos.

Estes reflexos permitem o desenvolvimento dos hábitos e acções intelectuais.

Os hábitos são acções dos animais que tem como base ligações condicionadas e que funcionam
automaticamente.

Os elementos motores que fazem parte dos hábitos dos animais podem incluir tanto os movimentos
inatos que reproduzem as experiências da espécie, como movimento adquiridos no processo de
repetição de provas motoras casuais.

Os hábitos adquiridos por um animal podem ser transferidos também para uma nova situação.

Portanto, os hábitos podem deferir duma maneira essencial um do outro; em alguns casos eles
aproximam-se quanto ao seu automatismo, dos instintos, em outros aproximam-se das
manifestações do intelecto.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


14

TEMA-7: APRENDIZAGEM – CONCEITO, ESTRUTURA E TIPOS E FORMAS DE


APRENDIZAGEM

1. Noção e conceito de Aprendizagem

No sentido mais extenso da palavra, aprendizagem define se como mudança na acção ou


comportamento devido a experiencia. Aprendizagem é uma exigência social do individuo e a
principal actividade do ser humano. A sociedade o conteúdo e a extensão da aprendizagem em
degrau de idade e avalia os resultados.

A aprendizagem pedagógica significa aquisição de conhecimentos, habilidades adequadas,


formação de aptidões, aquisição de atitudes, convicções, formas de comportamento e hábitos. Na
aprendizagem, o aluno tem que resolver tarefas que são muito diferentes de acordo com o conteúdo
e estrutura, conteúdo, a personalidade como um todo é exigida.

Cada processo de aprendizagem ou cada tarefa de aprendizagem apresenta particularidades no que


concerne aos conteúdos, exigências, objectivos e procedimentos da solução. Contudo, todos estes
processos de aprendizagem têm algo em comum. A mudança na actividade, na acção e
comportamento é o resultado de toda aprendizagem.

O resultado de aprendizagem é uma mudança no sentido mais extenso de tal modo que se pode
organizar e controlar melhor a sua acção e comportamento, de acordo com a norma da sociedade.
Concluindo, aprendizagem significa preparação para as exigências e tarefas futuras. Primeiramente
definimos aprendizagem como mudança a acção e comportamento devido a experiencia.

A formação de todas qualidades psíquicas da personalidade tem lugar na aprendizagem. E um


processo básico de desenvolvimento da personalidade no qual adquire se a experiencia social, a
cultura humana e o modo de vida individual.

A actividade especial de aprendizagem é a guiada pedagogicamente. A sociedade determina e fixa


nos programas o que o aluno deve aprender. A aquisição de conhecimentos, habilidades e aptidões
permanece, contudo, como o principal objectivo da actividade do aluno.

A Aprendizagem é um processo quase de toda a extensão da vida do Homem.

Na análise do desenvolvimento da conduta e actividade da criança, mostra que exceptuando


reflexos incondicionados e elementares, falta no princípio à criança outras formas de conduta e de
actividade, formas de conduta que podem ser observadas posteriormente, tais como, conduta
prática, conduta comunicativa, a linguagem e o jogo. Estas formas de conduta e de actividade

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


15

exigem um período crítico de surgimento, implicam um determinado tempo de formação, exigem


etapas da sua organização e não só, como também etapas de especialização.

Por outro lado, para o seu desenvolvimento a que ter em conta determinadas premissas biológicas,
isto é, com o crescimento anatómico do organismo, com a maturação do organismo, com as formas
e compressibilidade dos mecanismos funcionais e com a sua actividade na classe posterior.

Estas actividades e formas de conduta implicam o surgimento e desenvolvimento sob a base da


experiência prática social da criança cujo cerne é a interação com as pessoas e com os objectos. A
este mecanismo ou processo denominam-se por Aprendizagem.

Neste sentido a aprendizagem seria a mudança na acção e no comportamento devido a experiência.

Contudo, destas mudanças situam-se aquelas que são devidas a maturação, crescimento por altura, a
puberdade, a doença e perturbações do comportamento, a oligofrenia ou a danos físicos.

A Essência e Estrutura da Aprendizagem

A essência é inseparável da estrutura da aprendizagem na medida em que a estrutura é o


desdobramento dos elementos da aprendizagem. Para conhecermos as características da
aprendizagem temos:

 Aprendizagem constitui uma mudança relativamente permanente. Ex.: as mudanças ligadas


ao consumo de drogas, fadiga, sob exigências.
 Aprendizagem é um processo que evolui no sentido de que toda a aquisição é um
pressuposto e necessidade para as aquisições posteriores. Por outro lado a aprendizagem
está ligada a pressupostos internos que constituem uma base para a actividade.
 As mudanças que ocorrem em processos actuais, isto é, os processos da própria
aprendizagem conduzem a modificações relativamente permanentes que tem ligações com
as características individuais, com os traços da personalidade.
 Aprendizagem constitui uma condição básica para a realização de tarefas e da actividade
com êxito. Aprendizagem animal implica limitações. E esta limitação está ligada as
necessidades instintivas o que faz com que a aprendizagem animal esteja situada ao nível
dos primeiros sinais, isto é, dos órgãos dos sentidos.

A aprendizagem humana no sentido mais amplo é um processo de aquisição de cultura humana, é


um processo de socialização do individuo ou um processo de humanização do individuo.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


16

Da forma mais restrita, a aprendizagem é um processo intencional e consciente, que está na base do
surgimento de todas actividades do homem. Portanto, é um processo abrangente na medida em que
surge em todas as tarefas do desenvolvimento do homem e em todas as actividades.

Neste sentido restrito, a aprendizagem seria a principal actividade do aluno, sendo uma actividade
sistemática cujo objectivo principal é aquisição de conhecimentos, habilidades, aptidões e
qualidades do carácter.

Ainda neste sentido a aprendizagem caracteriza-se: por ser organizada intencionalmente ou efetuar-
se sob a direcção de um profissional e pode realizar-se nas instituições de ensino apropriados com
aplicações de programas e exigindo uma planificação específica.

Tipos de Aprendizagem

A aprendizagem no sentido restrito implica tipos principais de realização:

1) Aprendizagem Directa – caracteriza-se pela orientação para aquisição de conhecimentos,


habilidades, aptidões e colocação de objectivos claros e directos.

2) Aprendizagem Indirecta – caracteriza-se pela colocação de tarefas que não são objectivos
directos da aprendizagem, na medida em que o objectivo da aprendizagem aparece incluído na
tarefa.

Além da aprendizagem directa e indirecta, podemos falar da mediata e imediata segundo os


recursos utilizados na sua efectivação:

Na aprendizagem imediata temos a utilização dos objectivos e fenómenos observáveis, enquanto


que na aprendizagem mediata faz recurso a representações ou imagens da realidade que tem como
veiculo principal a descrição verbal do professor.

TEMA 8- PROCESSOS PSÍQUICOS E SOCIAIS

 Processos psíquicos
 Dinâmicas de grupos

8.1. Sensações

A Sensação é o processo psíquico mais simples que consiste em reflectir diversas propriedades dos
objectos e dos fenómenos do mundo material, assim como estados internos do organismo nas
condições de influência directa de excitantes materiais sobre os respectivos receptores.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


17

6.1.1.O Papel das Sensações na vida e na actividade do homem

Tomamos conhecimento da riqueza do mundo em redor, dos sons, das cores, dos cheiros, da
temperatura, do tamanho e de muitas outras coisas graças aos órgãos dos sentidos. Por meio dos
órgãos dos sentidos o organismo humano recebe, seleciona, acumula a informação sobre o estado
do meio interno e externo e transmite para o cérebro que recebe e transforma a cada instante um
volume imenso e inesgotável desta informação. Em resultado disso surge o reflexo adequado do
mundo circundante e do estado do próprio organismo.

Os órgãos dos sentidos são os únicos canais através dos quais o mundo exterior penetra na
consciência humana.

Estes órgãos dos sentidos permitem ao homem orientar-se no mundo através das informações que
permanentemente recebe sobre o meio.

A especialização dos órgãos dos sentidos no reflexo de diversos tipos de energia, de certas
propriedades dos objectos e dos fenómenos da realidade é um produto da sua adaptação às
influências do meio externo e, por isso são adequados quanto a sua estrutura e propriedade.

8.2. Percepção

Chamamos de Percepção ao reflexo na consciência do homem dos objectos ou dos fenómenos


quando estes influenciam directamente os órgãos dos sentidos.

Ao contrário das sensações que refletem diversas propriedades do excitante, a percepção reflecte o
objecto em geral, em todo conjunto das suas propriedades.

Resumindo, pode-se dizer que a percepção é um processo activo durante o qual o homem realiza
inúmeras acções preceptivas para formar uma imagem adequada do objecto.

A percepção depende não só da excitação mas também do próprio sujeito que percebe. Quem
percebe não é o olho isolado, nem o ouvido por si só, mas uma pessoa viva concreta e a percepção é
sempre influenciada duma ou outra maneira pelas particularidades da personalidade de quem
percebe, pela sua atitude em relação ao objecto percebido, pelas suas necessidades, interesses,
aspirações, desejos e sentimentos.

A dependência da percepção em relação ao conteúdo da vida psíquica do homem, em relação as


particularidades da sua personalidade, chama-se apercepção.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


18

8.3. Memória

A memorização, a conservação e a posterior reprodução pelo individuo da sua experiência chama-


se memória.

A mais importante particularidade do psiquismo consiste em que o reflexo das influências externas
é utilizado permanentemente pelo individuo na sua posterior conduta.

A complexidade gradual da conduta realiza-se a custa da acumulação da experiência individual. A


formação da experiência seria impossível se as imagens do mundo exterior que surge do córtex
cerebral desaparecessem sem deixar vestígios.

Estas imagens estabelecem diversas relações entre si consolidando-se, conservando-se e


reproduzindo-se em conformidade com as exigências da vida e da actividade.

Na memória são distinguidos os seguintes processos fundamentais: codificação, conservação,


reprodução e esquecimento.

A codificação de um certo material depende da acumulação da experiência individual no processo


de actividade vital através da linguagem.

A utilização da memorização no processo da posterior actividade requer a reprodução.

A perda dum determinado material da actividade resulta no seu esquecimento.

A conservação do material na memória depende da sua participação na actividade, pois a conduta


do homem em cada momento é determinada por toda experiência de vida.

Portanto, a memória é a mais importante característica da vida psíquica do individuo. O papel da


memória não pode ser reduzido apenas a gravação daquilo que foi passado (na psicologia, as
imagens do passado são denominadas representações).

Nenhuma acção actual é possível fora dos processos da memória, mesmo as mais elementares,
pressupõe obrigatoriamente a retenção a fim de reproduzir posteriormente.

O desenvolvimento seria impossível sem aptidão para este encadeamento - o homem continuaria
eternamente na situação de recém-nascido. A memória, que é a mais importante característica de
todos os processos psíquicos, assegura a unidade e a integridade da personalidade humana.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


19

8.4. Pensamento

Pensamento é um processo psíquico, socialmente condicionado e ligado indissoluvelmente à


linguagem, e na busca e a descoberta do essencialmente novo; é um processo de reflexo indirecto e
sintetizado da realidade no curso da sua análise e síntese.

O pensamento surge com base na actividade prática e na interação social, provindo da cognição
sensorial mas ultrapassa de longe os seus limites.

O pensamento é indispensável precisamente porque durante a vida e na sua actividade cada


individuo depara com propriedades novas e desconhecidas dos objectos.

O individuo ao pensar descobre por conta própria, algo novo e desconhecido (embora esta
descoberta seja pequena e feita apenas para si próprio e não para a humanidade).

Portanto, o pensamento começa onde resulta insuficiente ou, inclusive, impotente a cognição
sensorial.

O pensamento humano seja qual for a sua forma – é impossível sem a linguagem. Quanto mais
profundo e bem ponderado é um certo pensamento, tanto mais clara e precisa será a sua expressão
em palavras, na linguagem oral e escrita. E pelo contrário, quanto mais perfeita e precisa for a
formulação verbal duma certa ideia, mais clara e compressível será a própria ideia.

8.5. Imaginação

A imaginação ou fantasia, da mesma forma que o pensamento, pertence aos processos cognitivos
superiores, no qual se revela claramente o carácter especificamente humano da actividade. Não se
pode dar início a um trabalho sem antes criar imagens do seu resultado final.

Qualquer processo laboral inclui necessariamente a imaginação, que constitui um elemento


indispensável da actividade artística, cientifica, literária e musical e, de um modo geral, de qualquer
actividade criadora.

A imaginação é um elemento indispensável na actividade criadora do homem que se manifesta na


construção de imagem do produto final do trabalho e que garante a criação dos programas de
conduta, nos casos em que a situação problemática se caracteriza por uma incerteza.

A imaginação orienta o homem no processo da sua actividade, criando modelos psíquicos dos
produtos intermédios e do produto final do trabalho, o que contribui para a sua encarnação material.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


20

A imaginação está ligada estritamente ao pensamento. Da mesma forma que o pensamento permite
prever o futuro e, surge numa situação problemática, isto é, nos casos em que é necessário procurar
novas soluções; da mesma forma a imaginação é motivada pelas necessidades da personalidade.

Portanto, numa situação problemática, existem dois sistemas de adiantamento pela consciência dos
resultados desta actividade: um sistema organizado de imagens (com base na imaginação) e um
sistema organizado de noções (com base no pensamento).

Se os dados iniciais de uma dada tarefa, por exemplo, dum problema científico são conhecidos, o
processo da sua resolução está subordinado sobretudo as leis do pensamento. Um quadro diferente,
recorremos a imaginação quando verifica-se que a situação problemática se caracteriza por uma
grande incerteza e a análise precisa dos dados iniciais.

PROCESSOS SOCIAIS E DINÂMICA DOS GRUPOS

Processos Sociais são as formas pelas quais os indivíduos se relacionam uns com os outros, ou
seja, as formas de estabelecer as relações sociais.

Os processos sociais estão presentes em toda sociedade, por exemplo quando um grupo de pessoas
se organiza para limpar uma casa; quando uma pessoa assimila, mesmo que inconscientemente a
forma de falar de outra; quando um país entra em guerra com outro, etc.

Se partirmos do pressuposto de que cada individuo é singular, ou seja, cada um possui as suas
crenças, valores e ideologias em relação a tudo ao seu redor, concluímos que os tipos de processos
sociais estabelecidos entre pessoas irão depender de cada um. A tendência natural dos seres vivos é
de se associarem conforme seus interesses.

Os processos sociais se distinguem do associativismo, quando os indivíduos estabelecem relações


positivas, de cooperação e de consenso; e dissociativos, quando as relações estabelecidas são
negativas, de oposição, de divergência, etc.

Os processos associativos são de: cooperação, acomodação e assimilação.

Na cooperação diferentes indivíduos cooperam entre si para alcançar um objectivo comum.

Acomodação é um processo no qual um individuo se contenha, sem satisfação, com a situação que
é imposta por um outro individuo ou pela sociedade.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


21

Assimilação é um processo que ocorre quando indivíduos de grupos antagónicos se tornam


semelhantes.

Dentre os processos dissociativos estão: a competição e o conflito.

A competição é a disputa de interesses entre indivíduos ou grupos sociais, regulada por “normas”
não havendo formas de violência ou força bruta.

Diferentemente da competição, que não usa de meios violentos para conquista do objectivo; o
Conflito é o processo que ocorre quando a competição ganha um grau de alta tensão social,
podendo haver, inclusive, violência ou ameaça de violência.

Dinâmica de Grupo é uma ferramenta de estudo de grupos e também um termo geral para
processos de grupo.

Em psicologia, um grupo são duas ou mais pessoas que estão mutuamente conectadas por
relacionamentos sociais, por interagir e influenciarem-se mutuamente. Os grupos desenvolvem
vários processos dinâmicos, o que os separam de um conjunto aleatório de indivíduos.

Estes processos incluem normas, papéis sociais, relações, desenvolvimento, necessidade de


pertença, influência social e efeitos sobre o comportamento.

O campo da dinâmica de grupo preocupa-se fundamentalmente com o comportamento de pequenos


grupos.

Aplicação

A dinâmica de grupo forma a base da terapia de grupo frequentemente com abordagem terapêutica,
como na terapia familiar e na terapia expressiva. Políticos e vendedores podem lançar mão do
conhecimento de princípios de dinâmica de grupo para seu próprio benefício.

É muito utilizada pelos recursos Humanos na selecção de candidatos a emprego. Além disso, tem
despertado interesse crescente por conta da inteiração social viabilizada pela Internet.

A terapia em grupo, método de psicoterapia que usando como base a teoria de acção racional, a
sessão de terapia em grupo visa investigar a congruências entre as atitudes das pessoas participantes
da reunião.

As pessoas reunidas ouvem depoimentos uns dos outros e se manifestam contando como e por que
iniciaram e convivem com problemas, como por exemplo a dependência química, pois é o

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


22

momento em que ele assume o problema e adquiri a convicção de que necessita de ajuda para
retomar a sociedade.

A terapia familiar é um tipo de terapia que se aplica a casais ou famílias, onde os membros
possuem algum nível de relacionamento familiar.

A terapia familiar sistémica tende a compreender os problemas em termos de sistemas de inteiração


entre os membros de uma família.

Desse modo, os relacionamentos familiares são considerados como um factor determinante para a
saúde mental e os problemas familiares são vistos mais como resultado das interacções sistémicas,
do que como uma característica particular do individuo.

TEMA:09- PERCEPÇÃO SOCIAL

Percepção é um processo cognitivo, uma forma de conhecer o mundo. É o inicio do exame da


cognição uma vez que é o ponto em que a cognição e a realidade encontram-se.

Percepção consiste na aquisição, interpretação, selecção e organização das informações obtidas


pelos órgãos dos sentidos.

Através da percepção, um individuo organiza, interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir
significado ao meio.

A percepção surge com base na inteiração do individuo com o mundo que nos rodeia através das
informações sensoriais que recebemos obtidas pelos órgãos dos sentidos.

Percepção social é o estudo das influencias sociais sobre a percepção individual. E um processo
que está na base das inteirações sociais. Consiste na formação de impressões acerca de outros.

Há que ter em conta que as mesmas qualidades podem produzir impressões diferentes, pelo facto
de interagirem entre si duma forma dinâmica.

As impressões contam com uma certa estrutura, onde há qualidades centrais e qualidades
periféricas. Cada parte forma um todo; omitir ou acrescentar uma qualidade altera a percepção
global.

O modo como percepcionamos as situações sociais e o comportamento dos outros orienta o nosso
próprio comportamento.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


23

A percepção social está muito relacionado com os grupos sociais, com o contexto em que a pessoa
esta inserida.

A predisposição perceptiva é precisamente o efeito que a sociedade tem na nossa percepção.


Quando olhamos para algo, olhamos com os óculos da nossa sociedade. Existe uma ligação
fundamental entre o nosso conhecimento prévio, necessidades, motivações e expectativas de
como o mundo é constituído e a forma como apreendemos.

Percepção e cultura: A forma como percepcionamos o mundo varia com a cultura, o contexto
cultural (é diferente o modo como um chines e um indiano representam o mundo).

No caso de percepção de pessoas, aparecem diversos factores que influenciam na percepção; as


expectativas que se tem de uma pessoas com quem se vai interagir as motivações (que fazem que o
homem que percepciona veja no outro aquilo que deseja ver), as metas (influenciam no
processamento da informação), a familiaridade e a experiência.

Existe diversos efeitos que alteram a percepção. Dependendo do valor do estimulo, pode ocorrer a
acentuação perceptiva (quando o valor de um estimulo é grande, este é percebido como sendo
maior do que realmente é) ou ainda o efeito Halo (se uma pessoa é vista de forma positiva em
alguma das suas característica, tenderá a distorcer a percepção que tem de si e ver-se de forma
positiva noutras características.).

De acordo com o significado emotivo do estimulo, pode provocar perspicácia perceptiva (perante
estímulos que possam satisfazer uma necessidade ou trazer algum beneficio).

O estereótipo (atribuição/ associação de atributos em função da identidade global. Conjunto de


características – idade, sexo, raça, profissão, local de residência ou o grupo ao qual é associado —
presumidamente partilhadas por todos membros de uma categoria social); o preconceito (a forma
individual de estabelecer julgamento, sobre pessoa ou coisas, que se afastam da percepção social
comum) e a projeção (o efeito das próprias emoções ao avaliar pessoas ou situações) também são
efeitos alteradores da percepção.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


24

TEMA: 10- QUADRO REFERENCIAL DA PROFISSÃO MILITAR

 A função do líder organizacional (institucional)

A função do líder numa organização visará estreitar o intervalo ou corrigir o desvio entre a
realização individual e os requisitos organizacionais. Para isso, os líderes, para além de influência
motivadora sobre os subordinados, podem procurar convencer os líderes superiores da necessidade
de alterar os requisitos organizacionais. Esta dupla responsabilidade do líder tem sido designada
como dilema da liderança. Aos líderes compete a resolução deste dilema para que a organização e
os subordinados recebam mutuamente benefícios aceitáveis.

Ao líder confrontado com o dilema da liderança competirá, como responsável pela motivação dos
seus subordinados e, ao mesmo tempo, como responsável pelo seu empenhamento eficiente e eficaz
no cumprimento das metas organizacionais, saber escutar, em permanência e com humanidade os
seus anseios e necessidades e com eles discuti-los com clareza e coragem as suas propostas de
conciliação sempre que excedam as suas competências. É que, como exemplifica Fushan Yuan, um
dos grandes mestres da china “humanidade sem clareza e como ter um terreno arável e não cultiva-
lo” e “coragem sem humanidade é como saber colher mas não saber semear”.

A profissão militar

Conforme demostra Max Weber, o conceito de profissão como vocação, dever e realização terrena,
encontra-se ligado aa cultura protestante e a implantação do capitalismo nas sociedades ocidentais.
O termo vocação (ou chamamento) refere-se ao acto de servir e cumprir uma missão em nome de
uma causa.

Professar é, segundo Veiga Mestre (pag.21), “aceitar uma fé e prometer uma entrega perfeita e
apaixonada de tudo o que em nós existe, ao serviço de valores sagrados que não devem parecer”.
Para o mesmo autor, a doutrinação do militar profissional, fundamentada nos postulados de uma
ética específica, inclui “um tecnicismo apoiado e animado por um ideal que visa o bem-comum”.

Para Huntington carreira militar (pag. 22) a carreira militar é uma profissão completamente
desenvolvida, porque nela se verificam as três características principais do tipo ideal de profissão:
Destreza (no caso militar, para o manejo dos meios de coação do Estado), o espirito corporativo
(uma consciência esclarecida da identidade que liga todos militares) e responsabilidade (na
designação dos militares mais capazes para ocupar os cargos de direção). Apenas os militares
directamente empenhados no domínio da administração (gestão) da violência são membros da
profissão militar.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


25

Assim, o profissional militar é, nomeadamente: obediente e leal para com a autoridade do Estado;
competente nos assuntos militares; dedicado na utilização da sua capacidade para proporcionar
segurança ao Estado; política e moralmente neutral. O seu sentido de compromisso profissional é
confirmado por uma ética militar que reflete um conjunto, cuidadosamente inculcado, de valores e
atitudes que constituem uma singular perspectiva profissional (ou mentalmente militar)
caracterizada como “realista e conservadora”.

A característica comum a todos aqueles cidadãos que, em permanência se integram na componente


militar da defesa nacional, os profissionais militares, reside no facto deles serem os administradores
da violência armada, legitima e organizada, directamente empenhados na sua aplicação e na sua
preparação, sempre sob a direcção e controlo do poder politico democraticamente instituído.

A especificidade do estatuto militar procede, ainda, do caracter absoluto da missão e da obrigação


de disponibilidade que ela implica. O Estado, para a sua sobrevivência, tem que poder contar, em
todas as circunstâncias, com a instantaneidade da resposta da componente militar.

Instituição Militar

A instituição militar é um sistema organizado de actividades humanas, sempre a volta de uma


necessidade fundamental. As instituições surgem “como algo da vida social que sobreviveu as
gerações biológicas e foi capaz de superar as mudanças, mesmo drásticas, inclusivamente quando
tudo apontava para o seu fim”.

A institucionalização da profissão militar surgiu, depois de um lento desenvolvimento, no pós-


vitoria prussiana de 1870 sobre o potencial militar de Napoleão III.

A Condição militar

A condição militar traduz-se, fundamentalmente, um elevado sentido de missão e noção do dever,


factores indispensáveis ao alto grau de coesão e espirito de corpo que deve caracterizar as forcas
armadas. São estes factores que, aliados aos riscos, exigências e sujeições próprios da condição
militar, impõem o respeito de todos os cidadãos e o apreço da nação, justificando, em contra
partida, a consagração de especiais direitos, compensações e regalias.

A Deontologia militar

A deontologia militar é a ciência que trata da aplicação das regras gerais da moral no caso concreto
da profissão das armas, descrevendo e justificando a conduta do bom soldado, não porem ao nível
das prescrições legais, mas sim das exigências da sua natureza de homem. Em síntese, a
deontologia militar será a ciência dos deveres morais dos militares.

No âmbito da deontologia militar integram-se a ética militar, como conjunto de questões filosóficas
(aspectos críticos ou especulativos), e a moral militar, como o conjunto das regras de conduta

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


26

(especto descritivo ou pratico). No entanto, os termos ética e moral tem a serem usados
indistintamente para significar o mesmo.

O militar, antes de ser profissional das armas, é um homem e um cidadão. Os valores da profissão
militar tem que ser consistente com os valores morais, espirituais e sociais, tais como, a verdade, a
justiça, a honestidade, a dignidade humana, a imparcialidade, a igualdade e a responsabilidade
pessoal.

O reconhecimento da ligação Forças Armadas – Nação é formalmente afirmada nas fórmulas de


juramenta da bandeira e de fidelidade.

TEMA: 11- PROCESSOS VOLECTIVOS E EMOCIONAIS

1. Sentimentos
2. Emoções
3. Vontade

1. Sentimentos – são atitudes internas do homem experimentadas em relação a aquilo que se


verifica na sua vida, em relação aquilo que se conhece ou se faz.

O homem não só conhece a realidade por meio dos processos psíquicos (percepção, memoria,
imaginação e pensamento), ao mesmo tempo ele adopta uma certa atitude em relação a diversos
factores da vida.

O sentimento é um estado psíquico especial, experimentado pelo sujeito, em que a percepção, a


compreensão e o conhecimento de algo se apresentam em unidade com a atitude pessoal em relação
ao percebido, compreendido, conhecido ou desconhecido.

Há diversas formas em que a pessoa experimenta o sentimento – emoções, afectos, estados de


ânimo, estado de stress, paixão e, finalmente os sentimentos no sentido restrito desta palavra,
constitui a esfera emocional da personalidade que é um dos reguladores da conduta do homem, uma
fonte viva da cognição e uma manifestação das relações complexas e multivariadas entre os
homens.

1.1. Sentimentos e necessidades do homem

Os sentimentos contribuem na escolha dos objectos que correspondem as necessidades da


personalidade e estimulam a actividade destinada a satisfaze-las.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


27

Para o homem, os sentimentos representam índices subjectivos de como se realiza o processo de


satisfação das suas necessidades.

Os estados emocionais positivos (satisfação) que surgem no processo de contacto e de actividade


comprovam que o processo de satisfação das necessidades decorre duma formem favorável. As
necessidades não satisfeitas são acompanhadas por emoções negativas (vergonha, arrependimento,
angustia, etc.).

Os sentimentos são uma das formas específicas de reflexo da realidade. Os processos cognitivos
reflectem os objectos e os fenómenos da realidade, enquanto que sentimentos reflectem a atitude do
sujeito.

1.2. Formas de sentimentos

O sentimento é experimentado, as vezes, apenas como matriz agradável, desagradável ou misto de


qualquer processo psíquico.

A satisfação ou não das necessidades provoca no homem emoções especificas que adquirem
diversas formas:

Emoções – é uma sensação temporal directa de algum sentimento mais constante, uma perturbação
ou movimento de espírito. Ex: O estado de admiração que a pessoa sente quando experimenta algo.

Afecto – processo emocional que domina o homem rapidamente e que passa duma forma
impetuosa.

Os afectos caracterizam-se por grandes mudanças da consciência, por perturbação do controle sobre
as acções, pela perda do auto domínio e por alterações em toda a actividade vital do organismo. Ex:
A respiração agitada ou dificultada constitui quadro comum da intensidade do afecto.

Humor (estado de espírito) - é o estado emocional geral que dá, durante um período de tempo, um
determinado colorido a toda conduta do homem.

As principais fontes do humor são contentamento ou o descontentamento com todo o desenrolar da


vida, com as relações que se formaram na escola, família, trabalho.

Estado de Stress ou Stress Emocional – é uma forma especial de experimentar os sentimentos,


próxima quanto as suas características psicológicas, do afecto, mas assemelha-se quanto a sua
duração, ao humor. O stress surge nas situações de perigo, de ofensa, de vergonha, de ameaça, etc.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


28

O estado do homem caracteriza-se pela desorganização da conduta e da fala, e que se manifesta em


alguns casos na actividade desordenada, em outros, na passividade e inatividade, embora as
circunstâncias exijam uma acção decidida.

2. Emoções e Ajustamento

Emoções são estados interiores caracterizados por pensamentos, sensações, reações


fisiológicas e comportamento expressivo especifica. Aparecem subitamente e parecem difíceis de
controlar.

O que caracteriza as emoções humanas é o facto de que conforme as pessoas respondem a


experiência e surgem de forma súbita.

Embora as emoções podem levar as pessoas a se sentirem fora de si durante algum tempo, elas não
determinam efectivamente o comportamento, mas aumentam o incitamento, a reactividade ou a
irritabilidade.

Aquilo que aprendemos no passado e o ambiente social influenciam a conduta que se segue. Não
obstante, muitas pessoas reagem a estímulos na forma de acções, palavras ou pensamentos e
parecem perturbadas, irracionais ou desorganizados.

A nossa historia sugere que as emoções tem diversos componentes. Ex.: um militar quando é
tomado pelo pânico pode experimentar mudanças fisiológicas, tremor e sensações de fraqueza.

Estava mergulhado em sentimentos e pensamentos, o componente subjectivo ou pessoal. Alem


disso, expressou suas emoções pelo comportamento, correndo, para além de outros
comportamentos expressivos em seus gestos, postura e expressões faciais.

2.1. Emoções universais

Os pesquisadores encontram evidências de que pelo menos seis emoções são experimentadas no
mundo inteiro: alegria, raiva, desagrado, medo, surpresa e tristeza. Varias outras emoções – dentre
elas interesses, vergonha, desprezo e culpa – podem também serem universais.

Seres humanos do mundo inteiro rotulam essas emoções de muito parecida. Além disso todos os
seres humanos movimentam os mesmos músculos faciais para expressarem essas emoções.

2.2. Natureza das Emoções

As emoções são feitas de componentes subjectivos, comportamentais e fisiológicos.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


29

Componentes subjectivos (pessoais) – os aspectos mais vividos das emoções provavelmente são
sentimentos, sensações e pensamentos.

2.3. Componente comportamental

Durante as respostas emocionais, o comportamento inclui expressões faciais, gestos e acções.

Expressões faciais – têm a ver com o tamanho do sorriso ou a intensidade – pela experiência. Os
músculos faciais são mais expressivas as emoções.

Gestos e acções - Ao mesmo tempo que a hereditariedade modela as respostas humanas, os


indivíduos aprendem expressões emocionais também em suas famílias através da aprendizagem por
observação.

2.4. Componente fisiológica

Pesquisas indicam que existe diferenças de padrões fisiológicas para diferentes emoções e são
influenciadas pela hereditariedade, tendências físicas e são também moldadas pela experiência.

Os componentes subjetivos, comportamentais e fisiológicos de nossas emoções estão interligados e


são interativos.

Pensamentos, sentimentos, expressões faciais, actos e fisiologia estão continuamente exercendo


influência entre si. Os pensamentos alteram os sentimentos e, podem também alterar as reacções
físicas. As expressões faciais podem alterar tanto a fisiologia como os sentimentos.

Desatacar os seguintes estados emocionais básicos:

O interesse (como emoção) – é um estado emocional positivo que contribui para o


desenvolvimento de hábitos e habilidades, para aquisição de conhecimentos e estimula o ensino.

Alegria – é um estado emocional positivo relacionado com a possibilidade de satisfazer duma


forma plena uma necessidade actual, cuja probabilidade era pequena ou pelo menos incerta.

A surpresa – é uma reacção emocional destituída de matrizes positivas ou negativas claramente


expressos e surge inesperadamente. A surpresa inibe todas as emoções antes orientando a atenção
para o objecto que a provocou e pode transformar-se em interesse.

O sofrimento – é um estado emocional negativo relacionado com uma informação verídica ou que
parece real, que acaba de ser recebida, a respeito da impossibilidade de satisfação de uma
necessidade vital que ate ao momento parecia provável.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


30

A cólera – é um estado emocional negativo que se realiza sob forma de afecto, causado pelo
surgimento inesperado de um obstáculo que impede a satisfação duma necessidade importante para
o sujeito.

A repugnância – é um estado emocional negativo provocado pelo contacto físico ou comunicação


com objectos, pessoas ou circunstancias que contrariam bruscamente a orientação e princípios
ideológicos, morais ou estéticos do sujeito.

O desprezo – é um estado emocional negativo que surge nas relações interpessoais, provocado pela
divergência entre posições vitais, concepção e conduta do objecto deste sentimento.

Um dos resultados do desprezo é a despersonalização do individuo ou do grupo a que pertence.

O medo – é um estado emocional negativo que surge quando o sujeito recebe informação sobre um
possível prejuízo para o seu bem-estar ou sobre um perigo real ou imaginário que o ameaça.

3. Vontade

A vontade, como forma da actividade da personalidade, é a regulação consciente e auto regulação


pelo homem da sua actividade e conduta orientada para superar as dificuldades aquando da
consecução dos objetivos colocados.

A vontade é uma forma especial da actividade da personalidade, é um tipo especial da organização


da sua conduta determinada pelo objectivo que ela se colocou a si própria.

A vontade surge na actividade laboral do homem e pode ser alterada de acordo com as suas
exigências.

A vontade assegura a execução de duas funções interligadas: a estimuladora e a inibidora e


manifesta-se nela.

A função estimuladora é assegurada pela actividade do homem, que provocada a acção por força
da especificidade dos estados internos do homem, que se revelam no próprio momento de acção
condicionada por um objectivo conscientemente colocado.

A função inibidora da vontade assume a forma de contenção das manifestações indesejáveis na


actividade. A personalidade é capaz de inibir o despertar dos motivos e a realização das acções que
não correspondem aos seus ideais e convicções.

A função inibidora e estimuladora da vontade permitem na sua unidade vencer as dificuldades que
impedem a consecução do objectivo.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


31

3.1. Estrutura do acto volitivo (Vontade)

A base da vontade e da actividade do sujeito em geral é constituída pelas suas necessidades que
provocam a motivação.

A motivação estimula a actividade ligada a satisfação das necessidades do individuo; explica qual é
o objectivo da actividade e porque foi escolhida precisamente esta forma de conduta e não uma
outra. Ai, os motivos são a causa que determina a escolha da orientação da conduta. Finalmente, a
motivação é o meio de auto regulação da conduta e da actividade do homem.

3.3. Particularidades individuais da vontade

A vontade como organização consciente e auto regulação da actividade, com vista a superar as
dificuldades internas, representa, antes de mais, o poder sobre si próprio, sobre os seus próprios
sentimentos e acções.

É de conhecimento geral que o grau de expressão deste poder varia de pessoa para pessoa.

A consciência quotidiana regista uma variedade enorme de particularidades individuais da vontade


que se distinguem de acordo com a intensidade das suas manifestações como vontade forte e
fraca.

Um homem que possui a força de vontade forte, saberá vencer qualquer dificuldade que se
encontrar na via que conduz ao seu objectivo dando provas de qualidades volitivas como a decisão,
a coragem, a valentia, a resistência, etc.

Pessoas com vontade fraca recuam perante as dificuldades, não manifestam a devida firmeza e
persistência, não sabem conter-se e esmagar os estímulos do presente instante em prol de motivos
mais altos e moralmente justificados de conduta e actividade.

A manifestação mais típica da vontade fraca é a preguiça, isto é, a aspiração do homem de


renunciar a superação das dificuldades e o desejo estável de evitar um esforço volitivo.

A preguiça, assim como as outras manifestações da fraqueza – a covardia, a indecisão, etc. – são
graves defeitos do desenvolvimento da personalidade.

As qualidades positivas da vontade, as manifestações da sua força garantem o êxito da actividade e


caracterizam a personalidade humana duma forma positiva.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


32

TEMA:12- REACÇÕES FOBICAS

— Medo ao Combate

Uma fobia consiste basicamente num medo intenso, incontrolável e por vezes insuportável à pessoa
que o experimenta, sendo desproporcional em relação aos elementos que o causam.

Desta forma, há indivíduos com fobias de altura, escuridão, lugares fechados, lugares abertos,
aviões, água, elevadores, etc.

Uma reacção fóbica ocorre de forma instantânea, automática, diante de um estímulo externo (o
elemento causador da fobia).

O indivíduo poderá experimentar taquicardia (coração batendo acelerado), falta de ar, transpiração
excessiva ("suar frio"), dentre outros sintomas.

O medo em geral não pode ser explicado pelo indivíduo, que conscientemente não entende por que
o sente e talvez até o considere ilógico. Isto porque o medo está associado a experiências
traumáticas passadas (ou, às vezes, a experiências traumáticas projectadas no futuro) que estão fora
da consciência do indivíduo.

Para compreender o aspecto aparentemente ilógico de uma fobia, imaginemos um homem forte,
corajoso, um que esteve em grandes teatros de guerra, que, todavia, se vê totalmente aniquilado
quando entra num elevador. A cena seria incompreensível: como um homem tão forte pode ter
medo de algo tão inofensivo? Contudo, trata-se de uma reacção intensa aprendida no passado,
talvez na infância, quando o homem associou o medo ao elevador, ou por ter passado por uma
experiência traumática envolvendo elevadores, ou mesmo por tê-la apenas imaginado.

Note-se que as fobias muitas vezes se formam na infância porque este é um período em que há
poucos recursos, poucas vivências em relação à experiência traumática. A fobia também pode ter
início em outros momentos da vida, nos quais o indivíduo está temporariamente sem recursos,
fragilizado, experimentando uma emoção muito forte (como por exemplo um assalto, a perda de
alguém muito próximo). Da mesma forma que um determinado aroma ou uma música nos lembram
uma pessoa, ou um momento de nossas vidas, uma fobia também é uma associação entre uma
sensação e um estímulo.

Na formação da fobia participam os processos de omissão, distorção e generalização. Omissão


porque partes da experiência original (ou a experiência toda) são eliminadas da consciência.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


33

Distorção porque em geral a representação da experiência não corresponde ao que ocorreu na


realidade. Por exemplo, um indivíduo (militar) com fobia de combate pode ter um dia imaginado
situações traumáticas a acontecer no teatro de operações, quando na verdade nada disso esta
acontecendo. Pode ainda formar imagens (geralmente inconscientes) imensas, aterrorizantes, muito
coloridas, e reviver a experiência traumática como se estivesse passando por ela.

A generalização acontece em virtude de que o indivíduo vai apresentar a reacção fóbica sempre que
estiver diante do objecto causador da fobia, em todas as situações e ambientes.

As reações fóbicas em geral acontecem quando as pessoas formam imagens da situação que causou
a fobia como se estivessem nelas, associadamente (ainda que não se dê conta disso).

Quando uma pessoa se recorda de um fato estando associada nele, seus sentimentos estão contidos
no próprio fato. Porém quando as pessoas vêm a si mesmas passando pela experiência,
dissociadamente, como se assistissem a um filme, têm sentimentos sobre o que vê. Neste caso, há
uma certa distância entre o indivíduo e o fato.

Imagine, por exemplo, a experiência de estar andando numa montanha-russa - se já esteve numa
antes - ou outra experiência pela qual já tenha passado. Passe um filme da situação de forma que
possa se ver passando pela experiência.

A dissociação, quando se lembrar de fatos desagradáveis, evitando assim passar pela situação
novamente e sentir-se mal em consequência disto. A associação para recuperar sensações
agradáveis.

Na cura da fobia, utiliza se basicamente a dissociação no processo de desfazer a associação entre o


estímulo e a sensação (a resposta fóbica). Isto em geral é feito de forma simples, segura e rápida,
lembrando que uma das formas através das quais aprendemos é a rapidez (a outra é a repetição).

Uma outra estratégia utilizada em alguns casos de fobia (e no tratamento de sentimentos e


comportamentos que o indivíduo não consegue alterar pelo simples esforço consciente e
compreensão intelectual) é a reimpressão (reprodução).

Fobias são medos excessivos e persistentes de situações específicas ou objetos definidos,


desproporcionais à ameaça inerente.

O medo não pode ser explicado racionalmente. Os indivíduos fóbicos não têm controle voluntário
de seu medo, e evitam a situação ou objecto para controlar o medo. A ansiedade surge quando os

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


34

indivíduos fóbicos entram em contacto, ou imaginam entrar em contacto com a situação ou


objectos.

-animais ou insectos: cachorros, cobras, aranhas

-ambientes: Água, alturas, tempestades

-lesões: sangue, punções venosas, procedimentos médicos ou odontológicos.

-situações: espaços fechados, voar, pontes, túneis.

-sociais: interacções, falar em público

 Medo e evitação de uma situação ou objecto não significam que a  pessoa tenha um transtorno
fóbico. Por exemplo, uma pessoa pode evitar o contacto com estímulos que desencadeiem
ansiedade sem que este facto prejudique sua vida social ou profissional.

No entanto, ao ser obrigada a defrontar-se com tais estímulos, como no caso de um militar que por
força da sua profissão de que enfrentar o mato e a noite ou outro que em virtude de sua posição
tenha que falar em público com frequência, tais pessoas poderão desenvolver um quadro fóbico
propriamente dito, necessitando de tratamento, sob pena de sofrerem prejuízos significativos.

Quase todas as crianças tem medo irracionais de situações ou objectos comuns como escuridão,
alturas , animais, espaços fechados e tempestades. A maioria das crianças supera estes medos, ou
mais precisamente, não desenvolve medos persistentes que possam se tornar fobias. Uma criança
que fique confinada em um espaço fechado durante uma brincadeira aprende a temer espaços
restritos dos quais possa ser difícil escapar. 

A ansiedade surgirá quando a possibilidade de confinamento existir. Embora a criança do exemplo


esteja aparentemente mais próxima de desenvolver claustrofobia face a esta experiência, nem todas
as fobias podem ser associadas a experiencias vitais específicas  que reforcem o sentimento de
medo. O mais comum é o desenvolvimento insidioso do desconforto e do medo sem razões óbvias,
até o ponto de se tornar intenso e incapacitante a ponto de ser diagnosticada a fobia. 

 Fobias de insectos e outros animais geralmente começam na infância, bem como as fobias de
tempestades e outros estímulos ambientais, túneis e pontes. Fobias de situações também se
desenvolvem em adultos como por exemplo fobia de voar após um voo particularmente turbulento
e aterrorizante. Fobias sociais geralmente se desenvolvem nas adolescências, algumas vezes após

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


35

um episódio social embaraços. No entanto, muitas pessoas com fobias sociais relatam um
sentimento geral de desconforto em várias situações sociais durante toda s

O Medo é um sentimento universal, muito antigo e, possivelmente, fortemente atrelado à


sobrevivência de nossa espécie. Esse sentimento pode ser definido como uma sensação de perigo,
de que alguma coisa ruim está para acontecer.

Esse sentimento de medo é, em geral, acompanhado de sintomas físicos determinados pelo Sistema
Nervoso Autónomo (daí o nome sintomas autonómicos) que evolvem alterações na frequência
cardíaca, no ritmo respiratório, sensação de falta de ar, extremidades frias, boca seca, etc.

Quando tal medo é desproporcional à ameaça, quando até a pessoa que o sente considera
ser  irracional, quando se acompanha de expressivos sintomas autonómicos e é seguido de evitação
das situações que o causaram, é chamado de Fobia. Há quem considere a Fobia um Ataque de
Pânico desencadeado por situações específicas. Pelo menos os sintomas são muito parecidos.

O distúrbio do medo patológico pode se apresentar como Fobia Específica, quando o pavor tem um
objectivo certo, como por exemplo, medo de animais, de escuridão, de água, altura, etc. Pode ainda
se apresentar como Fobia Social, na qual o horror é de sentir-se objecto de observação e avaliação
pelo outros como, por exemplo, falar em público, escrever diante da observação dos outros, comer
em público, etc.
Pode também surgir sob a forma de Ataques de Pânico, onde o paciente passa a ser acometido, de
uma hora para outra, de sintomas físicos terríveis, sem que saiba identificar exactamente o que o
ameaça.
O medo, mais precisamente, o medo patológico e que limita de alguma forma a vida das pessoas,
vem aparecendo com frequência cada vez maior em consultórios psiquiátricos e clínicas
psicológicas. Esse medo patológico se diferencia do medo normal por várias razões:

- Não ter razão objectiva;


- Não tem base na realidade concreta;
- O próprio paciente sabe ser absurdo o que sente;
- Provoca uma aflição (ansiedade) desmedida e
- É acompanhado de sintomas físicos (falta de ar, sudorese, etc).

Os quadros de Fobias e de Pânico estão relacionados aos quadros de ansiedade patológica, de


angústia e, principalmente, de depressão, neste caso, de Depressão Atípica.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


36

Em suas manifestações mais agudas, tanto as Fobias quanto o Pânico são altamente limitantes e
quase sempre expõem os pacientes a todo tipo de vexames. O medo de elevador pode fazer com
que uma pessoa simplesmente se recuse a trabalhar ou morar em edifícios, o de avião impede
passeios (de toda família), o de dirigir é muito mais problemático ainda.

Além da sensação de medo, propriamente dita, que aparece durante a circunstância que dá a fobia, a
ainda o medo antecipatório, como por exemplo, fazendo a pessoa suar frio só de pensar em se
sentar à direcção de um carro.

Na Fobia Social, por exemplo, faz com que a pessoa seja incapaz de conversar com o chefe, de
trocar opiniões com os colegas de trabalho ou expor suas ideias numa reunião.
Como nosso corpo reage globalmente em situações de ameaça (real ou imaginária), ou seja, no
medo

TEMA: 13 -PROFILAXIA DO MEDO E DO PÂNICO  

— Eliminação do medo e do pânico

A maioria dos indivíduos recorre à evitação para evitar a ansiedade. Eles encontram maneiras de
conviver com as limitações impostas pelos medos, quase sempre com sucesso. Se este sucesso é
mantido, eles não precisam procurar ajuda. Quando forçadas a superar suas limitações, a ansiedade
surge, e eles podem procurar tratamento. Uma pessoa com medo de voar pode se tornar
francamente fóbica quando obrigada a fazê-lo por razões profissionais. Ela pode então se ver
obrigada a procurar assistência. 

Quando as fobias são discutidas em jornais, revistas, programas de rádio ou televisão, os indivíduos
fóbicos aprendem mais sobre seus problemas e sobre os tratamentos disponíveis.

Eles usualmente sentem-se envergonhados por serem aterrorizados por coisas que não causam
medo à maioria das pessoas. Portanto, normalmente são necessárias pressões externas para motivar
o paciente a procurar tratamento. 

Pessoas com mais de uma fobia específica, e ataque de pânico em resposta ao estímulo fóbico são
mais propensas a procurar tratamento do que aquelas com uma fobia única e ansiedade menos
intensa. Ansiedade intensa, estímulo familiar, e campanhas de esclarecimento ajudam as pessoas
com transtornos fóbicos a superar a vergonha e a procurar tratamento.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


37

TRATAMENTOS

Os padrões de comportamento ansiosos são aprendidos. A terapia cognitivo-comportamental pode


ser utilizada para modificar estes padrões de comportamento, sendo, portanto, útil no tratamento
das fobias. Depois que os padrões de comportamentos são analisados, o paciente aprende técnicas
de relaxamento para reduzir a ansiedade em situações fóbicas. Uma estratégia de exposição gradual
e repetida ao estímulo que provocas ansiedade também pode ser útil, associada às já citadas
técnicas de relaxamento, provocando uma redução substancial da ansiedade associada.

TEMA:14 PERSONALIDADE

Conceito de personalidade em psicologia

A Psicologia designa por Personalidade uma qualidade social sistemática adquirida pelo individuo
no processo de actividade material e de contacto e que caracteriza o nível e a qualidade da
representação das relações sociais no indivíduo.

O homem destacou-se do mundo animal graças ao trabalho. Ele desenvolve-se na sociedade, realiza
uma certa actividade juntamente com as outras pessoas e mantêm contacto com elas. Tudo isso
forma gradualmente a sua personalidade.

Individuo e Personalidade

A noção de Individuo encarna no facto da pessoa pertencer ao género humano. Portanto, quem diz
a respeito duma pessoa concreta que ela é um individuo, diz muito pouco. Na verdade, isto constata
apenas que ele é potencialmente um homem.

O homem que vem a luz como individuo, obtêm qualidades sociais tornando se personalidade
através da sua incorporação no sistema de relações sociais existente no momento de seu
nascimento.

Personalidade e Individualidade

A personalidade de cada homem possui uma combinação exclusiva de traços e particularidades que
formam a sua individualidade.

A individualidade é a combinação das particularidades psicológicas do homem que constituem a


sua peculiaridade e que o distinguem de todas as demais pessoas.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


38

A individualidade manifesta-se nos traços do temperamento e do carácter, nos hábitos, nos


interesses predominantes, nas qualidades dos processos cognitivos (percepção, memoria,
pensamento e imaginação), nas aptidões, no estilo individual de actividade, etc. Não existem duas
pessoas com uma combinação igual de particularidades psicológicas que acabamos de apontar – a
personalidade humana é única na sua individualidade.

As noções de individuo e de personalidade não são idênticas, da mesma forma, a individualidade e


a personalidade constituem uma unidade mas não uma identidade.

OS traços da individualidade não fazem parte obrigatoriamente de características da


personalidade já porque podem ser representados nas formas de actividade e do contacto
essencialmente importantes para o grupo de que faz parte o individuo que os possui. São
propriamente individuais apenas as qualidades que participam ao máximo na actividade mais
importante para a comunidade social dada.

Formação da Personalidade

A personalidade forma-se nas condições de existência histórica concreta do homem, no processo de


actividade (laboral, didáctica, etc.) e no contacto.

Um papel especificamente importante na formação da personalidade cabe ao ensino e educação


realizada nos grupos e colectividades.

A noção da formação da personalidade tem dois significados: a psicologia considera a formação


como seu desenvolvimento, o seu processo e resultado. A noção de formação da personalidade,
tomada neste sentido, é objecto do estudo psicológico, cuja tarefa consiste em esclarecer o que é
que a personalidade em vias de desenvolvimento já possui, e o que é que ela pode obter nas
condições de influência educadora devidamente orientada.

O segundo significado, a pedagogia considera a formação da personalidade como a sua educação


racional. É esta a atitude propriamente pedagógica em relação ao destacamento das tarefas e dos
métodos de formação da personalidade.

A atitude pedagógica pressupõe a necessidade de esclarecer de que maneira deve ser formada a
personalidade para que ela corresponda as exigências socialmente condicionadas pela sociedade.

A tarefa da psicologia consiste em estudar o nível inicial de formação das qualidades pessoais em
determinadas colectividades (estudantis, profissionais, familiares, etc.), em esclarecer os resultados
do trabalho de educação, isto é, o que foi realmente formado e o que continua a ser uma tarefa por
resolver, que transformações reais da personalidade foram produtivas e são socialmente valiosas, e
Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)
39

quais delas, improdutivas; como se realizou o processo de formação da personalidade (que


dificuldades e sucessos).

A atitude pedagógica e psicológica para com a formação da personalidade não são idênticas mas
forma uma unidade indissolúvel.

TEMA:15- PARTICULARIDADES INDIVIDUAIS DA PERSONALIDADE

1. Temperamento

2. Carácter

3. Capacidades

1. Temperamento

Chama-se Temperamento ao conjunto individualmente característico e naturalmente


condicionado das manifestações dinâmicas do psiquismo.

Nas diferenças psicológicas-individuais entre os homens, um importante lugar pertence as


chamadas particularidades dinâmicas do psiquismo. Tem em vista, em primeiro lugar, o grau de
intensidade dos processos e estados psíquicos, assim como a rapidez da sua concretização.

Em condições de relativa igualdade de motivos de conduta e de actividade e, das mesmas


influências externas, os homens diferem consideravelmente uns dos outros quanto a
impressionalidade, quanto a impulsividade e a energia revelada.

As diferenças relativas as particularidades dinâmicas manifestam-se – desde que as demais


condições sejam iguais – na actividade geral do individuo, na motricidade e na emotividade.

As manifestações dinâmicas do homem podem depender em grande parte, como é óbvio, das
orientações e hábitos educativos, das exigências da situação, etc. é evidente que as diferenças
individuais de que se trata possuem também base inata.

Tipos de temperamento

A ideia a respeito do temperamento da pessoa é formada, normalmente, com base em algumas


particularidades psicológicas características para a pessoa dada.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


40

Uma pessoa com uma actividade psíquica notável que reage rapidamente aos acontecimentos em
sua volta, que procura alterar rapidamente as situações, que se emociona relativamente pouco com
os fracassos e desgostos, é viva, ágil e expressiva, chama-se sanguíneo.

Um homem impassível, com as aspirações e disposições de espírito estáveis, com sentimentos


constantes e profundos, com acções e falas regulares e expressividade externa fraca dos estados de
ânimo é chamado fleumático.

Um homem muito energético, capaz de se empenhar na sua causa com uma paixão especial, rápido
e impetuoso, predisposto a eclosões emocionais tempestuosas, mudanças bruscas do estado de
espírito e a movimentos impetuosos chama-se colérico.

Um homem impressionável, com emoções profundas, vulnerável, mas que reage debilmente aos
acontecimentos em seu torno, com movimentos comedidos e fala baixa é chamado melancólico.

A cada tipo de temperamento é inerente a sua própria correlação de propriedades psíquicas, de


diversos graus de actividade e de emotividade, assim como, diversas particularidades da
motricidade.

É evidente, que nem todas as pessoas se inserem num destes quatro tipos. Porém, os tipos que
acabamos de mencionar podem ser considerados básicos.

2. Carácter

O Carácter é conjunto de particularidades individuais estáveis da personalidade que se formam e


se manifestam na actividade e no contacto condicionando modos de conduta típicas para o
individuo.

A individualidade do homem caracteriza-se não só por aquilo que ele faz mas também pela maneira
como o faz.

Os homens actuam em prol dos interesses comuns e das convicções compartilhadas por todos e
aspiram na vida a objectivos comuns. Mas a sua conduta social, nas suas acções e feitos podem
revelar-se certas particularidades individuais diferentes e, às vezes contrárias.

Carácter, relações sociais e grupos sociais

O carácter depende das relações sociais que determinam a orientação da personalidade humana.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


41

A formação do carácter realiza-se nas condições de incorporação da personalidade em diversos


grupos sociais que se distinguem uns dos outros quanto ao seu nível de desenvolvimento social (na
família, amigos, colegas do trabalho ou escola, etc.).

De acordo com o desenvolvimento das relações inter pessoais dentro deste grupo, um individuo
pode adquirir em alguns casos qualidades como a fraqueza, a rectidão, a coragem, a fidelidade, a
firmeza de carácter, etc. enquanto que num outro caso, a dissimulação, a falsidade, a covardia, o
conformismo e o carácter fraco.

Uma vez conhecido o carácter da personalidade, pode – se prever como ela se irá comportar em
diversas circunstancias e, por conseguinte, orientar a sua conduta.

Tipos de acentuação do carácter

A acentuação do carácter são variantes extremas da norma como resultado da intensificação de


alguns dos seus traços.

São destacados os seguintes tipos mais importantes de acentuadas do carácter:

Tipo Introvertido do carácter, cujo traço típico é o retraimento, dificuldades na manutenção e no


estabelecimento de contactos com outras pessoas, tendências a fechar-se.

Tipo extrovertido caracteriza-se pela excitação emocional, pelo desejo veemente de manter
contactos e de actuar mesmo nos casos em que esta actividade não é necessária e valiosa,
loquacidade, inconstância nas paixões, as vezes, ares de gabarolas, tendência para a superficialidade
e conformismo.

Tipo ingovernável os seus traços característicos são a impulsividade, a tendência para o os


conflitos, a intolerância em relanço a objecção e as vezes, também a desconfiança.

Natureza e manifestação do carácter

O carácter, da mesma maneira que o temperamento, manifesta uma dependência em relação as


particularidades fisiológicas do homem e, em primeiro lugar, em relação ao tipo de sistema
nervoso.

As particularidades do temperamento podem contribuir ou impedir para o desenvolvimento de


certos aspectos do carácter.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


42

A formação do carácter que se realiza na colectividade cria condições favoráveis para desenvolver
nos coléricos uma atitude mas comedida e autocrítica, nos sanguíneos, a assiduidade e nos
fleumáticos, a actividade.

Premissas naturais e sociais do carácter

O carácter é, em grande parte, um resultado da auto-educação. Os hábitos do homem são


acumulados no seu carácter. O carácter manifesta-se na actividade dos homens e forma-se também
no processo de actividade. Portanto, o carácter é uma aquisição feita durante a vida pela
personalidade que se incorpora no sistema de relações sociais, na actividade conjunta e no contacto
com outros homens, obtendo desta forma a sua individualidade.

3. Capacidades – Aptidões

As Aptidões (capacidades) – são particularidades psicológicas do homem dos quais depende o


êxito na aquisição de conhecimentos, hábitos e habilidades mas que não se reduzem, elas próprias,
a existência destes conhecimentos, hábitos e habilidades.

As aptidões constituem uma possibilidade, enquanto que em determinado nível de habilidade num
certo oficio constituem uma realidade.

As aptidões revelam-se não só nos conhecimentos, hábitos e habilidades como tais, mas no
dinamismo da sua aquisição, isto é, na capacidade de dominar, desde que as demais condições
sejam iguais, duma forma profunda, fácil e sólidos os conhecimentos e as habilidades
essencialmente importantes para actividade dada.

Portanto, as aptidões são particularidades psicológicas individuais da personalidade que


representam as condições de realização bem-sucedida da actividade cujas diferenças se manifestam
no dinamismo de domínio dos conhecimentos, hábitos e habilidades indispensáveis.

Se um determinado conjunto de qualidades da personalidade corresponde as exigências da


actividade e se o homem conseguir dominar os seus conhecimentos, habilidades num lapso de
tempo considerado pedagogicamente razoável e necessário para sua assimilação pode se dizer que
ele possui capacidades para a actividade dada.

Se uma outra pessoa, encontrando-se nas mesmas condições, não corresponde as exigências desta
actividade, pode-se supor que ela não possui as respectivas qualidades psicológicas ou, por outra
palavras, aptidões.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


43

As aptidões, como particularidades psicológicas individuais, não podem ser contrapostas as outras
qualidades e propriedades da personalidade – qualidades do intelecto, particularidades da memória,
traços do carácter, propriedades emocionais, etc. mas devem ser colocados em pé de igualdade com
eles.

Estrutura das Aptidões

A estrutura do conjunto das qualidades psíquicas que representam uma aptidão, é determinada,
pelas exigências da actividade concreta que é diferente para diversos tipos de actividade.

A actividade (o trabalho, o estudo, o desporto, etc.) apresenta elevadas exigências as qualidades


psicológicas (as particularidades do intelecto, a esfera emotiva - volitiva, o sistema sensorial -
motor ).

TEMA: 16 ATITUDES

 Formação das atitudes


 Mudanças de attitudes
 Compromisso e expcecionalidade

Atitudes designam em psicologia a disposição ligada ao juízo de determinado objecto da percepção


ou da imaginação, ou seja, a tendência de uma pessoa de julgar tais objectos como bons ou ruins.
Desejáveis ou indesejáveis.

Atitude é uma organização relativamente estável de crenças, sentimentos e tendências em relação a


algo ou alguém (objecto da atitude).

Atitude tendência ou predisposição adquirida e relativamente estável para agir, pensar ou sentir de
uma determinada forma (positiva ou negativa) face a um objecto, pessoa, grupo social instituição
conceito ou valor.

Atitude tendência psicológica que se expressa mediante avaliação de uma entidade (objecto)
concreto com certo grau de favorabilidade ou desfavorabilidade.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


44

Estimulo que
denota o objecto

Atitude

Resposta Respostas
Resposta Afectiva
Cognitiva Comportamentais

As atitudes são importantes principalmente porque influenciam de maneira frequente o nosso


comportamento.

As atitudes favorecem o processo de tomada de decisão; guiar ou controlar os comportamentos,


facilitam a adaptação à realidade; Ajudam a definir grupos sociais; Contribuem para estabilização
da personalidade, Estabelecimento da nossa identidade. Podem determinar o modo pensamos,
sentimos e agimos.

Como, emoções, as atitudes tem componentes destacadas: cognições ou crenças, sentimentos


(ligados a avaliação) e tendências a se portar de uma determinada maneira. As tendências
comportamentais referem-se as acções.

Nossas atitudes são aprendidas. As pessoas não vêm ao mundo com elas. Ao mesmo tempo que elas
são relativamente persistentes – permanecem connosco por longo período.

Quando a atitude apoia-se em componentes de pensamento relativamente simples é rígido e diz


respeito a pessoas ou grupos sociais, é chamado de estereótipo.

Os estereótipos organizam e condensam informações, de modo que possamos agir de maneira


inteligente e rápida.

Para sobrevivermos, precisamos de bons critérios que nos permitam identificar em quem podemos
confiar e quem devemos temer.

Os estereótipos são destrutivos basicamente quando esquecemos de que se baseiam em pequenas


amostras e com frequência são injustos, quando aplicados rotineiramente a todos os indivíduos
duma população.
Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)
45

s preconceitos estão relacionados com as atitudes. Um preconceito é uma atitude que transmite
sentimentos negativos (ou positivos) sobre uma pessoa ou grupo de pessoas, com base em
estereótipo. Frequentemente os preconceitos estão ligados a descriminação. Conduta tendenciosa
contra (ou a favor) de uma pessoa ou grupo, pelo facto de participar do grupo, e não por méritos
individuais.

As atitudes de todos os tipos estão associadas a comportamento, crença e sentimentos.

O componente crença de uma atitude é apenas uma das inúmeras influências sobre o que as pessoas
fazem. Portanto, não se deveria esperar que as crenças por si mesmas predigam o comportamento.
Deve-se levar em conta as experiências passadas, as percepções das normas, as cognições, os
contextos e os objectivos.

Formação de atitudes

O pensamento é uma componente de uma atitude que se baseia frequentemente em experiências e


influencias (generalizações). “com poucos dados os seres humanos apressam-se a fazer grandes
generalizações”.

As pessoas selecionam algumas atitudes por meio do princípio de aprendizagem comportamental,


sem ter ciência de estar aprendendo alguma coisa.

Uma forma de influência é aprendizagem por observação – simplesmente observar e imitar os


outros. Também as recompensas e punições (condicionamento operante) provavelmente têm um
papel influente. A aprovação e apoio dos pais e outras figuras importantes são motivadores
significativos para que se adoptem as atitudes deles. A crítica e a rejeição entretanto, pode
enfraquecer as atitudes.

Mesmo que as consequências de uma questão não sejam importantes, a aprovação ou desaprovação
de pessoas totalmente estranhas pode influenciar as atitudes de uma pessoa.

Quando uma determinada atitude é associada repetidamente a certa emoção, as pessoas tendem a
unir as duas virtudes do condicionamento clássico ou respondente.

Deparamo-nos com o princípio da exposição quando sobre a atracão e o gostar de outros mostram
que, quando mais contacto as pessoas têm com algum objecto ou pessoa, mais afeição elas sentem
pelo objecto ou pessoa.

Uma vez formadas, as atitudes, os estereótipos e os preconceitos exercem efeitos poderosos.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


46

TEMA: 17- A LIDERANÇA MILITAR E O CLIMA ÉTICO

“O militar deve, em todas as situações, pautar o seu procedimento pelos princípios éticos e pelos
ditames da virtude da honra”. Estatuto dos militares das Forças Armadas.

A ética organizacional (institucional)

A ética, num contesto organizacional, compreende um quadro de padrões de comportamento,


expresso em normas, princípios, orientações de procedimentos ou regras de comportamento,
definindo o que é apropriado (certo) ou inapropriado (errado). Fundamentados num sistema de
valores e princípios morais, estes padrões são comummentes compreendidos e geralmente aceites
pelos membros do grupo como linhas de orientação legitimas e adequadas para dirigir a conduta
pessoal e profissional num quadro organizacional.

Os padrões éticos numa organização são aceites porque são considerados legítimos e praticáveis e
são, consequentemente, interiorizados como tendo autoridade útil sobre o comportamento ou
porque são reforçados pela ameaça ou uso de punições e de outras sanções externas. Qualquer
violação destes padrões constitui comportamento antiético.

A responsabilidade ética do líder

Do líder organizacional (institucional) exige-se um comportamento moral. Mas, a marca da


responsabilidade do líder reside na sua influência, nomeadamente por persuasão, sobre o
comportamento moral do subordinado. Na influencia interpessoal, um importante especto das
comunicações persuasivas é a credibilidade do comunicador, o que requere do líder uma
reconhecida integridade pessoal e que as suas palavras e acções seja congruentes. O
desenvolvimento e a manutenção de padrões éticos constituem a dimensão da liderança militar,
dado que os oficias da Forças Armadas são atribuídas responsabilidades éticas de extrema
gravidade inerentes a accao moral em circunstâncias susceptiveis de implicar o sacrifício da vida.

Aos líderes militares compete manter os padrões éticos da sua profissão através, não só da sua
própria conduta, mas também da conduta daqueles que eles lideram. Uma regra universal da
fraternidade militar diz-nos que os soldados seguem o comportamento e os padrões dos seus
comandantes. Torna-se assim, indispensável que os lideres militares exerçam a sua acção segundo
padrões éticos perfeitamente definidos.

O ponto de partida da ética da profissão militar é o seu imperativo funcional, isto é, a prestação de
serviço ao Estado com risco da própria vida.

O nosso Estatuto das Forças armadas prescreve que “o militar deve completa e prontamente as leis
e regulamentos militares e as determinações que de uma e outras derivam, bem como as ordens e
instruções dimanadas de superior hierárquico, dadas em assuntos de serviço desde que o seu
cumprimento não implique a prática de crime”.

TEMA:18- Comportamento agressivo e Altruísmo

Em psicologia agressão é qualquer comportamento físico ou verbal com a intenção de magoar ou


destruir, quer seja por hostilidade ou como um meio calculado de alcançar um fim.
Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)
47

A agressão é um comportamento que geralmente acompanha a raiva. Definimos raiva como uma
emoção caracterizada por fortes sentimentos de contrariedade, os quais são accionados por ofensas
reais ou imaginarias.

Definimos agressão como qualquer acto praticado com o fim de ferir ou prejudicar uma vitima
involuntária (zillmann, 1979)

As pessoas expressam a raiva através da:

Agressão directa e indirecta:

1. Agredir verbal ou simbolicamente ou punir directamente o ofensor (agressão simbólica


“estou com vontade de te...”)
2. Negar ou remover algum benefício costumeiramente desfrutado pelo ofensor.
3. Agredir fisicamente ou punir directamente o ofensor.
4. Agredir, danificar ou prejudicar algo ou alguém importante para o ofensor.
5. Pedir a um terceiro para que “de o troco” ao ofensor ou para que o puna.

Agressão redireccionada

6. descontar a raiva em outras pessoas que não o ofensor, isto é, agressão (física, verbal, ou
outra) dirigida a um individuo não relacionado com a instigação.
7. descontar a raiva em ou atacar um objecto inanimado não relacionado com a instigação. (6 e
7 agressão redireccionada)

Respostas não agressivas

8. Esclarecer o incidente com o ofensor sem exibir hostilidade.


9. Conversar sobre o incidente com pessoa neutra, não envolvida no assunto, sem qualquer
intenção de prejudicar o ofensor ou desabonar sua imagem.
10. Engajar-se em actividades calmantes (por exemplo sair para caminhar).
11. Engajar-se em actividades opostas à da expressão da raiva (por exemplo, ser super amistoso
com o investigador).
A frustração como o sofrimento leva ao sentimento de raiva e provocam agressão.

A frustração surge quando um obstáculo impede as pessoas de fazer algo que desejam, de atingir
um objectivo ou satisfazer uma necessidade, um desejo ou uma expectativa.

A frustração costuma gerar raiva, que frequentemente é seguida de agressão. Dentre as situações
comuns de frustração estão as seguintes: violação de expectativas ou desejos pessoais,
comportamento socialmente inaceitável, negligencia ou indiferença, falta de visão e prejuízo da
auto-estima ou orgulho pessoal (Averrill, 1982,1983).

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


48

Agressão induzida por incentivo

Nem sempre a raiva e a agressão estão relacionadas. As pessoas podem sentir raiva mas lidar com
ela de forma não agressiva, como podem também ser agressivas em decorrência de incentivos
(eventos que incitam a acção). A obediência pode ser um incentivo a agressão.

Durante a guerra, os soldados matam para obedecer ordens, pelo menos em parte. As pressões
sociais, outro incentivo, podem estimular actos hostis na vida. Dinheiro é outro incentivo.

Sobre as influência biológicas na agressão, Sgmund Freud (1909-1957) acreditava que os seres
humanos tem instintos agressivo. Segundo ele as “pessoas não são criaturas gentis e amistosas que
desejam ser amadas e que simplesmente se defende quando são atacadas. Se os indivíduos não
encontram um escape, os instintos agressivos acumulam-se e finalmente explodem, rompendo em
violência.

Influências ambientais sobre a agressividade: uma vez que os seres humanos são soberbos
aprendizes, as experiências influenciam quase todo o comportamento humano.

Em algumas culturas, a agressão é bem aceite. Pessoas que aceitam agressão provavelmente a
ensinam a seus filhos. Alguns pais dão instruções explícitas de como brigar para que seus filhos e
filhas possam defender-se. Sair vitorioso de uma briga pode significar aprovação ou elogio. Mas
provavelmente a maior parte da aprendizagem é indirecta e inconsciente. Quanto mais condições
favoráveis à agressão na vida da criança, tanto mais provável será a agressão.

Frustrações na escola: as frustrações e fracassos na escola parecem contribuir para agressividade.


Crianças agressivas tendem a ser de convivência difícil. Nos anos de pré-escolar, eles têm problema
de concentração, costumam a ser hiperativos e exibem problemas perceptivos e de aprendizagem.
Suas dificuldades tendem a serem ignoradas, e vão para escola sentindo-se incapazes de
corresponder a expectativas.

Condições sociais: certas condições sociais aumentam a probabilidade de agressão; dentre elas, o
anonimato, a disponibilidade de armas e pobreza.

Anonimato. As cidades modernas fornecem imensas quantidades de estimulação sensorial,


quantidade essa provavelmente demasiada para que as pessoas possam lidar com a estimulação de
maneira confortável.

A sobrecarga sensorial e cognitiva resulta em um clima impessoal. Pelo facto de as pessoas urbanas
filtrarem seus relacionamentos, a grande maioria delas – mesmo em áreas geográficas pequenas não
se conhecem. O resultado é que durante a maior parte do tempo os indivíduos sentem-se anónimos,
carentes de identidade pessoal, tornando se destrutivos, uma vez que ficam menos propensos a se
pautar por padrões morais e sociais e mais propensos a ser influenciados pela situação e por
emoções e motivos imediatos.

A disponibilidade de armas: o facto de possuir uma arma é visto como forma conveniente de
resolver um problema. Muito além da conveniência, as armas parecem estimular a agressão.

Pobreza: a pobreza e competição andam lado a lado. Por definição, a pobreza significa recursos e
oportunidades limitadas. A escassez aumenta a necessidade de um estilo agressivo. Se você não

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


49

agarrar o que puder, outra pessoa o fará. A competição gera hostilidade. A competição entre
crianças, por exemplo, logo engendra muita raiva e agressividade.

As condições de alta densidade associadas com a pobreza tendem a ser irritantes: desconforto
físico, competição, movimentos restringidos, odores incómodos, calor e congéneres.

Altruísmo é uma consideração desinteressada pelo bem-estar dos outros. É um dos exemplos mais
fortes de inteiração social “positiva”.

Uma americana foi esfaqueada e estupradas em frente do seu prédio, enquanto gritava por ajuda os
vizinhos abriram as janelas mas nada fizeram.

Para ajudarmos alguém, as circunstancia devem permitir:

1. Notar o incidente
2. Interpreta-lo como emergência
3. Assumir a responsabilidade por ajudar.
Em qualquer destas etapas, a presença de outros pode interferir com a decisão de ajudar.

Uma pessoa caída na rua que seja ignorada por todos transeuntes provavelmente vai despertar em
nós a ideia de que esteja simplesmente bêbada.

No caso da americana, as pessoas notaram o incidente, entenderam como emergência mas nem
assim assumiram a responsabilidade.

Há também outros padrões. A ajuda é mais provável quando:

1. Acabamos de observar outra pessoa a ser prestativa


2. Não estamos com pressa
3. A vitima parece precisar e merecer ajuda
4. A vítima é de alguma forma parecida connosco
5. Vivemos numa cidade pequena ou numa zona rural
6. Estamos nos sentindo culpado
7. Estamos focalizados nos outros, e não preocupados
8. Estamos de bom humor
Por que ajudamos? Em psicologia social existe a teoria de intercambio social. Quando avaliamos se
vamos ajudar, ponderamos os custos (tempo, fadiga, riscos, etc.) e os benefícios (culpa reduzida,
aprovação social. etc.) e, se a recompensa for maior ajudamos.

As expectativas sociais também influenciam a ajuda através da norma de reciprocidade. Ela diz que
devemos retribuir a ajuda, ao invés de agredir a quem nos agride.

Com relação a quem não pode retribuir ao que lhe damos, aprendemos a norma da
responsabilidade. Ela afirma que devemos ajudar a quem precisa mesmo que os custos superam os
benefícios.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


50

TEMA 19- TRAÇOS E PRINCÍPIOS DA LIDERANÇA

“Se se quiser fazer grandes coisas, é indispensável colocar-se no meio dos homens e não acima
deles”. Mosquiteu

“Quando mais mecânicas se tornam as armas com as quais combatemos, menos mecânico deve ser
o espirito que as controla” J.F.C. Fuller

TRAÇOS DA LIDERANÇA

Os estudos realizados sobre a personalidade dos grupos de líderes de sucesso tem permitido
identificarem um certo número de traços ou características comuns aa maioria daqueles líderes.

Entre os traços comuns detectados, revelam-se mais influentes os seguintes: a apresentação


(aparência), a coragem, a capacidade de decisão, a confiança (segurança), a capacidade de
resistência, o entusiasmo, a iniciativa, a integridade, o discernimento, o espirito de justiça, a
competência, a lealdade, o tacto e a generosidade.

A apresentação (aparência) de um líder é uma designação global que em si integra o seu aspecto,
porte, comportamento e conduta. O aspecto, incluindo as condições do seu uniforme e
equipamento, deve ser exemplar; o porte deve ser aprumado; o comportamento e conduta devem
reflectir vivacidade, energia competência e segurança.

O recurso a uma linguagem obscena no relacionamento líder-subordinado é susceptivel de provocar


fricções, contendas ou, mesmo insubordinação.

A dignidade é também um elemento essencial da apresentação do líder que não deve ser descuidado
e que exige, em permanência, o controlo das suas próprias acções e emoções para não perder
respeito dos seus homens.

A coragem é uma qualidade mental que reconhece o medo ao perigo ou ao criticismo, mas que
permite a uma pessoa proceder, face a eles, com calma e firmeza. A coragem existe tanto no sentido
moral como no físico. A coragem moral significa compreender e bater-se por aquilo que é justo,
verdadeiro ou correcto, perante o desfavor popular.

Um líder moralmente corajoso admitirá os seus próprios erros, mas reforçará a sua própria decisão
quando se encontrar seguro das razoes das opções que tenha selecionado.

Contudo, o líder deve ser ponderado no seu processo de pensar e ter o cuidado de não exagerar face
a adversidade.

A capacidade de decisão é, em grande parte, desenvolvida através da prática e experiencia. O líder


eficiente tem que admitir que muitas das boas ideias tem a sua origem a nível dos subordinados,
devendo, por isso, solicitar-lhes as suas opiniões sempre que apropriado e possível.

A confiança (segurança) a certeza da execução correcta do dever, é uma qualidade que o líder
deve desenvolver. A um líder confiante pode atribuir qualquer missão ou tarefa para cuja execução
exige muito empenhamento esclarecido e, por isso, determinado.

A capacidade de resistência o vigor mental e físico, avaliada pela aptidão para resistir a dor, a
fadiga, stress e a privação, surge estritamente ligada a coragem. O líder que merecer o respeito dos
Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)
51

subordinados não pode deixar de atender esta importante qualidade de liderança. Uma quebra de
resistência pode comprometer a sua imagem tanto junto dos subordinados como dos seus
superiores.

O entusiasmo é a manifestação de interesse sincero e de zelo na execução dos deveres


regulamentares ou decorrentes de tarefas ou missões circunstanciais. O optimismo e a alegria do
líder constitui um importante contributo para o entusiasmo consistirá na explicação oportuna do
‘porque’ das acções do líder. Sempre que os subordinados compreendam e acreditam na missão a
cumprir, o seu empenho torna-se mais determinado e eficaz.

O líder deve ‘”capitalizar” o sucesso. O entusiasmo é contagioso e o sucesso de um individuo ou de


uma unidade constitui factor determinante para o seu desenvolvimento.

A iniciativa, ou o desencadear a accao na ausência de ordens ee, muitas vezes, exigida ao líder. Os
subordinados respeitam e confiam no líder que enfrenta novas e inesperadas situações numa atitude
de acções pronta.

Uma forma de encorajar as iniciativas dos subordinados consiste em atribuir-lhe tarefas


compatíveis com os seus postos e níveis de experiencia, libertando, assim, o líder para acções de
coordenação das actividades pela as quais é responsável.

Ligado a iniciativa surge a capacidade de improviso, isto é, a capacidade de enfrentar uma situação
na ausência de recursos ou métodos normais. Nas condições de combate o inesperado acontece com
frequência.

A rectidão e a força dos princípios morais, na qualidade de veracidade e honestidade caracterizam a


integridade.

A antecipação das soluções, o evitar de decisões precipitadas e a aplicação de senso comum


asseguraram o sucesso na maioria das situações com que o líder venha a ser confrontado.

A competência técnica desempenhará um papel importante em muitas situações de discernimento.

O líder militar confere recompensas e aplica punições de acordo com os méritos dos casos em
questão. A imparcialidade ee indispensável em todas situações que requerem julgamento. Os juízos
de qualquer tipo são inadmissíveis. Cada decisão tomada pelo líder é um teste para o seu espirito
de justiça que é observado por subordinados e, também, por superiores. Um simples erro pode
destruir uma reputação de justiça que levou anos a estabelecer. O líder que recorre apenas a
punições destrói rapidamente o moral da unidade.

O líder deve desenvolver um programa de formação própria de moda a manter actualizada a sua
competência com a evolução, técnica e táctica, da sua arma/serviço e das suas especializações.

A lealdade é a qualidade de fidelidade a pátria, ao exército, superiores, subordinados e pares. A


confiança e o respeito que o líder pode obter dos seus superiores e subordinados são
incomensuráveis. Ao invés, o dano provocado por uma falha de lealidade é tremendo.

O bom líder não permite que a sua opinião pessoal interfira com a execução da missão atribuída,
nem dá a impressão de desacordo com as ordens recebidas quando as transmite aos seus
subordinados.
Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)
52

O tacto é a aptidão para tratar os outros de maneira respeitosa. O líder que manifesta tacto no
tratamento com superiores e subordinados encoraja nestes o tratamento cortês para consigo.

Sob condições de tensão, o tacto torna-se mais difícil de aplicar. Usualmente, uma aproximação
calma, cortes e firme ee susceptivel de prevenir contra reações negativas ou desfavoráveis.

A generosidade o líder generoso (abnegado e com espirito de sacrifício) ee aquele que evita
providenciar pelo seu próprio conforto e beneficio pessoal em prejuízo dos outros.

O verdadeiro líder coloca-se em ultima prioridade, e compartilha os perigos e incomodidades com


os seus homens.

“O profissional de carreira das armas deve ter o zelo destas duas dignidades: a profissão e a da
pessoa”. Capitão Capelao Luis Cupertino

“Exerce com vigor tudo aquilo que é correcto e detém com firmeza tudo aquilo que é errado.
Jamais mudes a tua determinação em função da dificuldade ou da facilidade”, Mestre Zhenjing

TEMA 20- LÍDER COMO DECISOR

Conceito e tipos de tomada de decisão

A tomada de decisão é um processo consciente de selecção de uma modalidade de acção (M/A)


entre duas ou mais alternativas com a finalidade de alcançar determinado resultado.

Temos assim três elementos fundamentais numa tomada de decisão: a selecção, a consciência e a
orientação dirigida a uma meta ou objectivo definido.

A maioria das tomadas de decisão tornam-se fáceis para os líderes porque correspondem a
operações de rotina e são designadas administrativas ou programadas, dado que seguem um plano
ou programa estabelecido. Outras tomadas de decisão são difíceis, exigindo investigação e
considerável ponderação da parte do líder e são designadas não programadas.

Em caso de existir uma M/A o líder obviamente não terá necessidade de decidir. Contudo, isto não
significa que “não fazer nada” não constitua em si uma M/A. Ao contrario, esperar e acompanhar
atentamente o desenvolvimento de uma situação ou aguardar mais informações será, muitas vezes,
uma inteligência M/A.

A tomada de decisão tem que ser um processo consciente, a fim de evitar que não sejam tomados
em conta factores importantes susceptiveis de afectarem a decisão. Além disso, as decisões devem
ser orientadas no sentido do cumprimento de uma meta ou objectivo credíveis. Se assim não for,
poderá acontecer que os recursos disponíveis venham a ser consumidos na execução de decisões
que não contribuam para o cumprimento das missões da unidade.

Processo de tomada de decisão

O processo de tomada de decisão, isto é, uma progressão ordenada desde a identificação do


programa até à reavaliação, consiste em três fases que podem ser designadas como de preparação,
de decisão e de acção.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


53

Na fase de preparação, uma vez identificado o problema (esta identificação nem sempre é fácil),
passa-se a pesquisa e a recolha de dados necessário a resolução do problema, considerando todos os
factores influentes. Deverá, aqui, o líder selecionar apenas os dados informativos aplicáveis ao
problema especifico e ter em atenção que as atitudes pessoais são susceptiveis de alterar as
informações produzidas.

A fase de decisão inclui o desenvolvimento das M/A, a sua analise e a selecção daqueles que
melhor resolva o problema, o desenvolvimento das M/A exige uma analise das informações
disponíveis afim de determinar se todas elas são exequíveis. Uma vez desenvolvidas as M/A, passa-
se a apreciação de cada uma delas a fim de determinar as suas potencialidades e vulnerabilidade por
forma a permitir fazer uma melhor avaliação.

Na fase de acção, a decisão é posta em execução e, então, avaliada a fim de se verificar se os


resultados pretendidos estão a ser alcançados. Para isso, torna-se indispensável que no plano para a
avaliação da eficácia das suas decisões o líder tenha incluído os necessários mecanismos de
feedback. Há ainda que estar alerta em relação as mudanças da situação, que podem exigir que as
decisões tomadas sejam modificadas ou alteradas.

Em fim, a aplicação do processo de decisão não pode isolar “mecanicamente” uma área de
preocupações do conjunto da situação sem atender as outras acções em via de execução. Cada uma
das decisões tem de ser tomada a luz da situação global vivida na unidade.

Papel dos subordinados na tomada de decisão

O estudo das ciências de comportamento que os subordinados se revelam mais empenhados em


apoiar um plano ou uma decisão, em temos de motivação acrescida e de melhor execução da tarefa
ou missão quando eles próprios participaram, de algum modo, no seu desenvolvimento, A
participação dos subordinados no processo de tomada de decisão termina quando a decisão é
alcançada. Antes disso o líder deve encorajar a diferença de opiniões.

Depois da decisão tomada, compete aos subordinados apoia-la com empenhamento total.

O exemplo clássico do comandante que em situações de combate tem que decidir sem consultar,
representa um caso extremo das decisões não programadas. Contudo. Quando o factor tempo não ee
importante, e a qualidade e a aceitação das decisões não constituem critérios critico, o mesmo
comandante pode recorrer, e como regra procederá, a participação de subordinados para o assistir
no processo de tomada de decisão

Questões de reflexão

1. Quais os três elementos fundamentais numa tomada de decisão?


2. O que deve o líder estabelecer para garantir uma permanente avaliação da conduta?
3. Em que situação poderá o comandante recorrer a participação dos subordinados para assistir
no processo de tomada de decisão?

TEMA: 21- NOÇÃO DE EDUCAÇÃO

 Tipos e modelos da educação

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


54

Educação engloba os processos de ensinar e aprender. É um fenómeno observado em qualquer


sociedade e nos grupos constitutivos desta, responsável pela manutenção e perpetuação a partir da
transposição, as gerações que se seguem dos modos culturais de ser, estar e agir necessários à
convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade.

Enquanto processo de socialização, a educação é exercida nos diversos espaços de convívio social,
seja para a adequação do individuo à sociedade, do individuo ao grupo ou dos grupos à sociedade.
Neste sentido, educação coincide com os conceitos de socialização e endoculturação, mas não se
resume a estes. A prática educativa formal que ocorre nos espaços escolarizados, de forma
intencional e com objectivos determinados, como no caso das escolas. No caso especifico da
educação formal exercida na escola, pode ser definida como Educação Escolar.

No que se refere a educação exercida para a utilização dos recursos técnicos e tecnológicos e dos
instrumentos e ferramentas de uma determinada comunidade, dá-se o nome de Educação
Tecnológica.

No sentido lato – Educação é a gestão do desenvolvimento das pessoas. Um processo de


transmissão de conhecimentos, hábitos e costumes da velha geração nova geração. É processual
porque é o conjunto de actividades.

No sentido restrito – Educação é um processo consciente, especialmente organizado com


objectivo de formar as qualidades da personalidade (convicções, atitudes, etc.).

Tipos (modelos) de Educação

A aprendizagem ocorre sempre em qualquer lado. Tudo é aprendizagem, o que varia é o modelo
pelo qual essa aprendizagem decorre. Os modelos presentes no dia-a-dia são:

Educação Formal – a que ocorre nas instituições oficiais sob tutela do Ministério de Educação.
Compreende o sistema educativo institucionalizado, cronologicamente graduado e
hierarquicamente estruturado. Depende de uma diretriz educacional centralizada como currículo. É
aquela que se obtêm nas escolas oficiais (publicas ou particulares), cujos cursos são reconhecidos
pelo MEC e comprovados através de certificados e diplomas.

Educação Informal – a que ocorre fora das instituições vocacionadas para o efeito. É o oposto da
educação formal uma vez que aqui se realiza fora das escolas, com professores particulares e aulas
individuais, ou mesmo pela experiência da vida e a forma como ela é veiculada, ocorre
simplesmente a partir de conversas que não obedecem nenhum plano estrutural, não há previsão do
que vai acontecer, Exemplo: comentários entre grupos sociais na escola, emprego, etc., faz parte do

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)


55

nosso «modus vivendo « sem ela a vida não teria sentido. Educação informal é um processo
diluído, circunstancial que se desenrola no decurso de encontros, leituras e acontecimentos.
Recebida no decurso do quotidiano através Mídias, leituras, contactos com grupos sociais,
actividades de tempos livros.

Educação Não Formal – a que se realiza directamente nas instituições não do ministério da
educação. Este modelo abrange técnicas que operam na realidade educacional sem obedecer
diretrizes tituladas pelo MEC. Temos exemplo o educador social. Toda a actividade educacional
organizada, sistematizada, executada fora do quadro do sistema formal para oferecer tipo
seleccionado de ensino a determinados grupos da população. Com objectivos explícitos de
formação ou instrução, que não estão directamente dirigido à provisão de graus próprios do sistema
educativo regular.

Elaborado: Tenente Coronel Aquilino M. Cumaio (MA)

Você também pode gostar