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PROPÓSITO
Compreender a importância da Psicologia da Educação Cognitivista para a formação docente, indicando
seus principais representantes e a aplicabilidade dos respectivos conceitos à prática pedagógica.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 3
Identificar o Conectivismo como uma teoria compatível com a sociedade do conhecimento e a era digital
INTRODUÇÃO
Vamos começar falando um pouco da Psicologia da Educação, da sua importância e de como é
fundamental para os educadores estudá-la.
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Ela é um ramo da Psicologia que, associada à Pedagogia, tem como foco o ensino e a aprendizagem,
suas características, as condições ótimas para que aconteçam e também as dificuldades e os entraves
que possam ser enfrentados pelos alunos e professores. Em resumo, os fatores psicológicos envolvidos
na Educação.
O domínio dos seus conteúdos facilita muito o trabalho do professor, o enfrentamento das situações da
prática docente e a seleção das estratégias didáticas que ele vai utilizar.
Nesse processo, a Psicologia da Educação atua de duas maneiras:
Permite ao professor praticar a intervenção necessária para corrigir os desvios e aprimorar o ensino e a
aprendizagem
MÓDULO 1
Psicologia da Educação trata dos fundamentos psicológicos, dos processos e das consequências
psíquicas que estão presentes em uma situação educativa.
Uma variedade de movimentos teóricos entra no universo da formação docente e podemos dizer que,
embora a Psicologia da Educação não garanta ao professor o sucesso de todas as aulas, oferece a ele
uma base de conhecimentos muito valiosa para sua prática.
Se os ramos da Psicologia que lidam com a Educação se multiplicam, podemos afirmar que a introdução
de aspectos do Cognitivismo e do Conectivismo tornam-se marcantes nas transformações da Educação
no século XX.
Passando por estudos e experimentos propagados no mundo inteiro, o olhar sobre como se aprende,
como é possível melhorar esse processo, marca definitivamente a história das escolas e da Educação.
Iniciamos os caminhos da abordagem da escola teórica que se volta para esse estudo: a Psicologia da
Educação Cognitivista.
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Humanismo
Cognitivismo
O Cognitivismo surgiu na década de 1950, mas teve seu impacto no cenário da ciência aumentado na
década de 1990, opondo-se ao Comportamentalismo e aos estudos do comportamento observável e as
formas de modificá-lo.
Falar
Resolver problemas
Memorizar
Raciocinar
Moreira (1999, p. 3) afirma que “a Psicologia Cognitiva preocupa-se com o processo de compreensão,
transformação, armazenamento e utilização das informações, envolvida no plano da cognição”.
Sternberg (2010, p.22), conhecido autor cognitivista, faz coro às palavras de Moreira, afirmando que a
Psicologia Cognitiva trata do modo como as pessoas percebem, aprendem, recordam e pensam sobre a
informação.
Com esse campo de estudo, é fácil compreender a aproximação natural com a Educação e os
processos de ensino e aprendizagem, constituindo o que chamamos de Psicologia da Educação
Cognitivista.
COMPARTILHANDO APRENDIZAGENS. UM
PSICÓLOGO E FILÓSOFO CHAMADO JEAN
PIAGET
BIOGRAFIA
Jean Piaget (1896-1980) é um dos grandes nomes da Psicologia, em especial pelos avanços
promovidos na compreensão do funcionamento da inteligência da criança. Alguns professores sinalizam
que a razão sai do campo da Filosofia e passa para o campo da Psicologia e, a reboque, para o campo
da Educação.
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Legenda: Jean Piaget (1896-1980), 1968. Fonte: Nbmachado.
JEAN PIAGET
Formou-se em Biologia e Filosofia, tendo se doutorado com apenas 22 anos. Já na França, passou
ao modismo dos estudos de testes sobre as crianças na busca típica pelo padrão dos moldes do
início do século XX.
Na França, enquanto participava de estudos de testes sobre as crianças, começou a perceber, pela
primeira vez, “padrões de desenvolvimento” – crianças da mesma idade cometiam erros
semelhantes.
Isso vinha sendo tentado “cientificamente” em muitos centros. Mas Piaget tinha um grande problema de
pesquisa em suas mãos. Foi então que, em 1919, Piaget mergulhou na “fronteira final”, ao menos
naquele momento, da anatomia humana: dedicou-se a entender as bases da mente humana; foi um
marco em sua vida. Piaget iniciou seus estudos experimentais e começou a pesquisar o
desenvolvimento das habilidades cognitivas. Seu conhecimento de Biologia levou-o a enxergar o
desenvolvimento cognitivo de uma criança como uma evolução gradativa.
COMENTÁRIO
Você pode imaginar que tipo de testes eram feitos e se podiam ou não colocar as crianças em risco; boa
parte das teorias de Piaget foram baseadas em estudos e observações sobre seus filhos, que ele
realizou ao lado de sua esposa.
Piaget lecionou nas principais universidades do mundo, como a Sorbonne, em Paris; fundou um centro
internacional de Epistemologia genética; e, ao longo de sua vida, publicou muito deixando uma enorme
contribuição para diversos campos do saber como a Psicologia e Pedagogia.
Estágios do desenvolvimento cognitivo do ser humano. Piaget fala de quatro estágios, em que cada
um engloba o anterior e o amplia:
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SENSÓRIO-MOTOR
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PRÉ-OPERATÓRIO
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OPERATÓRIO CONCRETO
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OPERATÓRIO FORMAL
SENSÓRIO-MOTOR
0 a 24 meses
Conhecimento do mundo por meio dos órgãos, dos sentidos e dos movimentos. No fim desse estágio
surgem as primeiras operações mentais.
PRÉ-OPERATÓRIO
2 a 6 anos
A criança já utiliza símbolos, imagens, números, palavras para representar o mundo. O pensamento é
imediato e egocêntrico, autocentrado.
OPERATÓRIO CONCRETO
7 a 11 anos
A criança já possui operações lógicas e as utiliza para conhecer a realidade e explicar os fenômenos.
Essas operações precisam de objetos concretos para serem realizadas.
OPERATÓRIO FORMAL
Adolescência em diante
A partir desse momento, os indivíduos realizam abstrações, formulam hipóteses, planejam, deduzem e
imaginam soluções para os problemas.
Representação do mundo por meio de símbolos
Operações concretas e formais para solucionar problemas
SAIBA MAIS
Provas Piagetianas
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Para isso, usou materiais variados: papel, massa de modelar, blocos e palitos de madeira, líquido
colorido, e propôs desafios e questões às crianças avaliadas.
Desenvolvimento da linguagem. Neste segundo estudo, Piaget considera que a linguagem é produto
do desenvolvimento cognitivo do homem, já que é antecedida pela inteligência sensório-motora.
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LINGUAGEM PRÉ-VERBAL
2 a 10 meses
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LINGUAGEM EGOCÊNTRICA
10 meses a 6 anos
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LINGUAGEM SOCIALIZADA
A partir dos 6 anos
Desenvolvimento moral. É o terceiro estudo importante de Piaget. Você já percebeu que, para o
cientista, tudo acontece de acordo com o desenvolvimento das operações mentais?
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O mesmo ocorre com a moralidade, a relação da criança com as normas e regras. É a partir da
interação com pessoas e ambientes que a criança constrói seus valores, princípios e suas normas
morais.
ANOMIA
Característica da criança pequena; ausência da noção de regras; a moral ainda está fora do universo
infantil.
HETERONOMIA MORAL
A criança toma consciência do que pode ou não fazer, mas por meio de regras que vêm do mundo
externo, de início compreendidas e aplicadas de forma egocêntrica.
AUTONOMIA MORAL
Consciência da existência de regras e de que suas aplicações, assim como os julgamentos morais,
devem estar fundamentadas em cooperação e respeito mútuos.
ASSIMILAÇÃO E ACOMODAÇÃO
Para Piaget, a criança se desenvolve cognitivamente por meio de sucessivas equilibrações diante dos
desafios, problemas, das questões que incitam a curiosidade (ou desequilíbrios) que a realidade lhe
apresenta.
Assimilação
Tendência dos esquemas mentais que já possui para assimilar coisas novas que a realidade apresenta
Acomodação
Tendência contrária, dos esquemas mentais se modificarem para atender aos novos conteúdos e
experiências
Quando apresentamos a esta criança, outro animal, como um cavalo, com características semelhantes
(corpo coberto por pelo, quatro patas, rabo etc.), ela chamará o cavalo de cachorro, tentando fazer uma
assimilação do novo conceito aos esquemas mentais que possui.
Quando corrigida por um adulto, afirmando que se trata de um cavalo e não de um cachorro, a criança
acomodará aquele estímulo a uma nova estrutura cognitiva, criando um novo esquema mental. Essa
criança tem, agora, um esquema para o conceito de cachorro e outro para o conceito de cavalo.
Essa é a definição de acomodação, dada por PIAGET (1996, p. 18); chamaremos acomodação (por
analogia com os "acomodatos" biológicos) toda modificação dos esquemas de assimilação sob a
influência de situações exteriores (meio) ao quais se aplicam.
RESUMINDO
Assimilação é o processo mental pelo qual se incorporam os dados das novas experiências aos
esquemas mentais existentes. É um movimento de integração do meio ao organismo.
Acomodação é o processo mental pelo qual os esquemas mentais existentes serão modificados,
em função de novas experiências do meio. É um movimento de adequação do organismo ao
meio.
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“Acho que consigo pensar essa questão na minha aula. Ensino Matemática e noto que quando
apresento a dinâmica dos números inteiros saindo dos números naturais, a turma sofre. Uma vez, vi um
professor chegando com encartes de mercado, perguntei o que era aquilo e ele respondeu que era para
fazer a aula, que era meu ‘calo’. Ele distribuiu, fez uma brincadeira dando um orçamento por grupo para
fazer uma festa, os grupos podiam pedir empréstimo uns ao outros, faziam uma coisa ‘doida’; quando
faziam resumo, os grupos sabiam seu gasto, sabiam quanto estavam devendo e o professor dizia que
só iria ensinar a eles a ler o que eles sabiam. Poxa, ele tinha resultados muito melhores que do eu!”
“Faço isso em História, vi em uma série de TV, tinha que contar sobre uma guerra, eles não entendiam
nada, percebi que um garoto fez uma “apropriação” com os termos que ele conhece, reconhecendo as
coisas, rolou interesse. A prova foi uma loucura, um tal de ‘dono do morro’, ‘boca de fumo’, mas sabe
que eles entenderam?!”
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
1. Marco Antônio Moreira (1999) apresenta três paradigmas teórico-filosóficos para o estudo da
aprendizagem: o Comportamentalismo (Behaviorismo), o Humanismo e o Cognitivismo.
As opções A, D, e E trazem princípios da Psicologia da Educação Humanista, cujo principal teórico foi
Carl Rogers. Alguns dos princípios dessa abordagem são: o aluno é o centro do processo educativo,
ninguém ensina a ninguém, apenas facilita a aprendizagem do outro; as pessoas aprendem quando isso
mantém ou melhora a estrutura do seu ser (self), a autopercepção e a autoestima; o facilitador da
aprendizagem (não é utilizado o termo professor) deve ter qualidades de autenticidade e compreensão
empática do outro.
2. Jean Piaget foi um importante teórico da Psicologia da Educação cognitivista, com seus
estudos sobre o desenvolvimento da criança. Leia com atenção o texto a seguir, sobre o
desenvolvimento das operações mentais da criança:
“Neste estágio, que vai do nascimento até aproximadamente os dois anos de idade, o
conhecimento do mundo pela criança se dá através dos órgãos dos sentidos e dos movimentos,
surgindo ao final as primeiras operações mentais. No decorrer do período, o ser humano
estabelece as bases fundamentais para a construção das principais categorias do conhecimento,
que ocorrerá depois.”
A criança interage com o mundo, os novos objetos e situações, por meio de equilibrações, que ocorrem
por dois processos: a assimilação e a acomodação são processos permanentes nos esquemas mentais,
uma vez que buscam entender a dinâmica dos pensamentos a partir de esquemas; além, também, da
tendência contrária, dos esquemas mentais ser reordenarem para acomodar as novas experiências.
A opção D faz referência ao período entre aproximadamente 7 a 11 anos, fase da escolarização, em que
a criança utiliza as operações lógicas que já possui, mas necessita de objetos concretos e situações
reais para apoiá-las. A criança não pensa em termos abstratos, nem raciocina a respeito de proposições
verbais ou hipotéticas.
MÓDULO 2
Reconhecemos um grande estudioso dessa área: o psicólogo e filósofo suíço Jean Piaget. Dos seus
estudos, selecionamos três fundamentais e muito conhecidos:
Vamos tratar, neste módulo, do psicólogo russo Vygotsky e de alguns dos seus seguidores mais
importantes. Você vai gostar e aproveitar muito o conteúdo!
Por causa das características da tensão do mundo da Guerra Fria, sabemos pouco de seus feitos
acadêmicas. Fruto do forte investimento soviético no campo da Educação e do valor dado aos
professores universitários e ao desenvolvimento da criança, sabe-se de sua relevância em um
importante congresso em Leningrado e de sua atuação em pesquisas que versavam
principalmente sobre o desenvolvimento infantil, as doenças psicológicas, formulando a teoria que
o deixaria famoso, associando aspectos da socialização com elementos de cognição e seus
impactos psicológicos.
SAIBA MAIS
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Legenda: Soldados armados carregam uma faixa com os dizeres "Comunismo", Moscou, 1917.
Fonte: Underlying lk.
Vygotsky apoiou fortemente a Revolução Russa de 1917, que implantou o regime comunista no país.
Com a ascensão de Josef Stalin (1878-1953) ao poder, em 1924, o ambiente cultural na Rússia ficou
progressivamente limitado e Vygotsky se indispôs com o regime stalinista, foi preso por subversão e,
mais tarde, exilado na Sibéria.
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Legenda: Stalin, Lenin e Kalinin, no VIII Congresso do Partido Comunista da União Soviética, 1919.
Fonte: E rulez.
Suas ideias foram repudiadas pelo governo soviético e as obras de sua autoria foram proibidas na União
Soviética, entre 1936 e 1958, pela censura do regime totalitário russo.
Essa proibição fez com que sua obra Pensamento e linguagem só fosse lançada no Brasil em 1962; e A
formação social da mente, em 1984, quando o autor começou a ser conhecido em nosso país e
estudado nas nossas universidades.
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Legenda: Manifestações pelas eleições diretas para a presidência da República no Plenário da
Câmara dos Deputados, Célio Azevedo, 1984. Fonte: Tm.
COMENTÁRIO
Uma das dificuldades da chegada do pensamento do autor ao Brasil não se dá pela qualidade de sua
teoria, mas por fatores ideológicos. A obra de Vygotsky só recebeu a valorização que merecia após a
amenização da crise ideológica (Capitalismo Liberal x Comunismo) e do medo de que as bases do
pensamento comunista pudessem estar sob o pensamento de qualquer russo.
Outra maneira de ver a Psicologia da Educação relacionada ao mundo é um dos principais legados
trazidos pelo autor. Vygotsky considera as influências do mundo na formação do Cognitivismo.
Vygotsky tem como foco os processos psicológicos chamados de superiores, presentes nos seres
humanos, determinados histórica e culturalmente: atenção e memória, raciocínio, capacidade de
planejamento, pensamento abstrato, entre outros e, fundamentalmente, a linguagem. Mais
cognitivista que isso, é impossível!
MEDIAÇÃO
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INTERAÇÃO
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INTERNALIZAÇÃO
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MEDIAÇÃO
O homem é sempre sujeito do conhecimento, mas, para ter acesso a ele, necessita da mediação feita
por vários entes: o conhecimento construído pelas gerações anteriores; os instrumentos físicos; os
instrumentos simbólicos, como a linguagem, e outros seres humanos. Na escola, por exemplo, os
professores e os colegas são agentes mediadores para a construção de novos conhecimentos.
INTERAÇÃO
Para Vygotsky, o homem está em constante relacionamento com o mundo que o cerca. São as trocas
sociais ou interações, principalmente com os outros seres humanos, que possibilitam a aprendizagem e
o desenvolvimento.
Opondo-se ao inatismo, afirma que, por meio das interações sociais, o indivíduo modifica o mundo
(social e físico) e, ao mesmo tempo, é transformado pelo mundo. Segundo o autor, o ser humano não é
somente “produto do meio”, mas também construtor do mundo.
INTERNALIZAÇÃO
A Zona de Desenvolvimento Proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que
estão em processo de maturação; funções que amadurecerão, mas que estão, presentemente, em
estado embrionário (VYGOTSKY, 1999, p. 97).
Trata-se, então, da distância entre o nível de desenvolvimento real de uma pessoa, já adquirido ou
formado, expresso, por exemplo, pela capacidade de resolver independentemente um problema; e o
nível de desenvolvimento potencial, expresso pela capacidade de resolver um problema sob a
orientação ou em colaboração com outra pessoa.
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ESPONTÂNEOS (COTIDIANOS)
Exemplo
Nas atividades práticas, a criança adquire a noção de comida, alimento, como um conceito espontâneo.
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CIENTÍFICOS
Adquiridos por meio do ensino sistemático, compõem o sistema organizado de conhecimentos.
Exemplo
Na escola, ela aprende os conceitos científicos relacionados ao valor nutricional dos alimentos.
Dois dos seus mais conhecidos seguidores, que concretizaram a linha de estudos do desenvolvimento e
da aprendizagem do homem conhecida como Pensamento Sócio-Histórico, foram:
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ALEXANDER ROMANOVICH LURIA
(1902-1977)
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ALEXEI LEONTIEV
(1903-1979)
Luria foi convidado, em 1924, a fazer parte do corpo de jovens cientistas do Instituto de Psicologia de
Moscou. Lá, conheceu Vygotsky e se associou a Leontiev com o objetivo de estabelecer um novo
recorte da Psicologia, relacionando os processos psicológicos com aspectos culturais, históricos e
instrumentais, enfatizando o papel fundamental da linguagem.
“Em História, noto muito isso, alguns assuntos que eu amo, como Renascimento e Iluminismo, não
consigo despertar os pontos, a dinâmica, falando de poesia, galerias, Europa, do que já vi [...] e o
aprendizado não se sustenta, fico bravo porque não me dão atenção! Aí, na aula de escravidão quando
inicio a falar de profissões, resistência, começo a falar de mãe, de alforria [...], eles vão sendo
despertados, querem entender [...], falo da lutas e de um monte de coisas, há uma comunidade
histórica, com forte presença negra. Então, eles falam dos avós, das dificuldades da comunidade; vou
dando liberdade e eles vão construindo novos discursos que eu – que sou de outra região e tenho outra
cor – nunca tinha imaginado. Acho que se considerar um pouco mais posso ter resultados melhores!
Com base no conhecimento adquirido até aqui, responda qual seria a justificativa para o relato
do professor:
RESPOSTA
Não sabemos se é só interesse, talvez o processo seja pensar as dinâmicas do desenvolvimento, e de cada
fase do desenvolvimento, e associar seu desenvolvimento com a dinâmica de desenvolvimento social.
Lembra a fase do tênis, amarrar o tênis não é um processo natural do desenvolvimento; a autonomia para
determinadas ações em uma fase, é. Os alunos que moram em uma parte alta da cidade sabem o que é um
morro, uma elevação, brincam com a ideia de montanha, a diferença vai ser que cada fase do
desenvolvimento – que acontece e é mensurado pela demanda e pelo amadurecimento —,manifesta-se e é
observado de modo a perceber o desenvolvimento e, nesse princípio, o professor é fundamental, para
entender o que é parte do desenvolvimento, adequar e difundir, mediar.
ESSE CONCEITO É:
A) Desenvolvimento real
D) Desenvolvimento potencial
E) Conectivismo cognitivo
A) Vygotsky tem uma concepção inatista de que a criança nasce já pronta e só espera o
amadurecimento se manifestar, reagindo às pressões do meio.
B) Os níveis de desenvolvimento real (aquilo que a criança é capaz de fazer sozinha) e potencial (aquilo
que a criança só é capaz de fazer com a ajuda de outro indivíduo) independem da interação com o meio
social.
C) A criança, ao chegar à escola, já traz uma bagagem de conceitos científicos, que são apenas
elaborados e aprimorados pela ação educativa intencional.
E) Conectivismo dialoga com as teorias cognitivistas, sendo sua face de proximidade com a Educação.
GABARITO
Quando chega aos seis ou sete anos, a criança abandona o pensamento e a linguagem egocêntricos,
surgindo o pensamento lógico concreto e desenvolvendo os aspectos comunicativos da linguagem.
A ZDP, mencionada na opção C, é definida por Vygotsky como a distância entre o nível real de
desenvolvimento, capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível de
desenvolvimento potencial, capacidade da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou
em colaboração com outro companheiro mais experiente.
Finalmente, o desenvolvimento potencial (opção D) foi descrito acima: ele é expresso pela capacidade
de resolução e problemas, estimulados pelo mediador.
2. Segundo Rego (2009, p.93), “Vygotsky, inspirado nos princípios do materialismo dialético,
considera o desenvolvimento da complexidade da estrutura humana como um processo de
apropriação pelo homem da experiência histórica e cultural.”
A concepção A é incorreta porque Vygotsky se opunha ao inatismo, via o indivíduo como um ser ativo,
capaz de modificar a si próprio e o meio em que vive. Assim, ao desenvolver-se acontece uma ação
dialética, recíproca, de transformação mútua, entre o indivíduo e o mundo que o cerca.
A afirmação da concepção B é incorreta porque Vygotsky valoriza a interação da criança com o meio
que a cerca, criando o conceito de Zona de desenvolvimento proximal (ZDP), em que essas interações
atuam, tornado o que é potencial em desenvolvimento real.
Em se tratando da alternativa C, ela contradiz a afirmativa de Vygotsky de que a criança chega à escola
com conceitos espontâneos, construídos no dia a dia, fora da sala de aula. Eles são construídos nas
relações mediadas pelos familiares, grupos de amizade ou por outros grupos significativos. Na escola,
terá vivências e convivências que constituirão os conceitos científicos, do saber sistematizado universal.
A alternativa E está incorreta, pois o Conectivismo é uma teoria cognitivista, sendo sua vertente a que se
aproxima das demandas da era digital.
MÓDULO 3
CONECTIVISMO
Via de regra, é uma tendência, não foi apresentado de forma tão detalhada na Educação como as
Teorias de Piaget e de Vygotsky. Isso ocorre por sua atualidade, além da demora da chegada ao Brasil
de linhas de Psicologia da Educação já conhecidas, mas que passaram por enorme resistência.
Vamos precisar investigar o que representa esse outro olhar. Há uma defesa importante, que ele não
representa uma ruptura, mas uma atualização dinâmica para o mundo contemporâneo das abordagens
da Psicologia no ambiente escolar. Afinal, conectar passou a ser um verbo recorrente e com
importantes metáforas em nosso meio.
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O QUE É CONECTIVISMO?
O Conectivismo implica uma nova visão de aprendizagem não apenas formal e sistemática, mas
apresenta um modelo que não a considera mais uma atividade interna, individualista, e reconhece as
aceleradas mudanças tecnológicas na sociedade.
Segundo Siemens (2004), "a tecnologia reorganizou o modo como vivemos, como nos comunicamos e
como aprendemos", e continua: “o Conectivismo fornece uma percepção das habilidades e tarefas de
aprendizagem necessárias para os aprendizes florescerem na era digital”.
A capacidade de saber mais é mais crítica do que aquilo que é conhecido atualmente.
A habilidade de enxergar conexões entre áreas, ideias e conceitos é uma habilidade fundamental.
TOMADA DE DECISÃO
Escolher o que aprender e o significado das informações que chegam é enxergar através das
lentes de uma realidade em mudança. Apesar de haver uma resposta certa agora, ela pode ser
errada amanhã, devido a mudanças nas condições que cercam a informação e que afetam a
decisão (SIEMENS, 2004, p. 6).
CRIADORES DO CONECTIVISMO: SIEMENS E
DOWNES
George Siemens nasceu no Canadá, em 1970, é professor da Athabasca University, em Alberta, e
considerado o criador e principal teórico do Conectivismo.
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George Siemens
Stephen Downes
INDÚSTRIA 4.0
Um termo recorrente que faz referências às revoluções das tecnologias no século XXI.
EDUCAÇÃO ABERTA
Segundo Downes (2005, apud MOTA, 2004), o conhecimento é distribuído por uma rede de conexões e,
por essa razão, a aprendizagem consiste na capacidade de construir e circular nessas redes.
A “APRENDIZAGEM OCORRE EM COMUNIDADES E A PRÁTICA DA
APRENDIZAGEM É A PRÓPRIA PARTICIPAÇÃO NA COMUNIDADE”.
O autor afirma que existem não duas, mas três categorias de conhecimento. São elas:
CONHECIMENTO QUANTITATIVO
Originado das práticas de calcular e medir, relativo aos dados objetivos dos objetos
CONHECIMENTO QUALITATIVO
Derivado dos sentidos, relativo aos dados subjetivos captados dos objetos
Características das
redes que
promovem o Significado da característica
conhecimento
cognitivo
ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS DO
CONECTIVISMO PARA A EDUCAÇÃO
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Aprendizagem em rede
Comunidades de prática
Termo criado por Étienne Wenger (1952-) para designar grupos que se reúnem periodicamente, em
função de interesses comuns na aprendizagem coletiva e colaborativa e na aplicação do conteúdo
aprendido.
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MOOCs
Sigla originada do inglês Massive Open Online Course (Curso Online Aberto e Massivo), designa cursos
acessíveis a qualquer pessoa com acesso à internet. Não há acompanhamento dos alunos matriculados
por um professor ou tutor. Os MOOCs são acessados por milhares de pessoas, por isso, são planejados
de modo que o conhecimento do aluno seja testado a cada módulo aprendido, permitindo o progresso
para os módulos seguintes.
A construção do conhecimento passou a se constituir de forma não linear, baseada em dados e
informações
Os trabalhos de Siemens e Downes propiciam o surgimento do Conectivismo e suas manifestações,
como a aprendizagem em rede, as comunidades de prática, os MOOCs
WEB 2.0
A Web 2.0 foi um dos estágios da evolução inicial da internet, designando a segunda geração de
comunidades e serviços. Houve aumento da velocidade e da facilidade de uso de diversos
aplicativos, do acesso às redes sociais e às tecnologias da informação e comunicação.
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Já parou para pensar que esse “nó”, em uma rede, de alguma forma somos nós, e que se ele sempre
existiu, é parte fundamental desse mundo em que a gente vive?
E esse é um ponto incômodo: os professores estão acabados? Eles não serão mais necessários?
Com base no conhecimento adquirido até aqui, reflita sobre o papel do professor:
RESPOSTA
Nunca foram tão necessários, a dinâmica das redes e pela tecnologia só tem subido e se intensificado. As
informações aumentam, mas a profundidade, o sentido, o entendimento das interações diminuem. E para
aprender não basta conectar, tem que haver troca, tem que haver dinâmica.
O professor está diferente do que conhecemos ou pensamos normalmente sobre ele. Será que ele é
uma nova máquina, uma conexão? Pense bem – quantas conexões são possíveis?
Essas novas possibilidades de conexão são ganhos. Mas as formas como elas ocorrem continuam
precisando de mediação, de sentido.
B) As aprendizagens individualmente realizadas são sempre mais significativas do que aquelas que
ocorrem no contato com grupos.
A) Diversidade
B) Interatividade
C) Autonomia
D) Abertura
E) Crítica
GABARITO
O que o Conectivismo tem como princípio é o oposto da alternativa A, pois afirma que a atualização, o
processo cotidiano e contínuo, é a intenção de todas as atividades que nos remetem a buscar formas de
que o aprendizado seja promovido.
2. Segundo Stephen Downes (1998), “na medida em que o aprendizado é uma atividade social,
depende da presença, isto é, depende da interação e do senso de comunhão que temos com
outras pessoas. Mas a presença não precisa ser direta e pessoal; pode ser mediada por objetos e
tecnologias”.
Apresenta uma forma de conhecimento que chama de conectivo, produzido nas redes, e que tem
como uma de suas características não ser transmitido de uma pessoa para outra, mas gerado da
colaboração, e emergir como resultado das conexões estabelecidas.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estamos concluindo um tema composto por três módulos, que tratou de uma importante escola da
Psicologia da Educação: o Cognitivismo.
A palavra cognição nos remete a processos de aprendizagem, atenção, memória, linguagem, raciocínio,
que compõem o desenvolvimento intelectual do homem e as habilidades mentais necessárias para que
o ser humano construa o conhecimento sobre o mundo.
Os teóricos que fazem parte desta escola têm, em comum, aspectos como a ênfase na atividade do
sujeito no próprio processo de aprendizagem e o destaque da interação da pessoa que aprende com o
mundo e com os outros indivíduos.
Encerramos com um bom exemplo da Psicologia Cognitiva. Robert Sternberg, conhecido autor dessa
linha teórica, ao tratar da questão do julgamento e da tomada de decisões, afirma que ambos são
fundamentados em três requisitos cognitivos:
Possuir informações completas sobre todas as opções possíveis, bem como sobre os resultados
da decisão tomada.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
DOWNES, Stephen. The future of online learning. [S.I], 1998.
MOTA, J. C. Da Web 2.0 ao e-Learning 2.0: aprender na rede. Dissertação de Mestrado em Ciências da
Educação. Especialidade em Pedagogia do e-Learning. Universidade Aberta, Portugal, 2004.
PIAGET, Jean. Para onde vai a Educação? Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.
PIAGET, Jean. Seis estudos de Psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.
REGO, Teresa C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da Educação. Petrópolis, RJ: Vozes
2009.
SIEMENS, George. Conectivismo: uma teoria de aprendizagem para a idade digital. 2004.
STERNBERG, Robert J. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2010.
EXPLORE+
Se você gostou deste tema, apresentamos uma sugestão para aprender mais sobre alguns aspectos
dos conteúdos abordados.
Inspirado nas ideias de Jean Piaget, é uma linha de pensamento em Educação que propõe o aluno
como centro do processo educacional, sendo levado a construir o conhecimento a partir das próprias
experiências e da interação com a realidade e com os colegas. Teve grande repercussão no Brasil nas
décadas de 1980 e 1990.
Para que você conheça mais sobre o Construtivismo, sugerimos a leitura do texto O construtivismo no
ensino fundamental: um caso de desconstrução, da autoria de Cilene Chakur, Rita de Cássia da Silva e
Vânia Galindo Massabni, apresentado na 27ª Reunião da Associação Nacional de Pós-Graduação e
Pesquisa em Educação (ANPED), realizada em 2004.
CONTEUDISTA
Eloiza da Silva Gomes de Oliveira
CURRÍCULO LATTES