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ROTEIRO DE ESTUDOS

SOCIOLOGIA

ENSINO MÉDIO

CAPÍTULO ÚNICO

APOSTILA PREPARATÓRIA
O QUE É SOCIOLOGIA?
A Sociologia é uma das Ciências Humanas que tem como objetos de estudo a sociedade, a
sua organização social e os processos que interligam os indivíduos em grupos, instituições e
associações. Enquanto a Psicologia estuda o indivíduo na sua singularidade, a Sociologia
estuda os fenômenos sociais, compreendendo as diferentes formas de constituição das
sociedades e suas culturas.
O termo Sociologia foi criado em 1838 (séc. XVIII) por Auguste Comte, que pretendia unificar
todos os estudos relativos ao homem — como a História, a Psicologia e a Economia. Mas foi
com Karl Marx (luta de classes sociais), Émile Durkheim (fatos sociais) e Max Weber (ação
social) que a Sociologia tomou corpo e seus fundamentos como ciência foram
institucionalizados.
Apenas a partir do século XVII, a Sociologia foi institucionalizada, e isso ocorreu como resposta
acadêmica para um desafio que estava surgindo: o início da sociedade moderna. Com a
Revolução Industrial e posteriormente com a Revolução Francesa (1789), iniciou-se uma nova
era no mundo, com as quedas das monarquias e a constituição dos Estados nacionais no
Ocidente. Surge então a essa ciência para compreender as novas formas das sociedades,
suas estruturas e organizações.
A Sociologia tem a função de, ao mesmo tempo, observar os fenômenos que se repetem nas
relações sociais – e assim formular explicações gerais ou teóricas sobre o fato social –, como
também se preocupa com aqueles eventos únicos, como por exemplo, o surgimento do
capitalismo ou do Estado Moderno, explicando seus significados e importância que esses
eventos têm na vida dos cidadãos.
Como toda forma de conhecimento intitulada ciência, a Sociologia pretende explicar a
totalidade do seu universo de pesquisa. O conhecimento sociológico, por meio dos seus
conceitos, teorias e métodos, constituem um instrumento de compreensão da realidade social e
de suas múltiplas redes ou relações sociais, capazes de desenvolver uma consciência crítica e
analítica em relação à sociedade.

OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA

Augusto Comte
O núcleo da filosofia de Comte radica na ideia de que a sociedade só pode ser
convenientemente reorganizada através de uma completa reforma intelectual do homem. Ele
achava que antes da ação prática, seria necessário fornecer aos homens novos hábitos de
pensar de acordo com o esta¬do das ciências de seu tempo. Por essa razão, o sistema
Comteano estruturou-se em torno de três temas básicos: em primeiro lugar, uma filosofia da
história com o objetivo de mostrar as razões pelas quais certa maneira de pensar (chamada
por ele filosofia positiva ou pensamento positivo) deve imperar entre os homens. Em segundo
lugar, uma fundamentação e classificação das ciências baseadas na filosofia positiva.
Finalmente, uma sociologia que, deter¬minando a estrutura e os processos de modificação da
sociedade permitisse a reforma prática das instituições.
A contribuição principal de Comte à filosofia do positivismo foi sua adoção do método científico
como base para a organização política da sociedade industrial moderna.
O estado positivo corresponde à maturidade do espírito humano. O termo positivo designa o
real em oposição ao quimérico, a certeza em oposição à indecisão, o preciso em oposição ao
vago. É o que se opõe as formas teológicas ou metafísicas de explicação do mundo.
Ex: a explicação da queda de um objeto ou corpo: o primitivo explicaria a queda como uma
ação dos deuses; o metafísico Aristóteles explicaria a queda pela essência dos corpos
pesados, cuja natureza os faz tender para baixo, onde seria seu lugar natural; Galileu, espírito
positivo, não indagaria o porquê, não procuraria as causas primeiras e últimas, mas se
contentaria em descrever como o fenômeno da queda ocorre.
Não era apenas quanto ao método de investigação que a filosofia positivista se aproximava das
ciências da natureza. A própria sociedade foi concebida como um organismo constituído de
partes integradas e coesas que funcionavam harmonicamente, segundo um modelo físico ou
mecânico. Por isso o positivismo foi chamado também de organicismo.

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Émile Durkheim
Durkheim viveu numa época de grandes conflitos sociais entre a classe dos empresários e a
classe dos trabalhadores. É também uma época em que surgem novos problemas sociais
como favelas, suicídios, poluição, desemprego etc. No entanto, o crescente desenvolvimento
da indústria e tecnologia fez com que Durkheim tivesse uma visão otimista sobre o futuro cio
capitalismo. Ele pensava que todo o progresso desencadeado pelo capitalismo traria um
aumento generalizado da divisão do trabalho social e, por consequência, da solidariedade
orgânica, a ponto do fazer com que a sociedade chegasse a um estágio sem conflitos e
problemas-sociais.
Com isso, Durkheim admitia que o capitalismo é a sociedade perfeita; trata-se apenas de
conhecer os seus problemas e de buscar uma solução cientifica para eles. Em outras palavras,
a sociedade é boa, sendo necessário, apenas, "curar as suas doenças".
Tal forma de pensar o progresso de um jeito positivo fez com que Durkheim concluísse que os
problemas sociais entre empresários e trabalhadores não se resolveriam dentro de uma LUTA
POLÍTICA, e, sim, através da CIENCIA, ou melhor, da SOCIOLOGIA. Esta seria, então, a
tarefa da SOCIOLOGIA: compreender o funcionamento da sociedade capitalista de modo
objetivo para observar, compreender e classificar as leis sociais, descobrir as que são falhas e
corrigi-las por outras mais eficientes.
E como está estruturada esta sociedade segundo Durkheim?
A estrutura da sociedade é formada pelas esferas política, econômica e ideológica. Estas
esferas formam a estrutura social responsável pela consolidação do Capitalismo.
Outra preocupação de Durkheim, assim como outros pensadores, era a formação de uma
ciência social desvinculada das Ciências Naturais. Além disso, na emergência do proletariado,
era preciso encontrar formas de controle de tal forma que o indivíduo se integre à ordem. Este
princípio será aplicado na educação.
A contribuição de Durkheim foi de importância fundamental para que a Sociologia adquirisse o
status de ciência, pois ele estuda a sociedade e separa os fenômenos sociais da Psicologia,
construindo um Objeto e um Método.
Na obra ‘As regras do Método Sociológico’ publicada em 1895, definiu o método a ser usado
pela Sociologia e as definições e parâmetros para a Sociologia tornar-se uma ciência,
separada da Psicologia e Filosofia. Ele formulou o tipo de acontecimentos sobre os quais o
sociólogo deveria se debruçar: os fatos sociais. Estes constituiriam o objeto da Sociologia.

Max Weber
Max Weber nasceu e teve sua formação intelectual no período em que as primeiras
disputas sobre a metodologia das ciências sociais começavam a surgir na Europa, sobretudo
em seu país, a Alemanha. Filho de uma família da alta classe média, Weber encontrou em sua
casa uma atmosfera intelectualmente estimulante. Seu pai era um conhecido advogado e
desde cedo o orientou no sentido das humanidades. Weber recebeu excelente educação
secundária em línguas, história e literatura clássica. Em 1882, começou os estudos superiores
em Heidelberg; continuando-os em Göttingen e Berlim, em cujas universidades dedicaram-se
simultaneamente à economia, à história, à filosofia e ao direito.
Concluído o curso, trabalhou na Universidade de Berlim, na qual idade de livre-docente, ao
mesmo tempo em que servia como assessor do governo. Em 1893, casou-se e; no ano
seguinte, tornou-se professor de economia na Universidade de Freiburg, da qual se transferiu
para a de Heidelberg, em 1896. Dois anos depois, sofreu sérias perturbações nervosas que o
levaram a deixar os trabalhos docentes, só voltando à atividade em 1903, na qualidade de
coeditor do Arquivo de Ciências Sociais (ArchivtürSozialwissenschatt), publicação
extremamente importante no desenvolvimento dos estudos sociológicas na Alemanha. A partir
dessa época, Weber somente deu aulas particulares, salvo em algumas ocasiões, em que
proferiu conferências nas universidades de Viena e Munique, nos anos que precederam sua
morte, em 1920.
A Sociologia weberiana caracteriza-se por um dualismo racionalismo – irracionalismo:
- Racionalismo: rotina social; estabilidade; tradição; legalidade; continuidade; espírito científico
e pragmático do ocidente, sacrificando a espontaneidade da vida aos cálculos e à seleção dos
meios, para serem atingidos fins previamente escolhidos.
- Irracionalismo: crenças; mitos; sentimentos; ação carismática.
Para Weber a sociedade não seria algo exterior e superior aos indivíduos, como em
Durkheim. Para ele, a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações

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individuais reciprocamente referidas. Por isso, Weber define como objeto da sociologia a ação
social.

O que é ação social?

Para Weber ação social é qualquer ação que o indivíduo faz orientando-se pela ação
de outros. Por exemplo, um eleitor. Ele define seu voto orientando-se pela ação dos demais
eleitores. Ou seja, temos a ação de um indivíduo, mas essa ação só é compreensível se
percebemos que a escolha feita por ele tem como referência o conjunto dos demais eleitores.
Assim, Weber dirá que toda vez que se estabelecer uma relação significativa, isto é, algum tipo
de sentido entre várias ações sociais terá então relações sociais.
A ação social é a conduta humana dotada de sentido. O sentido motiva a ação individual.
Para Weber, cada sujeito age levado por um motivo que se orienta pela tradição, por interesses
racionais ou pela emotividade.
O objetivo que transparece na ação social permite desvendar o seu sentido, que é social na
medida em que cada indivíduo age levando em conta a resposta ou reação de outros
indivíduos.
A ação social gera efeitos sobre a realidade em que ocorre.
É o indivíduo que através dos valores sociais5 e de sua motivação, produz o sentido da ação
social.
A transmissão destes valores comuns de uma geração para outra é chamada socialização, que
é uma forma inconsciente de coerção social. Ex. de valores sociais: respeito, virgindade,
honestidade, solidariedade, etc.
Só existe ação social quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir
de suas ações, com os demais.

IDEOLOGIA: UM CONCEITO POLÊMICO


O conceito da ideologia foi criado por Destrutt de Tracy, filósofo francês, no final do
século XVII. Tracy tinha pressuposto que as ideias não poderiam ser compreendidas como se
possuísse vida própria, segundo ele, a ideologia deveria ser compreendida como “ciência das
ideias”, assemelhando-se às ciências naturais. Na elaboração desse conceito, partia-se da
crença na razão (própria do espírito iluminista do século XVII) e no poder da ciência submeter
às ideias ao mesmo processo de análise e compreensão dos objetos naturais. Essa é a razão
da concepção da Ideologia como ciência de ideias.
Raymond Williams afirma que o conceito de ideologia pode ser definido, basicamente, de
acordo com três concepções básicas:
1. Como sistema de crenças de uma classe ou grupo social. Nessa concepção estariam
incluídos os valores, ideias e projetos de um grupo de classe social específicos.
2. Como sistema de crenças de uma classe ou grupo social. Nessa concepção estariam
incluídas crenças ilusórias, baseadas em critérios impossíveis de ser comprovados,
contrastariam com o conhecimento verdadeiro ou científico.
3. Como o processo geral de produção de significados e ideias.
Conforme Williams, as duas primeiras conotações serão as mais encontradas no
pensamento marxista vertente que se destacou no estudo da ideologia.
No livro A ideologia Alemã, Marx e Engels apresentaram os três elementos básicos qe
caracterizaram sua compreensão da sociedade capitalista e sua definição de ideologia
(definição como vê fortemente apoiada nas duas concepções destacadas por Williams).
Esquematicamente, esses três elementos são:
- Separação – resultante da afirmação da divisão da vida humana em duas instâncias
específicas: a infraestrutura que é a esfera da produção material, e a superestrutura, esfera
da produção de ideias. De maneira muito simplificada, podemos dizer que a infraestrutura

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se compõe da economia (a produção dos bens necessários à sobrevivência dos homens) e
a superestrutura se constituí da moral, do direito, da política e das artes.
- Determinação – relação decorrente da separação observa-se o domínio estabelecido pela
infraestrutura sobre a superestrutura. Serão as relações de produção que irão determinar
(definir) a organização social – as formas de comportamento e de convívio entre os
homens. Conforme o principio da determinação apontado por Marx e Engels, as ideias tem
sua origem na vida material – e são por ela determinadas. Mas o que é essa vida material?
É relações desses homens o meio de produção que os homens estabelecem entre si, as
quais dependem, por sua vez, das relações desses homens com os meios de produção –
terra, máquinas, matérias primas, fábrica, força de trabalho. Será, portanto, a esfera
econômica (a organização da produção material, com a sua diferenciação entre
possuidores e não possuidores dos meios de produção) que irá organizar as ideias sobre
essa sociedade.
- Inversão – Elemento constitutivo fundamental do conceito da ideologia, considerada
distorção da realidade. Numa metáfora famosa do livro A ideologia Alemã, a ideologia faz
com que a vida apareça para os homens como no interior de uma câmera fotográfica: de
cabeça para baixo. Isto é, ela aparece para os homens de maneira aparece para os
homens de maneira inversa aquilo que é na realidade. Nesse contexto, o conhecimento
científico, ou saber dela, será o elemento capaz e desmascarar a ideologia, recolocando o
mundo de cabeça para cima, mostrando a realidade tal como ela é. Segundo Marx e
Engels, destruindo a inversão que a ideologia produz, o conhecimento científico vai revelar
os mecanismos de separação e determinação.
Para compreender a sociedade capitalista a partir dessas três relações (separação,
determinação e inversão) estabelecidas por Marx e Engels, não podemos torná-las como
formas imutáveis e inquestionáveis. No que diz respeito à definição da ideologia, por
exemplo, é fundamental que se note que, ao longo do tempo, os próprios autores
acabaram relativizando a conotação mistificadora que inicialmente deram ao conceito (essa
relativização aparece no prefácio de Para a Crítica da Economia Política, escrito por Marx,
1859).
Além disso, eles também relativizaram a questão de determinação estrita da esfera
econômica (infraestrutura) sobre a superestrutura (em cartas que escreveu a outros
pensadores, Engels reconheceu certo grau de independência ou autonomia relativa da
superestrutura diante da infraestrutura). É preciso que se dia finalmente que, ao longo do
tempo, os elementos formais congelados e irretocáveis de compreensão da realidade.
De qualquer modo, retomando o tema da ideologia na obra desses autores, é interessante
observar que ele veicula uma relação fundamental, que é a oposição entre os conceitos de
falso e de verdadeiro. Em A Ideologia Alemã, parece haver espaço para dois tipos de
ideias, as falsas ou distorcidas (em resumo, a própria ideologia) e as verdadeiras, essas
ideias verdadeiras seriam construídas pela ciência e funcionariam como as armas
necessárias para combater a classe dominante. Para Marx, a ciência seria a ciência do
proletariado, a única classe capaz de transformar a sociedade. Produto de uma época em
que se acreditava que a sociedade poderia e deveria ser transformada por meio da razão,
A ideologia Alemã, conforme a antropóloga brasileira Eunice Durham, apresenta a ciência

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como instrumento capaz de alcançar a justiça social que a ideologia impediria de ser
obtida.

OS AGRUPAMENTOS SOCIAIS
Os Grupos Sociais

A própria natureza humana exige que os homens se agrupem. A vida em sociedade é


condição necessária à sobrevivência da espécie humana.
Desde o início, os homens têm vivido juntos, formando agrupamentos, como as
famílias, por exemplo. Para o sociólogo Karl Mannheim, os contatos e os processos sociais que
aproximas ou afastam os indivíduos provocam o surgimento de formas diversas de
agrupamentos sociais, e acordo com o estágio de integração social. Tais formas são os grupos
sociais e os agregados sociais.
Vamos analisar inicialmente os grupos sociais: aqueles, devido aos contatos sociais mais
duradouros, resultam em formas mais estáveis de integração social. Nos grupos sociais há
normas, hábitos e costumes próprios, divisão de funções e posições sociais definidas. Como
exemplos têm: família, a escola, a Igreja, o clube, o Estado, etc.
O grupo social é a união de duas ou mais pessoas, associadas pela integração, e, por
isso, capazes de ação conjunta, visando atingir um objetivo comum. O indivíduo ao longo de
sua vida participa de vários grupos sociais, e os principais são:

- Grupo familiar – família;


- Grupo vicinal – vizinhança;
- Grupo educativo – escola;
- Grupo profissional – empresa;
- Grupo político – estado, partidos políticos.

As principais características de um grupo social são.


- A pluralidade de indivíduos = Há sempre mais de um indivíduo no grupo.
- Grupos secundários – São os grupos mais complexos, como as igrejas e o Estado, em que
predominam os contatos secundários; os contatos sociais, neste caso, realizam-se de maneira
pessoal e direta – mas sem intimidade – ou de maneira indireta, através de cartas, telegramas,
telefone, etc..
- Grupos intermediários – São aqueles que se alternam e se completam as duas formas de
grupos sociais (primários e secundários). Um exemplo deste tipo é o grupo de escola.
- Interação Social – No grupo, os indivíduos comunicam-se uns com os outros.
- Organização – Todo grupo, para funcionar bem, precisa de certa ordem interna.
-Objetividade – e exterioridade – Os grupos sociais são superiores e exteriores ao indivíduo,
isto é, quando uma pessoa entra no grupo, ele já existe; quando daí, ele continua a existir.
- Conteúdo intencional ou objetivo comum – Os membros de um grupo unem-se em torno de
certos princípios ou vales para atingir um objetivo de todo o grupo; a importância dos valores
pode ser percebida pelo fato de que o grupo geralmente se divide quando ocorre um conflito de
valores; um partido político, por exemplo, pode dividir-se quando uma parte de seus membros
passa a discordar de seus princípios básicos.

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Consciência grupal ou sentimento de “nós”- São as maneiras de pensar, sentir e agir
próprias do grupo existe um sentimento mais ou menos forte de compartilhar uma série de
ideias, de pensamentos, de modos de agir; um exemplo disso é o torcedor que, quando fala da
vitória de seu time dizemos “Nós ganhamos”.
Continuidade – As interações passageiras não chegam a formar grupos sociais
organizados, para isso, é necessário que elas tenham certa duração, como exemplo, temos a
família, a escola, a Igreja, etc.. Há, porém, grupos de duração efêmera, que aparecem e
desaparecem com facilidade, como, por exemplo, o mutirão.

OS ESTUDOS DA SOCIEDADE HUMANA


De que se ocupam as Ciências Sociais?

Observando a sociedade, percebemos quais as pessoas caminham, correm, respiram.


Mas elas também cooperam umas com as outras no trabalho, recebe um salário, descontam
cheques, fazem reuniões para melhorar a produção, entram greve, casam-se, estudam,
divertem-se.
Como vemos, as pessoas apresentam os mais variados comportamentos. Alguns
desses comportamentos como andar, respirar, dormir – são estritamente individuais, que se
originam no indivíduo enquanto organismo biológico. Esses tipos de comportamento são
estudados pelas Ciências Físicas e Biológicas. Por outro lado, receber salário, fazer greve,
casar-se são comportamentos sociais, pois só existem porque existe a sociedade, porque ao
longo da História o homem organizou sua vida em grupo. Cabe às Ciências Sociais pesquisar e
estudar o comportamento social humano e suas formas de organização.
 Sociologia – estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as
interações que ocorrem na vida em sociedade. A Sociologia abrange, portanto, o
estudo dos grupos sociais, da divisão da sociedade em camadas, da mobilidade social,
dos processos de cooperação, competição e conflito na sociedade, etc..
 Economia – estuda as diversas atividades humanas ligadas à produção, circulação,
distribuição e consumo de bens e serviços. São fenômenos estudados pela Economia
a distribuição da renda num país, a política salarial, a produtividade de uma empresa,
etc..
 Antropologia – estuda as semelhanças e diferenças culturais entre os vários
agrupamentos humanos, assim como a origem e a evolução das culturas. Atualmente,
tem-se preocupado não só com a cultura dos povos pré-letrados, como também com a
diversidade cultural existente na sociedade industrial. São objetos de estudo da
Antropologia os tipos de organização famílias, as religiões, a magia, os ritos de
iniciação dos jovens, os casamentos, etc..
 Ciência Política – estuda, por exemplo, os partidos políticos, os mecanismos eleitorais,
etc.
Não existe uma divisão nítida entre essas disciplinas. Embora cada uma se ocupe
preferencialmente de um aspecto da realidade social, elas complementam-se umas as outras e
atuam frequentemente juntas para aplicar os complexos fenômenos da vida em sociedade. O
objetivo das Ciências Sociais é aumentar o Maximo possível o conhecimento sobre o homem e
a sociedade, através da investigação cientifica. As ciências sociais cumprem, portanto, um

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papel fundamental num mundo de mudanças e agitações sociais. Elas nos permitem entender
melhor a sociedade em que vivemos e compreender os fatos e processos sociais que nos
rodeiam.

As Desigualdades entre os Homens

Ao menor contato com a vida social, percebe-se, de imediato, que os indivíduos são
diferentes entre si. Essas diferenças se expressam no plano das coisas materiais, da religião,
da personalidade, da inteligência, do físico, da raça, do sexo, da cultura, entre outros.
As diferenças citadas acima devem ser consideradas como os aspectos elementares da
manifestação das desigualdades, que podem ser físicas ou sociais.
Ao olhar mais atento á sociedade em que vivemos, logo percebeu que ha indivíduos que
moram em favelas, outras em mansões, pessoas que morrem de fome, de desnutrição,
enquanto outras se alimentam em excesso. Há indivíduos analfabetos que nunca tiveram
acesso a escolas e há aqueles que possuem a melhor formação escolar.
Cada sociedade gera formas de desigualdade especificas que são resultado de como
essas sociedades se organizam. As desigualdades se manifestam de um modo diferente no
Brasil, nos EUA, na Índia, nas Filipinas ou na África de Sul. As desigualdades assumem feições
distintas porque são constituídas a partir de um conjunto de elementos econômicos, políticos e
culturais próprios.

Desigualdade: A pobreza como fracasso

O desenvolvimento da Industrialização, a partir do século XVIII, propiciou o crescimento


econômico capitalista, e as relações entre o capital e o trabalho tomaram formas
correspondentes a essa sociedade que solidificava. O capitalismo (o patrão) e o trabalhador (o
operário) passaram a serem os personagens principais dessa nova organização social.
O Liberalismo – que se desenvolveu no século XVIII – foi à justificativa encontrada para o
novo mundo e o novo homem que surgiram com o crescimento do capitalismo. Em outras
palavras, o liberalismo tinha com base a defesa da propriedade privada, a liberdade de
comercio, a igualdade perante a lei. A concepção de sociedade e de homem que vigorava na
sociedade medieval estava sendo absolutamente transformada.
O triunfo do homem de negócios do capitalismo era exaltado como uma virtude (burguesa),
de fato que justificava a necessidade de dar-lhe todas as credenciais, uma vez que ele
realizaria a riqueza para o bem de toda sociedade. O enriquecimento particular era
apresentado de forma de beneficio para todos os indivíduos.
Louvava-se o homem de negócios como a expressão do sucesso, e sua conduta serviam
de modelo para a sociedade como um todo. A riqueza era mostrada como fruto do trabalho e a
todos acessíveis por intermédio dele. A pobreza (indicador fundamental das desigualdades),
em contraposição, seria produto do fracasso pessoal, e a sociedade não era responsável por
sua existência.
Os pobres, no entanto, tinham que colaborar para a preservação dos bens dos ricos, uma
vez que eles davam trabalho, e, mais ainda, não deviam se revoltar contra a sua situação para
não criar dificuldades para os patrões, que não eram culpados de serem ricos.

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Divulga-se a ideia de que os pobres deviam preservar o bem de seus patrões, tais como
maquinas e ferramentas, e que Deus os vigiava constantemente no seu trabalho. Portanto,
perder tempo na execução de sua tarefa era roubar o patrão que lhe estava pagando por uma
jornada de trabalho.
Ao pobre recomendava-se paciência, religiosidade e seriedade como forma de aceitação
das novas regras morais que se iam estabelecendo. É interessante notar que não era mais
apenas pela ausência da graça divina que se justificava a pobreza, como ocorria até o século
XVII. Combina-se, agora, o fracasso e a ausência da graça.
Edmund Burke, no século XVIII, ao discutir se o governo e os ricos deviam ou não atender
as necessidades dos pobres, argumentava que ninguém podia ajuda-los, uma vez que a
providencia divina os havia abandonado.

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