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PRINCIPAIS TÉORICOS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA

A Sociologia nasceu no século XIX e com forte inspiração no Iluminismo. Ela


buscou compreender e explicar uma Europa marcada por inúmeras
transformações sociais, políticas e econômicas que viriam a ser chamadas de
Modernidade.

Desde o século XV, a partir do que chamamos de Renascimento, a Europa


vem reconstruindo os seus alicerces. Ao resgatar os valores da cultura clássica
(Greco-Romana), como o humanismo e o antropocentrismo, uma nova
concepção da realidade paira sobre o velho mundo, colocando em cheque os
antigos valores medievais. Sopram assim os ventos do racionalismo e do
cientificismo que viriam a servir de base para uma revolução intelectual que
denominamos Iluminismo. Os ideais de mudança ditam as regras desde
então.

As Revoluções Inglesas, Francesa modificaram completamente a


organização política e social e a Revolução Industrial transformou a
configuração demográfica e de produção da Europa, permitindo o êxodo rural e
o desenvolvimento do capitalismo.

Diante deste cenário, o francês Auguste Comte, considerado o “Pai da


Sociologia”, propôs a criação de uma nova ciência, a qual chamou de “física
social” – o nome Sociologia só viria a ser empregado posteriormente.
Inspirada nas bases filosóficos do Positivismo, como a crença na razão como
promotora do progresso humano, seu objetivo era não apenas de entender a
realidade, mas reorganizá-la.

Criada aos moldes das ciências naturais, essa “nova ciência” deveria, a partir
de princípios, como observação e experimentação, formular
metodologicamente princípios que permitissem a retomada do progresso.
Nasce, assim, a Lei dos Três Estados.

De acordo com Comte, as sociedades humanas se organizavam e podiam ser


classificadas a partir de três estágios evolutivos: o teológico, o metafísico e o
positivo.

Apesar de ter sido criada por Auguste Comte, a Sociologia só passou a ter um
método de análise e um objeto bem definido com o francês Émile Durkheim,
que, junto com os alemães Karl Marx e Max Weber, viriam a compor o que
conhecemos como Sociologia Clássica. Cada um ao seu modo, cada clássico
deu à Sociologia aquilo que era necessário a uma ciência.

Émile Durkheim (1858-1917)

Primeiro docente a ocupar uma cátedra de sociologia em uma universidade,


Durkheim formulou a sua concepção sobre a sociologia, chamada de
funcionalista, inspirada em modelos biológicos com aplicações sociais o levou
a criar a teoria dos fatos sociais, que dizem respeito a leis gerias que
explicariam a sociedade e que são gerais, exteriores e coercitivos ao indivíduo.

Segundo ele, a sociedade funcionaria como uma espécie de organismo vivo


que, de maneira geral, funciona como um todo coeso. A partir de então,
determinados elementos de coesão, como as instituições sociais, a justiça,
determinam o modo como a sociedade se comporta.

Karl Marx (1818-1883)

Um dos criadores da teoria política do socialismo científico junto com Engels,


Karl Marx pautou a sua teoria sociológica a partir do conceito de Materialismo
Histórico Dialético, ao analisar a estrutura da sociedade a partir de um ponto
de vista material (modos e meios de produção).

Inspirado nos cenários de desigualdade e pobreza provocados pela Revolução


Industrial, Marx compreendia que todo o cenário de exploração era resultado
da dominação de um grupo (classe) sobre a outra. Na sociedade capitalista,
burgueses explorariam os proletários.

Segundo ele, toda a história humana é alicerçada sob uma estrutura de


dominação e conflito entre classes. Existiria, portanto, na sociedade, toda uma
estrutura que impediria a classe explorada de se reconhecer como tal. Esse
“véu” seria chamado de Ideologia.

A sociedade funcionaria a partir de um intercâmbio entre forças materiais


(infraestrutura) e “espirituais” (superestrutura) que juntas manteriam todo esse
sistema de alienação. Diante disso, a única maneira de romper com esse
simulacro seria por meio da consciência de classes e com ela a revolução
proletária.
Max Weber (1864-1920)

Ao dedicar-se as mais diversas áreas de estudos, como o Direito, a História, a


Economia e a Filosofia, Weber rompeu com os princípios positivistas dos
demais clássicos.

Segundo ele, a sociedade não deveria ser compreendida a partir de leis gerais
e objetivas, como a estrutura das instituições ou mesmo a economia, mas sim
a partir dos sentidos subjetivos empregados pelos indivíduos em suas
respectivas ações.

Dessa crença nasce o conceito de Ação Social, que, de acordo com Weber,
deveria ser o principal objeto de estudo da Sociologia. O sociólogo deveria,
portanto, observar os valores, as crenças e as ideias que inspiram os
indivíduos em suas ações. A partir de tal pressuposto Weber estabelece os
princípios da Sociologia Compreensiva.

Outro tema fundamental para a compreensão da sociologia weberiana é o


intenso processo de racionalização pelo qual passa a sociedade moderna que
interfere tanto na mentalidade dos indivíduos como também na construção do
Estado. Weber denomina esse processo de desencantamento do mundo.

Dessa forma, o véu de mistério que cobria a realidade é retirado. O saber


científico avança, afastando-se de qualquer valor misterioso, transcendente,
final, tudo pode ser dominado pelo cálculo, pela ciência.

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