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B) PSICOLOGIA JUDICIÁRIA
1 - Psicologia e Comunicação: relacionamento interpessoal, relacionamento do
magistrado com a sociedade e a mídia.
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2. Importância do estudo da psicologia jurídica
A psicologia clássica (ou filosófica) era um ramo da psicologia bastante
controvertido. A psicologia clássica confundia-se com a filosofia e sabemos que
a filosofia é o berço de todas as outras ciências; por exemplo, a economia e a
psicologia nasceram da filosofia. Entretanto, a filosofia não é uma ciência, ou
melhor, não é uma ciência nos moldes empíricos modernos com que
concebemos a ciência. Se alargarmos o conceito de ciência e interpretá-la como
ramo do conhecimento, a filosofia também será ciência.
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temas internos. Os fenômenos psíquicos são o conjunto de elementos que
formam de maneira subjetiva a nossa experiência interna.
Essa pessoa é o seu cérebro ou uma mente por trás dele? O que ela é?
Quando a pessoa fala meu cérebro ou minha cabeça, traz a ideia de uma
existência interior, que transcende os aspectos orgânicos e físicos. Assim, existe
um aspecto metafísico da existência, onde os fenômenos psíquicos são o objeto
de estudo da psicologia.
Quando falamos que a psicologia não tem natureza ontológica, no final das
contas, significa que, no fundo, embora tente compreender os comportamentos
que temos e, portanto, as razões, que são os fenômenos psíquicos, ela não quer
saber de questões de natureza ontológica, ou seja, não quer saber sobre a
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essência da atividade física, por exemplo, não quer saber se temos uma alma ou
não, se temos uma consciência que é a nossa alma, se ela se desprende ou não
se desprende – esses elementos são mais religiosos.
Por exemplo, se alguém chega para o psicólogo e fala que tem uma compulsão
por determinada coisa ou que se comporta muito de determinada forma e
precisa parar, o psicólogo behaviorista fará uma investigação histórica sobre a
pessoa para saber quais são as origens daquele comportamento indesejado e
pensará nos estímulos externos para que a pessoa pare com a prática.
Isso tem um forte vínculo com a análise econômica do direito porque pensa o
que o direito tem que fazer para desestimular as pessoas a se comportarem de
dada maneira. A psicologia tem que deitar seus olhos sobre pessoas que
confrontam a lei e pensar o que as leva a tomar atitudes violentas, por exemplo.
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A psicanálise tem por objetivo investigar as razões históricas, muito mais do que
a interação dos estímulos. Já o behaviorismo não o faz, pois traz a ideia de
existem fatos lamentáveis ocorrendo, que devem ser desestimulados. O direito
entra com o behaviorismo pensando no que deve ser feito para reduzir a
criminalidade. Como exemplo, podemos citar os acidentes de trânsito, nos quais
pessoas bebem e dirigem. Diante disso, cabe pensar em como reduzir os
acidentes de trânsito, como fazer com que as pessoas não bebam. O
behaviorismo está menos atento às investigações sobre o porquê de a pessoa
beber do que a cortar o comportamento.
Podemos perguntar o que leva a pessoa a beber e dirigir? Por que ela
faz isso?
Ele quer saber como esse comportamento pode ser mudado? Qual o
desincentivo?
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Por fim, o behaviorismo é uma escola da psicologia que tenta não apenas
estudar, mas definir as mudanças comportamentais a partir de estímulos
externos. O ser humano é visto como um animal social, que pode reagir a
estímulos que aumentam ou diminuem a sua felicidade. Diversos experimentos
da psicologia começaram com o estudo da biologia, por exemplo, o estudo de
chipanzés que alteraram comportamentos a partir de estímulos e desestímulos.
Assim, o ser humano é visto pelo behaviorismo como um animal, que responde
a determinados estímulos.
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conhecimento do extremismo de seu comportamento, percebendo que não tem
nenhuma necessidade de pânico, mas, objetivamente falando, existe algo na
sua mente que está causando isso, ou seja, existe uma transferência ou
deslocamento súbito das suas cargas emotivas e psicológicas.
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A nossa mente é composta de três elementos principais, os nossos instintos,
que são irracionais e inconscientes, pois não sabemos exatamente o que nos faz
agir, como os nossos desejos, os elementos hormonais e as nossas pulsões.
Freud fala muito das pulsões de natureza sexual e, assim, existem elementos do
comportamento humano, da psicologia e do aparato psíquico.
No primeiro grupo, não conseguimos pensar que vamos nos comportar de uma
forma ou de outra, pois, simplesmente, nos comportamos de alguma maneira já
que atuamos irracionalmente por meio de lógica do princípio do prazer. Por
exemplo, uma pessoa ofende ou tem um desejo por alguém de forma instintiva.
No segundo grupo, podemos pensar nas coisas que queremos fazer da vida e
nas coisas que queremos conquistar em razão da nossa experiência e na
educação, fazendo uma lógica racional e utilitarista. Além disso, no terceiro
grupo, o aspecto autopunitivo também influencia o comportamento. Por exemplo,
uma pessoa tem um pensamento instintivo e uma tendência a agir, à luz do
princípio do prazer, de maneira irracional e inconsciente, pensando em
determinado desejo, mas ela reprime esse desejo com base em um aspecto
autopunitivo, que é o superego, fazendo-a pensar nos valores morais, sociais,
éticos e, inclusive, jurídicos. O conjunto desses três fatores (princípio do prazer,
a lógica utilitária e a autopunição) gera o nosso comportamento.
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Nós, seres humanos, conseguimos refletir sobre o nosso comportamento e
possuímos a capacidade de restabelecer equilíbrio. Por exemplo, podemos estar
em uma situação de absoluto desajuste nos grupos de forças, mas podemos nos
recuperar. A ideia da psicanálise e de toda a psicologia parte desse princípio da
autocompensação. Assim, o ser humano pode ser corrigido e se reequilibrar
novamente, evitando comportamentos indesejados.
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A psicologia jurídica é uma ciência não tão antiga, pois nasceu em 1950, ou
seja, o termo “psicologia jurídica” começou em 1950 com significado bastante
amplo pelas mãos de Mira Y Lopez em seu manual de psicologia jurídica e são
criadas, depois, diversas ramificações.
Uma das contribuições de Mira Y Lopez, da qual até hoje existem diversas
citações, é o estudo da estática da personalidade humana, partindo-se da ideia
de que uma pessoa é uma unidade indivisa, devendo ser estudada e
compreendida pela sociedade.
Como podemos raciocinar os elementos concretos que geram
determinados comportamentos?
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De forma que a definição do autor amplia o número de possibilidades de atuação
para a psicologia jurídica.
Sendo assim, podemos questionar, qual seria a tarefa da psicologia jurídica?
Saunier conclui que: “a intervenção judicial tem a ver com um conflito, com um
conflito humano. Este conflito, no terreno do judicial, é um conflito entre o que
deve ser e o que efetivamente é. Se o que deve ser e o que é circulassem no
mesmo sentido, não haveria tal conflito” (SAUNIER, 2002, p. 31-32).
Assim, podemos nos perguntar o que faz uma pessoa chegar ao extremo e
que faz uma pessoa ser extremamente educada? Quais são os fatores
responsáveis pela reação social?
Fatores hereditários
constituição corporal;temperamento;inteligência.
Fatores mistos
caráter.
Fatores adquiridos
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maneira categórica, hoje em dia, é complicado, mas essa é uma construção
clássica. Assim, o caráter seria algo que estaria na fronteira entre o hereditário e
os elementos adquiridos.
Por outro lado, temos como fatores adquiridos a experiência prévia em relação a
situações análogas, por exemplo, alguém vai reagir diante de determinado fato
ou fenômeno levando em consideração o que já sentiu e em momentos
anteriores, ou seja, em uma experiência prévia em situações análogas também
são importantes.
Outro fator adquirido é a constelação e Mira Y Lopez definiu esse termo como a
influência da vivência imediatamente antecedente à conduta vigente. Assim, é
algo próximo da experiência prévia em situações análogas.
Outro ponto também que influencia é o tipo médio de reação social coletiva, que
nos traz como, geralmente, as pessoas reagem a isso, ou seja, é uma coisa que
se aprende também.
Por fim, o modo de percepção da situação é outro fator adquirido e nos traz
como a pessoa interpreta uma situação específica ou fenômeno específico,
como as impressões que a pessoa tem diante de uma situação conflitiva. Com
isso, podemos refletir sobre o sentimento de justiça, por exemplo. Vários
aspectos desse ponto, podem levar uma pessoa a cometer um crime, por
exemplo.
Mira Y Lopez diz que existe um fato concreto (fenômeno) e como alguém vai
reagir a esse fenômeno, depende dos aspectos hereditários, mistos e
adquiridos, como vimos. A constituição corporal, o temperamento e a inteligência
são elementos hereditários. Nos elementos mistos temos o caráter e nos
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elementos adquiridos (exógenos) a experiência prévia em situações análogas, a
constelação (fato imediatamente anterior à experiência prévia), a situação
externa atual (circunstâncias em volta desse fato), por exemplo, se alguém está
em um estádio de futebol, o tipo médio de reação social (como as pessoas,
geralmente, reagem a isso) e, o último ponto, o modo de percepção da situação
(sentimento de justiça, como a pessoa interpretação a reação e o que ela
aprendeu a respeito do tema). Portanto, isso tudo influencia as reações que
podemos ter em relação a determinado ponto.
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do empregado que justifica a punição do assédio moral. Este
é o seu fundamento (BARROS, 2016, p. 602-603).
Quanto ao assédio sexual, o Código Penal (CP), em seu art. 216-A, dispõe
sobre o crime de assédio sexual e penalidade, vejamos:
Assédio moral
Assédio sexual
As duas condutas são ilícitas e, são objeto de estudo também, por terem muitas
ocorrências em ambientes laborais. Enquanto o assédio moral move-se pela
Justiça do Trabalho, o assédio sexual está no âmbito criminal, porém há a
possibilidade de ser visto na Justiça do Trabalho, com fatores indenizatórios.
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O assédio moral requer uma conduta reiterada, ou seja, não consiste em um
único ato, que não exige relação de hierarquia entre vítima e agressor. Por
exemplo, pode haver o assédio moral entre dois empregados de mesma
hierarquia da empresa. Ademais, não é ofertado nenhum tipo de vantagem à
vítima.
Em resumo, esta temática objetiva a neutralização da vítima, sendo bastante
comum na área de trabalho. Com constrangimento e ridicularização, é algo
próximo do bullying, visto no ambiente escolar, palavra esta derivada de bully – o
ofensor.
Por exemplo: Empregador que a todo tempo expõe uma pessoa, com se esta
fosse alguém menor, não levando em consideração suas opiniões,
explicitamente a ofendendo, ainda que de forma indireta, configura assédio
moral, desde que seja de maneira repetida.
Outro ponto importante refere-se à caracterização das condutas que podem ser
manifestadas de forma verbal, escrita, por meio de gestos, comportamentos,
inclusive quando ocorrer por constrangimento, mesmo quando o direcionamento
à vítima não vier carregado de ofensas ou gozações.
Mista – é a modalidade considerada como uma das mais agressivas, por se
tratar da junção das modalidades vertical e horizontal, que ocorre quando a
vítima sofre ataques de seu superior hierárquico e simultaneamente de seu
colega do mesmo nível hierárquico.
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Para caracterizar o assédio sexual, basta uma única conduta. Outrossim, este
exige a superioridade hierárquica; a título de exemplo, chefe e estagiária ou um
juiz e um assessor.
Objetivando o domínio sobre o corpo da vítima, o assédio sexual tem uma
grande conotação de poder. Segundo psicólogos, o sexo relaciona-se com
poder. Geralmente, é associado a uma chantagem ou suposto benefício do
agressor à vítima.
Exemplo: Determinado professor ao perceber que o que diz ao aluno fulano
está com nota 1, informa ao aluno que dará nota 9, caso haja favorecimento
sexual. Neste caso percebemos que houve assédio sexual, que esta ação
configura crime.
Quanto ao caso de assédio moral, poderá ou não configurar crime a depender
da circunstância, podendo ser injúria, crime contra a honra, constrangimento
ilegal, dentre outros.
O saudoso professor Luiz Flávio Gomes define o assédio sexual: “É um
constrangimento (ilegal) praticado em determinadas circunstâncias laborais e
subordinado a uma finalidade especial (sexual). Três, por conseguinte, são as
características desse delito: (a) constrangimento ilícito (constranger significa
compelir, obrigar, determinar, impor algo contra a vontade da vítima etc.); (b)
finalidade especial (vantagem ou favorecimento sexual); (c) abuso de uma
posição de superioridade laboral” (GOMES, 2002, p. 29).
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prejudicar de qualquer forma o rendimento profissional, como por exemplo,
humilhar, insultar ou intimidar a vítima;
Psicologia e Comunicação
1. Introdução
Nesta unidade de aprendizagem trataremos sobre psicologia e comunicação.
Antes de tudo, faz-se necessária uma análise conceitual.
A psicologia é uma ciência que tem por objeto o estudo das funções mentais e
do comportamento. A partir desse ponto é possível notar uma ligação entre a
psicologia e a comunicação, isto é, o comportamento humano não existe de
forma isolada, mas sempre em uma conexão interpessoal. Portanto, a
comunicação é algo que deriva das funções mentais e do comportamento,
também podendo ser compreendida por meio da psicologia.
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Exemplo: a forma de expressão é uma forma de comportamento. Desse modo,
percebe-se que a comunicação está ligada à linguagem, que, por sua vez,
possui dois momentos: no momento anterior, são os elementos psicológicos
internos; no momento posterior, é a manifestação por meio de signos e
assessoramento externos.
2. Psicologia e comunicação
Relacionamento interpessoal é o relacionamento de comunicação entre duas ou
mais pessoas nos mais variados âmbitos (ambiente de trabalho, familiar,
comunitário etc.).
Uma das marcas dos relacionamentos interpessoais que se destaca é a
conflituosidade, ou seja, as pessoas são conflituosas. Costuma-se dizer que
existem muitos bens jurídicos e muitos interesses, entretanto os interesses são
maiores que os bens jurídicos, razão pela qual existem os conflitos. Por
exemplo, duas pessoas disputando o mesmo posto de trabalho ou duas pessoas
disputando o mesmo bem.
Na verdade, essa é uma visão distorcida, pois a conflituosidade não deriva
necessariamente de disputas ou recai somente sobre bens, embora para o
direito os conflitos surjam por disputas ou bens. Os conflitos psicológicos
ocorrem, às vezes, dentro de uma mesma pessoa, ou seja, a pessoa entra em
conflito consigo mesma. Fazendo uma analogia cinematográfica, cita-se
Groucho Marx, em um filme de Woody Allen, que disse uma vez: “Eu nunca faria
parte de um grupo que me aceitasse como membro”. No mesmo filme, no
diálogo entre duas senhoras: “A comida aqui é uma porcaria, não é mesmo? É
mesmo, e as porções vêm em pouca quantidade”.
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Judiciário, pois o ambiente jurídico é um ambiente de muita vaidade (aspecto
interno).
O candidato aprovado no concurso para juiz muitas vezes não se atenta que a
carreira também traz ônus. Por exemplo, ser lotado em uma cidade diferente, na
qual pode ser preciso julgar o líder de determinada facção local; aliada à falta de
preparo psicológico, essa situação pode levar a um profundo estresse, que pode
advir, ainda, pela relação com outras pessoas.
O estresse e a ansiedade levam a sofrimentos psicológicos e, como proteção, a
própria mente humana desenvolve certos mecanismos de defesa. Um exemplo é
a realização de muitas tarefas e a perda do sentimento de controle, que leva a
uma condição de sofrimento.
Há diversas formas de corpo e mente reagirem a essa falta de controle, quais
sejam:
a) somatização: consiste em sintomas físicos oriundos da transferência de
sentimentos que causam sofrimentos psicológicos. Exemplos: taquicardia,
erupções na pele, alergias, perda de cabelo etc.;
b) negação: negação da realidade, por esta ser dolorosa à mente;
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profissional, consistindo em um grave esgotamento pessoal,
físico e mental, tendo como origem uma rotina de trabalho
exigente e estressante.
Desse modo, cuida-se para que sejam evitados comentários sobre processos
em curso, em especial pendentes de julgamento pelo próprio magistrado,
valendo-se aqui a máxima de que “o juiz fala nos autos”. Com isso evita-se o
comprometimento de sua imparcialidade e o adiantamento de suas decisões.
Ademais, é extremamente importante que seja evitado a qualquer custo o
adiantamento de decisões sobre casos que possivelmente virão a ser julgados
pelos magistrados, o que pode vir a consubstanciar o favorecimento a uma das
partes, bem como o comprometimento da sua imparcialidade.
O juiz deve ainda ter noção e respeito das consequências de sua manifestação,
seus impactos sobre a sociedade e sobre os fenômenos de ordem política. Em
hipótese alguma a comunicação com a mídia deve ser um meio de promoção
pessoal e estímulo à vaidade do magistrado, que deve estar sempre atento à
finalidade pública/republicana de suas declarações. Não havendo tal utilidade,
para apenas promoção, deve ser evitada a manifestação.
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autocompositivos. Dessa forma, cabe lembrar que, juridicamente, se costuma
afirmar que os conflitos sociais surgem da soma de dois fatores:
a) Os variados interesses das pessoas, que não possuem limitação
b) A existência de bens jurídicos limitados em quantidade.
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é autocompositiva: a chamada arbitragem – heterocomposição, devido a ser o
árbitro, terceiro imparcial, quem decide; ao contrário dos demais instrumentos,
nos quais as próprias partes decidem.
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É importante que as partes definam a matéria de sua mediação, conciliação ou
negociação, sendo estimuladas a produzir, cooperativamente,
possíveis soluções. Afinal, a melhor solução para um caso são aquelas
conduzidas pelas partes, em situação de igualdade e serenidade.
Especificamente na negociação, em que não há a figura de um terceiro
imparcial, é de suma importância que as partes adotem movimentos de
esclarecimentos, que objetivam explicar e descrever suas
posições; movimentos de relaxamento, que objetivam a redução do nível de
conflito, além de evitarem movimentos de protelação (remarcar audiências e
pensar em soluções que demoram muito), que apenas geram a dilação indevida
da solução do conflito, o que alimenta a carga de estresse das pessoas
envolvidas.
Dessa forma, ao deparar-se sozinho com a parte opositora, sem um mediador
ou conciliador, deve-se esclarecer a posição adotada, saber evitar picos de
estresse e protelar a solução do litígio.
Contudo, existem técnicas que são cobradas que podem ser tomadas como
sinônimos. São comumente atribuídas ao mediador as
seguintes técnicas ou estratégias facilitadoras de diálogo, já exigidas em
concurso público, por exemplo, para o cargo de Juiz do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios (2013):
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controle do processo: até mesmo interrompendo as partes quando
necessário;
facilidade para migrar das posições enunciadas para fazer emergir os reais
interesses dos participantes;
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Nesta unidade estudaremos os mecanismos para obtenção da verdade judicial
que a psicologia jurídica apresenta. Um questionamento inicial deve ser feito que
vai nos guiar no estudo do tema: como obter a verdade judicial? Qual é o
processo psicológico que leva a essa obtenção?
As normas positivadas não são capazes de, por si só, abarcar nuances relativas
às relações humanas e aos agentes processuais. Dessa forma, torna-se
imperioso que magistrados e demais auxiliares da justiça estejam minimamente
preparados para observar os processos de ordem psicológica, especialmente no
tocante à exposição de testemunhos.
Ressalta-se que os agentes processuais lidam com relatos de fatos que
ocorreram, e não necessariamente com a realidade dos fatos. Trabalham,
portanto, com palavras escritas (petições) ou faladas (testemunhos orais). Nem
sempre as palavras expressam o pensamento; ao contrário, a palavra pode ser
ambígua, traiçoeira e carregar em si marcas perigosas. É por isso que se conclui
ser tão difícil encontrar balizas seguras para a construção de uma verdade
judicial. Outra dificuldade na obtenção da chamada verdade judicial é que esta
aflora por meio de uma perspectiva sociocultural, cognitiva e emocional. Assim,
valores, conceitos, experiências, expectativas, crenças e estrutura mental
funcionam como referências moduladoras.
Todavia, diante de tantas dificuldades citadas, qual é o caminho, então, para a
obtenção de uma verdade judicial no caso concreto? Quais instrumentos são
fornecidos pela Psicologia ao Direito para o alcance dessa verdade?
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de uma competente sensibilidade psicológica para lidar com os variados
cenários fáticos que surgem, bem como para identificar no caso concreto sinais
da tão buscada verdade judicial.
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nem todas devem ser utilizadas, pois algumas contêm um forte componente
sugestivo que pode acabar induzindo a emissão de respostas.
a) Afirmativas por presunção
Essa classe pode ser também chamada de perguntas complexas, pois é feita
por meio de dois conjuntos de hipóteses. No primeiro conjunto, há a declaração
ínsita ao questionamento, e no outro o interrogador utiliza os mecanismos
questionadores para conjugação dos dois conjuntos, assim configurando sua
indagação. Por exemplo: pergunta-se de qual cor era a blusa de um assassino,
sem nem mesmo saber se de fato o assassino utilizava uma blusa ao praticar o
ato. Percebe-se que há uma alta carga de sugestão nessa classe de
questionamento; por isso, ela deve ser utilizada com cautela para que, ao final, o
resultado da entrevista não seja viciado com impressões do entrevistador.
b) Disjuntivas parciais
Trata-se de um tipo de questionamento que utiliza uma dicotomização das
respostas possíveis, para excluir ou reduzir o campo de possibilidades de
resposta do interrogado. Por exemplo: de forma semelhante à situação anterior,
imagine que o entrevistador questione ao entrevistado se a gravata utilizada pelo
acusado no ato era de cor branca ou vermelha, reduzindo, assim, a variação das
respostas. Há um problema nessa classe de perguntas: a redução demasiada do
universo de respostas, que pode interferir drasticamente na percepção do
entrevistado. Ainda utilizando o mesmo exemplo, o entrevistado pode se
recordar que a gravata era, na verdade, de cor laranja, todavia, pela limitação de
opções de resposta, pode responder utilizando a cor que mais se aproxima, que
era vermelha e, assim, não forneceria a verdade do fato.
c) Condicionamento interrogativo
Essa classe de perguntas é dividida em outros dois tipos: perguntas condicionais
negativas e perguntas condicionais positivas. Com relação a perguntas
condicionais negativas, um exemplo explica com clareza: “o acusado utilizou
uma faca para ferir a vítima, não?”. Nesse sentido também vão as perguntas
condicionais positivas: “o acusado utilizou uma faca para ferir a vítima, sim?”.
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As perguntas diferenciais são também conhecidas como perguntas de sim ou
não.
Destaca-se que essa classe tem caráter menos parcial, porém, ainda sim, deve
ser aplicada com cautela, já que as respostas do entrevistado podem ser
induzidas por aquilo que o entrevistador parecer esperar delas. Por exemplo:
“você estava no local do crime? Sim ou não?”.
f) Perguntas determinantes
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