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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

FACULDADE DE ARTES VISUAIS


CURSO DE BACHARELADO EM MUSEOLOGIA
ELOISE BORGES CASTRO
202309940031

THOMAS HYLLAND ERIKSEN


FINN SIVERT NELSEN

HISTÓRIA DA ANTROPOLOGIA: QUATRO PAIS FUNDADORES

BELÉM-PA
2023
Capítulo 3ª - Quatro pais fundadores
O capítulo começa evidenciando um momento histórico, a passagem da
era vitoriana para um mundo moderno e suas novas teorias: a teoria dos sonhos
e do subconsciente de Sigmund Freud e a teoria da relatividade geral de Albert
Einstein. Os vitorianos viam a teoria evolucionista de Charles Darwin, como
evidência científica para serem considerados mais evoluídos que outras culturas.
Em contrapartida no Modernismo - que nasceu das artes- oferecia uma visão
ambivalente da verdade.
A história da antropologia no século XIX na qual seguiu inalterada,
baseava-se nos moldes da evolução unilinear, e mesmo no século XVIII após
pensadores iluministas e românticos levantarem questões, que hoje, em pleno
século XX estão sendo consideradas e inseridas, foram amplamente ignoradas.
A antropologia que conhecemos hoje, foi desenvolvida e começou a
ganhar nome a partir de quatro pais: Franz Boas (1858-1942), Bronislaw
Malinowski (1884-1942), A.R. Radcliffe-Brown (1881- 1955) e Marcel Mauss
(1872-1950). O consenso quase universal que o evolucionismo tinha alcançado,
na verdade era um fracasso, mas não se pode negar que ele foi o início para a
verdadeira disciplina da antropologia. Agora o processo chamado de não-
evolucionismo, ocorreu de diferentes modos em diversos países. Na Grã-
Bretanha sua ruptura foi radical, por parte de Radcliffe e Malinowski. Nos
Estados Unidos, Boas se tornou um ponto de referência na antropologia e foi
respeitado por todos. Na França, Mauss enfatizou o estudo de povos não-
europeus muito mais do que o Durkheim.

Boas e o particularismo histórico


Boas estava convencido que o conhecimento da teoria geral dependia de
uma base totalmente sólida. Sendo assim, o trabalho do antropólogo consistia
em coletar, dados sobre diversas formas de culturas. Não só isso como a
antropologia e o social se tornaram um só, porém, enquanto a sociedade
trabalhava as normas sociais, a antropologia estudava as ciências da
humanidade.
Boas realizava pesquisas de campo em grupo e em individuais, uma das
suas pesquisas individuais foi em relação aos Inuítes e os Kwakutls, mas
também era assistente para a coleta de materiais de outros povos indígenas. E
concordava com a crítica britânica em relação ao evolucionismo, assim propondo
o particularismo histórico. Ele entendia a pluralidade cultural nas práticas de
diversos povos, e era desconfiado em qualquer intervenção do meio político e
acadêmico.
Ele também foi um dos primeiros a criticar de forma incansável o racismo,
e respondeu que a "raça" tinha um potencial inato e que a cultura era a sua
própria fonte, e que as diferenças inatas não poderiam explicar as variações que
os antropólogos haviam documentado.
Vários estudiosos da área da antropologia da época, em algum momento
foram alunos de Boas e o legado dele continua até os dias de hoje, na
antropologia Americana.

Malinowski e os nativos das Ilhas Triobriand


Depois de um estudo de campo nas ilhas Guiné na Austrália ter sido -
para ele - um fracasso, ele retorna só que dessa vez para as Ilhas Triobriand e
quando volta para a Europa escreve sua primeira e mais famosa obra - e
provavelmente a obra mais revolucionária da antropologia - Argonauts of the
Western Pacific (Malinowski 1984 [1922]. No conteúdo do livro, temos uma
análise vigorosa e detalhada de uma única instituição Triobriandeses. Na qual
atrai um pequeno grupo de alunos para universidade de LSE que futuramente
deixariam sua marca na disciplina.
Muitos dizem que Malinowski ficou confinado nas Ilha Triobriand por ser
cidadão do Império Austro-Húngaro e ser considerado um inimigo da Inglaterra.
Outra distorção de fatos é dizer que o Malinowski foi quem "criou" o trabalho de
campo, sendo que na verdade ele só inventou um método específico, no qual
denominou de observação participante. Uma ideia revolucionária para a época,
porém muito "simples" na prática, afinal o objetivo era estudar esses indivíduos,
convivendo e participando de suas atividades. Milinowski chamou atenção em
seu detalhamento, que muitas vezes consistia em captar ponto de vista do
nativo.

A "ciência natural da sociedade" de Radcliffe-Brown


Radcliffe-Brown era da mesma geração de Milinowski, porém sua família
não tinha uma base intelectual e sim de classe operária inglesa. Ele passou
longos anos da sua vida profissional como nômade acadêmico, assim
desenvolvendo os centros antropológicos na Cidade do Cabo, Sydney e
Chicago. Durante suas viagens formou uma vasta rede internacional, assim
possibilitando que sua influência chegasse até a Inglaterra. Assim, quando voltou
para Oxford, foi visto como um exilado, não um forasteiro.
Radcliffe-Brown foi um legítimo fã de Émile Durkheim, por isso é evidente
os seus estudos sociais baseado no sociólogo na sua antropologia. Para
Radcliffe-Brown, as funções sociais é a causa da existência desses sistemas:
divisão de terras, solução de conflitos e regular socialização, divisão de família
e trabalho, e etc... Ele também afirma que as instituições existem para manter
um todo social, isso é, elas são uma relação de causa e efeito. Após isso, os
estrutural-funcionalistas outras instituições em sociedades primitivas como: a
política, a economia, a religião, a habitação ecológica, entre outros. O importante
era ver que toda uma base ideológica que havia sido estruturada funcionasse.
Malinowski e Radcliffe-Brown, apesar de acharem que estavam muito
distante um do outro em relação às suas "antropologias", na verdade se
complementavam, e fizeram com que a antropologia social inglesa retornasse
um campo acadêmico "consolidado".

Mauss e a pesquisa de fenômenos sociais totais


Mauss tinha interesse em sociedades não-europeias e "arcaicas", seu real
objetivo era, encontrar pontos em comum em diferentes sociedades. O mesmo
dividiu o estudo da antropologia em três níveis: a etnografia o estudo dos
costumes; etnologia, o estudo da comparação regional e a antropologia, com o
esforço teórico-filosófico. Mauss dedicou muito do seu tempo ensinando e
editando obras de colegas, apesar de nunca ter publicado nada em seu nome,
participou como coautor em diversas obras. Ele escreveu vários ensaios ricos
em conteúdo sobre vários temas e que ainda incentiva os estudiosos a
pesquisarem sobre: o corpo, o nacionalismo, a pessoa, o sacrifício, totemismo,
etc.
The Gift é uma obra-síntese de antropologia econômica, história cultural,
análise simbólica e teoria social geral que preenche adequadamente muitas
lacunas próprias da antropologia mais recente.

Antropologia em 1930: convergências e divergências


Até essa época, todos os estudiosos e fundadores da antropologia
moderna achavam que participavam de grupos isolados, porém apesar de suas
diferenças, todos buscavam: um estudo detalhado em relação a cultura total da
tribo que os praticava. O importante é salientar que os estudos de traços culturais
não podiam mais ser estudados separadamente.
As habilidades pessoais dos quartos homens fundadores a antropologia,
também influência a nova ciência da sociedade - a antropologia é uma ciência
hostil, pois a sua função é descrever sociedades e culturas como um todo.
É importante lembrar, que na Europa - excluindo a Inglaterra e a França -
a difusão da nova disciplina - o resultado final da antropologia - ainda não havia
começado, e só anos mais tarde que na Alemanha (1950), na Escandinávia e
Holanda (1955), que começaram a ser difundidas.

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