Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
-1-
Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
A Revista do Annales, fundada em 1929, teve a capacidade de oferecer uma nova perspectiva à escrita da
história. Lucien Febvre e Marc Bloch fundaram a Revisto Les Annales d' Histoire Economique et Sociale em 1929.
A Revista dos Annales surge numa época em que a escola metódica exalta a sua preocupação com a dimensão
política - procurando dar grande ênfase ao acontecimento. Os Annales vão focar sua atenção da vida política para
•A
Chamada por muitos de Escola do Annales, como é o título do livro de Peter Burke, o movimento dos
Annales aqui é trabalhado na mesma perspectiva que orienta Aaron Guriêvith no livro A Síntese
Histórica e a Escola dos Anais. Segundo o autor, a denominação "escola" faz uma alusão a castas e à
•B
Essa questão, surgida na terceira geração dos Annales, passou a chamar o movimento de Annales ou,
-2-
A segunda geração dos Annales foi representada por Fernand Braudel. Braudel foi aluno e seguidor de Febvre. A
segunda geração, tal como a primeira, também foi fortemente marcada pela ideia de interdisciplinaliridade.
No caso, um dos saberes científicos mais utilizados foi a Geografia e a Economia. Na segunda geração, temos o
interesse pela historia econômica, tendo a busca pelas ideias de Marx através de Labrousse.
Esse período da história dos Annales ficou conhecido por buscar nas ciências vizinhas elementos para
desenvolver as suas pesquisas historiográfica, sendo desenvolvido uma importância a história regional,
quantitativa e serial.
Braudel vai ser muito influenciado pela obra de Labrousse, inclusive, como diz Peter Burke, foi apenas com este
que o Marxismo começou a penetrar nos Annales. De fato, a segunda geração vai ser caracterizada pela análise
A terceira geração surge aos poucos com a entrada de André Burguiére e Jacques Revel na administração dos
Muito embora tenha passado pela presidência da quarta seção figuras como Le Goff e François Furet, a terceira
geração não ficaria conhecida por um centralismo em nome de alguns poucos historiadores.
• Durante o período de Braudel, os estudos ligados a mentalidades e cultura foram negligenciados. De fato,
houve no período uma predileção pela escrita da história econômica.
• A ideia das mentalidades não foi bem aceita pela segunda geração fundamentalmente por não ser
possível orientar os trabalhos dentro de uma possibilidade metodológica que dava credibilidade às
pesquisas que eram os estudos quantitativos e posteriormente o serial.
• A chegada de novos atores provocou uma transformação na linha que seguia os Annales.
Embora a terceira geração seja marcada por um grande número de colaboradores, dois nomes que sempre
surgem em destaque são os de Le Goff e George Duby. Os dois medievalistas contribuíram imensamente para a
-3-
No entanto, um dos primeiros trabalhos acerca das mentalidades viria ainda durante o período que Braudel
administrava os Annles. Foi o livro de Phillipe Aries que trabalhava com a ideia de criança. O livro vai mostrar
que a ideia de criança não foi sempre a mesma, sendo pensada a criança como conhecemos hoje apenas no
século XVII.
Na década de 70, quando os historiadores da terceira geração dos Annales se debruçaram sobre a temática da
História das Mentalidades, as críticas que vão se insurgir contra são muito mais corrosivas que as que eram
Dessas críticas, a que mais abalou o grupo foi a de que a História das Mentalidades tornava o objeto histórico
multifragmentado.
Essa crítica ficou conhecida mundialmente no livro de François Dosse, História em Migalhas: da Escola dos
Isto é, a chamada História das Mentalidades abriu-se de tal modo a outros saberes e questionamentos que, no
Os historiadores da terceira geração tinham um maior contato com os EUA, redigiam em inglês e grande parte
Assim, aproximaram-se de estudos que já eram produzidos naquele país, tal como o estudo das minorias e das
ideias. Dessa forma, os Annales promoveram uma aproximação com outras disciplinas como a psicologia e a
antropologia.
Acuada por críticas de diversas formas, a História das Mentalidades refugia-se na chamada Nova História
Cultural. A Nova História Cultural, por tudo que foi acima mencionado, vai fazer ressalvas (sem no entanto negá-
No entanto, a Nova História Cultural não nega a aproximação com as outras ciências humanas, mas admite o
1950
Embora a questão da história social já tivesse sido colocada à baila desde a primeira geração dos Annales, foi
1960
A história social caminhou nos passos dos Annales e na década de 60 foi marcada pelas análises metodológicas
quantitativas.
1970
A partir da década de 70, é marcada pelos debates oriundos na terceira geração dos Annales.
•
François Dosse e a crítica aos Annales
-4-
Em seu livro História Em Migalhas, François Dosse faz uma análise sobre a Escola dos Annales, relatando
sua importância e suas contribuições para a historiografia enquanto faz uma séria crítica ao movimento, o
que causou uma grande reviravolta no mundo da História, as ideias de Dosse acabavam com a base em
Podemos citar a tentativa de Lévi-Strauss em acabar com a individualização da história, colocando a etnologia
como a melhor forma de estudo e entendimento do ser humano, dando origem à Escola do Estruturalismo, época
em que Fernand Braudel estava à frente dos Annales e orientava os historiadores dessa geração a novos rumos.
Na década de 60, o estudo de áreas como demografia e estatística não foi suficiente. Ele estava voltado para o
estudo dos séculos XVI-XVIII, deixando de lado e comprometendo o estudo tanto da sociedade contemporânea
François Dosse demonstrava desinteresse pelo que fora construído no passado, ou seja, no período anterior às
décadas de 60 e 70.
Ele relatou a preocupação dos historiadores de Annales em relação ao público, seu envolvimento cada vez mais
constante com os aspectos que interessavam a seus leitores, fazendo com que a escola utilizasse as ciências
O autor afirma que a História foi renovada. A profissão do historiador, por sua vez, passa a exercer o papel de
A tendência de deixar de observar o particular para analisar o social fez com que a geografia afetasse e até
regulasse a historiografia. Porém, essa contribuição entre as disciplinas não ocorreu sem contradições, os
Esse contato fez com que o historiador se libertasse dos arquivos, das fontes e passasse a fazer uso também da
observação, além de fazer com que a atenção dos historiadores se voltasse também para o presente.
Dentre as considerações de François Dosse que são contrárias a Peter Burke, encontramos sua descrição da
Escola dos Annales. Segundo ele, Annales possuía um alvo e uma relação de força e poder. Para ser aceito como
-5-
No período pós-guerra, a escola se reaproxima das ciências sociais. Dosse destaca o novo termo utilizado pela
escola, "civilização", e trabalha essa ideia em diferentes contextos como, por exemplo, o processo de
No período pós-guerra, a escola se reaproxima das ciências sociais. Dosse destaca o novo termo utilizado pela
escola, "civilização", e trabalha essa ideia em diferentes contextos como, por exemplo, o processo de
Nesse período, Braudel mudou a linha das pesquisas históricas. O tempo curto cedeu lugar para a longa duração.
Quanto à terceira geração de Annales, Dosse faz sucessivas críticas no que diz respeito à aproximação com a
Assim, a análise de Dosse conclui que o historiador se perdeu ao contrapor a cultura popular com a erudita, a
influência da antropologia faz com que a proposta inicial da escola seja alterada.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• compreendeu as críticas feitas do François Dosse à terceira geração dos Annales;
• aprendeu o conceito colocado de História Imóvel;
• analisou a defesa dos historiadores da terceira geração.
-6-