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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

CRISTIANY BARROS LUDWIG RA: N2199B-0


GIOVANNA PEREIRA DE OLIVEIRA RA: D30128-4
HENRIQUE RAMOS SEVER RA: N169JJ-1
MARIA BEATRIZ IGNÁCIO MENDES RA: N775FG-5
MURILO FILIETAZ DE VASTO URQUIZA RA: D3923F-0
THAÍS SANTOS DE ZOPPA RA: N1253F-4

PROJETO DE INTERVENÇÃO: Psicologia Escolar

SOROCABA
2019
CRISTIANY BARROS LUDWIG RA: N2199B0
GIOVANNA PEREIRA DE OLIVEIRA RA: D30128-4
HENRIQUE RAMOS SEVER RA: N169JJ-1
MARIA BEATRIZ IGNÁCIO MENDES RA: N775FG5
MURILO FILIETAZ DE VASTO URQUIZA RA: D3923F0
THAÍS SANTOS DE ZOPPA RA: N1253F-4

PROJETO DE INTERVENÇÃO: Psicologia Escolar

Trabalho apresentado no curso de


graduação em Psicologia da Universidade
Paulista – UNIP, referente à matéria de
Psicologia Escolar.

Orientador (a): Prof.ª Marisa Irene S.


Castanho

SOROCABA
2019
RESUMO

Projeto de Pesquisa realizado em uma escola municipal do interior de São


Paulo, que trabalha com alunos do Ensino Fundamental II, onde foram realizadas
observações do ambiente e do contexto escolar e também entrevistas com
educadores e gestores da instituição. Sua finalidade é a proposta de uma
intervenção na qual o psicólogo escolar possa atuar para a prevenção e remediação
dos possíveis problemas que possam vir a aparecer nesse período. Tendo em vista
as principais demandas apresentadas, o projeto possui uma proposta de intervenção
com enfoque nos estudantes, que será realizada com grupos de alunos abordando
diversas temáticas que permeiam esse contexto, para que se driblem os percalços e
questões que tendem a aparecer no processo de ensino e aprendizagem.

Palavras-chave: intervenção, ensino, aprendizagem, psicologia escolar


INTRODUÇÃO

Apresentação

O presente trabalho trata-se de um Projeto de Pesquisa, relacionado à


matéria de psicologia escolar, que tem por finalidade a construção de uma
intervenção no contexto escolar, com foco em alunos do Ensino Fundamental II (11
a 14 anos), o qual apresentará uma proposta baseada nas principais demandas
levantadas durante a coleta de dados, salientando uma das tantas possíveis
contribuições da psicologia nesse contexto.

Para elaboração do projeto foram utilizadas fundamentações teóricas de


autores como Jean Piaget, Henri Wallon, Ana Paula Marin, Szymanski, dentre
outros, inclusive tomando por base o Plano Nacional de Educação (PNE) e
orientações do Conselho Regional de Psicologia (CRP), fundamentações estas que
tratam de assuntos referentes a Psicologia Escolar, ao desenvolvimento humano,
educação e aprendizagem.

A partir da análise das demandas observadas e relatadas pelos educadores e


com base nos estudos realizados, verificamos que existe uma tendência, por parte
da escola, a patologização dos estudantes que possuem algum tipo de dificuldade
de aprendizagem não dando atenção ao que de fato podem ser os causadores
desses problemas. A principal demanda seria focada no aluno e sua subjetividade
perante a escola, seu ambiente e relações interpessoais, fato este que contribui ou
dificulta sua aprendizagem.

Sendo assim, constata-se a necessidade de um espaço onde os alunos


possam conversar, interagir e compartilhar ideias sobre temas que lhes atingem
diretamente dentro do ambiente escolar como bullying, preconceitos, discriminações
etc., considerando-se sempre o contexto atual em que estão inseridos.

Tema: Ensino Fundamental II

Para realização do projeto de pesquisa escolhemos uma escola municipal que


atende alunos do fundamental II (6° ao 9° ano) com faixa etária de 11 a 14 anos.
Diante disso, para facilitar nossa compreensão no que diz respeito ao processo de
aprendizagem e desenvolvimento de crianças nessa faixa etária, foram utilizadas
concepções de dois autores referentes a esse processo: a Teoria do
Desenvolvimento de Jean Piaget e de Henri Wallon.

Os alunos que adentram ao Ensino Fundamental II devem desenvolver


adaptações, que não ocorrem de forma brusca, objetivando condições para que
sigam as etapas que se seguem a essa fase. O aluno se encontra numa das fases
de maior transformação passando por mudanças tanto físicas quanto psicológicas e
refletindo isso em seu aprendizado, o ciclo inicia ainda criança e termina como
adolescente.

“Começam a sair de cena as brincadeiras infantis e ganham espaço


os amigos, a turma, os primeiros relacionamentos amorosos e uma
gama gigantesca de descobertas. O corpo se transforma e os
interesses mudam, mas tudo isso acontece em ritmos diferentes para
cada um. Enquanto uma parte da turma já amadureceu física e
psicologicamente, outra ainda sofre para deixar de lado as práticas
infantis”.1

No primeiro contato com a escola, notam que o que antes era ensinado
somente por um professor, passa a ser ensinado por professores especializados em
cada matéria.

“Por volta dos onze anos de idade, o estudante consegue formular


hipóteses acerca dos fatos sociais, podendo fazer referências com as
disciplinas que estuda em sala de aula, associando-as à realidade.”2

Nesta fase, as amizades têm grande influência, o aluno busca fazer parte de
grupos com os quais se identifica, criando uma personalidade que vai além dos
valores familiares.

Segundo a teoria de Jean Piaget ao observarmos o modo com que a criança


se desenvolve podemos entender melhor o desenvolvimento cognitivo humano.
Suas pesquisas buscavam entender como o conhecimento humano evolui e com
isso conseguiríamos compreender, dentro dessa perspectiva, as características de
cada faixa etária em cada etapa do aprendizado, etapas que acabaram sendo
1 Fundamental 2: Uma etapa esquecida – disponível em:
https://novaescola.org.br/conteudo/132/fundamental-2-uma-etapa-esquecida
2 Alunos do ensino Fundamental II – disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/educacao/alunos-ensino-
fundamental-ii.htm
denominadas de “estágios”. Da mesma forma, a teoria de Wallon (2011, pg. 10)
“facilita a compreensão do indivíduo em sua totalidade, que indica as relações que
dão origem a essa totalidade, mostrando uma visão integrada da pessoa do aluno”.

Piaget segue a linha sócio interacionista, que tem como base a ideia de que
existe uma interação do indivíduo com o meio em que está inserido e que essa
interação é essencial para o seu desenvolvimento (Reflexões sobre a teoria
piagetiana: o estágio operatório concreto, pg.135). E segundo Wallon (2011, pag.
10), “existem duas ordens de fatores que constituem condições em que emergem as
atividades de cada estágio: fatores orgânicos e sociais”. Dito isso, sendo a escola
um meio em que a criança tem maior contato durante seu desenvolvimento ela é
parte fundamental.

Através destas linhas de pensamento podemos pensar na importância para o


trabalho dos profissionais da educação, uma vez que se pode levar em
consideração que em cada etapa da vida das crianças e jovens é adquirido um novo
conhecimento, um novo pensamento e raciocínio. Sendo assim, pedagogos e
profissionais da educação poderiam compreender melhor a característica de cada
faixa etária, podendo então desenvolver atividades mais eficientes com base no
desenvolvimento do sujeito.

No período Operatório Formal o pensamento está formado para abstrações.


Nesse período o sujeito tem a capacidade de desenvolver maiores conhecimentos
matemáticos como razão, proporção e etc. É um estágio marcado por transições,
criação de ideias e hipóteses do pensamento. Nessa fase a linguagem acaba sendo
fundamentação para comunicação. Nesse período pode-se notar também as
condições intelectuais que os jovens adquirem para elaborar conceitos éticos de
liberdade, justiça, aspectos da personalidade entre outros. Segundo o texto "Fases
do Desenvolvimento Intelectual segundo Jean Piaget" o adolescente domina,
progressivamente, a capacidade de abstrair e generalizar, criar teorias sobre o
mundo, principalmente sobre aspectos que gostaria de reformular. Nesta fase o
jovem tende a imaginar sociedades alternativas, filosofias utópicas e busca
profissões inusitadas. Abre-se para o indivíduo diversas possibilidades de
transformação, tanto em relação ao próprio jovem quanto para a sociedade ao seu
redor.
No chamado Estágio da Puberdade e Adolescência, Wallon (2011) tem uma
concepção muito similar à de Piaget em termos de ser uma fase na qual o indivíduo
está criando sua identidade autônoma, fazendo questionamentos, contrapondo-se a
valores dos adultos com questionamentos, é uma fase de “domínio de categorias
cognitivas de maior nível de abstração, nas quais a dimensão temporal toma relevo,
possibilitando uma discriminação mais clara dos limites de sua autonomia e de sua
dependência.” (pg. 13)

É importante salientar que idades apresentadas conforme cada estágio são


apenas médias, propostas apresentadas pelos autores de acordo com sua época e
cultura, ou seja, podem variar de sujeito para sujeito e é preciso levar em
consideração seu meio social e demais fatores que podem interferir no seu processo
de desenvolvimento. Apesar desses fatores isolados a ordem dos estágios
permanece a mesma para todos os indivíduos.

Objetivo

O objetivo principal deste projeto é a coleta de dados, através de entrevistas


com profissionais da educação e observação do ambiente e cotidiano escolar a fim
de fazer um levantamento de queixas escolares para que possamos assim realizar
um projeto de intervenção diante da demanda principal analisada. Através do
levantamento de dados e investigações, poderemos identificar e analisar
concepções frente ás queixas escolares resultantes do sistema educacional e dos
problemas psicológicos causados pelas dificuldades que cada aluno enfrenta no
processo de aprendizagem. Visando compreender como a Psicologia Escolar pode
atuar em cima dessas dificuldades, em busca de um ensino de qualidade para
todos.

Diante das informações coletadas, poderemos verificar a importância do papel


do psicólogo no processo de aprendizagem, não somente através do método clínico
com apresentação de laudos psicológicos frente a uma dificuldade (uma psicologia
tradicional), mas com foco em todas as possibilidades de atuação do psicólogo no
contexto escolar. Pois fatores como o bullying, exclusão, preconceito, discriminação
são problemas comuns dentro do ambiente escolar, a atuação do psicólogo é
fundamental para minimizar os danos causados nesses contextos, nos quais grande
parte dos professores possui dificuldade, devido à ênfase no ensino tradicional, para
compreender e atuar frente as diferenças e particularidades de cada aluno e
visualizar quais são os fatores que auxiliam e dificultam o que cada um está
enfrentando no processo de ensino/aprendizagem.

Hipóteses

É provável, como constatado durante a coleta de dados para o projeto, que


parte dos educadores e afins desconheça como funciona a atuação do Psicólogo no
contexto escolar, sendo que este não se limita apenas a diagnósticos e tratamento
de patologias ou transtornos. O psicólogo dentro da escola vai atuar em níveis
educativos, clínicos, institucionais e comunitários.

Foram, portanto, analisadas demandas como bullyng, preconceito,


indisciplina, dentre outras. Entretanto, a principal demanda analisada diz respeito ao
aluno, propriamente dito e sua subjetividade.

JUTIFICATIVA

De início, utilizaremos alguns dados apontando fatos diante do contexto


escolar, dados estes obtidos por órgãos de pesquisa de comunidade (IBGE, INEP,
PISA): A taxa de ANALFABETISMO registrada em 2018 é de 6,8% (11,3 milhões de
brasileiros); Ainda em 2018, 2 milhões de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos se
encontravam FORA DA ESCOLA; 1 a cada 10 estudantes é vítima de BULLYING no
Brasil; 12,5% dos professores brasileiros (mais de 100 mil) afirmaram já ter sofrido
algum tipo de VIOLÊNCIA no exercício de sua profissão. Ou seja, embora tenha
ocorrido um grande avanço em relação a educação no Brasil, esses problemas,
ainda muito presentes em nossa sociedade, vão de contra corrente as propostas do
Plano Nacional de Educação (PNE). Ainda se tem muito que trabalhar para
alcançar-se uma educação de qualidade para todos no país. E é aí que a psicologia
entra com seus conhecimentos para agregar nessa luta. O psicólogo, na prática
dentro da escola pode colaborar para uma educação que seja saudável para
professor, aluno, pais e funcionários dentro da escola, não “exterminando” de vez
todos os conflitos da escola, mas entendendo o por que eles acontecem e o que
pode ser feito de forma que traga benefícios a todos os envolvidos.
Para isso, o profissional precisa ter uma boa base científica, entender
processos e fenômenos envolvidos nas relações sociais e escolarização, assim
sabendo identificar situações-problema e desenvolver estratégias de intervenção,
atentando-se às leis e regulamentações que envolvem a escolarização e direitos dos
alunos, pais, professores, etc. Dessa forma, o psicólogo trabalha para promover o
desenvolvimento humano e cidadania e ajuda na construção de políticas públicas
que fortaleçam o compromisso com a educação brasileira.

Diante da falta de informação, o fracasso escolar é considerado, em sua


grande parte, um problema do indivíduo, ou seja, do aluno, isentando a
escola/sistema educacional e social das suas responsabilidades para com ele.

“A explicação para o fracasso escolar recai sempre sobre o aluno e


seus pais: crianças não aprendem por que são pobres, porque são
negras, por que são nordestinas, ou provenientes de zona rural; são
imaturas, são preguiçosas; não aprendem porque os pais são
analfabetos, são alcoólatras, as mães trabalham fora, não ensinam
os filhos...”3

Da mesma forma, de acordo com o CRP em seu Caderno Temático vol. 6 –


Psicologia e Educação: contribuições para a atuação profissional (2008, pág. 30)
essas dificuldades também são explicadas como “problemas orgânicos,
características de personalidade, de capacidade intelectual, de falta de habilidade
perceptiva, motora, de problemas afetivos, das histórias familiares, de carências
psicológicas, problemas de linguagem, desnutrição, despreparo, falta de apoio,
desagregação familiar, etc.” o que favorece o pensamento de somente uma atuação
clínica do psicólogo no contexto escolar.

Este tipo de pensamento contribui para uma “psicologização da educação” na


qual o psicólogo é chamado para emitir laudos, buscando na criança a causa das
suas dificuldades escolares. “[...] além de não explicar realmente o fracasso, essas
concepções até inviabilizam a prática pedagógica dificultando a reflexão dos

3 MARIN, Ana Paula. Fracasso escolar e políticas públicas: a ampliação do ensino fundamental. X
Congresso Nacional de Psicologia Escolar e Educacional. Universidade Estadual de Maringá. Paraná,
2011
professores sobre a constituição social do indivíduo que é fortemente marcada pelas
práticas e processos escolares”. (MARIN, Ana Paula, 2011 – pág. 4).

SAVIANI (2003) também fala sobre como o tipo de pedagogia utilizada pela
escola também pode influenciar na aprendizagem do aluno, como por exemplo, a
Pedagogia Tradicional (usada até hoje) que vê a escola como o antídoto para
ignorância, seguindo o pensamento de que qualquer falta de conhecimento do aluno
ou dificuldade de aprendizagem pode ser solucionado com a educação, onde o
professor fica responsável por depositar todo o conteúdo nos alunos, simplificando
todo o complexo processo de aprendizagem. Entretanto, como SZYMANSKI afirma
em “Dificuldades de aprendizagem (DA): doença neurológica ou percalço
pedagógico?” (2012, v. 38, nº3), problemas escolares podem decorrer de privações
sensoriais, deficiência mental, problemas motores, de memória, perturbações
emocionais ou sociais, mas pondo toda a responsabilidade de aprendizagem no
aluno, a escola se abstém dessa culpa. Outro autor que defende a mesma ideia é
Piaget. O artigo de SOUZA & WECHSLER “Reflexões sobre a teoria piagetiana: o
estágio operatório concreto” (Cadernos de Educação: Ensino e Sociedade,
Bebedouro-SP, 1 (1): 134-150, 2014) explica que existe uma interação constante
entre o sujeito e o meio e que esta interação é essencial para o desenvolvimento do
indivíduo. É necessário que os profissionais da educação compreendam o
desenvolvimento dos alunos em diferentes etapas da vida, para que possam criar
didáticas baseadas no desenvolvimento do sujeito, visto que as crianças apresentam
características particulares de sua faixa etária diferenciadas dos adultos.

Pode-se perceber durante as entrevistas e observações, que todas as


crianças com dificuldades de aprendizagem ou problemas de comportamento, são
direcionadas à psicopedagoga para que se faça um laudo ou diagnóstico do
problema do aluno, que geralmente recai numa patologização do problema e esses
alunos independentemente de possuírem NEE acabam por serem encaminhados ao
CAEE (Centro de Atendimento Educacional Especializado) verificando-se certa falta
de atenção por parte dos educadores às particularidades e subjetividades individuais
que podem resultar nesses conflitos. Presenciou-se na escola, uma facilidade em
enviar alunos para a sala de AEE, muitas vezes com diagnósticos superficiais, o que
demonstra a tendência da escola a enxergar o problema no aluno, e não em outros
fatores que possam estar influenciando no processo de aprendizagem (estrutura,
modelo pedagógico, relações interpessoais, problemas político-sociais, etc.).

MÉTODOS

Sujeitos

Os sujeitos selecionados para o levantamento de dados foram profissionais


ingressados na escola onde a pesquisa foi realizada. Para realizar a coleta foram
realizadas entrevistas com o professor de Geografia, o professor de Português, o
Coordenador e o Diretor da escola. Cada um desses profissionais contribuiu
dividindo um pouco sobre sua visão e experiência das necessidades da escola e
como achavam que o Psicólogo poderia contribuir neste contexto.

Descrição da Escola

A pesquisa de campo e coleta de dados foi realizada na escola municipal


E.M. PROF HENORY DE CAMPOS GÓES localizada na área central da cidade de
Iperó, interior de São Paulo, a escola atende alunos do ensino fundamental II, do 6°
ao 9° ano e de Educação de Jovens e Adultos do ciclo I (1°/2 e 3°/4° anos), e II (5°
ao 8° ano) na faixa etária a partir de 11 anos de idade. Ela conta com 574 alunos
sendo divididos entre os períodos matutino (235 alunos), vespertino (281 alunos) e
noturno (58 alunos). O bairro onde a escola se localiza abrange uma classe social
heterogênea em diversos aspectos, o que possibilita um trabalho bastante amplo no
que se diz a respeito à discussão de fatores como preconceito e diferenças
individuais.

Nas salas de aula os alunos são divididos entre 15 a 21 alunos por sala, cada
turma sendo acompanhada por um professor responsável por matéria específica,
essas salas são de tamanho médio e todas possuem carteiras anatômicas,
ventiladores duas lousas (lateral e frontal) sendo um quadro negro e uma lousa
branca. Cada sala possui seu ambiente decorado de acordo com cada matéria.

Na escola Henory, a troca de salas é realizada pelos alunos ao término de


cada aula o que possibilita essa “ambientalização”, que foi realizada pelos próprios
alunos com auxílio dos professores em suas respectivas salas. Pudemos ter acesso
a algumas das salas, como, por exemplo, a de Língua Portuguesa que havia sido
decorada com recortes de jornais com notícias atuais e que estava realizando um
projeto de grafite relacionado ao escritor Machado de Assis, que será realizado
numa parede especial para isso.

A equipe de gestão da instituição é composta por um diretor, dois


coordenadores pedagógicos, escriturário, vinte e quatro professores e duas
secretárias. A escola conta com doze salas de aula, incluindo a sala de informática
(falta profissional para conduzir os alunos), sala de recursos e laboratório de
ciências, três banheiros incluindo o banheiro dos professores (segundo o diretor,
citado em entrevista, o banheiro masculino sendo individual para controle dos
alunos) e sala dos professores. Existe uma biblioteca com poucos exemplares, fato
este considerado queixa dos professores.

O ambiente possui duas quadras, sendo uma de vôlei e uma de futebol


(coberta). Pátio, onde são expostas mesas para refeição, e um palco onde há uma
mesa de ping pong que é disponibilizada para os alunos durante o horário de
intervalo. A cozinha onde é preparada a comida também é localizada no pátio,
facilitando o acesso à merenda. Ao lado da cozinha há um bebedouro para utilização
dos alunos.

Entre o pátio e as salas de aula há um espaço verde contendo bancos de


concreto onde os alunos podem fazer uso durante o horário de intervalo, a escola
possui rampas de acesso, toldos que ligam as salas de aula ao pátio e também se
disponibiliza de um local para guardar as bicicletas dos alunos que fazem o uso de
tal para virem à escola. Além da demanda atendida pelo município a escola também
recebe alunos provenientes de parcerias firmadas pelo município com o Centro
Paula Souza.

Descrição da Sala de AEE

● Moderadamente pequena, com poucos móveis;

● Uma mesa grande com espaço para seis lugares no meio da sala;

● Decoração com quadros coloridos;


● Um armário tamanho médio no canto da sala;

● Um ventilador;

● Uma janela e duas portas;

● Uma pequena sala de dispensa com os materiais e instrumentos


pedagógicos.

Alunos que participam

● Oito alunos cadastrados no sistema, doze alunos que fazem uso da sala
(como informado pelo coordenador);

● A sala atende as seguintes NEE’s: deficiência/dificuldade intelectual; baixa


visão; atrofiamento de membros (mãos); necessidades múltiplas.

Materiais, recursos e estrutura

● A sala usa como materiais folhas de atividades, exercícios de reforço escolar


(estudos da matéria que o aluno apresentar dificuldades), papelarias
(cartolinas, e.v.a., canetinhas, giz de cera) que estimulem a criatividade do
aluno;

● Os funcionários da sala são: 1 psicopedagoga com especialização em


educação especial que trabalha 2 vezes por semana no contra turno do aluno
com NEE; 1 estagiária de pedagogia para auxílio na aplicação das atividades
e organização da sala;

● CAEE (Centro de Atendimento a Educacional Especializado): Equipe


multidisciplinar composta de fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogos,
psicopedagoga, terapeuta ocupacional, professores especialistas em
educação especial e profissionais de apoio para trabalhar em parceria com a
escola no atendimento e acompanhamento às Necessidades Especiais do
aluno encaminhado.
Instrumentos e Técnicas para coleta de dados

● Discussão em sala com auxílio do orientador;

● Discussão em grupo;

● Observações nas instalações da escola;

● Observações dentro e fora das salas de aula;

● Entrevistas utilizando gravador do celular;

● Roteiro para entrevista semi-estruturado impresso;

● Programa MicrosoftWord para redigir o projeto;

● Bibliografias, artigos, web sites e legislação.

Procedimentos para coleta de dados

Primeiramente, um dos integrantes do grupo foi à escola em questão para


apresentar o projeto e verificar a possibilidade e autorização para que fosse
realizado na mesma.

Com o consentimento do diretor (anexo 1), foram realizadas três visitas à


escola, duas dessas visitas no período matutino por quatro integrantes do grupo em
cada dia, a terceira e última visita foi realizada por apenas um integrante do grupo
no período vespertino para últimos esclarecimentos.

No primeiro dia de visita (10/09/2019) foram realizadas observações do


ambiente escolar, estrutura da escola e cotidiano dos alunos, para isso o grupo de
quatro alunos dividiu-se em duplas assim que chegaram à escola, cada dupla
adentrou uma sala de aula diferente, durante as aulas de língua portuguesa e inglês.
Na sala de inglês continham alunos do 9º ano e na de português os do 6º ano.
Permaneceram durante 50 minutos até que se seguisse a hora do intervalo que dura
em torno de 20 minutos.
Durante o intervalo os quatro alunos se reuniram para observar as instalações
e estrutura da escola, bem como a socialização dos alunos.

No segundo dia (12/ 09/ 2019) o grupo de quatro alunos dividiu-se novamente
da mesma forma, em duplas, e foram realizadas entrevistas, utilizando um roteiro
semi-estruturado com dois professores, os de geografia e língua portuguesa. Outra
entrevista também foi realizada por uma das duplas com o coordenador da escola.
Todas as entrevistas foram semiestruturadas (anexo 6), realizadas através de
roteiros redigidos e outras questões pertinentes ao tema que foram elaboradas
durante a coleta das informações. Todas as entrevistas foram gravadas com o
consentimento assinado, livre e esclarecido.

A entrevista realizada com o professor de Geografia (anexo 4) ocorreu no


pátio da escola, com duração aproximada de 16 minutos.

A entrevista com o professor de Língua Portuguesa (anexo 5) ocorreu na sala


dos professores, com duração aproximada de 30 minutos.

Já a entrevista com o coordenador (anexo 3) foi realizada na sala do diretor,


pois o mesmo não se encontrava no momento, teve duração aproximada de 30 a 40
minutos.

No terceiro dia (17/09/2019) foi realizada a última visita a escola, por apenas
um integrante do grupo, que pode observar algumas instalações com mais
propriedade, também realizou uma última entrevista com o diretor da escola (anexo
2) com aproximadamente 30 minutos e teve a oportunidade de “bater um papo” com
a psicopedagoga que atua na sala de AEE. Durante a entrevista com o diretor
ocorreu uma troca de salas, devido algumas interrupções.

Procedimentos para análise dos dados (como fazer? Professora disse que não
é necessário o uso de tabelas, mas pediu na orientação do trabalho e
descrever como foi realizada a análise do conteúdo das entrevistas)

RESSALVAS ÉTICAS (falta fazer)


ANÁLISE E DISCUSSÃO (falta complementar com alguns dados que a
professora quer: iniciar o texto com dados quantitativos como numero de
participantes, faixa etária e etc.)

De acordo com as entrevistas realizadas com o corpo docente da escola


(diretor, coordenador e professores) foram apresentados alguns aspectos relevantes
no que diz respeito ao funcionamento da escola e da sua relação com os alunos. Um
aspecto comum abordado pelos funcionários nas três entrevistas foi a relação escola
e família.

Na entrevista realizada com o diretor foram citadas diversas vezes a falha na


relação entre a família e a escola em relação à educação e o comportamento do
aluno no ambiente escolar. Por vezes, quando há queixa da escola referente ao
aluno, a família tende a não aceitar bem os apontamentos e acabam surgindo
conflitos nessa relação escola e comunidade. A importância do contato da escola
com a família é fundamental, uma vez que, segundo o diretor, esse elo é o ideal
para entender o processo de aprendizagem do aluno e para justificar possíveis
falhas nesse processo.

O diretor aponta e cita como problemas, desemprego de familiares,


separação dos pais, e até mesmo falta de renda familiar, alguns exemplos de fatores
externos que acabaram interferindo no processo de aprendizagem do aluno e que
por falta desse contato com a família a resolução desse “pré-diagnóstico” fica ainda
mais difícil de ocorrer, pois por mais que os profissionais entrevistados considerem
essa comunicação de escola e família de certa maneira “boa”, declararam que não é
tão eficiente e que ainda há muito o que melhorar nessa questão.

No decorrer das entrevistas foi questionada a incidência de alunos com


dificuldades de aprendizado ou de problemas, como déficit de atenção, ao qual nos
foi informado e apontado que havia um grande número de casos de alunos que
possuíam alguma dificuldade nesse quesito. A escola não possui um psicólogo, por
isso a anamnese era feita por algum dos professores do corpo de ensino da
instituição e encaminhada para a psicopedagoga a fim de aplicar testes e fechar um
diagnóstico. O processo muitas vezes realizado sem um laudo do psicólogo, e caso
o aluno fosse encaminhado para um psicólogo externo à escola, não havia nenhum
contato, entrega de nenhum parecer ou laudo psicológico do psicólogo para a
escola, perdendo ainda mais o laço entre a escola e o tratamento realizado
externamente.

Levando em consideração o distanciamento da escola-família e da escola


com o tratamento psicológico, pode-se pensar em alguns fatores que tenham
ocasionado essa alta porcentagem, segundo o relato de um dos professores dos
alunos com dificuldade de aprendizagem ou alguma patologia relacionada já que
nessa ocasião fatores citados pelo próprio diretor, como estrutura familiar ou
situação socioeconômica por vezes não são verificadas apesar de serem fatores que
interferem diretamente no aprendizado do aluno. Já a falta do acompanhamento ou
no caso de se ter um acompanhamento, mas com falta do contato da escola com o
psicólogo a respeito do seu parecer podem acabar em um diagnóstico errôneo. O
que dificulta ainda mais o processo de aprendizagem.

Em entrevista com um dos professores o mesmo declara acreditar que o


problema de aprendizado dos alunos é uma questão de interesse, alguns alunos se
interessam em aprender e outros não, portanto esses que não se interessam
acabam ficando para trás. Com isso podemos ver a importância da atuação do
psicólogo dentro do ambiente escolar, não somente no que se refere aos alunos,
mas também ao que se refere à orientação dos profissionais em relação às
demandas relacionadas aos problemas de aprendizagem apresentados pelos alunos
na instituição.

Em dado momento da entrevista o diretor relatou a necessidade da atuação


da escola em parceria com outros órgãos, como assistência social e a importância
que seria ter um psicólogo escolar atuando dentro da instituição e tendo contato com
os alunos, professores e família.

Outra demanda citada ao longo da pesquisa seria a respeito de ações


pedagógicas e a execução de atividades escolares que possibilitassem a integração
entre os alunos, muitas vezes os planos pedagógicos são discutidos em reuniões,
mas não são postos em prática.

Fora pontuada a falta de subsídio financeiro da prefeitura no que diz respeito


à manutenção da escola, de recursos que beneficiem o aprendizado dos alunos
como livros didáticos e na falta computadores e sua manutenção. A escola não
possui biblioteca, apenas um acervo com alguns livros, e que caso seja proposta
uma atividade, não há material para todos.

No entanto, a principal demanda que observamos é com relação ao aluno, a


falta de atenção à subjetividade, questões de cunho pessoal que interferem
diretamente em seu rendimento, pois a equipe pedagógica da instituição não está
conseguindo visualizar alguns problemas desta ordem que foram observados além
das queixas relatadas durante as entrevistas. De acordo com o próprio coordenador,
que depois corrigiu sua fala, existe a “moda do suicídio” entre os alunos. Pode-se
notar durante a observação das instalações que num banheiro feminino haviam
frases pichadas, de alunos em real sofrimento, insinuando um possível suicídio se
intitulando “anjo suicida”, além do mais o fato de um dos professores da escola ter
cometido suicídio. Questões essas, que por falta de orientação, não são discutidas e
enfrentadas em conjunto.

Outra questão a ser ressaltada são as demandas de indisciplina ou mesmo


problemas de aprendizagem, que por muitas vezes são tratadas como patologias,
recaindo sobre o aluno, todo o problema de aprendizagem.

Por fim, diante das queixas apresentadas e da observação realizada


concluímos que a maioria dos casos, seja ele de cunho indisciplinar, problemas de
aprendizagem, preconceito dentre outros, são encaminhados para a profissional de
AEE, no caso da escola a psicopedagoga, denotando uma possível banalização ou
falta de conhecimento da atuação desse profissional na escola, pelo corpo docente,
requerendo desse profissional uma solução para os problemas apresentados pelos
educadores.

A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO (falta complementar com todos os dados que


ela pediu, como: o que fazer? (Tipos de intervenção), com quem?
(participantes), para que? (objetivos), como fazer?) – Esse texto abaixo é
somente um esboço de como será feita a intervenção.

O Projeto de Proposta vem para superar a dicotomia de ensinar X aprender,


muitas vezes internalizada pelos educadores, dando espaço para que estes se
desloquem de seus lugares marcados.
“A perspectiva, então, é a de deslocar as demandas existentes, ou
seja, de trabalhar no sentido da produção de novas demandas, criar
novos espaços de discussão e compreensão da realidade que povoa
o espaço intraescolar.”4

De acordo com as principais demandas analisadas, o foco deste


projeto será preferencialmente no aluno, trabalhando sua subjetividade de forma
individual e coletiva, sempre consideração o contexto atual, com a participação dos
educadores cuidando para que estes não sejam vistos como uma interferência.

Neste sentindo, o trabalho do psicólogo será com grupos de alunos.


Inicialmente serão propostas rodas de conversa, dinâmicas e etc., com várias
temáticas importantes, para a fase em questão, que permeiam o espaço escolar
como: preconceito e discriminação, bullyng, drogas, adolescência, sexualidade,
questões de gênero e valorização da escola, visando que os alunos compartilhem
suas experiências compartilhando para a socialização do conhecimento.

“As práticas coletivas de produção de subjetividade se apresentam


para nós como estratégia de interferência no processo educativo,
levando em conta que os sujeitos, quando mobilizados, são capazes
de transformar realidades, transformando-se a si próprios nesse
mesmo processo”.5

CONCLUSÃO (falta fazer)

REFERÊNCIAS (colocar após completar a justificativa e análise)

ANEXOS

Anexo 1 – Carta de Apresentação

Anexo 2 – Termo de Consentimento Diretor

Anexo 3 – Termo de Consentimento Coordenador

Anexo 4 – Termo de Consentimento Professor de Geografia

4 CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO. Referências técnicas para Atuação de Psicólogas (os) na
Educação Básica / Conselho Federal de Psicologia. Brasília: CFP, 2013.58 – pág. 42.
5 CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO. Referências técnicas para Atuação de Psicólogas (os) na
Educação Básica / Conselho Federal de Psicologia. Brasília: CFP, 2013.58 – pág. 44.
Anexo 5 – Termo de Consentimento Professor de Português

Anexo 6 – Roteiro para Entrevista Semi-Estruturada

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