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Marxismo e Historicismo

1. Introdução
Nesta unidade de aprendizagem trataremos sobre os principais aspectos relativos
ao marxismo e ao historicismo.

Vimos que a sociologia é a ciência destinada ao estudo da vida social, dos modos e
das formas de organização das instituições, cultivando a relação existente entre a
sociedade e os indivíduos, considerando que ambos se influenciam mutuamente.
Portanto, a partir do conceito geral de sociologia, no qual o direito é um dos objetos
de estudo, surgiu a sociologia jurídica.
A sociologia do direito ou sociologia jurídica, visa investigar a influência da
sociedade na formação do direito, bem como a absorção do fenômeno jurídico no
campo das relações humanas em sociedade.

A teoria marxista, busca uma explicação científica da história e rompe com o


idealismo soberano na filosofia, já o historicismo segue o modelo evolucionista,
originário das ciências naturais.

2. Marxismo
O marxismo foi criado por Karl Marx e Friedrich Engels, no século XIX. De acordo
com Karl Marx, o mundo material prevalece sobre o mundo das ideias, ao contrário
do que era defendido pelos idealistas. Da mesma forma, Karl Marx afirma que o ser
do homem determina a sua consciência e não o contrário, ou seja, é aquilo que o
homem é no mundo material que determina a sua forma de pensar.

Na produção social da existência, os homens são obrigados a manter relações


sociais que geram a chamada infraestrutura econômica, que molda a
superestrutura. Essas relações sociais são impostas contra a vontade dos homens
e correspondem a um grau das forças produtivas materiais, que constituem a
estrutura econômica da sociedade (infraestrutura). Dessa infraestrutura econômica,
surge a superestrutura jurídica e política (o Estado, o Direito, a Justiça) e ideologias
ou formas de consciência social (costumes, arte, religião). A superestrutura gera o
processo de vida social, política e intelectual.

A infraestrutura corresponde à economia e às relações de produção. A


superestrutura, por sua vez, são as relações jurídicas e políticas (o Estado em
particular).

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Além do mais, Karl Marx afirma que a classe social é o lugar que a pessoa ocupa no
processo produtivo e que a luta de classes é o motor da história, o que contraria o
pressuposto de Comte, que acredita em uma sociedade equilibrada.

Segundo Karl Marx, a afirmação que “todos os homens são iguais”, da Declaração
dos Direitos do Homem, é uma afirmação ideológica, ou seja, que distorce a
realidade, pois o mundo social é desigual. Por esse motivo, Karl Marx defendia a
ideia de que, no momento em que a classe oprimida (proletariado) tomasse
consciência da sua opressão por parte da classe dominante (burguesia), haveria
uma revolução proletária, que substituiria o modo de produção capitalista pelo
socialismo, situação em que não haveria classe sociais, portanto, não haveria
também desigualdade social. Marx deu o nome de socialismo científico a esse
modo de produção.

O conceito de ideologia é muito importante para o marxismo e significa uma falsa


consciência que toda classe social tem a respeito de sua própria situação e da
sociedade. Nesse sentido, as teorias dos economistas burgueses são uma ideologia
de classe, porque representam aquilo que os ricos acham adequado. No entanto, a
ideologia não é uma tentativa de enganar ou iludir, porque as pessoas realmente
acreditam que seu ideal de mundo é ideal para todos, por isso tentam reproduzir
esse mundo para que todos se submetam à mesma lógica. Isso significa que a
classe somente pode ver o mundo em função da sua própria situação econômica.

Ao lado da ideologia, o Estado é outro instrumento de dominação política dos


proprietários dos meios de produção sobre os proletários. Assim, o Estado é um
aparelho de coerção e repressão social da classe dominante, não é um instrumento
para realizar justiça, para representar a vontade do povo ou a vontade do legislador.
O Estado é uma superestrutura ideológica a serviço da classe dominante.

Vale lembrar que Karl Marx produziu suas obras após as Revoluções Industrial e
Francesa e após a codificação do Direito e entre as principais influências do
pensamento marxista, destacam-se:

A filosofia clássica alemã (Hegel, Feuerbach, Fitche).

Economia política inglesa (Adam Smith e David Ricardo).

Socialismo (Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen).

Karl Marx expôs que toda a sociedade era montada sobre os meios de produção,
fundamentando o materialismo histórico, o qual significa que o plano das ideias é
um produto do plano da matéria, ou seja, a moral, a religião, o direito, as ideologias,
as formas de conhecimento e de consciência qualquer, decorrem da estrutura

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econômica da sociedade, o direito decorre dos meios de produção, da filosofia, da
moral etc.
Sendo assim, para Karl Marx, os meios de produção formam a estrutura econômica
da sociedade. O que se está montado nessa estrutura é a chamada superestrutura,
que é o direito, a religião e a moral. Ou seja, o materialismo histórico determina que
a matéria, a economia, os meios de produção e o regime capitalista é que
influenciarão a moral.

Karl Marx trabalhava também com a inevitabilidade do comunismo, acreditava que a


sociedade caminharia inevitavelmente para o comunismo por meio da chamada luta
de classes. E ainda, se autodenominava como cientista social, porque a sua teoria
sobre o comunismo não era utópica, mas sim científica, de modo a dar legitimidade
à inevitabilidade do comunismo.

Vamos sintetizar alguns pontos importantes sobre Karl Marx:

Materialismo histórico: a ideia de que os meios de produção são uma


estrutura sobre as quais existe uma superestrutura que é: o direito, a religião, a
moral, tudo o que é idealizado deriva dos meios de produção.

Inevitabilidade do comunismo.

Ideia do desenvolvimento do conceito de ideologia: Karl Marx desenvolve a


ideia de que ideologia é uma falsa percepção da realidade, a qual é uma forma
de domínio; a ideologia é um modo de controle das classes, ou melhor, da
classe produtora sobre o proletário – a revolução não ocorre, porque o proletário
assume o domínio do capitalismo.

Conceito de direito: para Karl Marx, o direito é uma forma de dominação, é


conservadora que decorre do meio de produção capitalista. Portanto, as
invenções legislativas, as leis decorrem de uma ideia de preservação,
perpetuação do poder.

3. Historicismo
O historicismo surgiu na primeira metade do século XIX, juntamente com o
positivismo e o marxismo. A escola de Direito foi criada na Alemanha, essa escola
foi denominada historicismo, que rebate e estabelece que o direito é criado a partir
das relações sociais. Ou seja, o direito não é extraído do cosmos, não é extraído de
uma filosofia, não é metafísico, o direito é criado a partir das relações sociais.

O historicismo constituiu um padrão típico de pesquisa, idealizando a mudança


social ou o desenvolvimento histórico como um processo subordinado às leis gerais

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e absolutas. Seguindo a mudança social por etapas sujeitas a regularidades.
Podemos dizer que o historicismo beira o modelo evolucionista, originário das
ciências naturais. Os filósofos e pensadores sociais, influentes daquela época
formularam pesquisas e estudos, todos em conformidade com o historicismo, dentre
eles podemos citar: Friedrich Hegel, Augusto Comte, Karl Marx, John Stuart Mill,
Herbert Spencer, Thomas Morgan etc.
As ciências sociais nasceram a partir de diversos questionamentos sobre os
múltiplos aspectos da sociedade, servindo de fundamento para a elaborar os
primeiros estudos e pesquisas sociais.

No que se refere aos fatores que definem as mudanças pelas quais as sociedades
passaram ao longo dos séculos, podemos dizer que envolvem aspectos da vida
social, bem como a economia, a política ou a cultura, podendo ser ampliadas a
ponto de juntar toda a estrutura social.
A sustentação do historicismo sobre as mudanças sociais tem uma sequência e
uma regularidade, visto que na perspectiva teórica do historicismo, estas mudanças
sociais satisfazem um padrão determinista. De maneira que a partir da análise
baseado na experiência do estado atual de determinada sociedade, é possível
prever sua evolução, podendo apontar uma direção a ser seguida.
Vale lembrar que diversos de Karl Marx foram incorporados aos pressupostos
teóricos do historicismo. Diante de uma perspectiva marxista, “a luta de classes é o
motor da história”. Sobre essa frase, podemos entender que se trata de uma história
de luta de classes, que passa por várias etapas e administra uma sociedade sem
classes, que segundo todas as previsões de Karl Marx abarcaria o comunismo.

Resumindo os principais pontos do historicismo, temos:

a verdadeira fonte do direito seriam as tradições criadas pelo povo;

a individualidade das diversas formas históricas de organização político-social;

a leitura do caráter social dos fenômenos jurídicos;

o presságio de uma tese central da sociologia jurídica moderna.

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