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psicopedagógica na
aprendizagem da leitura e
escrita
AUTORIA
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
Bem vindo(a)!
Caro(a) estudante, antes de iniciar os estudos, lembre-se que a apostila não irá
abordar minuciosamente toda a temática. Por essa razão, nas leituras
complementares, você encontrará interessantes estudos e abordagens. Aproveite!
AUTORIA
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
Introdução
Prezado(a) estudante,
Nesta unidade, convido você a adentrar nas Teorias Psicopedagógicas. Mas, antes
disso, você deve reetir sobre alguns aspectos: no decorrer de nossas vidas, ou seja, da
fase infantil até à velhice, muitas transformações ocorrem, certo? Como será que
acontecem essas transformações (esse desenvolvimento)? Como aprendemos?
Todos nós aprendemos da mesma forma? Os fatores externos (cultural, social e
histórico) inuenciam o desenvolvimento?
Esses questionamentos serão abordados nas três teorias que você irá aprender.
Vamos lá?
Piaget e Freud: teoria
interacionista
AUTORIA
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
Ao longo da história, muitos pesquisadores desenvolveram estudos para
compreender como ocorria o processo de aprendizagem dos indivíduos. Um desses
estudiosos foi Jean William Fritz Piaget, considerado um dos maiores pesquisadores
no campo da educação na metade do século XX. Nasceu na pequena cidade
Neuchâte, localizada na parte ocidental da Suíça, em 9 de agosto de 1896. Filho de
um estudioso e professor de História e uma devota religiosa. No início de sua vida,
aos 11 anos, publicou seu primeiro artigo sobre um pardal albino. Sua vida acadêmica
iniciou-se com os estudos em biologia, cursou a graduação, o mestrado e, mais tarde,
concluiu o doutorado na mesma área, na Universidade de Neuchâtel.
Posteriormente, investiu seus estudos na área de Psicologia, Epistemologia e
Educação (PALANGANA, 2015, p. 14).
De acordo com Davis e Oliveira (1994, p. 37), a princípio, Piaget trabalhou com os
psicólogos franceses Binet e Simon, os quais tinham como objetivo elaborar um
instrumento para mensurar a inteligência das crianças que estudavam nas escolas
francesas. Posteriormente, Piaget dedicou-se às pesquisas psicológicas, as quais
tinham como intuito conhecer a criança e como acontecia o seu desenvolvimento,
buscando compreender o ser humano a m de aprimorar métodos pedagógicos. A
partir dessa constatação, Piaget aderiu ao método clínico, inspirado em Sigmund
Freud, em que o inconsciente apresentava um papel fundamental para compreender
o desenvolvimento e o funcionamento da personalidade humana. À vista disso, faz-se
necessário compreender a concepção psicanalítica apresentada por Freud, uma vez
que inuenciou diretamente a Teoria Interacionista.
Sigmund Freud
Fonte: wikipedia
Sigmund Freud, considerado o pai da Psicanálise, nasceu Freilberg, na antiga
Tchecoslováquia (atual Pribor, que pertence à República Tcheca), lho de judeus. Ainda
com três anos de idade, mudou-se com sua família para Viena (capital da Áustria),
onde viveu grande parte de sua vida. Em 1938, em razão de sua etnia judaica, Freud
foi obrigado a retirar-se de sua cidade e refugiar-se na Inglaterra, porque os nazistas
ocuparam Viena. Um ano depois, em 1939, aos 83 anos de idade, o câncer o levou à
morte. Com relação à vida prossional, inicialmente, Freud dedicou-se aos estudos das
doenças mentais, utilizando técnicas e métodos de Jean-Martin Charcot e Joseph
Breuer. Com o passar do tempo, criou sua própria teoria com base nos fenômenos
psíquicos. A concepção psicanalítica de Freud tornou-se um método de investigação
para Piaget, posto que investiga e interpreta aquilo que está oculto, isto é, o
inconsciente do sujeito (NOGUEIRA; LEAL, 2018).
Com base na concepção psicanalítica de Freud, durante sua pesquisa, Piaget aplicou
teste em grande número de crianças, os resultados foram surpreendentes, porque as
respostas incorretas eram mais interessantes que as corretas, além disso as crianças
da mesma faixa etária cometiam erros semelhantes. “Daí a ideia central da teoria: a
lógica de funcionamento mental da criança é qualitativamente diferente da lógica
adulta” (PALANGANA, 2015, p. 14). Isto fez com que Piaget repensasse seu método de
análise, ou seja, investigar as soluções apresentadas pelas crianças, desviando a
atenção na quantidade de respostas corretas. Portanto, era necessário investigar por
meio de quais processos ou mecanismos acontecem essa transformação.
Assim, ancorado na concepção freudiana, Piaget criou o seu próprio método para
investigar o desenvolvimento infantil. Suas pesquisas deram início a sua grande obra,
conhecida como Epistemologia Genética, cujos objetos de estudos são o
conhecimento cientíco (epistemologia) e a gênese (genética), isto é, a origem desse
conhecimento. Desse modo, sua teoria tem como base o sujeito em seu processo de
construção do conhecimento (NOGUEIRA; LEAL, 2018).
Diante disso, conforme a Figura 1, o sujeito (a criança) e o social (objeto) não podem
ser dissociados, uma vez que um inuencia e estimula o outro. A criança, em um
determinado ambiente, modica o meio social, assim como é modicada por ele,
especialmente na interação com outros indivíduos. Sendo assim, “o desenvolvimento
se constrói na e pela interação da criança com outras pessoas de seu ambiente,
particularmente com aquelas mais envolvidas afetiva e efetivamente em seu
cuidado” (OLIVEIRA et al., 1999, p. 30).
A interação de Piaget
Sujeito Objeto
Fonte: a autora.
Para denir como ocorre essa transformação do conhecimento infantil, Piaget adotou
o termo equilibração majorante que, como o próprio nome o dene, é o momento de
equilíbrio durante a interação entre o sujeito e o meio físico e sociocultural, porém
esse equilíbrio é sempre instável, já que constantemente surgem obstáculos. A partir
de qualquer obstáculo, não há mais equilíbrio na interação e, consequentemente, o
sujeito entra em uma situação de desequilíbrio. Assim, através desse desequilíbrio, o
sujeito será desaado, obrigando-o a encontrar novas adaptações para que novos
conhecimentos sejam construídos. (NOGUEIRA; LEAL, 2018).
Nesse caso, para restabelecer o equilíbrio perdido, o indivíduo precisa mobilizar os
mecanismos de inteligência: a assimilação e a acomodação. Para a teoria
piagetiana, a
Os Estágios do Desenvolvimento
Cognitivo: da Infância à Vida Adulta
Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo é estruturado por estágios (ou
períodos, ou etapas). Esses estágios dividem-se em quatro momentos de
“desenvolvimento ao longo do qual a criança constrói certas estruturas cognitivas”
(DAVIS; OLIVEIRA, 1994, p. 39). Além disso, faz-se importante salientar que Piaget
apresentou em seus estudos idades mais ou menos aproximadas. Ademais, dentro
de cada estágio, os sujeitos apresentam ritmos de desenvolvimentos diferentes.
Porém, todas as crianças passaram por esses estágios, mais cedo ou mais tarde,
dependendo tanto do seu desenvolvimento biológico quanto do desenvolvimento
no meio físico e social (sociocultural) e familiar em que vivem.
O Processo de Ensino-Aprendizagem a
partir da Teoria Interacionista
O interacionismo piagetiano ganhou força no Brasil a partir da década de 1980. No
início de suas pesquisas, Piaget não imaginava que seus estudos auxiliariam muitos
professores a compreender o processo de aprendizagem de seus alunos. De acordo
com Maia (2017, p. 54), o objetivo da educação para a premissa piagetiana é
“potencializar”, isto é, possibilitar “a construção das estruturas cognitivas”, bem como
colaborar com o “desenvolvimento dos estágios propostos”. Para isso,
Por esse motivo, os professores começaram a planejar suas aulas e suas atividades
com base nos estágios em que os alunos se encontram, propiciando vivenciar o
equilíbrio, passando pelo desequilíbrio e, retornando ao equilíbrio, a m de produzir
progressos cognitivos a partir dos desaos e das situações-problema. “Essas situações
modicam a estrutura do pensamento de cada aluno,”, além disso, proporcionam um
crescimento mental cada vez mais elevado e sadio” (NOGUEIRA; LEAL, 2018, p. 138).
AUTORIA
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
A teoria de Vigotski, intitulada Sociointeracionista, adotou um novo nível de
desenvolvimento, unicando a gênese e a natureza social das funções psicológicas.
Ou seja, essa teoria explica a origem e evolução do psiquismo humano, bem como as
relações entre indivíduos e sociedade, destacando a importância de que a cognição
deve ser investigada em um contexto sócio-histórico e cultural.
Um ano depois, com 18 anos, Vygotsky iniciou o curso de Medicina, porém não o
concluiu, optando pelo curso de Direito da Universidade de Moscou. Além disso,
também estudou Literatura e História da Arte. Em 1917, graduou-se em Direito e
apresentou um trabalho cujo título era “Psicologia da Arte”, que só foi publicado na
Rússia em 1965. Mais tarde, retornou para Gomel, onde dedicou-se à Literatura e à
Psicologia, realizando palestras em várias escolas (NOGUEIRA; LEAL, 2018).
Segundo Nogueira e Leal (2018), Vygotsky fundou uma editora, uma revista literária e
um laboratório de psicologia no Instituto de Treinamento de Professores, onde
ministrava cursos de Psicologia. Para colaborar com o desenvolvimento dessas
crianças, dedicou-se exclusivamente aos estudos dos processos mentais humanos.
Em 1924, recebeu o convite para trabalhar no Instituto de Psicologia de Moscou.
Lev Vygotsky
Fonte: wikipedia
Instrumentos Signos
À vista disso, a relação do indivíduo (criança) com o mundo não ocorre de maneira
direta, ou seja, depende do elo estabelecido pelos instrumentos e signos. Diante dos
signos, a linguagem escrita é fundamental na mediação das funções mentais
superiores, uma vez que o conhecimento é adquirido nas relações entre os
indivíduos, por meio da linguagem e da interação social. Além do mais, o signo pode
ser compreendido como os objetos ausentes, por exemplo, alguém diz eu comprei
um cadeira de praia, embora quem ouça não esteja próximo a uma cadeira desse
tipo, consegue visualizá-la em pensamento. Logo, os signos representam coisas no
mundo.
Já os instrumentos podem ser denidos como os objetos utilizados por esse indivíduo
para realizar uma determinada função. Por um exemplo, o indivíduo pode cortar algo
com a mão, mas com um machado consegue cortá-lo de modo mais eciente. Assim,
o homem faz/utiliza esses objetos para ns especícos
Zona de desenvolvimento
Nível de Nível de
desenvolvimento real desenvolvimento
Fonte: a autora. potencial
proximal
Para essa teoria, a linguagem tem uma função comunicativa. Através das palavras se
estabelece comunicação com outro, assim, o sujeito dialoga, argumenta, informa,
ensina, aprende entre outras capacidades desenvolvidas exclusivamente pelo ser
humano racional. À vista disso, é mediante a linguagem que se expressa o
pensamento humano, proporcionando as interações humanas, na qual o falante
constitui-se em sujeito, uma vez que na ausência da linguagem não existe sujeito,
nem interação.
Como dito anteriormente, o que distingue o ser humano dos outros animais é a
capacidade de verbalizar os pensamentos por meio da linguagem, por esse motivo
Vygotsky (2007) dedicou-se a estudar o processo de aquisição da linguagem. De
acordo com o psicólogo, esse processo ocorre de forma isolada no desenvolvimento
infantil e sua aquisição inuencia e transforma o comportamento da criança, além
disso, a linguagem materializa o aparecimento de condutas, ou seja, a maneira de
compreender o mundo.
Na aquisição da linguagem, o caráter social está muito presente, dado que é nítida a
necessidade da interação entre a criança e o adulto no progresso da linguagem,
porque essa mediação faz com a criança se introduza no mundo social. Portanto, o
desenvolvimento da linguagem não está ligado apenas aos fatores maturativos,
exige interação afetiva e apropriada com ambiente em que está inserida (VYGOTSKY,
2007).
Papel do
ambiente aprendizagem que o desenvolvimento
Um ambiente de Auxiliar o aprendizado e cognitivo.
social
valoriza o professor em Relacionado à ZDP e às
detrimento dos alunos. ferramentas mentais.
Portanto, a
AUTORIA
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
A Teoria Ambientalista (também conhecida como Behaviorista) destaca que o ser
humano é produto do meio em que vive (do ambiente), pois é moldado pelos
estímulos ambientais. Antes de compreender todos os aspectos dessa teoria, é
interessante conhecer quem a desenvolveu. Burrhus Frederic Skinner, conhecido
como B. F. Skinner, nasceu em Susquehanna, Pensilvânia, Estados Unidos, no dia 20
de março de 1904. Filho de um advogado e de uma dona de casa. Estudou no
Hamilton College em Nova Iorque; nessa época, almejava ser escritor, dedicando-se a
isso durante dois anos, mas depois admitiu que lhe faltava competência literária. Em
1926, concluiu o bacharelado em Literatura Inglesa e Línguas Românicas (MAIA, 2017).
A Teoria Ambientalista propõe que todo ser humano nasce como uma tábula rasa,
uma folha em branco e, ao longo do tempo, é preenchido por informações vindas do
meio, ou seja, é estimulado, moldado e corrigido pelo ambiente. Sendo assim, a
aprendizagem ocorre “por meio das inuências dos estímulos do meio. Todo
comportamento do homem seria condicionado ou classicado como respondente ou
operante” (MAIA, 2017, p. 28). Faz-se necessário salientar que o comportamento
humano é determinado pela relação do indivíduo com o meio.
07 de Março | 2018
Conclusão - Unidade 1
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Unidade 2
Diculdades de
aprendizagem da leitura e
escrita
AUTORIA
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
Introdução
Prezado(a) estudante, seja bem-vindo(a) à Unidade II da apostila de Intervenção
Psicopedagógica na Aprendizagem da Leitura e Escrita. Nesta unidade, você irá
compreender as Diculdades de Aprendizagem da Leitura e da Escrita.
Bons Estudos!
Diculdade de
aprendizagem e suas
concepções
AUTORIA
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
É sabido que todo ser humano tem uma capacidade inata para aprender, um
processo natural, porém exige uma complexa atividade mental que envolve diversos
aspectos: emoções, percepção, memória, mediação, conhecimentos prévios, entre
outros (BOSSA, 2000). Logo, muitos fatores precisam trabalhar de maneira favorável
e concomitantemente, para que o processo ensino-aprendizagem aconteça de modo
satisfatório. Contudo, quando isso não ocorre, as consequências geram diculdade de
aprendizagem (doravante DA).
García (1998, p. 1), pautado nas denições da instituição National Comittee on Learning
Disabilities, arma que a “Diculdade de Aprendizagem é um termo que se refere a um
grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por diculdades signicativas na
aquisição e uso da escuta, fala, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas”, bem
como considera esses transtornos intrínsecos ao indivíduo, os quais podem existir
“junto com as diculdades de aprendizagem, problemas nas condutas e
auto-regulação, percepção social, mas não consistem por si próprias uma diculdade
de aprendizagem”, embora as diculdades de aprendizagem possam acontecer ao
mesmo tempo que outras “condições incapacitantes” – deciência intelectual,
transtornos emocionais graves ou com “inuências extrínsecas” (condições externas) –,
diferenças culturais, orientações inapropriada ou insuciente, “não são resultado
dessas condições ou inuências”.
As DAs são consideradas situações mais simples e passageiras, que, muitas vezes,
fazem parte do processo natural de amadurecimento de todas as pessoas em algum
momento da vida. As diculdades de aprendizagem podem ser denidas como:
[...] aquelas diculdades experimentadas por todos os indivíduos em
alguma matéria e/ou algum momento de sua vida escolar. Os fatores
causadores dessas diculdades estão relacionados a aspectos evolutivos
ou são decorrentes de problemas na proposta pedagógica, de padrões de
exigência da escola, de falta de assiduidade do aluno, e de conitos
familiares eventuais. São em geral diculdades naturais, evolutivas e,
portanto, transitórias, que tendem a desparecer a partir de um esforço
maior do aluno ou da ajuda de um professor particular (ROTTA;
OHLWEILER; RIESGO, 2006, p. 104).
Farias e Gracino (2019, p. 65) colaboram com essa concepção armando que
Assim, a
Transtorno/distúrbio de aprendizagem:
manifesta-se por fatores externos à criança
Metodologia escolar
Além do conceito de DA, alguns autores denem as suas variáveis. O tópico a seguir
aborda duas dessas variáveis, isto é, os termos distúrbio/transtorno de aprendizagem
e o fracasso escolar.
Variáveis quanto à
diculdade de
aprendizagem
AUTORIA
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
Em caso de diculdades mais persistentes e profundas em determinada área, que se
apresentam desde os momentos iniciais dos processos de aprendizagem, pode se
estar diante de um transtorno (distúrbios) de aprendizagem. Este é considerado uma
inabilidade especíca, como de leitura, escrita ou matemática, em indivíduos que
apresentam resultados signicativamente abaixo do esperado para seu nível de
desenvolvimento, escolaridade e capacidade intelectual. “[...] O transtorno deve ter
estado presente desde os primeiros anos de vida [...], apesar do atendimento
especíco, o problema que a criança apresenta persiste, muitas vezes por toda a vida”
(ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2006, p. 127-128).
O termo “distúrbio”, que pode ser substituído pelo vocábulo “transtorno”, é de ordem
biológica. Diante disso, a presente discussão se embasará em autores que
apresentam esses dois conceitos como sinônimos. Na Classicação de Transtornos
Mentais e de Comportamento (CID -10), Distúrbio de Aprendizagem é tido como
comprometimento ou atraso no desenvolvimento de funções ligadas à maturação
biológica da parte central do sistema nervoso, e que se inicia ainda na infância (OMS,
1993). Portanto, transtornos/ distúrbios de aprendizagem são comprometimentos e
disfunções nos quais a causa é neurobiológica e a manifestação é comportamental,
sugerindo a existência de um comprometimento neurológico e das funções corticais
especícas.
Transtorno/distúrbio de aprendizagem:
manifesta-se por fatores internos à criança
Disfunção Neurobiológica
Transtorno de
Dificuldade de aprendizagem
aprendizagem
Fatores
Fatores internos ao
externos ao indivíduo
indivíduo
Problemas Desordem
sociais, neurobiológica
econômicos e
pedagógicos
Transtornos de Aprendizagem
Transtornos Descrição
de
aprendizage
m
Saviani (1982) explica o fracasso escolar priorizando a escolarização das minorias, isto
é, das classes populares. Sendo assim, o estudioso partiu do pressuposto que a
educação só é entendida a partir do momento que considera seus condicionantes
sociais. Para isso, o autor apresenta dois conceitos: marginalidade social e a instância
produtora do conhecimento. O primeiro conceito diz respeito a situação em que
muitos sujeitos se encontram, à margem da sociedade, pois, ou não têm educação,
ou a educação não é de qualidade. Já o segundo conceito refere-se à escola, cujo
principal objetivo é ser instância produtora do conhecimento.
Ainda para o autor, quando o assunto é superação do fracasso escolar, não deve
desconsiderar os aspectos históricos e sociais em que esses alunos estão inseridos,
uma vez que, reconhecer as classes sociais para a elaboração de estratégias
pedagógicas, é imprescindível (SAVIANI, 1982).
À vista disso, a partir das colocações e dos enfoques dos autores aqui apresentados
neste tópico, há uma variedade de termos quando o assunto é a “diculdade de
aprendizagem”, porém, é necessário salientar que todas essas nomenclaturas, por
mais que possam apresentar formas diversas de abordar as diculdades, exigem uma
investigação diagnóstica clínica desenvolvida, realizada por uma equipe de
especialistas que vai desde o psicopedagogo, passando pelo psicólogo, o
neurologista, o fonoaudiólogo, entre outros prossionais.
problemas familiares;
excesso de atividades extracurriculares;
mudanças (de escola ou cidade);
problemas emocionais ou sócio culturais;
efeitos de medicamentos;
uso de drogas.
Um ótimo caminho para isso é examinar as avaliações dos pequenos para ver em
quais disciplinas estão as diculdades e em quais estão as facilidades. Diante disso, é
possível identicar as diferenças nos métodos e, então, trabalhar da forma que mais
funciona com o seu lho.
Seja em sala de aula ou em casa, vale testar estilos de aprendizagem fora da caixinha,
que podem ser desenvolvidas individualmente, em dupla ou em grupos. Além disso,
o ambiente também pode interferir. Então, se quer minimizar a diculdade de
aprendizagem, leve seu lho para aprender no teatro, com jogos didáticos, com
músicas ou até danças, o importante é testar.
que se mostram à
“[...] Por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos
que escutam, há uma criança que pensa” (Emília Ferreiro)
Conclusão - Unidade 2
Leitura complementar
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR: possíveis
estratégias didáticas e de intervenção
RESUMO: O objetivo deste artigo é descrever e reetir sobre algumas das diculdades
de aprendizagem presentes no contexto escolar e, através disso, pontuar algumas das
estratégias didáticas e de intervenção que podem ser utilizadas pelos professores.
Trata-se um estudo teórico, na modalidade de revisão narrativa da literatura.
Buscamos reunir algumas das discussões e propostas atuais que se basearam em
questionamentos sobre inserção da Psicologia na Educação e tipos de estratégias
didáticas utilizadas nas determinadas diculdades de aprendizagem. Os achados
mostram que existem constantes diálogos entre a Psicologia e a Educação,
havendo possibilidades de trabalhar diculdades de aprendizagem com uso de
recursos que podem se adequar à estrutura das escolas, com intuito de facilitar o
processo de aprendizagem.
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Unidade 3
Dislalia, disgraa,
disortograa e dislexia
AUTORIA
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
Introdução
Prezado(a) estudante, seja bem-vindo(a) à Unidade III da apostila de Intervenção
Psicopedagógica na Aprendizagem da Leitura e Escrita. Nesta unidade, você irá
conhecer os Transtornos Especícos de Linguagem.
Vamos lá?
Bons estudos!
Dislalia, disgraa,
disortograa e dislexia e
suas concepções
AUTORIA
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
O Transtorno Especíco de Linguagem ocorre durante o período de aquisição da
linguagem oral e escrita. De acordo com Farias e Gracino (2019), esses transtornos são
divididos em dois grupos: transtorno de articulação da fala (Dislalia) e os transtornos
relacionados à escrita (Disgraa, Disortograa e Dislexia).
A palavra dislalia vem do grego, o termo “dys” que signica diculdade e “lalien”, do
verbo falar (LIMA, 2008). Ela caracteriza-se como um transtorno do
neurodesenvolvimento, cuja peculiaridade é a “diculdade em articular palavra; pode
ser uma pronúncia ruim, omitindo-se ou acrescentando-se fonemas”, assim as
crianças que apresentam esse transtorno “fazem uma utilização dos fonemas em
nível inferior ao que se espera para sua idade” e, consequentemente, poderá
comprometer também a escrita (FARIAS; GRACINO, 2019, p. 72).
Dislalia Evolutiva: é a fase considerada “normal”, que pode durar até os quatro,
desaparecendo durante o desenvolvimento da criança.
Dislalia Funcional: é resultado da substituição (ou eliminação) de uma letra por
outra no momento da pronúncia, inserindo ou distorcendo o som da palavra.
Dislalia Audiógena: ocorre devido a deciência auditiva, interferindo na
produção dos sons das palavras.
Dislalia Orgânica: advém de uma lesão no encéfalo (cérebro) ou devido
alguma alteração física na boca ou na língua.
Cinel (2003) dene disgraa como uma desordem da escrita referente ao traçado das
letras e à disposição dos conjuntos grácos no espaço utilizado. Isso ocorre pela falta
de coordenação motora (grossa e na). Logo, os alunos disgrácos são aqueles que têm
diculdades no ato motor da escrita, porque “as funções do cérebro que
estão preocupadas com a tradução de ideias em palavras por escrito das crianças
que têm este transtorno, não são executadas de forma correta” (TELLES; LUCIO;
ALCANTARA, 2017, p. 68).
Por outro lado, a disortograa cujo “dis” signica desvio, “orto” quer dizer “forma
correta” e “graa” tem signicado de “escrita”. Embora esse transtorno afete a palavra,
não está relacionado ao traçado ou graa, pois “as diculdades centram-se na
organização, estruturação e composição de textos escritos; a construção frásica é
pobre e geralmente curta, observa-se a presença de múltiplos erros ortográcos e [por
vezes] má qualidade gráca” (PEREIRA, 2009, p. 9). Coimbra (2013) colabora com essa
denição ao armar que
Por m, Dislexia deriva dos conceitos “dis” (desvio) e “lexia” (leitura), podendo ser
caracterizada por
Para Fonseca (1999 apud MOURA, 2011, s/p), a dislexia tratar-se de uma “diculdade
duradoura”, em "crianças inteligentes, escolarizadas, sem qualquer perturbação
sensorial e psíquica já existente”. Dessa forma, afeta a aprendizagem e a utilização
instrumental da leitura, devido aos problemas referentes ao nível da consciência
fonológica, de origem neurobiológica, entretanto faz-se necessário salientar que esse
distúrbio não está associado ao Quociente de Inteligência (QI). Logo, um disléxico
não tem um baixo nível intelectual; pelo contrário eles podem apresentar um grau de
aprendizagem acima da média para outras áreas que não a leitura, levando em
consideração a sua faixa etária.
Diante disso, é importante ressaltar que a criança com dislexia não é deciente
mental, física, auditiva, visual, múltipla ou de alto risco. Esse distúrbio não é
consequência de um desenvolvimento comprometido na fase gestacional, nem uma
alimentação imprópria, nem um nascimento prematuro.
Sinais e sintomas de
dislalia, disgraa,
disortograa e dislexia
AUTORIA
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
Considerando que o diagnóstico de cada transtorno ocorre por meio da observação e
acompanhamento dos sinais e sintomas apresentados pelas crianças, é importante
abordar os principais sinais e sintomas de cada transtorno descrito anteriormente.
Caraciki (2008) colabora com essa concepção ao descrever alguns aspectos que
caracterizam a disgraa: letra ilegível; lentidão na escrita; escrita desorganizada; traços
fortes marcando o papel ou traços leves e também irregulares; desorganização na
folha de papel por não ter orientação espacial; desorganização das formas, tamanho
muito pequeno ou muito grande entre outros.
Entretanto, a criança que apresenta um ou dois sintomas não pode ser considerada
disgráca, já que é necessário apresentar um conjunto ou quase a totalidade de
sintomas.
AUTORIA
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
Para identicar uma criança dislálica, deve-se examinar os órgãos da fala e da audição
com o intuito de detectar as causas. Estas podem ser divididas em dois grupos. O
primeiro concerne à lesão cerebral e a malformações congênitas (lábio leporino,
traumatismos dos órgãos fonadores). Ademais, os dislélicos podem apresentar
alterações no sistema nervoso central. Já o segundo grupo não apresenta nenhuma
alteração física, caracterizando-se por fatores hereditários ou emocionais, bem como
a imitação de algumas produções de sons. Essas causas referem-se à dislalia
presente em crianças hiperativas e com paralisia cerebral. (GARCIA, 1995).
A dislexia não tem cura total, mas o tratamento vai auxiliar o paciente em relações às
suas diculdades, mobilizando uma pequena progressão de melhoria no processo de
aprendizagem e, também, auxiliando em problemas como autoestima e socialização.
Por isso, no âmbito escolar, os educadores devem conhecer, diagnosticar e propiciar
ações que estimulem o desenvolvimento escrito e oral do aluno disléxico.
SAIBA MAIS
Como o professor pode ajudar a identicar transtornos de
aprendizagem em sala de aula?
REFLITA
“Não importa que uma criança aprenda devagar. O que importa é que a
encorajemos a nunca desistir” (Robert John Machan).
Conclusão - Unidade 3
É sabido que muitos crianças têm diculdades com relação à leitura e à escrita, e
algumas dessas diculdades não são oriundas apenas do processo de aquisição da
escrita alfabética, ou seja, eles apresentam Transtornos Especícos de Linguagem e,
consequentemente, requerem atenção e empenho por parte dos professores, visto
que estão presentes nos primeiros contatos dos alunos com a escrita convencional.
Diante disso, nesta unidade, foram abordados os diversos transtornos: dislalia, disgraa,
disortograa e dislexia. Estes estão relacionados com a linguagem, ou seja, são
diculdades que reetem na fala, na escrita e/ou na leitura.
Leitura complementar
DISLEXIA: O GRANDE DESAFIO EM SALA DE AULA
Livro
Filme
ELLIS, A. W. Leitura, escrita e dislexia: uma análise cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas;
1995.
GUIMARÃES, R. Curso de Inglês para disléxico: tudo o que você precisa saber.
LIMA, R. Alterações nos sons da fala: o domínio dos modelos fonéticos. Saber (e) Educar,
Porto: ESE de Paula Frassinetti, n. 13, p. 149-157, 2008. Disponível em:
http://repositorio.esepf.pt/bitstream/20.500.ll796/94l/2/SeE_l3AlteracoesSons.pdf.
Acesso em: 23 ago. 2020.
AUTORIA
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
Introdução
Prezado(a) estudante, seja bem-vindo(a) à Unidade IV da apostila de Intervenção
Psicopedagógica na Aprendizagem da Leitura e Escrita. Nesta unidade, você irá
compreender as Intervenções Pedagógicas.
Nesta unidade, você irá compreender o que são intervenções psicopedagógicas, sua
importância para aprendizagem da leitura e da escrita, bem como entender a
relevância dos jogos e das tecnologias como estratégias de intervenções dentro do
contexto escolar.
Intervenções no processo de
aprendizagem da leitura e
escrita
AUTORIA
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
O processo de desenvolvimento da leitura e escrita é considerado de extrema
importância para o progresso da educação, assim como impactante na prática de
atividades que constituem o processo educativo. Por conta disso, há uma grande
observação por parte dos docentes, gestores e demais prossionais envolvidos no
processo educacional, a m de identicar e acompanhar possíveis diculdades que
possam inuenciar no processo de aprendizagem da leitura e da escrita. Além disso,
esses prossionais buscam procedimentos e métodos que são adotados para suprir ou
trabalhar determinadas diculdades, concedendo aos estudantes uma oportunidade
de obter um desempenho positivo junto às rotinas escolares.
Diante disso, considerando que a leitura e a escrita são habilidades muito complexas
para as crianças que têm quaisquer transtornos de aprendizagem, há uma
necessidade de intervenção psicopedagógica (IP), isto é, elaboração e execução de
estratégias para auxiliar os alunos que apresentam diculdades e/ou transtornos
especícos de linguagem.
Além do professor, esses alunos podem receber auxílio de um colega, visto que “as
crianças apreciam o processo de aprendizagem quando interagem com outros
alunos da sala de aula ou de outras salas de aula” (HENNIGH, 2003, p. 69).
Sugestões de jogos para
realizar a intervenção
AUTORIA
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
Os jogos são técnicas desenvolvidas e aplicadas dentro do ambiente escolar ou
familiar. Essas intervenções priorizam o lúdico, ou seja, por meio de brincadeiras ou
atividades menos formais, os professores podem instigar o conhecimento e obter
resultados signicativos com relação à aprendizagem dos alunos. Os jogos são muito
aceitos pelas crianças e adolescentes, porque são recursos que podem ser utilizados
para progressão de habilidades das disciplinas mais difíceis, como Matemática,
Língua Portuguesa e Ciências. Sendo assim, com as práticas dos jogos, os estudantes
também são estimulados a desenvolverem o raciocínio lógico, a coordenação
motora, a agilidade, entre outros.
Pozo (2002) considera que, por meio da interação entre jogos, dinâmicas e demais
procedimentos lúdicos, as crianças com determinadas diculdades no processo de
aprendizagem se sentem mais à vontade, assim, os jogos são recursos
metodológicos mais interativos entre os conceitos e as práticas, algo que, no decorrer
dos anos, tem apresentado uma eciência muito grande no processo de alfabetização
ou desenvolvimento da leitura e da escrita. Portanto, “o jogo não pode ser visto
apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o
desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral”. Por isso, “agindo sobre os
objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu espaço e o seu tempo,
desenvolvem a noção de casualidade, chegando à representação e, nalmente, à
lógica” (IDE, 2011, p. 106-107). Para Jesus, Passos e Nobte (2015, p. 169),
Torre de Hanói: um jogo estratégico que tem uma base com três pinos na
posição vertical. No primeiro pino, há uma sequência de discos com ordem
crescente de diâmetro, de cima para baixo. A criança precisa mover todos os
discos do primeiro pino para o último com a ajuda do pino central, respeitando
a sequência, isto é, o pino de maior diâmetro não deve car sobre o de menor
diâmetro, desenvolvendo a memória, o planejamento e a solução de problemas
através de técnicas de estratégias.