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O CONTEXTO SOCIAL E POLÍTICO DA

MODERNIDADE

DOCENTE: PE. JOVÊNCIO VIEIRA CULIBENA

C O N TA C T O : 8 4 5 5 1 7 9 2 5 / 8 6 0 6 2 5 0 2 2

JCULIBENA@UCM.AC.MZ / JOVENCIOVIEIRACULIBENA@GMAIL.COM

FEVEREIRO DE 2024
O surgimento da Modernidade e suas características
“Modernidade” refere-se ao estilo, costume de vida ou
organização social que emergiram na Europa e que
ulteriormente se tornaram mais ou menos mundiais em sua
influência.
A época moderna surge com a descoberta do Novo
Mundo, o Renascimento e a Reforma (século XV e XVI);
Desenvolve-se com as Ciências Naturais no século XVII,
Atinge seu clímax político nas revoluções do século XVIII,
 Desenrola as suas implicações gerais após a Revolução
Industrial do século XIX e;
Termina no limiar do século XX.
O surgimento da modernidade
Os estudiosos debatem-se sobre quando exatamente o
período moderno começou, e como distinguir entre o que é
moderno e o que não o é.
Mas, geralmente, o início da era moderna é associado ao
surgimento do Iluminismo Europeu, aproximadamente nos
meados do séc XVIII.
Constituiu-se a partir da pretensão de rejeitar a tradição,
submetendo tudo ao exame crítico da razão e à
experimentação.
Três grandes eventos determinam o seu caráter:
A descoberta da América, com uma nova visão de mundo;
 A Reforma na Igreja e;
A invenção do telescópio, que permitiu o desenvolvimento
de uma nova ciência.
É preciso lembrar que a cultura moderna se formou
lentamente, se definiu e se afirmou mais
pelas revoluções científicas, industrial, tecnológica e
informática;
pelo Renascimento, Iluminismo, Liberalismo e Marxismo;
Pelas Revoluções Francesa, Americana e Soviética;
Pela filosofia a partir de Descartes e;
pelas ciências naturais e sociais;
Pela ideologia econômica, a partir da revolução monetária
e comercial-mercantil;
Pelos sistemas socio-políticos e econômicos em todas as
suas versões e modelos de concretização histórica (nos
últimos dois séculos especialmente);
Pela expansão colonialista e pela pressão neocolonialista,
de cunho econômico, político ou ideológico.
Características da Modernidade

A Modernidade enquanto momento histórico caracteriza-se


pela
Antitradição,
Derrubada das convenções, dos costumes e das crenças;
Saída dos particularismos e entrada no universalismo;
Entrada da idade da razão.
As conquistas da modernidade

A Modernidade trouxe grandes conquistas. Favoreceu a


construção de um mundo mais democrático, onde os
direitos humanos devem ser respeitados.
Além disso, o grande avanço técnico-científico permitiu um
melhor bem-estar à sociedade.
No entanto, com todos estes avanços houve, por
conseguinte, uma estruturação da vida humana que nem
sempre trouxe uma realização profunda do existir.
Do ponto de vista da expansão territorial, a modernização
tem dois sentidos principais:
Um que envolve a infraestrutura econômica, a base
técnica e os meios de produção e,
Outro que envolve os aspectos políticos e ideológicos.
De acordo com Hobsbawm (1996), se a Revolução
Industrial britânica forneceu o modelo para as fábricas,
rodovias, cidades, infraestrutura, emprego das técnicas etc.,
a Revolução Francesa forneceu o modelo político e
ideológico do processo de modernização.
As Descontinuidades da Modernidade
A idéia de que a história humana é marcada por certas
"descontinuidades" e não tem uma forma homogênea de
desenvolvimento é obviamente familiar e tem sido
enfatizada em muitas versões do marxismo.
Existem descontinuidades em várias fases do
desenvolvimento histórico - como, por exemplo, - nos
pontos de transição entre sociedades tribais e a emergência
de estados agrários.
Os modos de vida produzidos pela modernidade nos
desprenderam de todos os tipos tradicionais de ordem
social, de uma maneira que não tem precedentes.
As transformações envolvidas na modernidade são mais
profundas que a maioria dos tipos de mudança que
caracterizaram os períodos precedentes. E elas
acontenceram em duas vertentes: extensional e
intensional.
As transformações no plano extensional, serviram para
estabelecer formas de interconexão social que cobrem o
globo.
E no plano intensional, elas vieram a alterar algumas das
mais íntimas e pessoais características de nossa existência
quotidiana.
Como identificar as descontinuidades que separam as
instituições sociais modernas das ordens sociais tradicionais?
Diversas características estão envolvidas:
O ritmo de mudança nítido que a era da modernidade põe
em movimento. As civilizações tradicionais podem ter sido
mais dinâmicas que outros sistemas pré-modernos, mas a
rapidez da mudança em condições de modernidade é
extrema. Se isto é talvez mais óbvio no que toca à
tecnologia, permeia também todas as outras esferas.
O escopo da mudança. Conforme diferentes áreas do globo
são postas em interconexão, ondas de transformação social
penetram através de, virtualmente, toda a superfície da
Terra.
A natureza intrínseca das instituições modernas:
Algumas formas sociais modernas não se encontram
em períodos históricos precedentes — tais como o
sistema político do estado-nação, a dependência por
atacado da produção de fontes de energia inanimadas,
ou a completa transformação em mercadoria de
produtos e trabalho assalariado.
Outras formas têm apenas uma continuidade especiosa
com ordens sociais pré-existentes. Um exemplo é a cidade.
Os modernos assentamentos urbanos freqüentemente
incorporam os locais das cidades tradicionais, e isto faz
parecer que meramente expandiram-se a partir delas. Na
verdade, o urbanismo moderno é ordenado segundo
princípios completamente diferentes dos que
estabeleceram a cidade pré-moderna em relação ao campo
em períodos anteriores.
Segurança e Perigo, Confiança e Risco
A moderndindade é um fenómeno com dois gumes. O
desenvolvimento das instituições sociais modernas e a sua
expansão pelo mundo criaram oportunidades muito
maiores para os seres humanos usufruirem de uma
existência segura e gratificante do que qualquer tipo de
sistema pré-moderno.
Mas a modernidade tem também um lado sombrio, que se
tornou muito aparente no século atual.
O lado das oportunidades da modernidade foi mais
fortemente enfatizada pelos fundadores clássicos da
sociologia.
Estes pensadores viam a era moderna como uma era
turbulenta. Mas ambos acreditavam que as possibilidades
benéficas abertas pela era moderna superavam as
características negativas.
Marx via a luta de classes como fonte de dissidências
fundamentais na ordem capitalista, mas vislumbrava ao
mesmo tempo a emergência de um sistema social mais
humano.
Durkheim acreditava que a expansão posterior do
industrialismo estabelecia uma vida social harmoniosa e
gratificante, integrada através de uma combinação da
divisão do trabalho e do individualismo moral.
Max Weber era o mais pessimista entre os três patriarcas
fundadores, vendo o mundo moderno como um mundo
paradoxal onde o progresso material era obtido apenas à
custa de uma expansão da burocracia que esmagava a
criatividade e a autonomia individuais.
Ainda assim, nem mesmo ele antecipou plenamente o quão
extensivo viria a ser o lado mais sombrio da modernidade.
Para dar um exemplo:
1. Os três autores viram que o trabalho industrial moderno
tinha conseqüências degradantes, submetendo muito seres
humanos à disciplina de um labor maçante, repetitivo. Mas
não se chegou a prever que o desenvolvimento das "forças
de produção" teria um potencial destrutivo de larga escala
em relação ao meio ambiente material.
Preocupações ecológicas nunca tiveram muito espaço nas
tradições de pensamento incorporadas na sociologia, e não
é surpreendente que os sociólogos hoje encontrem
dificuldade em desenvolver uma avaliação sistemática
delas.
2. O uso consolidado do poder político. O uso arbitrário do
poder político parecia aos fundadores sociológicos pertencer
primariamente ao passado.
Na ascensão do fascismo, do Holocausto, do stalinismo e de
outros episódios da história do século XX, vemos o totalitarismos
a permanecer dentro dos parâmetros da modernidade ao invés
de ser excluído.
O totalitarismo é diferente do despotismo tradicional, mas é
muito mais aterrorizante como resultado. O governo
totalitário combina poder político, militar e ideológico de
forma mais concentrada do que jamais foi possível antes da
emergência dos estados-nação modernos.
3. O desenvolvimento do poder militar como um fenômeno
geral. Tanto Durkheim como Weber viveram para
testemunhar os terríveis eventos da Primeira Guerra
Mundial. Weber deu mais atenção ao papel do poder
militar na história passada do que Marx ou Durkheim,
porem não elaborou uma avaliação do militarismo nos
tempos modernos, deslocando a carga de sua análise para a
racionalização e a burocratização. Nenhum dos fundadores
clássicos da sociologia deu atenção sistemática ao
fenômeno da "industrialização da guerra".
O mundo em que vivemos hoje é um mundo carregado e
perigoso. Isto tem servido para fazer mais do que
simplesmente enfraquecer ou nos forçar a provar a
suposição de que a emergência da modernidade levaria à
formação de uma ordem social mais feliz e mais segura.
Há, aqui, entretanto, muito mais em jogo do que a
conclusão de que a história "vai a lugar nenhum". Temos
que desenvolver uma análise institucional do caráter de
dois gumes da modernidade.
Fazendo-o, devemos corroborar algumas das limitações das
perspectivas sociológicas clássicas, limitações que
continuam a afetar o pensamento sociológico nos dias de
hoje.
Referências Bibliográficas
Castilho, D (2010). Os Sentidos da Modernização, B.goiano.geogr,
Goiânia, v. 30, n. 2, p. 125-140.
Giddens, A (2005). As Consequências da Modernidade, Tradução de
Fernandes Luís Machado e Maria Manuela Rocha, Quarta Edição,
Terceira Reimpressão, CELTA EDITORA, Oeiras.
Para Giddens
(1984, p. 111), “a teoria da modernização está associada diretamente à teoria
da sociedade industrial”. O conceito de modernização, nesse sentido, é
abrangente, já que está relacionado a um conjunto de transformações que
se processam nos meios de produção, mas também na estrutura econômica,
política e cultural de um território. Para se expandir espacialmente, a
modernização entra no jogo dos debates teóricos e geralmente é justificada
ideologicamente nas instituições acadêmicas, no universo político e nos
meios de informações. Assim, modernização não se refere, única e
exclusivamente,
à

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