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GUIA DE ESTUDO

Psicologia da Aprendizagem e
da Avaliação
UNIDADE I
UNIDADE 1

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM E DA AVALIAÇÃO

PALAVRAS DO PROFESSOR

Seja bem - vindo (a) à Unidade I da disciplina Psicologia da Aprendizagem e da Avaliação. Nela
abordaremos a introdução ao campo da Psicologia, refletindo sobre a importância de estudá-lo
nos cursos de licenciatura.

Por isso, nesta primeira unidade você será apresentado ao conceito da Psicologia e à discussão
da relação entre esta ciência e o campo epistemológico da educação e os principais conceitos que
fazem parte do estudo da Psicologia da Aprendizagem.

Orientações da disciplina

É importante que antes de iniciar a leitura deste guia você tenha lido a apresentação da disciplina
e todos os arquivos relacionados a ela, tais como a ementa do curso e os conteúdos que compõem
o programa.

Esta leitura prévia lhe ajudará a orientar seus estudos de forma mais autônoma, a fim de que
consiga gerenciar seu próprio plano de estudo. Ao final da nossa unidade, você deverá acessar o
nosso ambiente e responder as atividades e os fóruns avaliativos. Em caso de dúvida pergunte ao
seu tutor.

Observe o quadro 1 para entender quais serão os focos de estudos de cada um destes temas:

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Para construção das aprendizagens, percorreremos o caminho de quatro aulas, nas quais daremos
início, apenas de forma introdutória, ao campo psicológico; prosseguiremos discutindo questões
ligadas ao desenvolvimento e à aprendizagem humana, compreendendo as formas pelas quais a
Psicologia nos ajuda na compreensão do fenômeno educativo e discutiremos alguns conceitos
fundamentais da psicologia, refletindo sobre seus usos no campo epistemológico da educação.

Em seguida, examinaremos as diversas teorias sobre o desenvolvimento e a aprendizagem, a


fim de que seja possível encontrarmos respostas para perguntas importantes, tais como: O que
leva um indivíduo a conhecer? Quais as etapas que os sujeitos percorrem para transformar infor-
mações em conhecimento? As estruturas cognitivas nascem prontas, sendo necessário, apenas,
esperar pelo amadurecimento? Quais as relações entre linguagem e desenvolvimento?

Por fim, buscaremos articular o campo da Psicologia com o da Educação, a fim de que possamos
construir juntos, uma prática pedagógica que seja mais crítica, pautada em pressupostos da ciên-
cia.

Em nossa primeira unidade vamos abordar o seguinte tema: A Psicologia e seu processo de cons-
trução científica.

Termos como objetivos:

• Identificar os processos históricos e os sistemas teóricos que deram origem à ciência


psicológica;
• Compreender a relação entre Psicologia e Filosofia;
• Refletir sobre a relação entre Psicologia e Educação.

Preparado para dar início a nossa viagem? Espero que sim! Seu comprometimento é a chave prin-
cipal para o sucesso!

Palavras do Professor

Esta primeira aula será como uma viagem ao tempo, na qual buscaremos visitar o início da cons-
trução científica da Psicologia, amparando este momento inicial na relação desta ciência com a
Filosofia. Nosso objetivo é resgatar os processos históricos que deram origem à Psicologia Cien-
tífica.

Será evidenciado que antes de a Psicologia ganhar o status de ciência, o ser humano já se inter-
rogava sobre si mesmo, sua potencialidade, evidenciando crises existenciais.

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??? Para começarmos vamos refletir?

• Você sabe o que é Psicologia?


• Em quais contextos de nossa vida fazemos uso dos conhecimentos psicoló-
gicos?

Registre suas respostas e, ao término da unidade, confronte suas anotações com as informações
que foi construindo ao longo das leituras. Esta é uma excelente estratégia de estudos, pois lhe
permitirá refutar, confirmar ou ampliar informações sobre os eixos de estudo, conseguindo percor-
rer um processo de construção de conhecimento que seja mais significativo.

Isso porque, estas reflexões postas acima se constituirão como o norte desta primeira unidade, na
qual trabalharemos, neste momento, a definição conceitual da Psicologia, explorando a relevância
desta ciência para o campo epistemológico da pedagogia.

Guarde essa ideia

A teoria que discute a Aprendizagem Significativa foi desenvolvida por David Au-
subel, estando sustentada na ideia de que os conhecimentos prévios dos alunos
precisam ser valorizados, a fim de construir aprendizagens posteriores.

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Vamos lá!

Sejam bem-vindos a uma viagem pela história que tem mais de 2 mil anos e que, provavelmente,
é uma história sem fim. Ela surge a partir de indagações acerca das dúvidas existenciais e centra-
se, sobretudo, em duas grandes questões: Como o ser humano aprende? E como criar as melhores
condições possíveis para que o aprendizado ocorra?

No nosso caso, profissionais da educação na atualidade, esta segunda questão pode, ainda, ser
complementada: Como criar as melhores condições possíveis para que o aprendizado ocorra na
escola?

É na busca de respostas para última indagação que se entrelaçam dois grandes campos teóricos
– Pedagogia e Psicologia – numa relação, cada vez mais, indissociável entre as duas ciências.
Isso porque se compreende, na contemporaneidade, que a aprendizagem não se dá, meramente,
por transmissão de saberes socialmente construídos, o que gera, então, a necessidade de que
compreender as variáveis que envolvem a construção do conhecimento e os processos de desen-
volvimento dos sujeitos.

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Isso porque se sabe que o desenvolvimento e a aprendizagem sofrem múltiplas influências, dentre
as quais é possível destacar: As características da espécie humana, as influências da cultura, as
marcas do contexto histórico, o valor das interações sociais, particularidades do próprio indivíduo,
etc.

É na busca de interpretar estas variáveis que a Psicologia se coloca lado a lado da educação, de
modo que hoje se compreende que não cabe a Psicologia a função de regular a Educação, nem,
tampouco, a Educação caberá uma aplicação da Psicologia. Na verdade, sendo a Pedagogia a
ciência da Educação, caberá a esta buscar, na psicologia, os conhecimentos necessários sobre os
processos pelos quais se dão o desenvolvimento das pessoas e as formas pelas quais os proces-
sos educacionais podem potencializar tal desenvolvimento favorecendo a aprendizagem.

As contribuições da Psicologia se dão pelo fato desta ciência estudar as estruturas mentais, nos
ajudado na compreensão dos processos que constituem a aprendizagem, apontando ao professor
formas de pensar as relações de ensino de forma mais eficiente, à medida que desloca as lentes
da escola da pergunta “como se ensina?” para a pergunta “como se aprende?”.

Guarde essa ideia

A base da Psicologia se sustenta, justamente, nos processos de construção que


nos ajudam a compreender as forma como os sujeitos constroem conhecimento,
tendo o seu surgimento a partir das especulações filosóficas a respeito da men-
te.

Do ponto de vista histórico, Bock et al (2002) ressalta que a Psicologia se constituiu como área do
conhecimento científico apenas recentemente (final do século XIX). Entretanto, suas indagações
não são atuais, tendo sido levantadas desde a existência humana através da Filosofia.

Como objeto de estudo, a Psicologia centra-se no homem, usando-se de múltiplas lentes para sua
compreensão. As teorias comportamentalistas, por exemplo, focarão no comportamento; a Psica-
nálise, no inconsciente; a Psicologia Evolutiva debruça-se na “conduta humana do ponto de vista
de suas mudanças e transformações ao longo do tempo” (COLL et al, 2004, p. 13). Em comum, as
variadas formas de se fazer Psicologia preocupação com o estudo da subjetividade, sendo esta a
contribuição particular desta ciência.

Compreendendo, então, que a Psicologia não é uma ciência unificada, visto que há em sua com-
posição diversas orientações teóricas e práticas, desenvolve-se nela a característica de múltiplos
olhares sobre o homem e sua subjetividade, de modo que alguns teóricos pluralizam o termo Psi-
cologia(s), afirmando haver Ciências Psicológicas e não uma Psicologia única e universal. (Bock
et al,2002; )

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PSICOLOGIA E FILOSOFIA: Desde os primórdios, até hoje em dia

A Psicologia, como já destacado, teve início na Antiguidade Grega, com o nascimento do pensa-
mento racional, através de explicações que superassem as respostas pautadas em mitos, partin-
do, então, para explicações baseadas em conceitos. Para os primeiros pensadores a questão cen-
tral sustentava-se no seguinte dúvida: As pessoas possuem saberes inatos ou é possível ensinar
alguma coisa a alguém?

??? Você sabia?

O vocábulo Psicologia tem origem em dois termos gregos: Psyché (alma) e Logos
(razão).

Palavras do Professor

Caso você fosse chamado a responder a questão acima, o que diria? Registre suas respostas, pois
elas evidenciarão as suas concepções sobre aprendizagem e poderão ser confirmadas ou refuta-
das após o estudo das diversas concepções teóricas que serão trabalhadas em nossa Unidade II.

O primeiro grande filósofo a contribuir com a Psicologia foi Sócrates. Foi ele que, preocupado
em separar os homens dos animais, destacou o aspecto da razão humana e a definiu como algo
particular ao humano. Com esta sua teoria, ele abre as portas para a construção das teorias da
consciência.

Discípulo de Sócrates, Platão (427-347 a.C.) firmou posição pautada sobre a localidade da razão e,
foi ele, que associou à racionalidade a cabeça (Você já ouviu a expressão: “use a cabeça” quando,
na verdade, querem que faça uso da razão? Pois bem, esta expressão tem influência de Platão!).

Foi Platão, também, o precursor da teoria inatista, defendendo a tese de a pessoa já domina de-
terminados conceitos desde que nasce. Tal concepção de aprendizagem é chamada de inatismo,
pois parte da premissa de que as pessoas naturalmente carregam certas aptidões, habilidades,
conceitos, conhecimentos e qualidades em sua bagagem hereditária, desvalorizando as experiên-
cias do meio.

Esta perspectiva teórica muito influenciou as práticas de ensino aprendizagem, de modo que vá-
rios docentes, ainda hoje, responsabilizam os alunos pelas situações de fracasso julgando que as
baixas habilidades de discentes centram-se em inabilidades cognitivas inatas e são, dificilmente,
superadas ao longo da vida.

Já Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão, apresentou uma perspectiva contrária à de


Platão. Segundo ele, embora as pessoas nasçam com capacidade de aprender, precisam de expe-

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riências ao longo da vida para que se desenvolvam. A fonte do conhecimento são as informações
captadas do meio exterior pelos sentidos. A corrente teórica iniciada pelo referido filósofo foi
chamada de empirismo, e se sustenta na idéia de que as informações se transformam em conhe-
cimento quando passam a fazer parte do hábito de uma pessoa.

Do ponto de vista da contribuição ao campo Psicológico, Aristóteles tem grande relevância, visto
que foi ele quem escreveu o estudo Da anima, onde discutiu as diferenças entre razão, a percep-
ção e as emoções. Esta produção foi considerada como o primeiro tratado em Psicologia.

A corrente teórica aristotélica influenciou sobremaneira a prática pedagógica de educadores,


que, até a atualidade, ainda recorrem à memória e repetição como estratégias eficientes nos
processos de aprendizagem. Nesta perspectiva teórica o estudante é tratado como uma esponja,
capaz de reter os conhecimentos transmitidos. As teorias do condicionamento, por exemplo, são
ilustrações de bases epistemológicas que se sustentam na repetição e reforço.

As duas correntes teóricas – Platônica e Aristotélica - acima apresentadas – são, então, o inatis-
mo - cuja defesa afirmava que o saber está no indivíduo - e o empirismo - cuja tese defendia que
o saber está na realidade exterior.

PSICOLOGIA E SEU SURGIMENTO ENQUANTO CIÊNCIA

Objetivos:

• Compreender a constituição científica da Psicologia;


• Conhecer as primeiras escolas psicológicas: Funcionalismo Estruturalismo, Associacio-
nismo.

Como já dito anteriormente, a Psicologia surge de reflexões filosóficas. Entretanto, a constituição


deste campo do saber como ciência teve origem em solo alemão, quando Wilhelm Wundt (1832-
1920) funda o primeiro laboratório formal para pesquisas em Psicologia na University of Leipzig
(Alemanha), em 1879. Tal fato teve tamanha relevância que este ano é considerado o de “nasci-
mento” da Psicologia e Wundt o pai desta ciência.

Por ter sido o pioneiro, Wundt influenciou bastante a Psicologia. Como sua formação anterior
centrava-se na Fisiologia, a Psicologia foi estudada por ele a partir das lentes da consciência.
Essa concepção dominou o campo teórico da referida ciência por mais de vinte anos e continuou
influenciando por muitos outros anos e teve como foco a mente, sendo que os métodos utilizados
para explorá-la eram tão rigorosos como os dos físicos e os dos químicos.

Embora o nascimento da Psicologia tenha sido em território alemão, o desenvolvimento desta


ciência se deu, de forma intensa, em terras norte- americanas. Na década seguinte a inauguração
do laboratório de Wundt, na Alemanha, foram inaugurados mais de 20 novos laboratórios de pes-
quisa psicológica nos Estados Unidos da América, ampliando largamente o escopo de produção
de conhecimento psicológico.

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Foi em território americano, também, que surgiram as primeiras escolas psicológicas, as quais
são:

• FUNCIONALISMO
• ESTRUTURALISMO
• ASSOCIACIONISMO

O Funcionalismo, iniciado por William James, centra-se na consciência e tem muitas influências
biológicas, acreditando que as funções mentais dos sujeitos são mecanismos de adaptação. Esta
escola psicológica parte dos mesmos pressupostos Darwianos, defendendo que os seres vivos
sobrevivem se têm as características orgânicas e comportamentais adequadas a sua adaptação
ao ambiente.

O Estruturalismo, embora se preocupe com a consciência como fez o Funcionalismo, irá dedicar-
se à compreensão da consciência a partir da sua percepção como estrutura do sistema nervoso
central.

O Associacionismo é considerado como o primeiro representante dos estudos da aprendizagem


pela Psicologia. Esta escola teórica se baseia na ideia de que a aprendizagem ocorre por associa-
ção entre ideais, partindo sempre das mais simples rumo às mais complexas.

PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO: A RELAÇÃO ENTRE ESTES DOIS CAMPOS EPISTEMOLÓGICOS

Objetivo:

• Refletir acerca das contribuições da Psicologia ao campo da educação.

Para sua melhor compreensão vou explicar o significado da palavra Epistemologia na qual já nos
referimos em nosso Guia.

 
GLOSSÁRIO  
Epistemologia  significa  ciência,  conhecimento,  é  o  
estudo  que  trata  dos  problemas  relacionados  com  a  
crença  e  o  conhecimento,  sua  natureza  e  limitações.  
É  uma  palavra  de  origem  grega.  
 

A Psicologia é uma importante ciência para o campo da Educação, pois contempla parte dos
fundamentos da formação pedagógica. A partir dela pode-se compreender melhor a relação pro-
fessor-aluno, motivação à aprendizagem, domínios, princípios, fatores da aprendizagem humana e
as teorias da aprendizagem, compreendendo como se dá o desenvolvimento humano e as formas
pelas quais a educação pode potencializar este desenvolvimento.

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A partir de suas experiências, quais outras ciências podem nos ajudar a compor uma prática edu-
cativa que, de fato, garanta uma aprendizagem significativa aos estudantes?

De que maneira a psicologia orienta o trabalho docente?

Fonte: http://antoniovalentim.com/wp-content/uploads/2014/11/Duvidas-2.jpg

A Psicologia, a Sociologia, a Didática, entre outras disciplinas, fazem parte dos componentes
específicos das Ciências da Educação cuja finalidade é estudar os processos educativos.

Através da Sociologia, por exemplo, podemos compreender os fenômenos sociais que envolvem a
escola e os estudantes, favorecendo, assim, que práticas mais significativas possam ser realiza-
das no chão da escola.

A Didática, por sua vez, sendo a parte da Pedagogia que trata dos preceitos científicos que orien-
tam a atividade educativa de modo a torná-la mais eficiente, contribui para que professores e
professoras possam, de forma mais assertiva, definir objetivos e métodos de aprendizagem ade-
quados a natureza do conhecimento a ser construído.

Já a Psicologia, no âmbito da educação, evidencia a compreensão dos processos psicológicos e


educacionais. São eles: Aprendizagem formal e informal, modelos de ensino formal, o professor
e o processo de ensino-aprendizagem, domínios da aprendizagem, princípios da aprendizagem,
fatores que interferem na aprendizagem humana, gênese e estrutura da aprendizagem, teorias da
aprendizagem, entre outros.

Desta maneira, a Psicologia, debruçada sobre os processos de desenvolvimento humano, atende


aos preceitos legais da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 9394/96 que afirma ser
finalidade da educação compreender o desenvolvimento integral dos educandos; e as Diretrizes
Curriculares Nacionais para Formação de Professores da Educação Básica (BRASIL, 2001) cujo
texto afirma que:

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A formação de professores deve assegurar o conhecimento cognitivo, afetivo e emocio-
nal do desenvolvimento individual, tanto de uma perspectiva científica quanto relativa
às representações culturais e às práticas sociais de diferentes grupos e classes sociais.
Igualmente relevante é a compreensão das formas diversas pelas quais as diferentes
culturas atribuem papéis sociais e características psíquicas a faixas etárias diversas
(BRASIL, 2011, p.44).

Dica

A partir do texto acima, reflita melhor o papel da Psicologia na formação de


professores e a implicação do conhecimento psicológico no trabalho em sala de
aula.

Resumindo

Em resumo, quanto mais se reconhece que o sujeito é um ser completo, que


pensa, sente, se relaciona e, por isso, aprende, mais a educação necessitará
recorrer a outros campos do saber a fim de enxergar o sujeito como um ser com-
pleto, criando condições de aprendizado que valorizem a sua condição humana.

Leitura Complementar

Para antecipar seus estudos, faça uma pequena pesquisa sobre o Skinner, princi-
pal teórico do behaviorismo, Gestalt, Piaget, Vygostky e Walon. A partir de suas
leituras, você conseguirá entrar em contato com as principais teorias da apren-
dizagem, antecipando importantes aprendizagens. Boa Leitura!

PSICOLOGIA E APRENDIZAGEM: Sistematizando Conceitos

No campo educacional, a aprendizagem e todas as variáveis que envolvem o desenvolvimento se


constituem como as grandes contribuições do campo psicológico. Para facilitar a sua compreen-
são, estudaremos, a seguir, importantes conceitos.

O primeiro deles é a aprendizagem, por ser o conceito chave do trabalho de professores na escola.
Isso porque o desenvolvimento das crianças e adolescentes é o objetivo maior da escola. Para
definir este vocábulo diversas teorias se construíram, tendo como pressuposto central a idéia e
que aprender é uma mudança duradoura no indivíduo que não tem como marca nenhuma herança
genética.

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O que diferencia as correntes teóricas é a forma como elas explicam as maneiras que os sujeitos
constroem seus processos de conhecimento. Para os que adotam a perspectiva do associacionis-
mo, cuja expressão mais imponente é o behaviorismo, aprendizagem é vista como mudança de
comportamento resultante do treino ou da experiência.

Dessa forma, para este campo epistemológico, a aprendizagem está relacionada à mudança de
comportamento, sempre que isso ocorre a partir de uma estimulação (reforço) externo e não oca-
sionalmente ou por maturação biológica.

Outra perspectiva teórica que explica o conceito de aprendizagem é a Gestalt que, diferentemen-
te do behaviorismo, pressupões que todo conhecimento é anterior à experiência, sendo fruto do
exercício de estruturas racionais, pré-formadas no sujeito.

As duas teorias ocupam pólos opostos em suas explicações acerca do fenômeno, visto que a
primeira, como toda teoria positivista, reduz o sujeito ao objeto, ao passo que a segunda faz,
justamente, o contrario.

Um terceiro grupo de estudos se sustenta na gênese do conhecimento e, por isso, é chamado


de psicologia genética. Como principais teóricos deste grupo encontram-se o Piaget, Vygotsky e
Wallon, cujas teses defendem que:

A aprendizagem se sustenta em pressupostos de interação, cujas modificações do sujeito aconte-


cem via processos de construção de conhecimentos que se amparam em conhecimentos prévios,
visões de mundo e novas interpretações sobre objetos a conhecer.

Resumindo

Em resumo, independentemente da perspectiva teóricas, os autores reconhecem


que a aprendizagem influencia as vidas das pessoas e são processos que ocor-
rem para todos, independentemente da formas e suas variações. Pode ser apren-
dizado de coisas consideradas boas, como a aquisição da leitura e da escrita e de
coisas consideradas maléficas, tais como a aprendizagem de fumar, por exemplo.
Assim sendo, a aprendizagem nem sempre leva a um crescimento pessoal ou
social, podendo ser, também, negativa ao desenvolvimento do sujeito.

Palavras do professor

Cada uma das teorias de aprendizagem aqui apresentada será estudada na unidade seguinte, mo-
mento no qual nos debruçaremos mais especificamente sobre cada um dos teóricos e suas idéias.

Denominam-se teorias da aprendizagem, os diversos modelos teóricos que visam explicar o pro-
cesso de aprendizagem pelos indivíduos. A principal pergunta respondida por estas teorias:
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O que faz com que uma pessoa possa construir conhecimento?

Seguindo as discussões pensemos, agora, sobre o papel docente acerca do desenvolvimento dos
estudantes. Certamente, a área de atuação mais efetiva de atuação dos professores é a aprendi-
zagem e é nela que educadores devem investir o trabalho realizado na escola.

Por isso, é importante que todos os profissionais da escola, enquanto educadores conheçam as
teorias da aprendizagem, saibam conduzir os processos de ensino aprendizagem de forma mais
coerente com a sua escolha teórica e, também, com os níveis de desenvolvimento de cada grupo
de educandos pelos quais responde.

Para isso, é necessário que compreendamos as variáveis que interferem no desenvolvimento de


estudantes, a fim de que, responsáveis pelas aprendizagens, possamos gerenciar as interferên-
cias direcionadas aos alunos, potencializando-as.

Isso porque, como afirmou Piaget, todo sujeito humano é cognoscente, ou seja, pode aprender
(1896-1980). A tese desse suíço evidencia que não há estudantes que são incapazes de aprender,
mas sim que, por razões diversas, as pessoas podem ter dificuldades de aprendizagem.

Justo por isso, o professor deve investigar o que impede a compreensão do conteúdo, descobrin-
do formas diferentes de ensinar a mesma coisa, já que os estudantes têm ritmos, inteligências e
históricos variados, como bem ressaltar Gardner, pesquisador contemporâneo da universidade de
Havard. Todos podem desenvolver suas capacidades intelectuais e cognitivas. É a ação do profes-
sor que faz a diferença.

Assim, reflita:

• Como o trabalho do professor pode facilitar o desenvolvimento das capacidades inte-


lectuais e cognitivas?
• Quais ações podem favorecer a aprendizagem de todos e respeitar, ao mesmo tempo, a
individualidade de cada um?

O primeiro passo para respeitar as diferenças e potencializar as especificidades é não rotular


estudantes. Nada de acreditar nos ditados de que “pau que nasce torto nunca se endireita”, pois
eles contrariam o papel principal da educação: transformar realidades pouco satisfatórias.

Ademais, afirmações como esta evidenciam uma concepção de aprendizagem puramente ambien-
talista e fatalista, cuja crença nega a importância da intervenção docente no desenvolvimento de
educandos, deixando crianças e adolescentes entregues a própria sorte.

Para compreender as relações entre psicologia e aprendizagem torna-se importante refletir acerca
das relações interpessoais, refletir acerca das situações de aprendizagem e da relação professor
-aluno, a fim de que se considere que todos os componentes são determinantes para o desenvolvi-
mento do estudante. A este respeito, Madalena Freire chama atenção para a relação indissociável
entre eu e o outro, no texto a seguir:

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Texto – Eu não sou você

Eu não sou você


Você não é eu
Mas sei muito bem de mim
Vivendo com você.
E você, sabe muito de você vivendo comigo?

Eu não sou você


Você não é eu.
Mas encontrei comigo e me vi
Enquanto olhava pra você
Na sua, minha insegurança
Na sua, minha desconfiança
Na sua, minha competição
Na sua, minha birra infantil
Na sua, minha omissão
Na sua, minha firmeza
Na sua, minha impaciência
Na sua, minha prepotência
Na sua, minha fragilidade doce
Na sua, minha mudez aterrorizada.
E você se encontrou e se viu, enquanto olhava a pra mim?

Eu não sou você


Você não é eu.
Mas foi vivendo minha solidão
Que conversei com você
E você, conversou comigo na sua solidão?
Ou fugiu dela, de mim e de você?

Eu não sou você


Você não é eu
Mas sou mais eu, quando consigo lhe ver.
Porque você me reflete
No que eu ainda sou
No que já sou e
No que quero vir a ser…

Eu não sou você


Você não é eu
Mas somos um grupo, enquanto somos capazes de, diferenciadamente,
eu ser eu, vivendo com você e você ser você, vivendo comigo.

Autora: FREIRE, Madalena. Educador. São Paulo: Paz e Terra, 2008. p.95-96.

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Palavras do Professor

Caro (a) aluno (a) acredito ter colaborado para seu aprendizado com o conteúdo
que disponibilizei neste guia da nossa Unidade I. Agora, chegou o momento de
colocar em prática seus conhecimentos acesse o ambiente virtual e responda as
atividades e os fóruns avaliativos. Em caso de dúvidas, não perca tempo, per-
gunte ao seu tutor!

Bons estudos!

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