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Visões da modernidade

e uma teoria crítica


da sociedade
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Explicar a maneira como a modernidade é interpretada atualmente.


 Avaliar as consequências sociopolíticas provenientes das diferentes
visões da modernidade.
 Relacionar o posicionamento assumido atualmente diante da pers-
pectiva da questão social e do serviço social.

Introdução
Neste texto, vamos ter uma dimensão mais ampla acerca das distintas
interpretações da modernidade, destacando-se a dimensão política e as
implicações oriundas dessas visões, para posteriormente relacionarmos
essa abordagem à noção da questão social e ao serviço social propria-
mente dita.

Modernidade
O que é modernidade? Para falarmos de modernidade, você precisa ter claro
que estamos falando de filosofia, de modelos de sociedade, de política, de eco-
nomia, de Estado. Você também precisa ter em mente que Estado e Sociedade
já foram vividos e conceituados desde a Grécia Antiga, não sendo, portanto,
um fenômeno moderno.
A modernidade foi um período histórico (século XVI a XVII) que sucedeu
a era medieval. Tratou-se da transição de uma época de pensamento medieval
teológico, religioso, rural, na qual a maioria da população produzia o necessário
para seu consumo e dominava todo o processo de produção para um projeto de
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sociedade em que a razão, as ciências exatas e o desenvolvimento econômico


se consolidariam aos poucos.
A modernidade se solidificou com a Revolução Industrial que ocorreu na
Europa nos séculos XVIII e XIX. Foi nesse período que ocorreram mudanças
profundas na sociedade em diversos aspectos: políticos, econômicos, sociais,
científicos, tecnológicos e culturais. Rompeu-se com o pensamento escolástico que
conciliava a fé como pensamento crítico, ligado aos princípios da Igreja Católica.
René Descartes, filósofo francês, teve um importante papel nesse processo
de transição ao escrever o livro Discurso do método, no qual apresenta o
método cartesiano. Na obra, ele apontava o caminho para a construção do
conhecimento baseado na pesquisa científica a partir da evidência, da análise,
da síntese e da enumeração.
Fatores importantes corroboraram para que houvesse a Revolução Indus-
trial. Era um período em que a população rural migrava para as cidades, já
que ocorriam os processos de cerceamento nos quais havia a privatização de
terras de uso comum. Isso empurrava os camponeses para o trabalho árduo
nas indústrias. Essas, por sua vez, estavam produzindo mais devido a guerras
napoleônicas que impulsionaram a produção bélica.
Na segunda metade do século XVIII, o economista escocês, Adam Smith
pensou a divisão do trabalho. Na obra Riqueza das Nações, ele defendia
que o indivíduo buscasse, com o seu trabalho, alcançar o maior rendimento
possível em benefício da sociedade. Acreditava nos princípios de eficiência e
produtividade. Ele ainda defende que existe a “mão invisível do mercado”, a
qual regularia, naturalmente, as suas deficiências.
É importante que você compreenda que a modernidade está intimamente
relacionada com o capitalismo. Foi a partir da Revolução Industrial ocorrida
pela grande exploração de trabalhadores (homens, mulheres e crianças que
trabalhavam 15 horas por dia por um ínfimo salário), tendo início na Ingla-
terra e se espalhando por toda a Europa e Estados Unidos, que o modernismo
tomou força. Havia uma intensa luta de classes. Os trabalhadores explorados
lutavam para garantir o mínimo de direitos. Muitos eram conhecidos como
“quebradores de máquinas”, pois as estragavam como forma de protesto contra
as esgotantes cargas horárias, a falta de segurança que causava os acidentes
de trabalho e as demissões sem a garantia de direitos trabalhistas.
Outra figura marcante da história foi Taylor (1750-1900), que criou o Taylo-
rismo, embasado na lógica de Adam Smith do século XVII. Criou métodos
de produção industrial a partir de ideias individualistas, mudando a forma
de produção de sabonetes, por exemplo, que eram fabricados e vendidos em
peças grandes ao consumidor final. Taylor individualizou o produto. Também
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fez isso com outros objetos de consumo. Entendia que a produção manual e a
intelectual não poderiam ser executadas pelo mesmo trabalhador. Implementou
o uso do cronômetro das tarefas, a supervisão funcional, a padronização,
as fichas de inspeção e os prêmios por produção, que tinham o intuito de
estimular a competitividade entre os operários. Sobre esse tema, o filme de
Charles Chaplin, intitulado Tempos Modernos, faz uma crítica ao modo de
produção de Taylor. Enfatiza a grande pressão sofrida pelo operário da época.
Nos Estados Unidos, o irlandês Henry Ford (1910-1955) importou o conceito
de Taylor na produção de automóveis e adaptou alguns aspectos. Enfatizou a
economia de matérias-primas, a produtividade e a especialização dos traba-
lhadores. Ele defendia a inflexibilidade da produção dos operários e o controle
moral sobre os gastos dos seus empregados. Foi conhecido como tirano por
dispensar os trabalhadores por 60 dias sem salários a fim de construir a nova
fábrica que produziria automóveis coloridos.
Portanto, a lógica empregada na idade moderna é o desenvolvimento eco-
nômico, o lucro a partir da exploração da mão de obra. A compreensão desse
período histórico é fundamental para que haja o entendimento dos processos
de transformações políticas, ideológicas, econômicas e suas contradições
refletidas na contemporaneidade. Muitas das ideias modernas estão impreg-
nadas no modo de vida e de produção até os dias de hoje.
Outro autor marcante e que nos instiga a compreensão da realidade é Max
Weber (1864-1920). Ele afirmava que a sociologia existe nos atos sociais por
meio de manifestações sociais conscientes. Para Weber, a sociedade é formada
por um agrupamento de indivíduos que funciona por interesses econômicos.
Indivíduos que pela consciência coletiva controlam uma sociedade.
Max Weber se debruçou sobre a Revolução Industrial, que ainda estava
muito presente em seu tempo. Não se atinha à visão de classes sociais e seus
conflitos ou à noção de materialismo histórico.
Essas transformações sociais, analisadas por pensadores que marcaram
a história das civilizações, trouxeram consequências significativas em nível
mundial. Tais consequências permearam o desenvolvimento social, econômico
e político da idade moderna e promoveram profundas alterações.

Consequências sociopolíticas
da modernidade sob diferentes perspectivas
No fi nal do século XX, a partir de acontecimentos históricos como, por
exemplo, a queda do muro de Berlim em 1989, foi conceituada a pós-
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-modernidade ou idade contemporânea como outro período histórico em


que a segurança material adquirida com a ciência a partir do método
cartesiano não se confi rmou. Foi a desconstrução da ideia de que a razão
seria a garantia de possibilidade de compreensão do mundo por meio de
métodos matemáticos e generalizantes. Esse fato gerou reflexões impor-
tantes na sociedade mundial.
A idade pós-moderna trouxe consigo uma nova percepção de mundo que
influenciou toda a cultura por meio das artes e também a economia, a tec-
nologia, a política. Enfim, trata-se de um conceito amplo e complexo que
é determinante na vida social. Alguns autores, no entanto, defendem que a
pós-modernidade é apenas a continuação da modernidade. Outros, no entanto,
afirmam que houve um período de ruptura do concreto para o incerto, e alguns,
ainda, chamam de período contemporâneo.
Para Santos (2013), na pós-modernidade, a ideia do desenvolvimento har-
monioso entre os princípios do Estado, do mercado e da comunidade colapsa e
decompõe-se no desenvolvimento sem precedentes do princípio do mercado, na
atrofia quase total do princípio da comunidade e no desenvolvimento ambíguo
do princípio do Estado. O autor explica que a pós-modernidade deu início a
um período de grande autonomização e de especialização intensificados e que
a articulação entre as diversas áreas do conhecimento e da cultura ficaram
cada vez mais difíceis de serem articulados.
Algumas características da pós-modernidade, ainda segundo Santos (2013),
são: a moral, prática em que os caminhos da autonomização se manifestam
na ênfase da responsabilidade moral exclusivamente individual. Isto é, na
pós-modernidade o pensamento dominante é de que a responsabilidade de
ser pobre, por exemplo, seria unicamente do indivíduo. Outra característica
está no formalismo jurídico ao extremo, traduzida na judicialização das ações
individuais e coletivas na sociedade. A criação de códigos civis é um exemplo
da judicialização e do regramento da convivência social.

O Estado, para Thomas Hobbes (1588-1679), deve ser a instituição responsável pela
regulação das relações humanas. Hobbes afirmava que os homens disputam natu-
ralmente e possuem a condição natural de busca do atendimento de seus desejos,
a qualquer preço, de forma violenta, egoísta, isto é, movida por paixões. Acreditava
que os homens precisam de “freios”.
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Na pós-modernidade, os aspectos mencionados por Santos (2013) se expres-


sam sobremaneira, nas relações entre capital e trabalho, bem como na divisão
de classes sociais. Com o advento do capitalismo, fica mais clara na história
essa construção de classes onde a burguesia detém os meios de produção e
os trabalhadores, a força de trabalho.
É pertinente assinalar, neste ponto, que antes mesmo da era moderna já
existiam divisões ou composições sociais constituídas. Contudo, a conceituação
de classe surgiu posteriormente.
Mas o que é e quando surgiu a burguesia? Na Europa do século XIX,
existiam as composições sociais da aristocracia: a nobreza, que detinha o
poder político e econômico; o clero, que também detinha os mesmos poderes;
a burguesia, que era formada por moradores das cidades protegidas por muros;
os burgos; os camponeses e os escravos.

Composta por dois termos gregos – kratos (domínio, comando) e áristoi (aqueles que se
destacam, os notáveis) – a palavra aristocracia pode ser traduzida, literalmente, como
“o governo dos melhores”. O conceito surgiu na Antiguidade Clássica representando,
entre a monarquia e a democracia, uma das três formas típicas de governo. Platão,
Heródoto, Aristóteles e Cícero – ao lado de outros filósofos do mediterrâneo antigo –
buscaram responder a seguinte questão: quem deve governar e como deve governar?
Essa pergunta, aparentemente simples, gerou um grande debate – que segue vivo na
Ciência Política – sobre as formas possíveis de governo. É dessa discussão que nasceu
a tipificação clássica das três formas básicas de governo e, posteriormente, de suas
combinações e derivações (BETONI, 2017).

Justamente por ter se dedicado ao comércio, a burguesia passou a encontrar


um nicho de poder: o mercado. Desprezada pela nobreza durante a aristocracia
e empoderada após a queda da monarquia, a burguesia foi ganhando força e
se apropriando dos meios de produção.
Ao compreendermos a origem da burguesia, podemos adentrar na construção
teórica das classes sociais a partir de Karl Marx (1818-1883). Filósofo, jornalista
e sociólogo, Marx contribuiu para o entendimento da sociedade de classes que
vivíamos e ainda vivemos na contemporaneidade. Escreveu importantes obras
como, por exemplo, O capital e O manifesto comunista, esta última em parceria
com Friedrich Engels (1820-1895), nas quais apresentou sua compreensão acerca
do capital, do trabalho, da política e sua visão de sociedade.
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Marx defendia que as sociedades progridem por meio da luta de classes e


que no capitalismo o conflito entre a classe trabalhadora, fornecedora da mão
de obra, ou força de trabalho, e a classe dominante, detentora dos meios de
produção é intrínseco. Em sua crítica sobre o sistema capitalista, Marx analisa
e apresenta as características que dão base ao capitalismo: sua natureza de
exploração, de alienação e de transitoriedade histórica.
Quanto ao papel do Estado, o autor afirmava que possui a função de pro-
teger os interesses da classe dominante. O Estado aparece como um “vetor
extraeconômico” com a finalidade de assegurar rigorosamente seus objetivos
econômicos [...]” (NETTO, 2011).
A teoria e a visão de mundo de Marx influenciaram muitos pensadores
de sua época e até os dias de hoje. O autor ia além do pensamento refor-
mista, apontando a queda do capitalismo pelo seu próprio esgotamento
em si mesmo e a necessidade de uma revolução social pela classe traba-
lhadora explorada pela extração da mais valia e pela exclusão dos meios
de produção (desemprego).
O método utilizado por Marx é o dialético. Marx afirmava que o ideal não
é nada mais que o material, transposto e traduzido na cabeça do homem. Pode-
-se dizer que o método de pesquisa de Marx parte da aparência, ou hipótese,
e utiliza-se de procedimentos analíticos para proporcionar o conhecimento
teórico. Assim, visa alcançar a essência do objeto.
E essa teoria construída a partir da pesquisa não é estática. É sim movimento
constante. Para Marx, “[...] a teoria representa a reprodução do movimento
real do objeto no plano do pensamento, assim, esta não se apresenta como um
reflexo mecânico [...]” (GARCIA, 2013, p. 131).
A investigação sob o enfoque do método da crítica da economia política
proposto por Marx consiste, portanto, em situar e analisar os fenômenos
sociais em seu complexo e contraditório processo de produção e reprodução,
determinado por múltiplas causas na perspectiva da totalidade como recurso
heurístico, e inserido na totalidade concreta: a sociedade burguesa (BEHRING;
BOSCHETTI, 2006).
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Mas o que é dialética? A origem da palavra vem da Grécia. É importante assinalar que
não existe uma única visão de dialética. Para Platão era tida como lógica do provável
baseada na técnica do diálogo com perguntas e respostas entre duas ou mais pessoas
em busca da verdade. É um método intuitivo e sintético. Já para Hegel é um método
analítico e dedutivo. É um método de compreensão da realidade, no qual “[...] os
elementos constituidores de sua tríade (tese – antítese – síntese) não possuem caráter
de exclusão, mas de superação e conservação [...]” (FERREIRA, 2013).

A dialética e os conceitos elaborados por Marx, a partir de sua visão de


homem e de mundo, norteiam muitas profissões e profissionais de diversas áreas
em todo o mundo. E a partir da compreensão desses conteúdos apresentados,
almeja-se deixar mais claros os conceitos e significados da questão social e
da constituição do serviço social no Brasil.

Questão social e serviço social no Brasil


É importante termos essa noção da construção histórica desse modelo polí-
tico, econômico e social em que vivemos atualmente para compreendermos
o nosso papel nesse contexto. A visão da totalidade, da historicidade e das
contradições contextualizadas é fundamental para o serviço social e dão base
para sua atuação como profissional em qualquer área da atuação.
A investigação do real é condição sine qua non para o serviço social. Como
intervir na realidade sem analisá-la considerando o seu movimento histórico,
a totalidade a partir da contextualização e de suas contradições inerentes?
A visão ampla a qual considera que a realidade é multifatorial depende de
embasamentos e escolhas de linhas teóricas definidas. Para isso, o serviço
social, no Brasil, como profissão inserida na divisão sociotécnica do trabalho,
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optou pelo método dialético crítico de Marx como a linha teórica que mais
corresponde a sua essência.
Dessa forma, o serviço social possui a questão social como objeto de sua
atuação profissional. E a questão social é compreendida como conjunto de
desigualdades sociais, frutos da sociedade capitalista.
Segundo Iamamoto (2003, p. 27),

[...] a questão social pode ser definida como: O conjunto das expressões das
desigualdades da sociedade capitalista madura, que têm uma raiz comum:
a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais ampla-
mente social, enquanto a apropriação dos seus frutos se mantém privada,
monopolizada por uma parte da sociedade.

Atualmente, podemos dizer que a questão social apresenta novas expres-


sões das desigualdades sociais da mesma forma que podemos dizer que o
capitalismo se reproduz em si mesmo. Não existindo, portanto, nova questão
social ou um novo capitalismo.
Na perspectiva de Iamamoto (2003), toda a expressão da questão social
se dá a partir dessa relação entre capital e trabalho. É também uma luta de
classes que envolve o poder econômico do mais forte sobre os mais fracos.
Dos detentores do capital e do poder econômico sobre os trabalhadores, o
proletariado, cuja riqueza é a sua prole.
Quando falamos de desigualdades socialmente produzidas, precisamos ter
em mente que elas fazem parte, ou seja, estão incluídas no projeto capitalista
de sociedade. Quando falamos em exército de trabalhadores sobrantes, os
desempregados, estamos falando de excluídos dos meios de produção, mas
de incluídos no sistema vigente de produção.
Para que o capitalismo se sustente, necessita de lucro e de mão de obra,
o que implica dizer que o detentor dos meios de produção necessita extrair o
máximo de seus empregados. Estamos falando aqui da extração da mais valia
que significa a apropriação do trabalho excedente do empregado na fabricação
de produtos com valor de troca.
De forma resumida, a força de trabalho adquirida ou comprada pelo
proprietário dos meios de produção por meio do salário pago ao trabalhador
também se torna uma mercadoria, que é comprada para que o produto seja
manufaturado. No processo da produção, o trabalho utilizado agrega valor
ao produto final, que, por fim, é vendido pelo capitalista pelo valor de troca
determinado pelo mercado.
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Exemplificando em outras palavras: se um trabalhador, em quatro horas de trabalho,


“paga” o gasto do seu empregador com as matérias-primas utilizadas, salários e impostos
ainda precisa trabalhar mais quatro horas para gerar o lucro do seu empregador. Na
época da Revolução Industrial, por exemplo, em que os trabalhadores dedicavam 15
horas por dia nas fábricas em troca de ínfimos salários e sem nenhum direito trabalhista,
a extração da mais valia ocorria ao extremo e à custa de muitas vidas.

Essa tensão entre trabalhador e empregador é parte do sistema capitalista


em que vivemos, pois o detentor dos meios de produção não abre mão do lucro
no maior grau possível, ao mesmo tempo em que os trabalhadores lutam para
garantir sua subsistência de forma digna e condizente com seus esforços. Na
visão de Marx, o Estado também intervém, por meio de políticas públicas
e compensatórias para garantir os interesses econômicos dos capitalistas.
Nesse contexto, as múltiplas expressões da questão social como, por
exemplo, o déficit de moradias dignas para a população, a falta de renda, o
subemprego e o emprego informal, as diversas formas de exploração trabalho
infantil, as formas de violência estruturais e individuais, a marginalização
social e culturalmente construída da pobreza, enfim, materializações do modo
de vida capitalista e excludente.
Quando falamos em exclusão, é fundamental que seja esclarecido sobre
qual exclusão estamos falando, pois a exclusão aqui referida é justamente a
que empurra a classe trabalhadora para fora dos meios de produção, para fora
das áreas nobres das cidades, para fora das instituições de ensino qualificadas
e os distancia de direitos sociais legítimos.
Portanto, antes mesmo de pensarmos em intervir como profissionais, é
necessário que haja a compreensão acerca da sociedade em que vivemos e
sob quais circunstâncias estamos trabalhando, que sujeitos e quais objetos de
intervenção temos a nossa frente.
Como refere Netto (2011), a profissão elege valores que a legitimam social-
mente e estabelece funções e objetivos, comportamentos e normas a serem
seguidas pelos profissionais. Tudo isso está relacionado ao momento histórico
vivido pela sociedade em que o projeto profissional foi construído pela categoria.
Devemos ter claro, no entanto, que não existe hegemonia, no serviço social
em relação a correntes teóricas. Existem, sim, debates constantes sobre as
teorias existentes e suas afinidades com o projeto profissional, com os objetivos
e funções da profissão na sociedade contemporânea.
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Concluindo este estudo, vimos o que foi a modernidade e a pós-modernidade,


enquanto períodos históricos complexos e fundadores do capitalismo que viven-
ciamos na contemporaneidade. Compreendemos as importantes transformações
no modo de vida social e econômico a partir da implantação do capitalismo.
Além disso, as contribuições valiosas dos pensadores de correntes filosóficas,
econômicas e sociais distintas e opostas: Adam Smith e Marx, por exemplo.
Essas elucubrações foram a base para que a primeira aproximação ao
objeto do serviço social fosse possível, bem como o pincelar do projeto ético
político profissional. Há muito o que aprofundar para que o conhecimento se
solidifique e esse é um caminho maravilhoso a ser percorrido.

BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Política social fundamentos e história. São Paulo: Cortez,
2006. (Coleção Biblioteca Básica/Serviço Social).
BETONI, C. Aristocracia. Infoescola, 2017. Disponível em: <http://www.infoescola.com/
politica/aristocracia/>. Acesso em: 20 mar. 2017.
FERREIRA, F. G. A dialética hegeliana: uma tentativa de compreensão. Rev. Estudos
Legislativos, Porto Alegre, ano 7, n. 7, p. 167-184, 2013.
GARCIA, J. Lições de José Paulo Netto sobre o método em Marx. Revista Urutágua, n.
28, maio/out. 2013. Disponível em: <http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Urutagua/
article/viewFile/19968/11225>. Acessado em: 20 mar. 2017.
IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profis-
sional. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
NETTO, J. P. Capitalismo monopolista e serviço social. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
SANTOS, B. S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 9. ed. rev.
e aument. São Paulo: Almedina, 2013.

Leituras recomendadas
INTRODUÇÃO ao método de Marx com José Paulo Netto (primeira parte)
– PPGPS/SER/UnB, 19/04/2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=2WndNoqRiq8>. Acesso em: 28 maio 2017.
RIBEIRO, P. S. O papel do Estado segundo Thomas Hobbes. Brasil Escola, 2017. Disponível
em: <http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-papel-estado-segundo-thomas-
-hobbes.htm>. Acesso em: 18 março 2017.
RODRIGUES, L. O. O que é Modernidade? Brasil Escola, 2017. Disponível em: <http://brasi-
lescola.uol.com.br/sociologia/o-que-modernidade.htm>. Acesso em: 18 de março 2017.

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