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Sociologia

Professor: Paulo Melo


1º ANO
TEXTO 2: O método sociológico e as principais correntes sociológicas

Neste texto conheceremos os autores clássicos da Sociologia, quais sejam, Augusto Comte, Émile
Durkheim, Karl Marx, Max Weber e suas contribuições para a formação do método sociológico. Através da
breve exposição do pensamento desses teóricos, podemos perceber que eles estavam tentando compreender
a sociedade de sua época. De alguma maneira todos estavam interessados em pensar e explicar a relação
entre indivíduo e sociedade no mundo moderno. As divergências entre as explicações indicam justamente a
complexidade dos problemas suscitados pelas novas condições de vida na modernidade e as diferentes
possibilidades de interpretação dessas novas condições.

1. Augusto Comte e o pensamento positivista.


Isidore Auguste Marie François Xavier Comte, filósofo e
matemático francês, nasceu em Montpellier em 19 de janeiro de 1798.
Fez seus primeiros estudos no Liceu de Montpellier e ingressou na
Escola Politécnica de Paris. Entre 1830 e 1842, publicou sua primeira
grande obra, na qual expôs os princípios fundamentais de sua filosofia e
de sua teoria da História: essa obra se chama Curso de Filosofia Positiva,
composto de seis volumes. A partir de então, sua doutrina passou a ser
conhecida como positivismo.
Por isso Augusto Comte é tradicionalmente considerado o “pai da Sociologia”, pois em 1839 ele
usou pela primeira vez a palavra Sociologia, a partir da organização do curso de Filosofia Positiva. Ele
afirmava que a sociedade funciona como um organismo, no qual cada parte tem uma função específica,
contribuindo para o funcionamento do todo. Segundo Comte, ao longo da História a sociedade teria
passado por três grandes fases: a teológica, a metafísica e a positiva. Esta doutrina é também conhecida
como Lei dos Três Estados.
É baseado no sistema filosófico chamado POSITIVISMO que Comte formulou as bases da
Sociologia. O positivismo caracteriza-se por considerar o saber científico superior ao saber filosófico, sendo
ambos superiores ao conhecimento religioso. Comte preocupou-se em construir uma ciência separada da
filosofia, para tanto partiu da realidade histórica de seu tempo. Admitiu que a sociedade francesa passava
por uma crise e essa crise só seria superada por meio da construção de um pensamento coeso que fosse
capaz de reconstruir a ORDEM a partir da modernização através da industrialização científica. Admitia que
a sociedade industrial necessitava passar por mudanças morais importantes e a Sociologia ao explicar e
intervir nos fatos da sociedade seria o elo que ligaria a ORDEM da sociedade ao PROGRESSO.
2. Durkheim e o estudo dos fatos sociais.
É com David Émile Durkheim (1858-1917) que a Sociologia
passa a ser considerada uma ciência, pois ele sistematizou, ou seja,
organizou as diretrizes sociológicas, propondo o método de estudo e
definindo o artefato de estudo desta ciência. Para ele a sociedade
prevalece sobre o indivíduo, sendo um conjunto de normas de ação,
pensamento e sentimento que não existem apenas nas consciências dos
indivíduos, mas que são construídas exteriormente, isto é, fora das
consciências individuais. Na vida em sociedade o homem se defronta
com regras de conduta que não foram diretamente criadas por ele, mas que existem e são aceitas na vida em
sociedade, devendo ser seguida por todos. Sem essas regras, a sociedade não existiria, e é por isso que os
indivíduos devem obedecer a elas (p. ex.: as leis).
Durkheim afirma que os FATOS SOCIAIS, que são o objeto de estudo da sociologia, são
justamente essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade. Tais fatos
sociais são diferentes dos fatos estudados por outras ciências por terem origem na sociedade e não na
natureza. Portanto, os fatos sociais são os modos de pensar, sentir e agir de um grupo social. Estes fatos
sociais apresentam três características básicas:
GENERALIDADE: significa que o fato social é comum a todos os membros de um grupo ou a sua
grande maioria;
EXTERIORIDADE - consistem em idéias, normas ou regras de conduta que não são criadas
isoladamente, mas foram criadas pela coletividade e existem fora dos indivíduos. Quando este nasce já
encontra as regras determinadas, os símbolos, os instrumentos, as práticas comerciais, as instituições etc;
COERCITIVIDADE - essas idéias, normas e regras devem ser seguidas pelos membros da
sociedade. Se isso não acontece, se alguém desobedece a elas, é punido, de alguma maneira, pelo resto do
grupo.
Para Durkheim, o objeto da Sociologia são os fatos sociais, que devem ser estudados como “coisas”,
isto é, algo com existência própria, objetiva, e que atua de forma coercitiva sobre os indivíduos. O sistema
sociológico desse autor baseia-se em quatro princípios fundamentais:
a) A Sociologia é uma ciência independente das demais Ciências Sociais e da Filosofia;
b) A realidade social é formada pelos fenômenos coletivos (ou fatos sociais), considerados como
“coisas”;
c) A causa de cada fato social deve ser procurada entre os fenômenos sociais que o antecedem;
d) Os fatos sociais são exteriores aos indivíduos e formam uma realidade específica que exerce sobre
eles um poder coercitivo.
Segundo Durkheim o homem é um animal que só se humaniza pelo processo de socialização. As
principais obras desse sociólogo são: A divisão do trabalho social (1893), As regras do método sociológico (1894) e O
suicídio (1897).
3. O pensamento marxista e o estudo das classes sociais.
Karl Heirinch Max (1818–1883), filósofo, economista,
historiador e revolucionário alemão, foi certamente o pensador que
exerceu maior influência sobre a história social da humanidade. Tinha
por objetivo maior estudar sociedade de seu tempo, a sociedade
capitalista. Para ele “a história de todas as sociedades tem sido a história da
luta de classes”. Mas como assim, lutas de classe? Quais são elas? Nas
sociedades de tipo capitalista a forma principal de conflito ocorre
entre suas duas classes sociais fundamentais: a burguesia versus o
proletariado. Segundo ele na sociedade capitalista as relações sociais
de produção definem dois grandes grupos: de um lado, os burgueses
ou capitalistas , que são aquelas pessoas que possuem os meios de
produção (máquinas, ferramentas, capital, etc.), necessários para transformar a natureza e produzir
mercadorias; do outro lado os trabalhadores , também chamados, no seu conjunto, de proletariado,
aqueles que nada possuem, a não ser o seu corpo e disposição para trabalhar.

Diferentemente de Durkheim e Weber, Marx considerava que não se pode pensar a relação
indivíduo-sociedade separadamente das condições materiais em que essas relações se apóiam. Para ele as
condições materiais ou relações sociais de produção condicionam as demais relações sociais, portanto a produção é a
raiz da estrutura social e o trabalho é gerador de riquezas. Em relação ao método, Marx enfatiza que o
pesquisador não deve se restringir à descrição da realidade social, mas deve analisar como essa realidade se
produz ao longo da historia, mostrando as possibilidades de transformação dessa realidade social. Para ele a
ciência tem um papel político não só de compreensão da sociedade capitalista, mas de transformação da
mesma.

A partir da realidade estudada e observada, Marx juntamente com seu fiel amigo Friedrich Engels,
propõe uma nova forma de organização social chamada de Socialismo, onde os meios de produção são
públicos ou coletivos. A finalidade da sociedade socialista é a satisfação completa das necessidades materiais
e culturais da população, como: emprego, habitação, educação, saúde, etc. Nela não há a separação entre
proprietários do capital (patrões) e proprietários da força de trabalho (empregados). Isto não quer dizer que
não continuem existindo diferenças sociais entre as pessoas, bem como salários desiguais em função do
trabalho ser manual ou intelectual. Na verdade, o socialismo seria uma fase de transição entre o capitalismo
e o comunismo, esta seria a fase posterior ao socialismo, onde, segundo eles, acabariam as diferenças
sociais entre as pessoas, porque todos teriam tudo em comum, e o Estado deixaria de existir.
Entre as principais obras de Marx estão: Miséria da Filosofia (1847), O dezoito brumário de Luiz Bonaparte
(1842) e O capital (1867). Escreveu em parceria com Engels: A sagrada família (1844), A ideologia alemã (1845) e
o Manifesto comunista (1847).
4. A análise compreensiva de Weber e a ação social.
Nascido em Erfurt, na Turíngia (Alemanha), em abril de
1864, o sociólogo e cientista político Max Weber foi professor de
Economia nas universidades alemãs de Freiburg e Heidelberg.
Considerado um dos mais importantes pensadores modernos, ele foi
um dos fundadores clássicos da Sociologia. Dotado de espírito
investigativo criou uma nova disciplina, a Sociologia da Religião, na
qual desenvolveu estudos comparados entre a história econômica e a
história das doutrinas religiosas. As teorias de Weber exerceram
grande influência sobre as Ciências Sociais a partir da década de 1920.
Em uma de suas obras mais conhecidas procurou mostrar a
existência de uma estreita ligação entre a ética protestante e a
ascensão do capitalismo. As principais obras de Weber são: A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905) e
Economia e sociedade (1922).
Enquanto para Émile Durkheim a ênfase da analise recai na sociedade, para o sociólogo alemão Max
Weber deve centrar-se nos atores sociais e em suas ações. Para Weber, a sociedade não é algo exterior e
superior ao indivíduo, como para Durkheim, para ele a sociedade deve ser compreendida a partir do
conjunto das ações individuais. Por isso ele define como objeto de estudo da Sociologia a AÇÃO SOCIAL.
O que é uma ação social? Para ele é qualquer ação que o indivíduo pratica orientando-se pela ação de outros.
Nem toda ação será social, mas apenas aquelas que impliquem alguma orientação significativa visando
outros.
Weber afirma que podemos pensar em diferentes tipos de ação social, agrupando-os de acordo com
o modo pelo qual os indivíduos orientam suas ações, assim a ação social pode ser determinada por um
costume ou habito, por afetos ou estados emocionais e também pela racionalidade. Para Weber, a
racionalidade, que é uma característica da sociedade moderna, acaba afastando o homem dos sentimentos
que o tornam humano, pois tudo passa a ser conduzido pela razão e esta passa a preponderar sobre os
sentimentos.

Bibliografia:
• COSTA, Cristina. Sociologia: introdução a ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2000.
• OLIVEIRA, Pérsio Santos. Introdução a Sociologia. Ed. Ática, 2006.
• TOMAZI, Nelson Dacio. (Coord.). Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 2000.

Questionário: 1) Explique que autor lançou as bases da sociologia e como se chamou seu sistema
filosófico? 2) Destaque as principais obras dos autores clássicos da Sociologia. 3) Explique o que é fato
social destacando suas características. 4) Comente sobre os principais conceitos de Karl Marx. 5) Explique o
conceito weberiano de ação social.

PARA PENSAR: “Só a participação cidadã é capaz de mudar o país.” (Herbert de Sousa – Betinho, Sociólogo)

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