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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE MESTRADO EM SOCIOLOGIA

TEORIAS SOCIOLÓGICAS APROFUNDADAS II


Grupo n.º 2

A PERSPECTIVA DE SASKIA SASSEN SOBRE UMA SOCIOLOGIA DA


GLOBALIZAÇÃO

DinlllhjNGOS MUTANGE

DOCENTE:
José Octávio Serra Van-dúnem, Ph.D

Luanda – 2023
A PERSPECTIVA DE SASKIA SASSEN SOBRE UMA SOCIOLOGIA DA
GLOBALIZAÇÃO

Grupo n.º 2

1. Domingos Mecanda Panzo


2. Eduardo Kiviengele João Garcia
3. Eduardo Pedro de Oliveira
4. Eusébio Dumbo Kandundi
5. Ernesto Lourenço Catoquissa Januário
6. Ester Essenje Bernardo Zeferino
7. Estevão Joaquim Cangote
8. Matondo Ndemba Mulaza
9. Olivete Espírito Augusto Caquebo
10. Orlando Bancula Zuge
11. Osvaldo João Ventura Gonga
12. Quintino Culombola
13. Vidal António Caxala
Índice

Introdução .............................................................................................................................. 4
1. Elementos para uma Sociologia da Globalização .......................................................... 5
2. O Estado confronta a economia global e as redes digitais ............................................. 6
Conclusão .............................................................................................................................. 8
Bibliografia ............................................................................................................................ 9
Introdução

Saskia Sassen é uma socióloga holandesa e professora universitária de reconhecido mérito,


pelas análises próprias que faz em suas obras, sobre as dinâmicas e consequências que a
economia global reproduz. Autora de vários livros e especialista no estudo do processo de
globalização, na obra “Uma Sociologia da globalização” trás uma reflexão sobre os
processos marcados na globalização política, económica e cultural, contribuindo para
compreensão do fenómeno e toda a complexidade que lhe caracteriza.

A análise da autora nesta obra, começa desde logo, por um reposicionamento na


conceitualização do fenómeno globalização, que não deve se limitar na interdependência
crescente do mundo em geral, e da formação de instituições globais. Para Saskia, existem
elementos que devem ser considerados e levados em conta por uma sociologia da
globalização, para uma compreensão mais profunda da globalização, a saber, as tecnologias
de informação, a economia global ou mercado global e as redes transnacionais, e prossegue
sua análise até as novas formações sociais.

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1. Elementos para uma Sociologia da Globalização

O entendimento da autora em relação a globalização, leva-nos a perceber que, a globalização


além de ser que marca a aproximação entre diferentes sociedades e países existentes no
planeta, ela se opera em todos os domínios, seja político, económico, cultural, tecnológico e
social.

Neste capítulo, Saskia Sassen propõe uma sociologia da globalização centrada em três
elementos principais, a saber, a territorialidade expandida, cidades globais, e a formação de
classes globais. Com base a estes elementos apresentados pela autora, fica claro seu
entendimento sobre a necessidade de não se considerar a globalização como perda de
importância do local, mas sim, uma configuração complexa das relações entre o global e o
local. Assim, a territorialidade expandida refere-se à extensão das redes globais para além
das fronteiras nacionais. As cidades globais por sua vez, são locais-chave de toda
organização dessa dinâmica, que vão actuar como pontos nodais para finanças, tecnologia e
poder. Já para a formação de classes globais, destaca-se a emergência de estruturas de poder
transnacionais que transcendem fronteiras estatais, criando novas formas de desigualdades e
interconexão social.

Ao se propor a falar sobre a desestabilização das vias hierárquicas escalares, Sassen aborda
esta questão examinando como as mudanças na economia global e nas tecnologias de
comunicação desafiam as estruturas tradicionais de poder. Ela argumenta que a globalização
não segue uma lógica hierárquica linear, mas sim, uma rede complexa e descentralizada. A
ascensão de cidades globais e a interconexão de atores transnacionais contribuem para uma
dinâmica em que o poder não está mais rigidamente estruturado em linhas verticais, mas é
distribuído em redes horizontais. Essa desestabilização hierárquica escalar implica uma
reconfiguração das relações de poder, desafiando as noções convencionais de autoridade e
influência baseadas em estruturas tradicionais de Estado-nação.

Por conseguinte, Sassen destaca também a importância ou o papel do subnacional como um


espaço significativo na dinâmica da globalização. A autora observa que as transformações
económicas e tecnológicas globais não apenas afectam os níveis nacionais, elas se
manifestam também e de maneira intensa em escalas subnacionais, como as cidades e
regiões. Estes espaços subnacionais, muitas vezes chamados cidades globais pela autora,

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desempenham um papel crucial na economia global, pois que, eles concentram actividades
financeiras, de tecnologia e culturais.

Neste sentido, as cidades globais acabam se tornando em pontos nodais de interconexão,


desafiando a ideia de que apenas os Estados-nação são atores proeminentes na globalização.
A capacidade das cidades de atrair investimentos, talentos e influenciar a política global
destaca o subnacional como uma dimensão vital na compreensão da complexidade da
globalização. Portanto, esta perspectiva ampliada de Sassen vai além das fronteiras
nacionais, reconhecendo a importância dos espaços subnacionais na configuração do cenário
global.

A autora explora um outro aspecto importante em sua obra, relacionada a formação de redes
transfronteiriças entre cidades globais, como fenómeno crucial na era da globalização.
Sassen observa que essas cidades não operam de forma isolada, mas estão interconectadas
através de relações económicas, culturais e políticas que transcendem fronteiras nacionais.
Essas redes transfronteiriças representam uma dinâmica complexa de interdependência entre
cidades que desempenham papéis-chave na economia global.

A colaboração entre cidades globais em diferentes regiões do mundo contribui para a criação
de centros de poder e influência em uma escala global. Essas redes não apenas facilitam o
fluxo de capitais, informações e talentos, ajudam também a moldar as dinâmicas urbanas,
influenciando políticas, inovações e padrões culturais em nível internacional.

2. O Estado confronta a economia global e as redes digitais

Segundo Sassen, o Estado enfrenta desafios muito significativos perante a economia


globalizada e das redes digitais. Enfatiza como as transformações económicas,
particularmente a ascensão do capital global, muitas vezes ultrapassam as fronteiras
nacionais, limitando a capacidade dos Estados de exercer controlo sobre certos aspectos da
economia. E nesta dinâmica toda, as redes digitais desempenham um papel fundamental, por
serem elas a permitir transações instantâneas, movimentação de capitais e comunicação
global. Isso cria um cenário em que as actividades económicas podem ocorrer de forma
rápida e descentralizada, desafiando as estruturas tradicionais de regulação estatal. Por esta
razão, a autora sugere a necessidade de os Estados adaptarem suas abordagens para lidar
com essa nova realidade, buscando formas inovadoras de regulamentação e governança que

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levem em conta a natureza transnacional e digital da economia hodierna. Em linhas gerais,
Sassen destaca a tensão entre as capacidades dos Estados e a dinâmica da economia
globalizada, muitas vezes mediada por redes digitais.

Na obra em análise, a autora manifesta sua preocupação quanto a necessidade de se alargar


o campo de abordagem ao se realizar estudos sobre o Estado em contexto global. Observa
que as fronteiras nacionais não devem se constituir como limites para estes estudos, pois que
as interconexões, independências e dinâmicas dos Estados na era da globalização,
transcendem limites geográficos. Isso implica uma abordagem holística que reconhece a
complexidade das relações globais e como diversos elementos estão interligados em um
cenário internacional.

Saskia Sassen trás a ideia de inserção territorial e institucional da economia global,


justamente para reflectir sobre como as transformações económicas têm efeitos específicos
em diferentes lugares e instituições. Destaca que, apesar de a globalização muitas vezes ser
tida como uma força homogeneizadora, ela se manifesta de maneiras diferentes em distintos
lugares e instituições.

Assim sendo, a inserção territorial refere-se a forma como determinadas regiões, cidades ou
áreas geográficas são incorporadas à economia global, muitas vezes desempenhando papéis
especializados, como centros financeiros. A inserção institucional por sua, segundo a autora,
está ligada à adaptação de organizações e estruturas formais para lidar com as demandas e
desafios da economia globalizada. Portanto, ao explorar estes aspectos na sua obra, Sassen
procura evidenciar a importância de se compreender as disparidades e complexidades na
forma como diferentes territórios e instituições participam e são afectados pela economia
global.

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Conclusão

Em jeito de conclusão pode-se afirmar que, Saskia Sassen trás uma abordagem bastante
abrangente e inovadora a sociologia da globalização, apresentando uma análise profunda das
transformações económicas, sociais e políticas em um mundo cada vez mais interconectado.
Destaca a territorialidade expandida, o papel das cidades globais e a formação de classes
globais como aspectos chave que “agridem” a abordagem convencional sobre a
globalização.

Sassen desafia também a noção de que globalização leva à homogeneização, enfatizando as


complexidades e disparidades presentes nos diferentes contextos territoriais e institucionais.
Ao examinar a economia global, a autora expõe a importância das redes transfronteiriças,
das mudanças nas relações de poder e do impacto das tecnologias digitais. Não menos
importante, Sassen alerta sobre a necessidade de os Estados se reposicionarem para serem
capazes de acompanhar estas transformações e adotarem novas formas de regulamentação
que permitam o controlo, embora se reconheça ser difícil controlar toda a dinâmica.

Em última análise, o livro fornece uma valiosa contribuição para a compreensão da dinâmica
da globalização, promovendo uma visão mais completa e contextualizada das interacções
entre o local e o global, as cidades e as redes, e as instituições e as transformações
económicas.

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Bibliografia

Sassen, S. (2007). A sociology of globalization (1ª ed.). (K. Editores, Ed., I. Rodil, & M.
Victoria, Trads.) New York: Norton & Company Ltd.

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