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República de Moçambique

Província do Niassa
Direcção Provincial de Educação e Desenvolvimento Humano
ESCOLA SECUNDÁRIA CRISTIANO PAULO TAIMO

Manual de Introdução à Psicologia e Pedagogia da 11ª Classe e


12ª Classes

Ano lectivo de 2023


ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 1
11ª CLASSE
ANO LECTIVO
DE 2023

ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 2


UNIDADE I- A PSICOLOGIA E A PEDAGOGIA COMO CIÊNCIAS
1. A Psicologia como Ciência
Psicologia não surgiu diretamente como uma ciência. Ela começou como um ramo da filosofia e continuou por cerca
de 2000 anos antes de emergir como uma ciência.
O termo psicologia foi encontrado pela primeira vez em livros filosóficos do século XVI. Foi formada de duas
palavras gregas: ‘psique’ (alma) e “logos” (Doutrina). Por alma, entende-se o princípio subjacente de todos os
fenômenos da vida mental e espiritual.
Uma das primeiras pedras na base da psicologia como ciência foi colocada pelo médico do grego clássico Alcmeão de
Crotona no século 6 aC, que propõe que, a “vida mental é uma função do cérebro”. Esta ideia fornece uma base para
entender a psique humana até hoje. Os outros filósofos gregos notáveis são Hipócrates (460-370 aC), Sócrates (469-
399 aC), Platão (428 / 7-348 aC) e Aristóteles (384-322 aC).
Gradualmente à medida que a perspectiva científica foi desenvolvida, filosofia começou a perder sua proeminência,
assim também a alma. Em seguida, a psicologia foi definida como “o estudo da mente”. A palavra mente era menos
misteriosa e vaga do que a alma e, portanto, esta definição foi continuada por algum tempo.
Breve resenha histórica da Psicologia
Psicologia surgiu como uma disciplina científica pelo estabelecimento do primeiro Instituto de Psicologia em 1879,
em Leipzig, na Alemanha, por WILHELM WUNDT (1832-1920). É aqui que os primeiros psicólogos profissionais
adquiriram as competências de trabalho experimental para estudar a mente. WUNDT centrou suas experiências
nas experiências conscientes e ele substituiu o conceito de espírito por consciência. Ele adoptou o método de
“Introspecção ou auto-observação”. Decorrido tempo, o desenvolvimento da Psicologia como uma
ciênciaindependente tem ímpeto.
Os psicólogos começaram rejeitando os diferentes métodos e abordagens baseadas em especulações e tentaram
fornecer base científica para o assunto.
Esses esforços resultaram no surgimento de diferentes escolas de pensamento como o estruturalismo, o funcionalismo,
Behaviorismo, gestaltismo, Psicanálise, Escola humanista, etc. A formulação destas escolas tem levado a várias
abordagens para entender o comportamento em suas próprias maneiras.
1.1. Conceito de Psicologia
A Psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais dos indivíduos (psiquismo);
Dizer que a psicologia é uma ciência significa que ela é regida pelas mesmas leis do método científico as quais regem
as outras ciências: ela procura um conhecimento objectivo, baseado em factos empíricos.
Pelo seu objecto de estudo a psicologia desempenha o papel de elo entre as ciências socias, como a sociologia e a
antropologia, as ciências naturais, como a biologia, e áreas científicas mais recentes como as ciências cognitivas e as
ciências da saúde.
1.2. Objecto de estudo da Psicologia
A psicologia tem como objetivo a compreensão de grupos e indivíduos tanto pelo estabelecimento de princípios
universais como pelo estudo de casos específicos, e tem, segundo alguns, como objetivo final o benefício geral da
sociedade.
O objecto da Psicologia é o estudo do comportamento e dos processos mentais.
 Comportamento: são todos os actos e reacções observáveis, tudo o que o organismo faz e que se pode
observar;
 Estados mentais: sentimentos, atitudes, emoções, pensamento, lembranças, fantasias, percepções,
representações mentais.
1.2.1.Objectivos da Psicologia
 Controlar: procura controlar a ocorrência de futuros comportamentos ou processos mentais;
 Descrever: descrever uma determinada situação, que se traduz num certo comportamento ou num problema
mental específico;
 Explicar: procura dar explicações para os fenómenos descritos.

1.3. Ramos principais do estudo da Psicologia


A Psicologia é uma área de conhecimento, porém divide-se em várias áreas com determinadas especificações.
1- Psicologia Clínica – é uma área da psicologia que se dedica ao estudo dos transtornos e perturbações mentais,
focando-se essencialmente nas doenças mentais e implicações mentais das doenças “não mentais”. Nesta área inclui o
diagnóstico, classificação, etiologia e intervenção.

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2- Psicologia da Educação – é uma área da psicologia que se foca nos aspetos da educação. Fundamentalmente
centra-se nos processos de aprendizagem e nas dificuldades das mesmas. Estuda os processos cognitivos implícitos e
explícitos.
3- Psicologia da Saúde – esta área da psicologia centra-se nas técnicas e métodos psicológicos utilizados em prol da
saúde física e mental. Estuda de que forma como a mente influencia o corpo e vice-versa. Foca-se em temas como
doenças psicossomáticas e na prevenção e intervenção de doenças físicas através da mente.
4- Psicologia das Organizações – área da psicologia que estuda os fenómenos psicológicos presentes nas
organizações. Atua principalmente sobre a gestão de pessoas, escolhendo a pessoa certa para a função certa, em função
da sua motivação, interesses, personalidade, etc. Optimizando os processos humanos das organizações e por
consequência, a organização no seu todo.
5- Psicologia Ambiental – é uma área da psicologia que se foca na forma como o meio ambiente (meio externo)
influência o ser humano e o seu comportamento. Centra-se nas formas de optimizar o ambiente para um melhor bem-
estar, para um comportamento mais adequado e produtivo. Esta área converge princípios arquitectónicos a princípios
psicológicos.
6- Psicologia Criminal – é a área da psicologia que estuda os crimes e o comportamento do criminoso numa
perspectiva psicológica. Estabelecendo perfis, de personalidade e comportamento, descobrindo razões tendências,
visando não apenas descobrir o culpado, mas também prevenir que o crime ocorra. Os profissionais desta área
colaboram com autoridades e tribunais.
7- Psicologia do Desenvolvimento – esta área foca-se nas alterações do comportamento relacionadas com as
alterações do ciclo de vida e da idade. Alterações ao nível motor, nível cognitivo, entendimento conceptual, aquisição
das várias competências e formação da identidade e personalidade. Foca-se principalmente na infância e adolescência.
8- Psicologia Social – é a área da psicologia responsável por estudar o ser humano e o seu comportamento inserido
numa sociedade. Focando-se em como a sociedade e os seus fenómenos influenciam directa ou indirectamente o ser
humano.
9- A Psicologia Industrial - Aplicação dos princípios da Psicologia e de suas técnicas às necessidades e aos
problemas da indústria.
10- A Psicologia Fisiológica - Análise da relação entre o comportamento e o funcionamento do sistema nervoso,
incluindo os vários órgãos do corpo.
Existem muitas outras áreas da psicologia (por ex: neuropsicologia, psicologia do desporto, psicologia comunitária,
etc.). É necessário referir que não existe fronteira para delimitar qualquer das áreas, pois ambas têm a mesma base e
em última instancia um objectivo comum: o bem-estar e felicidade do ser humano.
Com o decorrer do tempo, surgem áreas cada vez mais especificas da psicologia, centrando-se em áreas cada vez mais
específicas. Porém é necessário lembrar que a base inicial e o objectivo final são comuns.
Exercícios de Consolidação
1-Mencione os Métodos usados na Psicologia.
2-Em que consiste o comportamento?
3-Quando surgiu a psicologia como ciência e quem foi considerado como fundador?

2. O PAPEL DA PSICOLOGIA
A inserção da psicologia na sociedade é fundamental para entender como o ser humano constrói sua historia, quais são
as suas expectativas para o futuro, qual a sua relação com o passado, e o que ele esta vivenciando e construindo no
presente.
O desconhecimento sobre a grandiosidade da psicologia ainda é muito amplo. A questão sobre o cuidado na área
médica, na área da enfermagem, na educação, dentro das escolas, seja do primário até as universidades, se em todas
elas a aplicação da psicologia fosse maior, as pessoas poderiam compreender o seu próximo.
A actuação do psicólogo na sociedade hoje em dia é fundamental para que as pessoas possam entender um pouco
sobre si mesmas. A procura pela ajuda de um profissional na área da psicologia não denota que ela esta em algum
estado de loucura, essa visão de insanidade somente por procurar um psicólogo é errónea (incorrecta) e não tem
nenhuma veracidade científica.
Em mundo onde as pessoas trabalham freneticamente, cidades que funcionam 24 horas sem parar, de segunda a
segunda, é comum o surgimento de sintomas como estresse, nervosismo, essas situações são comuns a qualquer
indivíduo, o que difere é como cada um pode ser capaz de se habituar a essas mudanças, e a ajuda da psicologia é
importantíssima nesse ponto de vista.
2.1. Métodos de estudo da Psicologia
Nas investigações em psicologia são usados diversos métodos e técnicas.
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Os métodos correspondem ao conjunto de procedimentos utilizados na investigação, e as técnicas aos processos
práticos usados em cada método.
A escolha de um método depende dos objectivos que se tenham em vista atingir, os recursos e o tempo disponível
a) Método Introspectivo
Método aplicado por WUNDT como forma de estudar os estados de consciência do indivíduo submetidos a certas
experiências.
 A observação é feita pelo próprio indivíduo que revive a experiência interior retrospectivamente;
 Não existe separação entre o objecto (o que está a ser observado) e o observador (aquele que observa).
b) Método Experimental
Os psicólogos que aplicaram e desenvolveram este método, como Watson, centram-se quase exclusivamente no estudo
do comportamento humano, em ambientes laboratoriais, controláveis e modificáveis, seguindo os mesmos princípios
metodológicos usados pelos físicos e químicos no estudo da natureza.
c) Método Clínico
O objectivo da psicologia clínica é estudar o indivíduo em profundidade, na sua singularidade e no caso concreto em
que o mesmo se apresenta, ultrapassando as aproximações parciais da psicologia experimental.
Este método procura compreender a pessoa nas suas relações com o mundo: com os outros, consigo mesma, na
imagem que constrói da sua vida, e com os valores em que assentaa sua conduta.
d) Método Psicanalítico
A psicanálise, enquanto terapia, é um método de exploração do inconsciente.
A hipnose foi a primeira técnica que J. BREUER e depois FREUD utilizaram. Este último desenvolveu e aplicou
outras técnicas para atingir os mesmos objectivos:
a) Associações Livres.
Consiste em pedir aos pacientes para dizerem os que lhes ocorre, sem qualquer constrangimento.
b) Interpretação do Sonhos
Os sonhos são uma das manifestações mais ricas do inconsciente, ainda que estes se apresentem numa forma
simbólica. A sua interpretação permite a descoberta das causas profundas das situações traumáticas.
c) Atos Falhados
Nas mais diversas situações, todos nós somos afetados por certas pequenas perturbações, nas quais não nos
recordamos, por exemplo, de nomes de pessoas nossas conhecidas, trocamos palavras, ouvimos coisas que não foram
ditas, etc.
d) Transferências
Durante o tratamento o paciente estabelece com o psicanalista relações que lhe permitem reviver situações
traumáticas. Nestas, os sentimentos de amor ou de ódio que em tempos foram experimentados, são transferidos para o
psicanalista. A interpretação destas transferências torna-se assim num dos elementos fundamentais que pode levar à
descoberta das situações traumatizantes.
MIRADOR, (1976) distingui 4 tipos de metodologia aplicadas ao desenvolvimento do conhecimento em psicologia:
 Método Clínico;
 Método Comparativo;
 Método Etológico;
 Método Estatístico.
Exercícios de Consolidação
1-Diga o método que estuda os estados de consciência do indivíduo submetidos a certas experiências.
2- Que papel tem a Psicologia na vida social?

3. CARACTERIZAÇÃO DOS FENÓMENOS PSÍQUICOS: SENSAÇÃO, PERCEPÇÃO, IMAGINAÇÃO,


PENSAMENTO, LINGUAGEM; MEMORIA, EMOÇÕES E SENTIMENTOS
A palavra Cognitione tem origem nos escritos de PLATÃO e ARISTÓTELES.
É o conjunto dos processos mentais usados no pensamento na classificação, reconhecimento e compreensão para o
julgamento através do raciocínio para o aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas.
De uma maneira mais simples, podemos dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e
pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos (Visão, Audição, Paladar, Tacto e Olfacto). O corpo
humano é composto de cinco sentidos, a saber: a visão, o olfacto, o paladar, a audição e o tato que fazem parte
do sistema sensorial, responsável por enviar as informações obtidas para o sistema nervoso central, que por sua vez,
analisa e processa a informação recebida.

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3.1. Conceitos básicos de dimensão cognitiva, afectiva e comportamental
Processos psíquicos envolvem duas áreas do processo psicológico, uma refere-se à cognição e a outra à dimensão
afectivo-emocional. Ambas determinam a área do comportamento.
Os Processos cognitivos da sensação e percepção são responsáveis pela recepção e envio da informação ao SNC e
também por atribuir significados a essas informações captadas pelo sistema sensorial Sensação e Percepção. Os órgãos
dos sentidos são responsáveis pela captação das informações do ambiente, que podem ser de natureza visual, olfactiva,
táctil, gustativa, auditiva e cinestésica (equilíbrio e movimento do corpo).
O processamento cerebral depende bastante das informações fornecidas pelas estruturas sensoriais, sendo estas a base
de nossa compreensão do mundo.
Pode-se definir cognição como a capacidade para armazenar, transformar e aplicar o conhecimento, sendo um amplo
leque de processos mentais
 Cognição é o acto ou processo da aquisição do conhecimento que se dá através
da percepção,da atenção, associação, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem
 A psicologia cognitiva estuda a cognição, os processos mentais que estão por detrás do comportamento. É
uma das disciplinas da ciência cognitiva.
Esta área de investigação cobre diversos domínios, examinando questões sobre a memória, atenção, percepção,
representação de conhecimento, raciocínio, criatividade e resolução de problemas.
3.2. Processos psíquico
Funções mentais como sensação, percepção, atenção, memória, pensamento, linguagem, motivação, aprendizagem e
etc, são caracterizadas na psicologia como processos psicológicos básicos.
Essas funções derivam tanto das interacções de processos inatos quanto de processos adquiridos, junto a relações do
individuo de experiência e vivência com o meio.
Apesar das distinções desses processos é por meio de sua relação e influência que se pode compreender a dinâmica da
mente, pois eles interagem e até dependem de outros processos.
Algumas das funções mais estudadas nos processos psicológicos básicos são:
3.2.1.Memória
Memória é capacidade que permite a codificação, o armazenamento e recuperação de dados ou seja: A memória é a
capacidade de registrar, armazenar e evocar as informações recebidas e processadas pelo organismo.
De forma resumida a memória pode ser dividida em três processos:
 Codificação
A codificação tem a ver com processo de entrada e registro inicial da informação. A codificação diz respeito à
capacidade que o aparato cognitivo possui de captar a informação e mantê-la activa por tempo suficiente para que
ocorra o processo de armazenamento, segunda etapa da memória.
 Armazenamento
Armazenamento refere-se acapacidade de manter a informação pelo tempo necessário para que, posteriormente, ela
possa ser recuperada e utilizada
 Evocação ou reprodução:
A evacuação esta directamente ligada a capacidade de recuperar a informação registrada e armazenada, para posterior
utilização por outros processos cognitivos (pensamento, linguagem, afecto, etc.).
A memória ainda pode ser classificada como:
1.º Memória de curto prazo;
2.º Memória de longo prazo;
3.º Autobiográfica;
4.º Episódica;
5.º Sensorial.
A perda ou dificuldade de armazenamento ou recuperação de informações é conhecida como amnésia e deve ser
tratada sendo comum em casos de lesões e traumas de diferentes espécies.
3.2.2.Emoção
Emoção é um estado mental subjectivo associado a uma ampla variedade de sentimentos, comportamentos e
pensamentos. Ela desempenha um papel central nas actividades humanas, já que as emoções alteram a atenção e o
nível do comportamento resultando em diferentes respostas do indivíduo. Pode ser considerada como uma espécie de
depósito de influências aprendidas e inatas.
3.2.3.Pensamento

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Pensamento é a capacidade de compreender, formar conceitos e organizá-lo ou O pensamento é a capacidade de
compreender, formar e organizar conceitos, representando-os na mente. O pensamento opera no plano mental de forma
lógica com representações e ideias.
Diz respeito à habilidade em manipular conceitos mentalmente, estabelecendo relações entre eles ligando-os e
confrontando-os com elementos oriundos de outras funções mentais (percepção, memória, linguagem, afeto, atenção,
etc.) e criando outras representações (novos pensamentos) Estabelece relações entre os conceitos por meio de
elementos de outras funções mentais (como as vistas anteriormente), além de criar novas representações, ou seja,
novos pensamentos.
O pensamento possibilita a associação de dados e sua transformação em informação estando consequentemente
associado com a resolução de problemas, tomadas de decisões e julgamentos.
3.2.4.Linguagem
A Linguagem é a capacidade de receber, interpretar e emitir informações ao ambiente ou seja: A linguagem refere-se à
capacidade de receber, interpretar e emitir informações para o ambiente
Por meio da linguagem podem-se trocar informações e desenvolver formas de compreensão e de expressão.
A linguagem reflecte a capacidade de pensamento, então se uma pessoa tiver um transtorno de pensamento sua
linguagem poderá ser prejudicada. Junto aos processos cognitivos é que a linguagem se desenvolve e se as habilidades
das funções mentais são crescentes assim os recursos linguísticos também serão.
Dentre os temas estudados pela psicologia cognitiva, a linguagem é um dos mais pesquisados, junto com a memória e
a inteligência, porque é área de interesse de várias ciências, como a antropologia, a sociologia, a filosofia e a
comunicação.
3.2.5.Sensação
A sensação é a resposta sensorial ou objectiva ao estímulo do meioela detecta a experiência sensorial básica por meio
dos sons, objectos, odores e etc. Desse modo, essa função pode classificada como sendo de natureza objectiva.
3.2.6.Percepção
Percepção refere-se a capacidade de captar os estímulos do meio para processamento da informação. Os órgãos dos
sentidos são responsáveis pela captação das informações, ou seja, o processamento cerebral depende da visão, olfacto,
tato e etc. Ela é considerada uma característica subjectiva, diferentemente da sensação que é classificada como sendo
objectiva.
O processamento cerebral depende bastante das informações fornecidas pelas estruturas sensoriais, sendo estas a base
de nossa compreensão do mundo.
Existe uma grande quantidade de pesquisas sobre os processos perceptivos na psicologia cognitiva que são utilizadas
para compreender o comportamento. Um exemplo disso são os estudos sobre as ilusões, especialmente as ilusões de
óptica.
3.2.7.Atenção
A atenção também é tópico de estudo relacionado ao processo cognitivo, embora vários autores a considerem função
derivada da consciência. Através da atenção é possível que a mente seleccione os estímulos recebidos, dando
prioridade a uns enquanto outros são minimizados ou mesmo excluídos do processamento.
Exemplos de estudos sobre a atenção incluem alguns controversos, como os de estímulos subliminares. Portanto,
embora a atenção possa ser estudada no tópico da percepção, ela seria considerada um nível inicial de processamento
dos estímulos.
3.3. Vontade, habilidades, aptidões e atitudes
 Vontade ou intencionalidade é a capacidade através da qual tomamos posição frente ao que nos aparece.
Diante de um fato, podemos desejá-lo ou rejeitá-lo. Ou Vontade é intenção, propósito ou determinação;
sentimento que faz com que alguém busque os seus objectivos ou procure alcançar as suas ambições: vontade
de subir na vida;
 Habilidade provem(do latim habilitate) é o grau de competência de um sujeito concreto frente a um
determinado objectivo.
Segundo VOLTAIRE s/d ter habilidade significa ser mais do que capaz, mais do que instruído, pois mesmo aquele
que houver lido e presenciado tudo sobre um determinado assunto, pode não ser capaz de reproduzir a acção na
prática com êxito.
Na área da educação, habilidade é o saber fazer. É a capacidade do indivíduo de realizar algo, como classificar,
montar, calcular, ler, observar e interpretar. A capacidade da pessoa em mobilizar suas habilidades (saber fazer), seus
conhecimentos (saber) e suas atitudes (saber ser) para solucionar determinada situação-problema é chamada por alguns
educadores como competência.

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 Aptidão
Em psicologia, a palavra aptidão refere-se às características psicológicas que permitem prognosticar diferenças entre
indivíduos nas situações futuras de aprendizagem.
O conceito tem origem no termo latim aptus, que significa capaz de.
Na linguagem comum, a aptidão faz referência à capacidade de uma pessoa em realizar uma tarefa de forma correcta.
Já, em psicologia, o termo abarca tanto as capacidades cognitivas como as características emocionais e da
personalidade.
 Atitudes
JUNG define a atitude como uma disponibilidade da psique para agir ou reagir de uma determinada maneira.
No nosso intender, atitude é a maneira de se comportar, agir ou reagir, motivada por uma disposição interna ou por
uma circunstância determinada.
Atitude designa em psicologia a disposição ligada ao juízo de determinados objectos da percepção ou da imaginação -
ou seja, a tendência de uma pessoa de julgar tais objectos como bons ou maus, desejáveis ou indesejáveis.
3.4. Aspectos adicionais e importantes sobre os processos psíquicos ou cognitivos
A psicologia tem como objecto de estudo o comportamento e os fenómenos psíquicos. Tais fenómenos são
constituídos por três categorias: Constituintes do processo cognitivo, estádios psíquicos e propriedades psíquicas.
Processos psíquicos ou Processos cognitivos ou ainda Funções psíquicas são diferentes formas de reflexão
subjectivada realidade objectiva, tem a importância nos permitir conhecimentos sobre as mudanças do meio ambiente
permitindo-nos adquirir conhecimentos, experiencias das precedentes no sentido das gerações passadas e ao mesmo
tempo nos orienta no tempo e no espaço consequentemente regula a nossa actividade e o nosso comportamento.
3.5. Constituintes do processo cognitivo
São os seguintes constituintes: Sensação, percepção, memoria, pensamento, imaginação linguagem, atenção e
motivação.
 Estádios psíquicos
Os estádios psíquicos caracterizam as esferas dinâmicas e temporal da actividade psíquica é o mundo mais rico do
mundo do Homem que influencia no sucesso e no insucesso da sua actividade produtiva.
Os principais estádios são: Emoções, sentimentos, vontade, estres, fadiga, cansaço, ira, cólera, etc.
 Propriedades psíquicas
Propriedades psíquicas são as propriedades psicológicas individuais da personalidade que diferenciam os Homens ou
indivíduos uns dos outros em função das suas tipologias, tendências e inclinações naturais em função dos seus traços
característicos.
Os principais elementos são: o caracter, temperamento e capacidade.
3.5. Alguns conceitos usados em posologia e pedagogia
Representação: é possibilitada pelos processos cognitivos da percepção, aprendizagem e memória. Consiste em
construir experiências vividas sob a forma de imagens mentais sem a presença real do objecto.
Ideia: é um tipo de representação onde a imagem mental da experiência se apresenta sob forma verbal.
Conceito: é um tipo de ideia onde o evento é representado verbalmente priorizando suas características essenciais.
Memória: conjunto de mecanismos psíquicos que armazena representações, fixa, retém e posteriormente evoca.
Aprendizagem: consiste em organizar e integrar (compreender ou assimilar) representações e informações àquelas
que o indivíduo já possui.
Aprender conceitos: perceber relações entre, e atribuir significados.
Pensamento: opera no plano mental de forma lógica com representações e ideias.
Inteligência: usar operações lógicas do pensamento para resolver situações-problema de forma competente.
Criatividade: usar operações lógicas do pensamento para resolver situações-problema de forma competente e
original.
Exercícios de consolidação
1- Mencione os principais constituintes do processo Psíquicos.
2- Intencionalidade/Vontade é a capacidade através da qual tomamos posição frente ao que nos aparece.
a) Como esta dividida a memoria e descreva-as.

4. DESENVOLVIMENTO PSÍQUICO NA ONTOGÉNESE


Conceito de ontogénese e filogénese

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 Ontogénese é o conjunto de processos de desenvolvimento do indivíduo desde a fecundação até à sua morte.
Integra, em cada um dos seus momentos, os efeitos combinados e indissociáveis de maturação e da
experiência, traduzindo, assim, a resultante das interacções genéticas e epigenéticas. ou
A aquisição de estruturas organizacionais complexas e a adopção de formas de conduta afastadas da organização
própria dos outros animais foram conquistas progressivas da Homem ao longo da evolução.
Para evitar ambiguidades, importa esclarecer dois sentidos que se atribuem ao termo evolução: sentido
filogenético e sentido ontogenético.
 Filogénese é a história evolutiva de uma dada espécie, que através do conjunto dos processos biológicos de
transformação explicam o aparecimento das espécies e sua diferenciação.
A Filogénese estuda a história da evolução humana, nomeadamente a constituição dos seres humanos como
sujeitos cognitivos. Ou seja, o sentido filogenético está presente quando a palavra evolução nos remete para o
progresso da espécie humana, ocorrido desde as longínquas origens da vida até à forma que os Homens assumem
na actualidade.
4.5. A teoria científica actual da ontogénese
Esta teoria afirma que a ontogénese é a causa da filogénese. A interacção entre os factores ambientais e os factores
genéticos, que se manifestam durante o desenvolvimento, são a causa para a existência do individuo. Afirma-se que
são as transformações ontogenéticas do indivíduo que possibilitam a sua existência, a sua sobrevivência enquanto
espécie.
Ou seja, a cada nova transformação ontogenética durante o processo evolutivo, vai fazer com que a espécie se torne
mais apta para a sobrevivência no meio. Deste modo a filogénese será, o resultado, o produto das aquisições
individuais das ontogéneses. Será uma sucessão de ontogéneses que evoluíram, produto de mutações dos indivíduos e
da selecção natural que o meio exerce sobre eles. É graças a este mecanismo, processo evolutivo, que as espécies
sobrevivem ou se extinguem, isto porque só os mais aptos, sobrevivem num mundo em mudança.
4.6. O Desenvolvimento Psíquico
É preciso antes de mais nada que se compreenda como se dá a absorção da cultura, do conhecimento pelo ser humano
e de como esse processo “colabora”, no sentido de fundar o psiquismo humano.
DUARTE (1993) salienta que “a absorção da cultura, do conhecimento se dá por meio dos
processos de objectivação e apropriação. Partindo desse posicionamento, que recorre à teoria
MARXIANA e à teoria crítico-pedagógica ou histórico-social, compreende-se que a
objectivação é um processo activo ocorrido cada vez que o homem, através da consciência,
desempenha uma actividade vital, assim como a apropriação. A actividade vital é na verdade
toda e qualquer acção que reproduza a vida, sendo que, no caso dos animais, também há essa
reprodução, a qual não acontece por intermédio da consciência”.
Para DUARTE (1993), “a actividade humana assegura não apenas a sobrevivência do ser humano, mas também a
reprodução do género humano”.
Dessa maneira, para compreender o psiquismo humano, dentro da perspectiva de estudo adoptada, é primordial
observar o conceito de actividade, já que esse conceito é fundamental para o entendimento dos processos de
objectivação e apropriação. Grosso modo, pode-se dizer que a actividade humana é um processo que provém da
realidade vivenciada pelo ser humano, por conseguinte um processo vivo e real.
Apesar de existir a influência dos factores biológicos, no desempenho dessas actividades, elas não são regidas
essencialmente por tais motivos. Trata-se de um processo em que ocorrem igualmente a objectivação e a apropriação,
por meio da consciência (mesmo que muitas vezes aconteça com o homem alienado, sem percepção), que funda o
psiquismo, a “personalidade”.
Em síntese, a actividade deve ser compreendida como resultante da realidade social do homem que, ao desempenhá-la
estabelece contacto com outros homens e com objectos afins. A actividade colabora no sentido da objectivação e
apropriação humana. Colabora, ainda, no desenvolvimento da linguagem, da memória e das sensações. Abaixo, tais
conceitos serão mais bem descritos.
A actividade humana é um processo que provém da realidade vivenciada pelo ser humano, deseja-se, antes de tudo,
afirmar que esse fazer humano se dá em decorrência das necessidades, ou seja, que a actividade humana é motivada
pelas necessidades dos homens, necessidades essas que eles têm de satisfazer. Como se vê, é a necessidade humana
que faz com que o homem desempenhe determinadas actividades.
Ao desempenhar essas actividades, ele busca contemplar suas necessidades. Desse modo, é levado a desempenhar
determinadas acções ou actividades na consecução de seus objectivos, seus intentos.
Quando se afirma que a actividade humana é um processo que provém da realidade vivenciada pelo ser humano,
deseja-se, antes de tudo, afirmar que esse fazer humano se dá em decorrência das necessidades, ou seja, que a
actividade humana é motivada pelas necessidades dos homens, necessidades essas que eles têm de satisfazer.

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4.7. Ontogénese psíquica
O desenvolvimento da mente e, em particular, o modo como o organismo relaciona suas necessidades inatas com as
exigências do meio ambiente. Na psicanálise, a ontogénese psíquica inclui:
 O desenvolvimento das relações com o objecto;
 As vicissitudes das pulsões em relação à realidade;
 O desenvolvimento de mecanismos para que os processos precedentes sejam plenamente realizados.
a) O desenvolvimento das relações objectais é geralmente descrito de acordo com o seguinte esquema:
 Estágio auto erótico (ou somato-gênico), do nascimento até cerca dos três anos de idade.
 Estágio narcisista, dos três aos seis anos.
 Estágio homo-erótico, dos seis anos até a puberdade.
 Estágio hetero-erótico, durante a adolescência.
 Estágio alo-erótico, o estágio da maturidade.
b) As vicissitudes das pulsões são tipicamente descritas em termos de fases libidinais, como se segue: sexualidade pré-
superego, do nascimento até cerca de seis anos de idade, incluindo:
 Fase oral, do nascimento até os dois anos.
 Fase anal, dos dois anos até cerca dos quatro.
 Fase fálica, dos quatro anos até cerca dos seis.
 Latência, dos seis anos até a puberdade.
 Genitalidade.
C) Os mecanismos desenvolvidos para que as fases acima se realizem são aqueles envolvidos no desenvolvimento do
ego e superego, assim como das defesas do ego.
Alguns críticos acreditam que a psicologia psicanalítica clássica coloca uma ênfase excessi va na infância como sendo
o princípio e o fim do desenvolvimento da personalidade; eles têm descrito então a ontogénese psíquica em termos
diversos.
Na Teoria Psicossocial de ERIKSON por exemplo, disse que lado a lado dos estágios psico-sexuais descritos por
FREUD existiam estágios psicossociais do desenvolvimento do ego, e que a personalidade continua em
desenvolvimento através de todo o ciclo da vida, e que cada estágio tem um componente negativo e um positivo.
Os oito estágios do homem segundo ERIKSON são:
 Confiança vs. Desconfiança
Estende-se por todo o primeiro ano de vida (corresponde, grosso modo, à fase oral de Freud). Durante este estágio, o
grau de aprendizado que a pessoa pode ter em relação a confiar no mundo, nas outras pessoas e em si mesma depende
da qualidade do cuidado que ela recebe; se este cuidado é inadequado, ou inconsistente, desenvolve-se uma
desconfiança básica, uma atitude de medo e suspeita em relação ao mundo.
 Autonomia vs. Dúvida
Estende-se pelo segundo e terceiro anos de vida (fase anal, de FREUD). Aqui, o cuidado adequado consiste em
permitir que se deixe a criança fazer o que é capaz, ou seja, em seu próprio ritmo, controle seus músculos, impulsos, a
si mesma, e, em última análise, seu ambiente. Cuidados super protectores, incoerentes ou super críticos enchem a
criança de dúvidas sobre sua capacidade de controlar o mundo e a si mesma.
 Iniciativa vs. Culpa
Estende-se pelo quarto e quinto anos de vida (fase genital, segundo FREUD). Cuidados adequados proporcionam li-
berdade e oportunidades para a criança iniciar jogos onde a motricidade é importante, fantasias e questionamentos
intelectuais dirigidos aqueles em volta dela de tal forma que ela já não seja um imitador dos outros. Mas caso o jogo
ou a atitude inquisitiva da criança sejam inibidos ou desvalorizados, ela vai desenvolver culpa com relação a suas
actividades de iniciativa própria.
 Indústria vs. Inferioridade
Estende-se dos 6 aos 11 anos (período de latência, de FREUD). Durante este período, a criança aprende o raciocínio
dedutivo e a obedecer às "regras do jogo". Esta é a idade de ROBINSON CRUSO é, e a criança se preocupa em saber
como as coisas são feitas, como elas funcionam e o que elas fazem. Cuidados adequados incluem o encorajamento da
criança em seus esforços para fazer e realizar coisas práticas, recompensando-a pelos resultados, e assim
desenvolvendo seu sentido de industriosidade.
Nesta fase, o mundo da criança inclui pessoas além de seus pais, e por isto estes adultos fora da família imediata
desempenham também um papel importante, tanto positivo como negativo, podendo instilar um sentimento de
inferioridade na criança.
 Identidade vs. Confusão de Papéis

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É a adolescência. Estende-se dos 12 até os 18 anos. Durante este período, a pessoa pode tentar saber o que os outros
pensam a respeito dela, e pode comparar sua própria família e sociedade como aquilo que ela conceitua como sendo
uma família ou sociedade ideais; e começa a desenvolver um sentido de quem ela é, onde esteve e para onde vai. Mas
tanto a família como o meio social podem interferir no desenvolvimento da identidade do ego; quando mudanças
sociais e tecnológicas quebram valores tradicionais, o adolescente pode desenvolver uma confusão de papéis, pois ele
não vê continuidade entre aquilo que aprendeu quando criança e aquilo que está experimentando como ado lescente.
Para citar apenas um exemplo, uma identidade de delinquente pode ser preferível a não ter nenhuma identidade.
 Intimidade vs. Isolamento
Estende-se da adolescência até o início da "meia-idade"; grosso modo, é o período dos namoros e o início da vida
familiar. Durante esta fase, a pessoa deve aprender a compartilhar e cuidar de outra, sem o medo de perder a si mesmo
no processo. Caso isto não ocorra, ela desenvolve um sentimento de isolamento, um sentimento de estar sozinha, sem
ninguém para compartilhar.
 Generatividade vs. Auto-absorção
Meia-idade. Neste estágio, a pessoa torna-se preocupada com os outros, além de sua família, e com a natureza da
sociedade e do mundo no qual as futuras gerações vão viver. Do lado negativo, a pessoa sem um "senso de gerar"
torna-se auto- absorvida em necessidades e confortos pessoais.
 Integridade vs. Desespero Velhice.
A pessoa que, nesta idade, pode olhar para trás em sua vida com satisfação, que pode fazer uma pausa para reflectir
sobre o passado e ter tempo para gozar seus netos, manifesta um senso de integridade. No outro lado da escala, está a
pessoa cuja vida passada é uma série de oportunidades perdidas e erros que não podem ser desfeitos; enche-se de
desespero quando pensa o que poderia ter sido.
Exercícios de Consolidação
1- A interacção entre os factores ambientais e os factores genéticos, que se manifestam durante o desenvolvimento,
são a causa para a existência do individuo.
a) Em consiste a ontogénese psíquica?

5. ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO SEGUNDO FREUD E PIAGET


5.1. Teorias de segundo Freud
Uma das mais importantes descobertas de Freud é a de que há uma sexualidade infantil: o psiquismo humano forma-se
a partir dos conflitos que, desde o nascimento, confrontam os instintos sexuais (a Líbido) e a realidade. Podemos dizer
que, em termos psicanalíticos, nós somos o resultado da história da nossa infância.
Na visão de FREUD “o Consciente corresponde à dimensão racional da Psique. Ao nível do Consciente tomamos
conhecimento da realidade exterior e, também, dos nossos conteúdos mentais não recalcados ao nível do
inconsciente”.
O mesmo Autor refere que “o Inconsciente é, então, a mais importante instância da Psique, e a mais vasta. É aí que
está a chave para a interpretação do sentido de todos os nossos comportamentos e, em geral, da nossa vida psíquica”.
Entre o Consciente e o Inconsciente, existe uma antecâmara, o Pré-consciente, que permite que alguns conteúdos do
Inconsciente acedam à consciência, mas “travestidos”, “disfarçados”, por forma a evitar distúrbios ao nível do
Consciente. Assim, os conteúdos de origem libidinal, ligados ao instinto sexual, podem aceder à consciência sob uma
forma simbólica, não geradora de tensão.
O id (isso) é o termo usado para designar uma das três instâncias apresentada na segunda tópica das obras de Freud.
Possui equivalência topográfica com o inconsciente da primeira tópica embora, no decorrer da obra de Freud, os dois
conceitos: id e inconsciente apresentem sentidos diferenciados. Faz parte do aparelho psíquico da psicanálise
freudiana de que ainda fazem parte o ego (eu) e o superego (Super-eu).
Resumindo: As três instâncias do aparelho psíquico estão constituídas por: (Id, Ego e Super – Ego).
O ego
O Ego é a soma total dos pensamentos, ideias, sentimentos, lembranças e percepções sensoriais.
É a parte mais superficial do indivíduo (da Psique), a qual tem por funções a comprovação da realidade e a aceitação,
mediante selecção e controlo, de parte dos desejos e exigências procedentes dos impulsos que emanam do id. Obedece
ao princípio da realidade, ou seja, à necessidade de encontrar objectos que possam satisfazer o id sem transgredir as
exigências do superego. Quando o Ego submete-se ao id, torna-se imoral e destrutivo; ao se submeter ao superego,
enlouquece de desespero, pois viverá numa insatisfação insuportável; se não se submeter ao mundo, será destruído por
ele. Para JUNG, o Ego é um complexo; o “complexo do Ego”. Diz ele, sobre o Ego: “É um dado complexo formado
primeiramente por uma percepção geral do nosso corpo e existência e, a seguir, pelos registos da nossa memória.

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O superego
É inconsciente, é a censura das pulsões que a sociedade e a cultura impõem ao id, impedindo-o de satisfazer
plenamente os seus instintos e desejos. É a repressão, particularmente, a repressão sexual. Manifesta-se à consciência
indirectamente, sob forma da moral, como um conjunto de interdições e deveres, e por meio da educação, pela
produção do "eu ideal", isto é, da pessoa moral, boa e virtuosa.
5.1.1. O desenvolvimento da personalidade
A noção de estádio está inseparavelmente ligada à concepção de Freud de aparelho psíquico e do seu funcionamento –
funcionamento normal e sobretudo patológico, e do seu desenvolvimento no tempo ao nível do indivíduo e também ao
nível da espécie.
Nesta perspectiva, Freud encontra duas premissas essenciais à Psicanálise, isto é, dá como adquirido a existência de
um inconsciente e de uma sexualidade.
Baseado nestas premissas elaborou então três períodos, subdivididos em cinco estádios de desenvolvimento
psicossexual.
1º Período (0-5 anos)
 Fase oral (0-2 anos) - a principal fonte de prazer é a boca;
 Fase anal (2-3 anos) - a zona de maior satisfação é a região do ânus;
 Fase fálica (3-5 anos) - a atenção da criança volta-se para a região genital; interesse em examinar e manipular
o seu próprio órgão genital.
2º Período (6-13 anos)
 Fase de latência - há um deslocamento da libido da sexualidade para actividades socialmente aceites, como
escola.
3º Período (13 – …anos)
 Fase genital (depois da puberdade) − A satisfação dos impulsos da libido é procurada pela prática de
actividades sexuais de natureza genital.
Para FREUD, o desenvolvimento humano e a constituição da mente explicam-se pela evolução da psicossexualidade.
Um dos conceitos mais importantes da teoria psicanalítica sobre o desenvolvimento é a existência de uma sexualidade
infantil.
O termo prazer psicossexual é usado por Freud num sentido muito amplo, que inclui as sensações agradáveis
resultantes da estimulação de diversas áreas do corpo e considera que a energia psicossexual ou líbido deriva de
processos metabólicos. Os órgãos envolvidos na digestão e procriação, fundamentais para a sobrevivência do
indivíduo e da espécie, são zonas erógenas, ou seja, fontes instintivas de prazer sexual.
5.2. Teoria de Jean Piaget
PIAGET nos traz alguns conceitos importantes de sua teoria, o esquema e a equilibração.
 O 1º é referente ao que nós sabemos e vai aumentando no decorrer em que vamos aprendendo e;
 O 2º é quando o conteúdo não faz parte da pessoa a partir do momento que o mesmo aprende gera o que é
chamado de equilibração.
Para acontecer essa equilibração é necessário assimilar e acomodar. Assimilar significa fazer uma interpretação, o
olhar sobre o objecto e o acomodar significa reorganizar as estruturas já existentes.
PIAGET (1996) classificou quatro estágios no desenvolvimento do raciocínio humano, que iam: do nascimento até o
fim da puberdade e consequentemente ao início da adolescência, que se sucediam de acordo com as fases do
desenvolvimento físico.
Após observarmos a classificação de Piaget, poderemos concluir que a sua classificação coincide com as observações
de Freud, e poderemos constatar que além do desenvolvimento do raciocínio e do físico, correspondem também às
citadas etapas, ao desenvolvimento psicossexual.
É de relembrar quando FREUD e PIAGET se referem às características de uma determinada faixa etária, por exemplo,
dos 7 aos 12 anos, nós não devemos perder de vista certa flexibilidade no sentido deste momento poder ser um pouco
antes dos 7, ou um pouco depois dos 12 a depender do grau de maturação da criança variando pois, de indivíduo para
indivíduo e que é influenciado por diferentes variantes sócio-cultural.
PIAGET divide os períodos do desenvolvimento humano de acordo com o aparecimento de novas qualidades do
pensamento, o que, por sua vez, interfere no desenvolvimento global.
 1º Período: Sensório-motor (0 a 2 anos);
 2° Período: Pré-operatório (2 a 7 anos)
 3º Período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)
 4º Período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante)
Segundo Piaget, cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o indivíduo consegue fazer nessas faixas
etárias. Todos os indivíduos passam por todas essas fases ou períodos, nessa sequência, porém o início e o término de

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cada uma delas dependem das características biológicas do indivíduo e de factores educacionais, sociais. Portanto, a
divisão nessas faixas etárias é uma referência, e não uma norma rígida.
Bibliografia
PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. S/ed, Editora Zahar, Rio de Janeiro, 1996.
TAVARES, J & ALARCÃO, I. Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. 1ª Edição, Coimbra, Livraria
Almedina, 1992

6. FACTORES DE DESENVOLVIMENTO COM A SAÚDE REPRODUTIVA


“A passagem à sexualidade com parceiro realiza-se ao termo de um processo progressivo de exploração física e
relacional, por etapas, que pode levar vários anos ou, ao contrário, ser relativamente rápido”, sendo a “iniciação sexual
um bom preditor de comportamentos futuros” (HEILBORN 2006, pag.155).
5.1. Direitos sexuais
 O direito de viver e expressar livremente a sexualidade sem violência, discriminações e imposições, e com total
respeito pelo corpo do(a) parceiro(a);
 O direito de escolher o(a) parceiro(a) sexual;
 O direito de viver plenamente a sexualidade sem medo, vergonha, culpa e falsas crenças;
 O direito de viver a sexualidade, independentemente de estado civil, idade ou condição física;
 O direito de escolher se quer ou não quer ter relação sexual;
 O direito de expressar livremente sua orientação sexual: héteros sexualidade, homossexualidade,
bissexualidade;
 O direito de ter relação sexual, independentemente da reprodução;
 O direito ao sexo seguro para prevenção da gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis (DST) e AIDS;
 O direito a serviços de saúde que garantam privacidade, sigilo e um atendimento de qualidade, sem
discriminação;
 O direito à informação e à educação sexual e reprodutiva.
Vale notar que a sexualidade é uma importante dimensão da vida, abrangendo aspectos biológicos, psíquicos, sociais,
culturais e históricos. Não se restringe à meta reprodutiva, sendo constitutiva das relações amorosas e do laço afectivo
entre as pessoas.
Apesar de os direitos sexuais e direitos reprodutivos terem sido formalizados no contexto das Conferências das Nações
Unidas como concernentes ao planeamento familiar e ao enfrentamento da violência sexual contra as mulheres, há
actualmente discursos críticos que reconhecem a necessidade de explicitamente afirmar a universalidade desses
direitos.
Lembre-se:
Sexo refere-se a um conjunto de características genotípicas e biológicas; e género é uma construção social e histórica.
Na maioria das sociedades, as relações de género são desiguais.
5.2. Sexualidade e saúde
A sexualidade diz respeito a um conjunto de características humanas que se traduz nas diferentes formas de expressar
a energia vital, chamada por FREUD de libido, que quer dizer energia pela qual se manifesta a capacidade de se
ligar às pessoas, ao prazer/ desprazer, aos desejos, às necessidades, à vida.
“.… as pessoas associam sexualidade ao ato sexual e/ou aos órgãos genitais, considerando-os como sinónimos.
Embora o sexo seja uma das dimensões importantes da sexualidade, esta é muito mais que actividade sexual e não se
limita à genitalidade ou a uma função biológica responsável pela reprodução” (NEGREIROS, 2004).Ao reflectir um
pouco mais sobre o assunto, pode-se perceber que o corpo como um todo é fonte de prazer, pelo fato de propiciar,
desde nosso nascimento, o sentir, o perceber e o comunicar o mundo.
Conforme LOURENÇO (2002), em sentido amplo, “a sexualidade se expressa no estilo de vida que adoptámos, no
modo como se demonstram os afectos, na percepção erotizada dos estímulos sensoriais e também nos papéis de género
– jeito adoptado para ser mulher ou para ser homem, que tem implicações nas relações estabelecidas entre homens e
mulheres”.
A sexualidade envolve, além do corpo, os sentimentos, a história de vida, os costumes, as relações afectivas e a
cultura. Portanto, é uma dimensão fundamental de todas as etapas da vida de homens e mulheres, presente desde o
nascimento até a morte, e abarca aspectos físicos, Psico-emocionais e socioculturais.
De acordo com as definições da OMS s/d, “a sexualidade é vivida e expressa por meio de pensamentos, fantasias,
desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relacionamentos”. Em todas as sociedades, as

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expressões da sexualidade são alvo de normas morais, religiosas ou científicas, que vão sendo aprendidas pelas
pessoas desde a infância.
Em nossa sociedade, por exemplo, “a sexualidade foi histórica e culturalmente limitada em suas possibilidades de
vivência, devido a tabus, mitos, preconceitos e relações desiguais de poder entre homens e mulheres” (CASTRO;
ABRAMOVAY e SILVA, 2004).
5.3. ITS e HIV/SIDA
5.3.1. Vírus HIV
O vírus HIV(em inglês, HumanImmuno Deficiency Virus, que significa Vírus da Imuno Deficiência Humana) é um
micróbio que só se consegue ver com um microscópio especial.
O HIV ataca as células do sistema imunitário (o sistema de defesa do organismo humano). Pouco a pouco, essas
células tornam-se incapazes de proteger o organismo humano contra infecções e tumores. Por isso, as pessoas que têm
SIDA apanham doenças que o seu organismo não consegue combater.
5.3.2. SIDA (Síndroma de Imuno Deficiência Adquirida)
SIDA significa:
SÍNDROMA: conjunto de sinais e sintomas;
IMUNO: sistema imunitário, o sistema de defesa do organismo humano;
DEFICIÊNCIA: não funciona bem;
ADQUIRIDA: foi contraída e não é hereditária.
O SIDA é uma doença causada por um vírus chamado HIV. Nos doentes com SIDA, o sistema imunitário não
funciona bem. O sistema imunitário é o conjunto das defesas naturais do organismo contra as doenças.
Ainda não existe cura, nem uma vacina para esta doença, mas existem actualmente medicamentos capazes de controlar
a infecção e permitir uma vida mais saudável e longa.
Prevenção:
Para prevenir a transmissão sexual, deve-se seguir os seguintes conselhos:
 Praticar sexo “seguro”.
SEXO “SEGURO” são práticas sexuais que evitam que os líquidos do parceiro/a penetrem no organismo através das
relações sexuais. Assim, o risco de contrair o HIV e outras infecções de transmissão sexual (ITS) são reduzidas.
O sexo “seguro” inclui:
 Uso de preservativo (masculino ou feminino) durante o acto sexual.
 Escolher actividades sexuais que não permitem a entrada de líquidos no organismo, por exemplo:
Abraçar e beijar, Acariciar com a boca, Massajar, Masturbar, Lamber, chupar, Esfregar o corpo contra o corpo de
outra pessoa.
Sexo sem penetração significa que o pénis não entra na vagina ou no ânus durante o acto sexual. Algumas formas de
sexo sem penetração podem ser de risco para infecção do HIV e ITS. Qualquer contacto pénis-vagina, pénis-vulva
(vulva é a parte externa da vagina), pénis-ânus, pénis-boca, vulva com a boca do parceiro é considerado um contacto
sexual e todas essas práticas podem transmitir o HIV. Nestes contactos sexuais o pénis deve estar protegido pelo
preservativo masculino. Esta é a única maneira de evitar as doenças sexualmente transmissíveis. Existe risco de
infecção sempre que haja contacto como sémen e sangue.
 O preservativo
Além de prevenir o HIV e SIDA, o uso de preservativos masculino e femininoprotege contra outras ITS e gravidez.
As pessoas com ITS devem:
 Tratá-las logo que apareçam os primeiros sinais ou sintomas;
 Trazer todos/as os parceiros/as sexuais para serem tratados;
 Abster-se do sexo ou usar o preservativo se tiverem relações sexuais.
5.3. Saúde e nutrição
O campo da saúde abrange diferentes áreas, sendo a nutrição reconhecida como uma área interdisciplinar que procura
identificar a interacção e a integração entre os alimentos, o meio ambiente, os factores sociais e económicos na busca
da qualidade de vida e saúde do homem contemporâneo.
A nutrição alcança questões do indivíduo e da colectividade, buscando os direitos e as possibilidades para cada
questão em especial.
Pode-se discutir o excesso da ingestão de alimentos, assim como sua falta absoluta, comprometendo o fornecimento do
mínimo de nutrientes necessários para a vida. Segundo dados da FAO (2010), “cerca de 852 milhões de pessoas, ou
uma em cada oito, sofrem de subnutrição crónica. A grande maioria que passa fome vive nos países em
desenvolvimento, e 16 milhões vivem nos países intitulados desenvolvidos”.

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Discussões têm ocorrido nas agências internacionais junto aos governos de todo mundo para encontrar caminhos para
erradicar a fome.
5.4. Combate ao álcool e drogas
Conceito de droga
A droga é toda e qualquer substância, natural ou sintética que, introduzida no organismo humano, modifica as suas
funções, acelerando deste modo a mudança de comportamento.
5.1. Classificação de drogas
Segundo a prescrição:
 Médicas: sedantes - hipnóticos, codeína, morfina, meperidina, metadona, buscopan, anestésicos
 Não Médicas: café, chá, coca, cacão, tabaco, álcool
Segundo a circulação:
 Legais: cafeína, nicotina, álcool, inalantes (colas), éter, gasolina, cogumelos alucinógenos
 Ilegais: cannabis sativa (suruma), cocaína, heroína, (fenciclidina ou pó do anjo), anfetaminas, derivados
anfetamínicos (éxtasis e outras)
Segundo poder aditivo:
 Fortes: com mais possibilidades aditivas (heroína, cocaína, álcool, cannabis);
 Leves: com menos possibilidades aditivas (cafeína, cola, cacão, chá preto, tabaco.
Actualmente, a maioria dos consumidores de drogas, lícitas ou ilícitas, o faz de forma socialmente integrada, sem uso
problemático e sem querer abandonar o seu hábito. Isso ocorre com a maioria dos usuários de álcool e maconha.
Mesmo o tabaco, que um grande número de pessoas quer deixar de usar, para muitos é um hábito apreciado, ainda que
conheçam suas consequências danosas para a saúde. Drogas de maior impacto de danos e de maior incidência de
usuários compulsivos, como a cocaína não deixam de ter também usuários ocasionais.

6. A PEDAGOGIA COMO CIÊNCIA


Conceito de Pedagogia
De acordo com SAVIANI, (2001, pág. 102) “A pedagogia, como teoria da educação, busca equacionar, de alguma
maneira, o problema da relação educador-educando, de modo geral, ou, no caso específico da escola, a relação
professor-aluno, orientando o processo de ensino e aprendizagem”.
Descreve SAVIANI (2007), que foi HERBART quem apresentou a Pedagogia como um sistema coerente: unificando
os fins da educação (ética) e os meios da educação (psicologia).
6.1. História da Pedagogia
Historicamente, a Pedagogia se organiza cientificamente dentro de pressupostos da ciência positivista, com a promessa
de um método científico sendo capaz de explicar todas as qualidades da ciência.
O método, originado nas ciências exactas, desfruta de um grande prestígio, fazendo que todos os fenómenos naturais
ou sociais fossem submetidos ao rigor do método. Consequentemente, a Pedagogia fazendo parte das disciplinas
sociais se viu impossibilitada de alcançar tal precisão, exactidão e frequência na aplicação do método. Como
decorrência desta suposta cientificidade, a Pedagogia não exerceu a sua especificidade histórica, não encontrou um
espaço de significação e não estabeleceu seu objecto de estudo.
A história da Pedagogia desde a Grécia antiga é muito contraditória, pois o conceito de Pedagogia tem dupla
referência, como afirma SAVIANI (2007), “desenvolvendo, de um lado a reflexão estreita com a filosofia, finalidade
ética que guia o ato educativo e de outro lado, a experiência e a prática, reforçando a metodologia, a condução da
criança”.
Ainda, como discorre FRANCO (2008), no percurso histórico da Pedagogia ela é tratada ora como “ arte, ora como
metodologia, ora ciência da arte educativa e recentemente a grande ênfase na actuação docente e não no estudo do
fenómeno educativo na sua complexidade e amplitude”.
Com o intuito de conceber a Pedagogia como ciência da educação, LIBÂNEO (2001, pág. 6) a define como “um
campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma
directriz orientadora da acção educativa”.
A Pedagogia se ocupa do acto educativo; interessa-se pela prática educativa, fazendo parte da actividade humana e
da vida social do indivíduo.
6.2. Origem da Pedagogia
A palavra Pedagogia tem origem na Grécia antiga, paidós (criança) e agogé (condução). No decurso da história do
Ocidente, a Pedagogia firmou-se como correlato da educação é a ciência do ensino. Entretanto, a prática educativa é
um fato social, cuja origem está ligada à da própria humanidade.

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A compreensão do fenómeno educativo e sua intervenção intencional fez surgir um saber específico que
modernamente associa-se ao termo pedagogia.
6.3. Objecto de estudo da Pedagogia
A educação é prática humana e social, que transforma os seres humanos nos seus estados físicos, mentais, espirituais,
culturais, dando a configuração a nossa existência humana individual e colectiva.
E são essas transformações que constituem o objecto de estudo da Pedagogia. Esclarece também que isso acontece
pela comunicação, experiência acumulada, saberes e modos de agir construídos e acumulados pela humanidade e pela
cultura transformada em património do ser humano.
Resumindo
A Pedagogia, mediante conhecimentos científicos, filosóficos e técnicos profissionais, investiga a realidade
educacional em transformação, para explicitar objectivos e processos de intervenção metodológica e organizativas
referentes à transmissão/assimilação de saberes e modos de acção LIBÂNEO (2001, pág. 10).
A Pedagogia visa “o entendimento, global e intencionalmente dirigido, dos problemas educativos e, para isso, recorre
aos aportes teóricos providos pelas demais ciências da educação. A Pedagogia é a ciência que tem a educação como
objecto de estudo”, diz LIBÂNEO (2001).
A sociologia, a psicologia, a economia, entre outras, também pode e tem se ocupado com os problemas educativos,
abordando-os segundo o referencial teórico construídos por estas ciências. Entretanto, “é a Pedagogia que pode
postular o educativo, propriamente dito, e ser ciência integradora dos aportes das demais áreas. Isto não quer dizer,
todavia, que ela, por isso, passa ocupar lugar hierarquicamente superior às demais” (LIBÂNEO, 1996, pág. 118).
Para o autor, a Pedagogia tem uma identidade e tem problemas próprios, tendo como campo de estudos os elementos
da acção educativa e sua contextualização.
6.4. Ramos de Estudo da Pedagogia
Na realidade a pedagogia se divide contemporaneamente em dois ramos: a PEDAGOGIA ESCOLAR e a
PEDAGOGIA NÃO-ESCOLAR.
 A Pedagogia empresarial
 A Pedagogia Escolar
 A Pedagogia não-escolar
Exercícios
1- A Pedagogia firmou-se como correlato ou interdependente da educação é a ciência do ensino
a) Em queinvestiga a pedagogia e qual é o seu objecto de estudo?
_______________________________________________________________________________________

7. O PAPEL DA PEDAGOGIA
Qualquer área de saber tem o seu objecto de reflexão, ou seja, tem o seu objecto de estudo.
No caso da pedagogia, é a educação. Este é um dos requisitos para se falar de ciência. Além disso, tem os seus
próprios métodos que são caminhos utilizados pela ciência para alcançar o objecto de estudo; apresenta um sistema de
conceitos/categorias em torno dos/as quais se desenvolve um corpo de conhecimentos sistematizados, organizados.
Recordamos que esses conhecimentos são construídos metodicamente, são comprovados, testados
A Pedagogia é a ciência que tem a educação como objecto de estudo, LIBÂNEO (2001). Para o autor, a Pedagogia
tem uma identidade e tem problemas próprios, tendo como campo de estudos os elementos da acção educativa e sua
contextualização.
Para FRANCO, (2008, pág. 86) “caberá a Pedagogia ser a ciência que transforma o senso
comum pedagógico em actos científicos, perpassados pelos valores educacionais e relevantes
na comunidade social. Seu campo de conhecimentos será formado pela intersecção entre os
saberes interrogantes das práticas, os saberes dialogantes das intencionalidades das práxis e os
saberes que respondem às indagações reflexivas formuladas por essas práxis”
Evidencia-se também a urgente necessidade de se estabelecer, esclarecer o verdadeiro papel da Pedagogia nos textos
da Legislação (Directrizes Curriculares) que a mesma contemple toda a complexidade e amplitude da mesma.
É preciso, em última análise, que a Pedagogia e seus educadores a assumam como ciência que não somente reflicta e
teorize sobre os fenómenos educativos, e sim organize acções estruturais e produzam novas condições de exercer o
acto pedagógico, sempre com o intuito da emancipação da sociedade e do indivíduo.
7.1. Importância e área de actuação da Pedagogia
A sociedade contemporânea tem sido assinalada por rápidas modificações de desempenho, que se reflectem
claramente na área educacional. Para acompanhar essas alterações, governos e educadores se empenham numa

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fundamentada reconstrução sobre a concepção de educadores. Através desse contorno contemporâneo dado à educação
e às sucessivas mudanças em seu conceito, deixa de ser reservada a actuação de ensino-aprendizagem somente em
espaços escolares formais, esse procedimento atravessa os muros da escola, para diferentes e diversos sectores como:
ONGs, família, trabalho, lazer, igreja, sindicatos, clubes, etc.
Faculta-se actualmente devido às mudanças ocorridas um novo cenário para a educação, dando uma cartografia
significante à educação não formal.
Nos dias atuais o lema é de que onde houver uma prática educativa, se instala uma acção pedagógica. O processo de
ensino-aprendizagem é vivenciado não somente dentro da escola, mas é uma acção que acontece em todo e qualquer
sector da sociedade, que se caracteriza como a sociedade do conhecimento, porque a educação formal e a não formal
caminham paralelamente e tornam a educação o principal instrumento contra a desigualdade social.
7.2. Métodos usados na pedagogia
De acordo PILETTI (2004 pág. 102), Etimologicamente a palavra “método significa: Odos-caminho; Meto-para. Que
é definido com é caminho a seguir para alcançar um fim”.
Para MARQUES (s/d pág. 3) “Conjunto articulado e coerente de estratégias e técnicas que permitem dar resposta a
questão: como é que a criança e o adolescente aprendem”.
Segundo LIBANEO (1990 pág. 150), “é o caminho para atingir um objectivo. Os métodos são assim, meios adequados
para realizar objectivos”.
Os cientistas buscam um objectivo que é a obtenção de novos conhecimento e para isso, utiliza método de
investigação científica. Já o estudante tem como objectivo aquisição de conhecimentos, e para isso utiliza métodos de
assimilação de conhecimentos.
Cada ramo de conhecimento, por sua vez, desenvolve métodos próprios: métodos matemáticos, métodos sociológicos,
métodos pedagógicos.
O professor ao dirigir e estimular o processo de ensino em função da aprendizagem dos alunos, utiliza
intencionalmente um conjunto de acções, passos, condições externas e procedimentos, aqui chamamos métodos de
ensino.
Por exemplo a actividade de explicar a matéria corresponde o método de exposição:
 Actividade de estabelecer uma conversa ou discussão com a classe correspondente o método de elaboração
conjunta. Os alunos por sua vez, sujeitos da própria aprendizagem, utilizam método de assimilação de
conhecimento.
 Actividades dos alunos de resolver tarefas correspondentes utilizam o método de resolução de tarefas;
 Actividade que visa o domínio dos processos do conhecimento científico numa disciplina corresponde o
método investigativo;
 Actividade de observação corresponde o método de observação.
Os métodos de ensino não se reduzem a qualquer medida, procedimentos e técnicas. Eles decorrem de uma concepção
de sociedade, da natureza da actividade prática humana no mundo, do processo de conhecimento, e particularmente, da
compreensão da prática educativa numa determinada sociedade. Nesse sentido, antes de se constituírem em passos
medidas e em procedimentos, os métodos de ensino se fundamentam num método de reflexão e acção sobre a
realidade educacional, sobre a lógica interna e as relações entre os objectos, factos e problemas dos conteúdos de
ensino, de modo a vincular a todo momento o processo de conhecimento e actividade prática humana no mundo.
O método vai em busca das relações interna de um objecto, de um fenómeno, de um problema, uma vez que esse
objecto de estudo fornece as pistas o caminho para conhece-lo.
7.3. Tipos de métodos no processo de PEA
 Método expositivo;
 Método de trabalho independente;
 Método de elaboração conjunta;
 Método de trabalho em grupo.
7.4. Outros métodos de estudo da pedagogia
7.4.1. Métodos da pedagogia
 Observação
A actividade pedagógica tem sido objecto de observação dos investigadores, sobretudo da área da educação, incluindo
os próprios professores.
Pode ser que a observação seja originada pela curiosidade, pela insatisfação em relação à qualidade da educação
oferecida, pelos resultados obtidos pela escola, pelo comportamento inadequado dos alunos e professores, pelo fraco
desempenho dos funcionários da educação.

ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 17


A observação é usada para registar o produto dos alunos em ambiente escolar: o trabalho pedagógico dos professores
ou então qualquer outra actividade curricular ou co-curricular, a forma como os membros da comunidade trabalham
em prol de desenvolvimento da instituição escolar.
 A Experimentação pedagógica
No método de observação procuramos demonstrar em que situações ela pode ser usada e os objectivos diversos a que
responde. Pode-se dar o caso de, a partir da observação, ter-se constatado uma experiência boa desenvolvida por um
grupo de professores num determinado contexto.
A partir de resultados fracos, pode-se procurar uma saída desenvolvendo novos métodos, ensaiando novas técnicas,
novos recursos com o objectivo de testar a sua eficiência. Ainda, pode-se tratar de comprovar uma teoria. Todos esses
exemplos explicitam o conteúdo da experimentação pedagógica.
 O Inquérito
Os métodos da Ciência Pedagógica em análise complementam-se no estudo da educação. Por exemplo, podemos
planificar a observação, realizar a experimentação com grupos pequenos de sujeitos, turmas, numa determinada escola.
Mas não podemos fazer um estudo que possa abranger grande amostra de população (alunos, professores,
encarregados de educação, etc.).
Então, recorremos a outro método para fazer estudos que envolvam muitas pessoas.
7.5. Métodos da pedagogia usados em outros contextos
Não sendo possível sintetizar todas as orientações pedagógicas que possam, eventualmente, posicionar-se como sendo
exclusivo, há, contudo, algumas correntes que, pela fundamentação e forma de encarar o processo formativo, é
interessante conhecer. São elas:
 Corrente dos métodos activos
A corrente dos métodos activos consiste em assegurar que as pessoas em formação sejam o sujeito da sua própria
formação.
 Corrente psico-sociológica
Surgiu como forma de fazer face a problemas de comunicação e de relações humanas, em particular no que diz
respeito à formação de adultos. Baseia-se na utilização de métodos terapêuticos em contextos formativos e ao serviço
de objectivos pedagógicos.
De entre várias escolas, vale a pena destacar as seguintes:
a) O não-directivíssimo (CARL ROGERS)
O formando/aluno é sujeito activo e não objecto de formação. Esta escola é caracterizada pelas atitudes de
neutralidade acolhedora que defende e adopta. ROGERS defende, essencialmente, a utilização de atitudes de
compreensão (confirmar e estruturar o que o outro pensou, sentiu ou disse com vista a um maior envolvimento e
capacidade de análise do problema).
A pedagogia não directiva baseia-se na personalidade do outro, ainda que de forma latente/oculta, uma capacidade de
auto-organização, sendo o papel do formador o de a fazer emergir e desenvolver.
b) Dinâmica de Grupo - Training Group
Visa menos aumentar conhecimentos do que modificar profundamente atitudes, recorrendo, para o efeito, ao trabalho
de grupo e às vivências que este proporciona. As suas aplicações pedagógicas e profissionais não sejam evidentes,
tendo em conta o facto de a sua eficácia ser duvidosa e carecer de confirmação, é, contudo, várias vezes utilizado em
contexto de formação.
c) Psicodrama e sociodrama
São técnicas muito utilizadas na formação de adultos. Baseiam-se na criação, por parte de um formador/professor, que
é catalisador em vez de analista ou perito, de situações que despertem condições (impulso vital, criatividade, energia,
iniciativa, autonomia) para o improviso e a resposta a situações novas.
Referência bibliográfica
FRANCO, Maria Amélia. Pedagogia como ciência da educação. São Paulo: Cortez, 2ª Ed. 2008.
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas. Educar. nº . 17. Editora da UFPR. Curitiba,
2001.

TPC Realização
1- “É a Pedagogia que pode postular o educativo, propriamente dito, e ser ciência integradora dos aportes das demais
áreas. Isto não quer dizer, todavia, que ela, por isso, passa ocupar lugar hierarquicamente superior às demais”
(LIBÂNEO, 1996).
a) Fale da do método de elaboração conjunta.
2- Em que se ocupa a Pedagogia?
_______________________________________________________________________________________________

ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 18


8. EDUCAÇÃO COMO FENÓMENO E PROCESSO SOCIAL
É a vida em sociedade que efetivamente nos transforma em seres humanos. O convívio social nos obriga a certos
comportamentos e ideias que fazem com que sejamos vistos e nos vejamos como seres humanos. Assim, a ideia de
“humano” não é meramente biológica, mas sim cultural.
Aquele que consideramos ser humano nada mais é do que um indivíduo que aprendeu a viver em sociedade. As
ciências sociais designam como socialização o processo que faz com que os homens se tornem seres sociais, pois é
através da socialização que aprendemos a viver em grupo.
No processo de socialização um educa o outro a como se comporta. Nenhuma sociedade poderia sobreviver muito
tempo se os membros mais novos não fossem socializados, pois para ocupar certas posições as pessoas devem adquirir
certos conhecimentos.
Breve retrospectiva
“... devemos sempre nos lembrar de que cada homem, num certo sentido, representa toda a humanidade e sua
história. O que foi possível na história da raça humana em grande escala também é possível em pequena escala em
cada indivíduo. Aquilo de que a humanidade precisou pode um dia também ser necessário ao indivíduo...” (JUNG,
1974).
A educação de que o indivíduo necessitava era adquirida por meio da própria família e de sua comunidade, onde os
costumes, os hábitos, os conhecimentos, as crenças, as habilidades, a organização social e do trabalho eram passados
pela interação entre os sujeitos, por meio da troca de experiência direta de geração a geração.
 Agências socializadoras
Existem várias agências socializadoras numa sociedade, tais como: família, escola, religião, grupo de amigos, meios
de comunicação etc.
Podemos dizer assim que as expressões socialização e educação têm o mesmo significado. A socialização sempre
envolve um processo educativo, e todo processo educativo é um ato de socialização. O indivíduo em sociedade
representa vários papéis sociais, assim como aprende com os fenômenos educacionais aos quais está inserido. A
educação é como um grande agente de socialização que acaba por unificar os indivíduos.
A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontraram ainda preparadas
para a vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e
morais, reclamados pela sociedade política no seu conjunto, e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se
destina. (DURKHEIM, 1965).
 A educação no espaço social
É importante que o sujeito, a comunidade e a sociedade sejam protagonistas de suas histórias, queaprendam a escrevê-
las construindo, coletivamente, os seus projetos de vida, por acreditarem que agestão democrática influencia
positivamente na melhoria da qualidade social.
O espaço da sala de aula não é o único onde se constrói o conhecimento e se aprende sobre cidadania.Criar espaços
alternativos onde se possa pesquisar e produzir conhecimentos interferefavoravelmentena construção de cidadãos mais
actuantes, reflexivos e autónomos.
As organizações estudantis também estimulam o gosto pelo trabalho coletivo, a partilha de ideias, orespeito mútuo, o
diálogo, contribuindo para o exercício da cidadania e a prática democrática.
A televisão, o vídeo, o rádio, o gravador, o DVD, o MP4, os jornais, as revistas, o CD player e ocomputador são
equipamentos presentes no dia a dia dos alunos que propiciam o acesso assim formações e a construção de saberes
quando utilizados criticamente. As bibliotecas e as salas deleitura igualmente favorecem a aquisição de novos saberes
para democratizar a informação.
A observação dos espaços públicos, a visita a espaços histórico-culturais, a descoberta e o entendimentodos grupos
sociais ali atuantes, as entrevistas com os mais velhos e com as lideranças locais acerca da cultura popular, a
verificação da presença ou ausência de ações do governo na comunidade, tudo isso estabelece uma relação dialética
entre o aprender os conteúdos a estudar e o ato político de educar.
 A educação e a cultura
A escola é um dos espaços para aprender a conviver, a ser, a fazer, a conhecer e a propiciar a troca, a imaginação, a
interacção, a investigação e a partilha.
O processo de aprendizagem envolve, também, a construção de conteúdos das diversas áreas do conhecimento e supõe
que o indivíduo aprenda a aprender, exercitando suas múltiplas habilidades, com vistas a uma análise histórico
e crítica dos conhecimentos construídos.
8.1. Tipos de educação: formal, não-formal e informal
Segundo GOHN (2006, p. 28), quando se fala em educação não formal, é quase impossível não compará-la com a
educação formal. A autora faz uma distinção entre as três modalidades, demarcando seus campos de atuação:
ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 19
A educação formal é aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados; a
informal como aquela que os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização - na família,
bairro, clube, amigos, etc., carregada de valores e cultura própria, de pertencimento e sentimentos
herdados; e a educação não formal é aquela que se aprende “no mundo da vida”, via os processos de
compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivas cotidianas(GOHN
2006).
a) A educação formal
A educação formal caracteriza-se por ser altamente estruturada.
Desenvolve-se no seio de instituições próprias escolas e universidades onde o aluno deve seguir um programa pré-
determinado, semelhante ao dos outros alunos que frequentam a mesma instituição.
Sendo assim, a educação formal tem um espaço próprio para ocorrer, ou seja, é institucionalizada e prevê conteúdo.
b) A educação não formal
A educação não formal processa-se fora da esfera escolar e é veiculada pelos museus, meios de comunicação e outras
instituições que organizam eventos da diversa ordem, tais como cursos livres, feiras e encontros, com o propósito do
ensinar ciência a um público heterogéneo.
A aprendizagem não formal desenvolve-se, assim, de acordo com os desejos do indivíduo, num clima especialmente
concebido para se tornar agradável.
A educação não formal ocorre a partir da troca de experiências entre os indivíduos, sendo promovida em espaços
coletivos.
c) A educação informal
Finalmente, a educação informal ocorre de forma espontânea na vida do dia-a-dia através de conversas e vivências
com familiares, amigos, colegas e interlocutores ocasionais.
A educação informal pode ocorrer em vários espaços, envolve valores e a cultura própria de cada lugar.
8.2. Quanto aos objetivos de cada uma das modalidades de Educação
Quanto aos objetivos de cada uma das modalidades, GOHN (2006, p. 29) destaca para a educação formal os
concernentes ao “ensino e aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados”, que preparam o indivíduo para
atuar em sociedade como cidadão ativo.
A educação informal tem como objetivo socializar os indivíduos e desenvolver hábitos e atitudes. Já a finalidade da
educação não formal é proporcionar conhecimento sobre o mundo que envolve os indivíduos e suas relações sociais.
A educação formal é metodicamente organizada. Ela segue um currículo, é dívida em disciplinas, segue regras, leis,
divide-se por idade e nível de conhecimento. Diferentemente daquela primeira, a educação informal “é um processo
permanente e não organizado”. Já aeducação não formal trabalha com a subjetividade do grupo e contribui para sua
construção identitária.
Percebe-se, nas três modalidades, características diferenciadas. Entretanto, podem ser complementares.
Segundo GOHN (2006, p. 31), os resultados esperados para cada um dos três tipos de educação são:
 Para a educação formal;
 A aprendizagem;
 A titulação;
Para a educação informal, os resultados acontecem a partir da visão do senso comum; porém, na educação não formal,
há o desenvolvimento de vários processos. Um bom exemplo de educação não formal está na Pedagogia utilizada por
Paulo Freire.
Neste modelo, os educandos, nos “círculos de cultura”, discutiam sua realidade e faziam, além da leitura da palavra, a
leitura de mundo.
Exercícios de Consolidação
1- O convívio social nos obriga a certos comportamentos e ideias que em algum momento fazem com que sejamos
vistos e nos vejamos como seres humanos.
a) Onde se desenrola a Educação informal?
O que seria oprocesso de socialização?
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9. TIPOS DE EDUCAÇÃO
Segundo GOHN (2006, pág. 28), quando se fala em educação não formal, é quase impossível não compará-la com a
educação formal. A autora faz uma distinção entre as três modalidades, demarcando seus campos de actuação:

ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 20


A educação formal é aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados; a
informal como aquela que os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização - na família,
bairro, clube, amigos, etc., carregada de valores e cultura própria, de pertencimento e sentimentos
herdados; e a educação não formal é aquela que se aprende “no mundo da vida”, via os processos de
compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e acções colectivas cotidianas(GOHN
2006).
d) A educação formal
A educação formal caracteriza-se por ser altamente estruturada.
Desenvolve-se no seio de instituições próprias escolas e universidades onde o aluno deve seguir um programa pré-
determinado, semelhante ao dos outros alunos que frequentam a mesma instituição.
Sendo assim, a educação formal tem um espaço próprio para ocorrer, ou seja, é institucionalizada e prevê conteúdo.
e) A educação não formal
A educação não formal processa-se fora da esfera escolar e é veiculada pelos museus, meios de comunicação e outras
instituições que organizam eventos da diversa ordem, tais como cursos livres, feiras e encontros, com o propósito do
ensinar ciência a um público heterogéneo.
A aprendizagem não formal desenvolve-se, assim, de acordo com os desejos do indivíduo, num clima especialmente
concebido para se tornar agradável.
A educação não formal ocorre a partir da troca de experiências entre os indivíduos, sendo promovida em espaços
colectivos.
f) A educação informal
Finalmente, a educação informal ocorre de forma espontânea na vida do dia-a-dia através de conversas e vivências
com familiares, amigos, colegas e interlocutores ocasionais.
A educação informal pode ocorrer em vários espaços, envolve valores e a cultura própria de cada lugar.
9.1. Quanto aos objectivos de cada uma das modalidades de Educação
Quanto aos objectivos de cada uma das modalidades, GOHN (2006, p. 29) destaca para a educação formal os
concernentes ao “ensino e aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados”, que preparam o indivíduo para
actuar em sociedade como cidadão activo.
A educação informal tem como objectivo socializar os indivíduos e desenvolver hábitos e atitudes. Já a finalidade da
educação não formal é proporcionar conhecimento sobre o mundo que envolve os indivíduos e suas relações sociais.
A educação formal é metodicamente organizada. Ela segue um currículo, é dívida em disciplinas, segue regras, leis,
divide-se por idade e nível de conhecimento. Diferentemente daquela primeira, a educação informal “é um processo
permanente e não organizado”.
Já a educação não formal trabalha com a subjectividade do grupo e contribui para sua construção identitária.
Percebe-se, nas três modalidades, características diferenciadas. Entretanto, podem ser complementares.
Segundo GOHN (2006, p. 31), os resultados esperados para cada um dos três tipos de educação são:
 Para a educação formal;
 A aprendizagem;
 A titulação;
Para a educação informal, os resultados acontecem a partir da visão do senso comum; porém, na educação não formal,
há o desenvolvimento de vários processos. Um bom exemplo de educação não formal está na Pedagogia utilizada por
PAULO FREIRE.
Neste modelo, os educandos, nos “círculos de cultura”, discutiam sua realidade e faziam, além da leitura da palavra, a
leitura de mundo.

10. INFLUÊNCIA DOS AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO: FAMÍLIA, GRUPO DE COETÂNEOS,


COMUNIDADE, ESCOLA, GRUPOS SOCIAIS (ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS, JUVENIS,
DESPORTIVAS, CULTURAIS), MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSAS E SOCIEDADE NO
DESENVOLVIMENTO DO ALUNO
Existem várias definições da “socialização”. Porém, em geral, a socialização é um processo que continua toda a vida,
onde o indivíduo integra elementos sócio-culturais da sua cultura. É um processo que permite à sociedade integrar
indivíduos como um ser social transmitindo valores (http://www.sociologia.com.br/a-socializacao-e-os-agentes-de-
socializacao/ ).
Os comportamentos dos indivíduos não são naturais, são culturais. Na verdade, são o resultado da integração dos
valores, das normas sociais e dos papéis sociais.
ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 21
A socialização começa na infância, esta etapa se chama “socialização primária”, e continua por toda a vida. Durante a
socialização primária, a família, a escola e os amigos têm um papel particularmente importante.
O sociólogo e psicólogo GEORGE H. MEAD explica que os meninos se identificam com as pessoas que estão ao seu
redor: pais, amigos e também os personagens da televisão, etc.
Segundo GEORGE H. MEAD, os meninos vão reproduzir os comportamentos destas pessoas que são valorizadas por
ele. Além disso, se um menino não respeita as normas sociais, os pais ou o professor vão-lhe dizer que não está bem
comportar-se assim. Então, quando o menino não respeita a norma, uma sanção negativa vai aparecer.
Assim, em geral, o menino, vai ter mais vontade de ficar dentro da norma social para não receber muitas sanções
negativas. A socialização consolida a probabilidade de ter um comportamento considerado como normal. Porém, é
verdade que, às vezes, a escola e a família não respeitam os mesmos valores. O indivíduo tem a sensação de ser livre
do seu comportamento, porém, na verdade, é só o resultado da sua socialização. Cada cultura compartilha um
património cultural que permite interacções sociais.
A socialização secundária é posterior à socialização primária, existe quando você chega à idade adulta. Aqui, a
socialização integra o indivíduo em novos contextos (no trabalho, por exemplo). O indivíduo vai aprender novos
papéis.
10.1. Tipos de mecanismos de socialização
Existem 3 tipos de mecanismos de socialização:
 A socialização por aprendizagem: O individuo se socializa quando ele aprende os valores, as normas sociais.
Por exemplo, o professor diz explicitamente o que ele tem de fazer e não fazer;
 A socialização por imitação: O individuo reproduz os comportamentos que ele pode ver;
 A socialização por identificação: O indivíduo vai se identificar com outras pessoas (pais, etc.).
A socialização permite a relação entre o indivíduo e um grupo social que mistura normas e valores. Estes grupos são
os agentes de socialização. Há vários: podem ser a família, a escola, as associações, as empresas, etc.
Para a socialização primária, a família tem o papel mais importante. Os pais transmitem ao filho a língua, os valores
gerais, as normas, a maneira de se comportar, os costumes, a cultura, etc. Depois, a escola permite transmitir a cultura
do país.
As associações permitem completar a socialização e o papel dos pais. Também, as mídias (televisão, rádio, internet)
são um agente de socialização. Por exemplo, um adolescente pode se identificar com um personagem de uma
telenovela. Além disso, os amigos têm um papel também importante. Os grupos de amigos compartilham valores e
normais sociais, como a maneira de falar e as práticas culturais, por exemplo.
Para a socialização secundária, os indivíduos que trabalham com você são os seus agentes de socialização. Segundo
PETER BERGER e THOMAS LUCKMAN, a socialização secundária é a socialização que quer interiorizar os valores
e as normas próprias a um grupo profissional. Aqui, o indivíduo vai aprender os valores da empresa.
A família tem um novo papel na socialização. Por exemplo, o marido é um novo agente de socialização. Podemos citar
as associações como, também, agentes de socialização.
10.2. Influência dos agentes de socialização: família e escola
Na esteira de SEELEY (1985), eenfatizando, igualmente, a necessidade de cooperação entre a escola e as
famílias, VILLAS-BOAS (2009, 47,48) afirma que a explicação para o insucesso dos alunos, a existir, deverá ser
procurada, não na escola, nem na família, isoladamente, mas na falta de uma “relação produtiva de
aprendizagem entre ambas”.
Autores como MARUJO, NETO e PERLOIRO (2005, 11) consideram que, para além de um direito, o
envolvimento dos pais na educação escolar é uma responsabilidade e um valor. Assim, tendo como referência os
sistemas família e escola, e partindo da evidência de que o indivíduo é simultaneamente filho, aluno e cidadão, uma
vez que, tal como defende COSTA (1998, 9), “a educação possui um carácter eminentemente social que lhe advém da
existência de vários actores sociais com funções educativas (…)”, assume-se que a educação compete,
simultaneamente e sem subalternidades, a pais, professores e sociedade em geral.
Exercicios
Em grupos de 5 estudantes desenvolve o seguinte tema:
“Influência dos agentes de socialização: grupo de coetâneos, grupos sociais (organizações religiosas, juvenis,
desportivas, culturais), meios de comunicação de massas e sociedade no desenvolvimento do aluno”.
N.B.
O trabalho tem de ser entregue no dia 22 de Abril as 9:00 horas.

11. PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO CURRICULAR EM MOÇAMBIQUE: NOVO CURRÍCULO DO


ENSINO BÁSICO
ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 22
11.1.1. Reforma Curricular no ensino Básico
Em 1983 foi introduzido no Moçambique independente o Sistema Nacional de Educação (SNE) com a Lei 4/83 de 23
de Março.
Depois de introduzido o SNE em 1983, a República de Moçambique foi experimentando vários cenários, de entre eles
há que destacar:
 Declínio do crescimento económico devido a destruição de infra-estruturas educacionais e sociais motivadas
pela guerra de desestabilização (1977-1992);
 A entrada de Moçambique na economia de mercado (1986) entre vários cenários.
Estes e outros factores fizeram com que houvesse a revogação da Lei 4/83, de modo a adequar o sistema educativo
moçambicano à nova realidade social, política e económica.
Estruturalmente e nos termos da Lei 6/92, o Sistema Nacional de Educação moçambicano compreendem:
 O ensino pré-escolar (destinado a crianças até 6 anos),
 Ensino escolar (primário, secundário e universitário)
 Ensino extra – escolar (que se realiza fora do sistema regular de ensino).
“O nível primário é considerado no SNE como sendo aquele que “prepara os alunos para o acesso no ensino
secundário e compreende as sete primeiras classes que são subdivididas em 2 graus” (Lei 9/92, p. 9).
Segundo PACHECO (2001, p.150), entende-se por reforma educativa a “uma transformação da política educativa de
um país a nível de estratégias, objectivos e estratégias, objectivos e prioridades”.
Esta transformação pode ser traduzida por conceitos como: inovação, renovação, mudança e melhoria tendo como um
elemento comum a introdução de algo novo.
Nessa óptica, a reforma curricular vai necessitar de uma estratégia planificada para a modificação de certos aspectos
do sistema educativo de um país de acordo com um conjunto de necessidades, resultados específicos, meios e métodos
adequados.
Na óptica de MOREIRA (1999), a ideia de reforma associa-se a ideia de progresso ou mudança que pressupõe a
introdução de novos programas, tecnologias e processos que gerem maiores eficiências, racionalidade e controle dos
resultados.

11.1.2. Inovações no Currículo do Ensino Básico


Segundo PEREIRA (2011), a inovação curricular tem de ser entendida como sendo “introdução de mudanças de forma
planificada visando produzir uma melhoria da acção educacional”.
A inovação curricular parte de uma intenção deliberada de modificação de uma dada situação com a crença de que esta
acção pode ser ousada de outra forma. A inovação curricular pode envolver a uma parte do processo de ensino-
aprendizagem.
Assim, por inovação curricular, pode ser percebida como sendo a criação de respostas novas aos desafios oferecidos
por um dado contexto educacional, a partir da análise e reflexão que se faz da actual situação, verificando
avaliativamente as efectivas contribuições que tais inovações podem oferecer para enfrentar os desafios e produzir as
melhorias esperadas.
Para o currículo do Ensino Básico introduzido em 2004, constituíram inovações os seguintes elementos:
 Ciclos de aprendizagem – que são unidades de aprendizagem com objectivo de desenvolver habilidades e
competências especificas. Assim o ensino básico, na base da reforma curricular de 2004, compreende três
ciclos: 1º ciclo (1ª a 2ª classes); 2º ciclo (3ª a 5ª classes) e 3º ciclo (6ª a 7ª classe).
 Ensino Básico integrado- constitui a articulação de conhecimentos em todas áreas de conhecimento que
compõem o currículo, conjugado com as actividades extracurriculares.
 O Currículo Local;
 A distribuição de professores no 3º ciclo;
 A promoção semi-automática; e
 A introdução de novas disciplinas (Inglês, Educação Musical e Ofícios).
A estrutura curricular do Ensino Básico está organizada de modo a garantir o desenvolvimento integrado de
habilidades, conhecimentos, valores e competências, assim sendo, está estruturado em três áreas:
 Área de comunicação e ciências sociais;
 Área de matemática e ciências sociais
 Área das actividades práticas e tecnológicas.

11.1.3. Princípios orientadores do currículo do ensino secundário geral


Os Princípios Orientadores do currículo referem-se aos pressupostos teóricos que norteiam o currículo do ESG. Estes
traduzem o modo como se conceptualizam e se organizam os elementos que constituem o currículo e o processo de
ensino-aprendizagem. Neste contexto, são indicados os seguintes princípios orientadores do currículo do ESG:
ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 23
 Educação Inclusiva
A educação é um direito de todo o cidadão. O currículo do ESG pauta por uma educação inclusiva consubstanciada na
igualdade de oportunidades para todas as crianças.
No âmbito do Plano Estratégico da Educação (I e II) estão definidas metas no que diz respeito acesso a uma educação
de qualidade para todos.
Neste contexto, as acções desenhadas incluem a promoção da equidade de género e a integração dos alunos com
dificuldades de aprendizagem e portadores de deficiências, no sistema regular de ensino.
 Ensino Secundário Geral Integrado
O ESG Integrado caracteriza-se por desenvolver, no aluno, um conjunto de conhecimentos, habilidades, valores e
atitudes de forma articulada com todas as áreas de aprendizagem, que compõem o currículo, conjugados com as
actividades práticas e apoiado por um sistema de avaliação, predominantemente formativo.
A concretização deste princípio permite levar os alunos a analisar os fenómenos sob diferentes perspectivas,
relacionando várias áreas de conhecimentos. Os programas de ensino, os materiais escolares, sobretudo o livro do
aluno e o manual do professor são instrumentos que facilitam o trabalho do professor, ajudando e mostrando as
possibilidades de abordagem integrada das diferentes unidades temáticas.
 Ensino-aprendizagem orientado para o desenvolvimento de competências para a vida
A sobrevivência no mundo actual exige que as pessoas sejam capazes de resolver problemas complexos, adaptar-se à
mudanças rápidas e saber viver com outros.
Nesta perspectiva, o currículo do ESG pretende preparar os jovens para a vida, isto é, para aplicar os seus
conhecimentos na resolução de problemas e para continuar a aprender ao longo da vida.
O desenvolvimento de competências consideradas relevantes para a vida tem um carácter transversal que ultrapassa os
limites da escola. Neste sentido, todos os momentos da vida, dentro e fora da escola, deverão constituir oportunidades
de aprendizagem efectiva, através da prática e procura de soluções variadas para problemas complexos.
 Ensino-aprendizagem centrado no aluno
O currículo do ESG coloca o aluno no centro do processo de ensino aprendizagem, actuando como sujeito activo na
busca de conhecimento e na construção da sua visão do mundo.
Nesta concepção de ensino, o professor funciona como um facilitador a quem cabe criar oportunidades educativas
diversificadas que permitam ao aluno desenvolver as suas potencialidades.
Para o efeito, são sugeridas estratégias que proporcionam uma participação activa do aluno tais como trabalhos aos
pares e em grupos, debates, chuva de ideias, jogos de papéis, entre outros. Estas criam a possibilidade de confrontar
opiniões, questionar-se sobre a realidade e propor alternativas de solução de problemas. No contexto moçambicano, as
estratégias de ensino numa abordagem de ensino centrada no aluno, deverão considerar também o fenómeno das
turmas numerosas.
 Ensino-aprendizagem em espiral
A construção do conhecimento é entendida como um processo em que se vão acomodando as novas aprendizagens,
retomando e valorizando as experiências já adquiridas.
Exercícios
1- Quando foi revogação da Lei do SNE e qual foi o seu principal objectivo.
2- Do ponto de vista de estrutura como é que Lei 6/92 se apresentou?
3- Refira-se da Educação Inclusiva.

12. EDUCAÇÃO COMO UM PROCESSO FORMADOR DE VALORES, ATITUDES E CONVICÇÕES


MORAIS E PATRIÓTICAS
O educador brasileiro PAULO FREIRE (1974:64) afirma que o destino do ser humano “não e consignar-se, mas
humanizar-se.”
E humanizar-se quer dizer crescer como pessoa, como ser social, o que implica estar sempre a aprender novas coisas
da vida. É na escola que de forma particular o indivíduo desperta para um novo mundo onde aprende novas coisas
através de “um processo de aquisição e assimilação, mais ou menos consciente, de novos padrões e novas formas de
perceber, ser, pensar e agir”. (SCHMITZ, E. F. 1982: 53)
Valores
SARABIA (1998, p.127) afirma que valores são “princípios éticos com os quais as pessoas sentem um forte
compromisso emocional e que empregam para julgar as condutas”

ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 24


Nas sociedades humanas, os valores sempre estiveram presentes enquanto elementos integrantes na formação da
pessoa humana, como membro de uma comunidade e enquanto elementos que caracterizam uma cultura. Quanto a
isso, “Podemos dizer que desde o momento que o homem se relaciona com a natureza ou com os outros homens, ele
esta valorando. A partir da interiorização. (GARCIA W. E. 1981.135).
Atitude
É um sistema de avaliações positivas ou negativas, sentimentos, emoções e tendências de acções favoráveis ou
desfavoráveis no que se refere a objectos sociais “ (KRECH, D., e CRUTCHFIELD, R. S. 194)
A interiorização duma atitude não se faz de maneira definitiva sem passar pela experiência directa, sem que o próprio
experimente as emoções e sentimentos ligados à realização de acções concretas, de experiências pessoais.
Convicções morais e patriotismo
Certeza de um facto de que apenas temos provas morais. Ou o sentimento de obrigatoriedade (ou dever)
experimentado por um sujeito que não corresponde sempre e necessariamente a uma exigibilidade social. Essa
correspondência pode acontecer: por exemplo, quando alguém pauta suas acções pela regra ‘não matar’ e vive numa
sociedade na qual o matar é moralmente proibido. Há, por assim dizer, uma dupla exigência: uma pessoal (o
imperativo categórico) e outra social (castiga-se e/ou se despreza o assassino).
12.1.1. Visão geral da história da educação
Conceito de Educação
De acordo com o filósofo teórico da área da Pedagogia RENÉ HUBERT, a educação é um conjunto de acções e
influências exercidas voluntariamente por um ser humano em outro, normalmente de um adulto em um jovem. Essas
acções pretendem alcançar um determinado propósito no indivíduo para que ele possa desempenhar alguma função
nos contextos sociais, económicos, culturais e políticos de uma sociedade.
No sentido técnico, a educação é o processo contínuo de desenvolvimento das faculdades físicas, intelectuais e morais
do ser humano, a fim de melhor se integrar na sociedade ou no seu próprio grupo.
Educação (do LATIM educations) no sentido formal é todo o processo contínuo de formação e ensino aprendizagem
que faz parte do currículo dos estabelecimentos oficializados de ensino, sejam eles públicos ou privados.
No processo educativo em estabelecimentos de ensino, os conhecimentos e habilidades são transferidos para as
crianças, jovens e adultos sempre com o objectivo desenvolver o raciocínio dos alunos, ensinar a pensar sobre
diferentes problemas, auxiliar no crescimento intelectual e na formação de cidadãos capazes de gerar transformações
positivas na sociedade.

O conceito Educação do Campo


Como nos afirma FERNANDES (2006, p. 28): “O conceito Educação do Campo não existia há dez anos.”
E nas palavras de PEREIRA (2009) reforçamos a ideia de contemporaneidade a esse termo, quando este diz, que foi a
partir de meados da década de 1990 com os movimentos sociais pressionando o governo é que a Educação do Campo
ganhou espaços importantes nos órgãos governamentais, baseados na luta por políticas educacionais que se voltassem
para as necessidades específicas do campo.
12.1.2. Possibilidades da Educação
A educação possibilita o crescimento individual, a produção e a reprodução social e cultural, tende ao
aperfeiçoamento das pessoas e permite a sobrevivência.
A educação como um todo, pode ser consciente ou inconsciente, pode ser sistemática; planejada; com objectivos
precisos, normas e regras; ou pode não ser sistemática; espontânea e difusa.
A educação tem dois caminhos: A hetero-educação, que vem de fora para dentro, e a auto-educação que vem de
dentro para fora.
A educação significa uma modificação do homem, um desenvolvimento das possibilidades do ser. Esta modificação
realmente não teria sentido se não implicasse uma melhora na vida dos indivíduos. Em outras palavras, todo tipo de
educação, já que existe no homem uma perfeição, que surge de uma evolução espontânea do ser. Dado a que a
educação supõe uma influência estranha, um caminho, uma intenção, a educação é definida como um aperfeiçoamento
intencional das funções superiores do ser homem, do que este tem de especificamente humano.
12.1.3. Outras abordagens sobre a Educação
O conceito de educação sofreu influência do nativismo e do empirismo. O primeiro era entendido como o
desenvolvimento das potencialidades interiores do homem, cabendo ao educador apenas exteriorizálas, e o segundo
era o conhecimento que o homem adquiria através da experiência (MARTINS, 2004, p. 13).
Na visão dos pedagogos modernos, o processo educacional não reside apenas nas escolas, pois ela não é a única
responsável pela educação. A educação tem uma dimensão maior do que propriamente ensinar e instruir, o que
significa dizer que o processo educacional não se esgota com as etapas previstas na legislação. A Educação, em
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sentido amplo, representa tudo aquilo que pode ser feito para desenvolver o ser humano e, no sentido estrito,
representa a instrução e o desenvolvimento de competências e habilidades. Foram os gregos os precursores da
filosofia, no sentido de descobrir que o pensamento racional pode averiguar a razão de ser das coisas. De fato, foi com
eles que surgiu a filosofia, ao utilizar a razão para descobrir o fim último das coisas e solucionar todos os problemas
existentes naquela época.
Os sofistas ensinavam aos jovens GREGOS, a arte da retórica, da fala, do convencimento como instrumento de poder,
com a finalidade de fazer prevalecer seus interesses de classe. Afirmavam que cada homem via o mundo a seu modo e
que não era possível uma ciência autêntica, de carácter objectivo e universalmente válido.
Sócrates concebeu uma nova visão do homem e do universo. O filósofo grego afirmava que a busca do conhecimento
só podia ser alcançada por meio da razão e da educação. A chave-mestra de seu pensamento era a máxima Conhece-te
a ti mesmo, significando: torna-te consciente de tua ignorância.
A preocupação de Platão era a de formar o homem para uma sociedade ideal. Educação é liberdade, um processo
capaz de nos tirar de uma condição de ignorância. Mas não pode ser pela força.
A educação, para Aristóteles, deve levar o homem a alcançar sua plena realização, mas isso só se torna possível se ele
desenvolver suas faculdades físicas, morais e intelectuais. O sumo bem é alcançar a felicidade. Ele foi considerado o
pedagogo da família. Entende que a acção educativa dos pais seria inteiramente insubstituível.
A educação deve, segundo KANT, cultivar a moral, despertando para que o homem tome consciência de que ela deve
estar presente em todas as ações de sua vida, em todo o seu desenvolvimento, em todo o ser, e por efeito, deitando
raízes sobre o direito, que não subsiste sem a moral (MUNIZ, 2002, p. 38).
Não devemos também esquecer a forte contribuição de Jean Piaget e Paulo Freire para a Educação. Para Jean Piaget, a
educação deve possibilitar à criança um desenvolvimento amplo e dinâmico desde o período sensório-motor até o
operatório abstracto.
12.1.4. Principais objectivos da educação
Para Jean Piaget os principais objectivos da educação são:
 A formação de homens criativos, inventivos e descobridores, de pessoas críticas e activas, na busca constante
da construção da autonomia.
PAULO FREIRE parte do princípio de que vivemos em uma sociedade dividida em classes, na qual os privilégios de
uns impedem a maioria de usufruir os bens produzidos.
PAULO FREIRE se refere a dois tipos de pedagogia: a pedagogia dos dominantes, na qual a educação existe como
prática de dominação, e a pedagogia do oprimido, na qual a educação surge como prática de liberdade (MARTINS,
2004, p. 54).
Acredita que o movimento de libertação deve advir dos próprios oprimidos. Não é suficiente que o oprimido tenha
consciência crítica de opressão, mas que esteja disposto a transformar a realidade.
Ensina-nos Freire (2001, p. 51) que uma das grandes, se não a maior, tragédia do homem moderno, está em que é
hoje dominado pela força dos mitos e comandado pela publicidade organizada, ideológica ou não, e por isso vem
renunciando cada vez, sem o saber, à sua capacidade de decidir.
Para FREIRE, educar é construir, é libertar o homem do determinismo, passando a reconhecer o papel da História e a
questão da identidade cultural, tanto em sua dimensão individual, como na prática pedagógica proposta. A concepção
de educação de PAULO FREIRE percebe o homem como ser autónomo. Esta autonomia está presente na definição de
vocação antológica de “ser mais” que está associada com a capacidade de transformar o mundo (ZACHARIAS, 2007).
Exercícios
1- Na visão dos pedagogos modernos, o processo educacional não reside apenas nas escolas, pois ela não é a única
responsável pela educação.
a) Que dimensão tem a Educação?

13. OS PRINCIPAIS AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO


O indivíduo e a sociedade
O processo de socialização do ser humano implica a interacção social entre o indivíduo que está a ser socializado e a
sociedade que o envolve. Este processo tem início desde o nascimento e continua ao longo de toda a vida e só acaba
quando o indivíduo morre. É através da influência dos grupos que o indivíduo adquire conhecimento, costumes,
crenças, moral, arte e outras capacidades e hábitos, segundo o livro.
Os principais agentes de socialização: a família, a escola, os grupos de “status”, os meios de comunicação de massa e
os grupos de referências.
 A família é o principal agente, pois é através dela que adquirimos influências, sendo a base afectiva do
indivíduo, nos delega responsabilidade de satisfazer as necessidades básicas.

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 A escola tem como papel de transmissão de conhecimento, onde podemos apreender um mundo novo,
conhecer um ambiente novo, interagir com outros indivíduos pertencentes a outros grupos;
 Os ‘grupos de Status – são grupos com os quais o indivíduo se relaciona na mesma faixa etária da vida e que
apreendem a desenvolver outros valores e normas alternativas de comportamentos.
 Os meios de comunicação de massa – a televisão os exemplos de violência que ela relata todos os dias
podendo transmitir este comportamento agressivo aos indivíduos que assisti.
 Os ‘grupos de referência’ – são utilizados como modelo de comportamentos e de atitudes ao longo da vida do
indivíduo, que podem ter papel positivo ou negativo.
13.1.1. Processo de socialização
Na sociologia, o processo de socialização é fundamental para a construção das sociedades em diversos espaços
sociais. É pelo processo de socialização que os indivíduos interagem e se integram por meio da comunicação, ao
mesmo tempo que constroem a sociedade.
Para o sociólogo brasileiro GILBERTO FREIRE, a socialização pode ser definida da seguinte maneira:
“É a condição do indivíduo (biológico) desenvolvido, dentro da organização social e da cultura, em pessoa ou homem
social, pela aquisição de status ou situação, desenvolvidos como membro de um grupo ou de vários grupos.”
A socialização (efeito de ser tornar social) está relacionada com a assimilação de hábitos culturais, bem como ao
aprendizado social dos sujeitos. Isso porque é por meio dela que os indivíduos aprendem e interiorizam as regras e
valores de determinada sociedade.
Quanto a isso, vale lembrar as palavras do sociólogo Francês DURKHEIM, quando afirma que: “A educação é uma
socialização da jovem geração pela geração adulta”.
De tal modo, o processo de socialização é desencadeado por meio da complexa rede de relações sociais estabelecidas
entre os indivíduos durante a vida.
Assim, desde criança os seres humanos vão se socializando mediante as normas, valores e hábitos dos grupos
sociais que o envolvem. Observa-se nesse processo, todos os sujeitos sociais sofrem influência comportamentais.
Importante notar que existem diferentes processos de socialização de acordo com a sociedade em que estamos
inseridos.
Qualquer que seja a classe social e a realidade, os processos de socialização são muito diversos.
Seja qual for a cor, a etnia, a classe social, todos os seres humanos desde cedo estão em constante processo de
socialização, seja na escola, na igreja, na faculdade ou no trabalho. Alguns factores podem afectar esse processo, tal
como um local marcado por guerras.
As consequências dos processos de socialização geralmente são positivas e resultam na evolução da sociedade e dos
indivíduos. Por outro lado, as pessoas que não se socializam podem apresentar muitos problemas psicológicos,
determinados, por exemplo, pelo isolamento social.
O processo de socialização vem se alterando ao longo do tempo, através das mudanças da sociedade. Os processos de
socialização da antiguidade e da actualidade são bem distintos, o que decorre da evolução dos meios de comunicação e
do avanço tecnológico.
13.1.2. Socialização e estratificação social
A socialização, como processo de transmissão da cultura do grupo a que o indivíduo se encontra ligado, inclui,
naturalmente, a aprendizagem do modelo de organização social vigente.
O processo de socialização contribui para que os indivíduos se adequem e acomodem às normas do grupo, o que passa
pelo respeito das regras, dos papéis e estatutos socialmente reconhecidos bem como pelo sistema de estratificação
social vigente. Desempenha, assim, um importante papel no processo de aceitação de uma sociedade estratificada.
13.1.3. Estratificação Social e Hierarquia
A complexificação social, exigindo novas funções sociais, tem sido acompanhada da atribuição de funções diferentes
aos indivíduos, com a atribuição correspondente de deveres e privilégios. Hierarquização de funções e de estatutos, de
acordo com critérios e valores estabelecidos e aceites na sociedade e que os indivíduos aprendem durante o respectivo
processo de socialização.
Qualquer hierarquia supõe uma referência a valores em relação aos quais podemos situar os diversos estatutos numa
escala de apreciação.
Estratificação social: Classificação diferencial dos indivíduos que compõem um sistema social dado, e a sua
qualificação de superiores ou inferiores uns em relação aos outros, segundo valores importantes para a sociedade.
 Traduz-se nas oportunidades que o indivíduo pode ter, segundo a sua situação social, de receber em maior ou
menor quantidade as coisas que, na sociedade, têm valor ou de participar mais ou menos nos valores
essenciais.

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 Uma vez que cada conjunto de indivíduos, que gozam de igual tipo de oportunidades de acesso aos valores
sociais, constitui um estrato social, pode afirmar-se que as sociedades são estratificadas.
 A estratificação social, exigindo então um sistema de hierarquias, concretiza uma forma desigual de
distribuição dos direitos e privilégios, dos deveres e responsabilidades, do poder e influência...entre os
membros de uma sociedade.
Hierarquizar estatutos ou posições sociais implica que os indivíduos recebam de forma desigual as coisas que têm
valor social e que participem diferentemente nos valores essenciais.
13.1.4. Critérios de Estratificação Social
Uma vez que a estratificação social pressupõe determinada hierarquia, está exige a fixação de critérios que a
expliquem e lhe dê em razão de ser.
A multiplicidade e a diferente natureza dos estratos com que nos defrontamos em qualquer sociedade e o facto de
entre eles se estabelecerem inúmeras relações, alerta-nos para a diversidade dos critérios de estratificação utilizados e
para a falta de limites rígidos e precisos.
A estratificação surge como um fenómeno universal, mas dificilmente enquadrável numa tipologia rígida, dado que
são inúmeros os critérios possíveis e a variação da sua importância no tempo e no espaço.
a) Tipos de estratificação
 Económica - baseada na situação económica e financeira das famílias (riqueza, rendimento)
 Política – baseada na importância política de cada indivíduo ou grupo.
 Sócio profissional – resulta da diferente importância atribuída a cada profissão (prestígio, grau de educação).
É determinante nas sociedades industrializadas e urbanas.
 Outros – raça, religião, orientação sexual.
13.1.5. Classe social
Noção de classe social, segundo MARX
Os indivíduos concorrem entre si, de forma organizada ou difusa, no sentido de melhorarem as suas posições na
sociedade. Esta luta apresenta um duplo carácter: para uns serve para conquistar posições; para outros é necessária
para manter e consolidar as posições já adquiridas.
De acordo com MARX e ENGELS «a história de toda a sociedade até hoje é a história da luta de classes».
Conceito de Classe Social
Classe Social é divisão efectiva da sociedade, e não meramente metodológica, que exige um mínimo de consciência
que permita conduzir a luta na sociedade global com o objectivo de fazer prevalecer os interesses do grupo e de liderar
ou participar no poder.
 Uma classe só existe para si em oposição a outras.
 É combatendo, lutando contra as restantes classes, que a classe em si se transforma em agente histórico.
 É fundamental que a classe antagónica tenha uma consciência científica e objectiva e não apenas ideológica da
sua posição em relação aos outros.
 Existem apenas duas classes sociais que se definem em função de um critério real: a propriedade dos meios de
produção. Este critério é inerente ao acto de produzir, indispensável à sobrevivência dos indivíduos, e,
portanto, é um critério objectivo.
 Nos últimos anos tem-se vindo a sentir a necessidade de alargar o conceito de classe social, pois o
desenvolvimento económico, a democratização da educação e do processo político têm vindo a contribuir para
atenuar as desigualdades sociais e para que os indivíduos possam exprimir livremente as suas opiniões através
da luta política e do acto eleitoral.
A luta de classes é um fenómeno que, de acordo com alguns ideólogos, tem vindo a ser substituído por formas diversas
de concertação social, ao mesmo tempo que se caminharia para uma sociedade de classes médias.
Associar classe social a estrato é abusivo, já que o conceito de classe social só tem valor como parte da teoria de Marx
e Engels, entre outros.
13.1.6. A socialização como processo de reprodução social
a) A Socialização como Controlo Social
É através da interiorização gradual das normas e valores do grupo (socialização) que o indivíduo é aceite como
membro, com iguais direitos e deveres.
Um eficaz processo de socialização é um factor indispensável à aceitação total das normas e valores do grupo,
contribuindo para a sua reprodução.
A socialização adquire também o estatuto de controlo social, na medida em que ela impede ou dificulta que os
indivíduos actuem de forma diferente da esperada, por tal actuação ser «anormal».

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Mesmo que inconscientemente, os indivíduos auto-regulam os seus comportamentos, agindo de acordo com os
quadros sociais em que foram socializados, a fim de não serem considerados como marginais e de lhes não serem
atribuídos todos os estigmas sociais que a marginalidade confere. Porque impede o indivíduo de se afastar da norma,
isto é, de ter comportamentos desviantes, a socialização contribui para a reprodução social, assumindo a natureza de
uma verdadeira forma de controlo social.
b) O conflito entre os agentes de socialização
O contributo do processo de socialização para a reprodução social não é uniforme nem linear, variando de sociedade
para sociedade ou, na mesma sociedade, ao longo do tempo. O controlo social exercido pela socialização é mais eficaz
numa sociedade fechada tradicional do que numa sociedade aberta.
Uma vez que a abertura e mobilidade são características típicas das sociedades modernas, é natural que ocorram nelas,
com muita frequência, processos de socialização antecipada e de requalificação e reposicionamento social.
Entre os grupos cujo estatuto social diminui e os cujo estatuto aumenta, estabelecem-se relações de algum modo
conflituais, que se repercutem nos indivíduos em geral, sujeitos permanentes de processos de socialização
diversificados.
Em cada momento e com mais acuidade nas sociedades abertas, a acção dos agentes de socialização pode ser
contraditória e conflitual, contribuindo para acelerar ou retardar o processo de mudança.
c) Grau de Aceitação do Sistema de Estratificação Social
Qualquer que seja o sistema de estratificação social, dificilmente é aceite de forma plena, dado que é imposto e
representa uma forma de distribuição desigual de oportunidades e de privilégios.
Os inúmeros mecanismos de controlo social e o processo de socialização contribuem, de forma determinante, para a
aceitação do sistema, sendo natural que a aceitação do sistema de estratificação assuma diversos graus.
Quanto mais consentido for o sistema de estratificação, isto é, quanto maior for o seu grau de aceitação pela
colectividade, maior será a sua estabilidade.
 Se a estratificação é bem aceite (sociedades mais tradicionais), a competição entre os estratos quase não
existe, pelo que as tensões entre eles, pouco vigorosas, não implicam grande alteração da ordem estabelecida.
O sistema de estratificação social vai-se alterando, gradualmente, em sintonia com as mutações ocorridas na própria
sociedade.
 O reconhecimento dos diferentes tipos de vantagens atribuídas aos estratos pode levar à constituição, no seu
seio, de grupos mais conscientes da sua situação de desvantagem que, reclamando-se o direito de exprimir os
interesses do estrato, vão afectar todo o sistema.
A rivalidade entre os estratos e torna-se real, provocando sempre desequilíbrios no tecido social, podendo assumir, por
vezes, formas mais violentas. É o tempo de mudança, das alterações de costumes e de valores.
A aceitação do sistema de estratificação social depende, portanto, do processo de socialização.
Esta relação não é linear nem inalterável: o indivíduo, mesmo sendo um produto da cultura do grupo em que está
inserido, poderá sempre reagir contra os seus aspectos mais críticos assumindo uma atitude desviante.
O indivíduo, não aceitando as desigualdades sociais decorrentes do sistema de estratificação social vigente poderá, por
via mais violenta (luta política ou armada) ou por via mais pacífica (possibilidades de mobilidade social) lutar contra
a situação.

Exercícios
1- O que representa o sistema de estratificação social no nosso dia-a-dia?
2- Qual seria o papel da família como o principal agente de socialização?
3- Fale dos principais objectivos da educação.

14. SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO


O Sistema Nacional de Educação (SNE) foi estabelecido em 1983 no intuito de proporcionar educação para todos em
Moçambique, bem como de romper com o sistema educacional herdado do colonialismo. Desde então sofreu algumas
alterações com vista a se adequar às novas exigências no país, tendo sido alterado em 1992 com a introdução da Lei
6/92 de 6 de Maio.
O SNE de Moçambique teve sua primeira versão publicada em 23 de Março de 1983, assinada pelo ex-presidente da
república Samora Moisés Machel, através da lei 04/83.
A segunda versão foi publicada em 06de Maio de 1992, assinada pelo ex-presidente da república, Joaquim Alberto
Chissano, através da lei 06/92, alterando a versão anterior.
 A primeira versão do SNE determinava que as crianças moçambicanas que completassem sete anos de idade,
obrigatoriamente, deveriam ser matriculadas na 1ªclasse.
 Na segunda versão, a idade para que as crianças ingressem no ensino obrigatório passou de sete para seis anos.
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O conselho de ministros que determina o ritmo de implementação da escolaridade obrigatória, de acordo com o
desenvolvimento socioeconómico do país.
O SNE estrutura-se em três modalidades de ensino, quais sejam:
1-Ensino pré-escolar
Realizado em creches e jardins-de-infância para crianças com idade inferior aseis anos, antes a lei determinava
inferioridade de sete anos.
2-Ensino Escolar (ensino geral; ensino técnico- profissional e ensino superior)
O ensino geral é o eixo central do SNE e compreende dois níveis, sendo frequentado a partir do ano lectivo em que
completam seis anos.
3-Ensino Primário: prepara os alunos para o acesso ao ensino secundário e compreende assete primeiras classes,
subdivididas em dois graus, Proporcionando uma formação básica nas áreas da comunicação, das ciências
matemáticas, das ciências naturais e sociais, da educação física, estética e cultural, transmitindo conhecimentos de
técnica se desenvolvendo aptidões de trabalho manual, atitudes e convicções que propiciem o ingresso na vida
produtiva, proporcionando uma formação básica da personalidade do individuo.
a) 1º Grau, da 1ª à 5ª classe;
b) 2º Grau, da 6ª à 7ª classe.
Ensino Secundário: compreende cinco classes e subdivide-se em dois ciclos, tendo como objectivo consolidar,
ampliar e aprofundar os conhecimentos dos alunos.
a) 1º Ciclo, da 8ª à 10ª classe;
b) 2º Ciclo, da 11ª à 12ª classe.
Antes, o ensino secundário era compreendido apenas por três classes: 8ª, 9ª e 10ª,sendo frequentado por jovens de 14
aos 17 anos.
O ensino técnico-profissional constitui o principal elemento para a formação profissional, compreendendo os
seguintes níveis:
a) Elementar: Qualifica os jovens, formando trabalhadores nos sectores económicos e sociais. Para o ingresso neste
tipo de ensino, é necessário no mínimo o 1º grau do ensino primário.
b) Básico: forma trabalhadores qualificados para trabalhadores nos sectores económicos, participantes das diferentes
fases dos processos produtivos dos serviços.
Para o ingresso neste tipo de ensino, é necessário a conclusão do 2ºgrau primário ou ensino elementar técnico
correspondente;
c) Médio: forma técnica para os sectores económicos e sociais, dependendo do respectivo perfil profissional.
Para ingresso neste nível de ensino, é necessário no mínimo a conclusão do 1º ciclo do ensino secundário geral ou do
ensino básico técnico-profissional.
A duração de cada curso é definida pelo conselho de ministros de Moçambique. O ensino superior tem a competência
de assegurar a formação de nível mais elevado de técnicos e especialistas nos diversos domínios do conhecimento
científico necessários ao desenvolvimento do país, realizando uma estreita ligação com a investigação científica,
destinando-se aos graduados com a 12ª classe do ensino geral ou equivalente. É realizado em universidades, institutos
superiores, escolas superiores e academias.
O acesso as instituições é regulamentado pela respectiva instituição. O estado garante bolsas de estudos com cotas e
outras formas de apoio para as classes de menor rendimento económico.

14.1.1. Educação na Actualidade


De 1992 até então, com a introdução do SNE, o ingresso da criança na escola 7 anos de idade, 7 para 6 anos, de ensino
secundário passou a 2 ciclos: 1º ciclo de 8ª a 10ª classe. 2º Ciclo da 11ª a 12ª classe.
Aqui há princípios que dizem:
 Educação é o saber e direito de todos os cidadãos;
 O estado organiza e promove o ensino como parte integrante da acção educacional;
 O ensino público é laico.
Objectivos
 Assegurar todos os moçambicanos a acesso a formação profissional;
 Formar professor como educador;
 Formar cientistas e especialistas qualificados para permissão do desenvolvimento da produção e da
integração científica;
 Garantir o ensino básico a todos os cidadãos no país através da introdução progressiva da escolaridade
obrigatória.

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Resumindo sobre a educação contemporânea: visa como expressão da lógica do capital um estágio chamado
capitalismo tardio. O fenómeno da pós-modernidade representa uma mudança da era, novas formas de fragmentação,
novas contestações de várias formas e emergências de novos desenvolvimentos tecnológicos.
14.1.2. As mudanças e transformações no sistema nacional de educação (SNE)
a) As mudanças feitas na lei 4/83 param a lei 6/92 no sistema nacional de educação (SNE)
No sistema nacional de educação (SNE) introduziu a inovação e redefinição do modelo da educação. Houve mudanças
permanência na passagem da lei n 4/83 para lei n 6/92. As devidas mudanças surgem na tentativa de melhorar e
qualificar a educação em Moçambique. Nas inovações e redefinições festas criou aumento e diminuição de alguns
aspectos nas duas leis assim havendo alguns aspectos divergentes nas mesmas. E no caso de idade a frequentar o
ensino primaria, formação dos professores no nível superior entre outros.
As inovações operadas propuseram objectivos e finalidade distintos e idêntica para as duas leis.
Os objectivos que fora propostas já haviam sido compridas assim houve necessidades de inovar para procurar formas e
métodos de ultrapassar alguns desafios no processo de ensino e aprendizagem na nossa pátria.
14.1.3. As principais inovações e alterações de lei n 4/83 para a lei n 6/92
As inovações operadas de uma lei para outra têm em vista o melhoramento e qualificação da educação e criação do
homem novo capaz de incluir a ciência. Com as inovações consistem nos seguintes pontos:
 Idade de ingresso ao ensino primária (idade);
 A formação dos professores no ensino superior;
 A formação do professor no ensino de adultos;
 Objectivos e princípios gerais;
 Diminuição de objectivos visto alguns já fora realizados;
 Entre outros.
14.1.4. O sistema de educação no período colonial em Moçambique
Os primeiros contactos entre os portugueses e os moçambicanos, veio modificar o estilo de vida dos moçambicanos
mudanças. Essas foram notaria em várias vertentes partindo do vertente política e económica e até a cultural.
Durante o período colonial, conforme testa ISAACMAN e STEPHAN (1984:92) as oportunidades educacionais para
moçambicanos eram extremamente limitados, as poucas possíveis eram desmobilizadas exclusivamente pela igreja
católica no contesto de ensino de adaptação para dominar a língua como condição para entrar na escolaridade
primaria.
O ensino no tempo colonial, e era discriminatório e muito selectivo, porque em parte era assimilacionista ao
estabelecer certos critérios para se aceder a educação. Os moçambicanos que conseguiam ingressar no ensino deviam
apenas estudar até ao ensino rudimentar.
14.1.4.1. O processo de assimilação
Segundo MANUEL GOLIAS (1931:31) o governo português implantou em Moçambique o sistema de assimilação,
este que consistia na desnaturalização do colonizado através da educação outros meios de propaganda da sua
ideologia.
Assim todos aqueles que desejassem ser assimilados (civilizados) tinham que seguir procedimentos jurídicos que
consistia em: dominar a língua portuguesa quer na escrita, ter mais de 18 anos, ter bom comportamento, ser
financeiramente estável.
14.1.4.2. Objectivos ou finalidades da educação no período colonial
Fora da escola os missionários e os auxiliares usaram também a língua portuguesa, no ensino da religião pode ser
livremente usada a língua indígena essa exigência tinha como objectivo indígenas pelo ensino e uso de habitual da
língua portuguesa que ter-se-ia como nacional unidade.
A educação serviria de meio para a moralização e aquisição de hábitos de trabalhos disciplinado, sistemática e
regular, ela tinha um assento ruralista com vista a combater o êxodo rural. Tinha como finalidade de educar os
moçambicanos na civilização portuguesa (GOLIAS, 1993 Pp:38,9).
A educação colonial em Moçambique impôs uma edução ou extracção que visava a reprodução da exploração e da
opressão e das estruturas colonialistas d dominação, só ensinava para os moçambicanos a língua portuguesa para
facilitar a comunicação no âmbito do trabalho.
14.1.5. A educação em moçambique pôs o período colónia
Após a independência nacional em 1975 a educação tornou-se socialmente um direito e dever de cada cidadão. Em
1978 frequentava na escola pública mais de 1419207 cidadãos dos quais 47.2% eram mulheres contra os 586868 em
1973 (ISAACM, 1984,93).
Desde que Moçambique tornou-se independente, tem aprendido varias reformas no sistema de educação através da
diversificação do currículo entendo aspectos culturais locais e regionais (ISASCMAN, 1984 pág. 221).
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CASTIANO (2005) afirma que a procura social do ensino continua hoje muito acima das disponibilidades de oferta e
comenta a opção foi aumentar o número de alunos que frequentam a escola o que consequentemente reduziu a
qualidade.
De acordo com a lei n 6/92 sobre o ensino em Moçambique idade de ingresso passa a ser 6 e não 7 anos.
14.1.5.1. Objectivos ou finalidades da educação no período pôs colonial.
No início do período pôs colonial, os problemas mais pertinentes que o moçambicano necessita de ajuda para
desenvolver os seus recursos naturais, proporcionar e melhorar níveis de vida. Enfrentavam ainda ameaças de golpe de
estado militares e alianças entre os estados e com potências externas. Imediatamente criaram depois da independência
os chamados grupos dinamizadores com a intenção de mobilizar as populações em torno as políticas do novo governo
e desenvolver as actividades. No período pois independência a educação teve uma definição ampla que consistia a
formação de um homem novo capaz de enfrentar desafios cinéticos.
Uma das maiores finalidades da educação pôs a independência consistiam na erradicação do analfabetismo,
implementação da educação para todos neste contexto o governo moçambicano introduz a escolaridade obrigatório e a
formação de um homem novo capaz de dominar natureza, um homem para as necessidades dos desenvolvimentos
económico e social e da investigação científica, tecnológica e cultural. A educação em Moçambique pôs o período
colonial também tem em vista a preservação dos valores culturais morais e costumes dos povos moçambicanos e das
línguas locais.
Exercícios
1- Como se tornou a educação em moçambique pôs o período colonial?
2- Quais foram as principais inovações e alterações de lei n 4/83 para a lei n 6/92?
3- Em que ano foi estabelecido o Sistema Nacional de Educação?

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12ª CLASSE
ANO LECTIVO
DE 2022

ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 34


UNIDADE V: PLANIFICAÇÃO DO PEA: OBJECTIVOS DO PEA
1. PLANIFICAÇÃO DO PEA
Definição do conceito Planificação
“A planificação como “um processo que consiste em preparar um conjunto de decisões, visando atingir determinados
objectivos assumindo uma atitude séria e curiosa diante de um problema” (PILETTI 2004, pág. 61).
Na óptica de LIBÂNEO (2006, pág. 222) “Planificação é um processo de racionalização, organização e coordenação
da acção docente, articulando a actividade escolar e a problemática do contexto social”.
Em sentido geral uma planificação é “um processo através do qual uma instituição faz a preparação, previsão e
organização do desenvolvimento das suas actividades, em conformidade com as normas, procedimentos e/ou
legislação que orientam a área a planificar, estabelecendo para o efeito, as respectivas metas e prazos”.
1.1. Importância da Planificação
Segundo Ferreira (2007:54), a planificação em seu todo tem a seguinte importância:
 Actualização dos conteúdos;
 Contribui para a realização dos objectivos visados;
 Evita a rotina e a improvisação;
 Facilita a preparação das aulas e as tarefas que se vão executar;
 Garante economia de tempo e energia;
 Garante maior segurança na direcção do ensino;
 Prevê os objectivos, conteúdos, métodos e meios de ensino;
 Promove a eficiência do ensino.
1.2. Tipos de Planificação
De ponto de vista de elevado número de tipos de planificação, aqui não se pretende, explorar e esgotar todos os tipos
de planificação, mesmo porque, como aponta é impossível enumerar todos tipos de tipos de planificação necessários à
actividade humana.
Desta forma, nos que são essenciais para a educação. Assim sendo, segundo PILLETTI (2004, pág. 60) encontramos:
a) Planificação Educacional.
Segundo PILLETTI (2004, pág. 60) diz que tem a ver na tomada de decisões sobre a educação no conjunto do
desenvolvimento geral do país. A elaboração desse tipo de planificação requer a proposição de objectivos a longo
prazo que definam uma política da educação.
Em outras palavras, Planificação Educacionalé todo conjunto de itens definidos tendo em conta os desafios que um
determinado país vive e enfrenta e olhando em consideração toda conjuntura sócio - cultural e político que requerem
estudos de diversos fenómenos que possam influenciar directo ou indirectamente o contexto educativo pelo qual se
planifica ou se estrutura os objectivos feitos através de estruturas competentes através de um estudo profundo e
sistemático.
b) Planificação do Currículo
Definido como um processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da acção escolar. É previsão sistemática e
ordenada de toda a vida escolar do aluno. Portanto, essa modalidade de planear constitui um instrumento que orienta a
acção educativa na escola, pois a preocupação é com a proposta geral das experiências de aprendizagem que a escola
deve oferecer ao estudante, através dos diversos componentes curriculares.
Esta consiste na formulação de objectivos educacionais a partir daqueles expressos nos guias curriculares oficiais.
Neste sentido, a escola não deve simplesmente executar o que é prescrito pelos órgãos oficiais.
c) Planificação de Ensino
É processo de decisão sobre a actuação concreta dos professores no quotidiano de seu trabalho pedagógico,
envolvendo as acções e situações em constante interacções entre professor e alunos e entre os próprios alunos.
É importante esclarecer que do planeamento/Planificação resultará o plano que é um documento utilizado para o
registo de decisões do tipo: o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer.
1.3. Características de uma planificação
Uma boa planificação tem de ter sempre em conta os elementos como é o caso da unidade, continuidade e degradação,
objectividade e realismo, precisão e clareza, flexibilidade.
 Guião de Orientação: onde são estabelecidas as directrizes e meios para realização do trabalho docente com a
função de orientar a prática partindo das exigências da própria prática, não podendo ser um documento rígido.
 Segue uma ordem sequencial: através de passos lógicos, embora na prática os passos podem ser invertidos.
 Objectividade: existência de correspondência do plano com a realidade.

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 Coerência: entre os objectivos gerais, específicos, conteúdos, métodos e avaliação assim como relação entre
as ideias e a prática.
 Flexibilidade: onde o professor está sempre organizando e reorganizando o seu trabalho e sujeito a alterações.
1.3.1. Etapas da Planificação do Ensino
As etapas da planificação do ensino em PILLETTI (2004, pág. 662):
 Conhecimento da realidade (através do conhecimento para quem se vai planificar; conhecimento do aluno e
seu ambiente; da necessidades, aspirações, possibilidades dos alunos; sondagem, busca de dados; diagnóstico
e conclusão após os dados colectados);
 Elaboração do Plano (determinar os objectivos; seleccionar e organizar dos conteúdos; seleccionar e
organizar procedimentos de ensino; dos recursos; dos procedimentos da avaliação e a estruturação do plano);
 Execução do Plano (desenvolvimento das actividades previstas; das etapas do trabalho escolar e certas
circunstâncias do meio exigirão adaptações e alterações);
 Avaliação e aperfeiçoamento do Plano (onde depois da execução passa-se a avaliar o próprio plano; avaliar
os resultados do PEA, a qualidade do plano e sua eficiência e avaliar a eficiência do sistema escolar).
1.4. Ciclos de Planificação
Temos a noção de que planificar o conteúdo que se vai fazer amanhã é muito diferente de planificar o que se vai fazer
durante um ano inteiro, mas ambas as planificações são importantes. Do mesmo modo, as planificações para um dia
específico são influenciadas pelo que aconteceu anteriormente, e, por seu turno, influenciarão as planificações para os
dias e semanas que se seguem. Assim, teremos: o plano anual, plano da unidade de ensino e plano de aula.
a) Plano Anual
PILLETTI (2004, pág. 69) diz que "é um conjunto de factos que representam o trabalho de previsão de um ano lectivo,
incluindo a sua dependência com o ano anterior e posterior, tendo (também) em conta a ligação com outras disciplinas
(interdisciplinaridade)."
A tarefa de planificação no seu todo cabe às estruturas centrais (MINEDH) que seleccionam os conteúdos e as
capacidades adequadas aos alunos, os quais se dirige esse programa.
b) Planificação da unidade de ensino
Para PILLETTI (2004, pág. 71), “é um conjunto de factos ou de comportamentos inter-relacionados formando um
conjunto mais facilmente apreensível. Esse conjunto deve compreender o mesmo tema”.
A maior parte das escolas e dos professores organizam o ensino em torno de semanas e unidades.
c) Plano de Aula (Planificação diária)
Elaborar um plano de aula de acordo com PILLETTI (2004, pág. 72) “é construir um guia de orientação para o
desenvolvimento do conteúdo de uma aula ou conjunto de aulas”.
As unidades e subunidades previstas em linhas gerais no programa de ensino, vão ser especificadas e sistematizadas
para uma situação real, a aula.

2. NÍVEIS DE PLANIFICAÇÃO: CURRÍCULO


Ao nível central, a planificação curricular é feita para todos os níveis e graus de ensino-aprendizagem (ao nível da
nação) e, na base disso, procede-se a definição do perfil da saída do nível/grau, curso, disciplina, ano, etc. a partir do
qual se faz:
 A definição de objectivos, conteúdos e métodos gerais.
 A distribuição destes pelos anos (semestres trimestres, etc.) e pelas unidades do Processo de Ensino e
Aprendizagem
 A elaboração dos programas detalhados por disciplina.
2.1. Níveis de planificação: currículo, plano de unidade temática e plano de aula ou lição
a) Conceito Currículo
Curriculum, do latim currere, significa curso, caminho.
Segundo APPLE (1989), currículo é poder, ideologia e cultura. Seu principal objectivo é construir conhecimento
visando à aprendizagem, além de organizar tempos e espaços.
As primeiras definições de currículo apontam para um conceito que corresponde “a um plano de estudos, ou a um
programa, muito estruturado e organizado na base de objectivos, conteúdos e actividades e de acordo com a natureza
das disciplinas” (PACHECO, 2001, p.16), o que demonstra uma noção restrita de currículo, mas ainda recorrente nas
concepções de muitos docentes.
Na óptica de RIBEIRO (1999 pág. 12) considera-o como “um conjunto estruturado de matérias e de programas de
ensino num determinado nível de escolaridade, ciclo ou domínio de estudos”.

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2.2. Características do Currículo
O currículo não pode entender-se como algo predeterminado, isto é, como um “produto” a ser disponibilizado segundo
regras e normas específicas.
Uma vez que se trata de um processo que resulta das múltiplas relações que se estabelecem entre diferentes actores,
em contextos diversos, é um processo complexo, não sendo por isso possível predeterminá-lo à partida. Daí a
importância que o conceito de currículo como projecto tem vindo a assumir nos tempos mais recentes.
Na óptica PACHECO (2001),“... O currículo é uma prática pedagógica que resulta na interacção e confluência de
várias estruturas (políticas, administrativas, económicas, culturais, sociais, escolares…) na base das quais existem
interesses concretos e responsabilidades partilhadas”.
a) Algumas características do currículo
BEANE (1998) identifica no fenómeno curricular algumas características, sendo elas:
 Centradas em contexto com significado para a informação e para as destrezas dos alunos;
 Tomadas de decisão a nível político no âmbito curricular;
 Confronto de uma variedade de perspectivas sobre temas e objectivos que reconheçam a diversidade e a
ambiguidade.
2.3. Plano de unidade temática
O plano de unidade, ou unidade de ensino, é uma previsão mais específica e analítica do trabalho a ser desenvolvido
durante um determinado período/tempo. Este plano procura reunir, num todo organizado, mais específicos temas ou
conteúdos listados, que se inter-relacionem e se complementem, compondo um conjunto mais facilmente
compreensível, devido a sua significação.
Um bom plano de unidade, ao ser elaborado, deve levar em consideração:
 O nível psicológico do aluno;
 Deve se desenvolver ao redor de um tema ou foco centralizador que seja adequado à maturidade
 Ao interesse do grupo de alunos.
Deve ser considerado também o sentido em si mesmo; o plano de unidade deve conter sentido em si mesmo pela
propriedade de seus objectivos, validade e utilidade de seus conteúdos e significado das experiências de aprendizagem.
Portanto, o sentido dentro da sequência é importante, pois, o plano de unidade deve guardar uma linha de
relacionamento com as aprendizagens anteriores, ao mesmo tempo em que oferece elementos para aprendizagens
posteriores.
Os três momentos do plano da unidade:
 A visualização do todo, da unidade total, ainda de forma imprecisa ou indefinida, indiscriminada, mais ou
menos nebulosa, mas contendo potencialmente vários enfoques;
 A análise do todo em seus elementos integrantes, em busca da descoberta das relações existentes entre os
mesmos;
 À volta ao todo, por meio da compreensão das relações existentes entre os elementos que o compõem.
2.4. Plano de aula ou lição
O plano de aula é caracterizado pela descrição específica de tudo que o professor realizará em classe durante as aulas
de um período específico. Na sua elaboração alguns pontos são muito importantes como:
 Dados de identificação do professor e da escola;
 Os objectivos a serem alcançados com as aulas que serão ministradas;
 Conteúdo que será ministrado em cada aula, o qual deve seguir uma linha cronológica do processo de
aprendizagem;
 Os procedimentos utilizados para aprendizagem dos alunos, ou seja, são as fases da aprendizagem;
 Os recursos que serão utilizados para alcançar os objectivos;
 E, por último, as metodologias de avaliação, ou seja, as técnicas avaliativas que o professor utilizará para
avaliar o aprendizado do educando.
Na elaboração de um plano de aula devem ser considerados vários pontos e critérios que unidos especificam quais os
objectivos finais o professor espera alcançar no decorrer da explicação dos conteúdos. Os critérios que o professor
deve estar atento durante a confecção de seu plano de aula são:
 Adequação dos estímulos;
 Especificação operacional;
 Estrutura flexível;
 Ordenação.
Além de conter esses critérios, o plano de aula deve ser elaborado seguindo as fases da aprendizagem, ou seja, deve
seguir uma linha de ensino-aprendizagem contínua.
São as fases de aprendizagem:

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 Apresentação;
 Desenvolvimento;
 Integração.
Na apresentação o professor prepara a classe para a compreensão de novos conteúdos. No desenvolvimento acontece a
análise. Nessa etapa acontece o processo de orientação e aprendizagem do aluno. É nessa etapa que acontece o estudo
de um texto, a realização de um experimento, a resolução de exercícios, etc. A integração é a etapa final. Nessa fase o
professor faz a verificação dos resultados obtidos pelos alunos na fase do desenvolvimento.
Exercícios de Consolidação
1- Aponte os três momentos que envolvem o Plano da unidade.
2- Currículo é um conjunto estruturado de matérias e de programas de ensino num determinado nível de
escolaridade, ciclo ou domínio de estudos (RIBEIRO 1999 pág. 12).
a) O que se deve considerar na elaboração de um plano de aula?

3. OBJECTIVOS DE ENSINO APRENDIZAGEM E SUA CLASSIFICAÇÃO


Conceito de objectivos
Os objectivos... são o ponto de partida, as premissas gerais do processo pedagógico; Reflectem as opções políticas e
pedagógicas dos agentes educativos” (LIBANEO, 1994). O mesmo autor refere que “os objectivos antecipam
resultados e processos esperados do trabalho conjunto do professor e dos alunos, expressando conhecimentos,
habilidades e hábitos (conteúdos) a serem assimilados de acordo com as exigências metodológicas” (pág. 119).
3.1. Objectivos de ensino
São as intenções educativas em termos de capacidade que devem ser desenvolvidas pelos alunos ao longo da
escolaridade para ajudar os alunos a desenvolver as capacidades (cognitiva, física, afectiva, estética e ética). É de
suma importância que cada professor aplique os conteúdos de maneira tal que este seja de forma bem dirigida para
facilitar a aprendizagem do aluno.
3.2. Classificação dos objectivos
Quanto ao nível de abrangência (LIBÂNEO, 1994) aponta os seguintes;
1.º Objectivo geral
Os objectivos gerais são objectivos chamados de mediatos, por que só se consegue alcançá-los em longo prazo. Eles
podem ser explicitados no nível de Sistema Educacional, Escolar e Docente.
Objectivos gerais Sempre são formulados visando o que se espera que seja aprendido ao término de um Curso, uma
unidade didáctica programática ou um conteúdo. Exemplo: Reconhecer as aprendizagens em Didáctica como
imprescindíveis na actuação profissional docente.
2.º Objectivos específicos
Os objectivos Específicos são chamados de imediatos ou em curto prazo porque permitem ao término de cada aula ou
assunto identificar se foi alcançado o que foi estipulado para ser aprendido. Exemplo: Diferenciar objectivos gerais e
específicos.
3.3. Objectivos de aprendizagem
“Na planificação do seu ensino, o professor pode definir objectivos para o aluno - objectivos de aprendizagem - ou
para si próprio - objectivos de ensino. Embora a definição dos primeiros subentenda a existência dos segundos, torna-
se mais importante definir os objectivos em função dos resultados pretendidos para a aprendizagem, ou seja,
objectivos de aprendizagem” (LOPES & SILVA, 2010).
“Os objectivos de aprendizagem são declarações claras e válidas do que os professores pretendem que os seus alunos
aprendam e sejam capazes de fazer no final de uma sequência de aprendizagem. Têm claramente a função de
orientação do ensino, da aprendizagem e da avaliação” (SILVA & LOPES, 2015).
Os objectivos de aprendizagem podem ter diversos graus de abrangência: ser mais gerais ou mais específicos.
3.4. Classificação para organizar os objectivos educacionais
BENJAMIM BLOOM pensou em uma classificação para organizar os objectivos educacionais em uma hierarquia.
As taxonomias de objectivos educacionais dos domínios cognitivos, afectivo e psicomotor, respectivamente de
BLOOM, KRATHWOHL e HARROW, “constituem-se como instrumentos importantes no auxílio à tarefa de
definição de objectivos” (SILVA & LOPES, 2015).
A classificação original de BLOOM consiste em três domínios, quais sejam (MUNZENMAIER e RUBIN, 2013, pág.
4):
1.º Domínio cognitivo, baseado no conhecimento cognitivo;

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2.º Domínio afectivo, baseado nas atitudes afectivas;
3.º Domínio psicomotor, baseado nas habilidades físicas e psicomotoras.
O domínio cognitivo envolve objectivos que destacam resultados intelectuais e processos mentais como o
conhecimento, a compreensão e as habilidades de pensamento. Ele é constituído de seis níveis, quais sejam:
 Conhecimento;
 Compreensão;
 Aplicação;
 Análise;
 Síntese;
 Avaliação.
Para FERRAZ e BELHOT (2010) “caracterizam o nível conhecimento como a habilidade de recordar conteúdos
abordados previamente”.
Esta habilidade pode envolver lembrar uma significativa quantidade de informação ou fatos específicos, e tem como
principal objectivo trazer à consciência esses conhecimentos. A compreensão consiste na habilidade de compreender e
dar significado ao conteúdo.
Exercícios de Consolidação
1- BENJAMIM BLOOM pensou em uma classificação para organizar os objectivos educacionais em uma hierarquia.
a) Em que consiste a classificação doautor supracitado e descreva o 1º domínio.
b) Como é caracterizado o nível conhecimento?

4. OPERACIONALIZAÇÃO DOS OBJECTIVOS


O termos “instrucional” e “operacional” para indicar objectivos a curto prazo e ao mesmo tempo redigidos de
maneira clara e precisa, expressando comportamentos observáveis. Actualmente tem-se definido objectivo educativo
como o comportamento esperado de um indivíduo ou grupo após submetê-lo a uma situação de ensino-aprendizagem.
Os objectivos educativos podem expressar de maneira mais ou menos genérica um comportamento; podem ser,
portanto, mais gerais ou mais específicos. Não há um critério absoluto para se determinar o nível de generalidade ou
de especificidade de um objectivo.
Um objectivo específico é específico em relação a outro mais genérico que é chamado de geral. Por outro lado, este
mesmo objectivo geral pode ser específico em relação a outro.
4.1. A relação entre objectivos gerais e específicos
De acordo com a web sitehttp://www.scielo.br/pdf/rsp/v11n2/01.pdf “a relação entre objectivos gerais e específicos só
pode ser observada quando comparamos os objectivos de um determinado programa ou quando comparamos
objectivos do mesmo programa proposto em vários níveis, tais como nacional, estadual e municipal”.
O termos “instrucional” e “educacional” se equivale: o termo "instrucional" é traduzido do inglês "instrucional" que,
literalmente, significa "da instrução" ou "do ensino". Ora, a educação ocorre através do processo de ensino-
aprendizagem. Embora nem todo ensino leve à mudança de comportamento num sentido educativo, pode-se dizer que
sempre que houver educação há ensino.
Do ponto de vista de um sistema, todo ensino deve ser no sentido educativo. Daí poder-se dizer que o professor
enquanto ensina está educando. De maneira geral, portanto, pode-se considerar os termos ou expressões "objectivo
educacional" e "objectivo instrucional" como significando a mesma coisa, pois quando alguém ensina em nome de
uma Instituição, sua intenção é a de educar. Pelo exposto, preferimos o termo "educacional" ou "educativo" (um
equivale ao outro) ao invés de "instrucional".
4.2. Regras de um objectivo operacional
Um objectivo operacional correctamente definido deve respeitar as seguintes regras:
 O sujeito da frase é sempre o formando/aluno (esta regra também é aplicável na definição dos objectivos
gerais);
 O verbo utilizado deve ser um verbo de acção, que expresse um comportamento observável (comportamento:
o que o formando deve ser capaz de fazer, para lhe ser reconhecida a competência em causa).
Sempre que for considerado necessário podem também ser:
 Indicadas as condições em que a acção se vai desenvolver;
 Indicados os critérios que servirão para avaliar os resultados.
4.3. Função dos objectivos
São as seguintes funções dos objectivos:
 Clarificação da intenção da acção;
 Uniformidade do significado da acção para os vários intervenientes;
ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 39
 Assegurar a objectividade na acção;
 Assegurar objectividade e rigor na avaliação, minimizando erros e desvios tradicionais, resultantes da
subjectividade do avaliador.
a) Formulação dos objectivos
 Claros – Com interpretação única;
 Pertinentes – Coerente com a sua finalidade;
 Exequíveis – Alcançável de acordo com exigência requerida;
 Mensuráveis – Passível de ser avaliado, determinando o nível de concretização.
Para a consecução das finalidades de uma disciplina de um curso ou formação, várias estratégias de ensino podem ser
utilizadas.
4.4. A estratégia de ensino por objectivos operacionalizados
A estratégia de ensino por objectivos operacionalizados adopta, como princípio fundamental:
 A descrição dos objectivos educacionais em termos do desempenho esperado do aluno e;
 A fixação de padrões mínimos de rendimento aceitável nesse desempenho.
A programação de ensino por objectivos operacionalizados deve ser dada a conhecer ao educando, e deve servir de
base para o planeamento das actividades docentes e discentes, orientando o aluno nos seus esforços para aprender, e o
professor na escolha das técnicas e recursos de ensino que permitam tornar o ensino eficaz. Os resultados da pesquisa
empírica realizada mostram que, no nível de efeito principal, o ensino por objectivos operacionalizados é ligeiramente
superior ao ensino tradicional.

5. A RELAÇÃO ENTRE OBJECTIVOS, CONTEÚDOS, MÉTODOS, MEIOS E FORMAS DE


AVALIAÇÃO
5.1. Os princípios básicos do ensino
Os princípios básicos do ensino são aspectos gerais do processo de ensino que expressam os fundamentos teóricos de
orientação do trabalho docente.
Os princípios do ensino levam em conta à natureza da prática educativa escolar numa determinada sociedade, as
características do processo de conhecimento, as peculiaridades metodológicas das matérias e suas manifestações
concretas na prática docente, as relações entre o ensino e o desenvolvimento dos alunos, as peculiaridades psicológicas
de aprendizagem e desenvolvimento conforme idades.
As exigências práticas da sala de aula requerem algumas indicações que orientam a actividade consciente dos
professores no rumo dos objectivos gerais e específicos do ensino.
O Sentido de Métodos
Etimologicamente, método quer dizer «caminho para chegar a um fim». Representa a maneira de conduzir o
pensamento ou acções para alcançar um objectivo. É, também forma de disciplinar o pensamento e as acções para
obter maior eficiência no que se deseja realizar (NIVAGARA, s/d, p.155).
Para LIBÂNEO, (2008) métodos de ensino são um conjunto de
acções, passos, condições externas e procedimentos utilizados
intencionalmente pelo professor para dirigir e estimular o processo de
ensino em função da aprendizagem dos alunos. Ou seja, são as acções
do professor pelas quais se organizam as actividades de ensino e dos
alunos para atingir objectivos do trabalho docente em relação a um
conteúdo específico. Eles regulam as formas de interacção entre o
ensino e aprendizagem, entre o professor e os alunos, cujo resultado é
a assimilação consciente dos conhecimentos e o desenvolvimento das
capacidades cognitivas e operativas dos alunos.

5.2. A relação objectivo-conteúdo-método


Essa relação tem como característica a interdependência. Da mesma forma que o método é determinado pela relação
objectivo-conteúdo, pode também influir na determinação de objectivos e conteúdos.
Na óptica de LIBÂNIO (2008, pág. 153), os métodos não têm vida
independentemente dos objectivos e conteúdos, assim como a
assimilação dos conteúdos depende tanto dos métodos do ensino e de
aprendizagem. A relação objectivos-conteúdos-métodos tem como
característica a mútua interdependência. Portanto, o método do ensino
é determinado pela relação, objectivo e conteúdo, mas pode também
ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 40
influir na determinação de objectivos e conteúdos, cuja matéria do
ensino é elemento de referência para a elaboração dos objectivos
específicos.
5.3. Os métodos de ensino
Em função dos métodos de ensino estar obrigatoriamente vinculados aos objectivos gerais e específicos, as decisões de
seleccioná-los para utilização didáctica, depende de uma metodologia mais ampla do processo educativo, portanto,
veremos a seguir os princípios e directrizes, métodos e procedimentos organizativos.
a) Conceito de método de ensino
São as acções do professor no sentido organizar as actividades de ensino, a fim de que os alunos possam atingir os
objectivos em relação a um conteúdo específico, tendo como resultado a assimilação dos conhecimentos e o
desenvolvimento das capacidades cognitivas e operativas dos alunos.
Os métodos são determinados pela relação objectivos-conteúdos, e referem-se aos meios para alcançar os objectivos
gerais e específicos do ensino, ou seja, ao “como” do processo de ensino, englobando as acções a serem realizadas
pelo professor e pelos alunos para atingir objectivos e conteúdos.
O conceito mais simples de “método” é o de caminho para atingir um objectivo.
O professor, ao dirigir e estimular o processo de ensino em função da aprendizagem dos alunos utiliza
intencionalmente um conjunto de acções, passos condições externas e procedimentos, que chamamos de métodos de
ensino.
Por exemplo:
 À actividade de explicar a matéria corresponde o método de exposição;
 À actividade de estabelecer uma conversação ou discussão com a classe corresponde o método de elaboração
conjunta.
Os alunos, por sua vez, sujeitos da própria aprendizagem, utilizam-se de métodos de assimilação de conhecimentos.
Por exemplo:
 À actividade dos alunos de resolver tarefas corresponde o método de resolução de tarefas;
 Á actividade que visa o domínio dos processos de conhecimentos científicos numa disciplina corresponde o
método investigativo;
 À actividade de observação corresponde o método de observação e assim por diante.
5.4. Organização dos métodos de ensino
A escolha e organização dos métodos de ensino devem corresponder á necessária unidade objectivos-conteúdos-
métodos e forma de organização de ensino e às condições concretas das situações didácticas.
a) Em primeiro lugar: os métodos de ensino dependem dos objectivos imediatos da aula: introdução de matéria
nova, explicação de conceitos, desenvolvimento de habilidades, consolidação de conhecimento etc. Ao mesmo
tempo, depende de objectivos gerais da educação previstos do plano de ensino pela escola ou pelo professor.
b) Em segundo lugar: a escolha e organização dos métodos dependem dos conteúdos específicos e dos métodos
peculiares de cada disciplina e dos métodos de sua assimilação.
c) Em terceiro lugar: em estreita relação com as condições anteriores, a escolha de métodos implica o
conhecimento das características dos alunos quanto á capacidade de assimilação conforme a idade e nível de
desenvolvimento mental físico e quanto suas características sócio-culturais e individuais
Resumindo:
Podemos dizer que os métodos de ensino são as acções do professor pelas quais se organizam as actividades de ensino
e dos alunos para atingir os objectivos do trabalho docente em relação ao conteúdo específico. Eles regulam a forma
de interacção entre ensino e aprendizagem, entre o professor e os alunos, cujo resultado é assimilação consciente dos
conhecimentos e o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas e operativas dos alunos.
Em relação aos métodos, KLINGBERG (s/d), citado por NIVAGARA (s/d, pág.170) considera existência de três
variantes metódicas básicas:
 Método expositivo;
 Elaboração conjunta;
 Trabalho independente.
A classificação dos métodos segundo KLINGBERG tem sido largamente
utilizada pelos professores, particularmente em Moçambique, em virtude de
que nela incluir o resto dos métodos e técnicas de ensino indicados pelos
outros autores, mas também parece ser de fácil uso no processo de ensino-
aprendizagem. Por outro lado, devemos notar que a utilização dos métodos de
ensino no PEA não ocorre nem deve ser de forma que se utiliza preferencial e
exclusivamente um determinado método de ensino;

ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 41


A combinação e a alternância dos métodos de ensino é uma das estratégias pedagógicas importantes na utilização dos
métodos de ensino.
5.5. Meios de ensino
São as ferramentas (recursos materiais) utilizadas pelo professor e pelos alunos para organização e condução metódica
do processo de ensino e aprendizagem. Como exemplo, podemos citar: quadro-negro, projecção de slides, filme,
mapas, etc.
Os professores, de um modo geral, devem dominar com segurança esses meios de ensino, conhecendo-os e
aprendendo a utilizá-los de forma didáctica, criativa e adequada.
Exercícios
1- KLINGBERG (s/d), citado por NIVAGARA (s/d) considera existência de três variantes metódicas básicas.
a) Indique estas variantes metódicas.
2- O professor, ao dirigir e estimular o processo de ensino em função da aprendizagem dos alunos utiliza
intencionalmente um conjunto de acções, passos condições externas e procedimentos, que chamamos de métodos
de ensino.
a) Aponte as actividades que o professor usa ao dirigir o PEA tendo em conta a função da aprendizagem dos
alunos.
NB: Trabalho em grupo
Pesquisem sobre “Formas de avaliação no processo PEA” e “Formas de avaliação na planificação do PEA”.
Os grupos devem ser compostos por 5 elementos de acordo com a ordem da lista da turma.
Prazo de entrega dos trabalhos até dia _____de ________________________ de 20______

6. ESTRATÉGIAS, MÉTODOS E MEIOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM


O Conceito de Estratégia Já na introdução de seu livro, BORDENAVE e PEREIRA (1998) consideram “estratégias de
ensino” como sendo um caminho escolhido ou criado pelo professor para direccionar o aluno, pautado numa
teorização a ser aplicada na sua prática educativa”.
Partindo desse pressuposto, MASETTO (2003) “amplia o conceito de estratégia de ensino e aprendizagem,
considerando-as como os meios utilizados pelo professor para facilitar o processo de aprendizagem dos alunos”.
Nesta definição, entram a organização do espaço utilizado enquanto sala de aula, os materiais necessários, os recursos
audiovisuais, as visitas técnicas, os estudos de casos, as discussões em grupos, o uso da Internet e de programas
educacionais para computadores, dentre inúmerasoutras opções. Compreende-se, então, que as estratégias e técnicas
são recursos que podem agregar valores nos processos de ensino e aprendizagem e que só terão importância se
estiverem ligados directamente aos objectivos pretendidos.
6.1. Estratégias de Ensino e aprendizagem
As estratégias de ensino-aprendizagem são técnicas utilizadas pelos professores com o objectivo ajudar o aluno a
construir seu conhecimento. Essas técnicas são essenciais para extrair o melhor aproveitamento do aluno, ajudando-o a
adquirir e a fixar o conteúdo que foi ministrado.
Assim, em relação à escolha de estratégias de ensino e aprendizagem, MASETTO (2003) sintetiza em três pontos, a
serem considerados pelo professor, para que este possa alcançar seus objectivos:
 Utilizar estratégias adequadas para cada objectivo pretendido;
 Dispor de estratégias adequadas para cada grupo de alunos, ou para cada turma ou classe;
 Variá-las no decorrer do curso.
Em geral, as estratégias mais adequadas são as que ajudam o professor e o aluno a alcançarem os objectivos propostos.
É possível afirmar, então, que o ponto central, na escolha de uma estratégia, é o conhecimento dos objectivos que se
deseja alcançar.
a) Exemplos de estratégias de ensino-aprendizagem
Existem diferentes estratégias de ensino-aprendizagem, as quais devem ser adoptas de acordo com a realidade de cada
sala de aula. Não podemos nos esquecer de que muitas estratégias podem ser efectivas para algumas disciplinas,
porém pouco proveitosas para outras. Desse modo, o professor deve ter bastante cuidado ao adoptar uma técnica.
Entre as diferentes estratégias de ensino-aprendizagem, podemos citar:
 Aula expositiva e dialogada: o professor explica seu conteúdo de modo a garantir a participação activa dos
alunos. Nessa estratégia, os alunos são questionados e estimulados a discutir a respeito do tema da aula,
citando, por exemplo, casos que tenham vivenciado;

ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 42


 Estudo de caso: o professor e os alunos analisam criteriosamente uma situação real ou não e tentam encontrar
a solução para o problema apresentado;
 Aulas práticas: permitem que os alunos visualizem estruturas e fenómenos conhecidos, muitas vezes,
somente na teoria. Essas aulas funcionam, portanto, como uma forma de vivenciar um conhecimento teórico;
 Aulas lúdicas: consiste na utilização de brincadeiras e jogos para fixar o conteúdo. Nessas aulas, observam-se
momentos de descontracção e felicidade, os quais aliviam a tensão e favorecem o aprendizado;
 Seminários: os alunos são divididos em grupos, que deverão apresentar trabalhos sobre um determinado tema.
O professor, nesse contexto, atua na orientação de como a pesquisa poderá ser realizada e na organização do
ambiente escolar para a apresentação dos seminários.
b) Técnicas de ensino-aprendizagem
Como a qualidade do ensino está relacionada com a aprendizagem do aluno, as técnicas de ensino-aprendizagem são
importantes para conseguir atingir essa qualidade. Desse modo, essas estratégias devem ser muito bem pensadas pelo
professor, o qual deve ter bastante cuidado não só no planeamento, mas também na execução dessas ideias.
Quando escolhemos uma estratégia de ensino, devemos analisar se ela é realmente adequada para aquele conteúdo e se
consegue atingir, de maneira positiva, a maioria dos alunos em sala. Devemos considerar também a idade dos alunos e
a série na qual eles se encontram. Isso significa que uma estratégia adequada para o ensino fundamental nem sempre é
adequada para o ensino médio, por exemplo.
Não podemos esquecer ainda que, para adoptar uma estratégia de ensino, é importante conhecer os alunos e suas
peculiaridades. Nesse caso, deve-se realizar avaliações diagnósticas, as quais visam à análise dos conhecimentos
prévios dos alunos antes do início de qualquer actividade. Se um aluno não possui nenhum conhecimento a respeito de
um determinado assunto, não podemos, por exemplo, exigir que ele seja capaz de resolver um problema sobre o tema.
6.2. Métodos e meios de ensino e aprendizagem
a) Métodos de ensino
Método vem do grego, méthodos, que significa caminho para chegar a um fim. Assim, ao abordar métodos de ensino e
de aprendizagem, trata-se de um trajecto para se chegar ao objectivo proposto. No caso específico da educação
escolarizada, o fim último seria a aprendizagem do aluno de maneira eficaz.
Os métodos criam um ambiente integrador em que todos participam da aula e se envolvem, tornando a aula interactiva.
b) Meios de Ensino e aprendizagem
Os meios de ensino, também conhecidos como médios ou recursos de ensino. Estes jogam um papel preponderante na
condução do processo de ensino-aprendizagem, independentemente do nível escolar e da área de conhecimento. Estes
podem ser definidos como:
Na óptica de PILETTI (1997), os métodos como: componentes do ambiente da aprendizagem que dão origem à
estimulação para o aluno.
Para LIBÂNEO (1994 pág.173) meios de ensino são “materiais utilizados para a organização e condução metódica do
processo de ensino pelo professor e pelos alunos. São todos os recursos pedagógicos que combinados com os métodos
permitem ao professor e aos alunos alcançar objectivos da aula de uma forma metódica, efectiva e racional”.
Os meios de ensino tem como meta tornar a aprendizagem mais significativa para o aluno através de factos, através da
uma suposta “realidade” criada para facilitar esse processo, pois como defende AUSUBEL na sua Teoria de
Aprendizagem Significativa, “…a aprendizagem do aluno precisa fazer algum sentido para si, e nesse processo, a
informação deverá interagir e ancorar-se nos conceitos relevantes já existentes na estrutura do aluno.’’ E acrescenta
como uma das condições indispensáveis: ‘’O material didáctico desenvolvido, que deve ser, sobretudo, significativo
para o aluno”.
a) Os meios de ensino desde o ponto de vista psicológico
No psicológico, os meios de ensino encontram uma ampla justificativa no processo de ensino. As funções emocionais
destes na criação de motivações são tão elevadas, que inclusive se valorizam muito acima de sua capacidade
comunicativa e pedagógica.
Na aprendizagem humana, a maior inter-relação com o mundo exterior está dada através do órgão visual. Por isso o
emprego dos meios de ensino e em especial dos meios visuais facilita o óptimo aproveitamento dos mecanismos
sensoriais. Aliás, quanto maior número de sentidos forem envolvidos na aprendizagem, mais eficaz ela se torna. Os
meios de ensino criam interesses pelo conhecimento desde que se mostram aplicações das leis e funções estudadas na
classe à vida social e científica e sua influência para o indivíduo.
b) Os meios de ensino desde o ponto de vista pedagógico
Os pedagogos definem os meios de ensino de muitas maneiras, de acordo com suas funções pedagógicas.
O primeiro pedagogo que fez referência de forma aberta à necessidade dos meios no processo de ensino foi Comenius,
que em seu 8º vol. Fundamento, na Obra “Didáctica Magna”, expressava:

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“... Para aprender tudo com maior facilidade devem ser utilizado quantos mais sentidos se
possam, por exemplo: Devem ir juntos sempre, o ouvido com a vista e a língua com a mão.
Não somente recitando o que deva ser sabido para que o recolham os ouvidos, senão o
desenhando também para que se imprima na imaginação por médio dos olhos. Quando
aprendam saibam expressar com a língua e representar com a mão, de maneira que não deixe
nada sem que impressione suficientemente os ouvidos, olhos, entendimento e memória
”. (COMENIUS, J. A . : 1983, pág.124).
c) Os meios de ensino desde o ponto de vista Filosófico
O papel da actividade prática no processo do conhecimento pode ser explicado também à luz das teorias Pavlovianas
que diz:
A grande quantidade de reacções nervosas durante as actividades práticas deixam no cérebro, especialmente o
“aparelho motor” (PAVLOV) seus “rastros”.
Os meios de ensino, do ponto de vista fisiológico, permitem ao aluno treinar, praticar as teorias orientadas no processo
de Ensino-Aprendizagem, e com isso ganhar habilidades e adquirir não somente conhecimento no sentido teórico, mas
também prático.
c) Objectivos dos Meios / recursos de Ensino e Aprendizagem
São os seguintes Objectivos dos Meios de Ensino e Aprendizagem:
 Facilitar o processo de Ensino-Aprendizagem;
 Tornar que os objectivos preconizados sejam alcançados;
 Aproximar os alunos a realidade da vida a partir da abstracção para a concretização.
Exercícios de Consolidação
1- Os meios de ensino tem como meta tornar a aprendizagem mais significativa para o aluno através de factos,
através da uma suposta “realidade” criada para facilitar esse processo, pois como defende AUSUBEL na
sua Teoria de Aprendizagem Significativa.
De acordo com o postulado 1 desenvolva o teor a cima referenciado se perder de vista comoutras abordagenspor si
estudadas.

7. CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS E MEIOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM


7.1. Métodos de ensino e aprendizagem
“Os métodos de ensino são as acções do professor pelas quais se organizam as actividades de ensino e dos alunos para
atingir objectivos do trabalho docente em relação a um conteúdo específico” (LIBANÊO, 2013, pág. 167).
O professor ao dirigir e estimular o processo de ensino em função da aprendizagem dos alunos, utiliza
intencionalmente um conjunto de acções, passos, condições externas e procedimentos, chamados de método de ensino.
No trabalho docente, o professor selecciona e organiza vários métodos de ensino e vários procedimentos didácticos em
função das características de cada matéria.No processo de ensino os métodos são considerados em estreita relação com
os métodos de aprendizagem.
Na visão de NÉRICE (1987), “a metodologia do ensino inclui método e técnicas de ensino, cuja diferenciação não é
muito clara. Pode-se dizer que o método efectiva-se por meio de técnicas de ensino que são utilizadas para alcançar os
objectivos por ele instituídos”.
Desta forma, NÉRICE (1987, pág. 285) “define método de ensino como um “conjunto de
procedimentos lógica e psicologicamente ordenados” utilizados pelo professor a fim de “levar
o educando a elaborar conhecimentos, adquirir técnicas ou habilidades e a incorporar atitudes
e ideais”. Já as técnicas de ensino são “destinadas a dirigir a aprendizagem do educando,
porém, num sector limitado, particular, no estudo de um assunto, ou num sector particular de
um método de ensino”, portanto, o método de ensino é mais amplo que a técnica”.
De entre vários métodos de ensino importa destacar a seguinte classificação dos métodos de ensino:
 Método de Exposição Pelo Professor Demonstração
O professor utiliza instrumentos que possam representar fenómenos e processos, que podem ser, por exemplo: visitas
técnicas, projecção de slides. Ilustração: são utilizadas pelo professor, tal como na demonstração, a apresentação de
gráficos, sequências históricas, mapas, gravuras, de forma que os alunos desenvolvam sua capacidade de concentração
e de observação. Exemplificação: é um meio de auxiliar a exposição verbal.
 Método de Trabalho independente
É uma técnica de ensino que consiste de tarefas dirigidas e orientadas pelo professor, para que os alunos as resolvam
de modo individual e criativo. É preciso que os alunos já possuam determinados conhecimentos, compreendam a
ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 44
tarefa e seu objectivo, dominem o método de solução, apliquem conhecimentos e habilidades sem a orientação directa
do professor.
 Método de Trabalho independente
As tarefas de assimilação são exercícios de aprofundamento e aplicação dos temas já tratados. Elas servem para
revisar conhecimentos e assimilar a solução correta. As tarefas de elaboração pessoal são exercícios nos quais os
alunos produzem respostas surgidas do seu próprio pensamento.
Para solicitar esse tipo de tarefa é preciso fazer perguntas que leve o aluno a pensar: para que serve...?, o que devemos
fazer quando...?, o que aconteceria se...?.
Para que o trabalho independente cumpra a sua função didáctica o professor precisa: Dar tarefas claras; Assegurar
condições de trabalho; Acompanhar o trabalho; Aproveitar o resultado das tarefas para toda a classe.
Os alunos, por sua vez, devem:- Saber o que fazer e como trabalhar;- Dominar as técnicas de trabalho;- Desenvolver
atitudes de ajuda mútua.
 Método de Elaboração ConjuntaInteracção entre alunos e professor.
É a conversação, aula dialogada, com elaboração de perguntas que leve os alunos a reflexão. A forma mais usual de
aplicação da conversação didáctica é a pergunta. A pergunta deve ser feita com bastante cuidado, para que seja
compreendida pelo aluno da pergunta.
Esse método é reconhecido como um excelente procedimento para promover a assimilação activa dos conteúdos,
desenvolvendo actividade mental, através da obtenção de respostas pensadas sobre a causa de determinados
fenómenos, avaliação crítica de uma situação, busca de novos caminhos para soluções de problemas.
 Método de Trabalho em Grupo
Actividade colectiva que visa à integração e a colaboração dos alunos e/ou equipe para a execução de uma tarefa ou
projecto. O professor precisa ter claro para trabalhar em grupo: Objectivos Que os conteúdos são meios e não os fins
para o desenvolvimento de competências, necessárias na resolução de problemas.
O professor deve deixar claro para a classe os critérios de agrupamentos, para que não encontre resistência na
organização dos grupos, não decorrendo assim em equívocos didácticos.
7.2. Meios de ensino e aprendizagem
GONZÁLEZ CASTRO define os Meios de Ensino como: “ Todos os componentes do processo docente educativo que
atua como suporte material dos métodos (instrutivos ou educativos) com o propósito de conseguir os objectivos
propostos ” (1986, pág. 48).
Neste contexto, “recursos didácticos são materiais utilizados pelo professor para auxiliar o ensino e a aprendizagem de
seus alunos em relação ao conteúdo proposto. Deve servir como motivação aos mesmos, predispor maior interesse
pelo conteúdo ministrado e facilitar a compreensão do conteúdo proposto” (SOUZA, 2007).
Os autores COSTOLDI e POLINARSKI (2009), “afirmam que os mesmos são de fundamental importância no
processo de desenvolvimento cognitivo do aluno e deve ter o poder de aproximar o aluno do conteúdo ministrado,
facilitando assim sua efectiva fixação”.
Dentre os diversos tipos de recursos didácticos a serem utilizados pode-se citar quadro e giz, livros, artigos, trabalhos
académicos, apostilas, softwares, apresentações em Power Point, músicas, filmes, exercícios físicos, ilustrações, CDs,
DVDs, passeios, brincadeiras, construção de maquetes e muitos outros (FERREIRA, 2007).
a) Classificação dos Meios de Ensino
A classificação dos meios de ensino, é bastante ampla, pode variar segundo as circunstâncias, segundo os objectivos e
experiencias, ora vejamos:
WILBUR SCHRAMN, (1980. pág.15), agrupa- os em etapas geracionais, segundo foram aparecendo no contexto
docente. Classificando -os como:
 Médios de Ensino da primeira geração – não precisam máquinas nem dispositivos electrónicos;
 Médios de Ensino de segunda geração – produto de aparecimento da máquina de reproduzir manuscritos, a
imprensa, o que fez possível a universalização da através de manuais, livros de classe, testem, impressos;
 Médios de Ensino da terceira geração – fizeram possível uma nova forma de comunicação em massa a base
de imagens e sons;
 Médios de Ensino de quarta geração – distinguem- se dos anteriores os homens e a máquina.

8. ESTRATÉGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM CENTRADAS NO ALUNO


8.1. O Conceito de Estratégia
Já na introdução de seu livro, BORDENAVE e PEREIRA (1998) consideram “estratégias de ensino” como sendo um
caminho escolhido ou criado pelo professor para direccionar o aluno, pautado numa teorização a ser aplicada na sua
prática educativa. Partindo desse pressuposto, MASETTO (2003) amplia o conceito de “estratégia de ensino e

ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 45


aprendizagem, considerando-as como os meios utilizados pelo professor para facilitar o processo de aprendizagem dos
alunos”.
Nesta definição, entram a organização do espaço utilizado enquanto sala de aula, os materiais necessários, os recursos
audiovisuais, as visitas técnicas, os estudos de casos, as discussões em grupos, o uso da Internet e de programas
educacionais para computadores, dentre inúmerasoutras opções.
Compreende-se, então, que as estratégias e técnicas são recursos que podem agregar valores nos processos de ensino e
aprendizagem e que só terão importância se estiverem ligados directamente aos objectivos pretendidos.
Assim, em relação à escolha de estratégias de ensino e aprendizagem, MASETTO (2003) sintetiza em três pontos, a
serem considerados pelo professor, para que este possa alcançar seus objectivos:
 Utilizar estratégias adequadas para cada objectivo pretendido;
 Dispor de estratégias adequadas para cada grupo de alunos, ou para cada turma ou classe;
 Variá-las no decorrer do curso.
Em geral, as estratégias mais adequadas são as que ajudam o professor e o aluno a alcançarem os objectivos propostos.
É possível afirmar, então, que o ponto central, na escolha de uma estratégia, é o conhecimento dos objectivos que se
deseja alcançar.
8.2. Aprendizagem centrada no aluno
Aprendizagem centrada é um termo muito utilizado hoje em dia, para explicar uma prática de psicoterapia baseada na
nas teorias humanísticas de CARL ROGERS. Este estudo visa indicar aspectos que transformam as práticas de ensino
em um processo de aprendizagem significativa, onde prevê novas perspectivas para a construção de um ensino
qualificado para cada aprendiz.
De acordo com web sitehttps://canaldoensino.com.br/blog/aprendizagem-centrada-no-aluno-o-que-e-e-quais-sao-as-
suas-vantagens “a aprendizagem centrada no aluno baseia-se em uma complexa percepção do aprendiz em vários
aspectos de sua vida na formação de sua personalidade, com isto fica muito evidente de que maneira este indivíduo
absorve conhecimento e também o porque de determinadas dificuldades de aprendizado. Em outras palavras, o
aprendiz é induzido ao aprender a aprender”.
A teoria de CARL ROGERS incita a repensar o modelo de ensino adoptado nas escolas convencionais que conta com
uma hierarquia que regula a aprendizagem sem se dar conta nos aspectos mais importantes no processo de
aprendizagem: o indivíduo aprendiz. O modo visto nas escolas tradicionais parece obedecer um padrão de
aprendizagem que preparam pessoas a servirem as expectativas sociais ao invés de desenvolverem seus próprios
talentos, para que estejam realmente preparados para servir a sociedade de maneira plena.
Então, o papel do facilitador (seria) sensibilizar-se com os aspectos pessoais que proporcionaram a formação de cada
indivíduo e, com isto, empreender o conhecimento para sua aprendizagem de maneira que seja melhor e mais
facilmente absorvida por ele. O aluno por sua vez, simboliza além de um estudante, um ser humano com uma história
de vida formada por um conjunto de sentimentos, interesses, conquistas, fracassos aos quais são determinantes para a
construção de sua personalidade. Já a instituição de ensino representa um conjunto de regras que garantem assistência
ao educacionismo liberal, ou seja, oferece indivíduos preparados para servir a sociedade e garante a educação da
geração vigente.
8.2.1. Vantagens da aplicação da metodologia de CARL ROGERS
As grandes vantagens da aplicação da metodologia de CARL ROGERS de aprendizagem centrada sobre o aluno são:
 Facilitar a aprendizagem do aluno, enfatizando seus verdadeiros potenciais e o levando a alcançar a
aprendizagem levando em consideração aspectos positivos e negativos de seu próprio sistema mental de
aprendizagem;
 Aproximação do professor aos seus alunos, o que facilita também a flexibilidade do profissional com o
aprendiz;
 A aprendizagem significante é absorvida de maneira mais intensa, porque recebe relação simbólica e
penetrante tanto para o educando quanto para o professor;
 A melhoria das relações interpessoais é um importante diferencial na aprendizagem centrada no aluno, pois
promove compreensão empática do conteúdo além de entendimento e sensibilidade sobre os aspecto de
formação de cada indivíduo aprendiz.
CARL ROGERS contribui para o universo da educação com sua sensibilidade de pensamento onde cada indivíduo
emana uma importância, aprendendo e ensinando uns aos outros. Desta forma o sistema educacional torna-se um local
onde a complexidade é compreendida e os processos de ensino transformam estudantes em agentes multiplicadores de
conhecimento que auxiliam nas demandas sociais trazendo como principal instrumento as perspectivas ideológicas.
Exercícios de Consolidação
1- O que a teoria de CARL ROGERS estimula âmbito de ensino?

ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 46


2- Explicite como as vantagens da aplicação da metodologia de CARL ROGERS pode ser apresentada e de exemplos
de acordo com a sua análise.

9. ESTRATÉGIAS, MÉTODOS E MEIOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM


BORDENAVE e PEREIRA (1998) consideram “estratégias de ensino” como sendo um caminho escolhido ou criado
pelo professor para direccionar o aluno, pautado numa teorização a ser aplicada na sua prática educativa”.
Partindo desse pressuposto, MASETTO (2003) “amplia o conceito de estratégia de ensino e aprendizagem,
considerando-as como os meios utilizados pelo professor para facilitar o processo de aprendizagem dos alunos”.
9.2. Estratégias de Ensino e aprendizagem
Em relação à escolha de estratégias de ensino e aprendizagem, MASETTO (2003) sintetiza em três pontos, a serem
considerados pelo professor, para que este possa alcançar seus objectivos:
 Utilizar estratégias adequadas para cada objectivo pretendido;
 Dispor de estratégias adequadas para cada grupo de alunos, ou para cada turma ou classe;
 Variá-las no decorrer do curso.
9.2.1. Exemplos de estratégias de ensino-aprendizagem
Entre as diferentes estratégias de ensino-aprendizagem, podemos citar:
 Aula expositiva e dialogada: o professor explica seu conteúdo de modo a garantir a participação activa dos
alunos. Nessa estratégia, os alunos são questionados e estimulados a discutir a respeito do tema da aula,
citando, por exemplo, casos que tenham vivenciado;
 Estudo de caso: o professor e os alunos analisam criteriosamente uma situação real ou não e tentam encontrar
a solução para o problema apresentado;
 Aulas práticas: permitem que os alunos visualizem estruturas e fenómenos conhecidos, muitas vezes,
somente na teoria. Essas aulas funcionam, portanto, como uma forma de vivenciar um conhecimento teórico;
 Aulas lúdicas: consiste na utilização de brincadeiras e jogos para fixar o conteúdo. Nessas aulas, observam-se
momentos de descontracção e felicidade, os quais aliviam a tensão e favorecem o aprendizado;
 Seminários: os alunos são divididos em grupos, que deverão apresentar trabalhos sobre um determinado tema.
O professor, nesse contexto, atua na orientação de como a pesquisa poderá ser realizada e na organização do
ambiente escolar para a apresentação dos seminários.
9.3. Métodos e meios de ensino e aprendizagem
a) Métodos de ensino
Método vem do grego, méthodos, que significa caminho para chegar a um fim. Assim, ao abordar métodos de ensino e
de aprendizagem, trata-se de um trajecto para se chegar ao objectivo proposto. No caso específico da educação
escolarizada, o fim último seria a aprendizagem do aluno de maneira eficaz.
Os métodos criam um ambiente integrador em que todos participam da aula e se envolvem, tornando a aula interactiva.
b) Meios de Ensino e aprendizagem
Para LIBÂNEO (1994 pág.173) meios de ensino são “materiais utilizados para a organização e condução metódica do
processo de ensino pelo professor e pelos alunos. São todos os recursos pedagógicos que combinados com os métodos
permitem ao professor e aos alunos alcançar objectivos da aula de uma forma metódica, efectiva e racional”.
c) Os meios de ensino desde o ponto de vista psicológico
No psicológico, os meios de ensino encontram uma ampla justificativa no processo de ensino. As funções emocionais
destes na criação de motivações são tão elevadas, que inclusive se valorizam muito acima de sua capacidade
comunicativa e pedagógica.
9.4. Objectivos dos Meios / recursos de Ensino e Aprendizagem
São os seguintes objectivos dos Meios de Ensino e Aprendizagem:
 Facilitar o processo de Ensino-Aprendizagem;
 Tornar que os objectivos preconizados sejam alcançados;
 Aproximar os alunos a realidade da vida a partir da abstracção para a concretização.
Exercícios de Consolidação
1- Estratégias de ensino como sendo um caminho escolhido ou criado pelo professor para direccionar o aluno,
pautado numa teorização a ser aplicada na sua prática educativa.
a) Utilizando seu comentário fale meios de Ensino e aprendizagem .

10. CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS E MEIOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM

ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 47


a) Os métodos de ensino
Os métodos de ensino são as formas através das quais os professores irão trabalhar os diversos conteúdos com a
finalidade de atingirem os objectivos propostos. Compreende as estratégias e procedimentos adoptados no ensino por
professores e alunos. Ou
O método de ensino é a categoria mais dinâmica do processo de ensino-aprendizagem, já que é determinado por
objectivos que mudam em função do dinamismo da realidade Sócio-Cultural em que o processo está inserido. Além
disso, o método de ensino trabalha com conteúdos que, pelo mesmo motivo, também sofrem permanente revisão.
Os métodos se caracterizam por acções conscientes, planejadas e controladas, e visam atingir, além dos objectivos
gerais e específicos propostos, algum nível de generalização.
A definição de método de ensino acima colocada compreende o método em suas duas dimensões: como plano ideal de
acção, a ser executado por professores e alunos no processo de ensino-aprendizagem, e como as próprias actividades
efectivamente desenvolvidas por professores e alunos para atingir os objectivos propostos. Estas duas dimensões
geralmente não são coincidentes numa avaliação final do processo, mas revelam-se etapas inseparáveis de um mesmo
sistema.
O método depende dos meios de ensino disponíveis em seu contexto educativo e, principalmente, das características
gerais da clientela a que se dirige (número de alunos, sua idade, seu nível de desenvolvimento prévio, o estrato sócio-
cultural a que pertencem, sexo, entre outros). Considerando tudo isso, os métodos de ensino, por mais que alguns deles
tenham obtido êxito comprovado em algumas situações, não podem ser nunca encarados como respostas definitivas
para os mais sérios problemas educacionais, como modelos estandardiza dos de longo alcance. Há que se ter muito
cuidado com as generalizações em um campo que sofre a influência de tantas e tão complexas variáveis.
De acordo com o web site https://pt.slideshare.net/MarioCezarAmorim/mtodos-de-ensino-31011112 os métodos são
determinados pela relação objectivo-conteúdo, e referem-se aos meios para alcançar objectivos gerais e específicos
do ensino, ou seja, ao “como” do processo de ensino, englobando as acções a serem realizadas pelo professor e pelos
alunos para atingir os objectivos e conteúdos. Temos assim as características dos métodos de ensino: estão
orientados para os objectivos; implicam uma sucessão planejada e sistematizada de acções, tanto do professor quanto
dos alunos; requerem a utilização de meios (recursos didácticos).
10.2. Classificação dos Métodos de Ensino
Há muitas classificações de métodos de ensino, conforme os critérios de cada autor. Dentro da concepção de processo
de ensino abordada, os métodos de ensino são considerados em estreita relação com os métodos de aprendizagem (ou
métodos de assimilação activa); ou seja, os métodos de ensino fazem parte do papel de direcção do processo de ensino
por parte do professor tendo em vista a aprendizagem dos alunos. Nesse sentido, o critério de classificação dos
métodos de ensino resulta da relação existente entre ensino e aprendizagem, concretizada pelas actividades do
professor e alunos no processo de ensino.
10.3. Tipos de Métodos de Ensino
 Método de Exposição pelo professor Exposição verbal, demonstração, ilustração, exemplificação, etc.;
 Método de Trabalho Independente; Estudo dirigido, investigação e solução de problemas, etc.;
 Método de Elaboração Conjunta Conversação didáctica (perguntas);
 Método de Trabalho em Grupo Debate, Tempestade Mental, Seminário, etc.;
 Actividades Especiais Estudo do meio, actividades práticas, etc.
10.3.1. Particularidade do Método expositivo
Este método, também designado de dedutivo, é o método segundo o qual o professor apresenta conceitos, princípios,
deduções ou afirmações a partir dos quais se tiram conclusões ou consequências. Quase sempre é o professor a tirar as
conclusões mas podem ser os alunos.
A centralidade do ensino está no professor e as aulas seguem uma estrutura de degraus, em que cada degrau é iniciado
pelo professor que disponibiliza informação e coloca questões. O aluno responde e o professor dá feedback. O
professor controla o desenvolvimento da aprendizagem por ciclos de iniciação-resposta e avaliação.
10.3.2. Limitações do método expositivo
Este método, como qualquer método, não é panaceia para todas as aprendizagens que o aluno deve realizar.
Segundo alguns autores, este método pode limitar a oportunidade dos alunos construírem as suas experiências e
monitorarem as suas aprendizagens.
Quando o objectivo do currículo ou de uma unidade didáctica é desenvolver no aluno competências de resolução de
problemas o método expositivo pode ser considerado desadequado pois é centrado no professor, restringindo a
exploração de alternativas de resolução por parte dos alunos.

11. RELAÇÃO MÉTODOS-MEIOS NO INTERIOR DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM


ESCTP - Introdução a Psicologia e Pedagogia - 2024 Pá gina 48
Meios e métodos de ensino, no interior do processo de ensino-aprendizagem, comportam-se de forma absolutamente
determinada pelos objectivos e conteúdos, como já se disse anteriormente.
Os meios exercem grande influência sobre os métodos, o que, em boa medida, é extremamente salutar. Os métodos
devem adequar-se permanentemente ao desenvolvimento tecnológico de sua época e de seu lugar, para estarem sempre
propondo formas motivadoras de ensino, propiciando o acesso do aluno aos mais eficazes instrumentos informativos,
formativos e avaliativos que a sociedade dispõe, para fomentar actividades das mais distintas naturezas e variados
níveis de complexidade aos seus alunos. Porém, é preciso ressaltar que não existe nenhum meio de ensino que possa
ser utilizado com êxito sem que se submeta a um método prévio que venha a se responsabilizar pelo estabelecimento
das estratégias e procedimentos segundo os quais se fará efectivamente o uso dos meios ao longo do processo de
ensino-aprendizagem.
Especialmente após o advento das novas tecnologias da informação e comunicação, recursos áudio visuais mais
modernos, computadores, softwares educacionais, redes telemáticas, equipamentos multimídia, etc., os meios parecem
ter adquirido alguma autonomia perante os métodos. Com isso, ultrapassaram o limite de sua esfera de actuação e
comprometeram a concepção sistémica e dinâmica do processo de ensino-aprendizagem.
11.2. Meios de Ensino (Recursos Didácticos)
Todos os meios e recursos materiais utilizados pelo professor e pelos alunos para a organização e condução metódica
do processo de ensino e aprendizagem. Equipamentos são meios de ensino gerais, necessários para todas as matérias,
cuja relação com o ensino é indirecta. Os professores precisam dominar, com segurança, esses meios auxiliares de
ensino, conhecendo-os e aprendendo a utilizá-los. O momento didáctico mais adequado de utilizá-los vai depender do
trabalho docente prático, no qual se adquirirá o efectivo traquejo na manipulação do material didáctico.
Exercícios de Consolidação
 Os métodos são determinados pela relação objectivo-conteúdo, e referem-se aos meios para alcançar objectivos
gerais e específicos do ensino.
a)Em que o processo de ensino engloba?
b)O que são recursos didácticos?

12. FUNÇÕES DIDÁCTICAS COMO DIFERENTES MOMENTOS DA AULA


12.2. Conceito de funções didácticas
Funções didácticas são etapas que ocorrem no processo de ensino aprendizagem. Estas funções estão estruturadas e
sistematizadas.
Segundo PILLETI (1991) “as funções didácticas são orientações para o professor dirigir o processo completo de
aprendizagem e de aquisição de diferentes qualidades”.
Cada fase ou passo da aula corresponde a uma só função didáctica dominante, embora nesta mesma fase se regista o
envolvimento das restantes, com o fim elas assegurarem a eficiência da assimilação da matéria.
12.3. Principais funções didácticas
Segundo LIBÂNEO (2006) as principais funções didácticas são: Introdução e Motivação, Mediação e Assimilação,
Domínio e Consolidação e Controle e Avaliação. Geralmente uma função didáctica abre o caminho para efectivação
da outra e que o sucesso de uma possibilita o sucesso da outra…reflecte as relações especificas de cada função
didáctica com a outra de maneira recíproca.
 Introdução e Motivação
Num contexto geral, introdução significa acto ou efeito de introduzir, prefácio, início de uma certa actividade, obra ou
prática e a motivação é o acto de motivar, acção dos factores que determinam a conduta.
Introdução e Motivação decorrem normalmente no princípio de uma aula. Esta desempenha grande papel para o
sucesso da aprendizagem dos alunos. Tem em vista preparar o aluno para o início da aula e sua fase seguinte.
Esta preparação tem 3 objectivos fundamentais:
a) Criar disposição e ambiente favoráveis aos alunos, que possam assegurar o bom discurso da aprendizagem;
b) Consolidar o nível inicial e orientar o aluno para novo conteúdo;
c) Motivar permanentemente com o fim de manter o interesse e a atenção dos alunos através de avaliação de
estímulos.
Segundo LEBANEO (1994) “Introdução, é a parte da entrada da aula que conduz ao aluno para estratégia de
desenvolvimento, faz apresentação do tema, apresentação da questão chave, apresenta a problemática de forma
resumida”.
“A Motivação consiste em apresentar a alguém estímulos e incentivos que lhe favoreçam determinado tipo de conduta.
Consiste em oferecer ao aluno os estímulos e incentivos apropriados para tornar a aprendizagem mais eficaz”
(PILETTI, 2007).
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Olhando para esta abordagem, pode-se concluir que a motivação tem dois campos nomeadamente:
a) Campo psicológico (em que ela é o processo que se desenvolve no interior do individuo e o impulsiona a agir
mental ou fisicamente em função de algo);
b) Campo didáctico (em que a motivação é o processo de incentivo destinado a desencadear impulsos no
interior do individuo, afim de predispô-lo na participação das actividades.
 Mediação e Assimilação
Nesta etapa ou Função Didáctica, se realiza a percepção dos objectos e fenómenos ligados ao tem, a formação de
conceitos, imaginação e de raciocínio dos alunos.
No contexto didáctico, mediação é um processo pelo qual o professor dirige o processo de ensino aprendizagem em
que são necessários elementos como:
O professor, aluno, conteúdo, material didáctico, métodos e fins a atingir.
Segundo PILLET (1991) “mediação é acção concreta do PEA em que o professor passa os conteúdos e envolve
dialogo e no fim faz a síntese.
A função do professor consiste em o processo de construção de conhecimentos e na mediação, prevalecem as formas
de estruturação e organização didáctica dos conteúdos”.
Neste processo a figura do professor como transmissor de conhecimentos desaparece, para dar lugar a figura de
mediador, facilitador ou orientador e tal mediação actualmente deve ser diferente, expondo cada vez mais alunos antes
de objectos e receptores passivos, concebendo-os como sujeitos da sua própria aprendizagem para alem de ter
conhecimentos para ter conhecimentos da própria aula.
Transmissão (mediação) ______assimilação activa
Professor (mediador)_______aluno (sujeito)
 Domínio e Consolidação
….O domínio e consolidação é o momento da aula em que se realizam acções com a finalidade de sistematizar,
reflectir e aplicar (PILLET:1991).
Nesta etapa, pretende-se conseguir o aprimoramento do já (não) novo saber nos alunos, para isso o professor deve criar
condições de retenção e compreensão das matérias através de exercícios e actividades práticas para solidificar a
compreensão.
Através da repetição, o professor deve:
a) Reafirmar os conhecimentos e capacidades fundamentais;
b) Controlar o nível de situação inicial dos alunos;
c) Obter uma base para avaliar a cada aluno ou todo o grupo.
A aplicação constitui o centro do PEA e é a etapa superior do aumento e desenvolvimento de capacidades através da
resolução de problemas e tarefas em situações análogas e novas.
 Controle e Avaliação
O controle e avaliação, acompanham todo o PEA e forma ao mesmo tempo conclusão das unidades do ensino.
Segundo LIBÂNEO (1994) para o professor poder dirigir efectivamente o P.E.A. deve conhecer permanentemente o
grau das dificuldades dos alunos na compreensão da matéria.
Este controle vai consistir também em acompanhar o PEA avaliando-se as actividades do professor e do aluno em
função dos objectivos definidos.
A avaliação, como parte integrante do PEA, é uma actividade contínua de pesquisa que visa verificar até que ponto os
objectivos definidos no programa estão sendo alcançados de modo a se decidir sobre alternativas do trabalho do
formador, do formando ou da escola como um todo.
Segundo PILLETI (1991), denomina-se de avaliação ao conjunto de instrumentos com a finalidade de medir o grau de
alcance de objectivos na vertente do professor e do aluno.
Exercícios de Consolidação
1- Em quantos campos se divide a motivação?
2-Segundo PILLET (1991) Mediação é acção concreta do PEA em que o professor passa os conteúdos e envolve
diálogo e no fim faz a síntese.
a) Qual é figura do professor na Mediação e Assimilação?
b) Qual é a ultima função didáctica numa aula?

13. O PLANO DE AULA

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Para MORETTO (2007), planejar ou Planear é organizar acções. Essa é uma definição simples mas que mostra uma
dimensão da importância do ato de planejar, uma vez que o panejamento deve existir para facilitar o trabalho tanto
do professor como do aluno.
a) Plano de Aula é a sequência de tudo o que vai ser desenvolvido em um dia lectivo. (...) É a sistematização de
todas as actividades que se desenvolvem no período de tempo em que o professor e o aluno interagem, numa
dinâmica de ensino-aprendizagem (PILETTI, 2001).
b) Plano de Ensino é a previsão dos objectivos e tarefas do trabalho docente para um ano ou um semestre; é um
documento mais elaborado, no qual aparecem objectivos específicos, conteúdos e desenvolvimento
metodológico (LIBÂNEO, 1994).
c) Panejamento de Ensino é o processo de decisão sobre actuação concreta dos professores, no quotidiano de
seu trabalho pedagógico, envolvendo as acções e situações, em constantes interacções entre professor e
alunos e entre os próprios alunos (PADILHA, 2001).
No nosso entender, Plano de aula é um utensílio de serviço do professor, nele o docente especifica o que será
realizado dentro da sala, procurando com isso aprimorar a sua prática pedagógica bem como melhorar o aprendizado
dos alunos.
O plano de aula funciona como um instrumento no qual o professor aborda de forma detalhada as actividades que
pretende executar dentro da sala de aula, assim como a relação dos meios que ele utilizará para realização das
mesmas.
De maneira bem sintetizada pode-se dizer que o plano de aula é uma previsão de tudo o que será feito dentro de
classe em um período determinado.

13.2. O objectivo principal do Plano de aulas


É importante lembrar ao professor que a elaboração de um plano de aula não o isenta de preparar as aulas a serem
ministradas, pelo contrário, ele deve sempre preparar uma boa aula, apresentando um esquema e uma sequência lógica
dos temas trabalhados.
Um plano de aula tem como principal objectivo fazer a distribuição do conteúdo programático que será trabalhado
durante o ano, o semestre, o trimestre, etc. e nele ainda deverá constar o número de aula e o tempo necessário para
cada assunto abordado dentro da disciplina.
É importante ressaltar que o plano de aula deve ser encarado como uma necessidade e não como exigência ou
obrigação imposta pela coordenação da Escola.
Apesar de ser uma ferramenta que descreve detalhadamente os elementos necessários para o desenvolvimento do
processo ensino-aprendizagem, o professor não deve ficar escravo dela, ou seja, ele pode se afastar do plano de aula
sempre que os alunos tiverem necessidade, por exemplo, se o professor de física está leccionando a matéria de
calorimetria que estava elaborada no plano de aula e sente a necessidade de fazer uma demonstração experimental para
melhor fixação de conteúdo dos alunos, ele pode fazer sem medo, pois nem sempre é possível seguir à risca o plano.
13.3. Características de um Plano de Aulas
O plano de aula é caracterizado pela descrição específica de tudo que o professor realizará em classe durante as aulas
de um período específico. Na sua elaboração alguns pontos são muito importantes como:
 Dados de identificação do professor e da escola;
 Os objectivos a serem alcançados com as aulas que serão ministradas;
 Conteúdo que será ministrado em cada aula, o qual deve seguir uma linha cronológica do processo de
aprendizagem;
 Os procedimentos utilizados para aprendizagem dos alunos, ou seja, são as fases da aprendizagem;
 Os recursos que serão utilizados para alcançar os objectivos;
 As metodologias de avaliação, ou seja, as técnicas avaliativas que o professor utilizará para avaliar o
aprendizado do educando.
MORETTO (2007) acredita que o professor, ao elaborar o plano de aula, deve considerar alguns componentes
fundamentais, tais como:
 Conhecer a sua personalidade enquanto professor;
 Conhecer seus alunos (características psicossociais e cognitivas);
 Conhecer a epistemologia e a metodologia mais adequada às características das disciplinas;
 Conhecer o contexto social de seus alunos.
Conhecer todos os componentes acima possibilita ao professor escolher as estratégias que melhor se encaixam nas
características citadas aumentando as chances de se obter sucesso nas aulas.

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Na elaboração de um plano de aula devem ser considerados vários pontos e critérios que unidos especificam quais os
objectivos finais o professor espera alcançar no decorrer da explicação dos conteúdos. Os critérios que o professor
deve estar atento durante a confecção de seu plano de aula são:
 Adequação dos estímulos;
 Especificação operacional;
 Estrutura flexível;
 Ordenação.
Além de conter esses critérios, o plano de aula deve ser elaborado seguindo as fases da aprendizagem, ou seja, deve
seguir uma linha de ensino-aprendizagem contínua.
São as fases de aprendizagem: apresentação, desenvolvimento e integração.
 Na apresentação o professor prepara a classe para a compreensão de novos conteúdos.
 No desenvolvimento acontece a análise. Nessa etapa acontece o processo de orientação e aprendizagem do
aluno. É nessa etapa que acontece o estudo de um texto, a realização de um experimento, a resolução de
exercícios, etc.
 A integração é a etapa final. Nessa fase o professor faz a verificação dos resultados obtidos pelos alunos na
fase do desenvolvimento.

13.4. Professor x plano de aula


A educação, a escola e o ensino são os grandes meios que o homem busca para poder realizar o seu projecto de vida.
Portanto, cabe à escola e aos professores o dever de planejar a sua acção educativa para construir o seu bem viver .
(MENEGOLLA & SANT’ANNA, 2001).
A citação acima deixa clara a importância tanto da escola como dos professores na formação humana; por este motivo
todas as acções educativas devem ter como perspectiva a construção de uma sociedade consciente de seus direitos e
obrigações, sejam eles individuais ou colectivos.
Infelizmente, apesar do panejamento da acção educativa ser de suma importância, existem professores que são
negligentes na sua prática educativa, improvisando suas actividades. Em consequência, não conseguem alcançar os
objectivos quanto à formação do cidadão.
13.4.1. Planeamento docente: princípios norteadores para a elaboração do Plano de Aula
O planeamento docente é um alicerce que resguarda as funções de organizar, liderar e controlar, tornando-se um
instrumento fundamental para o professor elaborar e planejar seu dia-a-dia escolar através do plano de aulas
(PADILHA, 2001).
Segundo PADILHA (2001), sabe-se que, mesmo para um professor experiente, é impossível
entrar em classe sem antes planejar a aula. É por isso que os profissionais que entendem
bastante de didáctica insistem na ideia de planeamento como algo que requer horário,
discussão, esquematização e certa formalidade. Agindo-se, assim, tem-se uma garantia de que
as aulas vão ganhar qualidade e eficiência.
Tecnicamente, plano de aula é a previsão dos conteúdos e actividades de uma ou de várias aulas que compõem uma
unidade de estudo. Ele trata também de assuntos aparentemente miúdos, como a apresentação da tarefa e o material
que precisa estar à mão (VASCONCELLOS, 1995).
Exercícios de Consolidação
1- Quais são as fases de aprendizagem?
2- O que o professor deve considerar ao elaborar o plano de aula?
3- Qual é o principal objectivo do plano de aulas?
4- Ao elaborar o plano de aula, deve considerar alguns componentes fundamentais. Quais são estes componentes?
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