1) A modernidade refere-se ao estilo de vida que emergiu na Europa a partir do século XVII e se tornou influência mundial, caracterizada por quatro complexos institucionais: poder administrativo, militar, capitalismo e industrialização.
2) Giddens analisa a natureza da modernidade considerando seu dinamismo extremo, caráter globalizante e descontinuidades com culturas tradicionais.
3) A separação do tempo e espaço é fundamental na modernidade, permitindo o "desencaixe" e reorganização das relações sociais através
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Título original
Qual a natureza e o que consiste a modernidade socio 4.docx
1) A modernidade refere-se ao estilo de vida que emergiu na Europa a partir do século XVII e se tornou influência mundial, caracterizada por quatro complexos institucionais: poder administrativo, militar, capitalismo e industrialização.
2) Giddens analisa a natureza da modernidade considerando seu dinamismo extremo, caráter globalizante e descontinuidades com culturas tradicionais.
3) A separação do tempo e espaço é fundamental na modernidade, permitindo o "desencaixe" e reorganização das relações sociais através
1) A modernidade refere-se ao estilo de vida que emergiu na Europa a partir do século XVII e se tornou influência mundial, caracterizada por quatro complexos institucionais: poder administrativo, militar, capitalismo e industrialização.
2) Giddens analisa a natureza da modernidade considerando seu dinamismo extremo, caráter globalizante e descontinuidades com culturas tradicionais.
3) A separação do tempo e espaço é fundamental na modernidade, permitindo o "desencaixe" e reorganização das relações sociais através
Segundo Giddens em “As consequências da Modernidade”, modernidade refere-
se ao estilo de vida ou organização social que emergiu na Europa a partir do século XVII e que se tornando mundial em sua influência. Porém, esse conceito é restrito no tempo e no espaço. No final do século XX, aponta-se para um novo sistema social no qual os desafios vão para além da modernidade, a pós-modernidade, que se caracteriza pela pluralidade do conhecimento, sem a primazia da ciência. Antes de se criar novos termos, é necessário fazer uma análise da natureza da modernidade.
Giddens sugere que o processo de modernização influiu em quatro grandes
grupos de “complexos institucionais da modernidade”. Estes quatro que formam a base do processo de modernização: Poder administrativo, poder militar, capitalismo e industrialização.
O poder administrativo diz respeito ao crescimento e ao desenvolvimento da
nação-estado secular, esta nova forma de estado é baseado em formas burocráticas e racionais de administração de sua população, lei e ordem. Tal “Racionalização administrativa” permite, como diria Giddens, o desenvolvimento de um estado envolvido na sua sobrevivência e na de outros, populações até então desconhecidas.
A sociedade capitalista conta com características institucionais específicas:
competitividade, expansionismo, isolamento de outros setores sociais, propriedade privada dos meios de produção, autonomia do estado que é condicionada pela acumulação do capital. A sociedade capitalista está circunscrita ao estado-nação, que é interpretado pelo controle que ele consegue sobre territórios delimitados
O capitalismo e a industrialização representam as novas formas de produção
baseadas e centradas na produção fabrico-industrial. Igualmente às novas formas de cálculo econômico como o lucro, ela se tornou dominante na economia moderna, substituindo as formas tradicionais de produção baseadas primariamente na agricultura.
A força de trabalho constitui um ponto de conexão entre capitalismo,
industrialismo e a natureza do controle dos meios de violência. O capitalismo aliado ao sistema de estado-nação foram os elementos institucionais promovem a aceleração e a expansão das instituições modernas. A separação da modernidade das ordens tradicionais se acelerou e intensificou graças às dimensões institucionais da modernidade.
Por fim, o militarismo baseado na tecnologia e exércitos profissionais das
sociedades modernas. Esta estrutura bélica permitiu aos estados modernos a encontrar e conquistar as sociedades tribais e impérios absolutistas.
Giddens salienta que para compreendermos de forma adequada a natureza da
modernidade, precisamos romper com as perspectivas sociológicas que existem sobre cada um dos pontos mencionados, precisamos dar conta do dinamismo extremo e do escopo globalizante das instituições modernas e explicar a natureza de suas descontinuidades em relação às culturas tradicionais. Ele introduz na discussão o conceito de desencaixe, o qual, segundo ele, é um fenômeno que está intimamente ligado aos fatores envolvidos na separação tempo-espaço, como se pode notar na seguinte passagem:
“O dinamismo da modernidade deriva da separação do tempoe do espaço e de sua recombinação em formas que permitem o “zoneamento” tempo-espacial preciso da vida social: do desencaixe dos sistemas sociais (um fenômeno intimamente ligado vinculado aos fatores envolvidos na separação tempo-espaço); e da ordenação e reordenação reflexiva das relações sociais à luz das contínuas entradas (inputs) de conhecimento afetando as ações de indivíduos e grupos”. (GIDDENS, 1991, p. 25).
A teoria de Giddens é tanto dinâmica quanto é histórica. Giddens usa a ideia de
uma dialética com a qual expressa esse dinamismo. Para a maior parte da sua aproximação dialética está centrada sobre o seu conceito de “Desencaixe do espaço- tempo”. Esse é o conceito central o qual Giddens usa para explicar tanto o movimento histórico de sociedades tradicionais a modernas e o papel desempenhado pela globalização na aceleração do movimento começado com o processo de modernização.
No debate da modernidade, as contraposições da segurança versus perigo e da
confiança versus risco é um fenômeno ambíguo. Se, por um lado, a segurança na modernidade é maior que no período anterior, por outro, foi uma era turbulenta que gerou trabalho industrial moderno, totalitarismo e desenvolveu o poder militar. Há três concepções que inibem uma análise satisfatória das instituições modernas: diagnóstico institucional da modernidade (o capitalismo para Marx, posição critica por Durkheim e Weber), a análise da “sociedade” e as conexões entre conhecimento sociológico e as características da modernidade. A compreensão da modernidade deve contemplar seu extremo dinamismo, caráter globalizante das instituições modernas e compreender as descontinuidades das culturas tradicionais.
Giddens passa, então, a analisar a problemática Modernidade, Tempo e Espaço.
Para ele, a compreensão das íntimas conexões entre a modernidade e a transformação do tempo e do espaço passa pelo estabelecimento de contrastes com a relação Tempo- Espaço no mundo pré-moderno. Ele afirma que todas as culturas pré-modernas possuíam formas de calcular o tempo, e ele ressalta que o calendário teve tanta distinção nos estados agrários como a invenção da escrita, contudo, o cálculo do tempo, o qual constituía o fundamento da vida cotidiana, sempre vinculou tempo e lugar e era afetado de forma imprecisa e variável. Naqueles estados, o tempo ainda possuía conexão com o espaço (e o lugar) até o advento da uniformidade da mensuração do tempo por meio do relógio mecânico que veio a corresponder à uniformidade na organização do tempo.
A separação entre tempo e espaço é importante na modernidade como condição
do processo de desencaixe (aumento da distância entre o espaço e o tempo); por proporcionar engrenagens para o traço distintivo da vida social moderna, a organização racionalizada; e na formação de uma estrutura histórico-mundial. O desenvolvimento de mecanismos de desencaixe retira a atividade social dos contextos localizados, reorganizando as relações sociais através de grandes distâncias tempo-espaciais. Há dois tipos de mecanismos de desencaixe nas instituições sociais modernas: as fichas simbólicas (p. ex. o dinheiro) e os sistemas peritos. Esses mecanismos dependem da confiança que implica em um estado contínuo da ação dos indivíduos, sendo um tipo específico de crença.
Na modernidade, a reflexividade é introduzida na base da reprodução do
sistema, de forma que o pensamento e a ação se relacionam entre si. As práticas sociais são examinadas e reformuladas a partir da informação auto-revelada conduzindo à sua alteração. O conhecimento, em ciências naturais e sociais, não é mais saber, o que é o certo. A reflexividade abrange as ciências naturais, a economia e a vida social moderna (estatísticas oficiais). A reflexividade da modernidade, que está diretamente envolvida com a contínua geração de autoconhecimento sistemático, não estabiliza a relação entre conhecimento perito e conhecimento aplicado em ações leigas. O conhecimento reivindicado por observadores peritos reúne-se a seu objeto, deste modo alterando-o.
A modernidade é inerentemente globalizante, esse processo de alongamento
ocorre por conexão entre diferentes regiões ou contextos sociais se enredaram envolvendo todo planeta. A globalização promove a transformação local por meio de conexões sociais através do tempo e do espaço. As discussões da globalização tendem a aparecer em dois corpos de literatura: a das relações internacionais e a teoria do "sistema mundial". Para os teóricos das relações internacionais os estados-nação são atores, envolvem-se na arena internacional em conjunto com organizações transnacionais.
A pós-modernidade significa que a trajetória do desenvolvimento social se afasta
das instituições da modernidade em direção uma nova ordem social. O pós- modernismo, se é que ele existe de forma válida, pode exprimir uma consciência de tal transição.
BIBLIOGRAFIA:
GIDDENS, A. As Consequências da Modernidade. São Paulo: Editora UNESP, 1991.